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ARTUR TORRES 
Versão Digital “1.0” 
 
CPC passado à limpo: 
procedimentos especiais, processo de execução e o processo nos tribunais. 
Volume II. 
1 
ARTUR TORRES 
Pós-Doutor em Direito Processual Civil (UNISINOS); 
Doutor, Mestre e Especialista em Direito Processual Civil (PUC/RS); 
Laureado Dom Antonio Zattera (UCPel); 
Professor de Direito Processual Civil da PUCRS; 
Advogado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CPC passado à limpo: 
procedimentos especiais, processo de execução e o processo nos tribunais. 
 
 
 
 
(Volume II) 
De acordo com as Leis 13.105⁄2015, 13.256⁄2016 e 13.363⁄2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2017 
 
ARTUR TORRES 
Versão Digital “1.0” 
 
CPC passado à limpo: 
procedimentos especiais, processo de execução e o processo nos tribunais. 
Volume II. 
116 
LIVRO II 
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
TÍTULO I 
DA EXECUÇÃO EM GERAL 
 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
1. A tutela executiva serve, ao fim e ao cabo, à realização prática do 
direito. Quer dizer: considerada a vedação à justiça de mão própria, 
revelando-se necessário à satisfação de certo direito (não satisfeito de 
maneira espontânea, porém, já estampado em um título executivo), o 
interessado poderá requerer ao Estado-juiz providência jurisdicional 
capaz de satisfazê-lo in concreto. Nessa linha de raciocínio já se afirmou 
outrora, com razão, que "a necessidade de transformação do mundo 
físico é a matriz da função jurisdicional executiva (...) Em sede cognitiva, 
a missão judicial transforma o fato em direito; na execução, o direito, ou 
seja, a regra jurídica concreta, há de traduzir-se em fatos." (ASSIS, 
Araken de. Manual da Execução. 11 ed. São Paulo: RT, 2007. p. 89). 
 
2. À prestação jurisdicional executiva, como é intuitivo (e também 
expresso – art. 771 do CPC⁄2015), aplicam-se os princípios e valores que 
disciplinam o processo judicial como um todo, de maneira subsidiária. 
Considerada sua razão de ser, contudo, possui ela (a tutela executiva) 
principiologia própria. Revelam-se dignos de nota, dentre eles, os 
princípios da (a) autonomia, (b) do título, (c) da responsabilidade 
patrimonial, (d) do resultado, (e) da disponibilidade, (f) da adequação, 
e, por fim, (g) da menor gravosidade, sem prejuízo de outros. 
 
3. Princípio da autonomia. A tutela executiva é inconfundível com as 
demais ofertadas pelo ordenamento jurídico, nada obstante, não raro, 
possa ser requerida, e prestada, no mesmo processo em que o fora a 
tutela cognitiva (sendo essa, inclusive, a regra a ser observada para a 
satisfação forçada do títulos judiciais – noção de processo sincrético). 
Ainda assim, não há negar, segundo pensamos, a autonomia da 
pretensão executiva em relação àquela inerente à declaração de um 
direito em juízo (fruto, por definição, da tutela do conhecimento). Cada 
qual, para além de nascer em momento diverso, sujeita-se, inclusive, a 
prazo prescricional diverso: a prescrição que poderá incidir sobre a 
possibilidade de se reivindicar em juízo, grosso modo, a declaração de 
um direito não se confunde, à evidência, com a que poderá ser 
declarada em relação ao pleito de execução desse mesmo direito, já 
confirmado. A despeito dos diversos argumentos que aqui poderiam ser 
suscitados no afã de justificar o princípio sob comento, por ora, a notícia 
que se pretende dar diz, pois, com a noção de que a tutela executiva 
possui, ao menos do ponto de vista de sua razão de ser, vida própria, 
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CPC passado à limpo: 
procedimentos especiais, processo de execução e o processo nos tribunais. 
Volume II. 
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quer dizer, conceitos, princípios, fundamentos próprios, o que não 
representa dizer que tramitará, sempre, em autos diversos daqueles em 
que o título se formou. 
 
4. Princípio do título. Nulla executio sine titulo. A despeito do atual 
debate acerca do tema (fundado na redação atribuída à parte final 
do art. 771, caput) 31, encontra-se mantido entre nós, à luz do CPC⁄2015, 
o princípio do título (elemento necessário e suficiente a toda e qualquer 
execução). Todas as possibilidades ensejadoras de legítima tutela 
executiva encontram fundamento, pois, na certeza, na liquidez e na 
exigibilidade de determinada posição jurídica. Não há negar, ainda 
que no âmbito do cumprimento de sentença, ser ele (o título executivo) 
requisito indispensável à realização de toda e qualquer execução 
(autônoma ou não), sendo essa, inclusive, a adjetivação que lhe 
confere a lei (Capítulo IV, Título I, Livro II da Parte Especial do CPC⁄2015). 
 
5. Princípio da responsabilidade patrimonial. A responsabilidade civil 
encontra limite no patrimônio do devedor ou do responsável pela 
satisfação da obrigação. Segundo expresso texto de lei (vide art. 789 do 
CPC⁄2015), o devedor responde com todos os seus bens, “presentes e 
futuros”, por suas obrigações, ressalvadas as restrições legais. Apenas 
episodicamente é que o direito pátrio admite a coerção pessoal (arts. 
911 e 528, ambos do CPC⁄2015 – Execução de Alimentos). 
 
6. Princípio do resultado⁄utilidade da execução. Art. 836 do CPC⁄2015. A 
tutela executiva, consoante anunciado alhures, serve à satisfação do 
exequente, contudo, prevê o artigo acima referido que não “se levará 
a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução 
dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das 
custas da execução.” Extrai-se, daí, historicamente, o princípio sob 
comento. Os atos executivos (em sentido largo) devem, no mínimo, 
retratar a possibilidade de obtenção de resultado prático em relação à 
tutela requerida, cumprindo, ainda que parcialmente, com sua razão 
de ser: satisfazer o credor. À margem desse desiderato, ou seja, não 
sendo hábeis a tanto, deverão ser indeferidos ou revogados. 
 
7. Princípio da disponibilidade. O princípio sob comento deve, para sua 
melhor compreensão, ser examinado, pelo menos, a partir de dois 
distintos enfoques. Num primeiro deles, vale lembrar que a tutela 
executiva (autônoma ou sincrética) depende, por definição, de ato 
volitivo do interessado. Portanto, não há, no processo civil pátrio, à 
exemplo do que ocorre no processo do trabalho, falar em execução de 
ofício, dependendo ela, como regra, de manifestação do interessado. 
 
31 “O CPC⁄2015 admite execução fundada em título executivo, ou não.” MEDINA, José 
Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: RT, 2015. p. 915. 
 
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Nessa quadra, como é intuitivo, parte-se de um olhar vinculado ao 
pedido de tutela executiva; num segundo, fundado na desistência do 
pedido de tutela executiva, o princípio sob comento, à evidência, 
também se faz sentir. A desistência da ação autônoma de execução, 
do pedido de cumprimento de sentença, ou de qualquer outro ato 
inerente ao pleito executivo, não depende de anuência alheia, 
competindo tão somente ao “exequente”, por ocasião de juízo de 
conveniência próprio, gozar tal prerrogativa (vide art. 775 do CPC⁄2015). 
E isso se dá, pois, em respeito ao princípio dispositivo. 
 
8. Princípio da adequação. Com base no direito fundamental à tutela 
adequada, é possível afirmar que a tutela executiva, espécie de tutela 
jurisdicional que é, encontra-se adstrita ao princípio sob comento. A 
legislação processual tratou, em homenagem ao direito fundamental 
supra referido, e considerada a natureza da obrigação executada 
(pagar quantia certa, entregar coisa, fazer, não fazer), de desenhar 
“procedimentos” distintos para a satisfação de cada qual, uma vez que 
o ordenamento jurídico pátrio garante ao credor, vale recordar, o 
direito à tutela específica da obrigação. 
 
9. Princípio da menor gravosidade para o executado. A despeito de 
servir ao exequente, a tutela executiva não tem por objetivo, como se 
sabe, o “massacre”do devedor. Assim sendo, o CPC⁄2015 preconiza, 
“em alto e bom som”, que, quando “por vários meios o exequente 
puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo 
menos gravoso para o executado.” Consoante abaixo referido 
(comentários ao art. 805), o legislador, embora atento ao princípio em 
tela, inovou em relação ao CPC⁄73 (que, também, já o retratava em seu 
art. 620), impondo ao executado que o alegar a indicação de “outros 
meios mais eficazes e menos onerosos” capazes de tornar efetiva a 
tutela executiva, “pena de manutenção dos atos executivos já 
determinados.” 
 
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em 
título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que 
couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos 
realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como 
aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força 
executiva. 
Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as 
disposições do Livro I da Parte Especial. 
 
1. Ao Livro III, da Parte Especial do CPC⁄2015, coube disciplinar o 
procedimento da execução fundada em título extrajudicial (vide rol do 
art. 784), hipótese em que a tutela executiva é prestada mediante a 
propositura de demanda própria. 
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2. A tutela executiva dos títulos judiciais, por sua vez, encontra-se 
adstrita ao regime estabelecido para o cumprimento de sentença (art. 
513⁄538), ao qual se aplica, subsidiariamente, os ditames do Livro sob 
comento. 
 
3. Aplica-se o regramento sob comento, outrossim, aos procedimentos 
especiais de execução, bem como, aos atos ou fatos processuais a que 
a lei atribua força executiva. 
 
4. Ao processo autônomo de execução, aplica-se, subsidiariamente, as 
prescrições que regem o procedimento comum e o cumprimento de 
sentença. 
 
Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo: 
I - ordenar o comparecimento das partes; 
II - advertir o executado de que seu procedimento constitui ato 
atentatório à dignidade da justiça; 
III - determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam 
informações em geral relacionadas ao objeto da execução, tais como 
documentos e dados que tenham em seu poder, assinando-lhes prazo 
razoável. 
 
1. Consoante anunciado por ocasião dos comentários feitos aos 
denominados “vetores do CPC⁄2015” (em especial ao teor de seus 
primeiros onze artigos), não pode surpreender a afirmativa de que ao 
julgador toca, por definição, zelar pela melhor prestação jurisdicional. 
No afã de cumprir seu mister, o legislador faculta ao julgador uma série 
de providências, capazes, em tese, de contribuir com o cumprimento 
de tal diretriz. Ao julgador é facultado, dentre outros, (a) determinar, a 
qualquer tempo, o comparecimento das partes em juízo 
(exequente⁄executado), para que contribuam com a entrega da 
melhor prestação jurisdicional possível, independentemente da posição 
processual que ocupem; (b) advertir o executado, preventiva ou 
repressivamente, de que determinada conduta constitui ato atentatório 
à dignidade da justiça (sendo, portanto, passível de punição); bem 
como (c) determinar que terceiros, indicados pelo exequente, 
forneçam informações acerca do objeto da execução, assinando-lhes 
prazo razoável para, sendo o caso, auxiliarem o juízo. 
 
Art. 773. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, determinar as 
medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de 
documentos e dados. 
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Parágrafo único. Quando, em decorrência do disposto neste artigo, o 
juízo receber dados sigilosos para os fins da execução, o juiz adotará as 
medidas necessárias para assegurar a confidencialidade. 
 
1. É inerente ao poder jurisdicional, no afã de ver concretizada (essa ou 
qualquer outra) ordem de apresentação de dados ou documentos (ou 
com objeto diverso), determinar as medidas a serem observadas, no 
intuito de ver concretizado o comando judicial. 
 
2. Face à obtenção de dados sigilosos que sirvam à execução 
(recebidos por decorrência da colaboração de terceiro ou mediante 
operacionalização de medidas determinadas pelo juiz – por exemplo, 
sucesso em busca e apreensão), o julgador diligenciará em manter a 
confidencialidade das informações se assim o exigir o interesse dos 
envolvidos. 
 
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta 
comissiva ou omissiva do executado que: 
I - frauda a execução; 
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios 
artificiosos; 
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; 
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; 
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos 
à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua 
propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. 
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em 
montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito 
em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível 
nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de 
natureza processual ou material. 
 
1. Ao art. 774 coube, mediante a apresentação de rol exemplificativo, 
inventariar algumas das ações e⁄ou omissões consideradas, pelo 
CPC⁄2015, atentatórias à dignidade da justiça. Vale lembrar que, 
segundo o sistema codificado, a prática de atos dessa natureza 
encontram-se, pois, sujeitos a sanção processual. 
 
2. Considera-se atentatório à dignidade da justiça, sem prejuízo de 
outros atos prejudiciais a prestação da melhor jurisdição, a (a) fraude à 
execução; (b) a oposição maliciosa ao sucesso da execução; (c) as 
ações ou omissões do executado capazes de dificultar ou causar 
embaraço a realização da penhora; (d) a resistência injustificada ao 
cumprimento das ordens judiciais; (e) o silêncio do executado quando, 
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devidamente intimado, deixa de indicar quais são e onde estão os bens 
sujeitos à penhora, e seus respectivos valores, bem como, quando deixa 
de exibir prova de sua propriedade e, sendo o caso, certidão negativa 
de ônus. 
 
3. Ato atentatório à dignidade da justiça. Punição. É passível de multa, 
no limite de 20% do valor atualizado do débito, a ação e⁄ou omissão do 
executado que vise a frustrar o sucesso do pleito executivo. A multa, 
sendo o caso, será revertida ao exequente, e é passível de execução 
nos próprios autos em que fora estipulada. 
 
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou 
de apenas alguma medida executiva. 
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o 
seguinte: 
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas 
sobre questões processuais, pagando o exequente as custas 
processuais e os honorários advocatícios; 
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do 
impugnante ou do embargante. 
 
1. A tutela executiva serve, por definição, ao exequente. A ele é 
facultado, independentemente de concordância alheia, desistir do 
pedido executivo (seja da ação autônoma executiva sob comento, 
seja do pedido de cumprimento de sentença, examinado no volume I 
deste trabalho), total ou parcialmente, ou, ainda, tão somente algumas 
medidas executivas (por exemplo, o exequente desiste da penhora de 
certo bem da vida). 
 
2. Ação executiva. Desistência. Consequências. Ao executado é 
facultado, no afã de defender-se de execução ilegítima, a promoção 
de demanda destinada a tanto. Em se tratando de execução fundada 
em título extrajudicial, a resistência do executado ocorrerá mediante o 
oferecimentode embargos do devedor (que será distribuído por 
dependência ao processo de execução). Versando estes tão somente 
sobre questões processuais, a desistência da execução ensejará sua 
extinção imediata, hipótese em que o exequente (réu nos embargos à 
execução – o embargado) será condenado ao pagamento das custas 
judiciais, bem como de honorários advocatícios em favor dos patronos 
do executado (autor nos embargos à execução – o embargante). 
 
3. Ação executiva. Desistência. Consequências. Quando os embargos à 
execução não se limitarem a debater questão processual, a despeito 
da desistência do pleito executivo (reitere-se: que não depende de 
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concordância alheia), a extinção dos embargos à execução depende, 
necessariamente, da anuência do embargado. 
 
4. “A desistência da execução ou de alguma das medidas executivas 
não importa renúncia ao direito a executar. Vale dizer: não implica 
renúncia aos ‘valores contemplados no título.” (STJ, 2ª Turma, Resp 
715.692/SC, j. em 16.06.2005, DJ 15.08.2005. p. 285) 
 
Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que este 
sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, 
no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução. 
 
1. O pronunciamento judicial que põe fim ao processo de execução 
denomina-se sentença, consoante expressa previsão do art. 203, §1o do 
CPC⁄2015. 32 Dentre as suas possibilidades, o julgado pode declarar 
inexistente, parcial ou totalmente, a obrigação que serviu de base à 
propositura da demanda executiva. Ao artigo sob comento coube, 
visando a afastar quaisquer dúvidas, reafirmar a (ampla e irrestrita) 
responsabilidade (objetiva) do exequente pela execução que promove, 
destacando seu dever de ressarcir o executado, pelos danos a que se 
sujeitou, nos casos em o pleito executivo se afigure infundado. 
 
Art. 777. A cobrança de multas ou de indenizações decorrentes de 
litigância de má-fé ou de prática de ato atentatório à dignidade da 
justiça será promovida nos próprios autos do processo. 
 
1. Eventuais punições pecuniárias a que forem submetidas as partes 
serão cobradas nos próprios autos em que fixadas. 
 
2. O teor do art. 777 deve ser observado, inclusive, para a cobrança da 
indenização oriunda da incidência do comando contido no art. 776. 
 
 
CAPÍTULO II 
DAS PARTES 
 
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei 
confere título executivo. 
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em 
sucessão ao exequente originário: 
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; 
 
32 Acerca do tema, vide: TORRES, Artur. Sentença, Coisa Julgada e Recursos Cíveis 
Codificados: de acordo com as Leis 13.105⁄2015 e 13.256⁄2016. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2017. p. 24⁄47. 
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II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por 
morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; 
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for 
transferido por ato entre vivos; 
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. 
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do 
executado. 
 
1. Legitimidade ativa. Tem legitimidade originária para promover o 
pedido de tutela executiva o credor, “a quem a lei confere título 
executivo”. Poderão, outrossim, promover a execução ou nela 
prosseguir sucedendo o legitimado originário (a) o parquet, havendo 
previsão legal autorizativa; (b) o espólio, os herdeiros ou os sucessores 
do credor, sempre que, por morte do exequente, lhes for transmitido o 
direito resultante do título executivo; (c) o cessionário, quando o direito 
resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos e; (d) 
o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. As 
hipóteses de sucessão acima inventariadas não dependem de 
consentimento do executado. 
 
Art. 779. A execução pode ser promovida contra: 
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; 
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; 
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a 
obrigação resultante do título executivo; 
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; 
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao 
pagamento do débito; 
VI - o responsável tributário, assim definido em lei. 
 
1. Legitimidade passiva. Ao artigo sob comento coube disciplinar a 
legitimidade passiva no processo de execução. A demanda deve ser 
promovida, sendo o caso, em face do (a) devedor, reconhecido como 
tal no título executivo; (b) do espólio, dos herdeiros ou dos sucessores do 
devedor, em caso de falecimento do devedor; em face do (c) “novo” 
devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação 
resultante do título executivo; (d) do fiador do débito constante em 
título extrajudicial; (e) do responsável titular do bem vinculado por 
garantia real ao pagamento do débito ou, ainda; (f) do responsável 
tributário, tal e qual definido em lei. 
 
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2. “O fiador extrajudicial garante atos de direito material – e não 
processual, como é o caso do fiador judicial – por força de lei ou 
convenção. O fiador extrajudicial (convencional ou legal), ao contrário 
do judicial, somente pode integrar o polo passivo da execução se 
figurar em título executivo extrajudicial ou, no caso de cumprimento de 
sentença, se tiver participado da fase de conhecimento (art. 513, §5o, 
NCPC). Em síntese, o fiador extrajudicial (legal ou convencional) deve 
figurar no título executivo, judicial ou extrajudicial. (...) Com o advento 
dessa nova regra, a execução poderá ser promovida diretamente 
contra o responsável garantidor, destacando-se, quanto ao fiador, que 
lhe assiste em matéria de defesa o benefício de ordem sempre que não 
houver expressamente renunciado (art. 794, caput, e §3o, NCPC)” 
DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado. São 
Paulo: Atlas, 2015. p. 581. 
 
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que 
fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e 
desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o 
procedimento. 
 
1. Cumulação de ações executivas. Requisitos. É facultado ao 
exequente, revelando-se idêntico o juízo competente para processar e 
julgar cada um dos pleitos executivos sujeitos ao mesmo procedimento, 
cumular, em face do mesmo devedor, tantas quantas demandas lhe 
interessar. 
 
 
CAPÍTULO III 
DA COMPETÊNCIA 
 
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada 
perante o juízo competente, observando-se o seguinte: 
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, 
de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela 
sujeitos; 
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no 
foro de qualquer deles; 
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a 
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro 
de domicílio do exequente; 
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a 
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do 
exequente; 
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V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se 
praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, 
mesmo que nelenão mais resida o executado. 
 
1. Ao artigo 781 coube disciplinar a competência para processar e julgar 
o processo autônomo de execução (oriundo de um pedido de tutela 
executiva fundada em título executivo extrajudicial). Seus incisos, ao que 
tudo indica, não estabelecem uma ordem a ser observada. O 
exequente, in concreto, deve optar por uma das possibilidades que lhe 
confere o legislador. A livre escolha é possível, segundo pensamos, desde 
que não cause maior prejuízo ao executado. 
 
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos 
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá. 
§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados 
pelo juiz também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas 
que se situem na mesma região metropolitana. 
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego 
de força policial, o juiz a requisitará. 
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do 
nome do executado em cadastros de inadimplentes. 
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o 
pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta 
por qualquer outro motivo. 
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título 
judicial. 
 
1. O julgador, na condição de “gestor” do processo, é o responsável por 
determinar os atos executivos a serem resalizados in concreto. Seu 
cumprimento, via de regra, fica a cargo do meirinho, que se encontra 
habilitado a cumprir seu mister, inclusive, nas comarcas vizinhas, bem 
como naquelas que se situam em idêntica região metropolitana. 
Exemplo: nada obstante lotado na comarca de Porto Alegre⁄RS, por 
determinação do juiz, pode o oficial de justiça arrestar bens do devedor 
que se encontrem na comarca de São Leopoldo⁄RS, integrante da 
grande Porto Alegre. 
 
2. No afã de tornar efetivo seu comando, o julgador pode, sendo 
necessário, requisitar força policial. 
 
3. Visando a constranger o executado a satisfazer a obrigação que deu 
ensejo ao pleito executivo, o CPC⁄2015 passa a permitir que, a 
requerimento, o juiz determine a inclusão do nome do executado em 
cadastro restritivo de crédito, devendo tal anotação, de imediato, ser 
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cancelada por ocasião (a) da comprovação da satisfação da 
obrigação executada, (b) da garantia do juízo ou (c) da extinção do 
pleito executivo (fundada em título judicial ou extrajudicial), 
independentemente de sua motivação. 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO 
 
Seção I 
Do Título Executivo 
 
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em 
título de obrigação certa, líquida e exigível. 
 
1. A propositura de ação executiva tem como pressuposto e 
fundamento a existência de um título executivo. São elementos 
indispensáveis à conformação de título passível de ser executado a 
certeza, a liquidez e a exigibilidade da obrigação. 
 
2. “(...) título executório, ato que se apresenta como condição 
necessária e suficiente, não só para iniciar, mas também para conduzir 
a seu termo a execução (...)contém acumulada – digamos assim – em si 
mesmo, toda energia necessária para que o credor possa eficazmente 
exigir e o órgão público possa efetivamente desenvolver a atividade 
destinada a atingir o resultado prático que, pelo teor do próprio título, se 
deve considerar conforme o direito.” LIEBMAN, Enrico Tullio. Estudos 
sobre o Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Bestbook, 2004. p. 44. 
 
3. Certeza. “Obrigação certa é aquela definida, aquela que existe 
suficientemente para fins de execução, aquela que define, 
suficientemente, os elementos subjetivos e objetivos da obrigação, isto é, 
quem é o credor, quem é o devedor (...), o que se deve, quanto se deve 
e quando se deve (...)” (BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado 
de direito processual civil: tutela executiva. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 
p. 104); “O direito do credor ‘é certo quando o título não deixa dúvida 
em torno de sua existência (...)’ (CARNELUTTI, Francesco. p. 164); “Não 
está a certeza, portanto, no plano da vontade ulterior das partes, mas na 
convicção que o órgão judicial tem de formar diante do documento que 
lhe é exibido pelo credor. (...) A certeza que permite ao juiz expedir o 
mandado executivo é a resultante do documento judicial ou de outros 
documentos que a lei equipare à sentença condenatória.” (THEODORO 
JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 39 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2006, v. III. p. 149). 
 
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4. Liquidez. “A liquidez importa expressa determinação do objeto da 
obrigação.”; “Mas, quanto ao título extrajudicial, ele ou é líquido, e 
portanto, título; ou não é líquido, e, por isso, escapa ao gabarito de 
título executivo.” ASSIS, Araken de. Manual da execução. 11 ed. Porto 
Alegre: RT, 2007. p. 150⁄151. 
 
5. Exigibilidade. Há “exigibilidade, quando o seu pagamento não 
depende de termo ou condição, nem está sujeito a outras limitações”. 
(THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 39 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2006, v. III. p. 149); “Obrigação exigível é aquela que é 
passível de cumprimento porque não sujeita a nenhuma condição ou 
termo.” (BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito 
processual civil: tutela executiva. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 104). 
 
6. “Vale dizer, o título deve necessariamente expressar certeza, liquidez 
e exigibilidade da obrigação a que visa executar: CERTEZA diz respeito 
à existência da obrigação; LIQUIDEZ, corresponde à determinação do 
valor ou da individuação do objeto da obrigação, conforme se trate de 
obrigação de pagar em dinheiro, de entrega de coisa, de fazer ou não 
fazer; EXIGIBILIDADE tem o sentido de que a obrigação, que se executa, 
não depende de termo ou condição, nem está sujeita a outras 
limitações.” (SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito 
Processual Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 229. v.3) 
 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o 
cheque; 
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo 
devedor; 
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) 
testemunhas; 
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, 
pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos 
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito 
real de garantia e aquele garantido por caução; 
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; 
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; 
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel 
de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e 
despesas de condomínio; 
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IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos 
créditos inscritos na forma da lei; 
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de 
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas 
em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; 
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a 
valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela 
praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; 
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei 
atribuir força executiva. 
§ 1o A propositurade qualquer ação relativa a débito constante de título 
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. 
§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não 
dependem de homologação para serem executados. 
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os 
requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e 
quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da 
obrigação. 
 
1. Ao artigo 784 coube inventariar quais são os documentos a que o 
legislador atribui força de título executivo extrajudicial, servindo, pois, de 
elemento necessário e suficiente à promoção da demanda autônoma 
de execução. 
 
2. O CPC⁄2015, uma vez comparado ao CPC⁄73, alargou o rol de títulos 
executivos extrajudiciais. O inciso X retrata, pois, significativa novidade. 
Consoante sabido aos quatro cantos, os condomínios edilícios 
sobrevivem das contribuições de seus condôminos (ordinárias e 
extraordinárias). Historicamente, face ao inadimplemento de cota 
condominial, o credor (o condomínio) necessitava promover ação de 
cobrança, sendo obrigado, para obter título que amparasse pedido de 
tutela executiva, a “atravessar” a tortuosa linha de desenvolvimento do 
processo de conhecimento. 33 O legislador de 2015 optou por inserir o 
crédito previsto em convenção condominial ou aprovada em 
assembleia geral, desde que documentada, no rol dos títulos 
extrajudiciais. Doravante, pois, a obrigação de pagar quantia certa ora 
exemplificada poderá (porque nada impede que o credor, mesmo 
possuidor de título extrajudicial, opte pelo processo de conhecimento – 
art. 785 do CPC⁄2015) ser exigida mediante a propositura de ação 
autônoma de execução. Tal pleito, face à natureza da obrigação 
 
33 Acerca da expressão e seu conteúdo, vide o Volume I do presente trabalho. 
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exequenda, obedecerá o disposto no Capítulo IV, Título II, Livro II da Parte 
Especial do CPC⁄2015, denominado Da execução por quantia certa. 
 
3. Consoante expressa anotação legal, a propositura de demanda que 
se oponha a crédito retratado em título executivo extrajudicial não 
impede a promoção do pleito executivo pelo credor nele apontado. 
Imagine-se, exemplificativamente, que o devedor, independentemente 
do fundamento jurídico alegado, pretenda revisar a existência de certa 
dívida estampada em documento particular assinado pelo devedor e 
por 2 (duas) testemunhas (art. 784, II do CPC⁄2015). O oferecimento de 
ação revisional (promovida pelo devedor), não obsta a promoção da 
execução pelo credor, ainda que esse figure na condição de réu na 
aludida demanda (ação revisional). 
 
4. A utilização do sistema dos títulos executivos extrajudiciais não é, à 
evidência, exclusividade pátria. O legislador optou por isentar o titulo 
executivo extrajudicial estrangeiro de quaisquer expedientes 
homologatórios, exigindo-lhes, para que entre nós produzam efeitos, tão 
somente (a) que sua formação atenda aos requisitos exigidos pelo 
ordenamento jurídico de seu país de origem (o Estado estrangeiro) para 
a formação de título executivo, bem como (b) que o Brasil tenha sido 
indicado como lugar para cumprimento da obrigação. 
 
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a 
parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título 
executivo judicial. 
 
1. O teor do artigo sob comento vai de encontro à entendimento 
jurisprudencial e doutrinário há muito consolidado entre nós. Existente o 
título extrajudicial, a falta de interesse de agir era, rotineiramente, 
declarada pelos tribunais, sob a alegação que o resultado da demanda 
proposta (o processo de conhecimento), na melhor das hipóteses 
alcançaria ao autor vitorioso um título executivo, algo que, embora 
extrajudicial, o mesmo já possuíra. O art. 785 fulmina, pois, a aludida tese, 
permitindo ao titular de título extrajudicial, querendo, promover pleito 
cognitivo, no afã de obter título executivo judicial, situação que o 
habilitará a fazer uso do cumprimento de sentença. 
 
 
Seção II 
Da Exigibilidade da Obrigação 
 
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça 
a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título 
executivo. 
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Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para 
apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação 
constante do título. 
 
1. Para além de reforçar a lição de que o título executivo é elemento 
necessário (e suficiente) a legitimar pedido de tutela executiva, o artigo 
sob comento expurga qualquer dúvida acerca da liquidez da obrigação 
que dependa de mera operação aritmética para a apuração do 
quantum debeatur. 
 
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação 
senão mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que a 
adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do processo. 
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, 
depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não 
permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que lhe 
tocar. 
 
1. A petição inicial do processo de execução de título extrajudicial possui, 
dependendo da natureza da obrigação executada (pagar quantia 
certa, entregar coisa, fazer ou não fazer) requisitos próprios a serem 
observados. A exigência prescrita pelo artigo sob comento, sem prejuízo 
da lição supra, diz com a reciprocidade de obrigações, ou seja, versa 
sobre casos em que, face à peculiaridade do vínculo que subjaz o objeto 
da execução, só se pode exigir do executado o adimplemento da 
obrigação assumida após a satisfação de certa contraprestação. Nesses 
casos, pois, ampliam-se os elementos indispensáveis ao deferimento do 
petitório exordial. O exequente deve provar, já em sede inicial, que 
satisfez a prestação a que se obrigou. Não o fazendo de plano, a 
demanda executiva deve ser extinta, não sem antes, em homenagem 
ao modelo constitucional do processo civil pátrio e aos vetores do 
CPC⁄2015, facultar ao exequente a produção da prova que lhe é exigida 
por lei. 
 
2. Quando o executado, ciente da demanda proposta em seu desfavor, 
cumprir a obrigação que serve de fundamento à execução, a satisfação 
do exequente deverá, presente a a peculiaridade da relação de direito 
material apontada no caput, restar sobrestada até que o mesmo (o 
próprio exequente) comprove nos autos o adimplemento da prestação a 
que se obrigou a cumprir paralelamente a que figura como objeto da 
execução. 
 
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se 
o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da 
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prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação 
estabelecidos no título executivo, caso em que poderá requerer a 
execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la. 
 
1. Consoante sabido aos quatro cantos, o direito material, de um lado, 
confere a todo e qualquer devedor o direito de satisfazer a obrigação 
assumida, visando a dela libertar-se. De outro, garante a todo e qualquer 
“credor” o direito à tutela específica da obrigação. O teor do art. 788 
condensa, pois, ambas as posições jurídicas. 
 
2. Uma vez exercido, pelo executado, o direito ao “pagamento” (quer 
dizer: satisfaça ele a obrigação que lhe toca), não pode o “credor” 
promover ou prosseguir na execução já em andamento. Mas, para que o 
comando sob comento tenha eficácia, é indispensável que o executado 
cumpra a obrigação assumidatal e qual prevista no título, satisfazendo, 
em última análise, o direito do credor à tutela específica da obrigação. 
Fora daí, pois, é legítimo ao credor⁄exequente dar seguimento ao pleito 
executivo. 
 
CAPÍTULO V 
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL 
 
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e 
futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições 
estabelecidas em lei. 
 
1. Princípio da responsabilidade patrimonial. A responsabilidade civil 
encontra limite no patrimônio do devedor ou do responsável pela 
satisfação da obrigação. Segundo expresso texto de lei (vide art. 789 do 
CPC⁄2015), o devedor responde com todos os seus bens, “presentes e 
futuros”, por suas obrigações, ressalvados as restrições legais. Apenas 
episodicamente é que o direito pátrio admite a constrição pessoal (arts. 
911 e 528, ambos do CPC⁄2015 – Execução de Alimentos). 
 
2. “Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do 
devedor.” Art. 391 da Lei 10.406⁄02. 
 
3. Acerca das restrições estabelecidas em lei, vide art. 832⁄833 do 
CPC⁄2015, bem como o teor da Lei 8.009⁄90. 
 
4. “Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, 
é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, 
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos 
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele 
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A 
impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a 
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TÍTULO II 
DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO 
 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem 
lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do 
exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os 
bens penhorados. 
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, 
cada exequente conservará o seu título de preferência. 
 
1. O artigo 797 confirma velha máxima inerente ao pedido de tutela 
executiva (incidente ou autônoma): a execução, por definição, serve ao 
“credor”. 
 
2. Consoante anotado alhures, produz efeitos entre nós o princípio da 
responsabilidade patrimonial (art. 789 do CPC⁄2015). O devedor responde 
pelo cumprimento de suas obrigações com seus bens presentes e futuros. 
Coube ao instituto processual denominado penhora (adiante examinado 
microscopicamente – Seção III, Capítulo IV, Título II, Livro II da Parte 
Especial do CPC⁄2015) a tarefa de individualizar e afetar, in concreto, o 
patrimônio que servirá à satisfação da execução. O legislador não deixa 
espaço para dúvidas: com a penhora, o exequente adquire o direito de 
preferência sobre os bens penhorados. 
 
3. “A penhora é o ato executivo que afeta determinado bem à 
execução, permitindo sua ulterior expropriação, e torna os atos de 
disposição do seu proprietário ineficazes em face do processo.” ASSIS, 
Araken de. Manual da execução. 11 ed. São Paulo: RT, 2007. p. 592. 
 
4. É intuitivo, pois, que determinado bem da vida possa (considerada sua 
expressão econômica) figurar como objeto de potencial satisfação de 
mais de uma execução (logo, poderá ser penhorado em mais de um 
caso concreto). Daí decorre, pois, a necessidade legislativa de 
esclarecer a existência de espécie de “ordem” de penhora. Quer dizer: a 
cada penhora realizada, o requerente (da penhora) passa a ocupar 
uma posição na aludida “ordem”, de modo que, uma vez satisfeito o 
crédito daquele que o antecede na lista, o bem da vida penhorado, ou 
o produto de sua alienação (no que sobejar), por exemplo, servirá à 
satisfação do próximo credor (na ordem estabelecida pelas várias 
penhoras). 
 
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5. A primeira parte do art. 797, cominada com o teor do art. 1.052, ambos 
do CPC⁄2015, mantiveram vivo entre nós o CPC⁄73. Consoante expressa 
previsão legal, até “a edição de lei específica, as execuções contra 
devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, 
permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973.” 
 
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: 
I - instruir a petição inicial com: 
a) o título executivo extrajudicial; 
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da 
ação, quando se tratar de execução por quantia certa; 
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o 
caso; 
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe 
corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não 
for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a 
contraprestação do exequente; 
II - indicar: 
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um 
modo puder ser realizada; 
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números 
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional 
da Pessoa Jurídica; 
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível. 
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter: 
I - o índice de correção monetária adotado; 
II - a taxa de juros aplicada; 
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção 
monetária e da taxa de juros utilizados; 
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; 
V - a especificação de desconto obrigatório realizado. 
 
1. Ao art. 798 coube, dentre outros, inventariar os elementos 
indispensáveis à petição inicial da execução autônoma. O exequente 
deve, independentemente da espécie de obrigação executada (pagar 
quantia certa, entregar coisa, fazer ou não fazer), instruir seu petitório 
com o título executivo (no caso, extrajudicial) em que se funda a ação, 
uma vez que o aludido documento representa, consoante dito alhures, 
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elemento necessário e suficiente a autorizar a tutela jurisdicional sob 
comento. 
 
2. Em se tratando de execução cuja obrigação diga com pagamento 
de quantia certa, o exequente deverá instruir a petição inicial, pena de 
ter de emendá-la, com o demonstrativo atualizado do débito (planilha 
de cálculo, segundo a linguagem forense) até a data da propositura da 
demanda. O demonstrativo apontará, obrigatoriamente, (a) o índice de 
correção monetária adotado; (b) a taxa de juros aplicada; (c) os termos 
inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa 
de juros utilizados; (d) a periodicidade da capitalização dos juros, se for o 
caso, bem como; (e) a especificação de desconto obrigatório realizado. 
Inteligência do art. 798, I, b e parágrafo único do CPC⁄2015. 
 
3. Dependendo a exigibilidade do crédito da verificação de condição 
(acontecimento futuro e incerto) ou termo (acontecimento futuro e 
certo), incumbe ao exequente, já em sede exordial, comprová-los. 
 
4. Nos casos em que o executado apenas deva cumprir a obrigação 
objeto da execução mediante contraprestação a cargo do exequente, 
deverá este, ao tempo da propositura da ação, comprovar que a 
satisfez. 
 
5. Incumbe ao exequente, outrossim, sem prejuízo do exposto pelo art. 
799, indicar (I) a espécie de execução eleita, quando a satisfação de seu 
crédito puder se realizar de mais de uma maneira (exemplo: execução 
de alimentos pelo rito da prisão ou da expropriação?); (II) para além de 
qualificar lato sensu as partes, informar, estando ao seu alcance, o 
número do CPF ou do CNPJ de todos os envolvidos; (III) quais são os bens, 
segundo sua ciência, sujeitos à penhora. 
 
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente: 
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário,anticrético 
ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, 
hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária; 
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, 
quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou 
habitação; 
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora 
recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e 
venda registrada; 
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora 
recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda 
registrada; 
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V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, 
em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial 
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a 
penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de 
superfície, enfiteuse ou concessão; 
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de 
direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de 
moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair 
sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário; 
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota 
social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto 
no art. 876, § 7o; 
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes; 
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da 
execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de 
terceiros. 
 
Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao 
devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação 
dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou 
em contrato. 
§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no 
prazo determinado. 
§ 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando 
couber ao credor exercê-la. 
 
1. Obrigação alternativa. Há, nesses casos, vínculo único entre os sujeitos 
da obrigação sub judice. A alternatividade a que alude o artigo sob 
comento diz respeito à prestação a ser realizada. Segundo o 
ordenamento material, “se outra coisa não se estipulou”, a escolha do 
bem da vida apto a libertar o obrigado, cabe ao devedor (Art. 252 do 
CC/02). Assim sendo, realizando o devedor ao menos uma das 
prestações pactuadas (distintas e independentes entre si), considera-se 
satisfeito o direito do credor. 
 
2. Exemplo de obrigação alternativa: João (empresário) contrata os 
serviços de Mauro (empreiteiro) para construir sua nova residência. 
Mauro, para além de erguê-la, compromete-se, ao cabo, ou (1) a 
providenciar a colocação do piso ou (2) a providenciar sua pintura 
interna. Construída a moradia, Mauro (contratado) dá por finalizado o 
serviço (e cumprida sua obrigação), sem, contudo, realizar quaisquer das 
prestações complementares acima referidas. João, diante da resistência 
de Mauro, face à existência de título extrajudicial (por exemplo, 
instrumento privado que retrate obrigação certa, líquida e exigível, 
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Volume II. 
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firmado pelos contratantes e duas testemunhas), executa-o. Tocando a 
escolha da prestação a Mauro, o julgador, ao deferir a petição inicial, 
determinará a observância do teor do art. 800. 
 
3. O CPC⁄2015 mantém incólume, também no âmbito da tutela executiva 
autônoma, o direito de escolha do devedor, quando existente. Em se 
tratando de título executivo extrajudicial cuja origem seja a assunção (e 
descumprimento) de obrigação alternativa, o executado, quando a ele 
tocar a individualização da prestação, será citado e, ato contínuo, 
intimado (a) para “exercer a opção” (quer dizer: gozar do direito de 
escolha) e (b), em 10 dias, satisfazer o interesse do exequente, “se outro 
prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato.” O prazo fixado em 
lei específica ou convencionado entre os contratantes deve preponderar 
em relação ao decêndio previsto pelo Código. 
 
4. Silente o executado, ao exequente será oportunizado “escolher”, 
observadas as prestações pactuadas, qual delas pretende ver 
concretizada. 
 
Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não 
está acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da 
execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 
(quinze) dias, sob pena de indeferimento. 
 
1. Toda e qualquer petição inicial encontra-se sujeita a denominada 
atividade saneadora inicial, quer dizer, a juízo de deferimento. Como 
visto alhures (comentários ao art. 319 e seguintes), visando a “salvar” o 
processo, o Código determina que o julgador, em sede de atividade 
saneadora inicial, deparando-se com “defeitos” ou “irregularidades” 
capazes de dificultar o enfrentamento da causa, determine a intimação 
da parte para saná-los, quando sanáveis. Em sede de tutela executiva a 
exigência não é diferente. Constatada a incompletude do petitório 
exordial ou estar ele desacompanhado dos documentos indispensáveis à 
regular tramitação do feito executivo (por exemplo, inexistência de 
planilha de cálculo atualizado nas execuções de quantia; a falta do 
próprio título em se funda a execução, etc.), o juiz determinará a 
intimação do exequente para, no prazo da lei, diligenciar na correção 
dos vícios constatados, pena de extinção da demanda. 
 
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que 
realizada em observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a 
prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente. 
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de 
propositura da ação. 
 
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142 
1. Citação válida. Efeitos. Ainda quando ordenada por juízo 
incompetente, a citação válida (a) serve ao reconhecimento de 
litispendência, (b) torna litigiosa a coisa e (c) constitui em mora o 
devedor. A interrupção da prescrição, por sua vez, dá-se por ocasião do 
pronunciamento judicial que ordena a realização do ato citatório, 
considerando-se ter o autor abandonado seu estado de inércia à data 
da propositura da demanda. 
 
Art. 803. É nula a execução se: 
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, 
líquida e exigível; 
II - o executado não for regularmente citado; 
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o 
termo. 
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada 
pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de 
embargos à execução. 
 
1. Ao art. 803 coube inventariar as causas de nulidade do processo de 
execução. O sistema de nulidades processuais civis encontra-se fundado 
nos pilares, a saber: (a) princípio anti-torpeza, (b) da finalidade, (c) anti-
prejuízo e (d) do melhor aproveitamento dos atos processuais. Vide, 
sobre o tema, comentários aos artigos 276⁄283. 
 
2. O teor do inciso I desnuda, em última análise, a adoção, pelo 
ordenamento pátrio, do princípio do título. Nulla executio sine titulo. 
Consoante apontado alhures, sem prejuízo do atual debate doutrinário 
(fundado na redação atribuída à parte final do art. 771, caput) 34 , 
encontra-se mantido entre nós, à luz do CPC⁄2015, o princípio do título 
(elemento necessário e suficiente a toda e qualquer execução). Todas as 
possibilidades ensejadoras de legítima tutela executiva encontram 
amparo, pois, na certeza, na liquidez e na exigibilidade de determinada 
posição jurídica. A inexistência de título fere “de morte” o pleito 
executivo. 
 
3. O inciso II. Em se tratando de demanda autônoma, a regular citação 
do executadoé conditio sine qua non para o legítimo prosseguimento 
da demanda executiva fundada em título extrajudicial. Não há falar em 
“citação” no âmbito do cumprimento de sentença, instituto desenhado 
para atender as peculiaridades inerentes à satisfação dos títulos judiciais. 
 
 
34 “O CPC⁄2015 admite execução fundada em título executivo, ou não.” MEDINA, José 
Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: RT, 2015. p. 915. 
 
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143 
4. Face à inexigibilidade da obrigação, é nula, pois, a execução 
promovida antes de verificada a condição ou o termo a que estiver 
sujeita a pretensão do exequente. O artigo 798, alínea c, inclusive, insere 
“a prova de que verificou a condição ou ocorreu o termo” dentre os 
elementos a serem comprovados pelo exequente, sendo o caso. 
 
5. Exceção de pré-executividade. Nem uma novidade forense, a rigor, 
traz o conteúdo do parágrafo único do art. 803. De longa data, é possível 
afirmar, doutrina e jurisprudência já haviam consolidado os pilares sobre 
os quais se funda a denominada exceção de pré-executividade. “Por se 
tratar de matérias de ordem pública, não sujeitas, portanto, à preclusão, 
as situações inseridas no art. 803 podem ser conhecidas a qualquer 
tempo, independentemente do manejo de embargos à execução. Tal 
dispositivo, em verdade, positiva um instituto muito utilizado na prática 
forense, mas que, até então, tinha respaldo apenas doutrinário e 
jurisprudencial. Trata-se da exceção ou objeção de pré-executividade, 
cabível para fins de discussão de matérias cognoscíveis de ofício 
(pressupostos processuais e vícios objetivos do título, por exemplo) e que 
não demandem dilação probatória.” 35 
 
6. “AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. 
CADERNETA DE POUPANÇA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. (...). AÇÃO 
COLETIVA. INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. INADEQUAÇÃO. REJEIÇÃO. Exceção 
de pré-executividade: esse incidente é admitido em situações 
excepcionais, quando há matéria de ordem pública sobre a qual o juiz 
pode se pronunciar de ofício, sem desafiar a prévia segurança do juízo, 
tais como condições da ação e pressupostos processuais, sendo 
necessária a existência de prova pré-constituída, pois é impossível a 
dilação probatória. Sendo alegado excesso de execução, por equívoco 
no termo inicial de fluência dos juros moratórios, se mostra equivocado o 
remédio jurídico utilizado (...). (Agravo de Instrumento Nº 70061872867, 
Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alex 
Gonzalez Custodio, Julgado em 01/02/2017). 
 
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou 
anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário 
ou anticrético não intimado. 
§ 1o A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de 
cessão registrada será ineficaz em relação ao promitente comprador ou 
ao cessionário não intimado. 
 
35 DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Atlas, 2015. 
p. 602⁄603. 
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144 
§ 2o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de 
superfície, seja do solo, da plantação ou da construção, será ineficaz 
em relação ao concedente ou ao concessionário não intimado. 
§ 3o A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de 
venda, de promessa de cessão ou de alienação fiduciária será ineficaz 
em relação ao promitente vendedor, ao promitente cedente ou ao 
proprietário fiduciário não intimado. 
§ 4o A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, 
concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de 
direito real de uso será ineficaz em relação ao enfiteuta ou ao 
concessionário não intimado. 
§ 5o A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito 
real de uso ou do concessionário de uso especial para fins de moradia 
será ineficaz em relação ao proprietário do respectivo imóvel não 
intimado. 
§ 6o A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso 
ou habitação será ineficaz em relação ao titular desses direitos reais 
não intimado. 
 
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a 
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para 
o executado. 
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva 
mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos 
onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já 
determinados. 
 
1. Princípio da menor gravosidade para o executado. A despeito de 
servir ao exequente, a tutela executiva não tem por objetivo, como se 
sabe, o “massacre” do devedor. Assim sendo, o CPC⁄2015 preconiza, 
“em alto e bom som”, que, quando “por vários meios o exequente 
puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo 
menos gravoso para o executado.” O legislador, embora atento ao 
princípio em tela, inovou em relação ao CPC⁄73 (que, também, já o 
retratava em seu art. 620), impondo ao executado que o alegar a 
indicação de “outros meios mais eficazes e menos onerosos” capazes 
de tornar efetiva a tutela executiva, “pena de manutenção dos atos 
executivos já determinados.” 
 
 
 
 
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154 
CAPÍTULO IV 
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de 
bens do executado, ressalvadas as execuções especiais. 
 
1. O capítulo sob comento disciplina a execução dos títulos extrajudiciais 
cujo a obrigação nele estampada diga com o pagamento de quantia 
certa; possui, outrossim, aplicação (subsidiária) ao cumprimento de 
sentença fundado em obrigação de idêntica natureza, bem como, as 
demais espécies de execução quando, independentemente de sua 
razão ser, a tutela específica da obrigação não for alcançada ao 
exequente, tendo o mesmo direito ao valor da coisa ou a 
correspondência econômica da obrigação executada. 
 
2. Ao asseverar que a execução por quantia certa realiza-se pela 
expropriação dos bens do executado (por vezes devedor; por vezes do 
responsável), o legislador, grosso modo, disciplina como ocorrerá o 
avanço estatal sobre o patrimônio do demandado, no afã de ver 
satisfeita a obrigação objeto do pedido de tutela executiva. 
 
Art. 825. A expropriação consiste em: 
I - adjudicação; 
II - alienação; 
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de 
estabelecimentos e de outros bens. 
 
1. Ao artigo 825 coube definir os meios expropriatórios propriamente ditos. 
A satisfação do exequente, ausente o pagamento espontâneo, dar-se 
pela (a) adjudicação, (b) pelo produto da alienação de certo bem da 
vida ou (c) pela apropriação de frutos e rendimentos oriundos de bens 
pertencentes ao demandado. 
 
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado 
pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a 
importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e 
honorários advocatícios. 
 
1. Remição. O devedor (em sentido largo) tem o direito de libertar-se das 
obrigações que sobre ele recaiam. Consoante expressa previsão legal, 
antes de adjudicados ou alienados os bens sujeitos à execução, pode o 
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executado exercer o direito acima alegado, remindo a execução. Quer 
dizer: antes de efetivamente expropriado o patrimônio que servirá à 
satisfação da obrigação exequenda,o demandado tem o direito de 
satisfazê-la, efetuando o pagamento ou consignando o montante 
atualizado da dívida. 
 
2. O executado deve, ao remir a execução, observar os acréscimos 
(diretos e indiretos) oriundos de sua mora. O principal deve ser atualizado 
(até a data do efetivo pagamento), acrescido de juros legais, custas 
processuais e honorários advocatícios, pena de não “liberação” do 
executado, e dos bens sujeitos à execução. 
 
 
Seção II 
Da Citação do Devedor e do Arresto 
 
Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários 
advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado. 
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor 
dos honorários advocatícios será reduzido pela metade. 
§ 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, 
quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, 
caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento 
executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do 
exequente. 
 
1. Ao deferir o petitório exordial (o que se dá, reitere-se, mediante a 
realização de atividade saneadora inicial), o julgador, incontinenti, fixará 
honorários advocatícios, que serão suportados pelo executado, 
observando, pois, o percentual mínimo de 10% do valor executado. Vale 
reprisar: os honorários a que alude o Código pertencem ao advogado 
do exequente, não ao exequente (art. 85, §14). Trata-se, em última 
análise, de remuneração ao serviço do profissional jurídico que patrocina 
a demanda, quando ao executado assistir razão. 
 
2. “Art. 85 (...) § 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm 
natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da 
legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de 
sucumbência parcial.” Sepultando debate outrora suscitado, o CPC⁄2015, 
em “alto e bom tom”, visando a tutelar à dignidade da advocacia, 
prescreve, primeiro, pertencer ao advogado (e não à parte vitoriosa) os 
honorários sucumbenciais; segundo, que tal verba possui natureza 
alimentar (e remuneratória do trabalho desenvolvido pelo advogado) e 
goza, sobretudo, dos (idênticos) privilégios atribuídos aos créditos 
oriundos da legislação laboral; terceiro, que são insuscetíveis de 
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156 
compensação, sob quaisquer hipóteses, em caso de sucumbência 
parcial. Nada obstante tal lição, o legislador segue a realizar, como se diz 
por aí, “gentileza com o chapéu alheio”, uma vez que o §1o do artigo 
sob comento prevê a redução da verba honorária (de natureza 
alimentar) em 50% do valor previamente fixado para o caso de 
pagamento “espontâneo” do todo pelo executado. 
 
3. O Código prescreve, outrossim, os critérios a serem observados para a 
majoração da verba honorária, pautado, ao que tudo indica, no “maior” 
ou “menor” trabalho do advogado. A dicção legal não é das melhores. 
Utiliza-se o legislador da expressão “poderá” dando margem à 
interpretação no sentido de tratar-se a majoração honorária de 
faculdade atribuída ao julgador, quando, na verdade, o “poderá” diz 
com a limitação percentual da condenação (havendo “mais” trabalho 
a majoração é devida, podendo, pois, alcançar até 20% do valor 
executado. Segundo o Código o percentual máximo deve ser observado 
quando “rejeitados os embargos à execução” ou, quando não opostos, 
a atuação do patrono, pelas “dificuldades” encontradas até a efetiva 
satisfação do crédito, denunciar o seu merecimento. Nesse caso a 
majoração será confirmada ao cabo procedimento executivo. 
 
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi 
admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, 
para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros 
bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. 
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente 
deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas. 
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da 
dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o 
cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados. 
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a 
requerimento, caso o exequente não o faça no prazo. 
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de 
bens efetuada após a averbação. 
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida 
ou não cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte 
contrária, processando-se o incidente em autos apartados. 
 
1. Deferida a inicial, é lícito ao exequente requerer a expedição de 
certidão hábil a ser averbada perante órgãos registrais. A ideia é (a) dar 
ciência a terceiros acerca da existência da dívida, evitando-se, por 
consequência, aquisições de boa-fé dos bens que possam servir à 
satisfação da execução (Art. 828, “§ 4o Presume-se em fraude à 
execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a 
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Volume II. 
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averbação”), bem como, (b) constranger o executado, na melhor 
acepção da palavra, a satisfazer a obrigação objeto da execução o 
quanto antes. 
 
2. Incumbe ao exequente, sendo o caso, no prazo de 10 dias a contar de 
sua concretização, informar ao juízo competente as averbações 
efetivamente realizadas perante os órgãos registrais. Penhorados bens 
suficientes para satisfazer a execução à integralidade (principal, 
atualização, juros, custas e honorários – art. 831), é tarefa do exequente, 
outrossim, observado o decêndio subsequente à penhora, promover o 
cancelamento das averbações relativas aos bens não constritos. O juiz, 
em caso de inércia do exequente, determinará o aludido cancelamento, 
de ofício ou a requerimento. O exequente que promover averbação 
manifestamente indevida ou deixar de cancelar as averbações 
indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos 
apartados. 
 
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 
(três) dias, contado da citação. 
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora 
e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo 
verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se 
auto, com intimação do executado. 
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo 
se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante 
demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e 
não trará prejuízo ao exequente. 
 
1. O executado será citado e, ato contínuo, intimado para satisfazer a 
obrigação de pagar quantia certa no prazo de 03 dias. O CPC⁄2015, pois, 
inova em relação ao dies a quo para o cômputo do prazo legal, não 
deixando dúvidas: doravante, o prazo inicia-se no primeiro dia útil 
subsequente a citação válida. A regra da “juntada” fora, ao menos no 
cenário em tela, abandonada pelo legislador de 2015. 
 
2. O mandado judicial conterá, igualmente, ordem de penhora e 
avaliação. Tais atos, pois, serão cumpridos pelo meirinho tão logo 
escoado o prazo para pagamento “espontâneo”. 
 
3. Consoante demonstrado alhures, sendo possível, o exequente indicará 
os bens sujeitos à penhora. Eis o que preconiza o teor do artigo 798, inciso 
II, c. Assim sendo, excetuados os casos em que alegado e provado, pelo 
executado, e, oportunamente deferido pelo julgador (motivado não só 
pelo princípio da menor onerosidade, mas, certo da inexistência de 
prejuízo ao exequente), a penhora deve recair sobre os bens apontados 
pelo exequente. 
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Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução. 
§ 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de 
justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, 
havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, 
certificando pormenorizadamente o ocorrido. 
§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez 
frustradas a pessoal e a com hora certa. 
§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o 
arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo. 
 
1. Pré-penhora. O melhor enfrentamento do teor do art. 830 exige, pois, 
compreensão apriorística acerca da (in)adequada nomenclatura 
utilizada pelo legislador. “Embora designe a lei de ‘arresto’ à constrição, 
a oportuna providência semelha antes com à penhora antecipada ou 
pré-penhora, regulada no direito alemão (...), ressalva feita a algumas 
diferenças procedimentais. (...) Em virtude da circunstância de a pré-
penhora pressupor a ausência do executado, parte relevante da 
doutrina brasileira conferiu, no direito anterior, natureza cautelar à 
medida contemplada no art. 830. Ora, a pré-penhora outorga ao credor 
o direito de preferência (art. 797, caput, parte final) no instante mesmo 
em que se efetiva o ato. Esta eficácia, intrínseca à constrição dos bens 
do executado e, no caso, antecipada à própria conversão em penhora, 
operada nos termos do art. 830, §3o, é elemento satisfativo estranho ao 
verdadeiro arresto. O autêntico arresto cautelar não se transmuda 
automaticamente em penhora, ao contrário da pré-penhora, 
dependendo da realização de outro ato para essa finalidade. (...) Em 
realidade, o art. 830 prevê a consumação de ato de natureza executiva, 
caracterizado pela inversão da ordem natural subsumida no art. 829, 
caput, porque coloca antes da citação do devedor a apreensão de 
seus bens. ” ASSIS, Araken de. Manual da Execução. 2 ed (e-book). São 
Paulo: RT, 2016. p. 632. 
 
2. Não localizado o executado, o oficial de justiça, antes mesmo 
proceder em sua citação, “arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem 
para garantir a execução.” Nesses casos (de desencontro entre o oficial 
e o demandado), o meirinho deve, no decêndio subsequente à pré-
penhora (ou sua tentativa), procurar o executado em pelo menos duas 
ocasiões diversas, em “dias distintos” expressa o Código. A suspeita de 
ocultação (do executado) autoriza, pois, a utilização do expediente 
citatório por hora certa. 
 
3. “O §1o, em consonância com o entendimento construído pela 
doutrina e pela jurisprudência, passa a admitir a realização de citação 
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por hora certa do devedor⁄executado. Se a citação por hora certa não 
lograr êxito, deverá o exequente requerer a citação por edital (...) para 
que, afeiçoada a citação ficta, inicie-se a contagem do prazo de 3 dias 
para pagamento (...).” DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil 
Comentado. São Paulo: Atlas, 2015. p. 618. 
 
4. Da conversão da pré-penhora em penhora (art. 830, § 3o), deve o 
executado, necessariamente, ser intimado (art. 841), pena de violação 
ao devido processo de direito. 
 
 
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para pagamento (...).” DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil 
Comentado. São Paulo: Atlas, 2015. p. 618. 
 
4. Da conversão da pré-penhora em penhora (art. 830, § 3o), deve o 
executado, necessariamente, ser intimado (art. 841), pena de violação 
ao devido processo de direito. 
 
 
 
Seção III 
Da Penhora, do Depósito e da Avaliação 
Subseção I 
Do Objeto da Penhora 
 
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem 
para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos 
honorários advocatícios. 
 
1. No sistema expropriatório a penhora exerce papel dos mais 
importantes, uma vez que a ela cumpre o mister de individualizar o 
patrimônio que servirá, sendo necessário, a satisfação da obrigação 
objeto da execução. Ao art. 831 coube delimitar sua extensão: recaíra, 
pois, sobre tantos bens quantos bastem para a satisfação do todo 
devido, podendo alcançar diversos bens. 
 
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera 
impenhoráveis ou inalienáveis. 
 
1. O legislador, não raro atento à dignidade da pessoa humana 
(elemento estruturante do Estado brasileiro), realiza um recorte no que 
tange à operacionalização da responsabilidade patrimonial do 
executado. E o faz, como é intuitivo, mediante o impedimento de que 
certos bens da vida sejam alcançados pela penhora. 
 
2. Consoante abaixo examinado, há casos, porém, em que não se pode, 
ao menos diretamente, atribuir a impenhorabilidade dos bens protegidos 
por lei à dignidade humana, uma vez que proteção jurídica, inclusive, 
apenas pode ser suscitada por pessoa jurídica. É o caso, 
exemplificativamente, das previsões contidas nos incisos IX e XI, do artigo 
833. 
 
3. A impenhorabilidade dos bens depende, por definição, de previsão 
expressa de lei. Inteligência do art. 832 do CPC⁄2015. 
 
Art. 833. São impenhoráveis: 
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procedimentos especiais, processo de execução e o processo nos tribunais. 
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I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos 
à execução; 
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a 
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que 
ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio 
padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do 
executado, salvo se de elevado valor; 
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as 
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios 
e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de 
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os 
ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, 
ressalvado o § 2o; 
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos 
ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do 
executado; 
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas 
forem penhoradas; 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família; 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para 
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 
(quarenta) salários-mínimos; 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido 
político, nos termos da lei; 
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob 
regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. 
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa 
ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. 
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de 
penhora para pagamento de prestação alimentícia, 
independentemente de sua origem, bem como às importâncias 
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a 
constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o. 
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os 
equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a 
pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando 
tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em 
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garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida

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