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MONOGRAFIA - João Gabriel

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JOÃO GABRIEL CARVALHO SALES
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS NO ENFOQUE DO SEU CUMPRIMENTO DE SENTENÇAS RESSALTANDO OS MECANISMOS DE PENHORA ON-LINE
CURSO DE DIREITO – UniEVANGÉLICA
2009
JOÃO GABRIEL CARVALHO SALES
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS NO ENFOQUE DO SEU CUMPRIMENTO DE SENTENÇAS RESSALTANDO OS MECANISMOS DE PENHORA ON-LINE
Monografia apresentada ao Núcleo de Trabalho de Conclusão de Curso de Direito da UniEVANGÉLICA como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em direito, sob a orientação da prof. Zilmar Wolney Aires Filho.
ANÁPOLIS - 2009
JOÃO GABRIEL CARVALHO SALES
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS NO ENFOQUE DO SEU CUMPRIMENTO DE SENTENÇAS RESSALTANDO OS MECANISMOS DE PENHORA ON-LINE
Anápolis, ____ de ____________ 2009.
BANCA EXAMINADORA
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Aos meus pais que me apoiaram durante toda a jornada de estudo.
Primeiramente a Deus, pelo dom da vida, pela coragem, determinação e sabedoria para ser prudente e nunca perder o entusiasmo.
A todos os colegas de curso que tanto me ensinaram o valor de uma amizade e estiveram sempre ao meu lado durante o curso.
Ao Centro Universitário de Anápolis – UniEvangélica, pela oportunidade de fazer parte nessa jornada e adquirir este conhecimento que tenho hoje.
A meu orientador, Zilmar Wolney Aires Filho que sempre me apoiou e por me ensinar o caminho do saber científico.
“A ciência dos projetos consiste em prever as dificuldades de execução”.
Luc de Clapiers Vauvenargues
RESUMO
Este estudo vem apresentar o cumprimento da sentença nos Juizados Especiais Cíveis, com enfoque na penhora online. Teve por objetivo analisar os efeitos produzidos pela Lei n. 11.232/05 no contexto do seu efetivo Cumprimento da Sentença. Desse modo, utilizou como método a revisão de bibliografia em obras de vários autores que tratam o tema. O estudo mostra a aplicação, estrutura e mecanismos utilizados para a penhora online, com a nova metodologia trazida pela Lei n. 11.232/05, em que a execução passou a ser uma fase processual, agora chamada de cumprimento de sentença. A penhora online, passou a ser um mecanismo de garantia para o cumprimento de sentença, tendo em vista, que tem maior eficácia evitando a inadimplência que anteriormente ocorria. Com a nova lei, o credor tem a segurança jurídica necessária para ver satisfeita a cobrança de valores, pois o executado, se não pagar em tempo hábil, fica sujeito a multa. Desse modo, restou demonstrado que o cumprimento de sentença é inovador e traz economia processual tão desejada pelo judiciário, e com isso, viu-se aplicado o princípio da celeridade. Concluiu-se que a Lei n. 11.232/05 representa um grande avanço para o Direito Processual Civil brasileiro, pois veio mudar radicalmente a execução de títulos judiciais e extrajudiciais, por meio da reforma do CPC, incorporando novos artigos para o adimplemento e satisfação da dívida, em tempo mais hábil que o procedimento anterior. A metodologia utilizada foi a de compilação ou pesquisa bibliográfica. 
Palavras-Chave: Lei n. 11.232/05. Cumprimento da Sentença. Penhora online.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	01
CAPÍTULO I – ASPECTOS EMBRIONÁRIOS E EVOLUTIVOS	04
1.1 Noções iniciais sobre o processo de execução	04
1.2 Conceito de processo de execução	05
1.3 Surgimento e discussão sobre a Lei n. 11.232/05	06
1.4 Evolução no processo de execução de sentença	09
1.5 Presença no ordenamento jurídico pátrio	11
1.6 Da penhora	14
CAPÍTULO II – POLÊMICAS E DISCUSSÕES	16
2.1 Questões de privilégio ao exequente em face do executado	16
2.2 Matéria de ilegalidade e inconstitucionalidade	19
2.3 A efetividade da penhora online	22
CAPÍTULO III – ASPECTOS PROCEDIMENTAIS E PROCESSUAIS	25
3.1Mecanismos administrativos para efetivação da penhora online	25
3.2 Aspectos processuais do juiz e da escrivania	29
3.3 A nova sentença condenatória	33
3.4 A liquidação da sentença	35
CONCLUSÃO	38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	40
INTRODUÇÃO
Este estudo vem apresentar a execução de sentença nos Juizados Especiais Cíveis, com enfoque na penhora online, a partir de uma abordagem teórica da temática.
O reconhecimento de que a eficácia executiva do cumprimento de sentença tem derivação condenatória, encontra-se pautado dentro do novo contexto legislativo que passou a vigorar em todo o país, dispondo o art. 475 – J que “caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação”.
Diante do texto legal, o legislador insiste em falar em condenação, mas agora dando especial tratamento relativo à fase executiva da relação processual para sua efetivação.
O principal ponto a ser destacado na liquidação da sentença, é que esta independe de citação do réu, nas liquidações por artigos ou por arbitramento, bastando a intimação do advogado para seu início, podendo inclusive ter início na fase de julgamento do recurso.
Assim, com o trânsito em julgado da sentença, que se constitui no título executivo judicial, ou em execução provisória, com as limitações impostas nesta modalidade, dá-se o próximo passo, dentro do próprio processo de conhecimento, em busca de seu efetivo cumprimento, ou tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução.
Não sendo cumprida a obrigação, espontaneamente pelo devedor, no prazo de 15 dias, o débito será aumentado pela multa no percentual de 10% (dez por cento), devendo observar o exequente, o disposto no artigo 614, II, que prevê a juntada do demonstrativo do débito atualizado até o início da fase executória.
Feita a penhora e procedida a avaliação, será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado, ou na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado, ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, no prazo de 15 dias.
No intuito de conferir maior eficácia à tutela executiva, questiona-se a possibilidade de adoção de medidas coercitivas também no que diz respeito ao cumprimento de decisões relativas às obrigações de pagar quantia. A adoção de um procedimento que é inovador e ao mesmo tempo eficiente e célere como o caso da penhora online dentro do Juizado Especial Cível (especificamente), que agiliza o processo de execução do título executivo judicial proferido em sentença motiva a estudar com mais profundidade sobre tal tema.
A nova lei tem por objetivo propiciar uma melhor atuação da norma legal ao caso concreto em vista da excessiva inefetividade que apresentava a formação processual destinada à execução por quantia certa contra devedor solvente.
Diante dessa realidade este estudo pretende desvelar as seguintes indagações: Quais as principais mudanças produzidas pela Lei 11.232/2005 em relação ao cumprimento da sentença? Qual a função do cumprimento da sentença enquanto meio de eficácia jurídica? Em sede de cumprimento da sentença, como é feita a penhora online? 
O trabalho teve por objetivo analisar os efeitos produzidos pela Lei 11.232/2005 no contexto do seu efetivo Cumprimento da Sentença, para esclarecer se houve um interesse maior em relação à parte perdedora da ação no que tange ao pagamento de quantia certa, bem como, avaliar se, a par das medidas de garantias em relação ao reclamante, é imprescindível a implantação de medidas pelas quais assegurem a efetivação integral do cumprimento da sentença.
O trabalho encontra-se estruturado em capítulos, dos quais tratam a temática sob a ótica da tutela jurisdicional prestada no ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista, o conhecimento do tema. Desse modo, o Capítulo I trata sobre a origem da Lei n. 11.232/05, bem como, a evolução do processo de execução de sentença, sua presençano ordenamento jurídico. O Capítulo II, refere-se as polemicas e discussões, tais como, questões de privilégio ao exequente em face do executado e a constitucionalidade da lei. O Capítulo III descreve os aspectos procedimentais e processuais, com enfoque nos mecanismos administrativos para a efetivação da Penhora online e os aspectos processuais do juiz e da escrivania.
Com apreço em obras de importantes doutrinadores foi possível perceber a importância do tema. Destacam-se entre outros, os principais autores utilizados nesta pesquisa: Luiz Fux, Débora Inês Kram Baumohl, Vicente de Paula Ataide Junior, Anita Caruso Puchta, Luiz Guilherme Marinoni, dentre outros.
O método utilizado foi o de compilação bibliográfica para expor a compreensão de diversos autores contrapondo às várias posições doutrinárias e divergentes sobrepondo posições harmônicas.
CAPÍTULO I - ASPECTOS EMBRIONÁRIOS E EVOLUTIVOS
Um dos problemas na garantia da prestação jurisdicional foi justamente entregar ao vencedor da ação o que lhe é de direito. Sob este aspecto é que será abordado sobre o surgimento da penhora online propriamente dita e a sua evolução para, assim, ter uma maior efetividade e garantia jurisdicional.
1.1 Noções iniciais sobre o processo de execução
Durante algum tempo os conflitos de interesses existente na sociedade foram resolvidos pelos próprios sujeitos, que acabavam por fazer justiça com as próprias mãos. Atrocidades foram cometidas em nome da Lei e da ordem. 
Contudo, o Estado interferiu por meio da atividade jurisdicional para resolver os litígios. O Poder Judiciário ficou com a incumbência de prestar a tutela necessária, criando-se mecanismos próprios para garantir o acesso à Justiça.
O Direito processual no Brasil sofreu algumas reformas para conseguir atingir a meta da celeridade. Inicialmente, o Decreto-Lei n. 1.608, Código processual de 1939, trouxe inovações ao acervo jurídico da época. Contudo, sua efetividade se deu em 1973, a luz das preposições do professor Enrico Tullio Liebmam e de fontes do Direito Europeu, em um projeto elaborado pelo Professor Alfredo Buzaid. Nesse período, já existia a preocupação com a rápida solução do litígio, (art. 125, II) e de denegar toda diligência “inútil” ou “meramente protelatória” (art. 130). Na década de 90, o Código processual civil sofreu mudanças por várias leis, com intuito da celeridade (TEODORO JÚNIOR, 2004, online).
Em 1995, por meio da Lei n. 9.099, passou a existir os Juizados Especiais Cíveis (JEC’s), visando mais uma vez a celeridade e o acesso simplificado a prestação jurisdicional.
No século XX, iniciam-se mudanças legislativas estruturais no processo de conhecimento. Em 2006, o processo de execução sofre alterações, tendo em vista a sua ineficácia e oferecimento de oportunidade à inadimplência e ilicitude. As inovações processuais eram imperativas, com aplicação de multas para estimular o devedor a cumprir a sentença judicial (PUCHTA, 2009, p. 17).
Apesar do avanço que representou o surgimento dos JEC’s, houve ainda a necessidade de obter uma agilidade ainda maior com relação ao cumprimento da sentença prolatada no juízo de primeiro grau. 
Entra em vigor a Lei n. 11.232 de 22 de dezembro de 2005, justamente com o fito de suprir essa necessidade, tornar ainda mais eficaz a prestação jurisdicional, satisfazendo o vencedor da ação.
1.2 Conceito de processo de execução
A execução é hoje procedimento final do processo, inserida como parte final e não mais como procedimento separado, como anteriormente era vista.
Desse modo, a execução foi considerada por algum tempo, como fase suplementar da ação, que a época, entendiam que inicialmente devia existir o conhecimento dos fatos, e proferir a condenação. A execução era uma etapa complementar, sem a qual a sentença condenatória não teria eficácia. Significava que na execução havia dúvidas quanto ao direito do credor ao contrário, seu pressuposto era a certeza desse direito, não sendo o de execução um processo contraditório. Nele não se discute o mérito da relação jurídica material entre as partes, o que não quer dizer que não se reconheça ao devedor a possibilidade de resistir à pretensão executiva (TEODORO JÚNIOR, 2004, online). 
No Código Processual Civil (CPC), o processo de execução decorre do título executivo: o judicial, que é a sentença proferida no processo de cognição ou de conhecimento, e o extrajudicial, que são os títulos de crédito a que a lei confere eficácia executória. Notadamente, com a reforma processual e o surgimento do cumprimento de sentença como faze processual o CPC inovou os meios de execução do titulo judicial.
1.3 Surgimento e discussão sobre a lei nº. 11.232/05
As discussões sobre a Lei em comento tiveram início por incentivo do Ministro Athos Gusmão Carneiro, que dirigiu a proposta de um projeto de lei no sentido de modificar o procedimento para a execução nos processos civis. 
Assim, as propostas para o novo modelo de processo de execução no Poder Judiciário foi discutida inicialmente pelo ministro aposentado Athos Gusmão Carneiro e o ministro Sávio de Figueiredo Teixeira. Quando do primeiro projeto nesse sentido, tratava sobre a extinção da ação autônoma da execução de sentença, tendo em vista que, o processo de conhecimento e de execução são categorias separadas e estanques. Desta feita, atualmente, ao terminar o processo e vencidas todas as controvérsias, superados todos os recursos, a parte vencedora, titular de direito, ainda não contemplava seu direito, tendo que executar aquele que não cumpriu a sentença, iniciando novo processo (BRASIL, 2005, online).
O projeto em tela trata da execução dos títulos extra-judiciais. Os quais tinham procedimento lento e ineficaz, que com a inovação jazida pelo projeto de lei citado, possibilitou inovações.
O ministro Athos Gusmão Carneiro ressaltou que dentre as principais alterações, estavam a reforma das normas sobre a impenhorabilidade e penhorabilidade dos bens, com a atualização à nossa realidade atual, e a alteração dos meios executórios (Ibidem).
Normas estas que foram inseridas nos procedimentos do CPC, alterando seus artigos, significadamente e que implementaram agilidade ao processo.
A finalidade de significativa parcela das últimas alterações promovidas é atualizar o processo civil pátrio às necessidades do exercício da jurisdição, especialmente no que tange à celeridade, sendo que em alguns casos o legislador apenas tratou de consolidar em nível normativo o entendimento já adotado pelos Tribunais (BARCELLOS, 2006, p. 167).
Diante das alterações feitas, o Prof. Athos Gusmão Carneiro teve a difícil tarefa de propor as bases concretas para a revisão do Processo de Execução, esboçando um Anteprojeto de Lei e submetendo-o à análise da comunidade jurídica. A par das dificuldades relacionadas à demora na prestação jurisdicional, bem como às questões que foram conceitualmente desenvolvidas ao longo do estudo, partiu o Prof. Athos Gusmão Carneiro em busca de alternativas legislativas no sentido de “melhorar o desempenho processual, sem fórmulas mágicas, que não as há”, inspirando-se, segundo ele mesmo faz questão de alertar, em críticas formuladas em sede doutrinária, bem como em experiências reveladas em sede jurisprudencial (BAUMÖHL, 2006, p. 116).
Ressalta-se que, o procedimento comum, que era utilizado para cumprimento de sentença, longo e repleto de dificuldades decorrentes da liquidação por arbitramento, como a liquidação por artigos, que depende de perícia, era enquadrado como ações incidentais. 
“Assim, o quantum debeatur era fixado em sentença, com a possibilidade de apelação e até, se atendidos os pressupostos constitucionais, de recursos especiais ou extraordinários” (CARNEIRO, 2007, p. 23).
Depois de alguns anos do lançamento do anteprojeto original e ele recebeu diversas propostas e emendas, foi promulgada a Lei nº. 11.232, em 22.12.2005, que estabeleceu a fase de cumprimento de sentença no processo de conhecimento. Ela entrou em vigor em junho de 2006 e, embora exista algumasdeficiências, representa um grande avanço no sentido de buscar alternativas para a tutela executiva (BAUMÖHL, 2006, p. 116).
Com essas mudanças a prestação jurisdicional vê-se garantida, tendo em vista que a morosidade dos processos de execução, que em muitas situações são mais longos que o de conhecimento. 
Vale ressaltar que, muitos processos de execução não passam da fase inicial, alguns por que o credor abandona e/ou desisti o processo, outros porque a Justiça não encontra o devedor para a citação, e em muitos casos, porque o credor não encontra bens e desisti da ação (ROSA, 2008, online).
Desta feita, a novel lei põe fim à autonomia do processo de execução de sentença condenatória, ou seja, dos títulos executivos judiciais, trazendo ao processo mera fase final, denominada de cumprimento de sentença. 
Nesse sentido, passou a “efetivação forçada de sentença condenatória feita como etapa final do processo de conhecimento após um tempus iudicati sem necessidade de um ‘processo autônomo’ de execução (afastam-se princípios teóricos em homenagem à eficiência e brevidade); processo sincrético, no dizer de autorizado processualista” (BAUMÖHL, 2006, p.117). 
Finda-se, portanto, a concepção clássica da natureza autônoma do processo de execução, tendo em vista a nova fase processual. Observa-se, assim que a lei em comento visa prioritariamente garantir a celeridade e a economia processual, ao passo que uniu o processo de conhecimento ao processo de execução, tornando desnecessária a dupla citação, pois, com a inovação, correm nos mesmos autos (HERNANDEZ, 2007, online).
Por outro lado, existe grande controvérsia doutrinária sobre a natureza jurídica desta impugnação, sendo, de certo modo, inevitável a tentativa de comparação com outros institutos já conhecidos do direito processual brasileiro.
Desse modo, os doutrinadores discutem se essa impugnação tem natureza de ação autônoma ou se é apenas um incidente do processo, tendo em vista que, se realiza na fase executiva do processo de conhecimento, com a inegável função de defesa do executado, podendo assumir a função de ação, "exatamente como ocorria com os embargos do devedor com a previsão do art. 741 CPC, ou seja, uma ação autônoma ou mero incidente, limitado as matérias de defesa que podem ser argüidas pelo executado (REIS, 2007, online).
Antes das alterações trazidas pela Lei nº. 11.232/05 era necessário que se buscasse, acima de tudo, a efetividade dentro do processo de execução, pois ele é o instrumento prático para se alcançar a pretensão desejada. 
Conforme ensina Teori Albino Zavascki (2000 apud WILHELM, 2007, online):
[...] O processo, instrumento que é para a realização de direitos, somente obtém êxito integral em sua finalidade quando for capaz de gerar, pragmaticamente, resultados idênticos aos que decorreriam do cumprimento natural e espontâneo das normas jurídicas. Daí dizer-se que o processo ideal é o que dispõe de mecanismos aptos a produzir ou a introduzir a concretização do direito mediante a entrega da prestação efetivamente devida, da prestação in natura. 
Logo, percebe-se a função precípua do processo, qual seja promover a prestação jurisdicional para a solução da pretensão buscada através da lide, pois possui mecanismos que promovem a efetividade devida.
1.4 Evolução no processo de execução de sentença
O processo de execução evoluiu no sentido de que trouxe nova perspectiva, em que a sentença pode ser executada imediatamente, sem a instauração de um novo processo de execução, "diversamente" do procedimento anterior. 
Assim, pela nova sistemática processual, expressa no artigo 475-J do Código de Processo Civil, o devedor terá o prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir da intimação, para cumprir a obrigação, acaso não seja efetuado o pagamento será acrescido o percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, a título de multa ou pena processual pelo não pagamento espontâneo do executado. (ALVIM; CABRAL, 2009, p.66).
Ou seja, o executado tem prazo legal para resolver o litígio e caso não o faça sofre as penas da lei, que neste caso é multa pecuniária a punição ao inadimplemento do pagamento em tempo hábil.
Nesse sentido, norma é bastante clara em dispensar a ação de execução de sentença, exigindo simples requerimento no caso de não cumprimento da sentença. Note-se que há diferença entre tal requerimento (art. 475-J do CPC) e aquele que, por exemplo, pode ser feito internamente no processo quando da concessão de tutela antecipatória de soma (art. 273 do CPC) (MARINONI, 2007, p. 52).
Verifica-se também, que o devedor não é mais citado, mas sim intimado na pessoa de seu advogado. Alguns doutrinadores, dentre eles, o professor Alexandre Freitas Câmara, entendem que o devedor deve ser intimado pessoalmente. Apesar da ausência de previsão no artigo 475-J, o devedor poderá ser isento do pagamento da multa de 10% (dez por cento), desde que comprove que não foi possível efetivar o pagamento por absoluta impossibilidade (SCHLEDER, 2007, online).
Cabe, portanto, ao procurador intermediar a execução, apesar desse entendimento não ser unânime entre os doutrinadores, tem sido a práxis mais usual nesse tipo de execução. Ressalta-se que o executado tem alguns privilégios que lhe são garantidos quando cumpre os prazos legais. Ou seja, o acréscimo de multa serve como meio de evitar que a execução se arraste por anos, forçosa ao adimplemento do executado.
Desta feita, essa modificação cirúrgica no processo de cumprimento de sentença praticamente repete o procedimento traçado pelo Código para a execução extrajudicial, revivendo a velha distinção entre ação executiva (títulos extrajudiciais) e ação executória (títulos judiciais), influindo no modo de oposição do devedor (impugnação ou oferecimento dos embargos), muito embora preveja o título judicial como obrigatório para instaurar a execução ex intervallo, mercê de o inter traçado na execução por quantia certa servir como parâmetro operativo dessa novel realização do julgado, abolidas as burocracias de outrora (artigo 475-R do CPC). Outrossim, a nova estratégia não desvirtua a sentença condenatória como título judicial, mas sim a torna execução do titulo, na própria relação de cognição, que se configura em ato auto-excutável. Desse modo, equiparou o grau de satisfação das sentenças com novo enfoque observado no Código de Processo Civil (FUX, 2008, p. 16).
Ressalta-se que, uma vez instaurado o processo de conhecimento, em razão de um litígio, não termina com apenas a sentença, a qual exigia a exceção em separado. 
Agora, segue o procedimento oferecendo a tutela do direito almejada mediante atividade executiva necessária. “Isto porque o processo, ainda que vocacionado à descoberta da existência do direito afirmado destina-se a prestar tutela jurisdicional à parte que tem razão, o que não acontece quando se profere sentença de procedência dependente de execução” (MARINONI, 2007, online).
Essa realização na qual o processo de execução corre dentro do processo principal torna a condenação incompatível com o “processo” intermediário e complementador do título como o era a liquidação de sentença. Conseqüentemente, o cumprimento da sentença, nesses casos, exclui-se a liquidação como processo à parte. Por outro lado, nesse trajeto até a satisfação do vencedor, considera-se ilícito ao réu aduzir defesas não suspensivas que possam exonerá-lo da obrigação, tal como as exceções de pré-executividade, salvo comprovado dano irreparável (FUX, 2008, p. 17).
Portanto, o processo de conhecimento agora possui uma fase que finaliza os procedimentos que antes eram realizados em um processo separado, que agora pertence a fase denominada cumprimento de sentença. Ou seja, é o desdobramento final do processo de conhecimento.
1.5 Presença no ordenamento jurídico pátrio
Na busca por uma prestação jurisdicional mais célere e efetiva, o nosso sistema processual civil tem sido objeto de várias reformas. Uma delas se deu mediante o advento da Lei nº 11.232/05, que cuidou de alterara forma pela qual se dá a execução de títulos judiciais.
A lei em comento eliminou nos casos de condenação a pagamento por quantia certa, a ação de execução de sentença. Agora, o sistema de execução de sentença é fundado nos arts. 461, revogado, reproduzido literalmente no 466-A, e, quanto a sentença condenatória do pagamento de quantia certa, o art. 475-J do CPC (MARINONI, 2007, online).
O art. 466-A impõe que: “condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida”. 
Assim, a introdução de novas regras no sistema jurídico deixa indecisos os operadores do Direito, até que a doutrina e a jurisprudência possam trilhar um caminho seguro para a aplicação da Lei.
Isso se dá, desde logo, no primeiro dos artigos que nos propomos a enfrentar, o caput e o § 1º do art. 475-J, que dispõe:
Art. 475-J
Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto do art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. 
§ 1º. Do auto de penhora e avaliação será de imediato intimado o executado na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, se quiser, no prazo de quinze dias.
A norma dispensa a ação de execução de sentença estabelecendo o requerimento no caso de não cumprimento da sentença. O requerimento pode ser feito dentro do próprio processo (MARINONI, 2007, online).
Logo de início, percebe-se que as responsabilidades dos procuradores, cresceram muito. Isso porque caberá ao advogado informar ao seu cliente que ele é devedor e que deve pagar o montante devido, sob pena de aplicação de multa que será acrescido o valor de dez por cento do valor original (RULLI JUNIOR et al., 2006, online).
Discuti-se a questão do início do prazo, que a princípio, seria o dia em que certificado o trânsito em julgado da decisão, posto que, nesse exato momento, a dívida seria líquida e certa. 
Nesse sentido, relata Athos de Gusmão Carneiro:
[...] assim, na sentença condenatória por quantia líquida (ou na decisão de liquidação de sentença), a Lei alerta para o tempus iudicati de quinze dias, concedido para que o devedor cumpra voluntariamente sua obrigação. Tal prazo passa automaticamente a fluir, independente de qualquer intimação, da data em que a sentença (ou acórdão, CPC, art. 512) se torne exeqüível, quer por haver transitado em julgado, quer porque interposto recurso sem efeito suspensivo (apud PRINCIPE, 2009, online).
Logo, a condenação por quantia certa tem prazo delimitado que deve ser respeitado, tendo em vista que seus efeitos continuam independentemente de intimação.
Esta matéria é versada no art. 4º da Lei nº. 11.232/05, a saber:
Art. 4º.
O Título VIII do Livro I da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescido dos seguintes artigos 475-I, 475-J, 475-L, 475-M, 475-N, 475-O, 475-P, 475-Q e 475-R, compondo o Capítulo X – ‘Do cumprimento da Sentença’.
O Código de Processo Civil, embora tenha reservado um livro ao Processo de Execução, sofreu alterações substanciais ao longo do tempo (MARINONI, 2007, online).
Pelo ordenado agora estabelecido, todas as normas diretamente voltadas ao comando sentencial passam a integrar o Livro I, inserindo-se no processo de conhecimento. É aberto, então, como característica um novo capítulo, numerado como Capítulo X. 
Desse modo, foi mudado também o título que antes tinha a nomenclatura “Da execução da sentença”, agora modificado para “Do cumprimento da sentença”, modificações que alteram as obrigações de “fazer e de não fazer”, bem como, as obrigações de “entrega de coisa”, que independem de “execução” em sentido estrito. Com as alterações o mandamento sentencial em favor do demandante é cumprido simplesmente pela imediata expedição de “ordem” à parte obrigada, ou por mandado a servidor de Justiça (CARNEIRO, 2007, online).
Logo, o objetivo do Legislador foi desburocratizar o Processo de Execução, fazendo com que, através de uma renovação na estrutura do procedimento, proporcionou a efetiva satisfação do direito do credor, reconhecida em sentença (ABDALLA, 2007, online).
Vale lembrar que, o interesse do credor deve ser protegido pela Justiça, lhe proporcionando a satisfação do crédito sem que tal pretensão viole os direitos do devedor ofendendo as normas e princípios éticos e jurídicos que regem a vida social. Em especial, trouxe a celeridade tão almejada nas varas cíveis que podem com o novo procedimento findar com morosidade que antes imperava.
1.6 Da penhora
Segundo Fernando Maciel e Rafaela Pires Migliavacca (2007, online), a penhora
[...] é o ato processual que vincula determinados bens do devedor (ou de terceiro responsável) a uma execução, a fim de viabilizar sua ulterior expropriação, tornando ineficazes, em relação ao feito executivo, os atos de disposição do seu proprietário. 
A penhora produz os seguintes efeitos: a) individualiza uma parcela do patrimônio do devedor e/ou terceiro responsável, que responderá pela dívida executada; b) gera preferência legal sobre o produto da venda do bem, nas hipóteses em que haja mais de uma constrição judicial sobre o mesmo bem; c) altera o regime da posse em relação ao bem penhorado, o qual ficará sob a responsabilidade de um “depositário” e não de um possuidor (MACIEL; MIGLIAVACCA, 2007, online).
Quanto à penhora online, ela é o meio utilizado pelo Poder Judiciário para bloquear as contas correntes do executado com o intuito de assegurar a satisfação do crédito de um eventual credor. Seu se dá devido aos convênios firmados entre Banco do Brasil e os Tribunais brasileiros nos diversos Estados. “Tais Convênios permitem aos juízes encaminhar, via internet, às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN”, e ainda solicitar informações relativas a existência de contas correntes e aplicações, determinações de bloqueio e desbloqueio de contas (REIS FILHO, 2004, online).
Ressalta-se que a Justiça tem o dever de proteção dos interesses do credor que pretende a satisfação de seu crédito em tempo hábil. Nesse contexto, a norma imposta para a penhora online precisa ser revista pelo legislador pátrio, para enfim, proceder com Justiça para ambos na resolução de uma lide.
CAPÍTULO II - polêmicas E DISCUSSÕES
A entrada em vigor da nova Lei de execução, Lei n. 11.232/2005, trouxe muitas opiniões a respeito do tema, muitas a favor e outras nem tanto assim. Diante desse contexto, vários doutrinadores expressam suas opiniões com relação ao tema fundado em casos concretos, pela própria prática observada ao longo dos anos. 
2.1 Questões de privilégio ao exequente em face do executado
O exequente recebeu da lei nova alguns privilégios que antes não possuía, pois tem autonomia processual face ao executado que ficou de certa forma coagido a determinadas imposições inseridas no CPC. 
Como forma de execução, a execução provisória, com o advento da nova Lei, vem iniciar-se por ordem do reclamante. O novo art. 475-O tem em sua forma as regras da execução provisória dos 588 a 590 do CPC, que estão revogados. Dentre as alterações destaca-se no inciso I, “danos que o executado haja sofrido”, antes dizia “prejuízos que o executado venha a sofrer”, no inciso III, “propriedade” no lugar de “domínio”, acrescentou “suficiente” para caracterizar a caução. E no caput, acrescenta “no que couber”. E mais importante, no inciso I, a afirmação de que “a execução provisória, assim como a liquidação e a execução definitiva, se instaura por iniciativa do exequente”, assim, afasta qualquer possibilidade de instauração dessa fase executória por iniciativa do próprio juiz(GRECO, 2006, online).
Não se pode deixar de mencionar também o privilégio em favor do exequente no que tange à ordem de preferência com relação ao pagamento feito pelo executado quando existe mais de um credor, procedendo, assim a licitação. 
Para Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina, é a seguinte a ordem de preferência:
1º aquele que oferecer maior valor (§ 3º, 1ª parte, do art. 685-A); 
2º se se tratar de penhora de quota em execução movida por terceiro estranho à sociedade terão preferência os sócios (§ 4º do art. 685-A); 
3º cônjuge, descendente ou ascendente, nesta ordem (§ 3º, 2ª. parte, do art. 685-A); 
4º credores com crédito privilegiado (trabalhista, fiscal, dotado de garantia real etc); tendo sido revogada a regra constante da 2ª. parte do § 2ª. do art. 714, incide analogicamente, no caso, o disposto no art. 711;
5º credor em cuja execução ocorreu a primeira penhora (cf. arts. 612 e 711, in fine, que incidem por analogia, no caso) (apud ABDALLA, 2008, online).
A iniciativa do exequente em provocar o judiciário fazendo o pedido inicial para o referido processo deixa a cargo do executado a apresentação de sua defesa contra os títulos extrajudiciais:
É cediço que o processo de execução, conforme visto anteriormente, é de índole satisfativa e não normativa como o processo de conhecimento, posto que o título executivo elimina o grau de incerteza inerente à tutela de cognição. Por esta razão, diz-se que o contraditório no processo de execução tem incidência eventual, porquanto somente se instaura por iniciativa do próprio executado. O exeqüente, ao formular o seu pedido de tutela jurisdicional, o faz no sentido de instigar o devedor a cumprir e não a se defender. Nesta espécie de processo executivo, os atos são praticados e sua legitimidade aferida ex post facto. Isto não significa que o executado não possa opor-se ao credito, ao título executivo ou mesmo infirmar o processo por vícios formais, mas, a oportunidade para que essa oposição seja oferecida é criada pelo próprio devedor com a introdução, no processo de execução extrajudicial, de um processo de conhecimento, que se denomina ‘embargos’ (e na atual reforma, de ‘impugnação ao cumprimento’, tratando-se de título judicial) (FUX, 2008, p. 401-402).
Findo o prazo de 15 dias estipulado no caput do Art. 475-J e incidindo, assim, a multa de 10% sobre o valor da condenação, o credor poderá indicar bens do devedor de uma maneira mais simples e completa possível, a fim de que possam ser abreviado ao máximo a identificação dos bens para satisfazer a execução.
[...] infelizmente, o direito pátrio omitiu incidente propício à solução de um dos gargalos da execução que é a localização de tais bens. Confiou na investigação preliminar do exeqüente, motivo por que lhe assegurou o direito de indicar bens no requerimento executivo (art. 475-J, §3º), no tirocínio do oficial de justiça, cujas habilidades profissionais jamais devem ser desprezadas, e na colaboração eventual do executado. A este toca, em conformidade ao art. 600, IV, o ônus de indicar ao juiz ‘onde se encontram os bens sujeitos à execução’, sob pena de suportar multa de até 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito (art. 601, caput). É evidente que escamoteação bem sucedida deixa livre o executado burlão por petição de princípio (inexistência de bens penhoráveis) (REIS, 2007, online)
Desse modo, com a facilidade de se localizar os bens do devedor, o credor tem garantida a execução, pois o próprio devedor deve indicar os bens a serem penhorados, sob pena de multa.
Com o advento da Lei 11.232/2005, mudanças foram feitas em relação ao privilégio no qual o executado tinha em relação ao reclamante. Por um lado, o devedor perdeu muitos privilégios, pois, o executado agora ficou sujeito a penhora online de créditos em instituições financeiras e alienação particular de bens penhorados, e por outro, pode requerer ao juiz o pagamento de 30% da dívida no ato e o restante em seis parcelas mensais, e ainda, tem o direito de discutir o débito através de embargos (TAKOI, 2007, online).
Quanto a alteração na ordem legal de preferência o dinheiro está ainda em primeiro lugar na ordem de preferência para sujeição a penhora. Isso ocorre devido a finalidade da execução por quantia certa de expropriar bens do executado para saldar a dividida em tempo hábil, para tanto, recai a penhora diretamente sobre somas de dinheiro. Desse modo, facilita a execução, tendo em vista que elimina o procedimento de transformação do bem conscrito em numerário, quando este estiver disponível no patrimônio do executado com valor capaz de saldar a dívida (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 70).
A ordem de preferência não é obrigatória, podendo ser substituída, mas a lei prevê claramente as possibilidades de substituição e de preferência, caso em que o pagamento por quantia certa não pode ser substituído por arrematação de bens imóveis, por exemplo.
Outro fator importante é a questão da averbação, em que o credor pode fazer a transferência de bens quando for o caso.
Instrumento novo criado pela Lei n. 11.232/05 foi a possibilidade de averbação em cartório de registro de imóveis ou de veículos o ajuizamento da ação. Assim sendo, o devedor não poderá transferir seus bens para outra pessoa, descaracterizando, assim, fraude à execução (TAKOI, 2007, online).
Com o surgimento da oportunidade de averbação em cartórios de registro de imóveis não mudou, contudo, a ordem legal de penhora dos bens. Desse modo, primeiramente está o dinheiro, em seguida os veículos terrestres, bens móveis e imóveis, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades empresariais, percentual do faturamento da empresa do devedor, pedras e metais preciosos, títulos de dívida pública com cotação em mercado, títulos e valores mobiliários com cotação em mercado, sucessivamente, dentre outros direitos. A ordenação dá referência de penhora segundo a normal liquidez dos bens a constringir, e disciplina-se também, algumas modalidades de penhora praticadas na praxe forense antes sem regulamentação legal, tais como, o saldo bancário e faturamento da empresa executada que tem causado constantes conflitos e reclamações (art. 665-A) (THEODORO JUNIOR, 2007, p. 70).
Essas reclamações são o fruto das mudanças, pois de modo geral, toda mudança é contestável, tendo em vista que, a priori muda complemente os procedimentos, então gera polêmica até que seu uso demonstre eficácia.
2.2 Matéria de ilegalidade e inconstitucionalidade
A nova lei trouxe algumas discussões relacionadas a sua constitucionalidade, em que acreditava-se que a quebra de sigilo bancário seria imprópria.
Uma redação como emenda à Lei 11.232/2005 foi feita pelo Senado e não gerou retorno à Câmara dos Deputados. Essa redação se refere a um detalhe, um conceito de sentença, que por esse motivo poderá fazer com que a lei venha a ser objeto de ADIN por inconstitucionalidade formal (RULLI JUNIOR, 2006, online).
Por outro lado, com a chegada da Lei 11.232/2005, foi possível opor embargos como forma de declarar que os títulos apresentados dentro de determinado processo são inconstitucionais e contrários à orientação do STF, que passou a vir com a seguinte redação:
Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:
[...]
II – inexigibilidade do título;
§ 1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal [...]
Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre:
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou atos normativos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da leiou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.
Apesar da busca sobre a constitucionalidade desses dispositivos, o Poder Judiciário tem a tarefa de atribuir ao texto normativo, a interpretação Constitucional. Além disso, as normas que proferirem algo a respeito de uma extensão aos efeitos do STF, são encarados como uma tentativa de aperfeiçoamento do sistema processual brasileiro (TAKOI, 2007, online).
Sobre o excesso de execução, o devedor tem plenas condições de interpor sua defesa em forma de embargos no prazo de 15 (quinze) dias sob pena de efetivar-se o valor alegado pelo autor. Seguindo essa corrente pode-se afirmar que é ilegal tal procedimento feito pelo exequente:
 
Poderá nos embargos o devedor/embargante discutir ilegalidades, senão abusividades praticadas pelo ente financeiro em todos os contratos firmados no curso do tempo (tarifas cobradas, taxa de juros, forma de incidência dos juros junto ao saldo devedor – anatocismo -, encargos advindos da inadimplência - multas, juros de mora, comissão de permanência -), possibilidade esta prevista por conta da Súmula 286 do STJ (‘a renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores’) (CENCI, 2008, online)
Não poderia deixar de existir entendimentos contrários à Lei 11.232/2005. No que tange à vigência da lei, a Ordem dos Advogados do Brasil questiona a respeito da possibilidade de dispensa da apresentação de defesa e a reprodução de sentença emprestada de outro processo, ferindo, assim, os princípios da isonomia, do contraditório (sendo preceitos constitucionais), que diz:
‘Não se pode permitir que venha a produzir efeitos norma que irá atingir milhares de processos judiciais, sejam aqueles que venham a ser propostos após seu período de vigência, sejam aqueles que, encontrando-se em curso, acabarão por ser abreviados pela aplicação da novel norma processual’, alega a entidade. No mérito, pede a declaração de inconstitucionalidade da íntegra da lei (BRASIL, 2006, online).
A questão da quebra do sigilo bancário também foi discutida como matéria de inconstitucionalidade, afirmada pelo Deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE):
O descontentamento gerou a propositura de uma ação direta de inconstitucionalidade, por iniciativa do PFL (Partido da Frente Liberal), com intuito de pôr fim ao convênio de cooperação técnico- institucional celebrado entre o Banco Central e o STJ (Superior Tribunal de Justiça), anteriormente mencionado, estando pendente o julgamento perante o STF (Supremo Tribunal Federal), inclusive quanto ao pedido liminar, que ainda não foi apreciado, conforme consulta de acompanhamento processual de 21 de outubro de 2004. Destaque-se, outrossim, que na ação o mencionado partido pede também a inconstitucionalidade dos Provimentos 1 e 3/2003, baixados pela Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, que regulamentaram o convênio (PAULA, 2004, online).
Na repulsa a esse entendimento, vale dizer que a condenação tem como pressuposto um processo válido, no qual tenham sido respeitadas as garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa. Não há violação aos princípios constitucionais, tendo em vista que o condenado tem acesso ao processo, e as garantias processuais foram exercitadas. Exigir a intimação implica condicionar a eficácia da sentença e do acórdão a provimento despido de conteúdo decisório (SILVA, 2008, online).
A efetividade do processo se traduz na idéia de que o processo deve cumprir integralmente sua função sócio-política-jurídica, atingindo os objetivos institucionais.
2.3 A efetividade da penhora online
Em se tratando de uma necessidade do exequente em satisfazer o seu direito, com uma tutela antecipada de soma, a chamada penhora online é uma alternativa muito importante. O STJ, o TST e o Conselho de Justiça Federal firmaram convênio com o Banco Central, no qual os juízes têm acesso, via internet a um sistema desenvolvido pelo Banco Central (BACENJUD), no qual tem informações acerca de eventuais depósitos bancários pelo devedor.
Tendo em vista esse sistema, o magistrado encaminha ofícios eletrônicos às instituições financeiras e solicita informações sobre a existência de contas correntes e aplicações financeiras, e pode determinar o bloqueio e/ou desbloqueio de contas, e, ainda, requerer qualquer informação definida pelas partes (MARINONI, 2007, online).
A penhora online é um mecanismo que foi desenvolvido para dar maior efetividade ao processo com o objetivo principal de deixá-lo mais célere. É a maior inovação no Direito Processual Civil brasileiro embasada no princípio constitucional da celeridade processual e princípio infraconstitucional da economia processual. O instituto tem sido largamente utilizado mostrando eficácia na execução, mas ainda restam muitas críticas, tal qual a de que viola o princípio infraconstitucional da menor onerosidade em face do devedor. Quanto ao princípio da proporcionalidade, na penhora online tornou-se limitador, tendo em vista que o Juiz deverá estar atento aos limites da constrição para ao mesmo tempo satisfazer o direito, não agravar excessivamente o devedor. Sua legitimidade vê-se ancorada no princípio da supremacia constitucional e no novel Direito Constitucional que confere ao princípio a natureza jurídica de norma jurídica (PUCHTA, 2008, online).
Muitas vezes é possível verificar o bloqueio de determinada importância em várias contas do devedor, quando for o caso, pois pode ocorrer também falta de possibilidade de adimplemento da dívida. De um lado favorece o exequente e de outro provoca a impressão de excesso nesse procedimento.
Se por um lado a penhora online é um mecanismo rápido e eficiente, como já foi dito varias vezes, e que favorece o cumprimento das decisões condenatórias, não se pode deixar de comentar também a questão do desbloqueio do excesso, que é uma providência por diversas vezes demorada. Isso deve acontecer com a menor onerosidade ao devedor, segundo esse entendimento, encontra a previsão do art. 620, do CPC (PUCHTA, 2008, online).
Cabe transcrever o teor do art. 620, do CPC: “Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor”.
Muito se discute a respeito da invasão da conta bancária alegando que é uma quebra de sigilo bancário. Contudo, a penhora online combate uma dos maiores problemas enfrentados nos processos, que é a morosidade. É preocupante para a doutrina se o instrumento processual respeita o direito de privacidade e a segurança jurídica do devedor. A quebra de sigilo bancário é questionada, pois quando usada a penhora online, é fictamente aceita, em virtude da legalidade do dispositivo, sendo a forma de liquidação da sentença conhecida pelo inadimplente (OLIVEIRA NETO; SOUZA, 2008, online).
Além da quebra do sigilo bancário, existe discussão sobre a exclusividade, como defende Paulo Mazzante de Paula:
Discute-se, ainda, o aspecto da exclusividade, uma vez que a Carta Magna atribui à União, privativamente, a competência de legislar sobre o direito processual, ocorrendo assim ofensa ao artigo 22, inciso II, CC os artigos 2º, caput, 48, 59, 61, 65 e 66, todos da Constituição Federal (2004, online).
Como se trata de informações fornecidas pela agência bancária sobre o ativo do executado, entende-se que não se trata de penhora propriamente dita. A princípio são apenas informações. 
Quanto a segurança jurídica, esta sustenta-se em virtude do interesse público que tem prioridade em razão do interesse particular que é a quebra do sigilo. Vale dizer que, a penhora não visa limitar as condições do devedor, impedindo-o de sustentar-se. Como apregoa o art. 649 do CPC, as hipóteses de impenhorabilidade de bens. Assim, a penhora garante a segurança jurídica do credor, que antes era duplamente esbulhado em seu patrimônio, tanto pelo debito como pelas custas da execução frustrada, bem como para a efetivação do preceitoconstitucional da celeridade e razoável duração do processo, que são fortemente desejados na sociedade atual (OLIVEIRA NETO; SOUZA, 2008, online).
Demonstrando outros bens livres para suportar a penhora, a preservação do capital de giro da empresa será assegurada por meio da penhora online.
Assim, da mesma forma que a penhora do faturamento não pode absorver o capital de giro, sob pena de levar a empresa à insolvência e à inatividade econômica, também a constrição indiscriminada do saldo bancário pode anular o exercício da atividade empresarial do executado. Por isso, lícito lhe será impedir ou limitar a penhora sobre a conta bancária, demonstrando que sua solvabilidade não pode prescindir dos recursos líquidos sob custódia da instituição financeira (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 80).
Buscando incessantemente evitar a morosidade dos processos, seguindo a nova lei, provocar o judiciário buscando a efetividade da sentença prolatada pelo juiz por meio da penhora online, tornou-se mais seguro para o exequente no que tange à busca de seus direitos satisfeitos, evitando, assim, atos desnecessários tanto para a parte quanto para o Estado.
CAPÍTULO III - ASPECTOS PROCEDIMENTAIS E PROCESSUAIS
Seguindo todo o exposto, é importante mencionar como funciona a penhora online, sob o aspecto procedimental e processual, com isso entenderemos de forma clara e objetiva o que na prática, para alguns, é motivo de dúvidas.
3.1 Mecanismos administrativos para efetivação da penhora online
A Lei 11.232/05 trouxe em sua estrutura os mecanismos e procedimentos necessários para a efetivação da penhora online. Seguindo essa estrutura transcrita em tal lei, vários entendimentos formaram em torno do que vem sendo um dos maiores avanços na questão da prestação jurisdicional.
Com o convênio firmado com o Banco Central e a Justiça do Trabalho, o BACENJUD é o mecanismo utilizado pelos juízes para dar uma maior garantia no que diz respeito à execução da sentença prolatada. Foi firmado em março de 2002 o convênio entre o Banco Central e o Tribunal Superior do Trabalho, devido as insistências dos juízes trabalhistas na remessa de ofícios ao BACEN, que acabou aceitando implantar e adotar o sistema de consulta e bloqueio. Na Justiça Comum ainda é feito requerimento para bloqueio da conta via oficio remetido ao Banco Central e/ou agencias bancárias, pois grande parte das varas não está informatizada. Com o novo sistema online apenas substitui as respostas demoradas dos ofícios às agências bancárias, sendo mínimo, nessa hipótese, o gravame imposto ao devedor (PAULA, 2004, online).
Com esse novo sistema, os juízes podem ter acesso às contas bancárias e adquiriram o poder de bloquear os valores estipulados nas sentenças, o que facilita de forma eficaz o desembaraço dos procedimentos utilizados para a penhora.
Nesse diapasão, o atual sistema confere ao juiz autonomia e facilidade para obter informações referentes a “depósitos bancários – em conta-corrente ou aplicação financeira – do executado, realizados em qualquer instituição financeira e localidade do país”. O magistrado tem poder ainda para determinar o bloqueio do valor do crédito executado materializando o direito do exequente à penhora (MARINONI, 2007, online).
O sistema implantado para realizar a penhora, não pode ser encarado como uma obrigação por parte do juiz, e sim como uma opção dada a ele como se vê na improcedência do Agravo de Instrumento proferido pelo desembargador Orlando Heemann Junior no qual faz alguns questionamentos:
[...]
2. Em que pese não ser do interesse da justiça a suspensão de processo executivo, pela não localização de bens passíveis de penhora, entendo inviável a pretensão da ora agravante.
Não olvidando que o bloqueio de valores online, agora regulamentado pelo novel dispositivo processual, de fato representa um mecanismo ágil e econômico, certo é que a adesão ao convênio BACEN-JUD constitui mera faculdade do magistrado.
O art. 655-A do Código de Processo Civil apenas possibilita que o julgador efetue a penhora online de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, não o obriga.
Ademais, cabe ao credor a indicação de bens, e a requisição judicial de informações nesse sentido é admitida apenas em caráter excepcional, mormente porque o magistrado não pode ser transformado em advogado da parte. 
[...]
3. Nesses termos, NEGO SEGUIMENTO AO AGRAVO, nos termos do art. 557, caput, do CPC. (Destacou-se) (TJRS, 12ª Câmara Cível. Agravo de Instrumento nº. 70018690925, Rel. Orlando Heemann Júnior, DJU 22/02/2007). (RIO GRANDE DO SUL, 2009, online).
Ainda que essa opção dada ao juiz seja feita, existe a possibilidade de o mesmo negar ao pedido feito pelo autor de solicitar a penhora online e efetuar o bloqueio do ativo. É o que diz o ilustre desembargador Carlos Rafael dos Santos Junior:
Não obstante isso, a partir da vigência da Lei nº. 11.383/2006 (janeiro/2007), a situação sofre alteração. Embora ainda permaneça facultativa a penhora de ativos financeiros pelo magistrado através do Sistema BACEN-Jud, feita por meio eletrônico, a nova redação dada ao artigo 655-A, CPC parece que determina a requisição à autoridade supervisora do sistema bancário, de informações sobre a existência de ativos em nome do executado, no mesmo ato se determinando sua indisponibilidade até o valor da execução (Art. 655-A.  Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução.). (...) Com a nova disposição legal em comento, ainda que facultativa a opção do magistrado pelo meio eletrônico, viável a requisição agora prevista modo expresso no artigo 655-A, CPC. (TJRS, 19ª Câmara Cível. Agravo de Instrumento nº 70018327270,Rel. Carlos Rafael dos Santos Júnior, DJU 27/02/2007). (RIO GRANDE DO SUL, 2009, online)
Por esse meio executivo, tem-se que verificar se o requerido possui patrimônio suficiente para garantir a execução (no caso em questão referimo-nos notadamente a dinheiro, inserto em conta bancária), pois caso contrário a penhora online não terá êxito (ABDALLA, 2007, online).
Assim, o exequente precisa conhecer a informação sobre o deposito ou aplicação em valor suficiente capaz de garantir a execução, sem que para isso conheça os valores das movimentações bancarias anteriores, como esses valores foram empregados ou quem foram os beneficiários (MARINONI, 2007, online).
Usando a penhora online economiza muito em relação ao tempo em que um ofício levaria a chegar ao banco para que a sentença prolatada recebesse o seu devido cumprimento, além de ser um mecanismo muito simples, econômico eficaz e sem deixar de mencionar bastante célere, não justificando a resistência de alguns juízes em realizar tal procedimento.
Nesse contexto, esta ferramenta confere poderes ao juiz na investigação do patrimônio expropriável do devedor e ainda contribui para definitivamente, retirar a idéia de atitude passiva do juiz, “sempre a transferir integralmente ao credor o ônus de colher informações sobre a situação patrimonial do devedor” (GUERRA, 2003, p. 160).
Uma das maiores falhas com relação à penhora online é o uso indiscriminado ou o excesso de penhora, pois em relação a empresa ou sócio que tem mais de uma conta bancária onde sofrem as restrições para fazer movimentação mesmo quando em uma única conta já é o bastante para cobrir o valor do débito.
Desse modo, é comum a empresa executada e/ou seus sócios sofrerem penhora em várias contas, mesmo que apenas o bloqueio de uma única conta resolva a dívida, pois o juiz manda de ofício online ao Banco Central que rastreia e bloqueia automaticamente todas as contas encontradas da pessoa física ou jurídica da lide. Com isso, a medida inviabiliza a empresa “que por sua vez tem obrigações diversas a serem honradas, constituindo de fatoum dano de proporções bem maiores” (PEREIRA, 2007, online). 
Ainda em relação ao excesso de penhora realizado pelo magistrado de acordo com o procedimento autorizado pelo BACENJUD é mister destacar o Acórdão nº. 20030515240 relativo ao Agravo de Petição orientando no sentido de que:
Por esse motivo, ou seja, combatendo as múltiplas penhoras, o acórdão n.º 20030515240 – Agravo de Petição - apresenta orientação no sentido de que ‘a penhora de crédito somente far-se-á sobre uma conta bancária, ainda que várias as contas e em vários bancos, procedendo-se a outras, uma por uma, com respectivo Ofício do Juízo, se necessário e apenas para completar o crédito exeqüendo, evitando-se, assim, açodadas e múltiplas penhoras de dinheiro, criando-se verdadeiro aprisionamento das contas bancárias das empresas, impedindo o seu desempenho e o cumprimento de seus demais compromissos sociais, bancários e contratuais’ (PAULA, 2004, online, grifo do autor).
Outro mecanismo administrativo para a efetivação da penhora é o fato de o credor movimentar/provocar o poder judiciário através de uma petição interlocutória nos mesmos autos da Ação de Conhecimento onde conterá a atualização dos cálculos e a indicação dos bens a serem penhorados. Requerendo enfim que seja cumprida a sentença prolatada no juízo (ROSA, 2008, online).
Cabe então ao executado que passa a ter o ônus de demonstrar que o valor penhorado é fruto de impenhorabilidade e, deste modo, pedir a desconstituição da penhora, visto que é impossível saber, no momento da penhora, se o valor está impedido por alguma impenhorabilidade (MARINONI, 2007, online).
Ocorrendo, porém, nomeação de bens insubsistentes ou de difícil alienação, portanto em desobediência à ordem legal prevista no artigo 655 do Código de Processo Civil, somente resta o indeferimento da nomeação de bens. Em caso análogo, onde foram oferecidos oito títulos da dívida pública à penhora, manteve-se o indeferimento da nomeação, diante da imediata ausência de liquidez, bem como se admitiu a ‘constrição incidente em caixa de banco’ (PAULA, 2004, online, grifo do autor).
O que está se buscando com a implantação da nova lei, é a efetividade da tutela jurisdicional que hoje está desacreditada. É um mecanismo utilizado para o desenvolvimento de uma justiça mais confiável e sem qualquer duvida sobre o procedimento adotado pelo magistrado na hora de escolher qual o método de cumprimento da sentença até mesmo na questão da celeridade que tanto se discute e procura solucionar esse problema.
Logo, é importante ressaltar que, com o conhecimento, após a requisição ao Banco Central, de que o executado possui dinheiro depositado em instituição financeira, cabe ao juiz multá-lo em quantia igual a 20% do valor atualizado do débito em execução, para que a penhora se estenda a este montante. Caso a sentença condenatória não seja cumprida, o exequente pede ao juiz que requisite informações ao Banco Central e intime o executado que deverá informar a localização e o valor de seus bens, sob pena de multa (art. 601, CPC). Esta multa tem caráter coercitivo e o executado não tem o direito de alegar que não tinha conhecimento sobre a multa de 10% devida em virtude da não observância da condenação (MARINONI, 2007, online).
Não há que se falar em não observância da condenação, pois o executado tem acesso ao processo e tem ciência das penalidades a ele impostas via de seu procurador, contudo, alguns alegam esse fato. Mas o magistrado pode puni-lo, como acima citado, caso não cumpra a ordem imposta.
3.2 Aspectos processuais do juiz e da escrivania
A penhora online é um procedimento utilizado pelos juízes que, como mencionado, veio para agilizar a prestação jurisdicional e que satisfaz o vencedor na demanda. O papel do Juiz em tal procedimento é de suma importância pois, além de ser imparcial, não tendo nenhum interesse no processo, é o responsável por acessar o sistema BACENJUD e bloquear as contas bancárias do executado.
A intimação da penhora se dará por ato da escrivania segundo o Art. 475-J ao executado “na pessoa do seu advogado ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio”.
A ciência por representante legal, embora a redação, terá que se admitir possa se dar da mesma forma que a pessoal, por mandado ou pelo correio, enquanto que, através do advogado, por nota de expediente, pessoalmente ou por carta registrada, conforme as situações previstas nos artigos remissivos. A regra, portanto, é a intimação na pessoa do advogado, providência que o legislador vem ampliando - quiçá reconhecendo a importância que constitucionalmente lhe é atribuída à administração da justiça – ao lhe conferir, ope legis, outros encargos além daqueles necessários às atividades gerais do foro (art. 38), como no caso dos prazos recursais (art. 242), reconvenção (art. 316), agravo (art. 527, V) e liquidação de sentença (arts. 603 e 475-A), sem contar a prática de intimar-se o embargado, por seu patrono na execução, para impugnar a ação incidental, sem que haja determinação expressa no art. 740. No particular, espera-se que ao menos nos casos em que a citação é exigida pelo art. 475-N, parágrafo único, não se pretenda cumpri-la na pessoa do profissional que representou o vencido na ação penal, no tribunal arbitral ou no órgão jurisdicional alienígena; e no geral, que se passe a admitir ao patrono o mesmo benefício que o art. 302, parágrafo único, dá ao dativo, ao curador e ao Ministério público, pois, convenhamos, dar a ele a responsabilidade de em quinze dias localizar o seu constituinte para obter e desenvolver elementos de defesa que não lhe é dado conhecer – veja-se a matéria sobre a qual pode versar a impugnação - constitui verdadeira norma kafkaniana ou de simulação de processo democrático. (POMAR, 2007, online).
O credor tem um determinado prazo para requerer o cumprimento da sentença prolatada em sede de 1ª Instância. O despacho do Juiz que ordena a citação do executado interrompe o prazo de prescrição, sendo a execução uma ultima fase do processo que já está em curso.
O parágrafo 5º do artigo 475-J do CPC dispõe que não sendo requerido o cumprimento da sentença dentro do prazo de 6 meses a contar do trânsito, o juiz mandará arquivar os autos, podendo a parte requerer seu desarquivamento. Durante estes 6 meses, continua o efeito da interrupção da prescrição. Depois destes 6 meses, permanecendo inerte o credor, cessarão os efeitos da interrupção, e o prazo voltará a fluir (ROSA, 2008, online).
Ocorrendo a manifestação do credor para determinar a penhora, cabe ao Juiz requisitar a informação ao Banco Central para que localize dinheiro na conta do executado. Para que esse procedimento aconteça, não é necessário que tenham esgotadas todas as possibilidades de se encontrar bens em nome do réu.
Vale lembrar que, para a requisição de informações ao Banco Central ou a outros bancos, o credor necessita tem localizado os bens penhoráveis. Diante do descumprimento da tutela antecipada, surge o direito de obter dinheiro. O art. 655, que impõe a penhora primeiramente de dinheiro. Ao autor é muito difícil descobrir se o devedor possui dinheiro depositado em instituição financeira, e em valor necessário para cumprir a sentença, portanto, resta pedir ao juiz que requisite informação ao Central, ou, em casos específicos, ao banco em que o devedor possui depósito, oficiando imediatamente o bloqueio (MARINONI, 2007, online).
Seguindo as orientações da lei e colocando em prática, o cumprimento da sentença é inovador e bastante econômico para as escrivanias que diminuem a quantidade de papel que antes era utilizado para enviar ofícios aos bancos, evitando-se assim tanta burocracia que existe no Poder Judiciário.
Após feita a penhora, o executado é intimado a apresentar defesa no prazo de 15 (quinze) dias sob a forma de embargos à execução nos mesmos autos da Ação Principal.
O Juiz possui total liberdade para acessar o site do Banco Central e requerer o bloqueio dos valores na conta do executado.
O juiz podedentro de seu próprio gabinete, habilitado por uma senha fornecida pelo sistema BACENJUD, via internet, fazer a penhora dos valores a serem executados. Este mecanismo se divide em: a) definição do montante a ser penhorado, o magistrado emite um comando ao Banco Central, em 48 horas é feito o rastreamento. Tal movimentação retorna ao juiz com as informações solicitadas; b) o juiz mantém bloqueado o valor referente ao montante executado e libera o restante; c) caso não tenha valor disponível para penhora, pode requisitar nova busca (BAUMÖHL, 2006).
Para que a penhora online surta o seu devido efeito, é necessário que o executado possua dinheiro na conta bloqueada, satisfazendo, assim, o credor na ação. Certamente o devedor preferirá pagar o montante devido sem multa do que ter a sua conta penhorada.
A penhora online somente tem efetividade quando o devedor tem dinheiro depositado em instituição financeira, mas que pode ser substituída por bens do patrimônio suscetíveis de penhora. Com a ciência de que basta um oficio eletrônico para que sua conta seja bloqueada, e que o inadimplemento acresce multa em seu débito, poderá assim, ser conduzido a pagar imediatamente para evitar o risco de pagar multa (MARINONI, 2007, online).
Quando não encontra dinheiro na conta do executado, o Juiz em parceria com o Banco Central requisitará a localização de outras contas em nome do executado.
Além da penhora relativa a sentença, o valor será acrescido de multas e correções pelo não cumprimento da obrigação imposta pelo Juiz.
O vencedor ao requerer a execução, também de acordo com o art. 475-I, deverá atender ao contido no art. 614, inciso II e instruir o pedido com demonstrativo atualizado do débito que inclua aquela multa, os juros e a correção monetária, ainda que se trate de sentença liquidada, apresentando os acréscimos que incidiram até a data de requerimento de execução (POMAR, 2006, online).
Caso o réu não possua condições para quitar a obrigação, como é o caso de não ter patrimônio, não cabe a referida execução. Ele deverá requerer ao Juiz para que possa ter mais tempo para cumprir com a obrigação.
O Juiz em ação conjunta com a escrivania forma uma relação de auxiliares na questão da Justiça e da prestação jurisdicional. O novel cumprimento de sentença veio para dar maior efetividade ao processo.
O Magistrado pode aumentar a multa de ofício se descobrir que o executado possui dinheiro depositado em conta, tendo, assim, um significado coercitivo.
[...] é necessário advertir que, ao se descobrir, após a requisição ao Banco Central, que o executado possui dinheiro depositado em instituição financeira, o juiz deverá multá-lo em até 20% do valor atualizado do débito em execução (art. 601, CPC), fazendo com que a penhora se estenda a este montante. Na realidade, não cumprida a sentença condenatória, o exeqüente pode requerer ao juiz que, ao mesmo tempo, requisite informações ao Banco Central e intime o executado para informar a localização e o valor dos seus bens, sob pena de multa (art. 601, CPC). Neste último caso, a multa do art. 601 assumirá significado coercitivo e o executado certamente não poderá alegar que não sabia que poderia ser punido com outra multa, além daquela de 10%, devida em virtude da não observância da condenação (MARINONI, 2007, online).
De maneira que possam obedecer o princípio da razoabilidade e da efetividade, os Magistrados deverão seguir critérios rigorosos e sensatos para que não ocorram excessos em relação ao bloqueio e satisfazendo sem duvida nenhuma o interesse do credor ao ver que a obrigação foi cumprida.
A sujeição, ou seja, a impossibilidade de reação, por parte do cidadão a quem se impõe uma sanção judicial que reafirma o poder estatal. A colaboração do obrigado, não significa que o Estado esteja transigindo parcela de seu poder. Ao contrário a coercibilidade, desde que pautada em critérios legais previamente eleitos pelo legislador. Nesse sentido é que caberá ao magistrado um papel de imensa responsabilidade: o de decidir, de modo fundamentado, acerca do cabimento e da adequação de medidas coercitivas em cada caso concreto (BAUMÖHL, 2006, p. 128).
As medidas coercitivas variam para cada fato, pois o magistrado deve observar o princípio constitucional da proporcionalidade e da razoabilidade, que preconiza a medida ponderada a cada caso.
3.3 A nova sentença condenatória
As sentenças civis condenatórias incluem as que impõem uma prestação, ou seja, um fazer ou não fazer, entregar coisa diversa de dinheiro ou pagar quantia certa. 
O novo art. 475-N, I, do CPC, a qualifica como título executivo judicial, que ao fim do processo autônomo de execução para as sentenças civis condenatórias que impõe pagamento de quantia certa eliminou a diferença entre sentença mandamental e executiva. O seu cumprimento ocorre por meio dos mecanismos previstos nos arts. 461 e 461-A do CPC, como multa coercitiva e medidas de apoio. Como sentença civil condenatória impõe ao réu uma prestação em dinheiro que ocorre por força do art. 475-J e seguintes do CPC (ATAIDE JUNIOR, 2009, p. 43).
A redação do art. 475-J expressa uma superfetação, na medida que fala em pagamento de quantia certa, pois se a quantia foi fixada em liquidação, tem-se uma quantia certa. 
Se a sentença for líquida, o devedor deverá cumpri-la no prazo de quinze dias, caso contrário será acrescido de multa de dez por cento atualizado o debito até a data da propositura da ação. Nos termos do § 1º do art. 475-J, do auto de penhora e de avaliação será de imediato, intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts, 236 e 237), para oferecer impugnação, no prazo de 15 dias (MARINONI, 2007, online).
A avaliação deveria ser um ato processual privativo de avaliador oficial, cuja função é a de fazer avaliações, e que, agora pelo art. 652, § 1º, é feita pelo oficial de justiça que exerce também a função de avaliar bens. O § 2º do art. 475-J é questionável por outras razões: 
a) porque o oficial de justiça avaliador possui conhecimento mínimos que lhe permitam fazer a avaliação; 
b) porque a avaliação, nessa fase do cumprimento, não é definitiva, podendo ser repetida, antes da arrematação; 
c) porque o executado pode vir a concordar com a avaliação feita pelo oficial de justiça avaliador, mesmo não sendo este um especialista; 
d) porque prevê o art. 475-L, III, que a “penhora incorreta ou avaliação errônea” pode servir de fundamento de impugnação, não tendo sentido a nomeação de um perito para fazer a avaliação de bens, e, depois, havendo impugnação, vir o bem a ser de novo periciado.
O § 3º do art. 475-J faculta ao exequente, no seu requerimento indicar os bens a serem penhorados. Esta indicação só tem eficácia se com ela concordar o executado, não tendo, por exemplo, possibilidade de substituir a indicação de bens existentes em outros locais, quando no da execução houver bens suficientes para garantir a execução (GRECO, 2004, online).
O § 4º do art. 475-J alude que o pagamento parcial no prazo previsto do débito deve ser total, a não ser que as partes, mediante transação, admitam seja parcial. Controverso, pois, tendo em vista que o executado não deve cumprir parte do acordado e nem o juiz pode admitir que a obrigação se cumpra de forma diversa da imposta na sentença, exceto se a parte contrária concordar com pagamento parcial, que nesse caso configura uma transação (TESHEINER et al., 2006, online).
O § 5º do art. 475-J tomou como paradigma disposição análoga da Lei n. 6.830/80, a qual determina o arquivamento dos autos decorrido o prazo máximo de um ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis. O arquivamento dos autos, se a execução não for requerida em seis meses, sem prejuízo de que possam ser posteriormente desarquivados, é uma medida que tem como objetivo desafogar as varas judiciais (ibidem).
Assim, nova sentença condenatória é bastante clara em seus procedimentos e prazos processuais, impondo ao executado cumprir os ditames legais sob pena de medida coercitiva que o obriga a multas eoutras penalidades.
 
3.4 A liquidação da sentença
Segundo o art. 475-A do CPC, “quando a sentença não determinar o valor devido procede-se à sua liquidação.
De acordo com o § 2º, do art. 475-I, do CPC, se na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
Conforme o § 2º, do art. 475-A, do CPC, a liquidação deve ser requerida na pendência de recurso, tenha efeito suspensivo, ou não, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com as cópias das peças processuais pertinentes descritas no art. 475-O, § 3º, do CPC.
A liquidação ocorre de três formas: a) por arbitramento (arts. 475-C e 475-D, do CPC); b) por artigos (arts. 475-E e 475-F, do CPC); c) por cálculo aritmético (art. 475-B, do CPC).
Na liquidação por arbitramento ou por artigos, requerida a liquidação, a outra parte é simplesmente intimada, na pessoa de seu advogado (art. 475-A, § 1º), para tomar ciência, não sendo necessária citação. Procede-se o requerimento de liquidação por artigos, houver necessidade de alegar e provar um fato novo (475-E, do CPC).
Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, não há a fase intermediária de liquidação de sentença. Nesse caso, o credor requer a execução, nos termos do art. 475-J do CPC, instruindo o requerimento com a memória discriminada e atualizada do cálculo (art. 614, II, do CPC), documento que formaliza a liquidação a cargo do exequente (TESHEINER et al., 2006, online).
Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o credor não poderá, de imediato, requerer o cumprimento da sentença. Deve, antes requerer ao juiz a requisito de tais dados, ao devedor ou a terceiro, via oficio ou mandado, com prazo fixo de até trinta dias para o cumprimento da diligencia (art. 475-B, § 1º, do CPC) (SILVA, 2008, online).
O prazo de 15 dias é contado conforme as regras do art. 184 do CPC. Recai a intimação para pagar, na própria pessoa do devedor observada a regra geral do art. 241 do CPC. Desse modo, no caso de intimação pelo correio ou por mandato, será da juntada aos autos do respectivo AR ou do mandado, que se considerará intimado o devedor, fluindo daí o prazo de 15 dias.
Na intimação por edital, não há necessidade de fixação de prazo pelo juiz, tal como ocorre com a citação por edital; o prazo de quinze dias para pagar sem multa começa a fluir da simples publicação do edital pela imprensa (STJ, 4ª Turma, REsp. 578.364-BA, Rel. Min. Barros Monteiro, j. em 11.10.2005, DJU 19.12.2005).
Intimado o devedor por edital, caso não ocorra o pagamento, converte-se o arresto em penhora, já incluído o valor da multa.
Mas a conversão do arresto em penhora é obrigatória nova initmação do devedor, mesmo que por novo edital, para a fluência do prazo de quinze dias para a impugnação, conforme art. 475-J, § 1º, do CPC (STJ, 4ª Turma, REsp. 849.354-SP, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. em 14.11.2006, DJU 26.02.2007).
Quando o réu for revel, tendo ele sido citado por edital ou com hora certa será obrigatória a nomeação de curador especial (art. 9º, II do CPC).
Se o réu foi pessoalmente citado, mas não contestou, nem compareceu com o advogado nos autos, contra ele correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório, inclusive para apelar da sentença (CPC, art. 322, caput, com a redação dada pela lei 11.280/06). Trata-se da revelia absoluta. Entenda-se que essa publicação se dá em cartório ou secretaria, quando a decisão, juntada aos autos, é tornada pública, independentemente da sua veiculação na imprensa (STJ, 3ª Turma, AgRg. No Resp. 812.117-SC, Rel. Min. Castro Filho, j. em 08.05.2007, DJU 18.06.2007).
Após o transcurso do prazo de quinze dias, sem ocorrer pagamento, e havendo o requerimento respectivo, expede-se de imediato o mandado de penhora e avaliação, a ser cumprido pelo oficial de justiça conforme regras gerais do processo de execução de título extrajudicial (art. 659 e ss., do CPC) (TESHEINER et al., 2006, online).
Assim, pode-se afirmar que a penhora é automática e o executado está submetido a ela em qualquer circunstancia, pois não poderá fugir ao adimplemento da obrigação.
CONCLUSÃO
Para se finalizar o presente estudo, pode-se dizer que o procedimento executório evoluiu muito. 
A partir dos dados pode-se afirmar que a Lei n. 11.232/05 veio mudar radicalmente a execução de títulos judiciais e extrajudiciais, por meio da reforma do CPC, incorporando novos artigos para o adimplemento e satisfação da dívida, em tempo mais hábil que o procedimento anterior.
Apesar do avanço significativo da nova Lei ainda se discute muito sua eficácia e efetividade. Alguns doutrinadores acreditam e apontam sua inconstitucionalidade, mas por meio dos dados apresentados observa-se que, não existe nenhuma violação aos princípios constitucionais, pois o devedor tem acesso ao processo, tem prazos, e tem todo aparato legal para sua defesa, desde que obedecendo ao previsto em lei.
Atualmente, com a entrada em vigor a nova lei, a execução tornou-se uma fase, chamada de cumprimento de sentença, efetuada por meio da impugnação. 
Portanto, apesar das críticas efetuadas contra a Penhora “online”, observa-se que os reflexos e resultados da utilização do instituto são mais benéficos do que maléficos, sendo que havendo eventual distorção (excesso de bloqueio) pode ser plenamente corrigida pelo Juiz, na via online com resultado eficaz.
Assim, qualquer que seja o instituto inovador, sempre existirá aqueles que correm na contra-mão da evolução processual. Não obstante, a utilização da Penhora online apresenta-se com um eficiente mecanismo de satisfação das execuções de títulos judiciais e extrajudiciais, sem prejuízo dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, e com atendimento aos princípios constitucionais da celeridade e economia processual (art. 5º, inciso LXXVIII, CF/88).
A execução pecuniária assume o papel de reserva, e dela decorre expediente subsidiário, pois quando ocorre a execução por outros meios, se pode incorrer impedimentos que a tornem inútil e inconveniente prosseguir o fim visado. 
Torna necessário o emprego da execução pecuniária, para influir ao condenado cumprir a condenação, nos termos em que foi proferida, mediante a utilização de medidas coercitivas patrimoniais, como multa, se não atendida espontaneamente, podendo incorrer em procedimento de penhora.
A primeira oportunidade de nomear bens a penhora era do devedor, porque ele é quem podia saber, a princípio o seu suporte patrimonial. Contudo, essa regra foi mitigada pela nova lei, tendo em vista o disposto no artigo 475-J, § 3º, que a despeito da agilidade e celeridade, do cumprimento de sentença, permitiu ao próprio exequente indicar os bens a serem penhorados e avaliados, diligencias que fixam o marco da intimação para o oferecimento da impugnação do executado.
A penhora realizada por nomeação de bens pelo devedor e aceita pelo credor e pelo juiz formaliza-se mediante termo nos autos.
No quadro atual, o credor que não confie no seu título e, ao invés de promover uma ação de cognição com pedido de tutela antecipada, o faça apenas de forma usual, aguardando a solução final da sentença, mesmo assim, ao advento do resultado último do processo vai poder efetivar o comando, tal como ocorre quando deferida a providência em adiantamento de tutela.
A economia processual de que trata a nova lei, é um modelo a ser seguido por todas as áreas do Poder Judiciário, evitando-se que o processo se arraste por muitos e muitos anos beneficiando apenas ao requerido. A penhora online foi um mecanismo desenvolvido para evitar justamente essa morosidade.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
ABDALLA, Alexandre Miguel Rezende. A disciplina da celeridade no processo civil brasileiro: conseqüências e aprimoramentos. Dissertação de Mestrado. Faculdade

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