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TEORIA DA CRISE Paul Tillich “A travessia do inferno” Montarier “A passagem pelo fogo” Chico Buarque Dói tanto quanto arrumar o quarto do filho que já morreu Moffat “Para percorrermos uma vida devemos atravessar muitas crises” Augusto Cury “Quando o mundo nos abandona, a solidão é tolerável, mas quando nós mesmos nos abandonarmos, ela é insuportável” ATRAVESSANDO CAMINHOS ( SUSANA CARIZZA) Impossível atravessar a vida … Sem que um trabalho saia mal feito, Sem que uma amizade não cause decepção, Sem padecer com alguma doença, Sem que um amor nos abandone, Sem que ninguém da família morra, Sem que a gente se engane em um negócio. Esse é o custo de viver. O importante não é o que acontece, mas, como você reage. Você cresce … Quando não perde a esperança, nem diminue a vontade, nem perde a fé. Quando aceita a realidade e tem orgulho de vivê-la. Quando aceita seu destino, mas tem garra para mudá-lo. Quando aceita o que deixa para trás, construindo o que tem pela frente e planejando o que está por vir. Cresce quando supera, se valoriza e sabe dar frutos. Cresce quando abre caminhos, assimila experiências… E semeia raízes… Cresce quando se impõe metas, sem se importar com comentários, nem julgamentos quando dá exemplos, sem se importar com o desdém, quando você cumpre com o seu trabalho… Cresce quando é forte de caráter, sustentado por sua formação, sensível por temperamento … E humano de nascimento! Cresce quando enfrenta o inverno mesmo que perca as folhas, colhe flores mesmo que tenham espinhos e marca o caminho mesmo que se levante o pó. Cresce quando é capaz de lidar com resíduos de ilusões, É capaz de perfumar-se com flores … E se elevar por amor! Cresce ajudando a seus semelhantes, conhecendo a si mesmo e Dando à vida mais do que recebe. E assim se cresce TEORIA DA CRISE - definições Lindeman, 1944: “Distúrbio agudo e frequentemente prolongado, que pode ocorrer como risco emocional” Erickson, 1959: “Períodos de comportamento indiferenciado, transitórios que se caracterizam por transtornos cognitivos e afetivos” Caplan, 1964: “Estado de perturbação que ocorre quando o indivíduo é exposto a um problema insuperável pelos seus modos habituais de solução de problemas”. Jacobson, 1979: “Estado em que a pessoa, colocada diante de um obstáculo, vê-se repentinamente paralisada, pois lhe é impossível transpor tal obstáculo com o uso de métodos costumeiros”... Moffat, 1981: “Invasão de uma experiência de paralização da continuidade do processo da vida” Simon, 1989: Crise é quando o sujeito se depara com uma situação nova, a qual ele não possui controle. Sua emoção básica é a angústia diante do novo e desconhecido. CRISE- significação OPORTUNIDADE OU SORTE: Para amadurecer e fortalecer PERIGO OU RISCO: Soluções mal-adaptativas Aparecimento de sintomas Crise Ruptura no interior de relações que exige uma busca de novas formas de funcionamento, melhor adaptadas à nova situação criada. Situação paradoxal: ameaçam estabilidade do sistema e também podem apresentar oportunidade para que o sistema mude. Problemas X Tragédias X Crises Todos enfrentamos problemas, sem que eles necessariamente se tornem uma crise. Crise não é definida simplesmente pelo fator estressante, mas é definida pela percepção e a resposta da pessoa que se desestabiliza ante o impacto de tal fato. Percepção do indivíduo de que o fato perturba significantemente + inabilidade de resolver a perturbação com os seus recursos. Urgente versus emergente Palavra Emergência do verbo latino emergere, aparecer, surgir indica saída de um raio ou um fluido (ou em Biologia) um ponto aparente onde um nervo se destaca de seu centro, ou aparecimento de um órgão novo ou de prioridade novas de um órgão superior. Numa emergência psicológica a pessoa corre risco de vida ou causa risco a outrem. EX: overdose ou surto psicótico A palavra Urgência, do latim urgere, significa puxar, pressionar, indicando necessidade de agir rapidamente. A pessoa se encontra perturbada emocionalmente ou é incapaz de se cuidar, criando respostas adversas ao seu meio ambiente Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), em linhas gerais, a emergência é “a constatação do médico de agravos à saúde que impliquem em risco iminente de vida” e a urgência, um “processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de vida iminente” que se pode prever pela natureza de cada evento, tempos respostas, recursos médicos e procedimentos diferentes. Clinica da urgência psicológica para não enfatizar o viés psicopatologizante da urgência e de repensar o psicólogo como promotor da saúde (Tassinari, 2003) CRISES: características (Worth, 1985) DILACERANTES: já que é tão grande seu impacto, elas se impõem ao indivíduo, dificultando ou impossibilitando uma conduta rotineira na vida diária. Esse dilaceramento é visível mesmo no plano fisiológico. Com freqüência, as funções fisiológicas são alteradas. O apetite decresce, o sono é agitado, a atenção torna-se reduzida. INEVITÁVEIS: a crise não pode ser adiada, ignorada ou evitada de um modo ou de outro. A única maneira de se sair de uma crise é atravessá-la, seja encontrando uma solução satisfatória seja, na falta dela, simplesmente suportando os prejuízos que ela acarretou, sejam quais forem. TEMPORÁRIAS: ocupam um período relativamente breve na vida do indivíduo. E, uma vez que exigem tanta energia, é limitada a capacidade do indivíduo de enfrentar uma crise sem solução ou o indivíduo encontra um meio de enfrentá-la ou sucumbe de um modo ou de outro. FASES DA CRISE TEORIA DA CRISE - Fases 1. Elevação inicial da tensão (impacto do estímulo acionando as respostas habituais) 2. Aumento progressivo da tensão (ineficácia das respostas diante da continuação dos estímulos) 3. Mobilização dos esforços e reservas de energia Situações potencialmente Críticas Crise propriamente dita 4. Fracasso uso de distorções perceptivas 5. PONTO DE RUPTURA (grave desorganização do indivíduo com resultados drásticos) ETAPAS DA CRISE Slaikeu (1996) apud Horowitz (1976) DESORDEM: decorrente das reações iniciais diante do impacto; NEGAÇÃO: na tentativa de amortecer o impacto; INTRUSÃO: que consiste no surgimento de idéias involuntárias de dor pelo evento verificado. Pesadelos recorrentes, imagens e outras preocupações são características desta etapa; ELABORAÇÃO: a pessoa começa a expressar, identificar e comunicar os seus pensamentos, imagens e sentimentos experimentados pela situação de crise. (Alguns conseguem elaborar seus sentimentos, enquanto outros somente o farão com uma ajuda externa); TÉRMINO: momento em que o indivíduo integra o evento dentro da sua vida, pois a experiência foi enfrentada, os sentimentos e pensamentos identificados, possibilitando, assim, que a pessoa se reorganize. Variáveis das crises Pessoal Saúde; Auto-estima; Flexibilidade; Fé e valores Familiar Familiares e parentes; Amigos e vizinhos; Natureza das relações (comunicação; papéis) Comunitário Localização, Recursos econômicos e materiais Estruturas e políticas públicas; Escolas, fábricas, igrejas Cultural Valores; Tradições; Normas e Costumes TEORIA DA CRISE - CLASSIFICAÇÃO • Crises evolutivas ou desenvolvimentais • Crises acidentais ou traumáticas ETIOLÓGICA (Simon, 1984) DESCRITIVA (Erickson,1959; Moffat, 1981)• Crises por perda redução significativa do espaço do universo pessoal • Crises por aquisição aumento significativo do espaço do universo pessoal “Chamamos de "universo pessoal", para efeito desta exposição, ao conjunto formado pela pessoa (psicosomático) mais a totalidade de objetos externos (aqui compreendidas outras pessoas, bens materiais ou espirituais e situações sócio- culturais)” SIMON, 1989: O novo, porém, exige um ato criativo. É único, como cada experiência humana. A experiência é individual, intransferível e original. Para manipulação teórica e melhor aprofundamento da análise das situações críticas, julgamos mais apropriada uma classificação etiológica das crises. Ou seja, classificando-as de acordo com o fator essencial que lhes deu origem. Retomando a concepção de perda ou ameaça de perda; ou aumento de suprimentos básicos, gerando tensão crítica, podemos classificar as crises por perda (ou expectativa) e crises por aquisição (ou expectativa), independentemente de seu aspecto descritivo (desenvolvimento ou acidental). Emoção básica: a angústia diante do novo e desconhecido. CRISES VITAIS: Prevenção Específica TIPO EXEMPLOS INSTITUCIONAIS SENTIMENTOS RISCOS MEDIDAS OBJETIVOS Delegacia de Polícia, Juizado de menores, Cartórios de protesto, Organizações de Luto, Hospitais Gerais / Psiquiátricos, Orfanatos, Previdência social, Justiça civil, Presídios Depressão Culpa Auto- agressão Projeção de culpa PREVENÇÃO PASSIVA Aceitar a perda, reinteressar-se pelo universo pessoal, lidar com os sentimentos predominantes, evitar riscos Pré-Natal, Maternidades, Escolas, Agências de empregos, Hospitais ( reabilitação), Cartórios de Paz, Igrejas, Orfanatos (adoção), Presídios (egresso) Insegurança Inferioridade Inadequação Fuga direta ou indireta Admitir mais do que suas possibilida- des PREVENÇÃO ATIVA Aceitar ou renunciar o ganho realísticamente lidar com os sentimentos predominantes, evitar riscos PREVENÇÃO: significa “vir antes” Do que? Preconceitos conceitos prévios Vícios limitações Medos fragilidades CRISES VITAIS: Prevenção ampla PREVENÇÃO NAS CRISES OBJETIVOS PREVENÇÃO NAS CRISES MÉTODOS Evitar redução da eficácia adaptativa prévia Converter a crise por aquisição em progresso Evitar que a crise por perda provoque regressão Prevenção ativa Prevenção passiva CRISES VITAIS: Prevenção ampla PREVENÇÃO PRIMÁRIA OBJETIVOS PREVENÇÃO PRIMÁRIA MÉTODOS Manter e melhorar a adaptação eficaz Evitar a redução da adaptação eficaz Visa essencialmente ajudá- los a elaborar à situação de crise e reforço na manutenção da conduta para não utilizarem soluções inadequadas no momento potencialmente crítico Evitar a adaptação ineficaz Estimular a educação geral e cuidados à saúde física Atendimento às necessidades nutricionais e habitacionais Proporcionar recreações Cuidar da vida artística e cultural ( religião) Proporcionar intercâmbios sociais e viagens Estimular aperfeiçoamento profissional PREVENÇÃO SECUNDÁRIA OBJETIVOS PREVENÇÃO SECUNDÁRIA MÉTODOS Recuperar ou adquirir adaptação eficaz Evitar a adaptação ineficaz moderada ou severa Devem enquadrar-se em um programa de atendimento focal, emergencial com fins de evitar a progressão do desequilíbrio psíquico para situações de ruptura Diagnóstico precoce através de levantamentos populacionais. Tratamento imediato e eficaz (psicoterapia) reeducativa CRISES VITAIS: Prevenção ampla PREVENÇÃO TERCIÁRIA OBJETIVOS PREVENÇÃO TERCIÁRIA MÉTODOS Evitar invalidez total Recuperar ou adquirir Adaptação ineficaz moderada ou severa Tratamento eficaz (psicoterapia reconstrutiva) Medidas de reabilitação Quando é hora de procurar ajuda especializada? Quando o indivíduo e/ou a família apresenta dificuldades na transposição de uma fase ou etapa do desenvolvimento humano para outra ou quando a crise do ciclo de vida trouxer um sofrimento importante atrapalhando a rotina de vida da pessoa, é importante procurar ajuda de um especialista no assunto e iniciar um tratamento. “NO CASO DO PSICÓLOGO, SERIA IDEAL, A PRESENÇA DESTE PROFISSIONAL EM TODAS AS ESFERAS DE ATENÇÃO À SAÚDE A FIM DE PREVENIR MAIORES TRANSTORNOS OCASIONADOS PELAS SITUAÇÕES CRITICAS MAIS DIVERSAS. NO MUNDO HODIERNO, ONDE AS CRISES ESTÃO PRESENTES PARA ALÉM DA ESFERA DO ESPERADO DEVIDO AOS “AVANÇOS” DA ATUALIDADE QUE PROVOCAM O AUMENTO DA VIOLÊNCIA, COMO TAMBÉM SÉRIOS DESASTRES AMBIENTAIS E ECONÔMICOS, ALÉM DAS SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL QUE MUITOS SUJEITOS ESTÃO EXPOSTOS NAS GUERRAS ENTRE POVOS, NOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS ETC.” HOLANDA, 2012 Quem sabe, previne sempre, cura, quando possível... VAMOS, ADIANTE, NÃO ESPEREMOS ACONTECER!