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Vícios Redibitórios
Conceitos e Características
Os vícios redibitórios são defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo (art. 441 do CC).
O principal aspecto deste vício é o fato dele ser oculto, recôndito, ou seja, não aparente. Se for aparente, não se tratará de vício redibitório.
De acordo com Caio Mário, o vício redibitório trata-se de “um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor. Não se aproxima ontologicamente o conceito de vício redibitório da ideia de responsabilidade civil. Não se deixa perturbar a sua noção com a indagação de conduta do contraente, ou apuração da sua culpa, que influirá, contudo, na graduação dos respectivos efeitos, sem aparecer como elementar da sua caracterização”.
Os elementos caracterizadores ou requisitos do vício redibitório são:
A existência de um contrato comutativo (translativo da posse e da propriedade da coisa);
Um defeito oculto existente no momento da tradição;
A diminuição do valor econômico ou o prejuízo à adequada utilização da coisa.
Fundamentos da garantia contra os vícios redibitórios
De acordo com a doutrina de Orlando Gomes, o fundamento jurídico da garantia legal contra os vícios redibitórios baseia-se em três teorias:
Teoria da evicção parcial – a evicção consiste na perda da propriedade de um bem, móvel, ou imóvel, por força do reconhecimento judicial ou administrativo do direito anterior de terceiro.
Teoria do erro – seria o caso de anular o contrato, se houvesse identificação, o que, nos termos das regras positivas em vigor, não ocorre. Erro e vício redibitório não se devem confundir, pois o primeiro tem dimensão subjetiva ou psicológica e o segundo é de natureza objetiva.
 Teoria do risco – segundo essa teoria, a garantia legal contra os vícios redibitórios decorreria da própria lei, que imporia ao alienante os riscos pelos eventuais defeitos ocultos existentes na coisa. 
A previsão legal de vícios redibitórios encontra a sua justificativa jurídica na noção maior de garantia contratual. E essa garantia decorrente dos vícios redibitórios é tal que o art. 444 do CC chega ao ponto de impor responsabilidade ao alienante, ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se tal perecimento decorrer do vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Ou seja, se a coisa vier a ser destruída ou se extinguir, em virtude do próprio defeito, já existente quando da tradição, ainda sim o adquirente terá o direito à compensação devida.
Vícios redibitórios X Erro como vício de consentimento
Vício redibitório e erro, por mais que sejam conceitos muitos próximos, não devem ser confundidos.
O erro expressa uma equivocada representação da realidade, uma opinião não verdadeira a respeito do negócio, do seu objeto ou da pessoa com quem se trava a relação jurídica. Este defeito do negócio vicia a própria vontade do agente, atuando no campo psíquico.
Diferente é o vício redibitório, garantia legal prevista para contratos comutativos em geral. Ele não toca o psiquismo do agente, incidindo, portanto, na própria coisa, objetivamente considerada.
Consequências jurídicas da verificação de vícios redibitórios
Depois de verificada a incidência de vício redibitório, a teor do art. 442 do CC, abre-se, para o adquirente, duas possibilidades:
Rejeitar a coisa, redibindo o contrato (via ação redibitória);
Reclamar o abatimento no preço (via ação estimatória).
No primeiro caso, o adquirente propõe, dentro do prazo decadencial previsto em lei, uma ação redibitória, cujo objeto é o desfazimento do contrato e a devolução do preço pago, podendo inclusive pleitear o pagamento das perdas e danos. Já no segundo, o adquirente, também dentro do prazo decadencial da lei, prefere propor ação para pleitear o abatimento ou desconto no preço, em face do defeito verificado, o que se denomina ação estimatória. 
Ambas as ações são espécies das ações edilícias, existindo uma relação de alternatividade, ou seja, um concurso de ações: o adquirente somente poderá promover uma ou outra, visto que comportam pedidos excludentes entre si.
Prazo para a propositura das ações edilícias
O prazo para ajuizamento das ações edilícias, ação redibitória ou ação estimatória, é decadencial: trinta dias no caso de bens móveis, e de um ano no caso de bens imóveis, contados nos dois casos a partir da tradição. Se o adquirente já estava na osse do bem, o prazo é contado, a partir da alienação, pela metade (art. 445 do CC). 
Interessante ainda observar o § 1° e § 2° do art. 445 do CC:
§ 1° Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2° Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Vícios redibitórios e o código de defesa do consumidor
A proteção dispensada pelo Código de Defesa do Consumidor ao consumidor é muito mais ampla do que a prevista no Código Civil.
A lei consumerista não cuida de diferenciar os vícios aparentes dos redibitórios, consagrando, todavia, um eficaz sistema protetivo, que irá tutelar os direitos da parte hipossuficiente na relação de consumo, independentemente da natureza do defeito em tela (art. 18 do CDC).
De acordo com José Fernando Simão: “o Código de Defesa do Consumidor inovou ao enfatizar o fato de o vício ser de qualidade ou quantidade. O fato de o vício ser oculto ou aparente realmente gera poucas diferenças na relação de consumo e suas consequências limitam-se à questão dos prazos para exercício do direito de reclamar pelos vícios (art. 26 do CDC)”.
Já Sílvio Venosa declara: “sem sombra de dúvida, é no âmbito do consumidor que avultará de importância a garantia pelos produtos ou pelos serviços. Já ressaltamos que o fornecedor tem o dever de informar o consumidor acerca das qualidades do produto ou serviço, bem como adverti-lo dos riscos. Entre as regras de programa que traz a lei (Lei n° 8.078/90), é reconhecida a vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”.
Assim, a grande vantagem do sistema inaugurado pelo Código de Defesa do Consumidor consiste na ampliação da responsabilidade do fornecedor pelo vício do produto ou serviço.
Trata-se de uma forma objetiva de responsabilidade civil – o que favorece a defesa do consumidor –, compartilhada solidariamente por todos aqueles que participam da cadeia causal de consumo.

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