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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - Caderno

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Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
BIBLIOGRAFIA: 
→ Direito das Obrigações – Cristiano Chaves; 
→ Obrigações – Orlando Gomes; 
→ Obrigações: Estudos na Perspectivas Civil-Constitucional – Gustavo Tepedino. 
 
INTRODUÇÃO 
O Direito das Obrigações compõe uma parte substancial e das mais importantes do chamado Direito Patrimonial (temos o 
Direito Privado e dentro dele um campo que se refere a tutela dos interesses existenciais que é mais novo e recente e ao 
lado dela a perspectiva patrimonial – eles se interligam, não são separados no Código Civil). Dentro da defesa do patrimônio, 
teremos dois grandes grupos: o de obrigações e o outro que corresponde ao direito das coisas; a maioria das situações que 
nos deparamos na vida diz respeito a obrigações. 
Diante disso, a própria da relação jurídica (vínculo intersubjetivo em razão da qual as partes ficam comprometidas a uma 
prestação [um dar, um fazer ou um não-fazer]) foi cunhada para explicar o Direito das Obrigações, sendo depois adaptada 
para outros ramos. 
OBS: o modelo de relação jurídica que corresponde a propriedades não encaixa com o modelo das obrigações, uma vez que 
ao ser proprietário de um bem, a pessoa não precisa necessariamente de outra(as) para utilizar, usar e fruir do bem – seria 
o chamado Direito Absoluto (coisa). 
 
UNIFICAÇÃO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: DIREITO CIVIL, COMERCIAL E CONSUMERISTA 
Os Direitos Penal e Civil são os campos mais antigos do “nosso” Direito e que ganham certa autonomia. Em um primeiro 
instante, esse Direito Civil na Roma Antiga era somente aplicado a quem era cidadão romano (porque quem o não era, não 
merecia tutela alguma), sendo essa situação modificada com o passar do tempo com o florescimento do comércio – se 
tornaram intensas e interessantes, numa situação a qual tiveram que lidar com cidadãos “não-romanos”. 
Com isso, nasceu o Direito Pretoriano e o Quiritário. O Direito Pretoriano já tinha certa autonomia e flexibilização, mas o 
fato é que historicamente o Império Romano caiu, vindo a Idade Média. Sendo esta marcada por um momento de ruptura 
com o Direito Romano que dá origem, tempo depois, aos Estados Modernos. 
Quando isso acontece, eles são financiados pelos burgueses – as Revoluções Burguesas – e criam, ajudam a consolidar, a 
figura do Estado-Nação que precisa de leis, buscando inspiração no antigo Direito Romano, criando o Direito Civil e Penal. 
Esse Direito Civil é completo de formalidades e surgiu para garantir, em um primeiro instante, a propriedade imobiliária e 
as relações comerciais florescem novamente, surgindo certas necessidades. 
Surgiu a necessidade, então, do crédito – surgindo práticas que não estavam no Direito Romano, que se preocupava mais 
com a segurança e não a celeridade; diante disso, surge o Direito Comercial (chamado, anteriormente, de Direito dos 
Comerciantes, aplicado somente a eles) – baseado numa relação de confiança entre os comerciantes. 
Esse Direito dos Comerciantes passa a ser um Direito dos Atos de Comércio (antes esse Direito só era aplicado com base 
nos costumes dos comerciantes, sendo a situação de crédito não regulamentada; chega um momento em que tal 
comportamento é tão difundido que outras pessoas, que não comerciantes, também querem ter acesso. Atualmente, como 
engloba mais atividades, é chamado de Direito Empresarial. 
A unificação, portanto, diz respeito a uma discussão que ainda se faz, acerca de saber se deveria unificar o Direito Civil com 
o Direito Empresarial – unificando as obrigações aplicáveis a todos. Com o Código Civil de 2002, houve uma certa unificação, 
no Brasil. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
Algumas relações, sendo destacadas as Relações Consumeristas, possuem um regime mais específico, porque há um 
pressuposto de que nessas relações há um desequilíbrio entre as partes – não há uma margem de negociação, o que termina 
mitigando, em uma certa medida, as obrigações. 
 
PRINCIPAIS MARCOS HISTÓRICOS E FEIÇÃO CONTEMPORÂNEA 
A obrigação não é um fenômeno estático, sofrendo alterações com o passar do tempo. 
• ANTIGUIDADE/DIREITO ROMANO ARCAICO – DA OBRIGAÇÃO COLETIVA À PESSOALIZAÇÃO: o Direito Romano 
Arcaico trabalhava com a lógica de família (sendo uma conquista do Estado Moderno o Direito Individual), ou seja, 
para garantir o Direito, precisava se unir com outras pessoas – os grupos familiares, que assumem obrigações 
coletivas (uma estrutura patriarcal – geralmente o homem mais velho que era gestor do interesse de todos; como 
se ele fosse o Estado daquele agrupamento). 
 
• LEX POETELIA PAPIRIA (428 a.C.) – A CAMINHO DA PATRIMONIALIZAÇÃO: Na Roma Antiga (em seu momento 
Clássico), as obrigações começam a ser individualizadas, respondendo não só com o patrimônio, mas também, com 
o seu corpo – a dívida não solvida por alguém conduziria a uma restrição do próprio corpo da pessoa. E a lex poetelia 
papiria veda o compromisso do corpo da pessoa com a solvência das obrigações, sendo somente o patrimônio o 
responsável – sendo uma forma que se utiliza até os dias atuais. No Corpus Iuris Civilis de Justiniano consolida-se o 
aspecto da obrigação como prestação. 
o OBS - Atualmente: as hipóteses de pena de prisão para um caso de descumprimento de obrigações 
limitam-se à esfera do art. 5º, LXVII, da CFRB → ao devedor de alimentos somente. 
 
• GRANDES CODIFICAÇÕES DO SÉC. XIX – A INTENSIFICAÇÃO DO TRÂNSITO JURÍDICO ECONÔMICO E A CRESCENTE 
IMPESSOALIDADE DAS OBRIGAÇÕES: Notadamente o Código Napoleônico (1804) prima pela intensificação do 
trânsito jurídico que não apenas garante a patrimonialização (sendo que as obrigações são asseguradas pelo 
patrimônio), mas passam a se tornar complexas, porque já eram pessoais e patrimoniais, havendo um caminho 
para a impessoalidade das obrigações. Sendo impessoais no sentido de que haverá práticas como a transferência 
das obrigações. 
o OBS – Impessoalidade: surge com a substituição da noção de vínculo pela ideia de relação obrigacional. O 
devedor não está mais submetido a pessoa do credor, mas subordinado à prestação. 
 
• A HUMANIZAÇÃO: OBRIGAÇÃO COMO UM PROCESSO DINÂMICO E COMPLEXO: ou então um movimento de 
Constitucionalização em que se enxerga o aflorar de alguns princípios, como o da solidariedade que passa a 
influenciar o regime das obrigações, sob duas cláusulas básicas: a boa-fé objetiva (uma cláusula geral que serva não 
apenas como uma forma de interpretar situações jurídicas, impondo as pessoas um dever de honestidade/lealdade) 
e o reconhecimento da funcionalização das obrigações (que todo o trato repercute no interesse de todos e por isso 
deve se dar da melhor forma possível). A partir desses dois referenciais, passa a se referir como obrigações como 
um processo dinâmico e complexo em que as partes tem direitos e deveres recíprocos que vai desde o momento 
antes (responsabilidade pré-contratual) de adquirir a obrigação até momentos após (responsabilidade pós-
contratual). 
 
 
 
 
 
 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
OBRIGAÇÃO 
ETIMOLOGIA: vem do latim ob + ligatio, que significa atar, unir, impor um determinado compromisso – é o vínculo entre 
credores (adstringe uma das partes) e devedores (exige certo fato). 
 
CONCEITO E ELEMENTOS ESSENCIAIS 
“A noção de obrigação, em seu sentido técnico mais restrito, nos remete a um vínculo jurídico transitório em função do qual 
uma parte (devedor) se compromete a cumprir determinada prestação em favor e no interesse da outra (credor), sob pena 
de ser forçado a responder com seu patrimônio”.Ou seja, a relação obrigacional se compõe de sujeitos ativo e passivo 
(credor e devedor), prestação e vínculo jurídico que propicia a exigibilidade. 
• ELEMENTOS ESSESNCIAIS: são os elementos da relação jurídica. 
o SUJEITOS (DETERMINÁVEIS): a figura do credor vs. devedor e deve se atentar para o fato que se fala em 
polos, que podem existir mais de uma pessoa. Não há limite de quantidade, mas devem existir dois polos. 
Nem sempre serão determinados, mas devem ser determináveis, ao tempo do cumprimento da prestação 
– não pode existir uma obrigação em que não se consiga descobrir quem é o credor ou devedor, deve haver 
a possibilidade de descobrir. 
▪ CREDOR: é aquele que pode exigir de outrem um determinado comportamento. 
▪ DEVEDOR: é aquele que deve cumprir determinado comportamento. 
 
o OBJETO: A PRESTAÇÃO E A SUJEIÇÃO (PATRIMONIAL) DO DEVEDOR: o objeto vai ser sempre uma 
prestação (que tem sempre conteúdo econômico ou conversibilidade patrimonial) que vai implicar na 
sujeição patrimonial no devedor que vai sempre se consubstanciar em um dar, fazer ou não-fazer (há uma 
discussão doutrinária se o pagar seria uma circunstância autônoma ou se estaria vinculado ao dar). 
▪ CARACTERÍSTICAS DA PRESTAÇÃO – art. 104, II, Código Civil: licitude, possibilidade física e jurídica 
(implicará na nulidade), determinabilidade, patrimonialidade. 
 
o VÍNCULO JURÍDICO E TRANSITÓRIO (DINÂMICO E COMPLEXO): transitório, porque cede a liberdade com 
o intuito de resgatar – ela extingue com o cumprimento; dinâmico, porque em uma única relação jurídica 
localizam-se inúmeras obrigações recíprocas, assumindo ambas as partes, em diferentes momentos, o 
papel de credor e devedor de diferentes obrigações – que decorre muito da boa-fé objetiva; e complexo, 
porque se concebe a obrigação como um processo que se estende até um momento depois. 
 
• MOMENTOS CONCEITUAIS: DÉBITO (SCHULD/DEBITUM) x RESPONSABILIDADE (HAFTUNG/OBLIGATIO): como 
regra geral, incidem na mesma pessoa; mas é possível situações em que o débito vai ser de uma pessoa e a 
obrigação vir de outra pessoa (ex: fiador). 
o DÉBITO: seria o próprio compromisso de dever, o bem da vida solicitado pelo credor consistente em um 
comportamento de dar, fazer ou não fazer. 
o RESPONSABILIDADE: é o “sofrer” as consequências patrimoniais – é a sujeição que recai sobre o 
patrimônio do devedor como garantia do direito do credor, derivada do inadimplemento do débito 
originário. 
O débito e a responsabilidade nascem simultaneamente, mas, no mundo fático, temos dois momentos distintos: 
primeiro o direito subjetivo ao crédito que se impõe em face do devedor; segundo a eventual lesão ao direito 
subjetivo, gerando o nascimento da pretensão (poder de exigibilidade da prestação) de direito material em favor 
do credor. 
 
DISTINÇÃO ENTRE O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E OS DIREITOS REAIS 
• FIGURAS HÍBRIDAS: nem ficam no campo do Direito das Obrigações e nem ficam no campo dos Direitos Reais de 
forma perfeita, ora lembram obrigações, ora lembram reais. Uma observação que deve ser feita é que na maioria 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
das decisões e doutrina chega um momento que tendem a tratar obrigações propter rem e ônus reais como a 
mesma coisa – na prática o STJ, por exemplo, não faz as diferenciações, sendo, portanto, inexistentes na prática. 
Existem diferenças no âmbito histórico. 
 
o OBRIGAÇÕES PROPTER REM/OB REM/AMBULATÓRIAS/MISTAS: seriam vínculos relacionais formados 
entre pessoas que teriam como característica específica não seria a manifestação de vontade, a autonomia 
privada, mas um vínculo específico com alguma coisa, em função da titularidade de um direito real. Por 
outras palavras, seriam prestações impostas ao titular de determinado direito real, pelo simples fato de 
assumir tal condição. 
Ex: morar em condomínio que possuem regras específicas de convivência e é um documento que, 
normalmente, já está pronto e que só pelo fato de morar no condomínio, o indivíduo está obrigado a seguir 
àquelas regras. São mais próximas das obrigações. Em termos teóricos, são vínculos pessoais. 
OBS: atualmente, no plano prático, há uma flexibilização dessas obrigações em virtude de dívidas 
provenientes de condomínio e tributárias (IPTU/ITR/IPVA) que precisam de um acompanhamento que o 
ônus real fornece. 
 
o ÔNUS REAIS: é algo que está vinculado ao bem, acompanhando a coisa até onde ela for. Em termos 
teóricos, são vínculos com a coisa, não podendo exceder seu valor. Se aproxima mais com os Direitos Reais. 
São deveres que nascem associados com a própria coisa. 
 
o OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL: é o vínculo obrigacional que tem uma projeção erga omnes – aqueles 
que sem perderem o caráter essencial de direitos a uma prestação, geram efeitos reais, já que se 
transmitem ou são oponíveis a terceiros que adquiram direitos sobre determinada coisa. Como por 
exemplo, um contrato entre A e B acaba por infligir efeitos em toda uma coletividade – exemplo, o Direito 
de Preferência. 
DIFERENCIAÇÃO... 
DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIONAIS 
Absoluto (eficácia erga omnes) Relativo (eficácia inter partes) 
Atributivo (só um sujeito) Cooperativo (conjunto de sujeitos) 
Imediatidade (s/ consentimento de terceiros) Mediatidade (necessita de uma conduta do devedor) 
Permanente Transitório 
Direito de Sequela Apenas tem o patrimônio do devedor como garantia 
Numerus Clausus Numerus Apertus 
Jus in re (direito à coisa) Jus ad rem (direito a uma coisa) 
Objeto: a coisa Objeto: a prestação 
 
FONTE DAS OBRIGAÇÕES 
As obrigações podem nascer de qualquer fato jurídico, ou seja, de qualquer acontecimento que implique consequências 
jurídicas. 
• ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS CRITÉRIOS GERALMENTE TRABALHADOS EM DOUTRINA: 
o O DIREITO ROMANO: ENTRE AS FIGURAS DO CONTRATO E DO DELITO: havia a figura do contrato, em que 
alguém firmava um acordo com obrigações recíprocas e criaram o quase-contrato que é a hipótese em que 
apenas uma das partes admitiam obrigações e o (...) 
o TEORIA DUALISTA: em que a obrigação poderia nascer da vontade ou da lei, que de algum modo é uma 
releitura do que os romanos falavam – e alguns autores também inserem um ilícito. Mas havia um 
problema: no final das contas é o sistema normativo que a pessoa se autovincule, sendo então, todas as 
fontes das obrigações apenas a lei. 
• CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES A PARTIR DA RESPECTIVA CAUSA/FUNÇÃO: ao invés de visualizar as obrigações 
a partir de seu nascimento, se observaria a partir de seu cumprimento: 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
o OBRIGAÇÕES NEGOCIAIS: aquelas que são assumidas pelos indivíduos em função dos negócios jurídicos 
que eles praticam – em virtude da prática civil. 
o OBRIGAÇÕES DE RESPONSABILIDADE CIVIL: cuja função é reparar os danos causados a outrem, que possui 
um regime jurídico próprio. 
o OBRIGAÇÕES DE ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA: é uma categoria que poucas vezes nos atentamos no dia 
a dia, uma vez que todo acréscimo em nosso patrimônio tem que existir uma causa. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
• PRINCÍPIOS ESTRUTURAIS DO CÓDIGO CIVIL: 
o PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE - FUNCIONALIZAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: ou também solidariedade que tem 
a ver com a função social das obrigações que se conecta com a perspectiva dos terceiros – os vínculos 
subjetivos, por mais que personalizados, repercutem na vida de todos. Reconhecimento da função social 
que todos os campos do Direito devem ter – todo e qualquer direito por mais que seja individual, só se 
mantém se for para atender os anseios sociais. 
o PRINCÍPIO DA ETICIDIDADE - INVASÃO DOS VALORES:tem conexão com os princípios (e a ética deve ser 
entendida como a ciência do fim para o qual a conduta dos homens deve ser orientada) e o que se destaca 
é o ativismo judicial – tem decisões dos Tribunais que interferem nas decisões políticas. Os valores são 
abstratos e podem criar precedentes que não satisfaçam os interesses coletivos. O que melhor reflete essa 
invasão é a boa-fé. 
o PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE - A EFETIVA RESOLUÇÃO DOS CASOS CONCRETOS: fornece ao Direito os 
instrumentos para interagir nesse novo mundo em que se prestigia a solidariedade e os valores. Uma das 
grandes ferramentas disponibilizadas é a cláusula geral (conceitos indeterminados); é cada vez mais 
frequentes que o legislador se valha desse instrumento para permitir que o Judiciário funcione, então, da 
uma maior liberdade ao magistrado – a cláusula geral é um passo além dos conceitos indeterminados, 
sendo uma espécie de norma que tem conceitos indeterminados no seu antecedente, que permite o 
magistrado encaixar tal situação em outras e também liberdade na hora de apresentar uma solução, como 
por exemplo, a boa fé objetiva (aberta no antecedente e no consequente). 
 
• AUTONOMIA DA VONTADE x AUTONOMIA PRIVADA: na formação do Estado Moderno existia a autonomia d a 
vontade. 
o AUTONOMIA DA VONTADE: regular a esfera jurídica da forma que bem entender. Ela pode ser exercida, 
mas quando não se respeita a autonomia privada, pode ser invalidada. 
o AUTONOMIA PRIVADA: com as novas regulamentações (ex: Direito do Trabalho), que diminuiu os espaços 
de liberdade, existindo uma autonomia da vontade que tem que ser exercida de acordo com a autonomia 
privada que consiste no espaço que o sistema jurídico reconhece as pessoas para que elas possam, 
legitimamente, fazerem suas decisões. 
 
• BOA-FÉ OBJETIVA: é uma boa-fé, dentro do Direito das Obrigações, é visualizada em sua forma objetiva – ela 
estabelece deveres anexos. Cláusula geral que articula que medeia os princípios e valores nos casos concretos. Tem 
uma amplitude e um conceito indeterminado em seu antecedente e são inúmeras consequências que irão ser 
modeladas pelo magistrado pelo o que ele melhor entende no caso concreto. 
Para falar de boa fé, deve sair do pressuposto que o Direito como um todo sempre trabalhou com a boa fé. No 
início está boa fé correspondia o que chamamos hoje de boa fé subjetiva que tem o papel de filtrar situações que 
mercam algum desvalor e hoje a boa fé é consagrada no ordenamento, notadamente nas obrigações e é referência. 
Se coloca como uma cláusula geral e serve para saber como o homem médio se comportaria, do que ele deveria 
saber e fazer, exigindo mais, analisa de acordo com o que a sociedade avalia aquele comportamento do homem 
médio. Só lado disso, trabalha no sentido de limitar o exercício de direitos, consagrando a figura do abuso de direito, 
excedendo o razoável e legítimo. Por fim, serve para criar deveres anexos que são obrigações menores, de 
comportamento, pautado na ideia de lealdade, sobretudo, esclarecimento e proteção. 
 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
AS OBRIGAÇÕES EM FUNÇÃO DO SEU OBJETO 
IMPORTÂNCIA E SERVENTIA DA CLASSIFICAÇÃO 
As obrigações se submetem a variados critérios classificatórios, considerando-se situações diversificadas. E, a principal 
consequência é a possibilidade de interpenetração entre elas – os diferentes critérios de classificação das obrigações estão 
relacionados entre si, de modo que se completam (e não se excluem). 
Uma observação importante que se faz é que existe a obrigação principal – a de dar, fazer ou não-fazer –, ou seja, 
independente do ângulo pelo qual se deseje examinar as obrigações, toda a classificação que pode ser visualizada no Código 
Civil, derivará destas três espécies. 
 
DISTINÇÃO EM FUNÇÃO DA PREPODERÂNCIA DO OBJETO 
Não devemos confundir o objeto da prestação com o objeto da obrigação. Enquanto o objeto da obrigação é a própria 
conduta esperada do devedor (ex: entregar ou restituir um objeto; abster-se de uma atividade), o objeto da prestação é o 
próprio bem da vida almejado (ex: o carro; casa). Em síntese, a prestação é o objeto imediato da obrigação; aquilo que 
deve ser prestado é o objeto mediato. 
 
AS ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES EM SI 
1. OBRIGAÇÕES DE DAR E DE RESTITUIR COISAS: a obrigação de dar apresenta semelhança com a obrigação de restituir. 
Contudo, na de restituir, devolve-se a posse da coisa, enquanto, na de dar, essa faceta não se manifesta. 
• INTERPENETRAÇÃO ENTRE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E DIREITOS REAIS: ENTRE O CUMPRIMENTO DA 
OBRIGAÇÃO E A TUTELA DA POSSE/PROPRIEDADE: a obrigação de dar não se confunde com o Direito Real que daí 
surgirá, na eventualidade de transmissão de propriedade. Enquanto a relação obrigacional tem por objeto o 
comportamento consistente na entrega da prestação, o direito real que poderá forma-se pela tradição ou pelo 
registro do bem imóvel tem por objeto a própria coisa, sobre a qual o titular exercerá poder direto e imediato, não 
mais necessitando da colaboração de um terceiro – o devedor – para exercitar seu direito subjetivo patrimonial. 
 
• OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: obrigação de dar bem infungível, dar aquilo que foi determinado e não coisa 
diversa – objeto lícito, possível e determinado. Ou seja, é aquela perfeitamente identificada e individualizada em 
suas características – é certa quando em sua identificação houver indicação da quantidade, do gênero e de sua 
individualização, que a torne única. 
o PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE: se a obrigação consiste em dar coisa certa, não poderá o credor ser 
constrangido a receber outra, uma vez que originalmente pactuou que receberia aquele bem determinado 
e especializado – é lícito ao credor a recusa da prestação substitutiva, mesmo que o devedor ofereça algo 
mais valioso. Mas, caso aceite, estará praticando um modo extintivo de obrigação. 
o PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA – art. 233, Código Civil: a obrigação de dar coisa certa abarca os 
seus acessórios – o acessório segue o principal. Ou seja, frutos, rendimentos, partes componentes e 
integrantes da coisa e benfeitorias incorporadas ao solo serão abrangidos pela obrigação de dar coisa certa. 
Incluídos estão os deveres acessórios decorrentes da boa-fé objetiva, destinados à plena satisfação do 
interesse do credor. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo 
se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
No exercício da autonomia privada, podem as partes convencionar ao contrário, ou seja, excluir os acessórios 
da esfera da obrigação principal. E há ressalva também quando o acessório não deva ser incorporado ao 
principal, a exemplo das pertenças – se destinam de modo duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento do 
bem principal, mas a ele não aderem. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
o RISCO DE PERDA DA COISA – art. 234, Código Civil: em todas as situações deve-se identificar o momento 
da perda da coisa e a eventual responsabilidade do devedor pelo fato. 
Antes da tradição (bens móveis) ou registro (bens imóveis), todos os riscos quanto à perda da coisa serão 
imputados ao alienante (vendedor); se em momento posterior, a responsabilidade recairá sobre o adquirente. 
A coisa perece para o atual proprietário – res perito domino. A transferência dos riscos da coisa ao adquirente 
(credor) é verificada somente ao instante da entrega do bem – devidamente formalizada, tratando-se de 
imóveis. Deve se lembrar também de outra regra clássica do Direito Privado: ninguém pode assumir 
responsabilidade pelo fortuito.Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da 
tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a 
perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. 
A perda da coisa implica o perecimento do direito e decorre de seu desaparecimento natural, perecimento 
jurídico (torna-se bem fora do comércio) ou perda das qualidades essenciais e do valor econômico do bem. 
OBS – Perdas e Danos: a expectativa patrimonial frustrada – lucros cessantes – pois os danos emergentes, evidentemente, 
compensam-se na devolução dos valores pagos pela estimativa pecuniária do objeto. 
▪ ÔNUS PROBATÓRIO DA CULPA: incumbirá ao devedor o ônus de provar o fato que não lhe foi 
imputável e acarretou a impossibilidade, uma vez que, haverá uma presunção de culpa do devedor 
inadimplente, quanto ao fato que gerou a perda do objeto, tendo ele, então o ônus probatório de 
desconstituí-la. 
 
o RISCO DE DETERIORAÇÃO DA COISA – arts. 235 e 236, Código Civil: o negócio jurídico, nesse caso, não 
perdeu seu objeto, mas sim, há uma redução das qualidades essenciais da coisa ou de seu valor econômico, 
mas ela ainda guarda a sua identidade. 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou 
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado 
em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. 
 
• MORA E AGRAVAMENTO DA RESPONSABILIDADE – Art. 399, Código Civil: 
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser 
recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. 
Se o atraso do cumprimento da obrigação for debitado àquele a quem incumbia a entrega da coisa, mesmo que a sua 
perda ou destruição resulte de caso fortuito/força maior, recairá contra o devedor a condenação em perdas e danos – 
perpetuação da obrigação. Em outras palavras, o devedor não se exonera da obrigação de indenizar mesmo que exclua 
o nexo causal, seja pela verificação do fortuito externo ou fato de terceiro – a mora gera, então, uma expansão da 
responsabilidade do devedor. 
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa 
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo 
se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente 
desempenhada. 
OBS: excepcionalmente, o devedor isentará a sua responsabilidade pelo fortuito ao tempo da mora se demonstrar que, 
mesmo se a entrega fosse tempestiva, o evento lesivo ainda ocorreria. Ex: a intempestiva entrega da casa alienada ao 
adquirente que culminou por ser destruída devido a um terremoto ao tempo da mora. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
• PRINCÍPIO DA SIMETRIA E REGULAMENTAÇÃO DOS FRUTOS – Art. 237, Código Civil: quando a coisa florescer, 
quando incrementa, quem sofre esse bônus é o dono – é para o ônus e o bônus e é essa garantia que o art. 237 
fornece. 
Sendo, então, a regra da simetria, todas as benfeitorias (necessárias e úteis, efetuadas de boa-fé) e acessões efetivadas 
na coisa até a tradição serão incorporadas ao patrimônio do seu titular que será legitimado, portanto, a postular a 
extinção da obrigação caso o credor se recuse a pagar o novo valor. 
Existem obrigações acessórias e anexas (separação que depende da doutrina) que o indivíduo deve ter para garantir a 
coisa no estado em que foi negociada. Se, por exemplo, o dono tiver que entregar uma vaca em 15 dias e ela estiver 
prenha, o comprador é obrigado a pagar mais ou desfazer o negócio. A doutrina faz uma ressalva, dizendo que o devedor 
não pode ter tido dolo ou culpa nesse incremento – ele não pode se beneficiar do próprio ato. 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos 
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
O parágrafo único, por sua vez, diz que enquanto não houve a tradição o bem pertence ao devedor que tem o 
direito de ter os frutos, porque é o dono; após a tradição, pertence ao credor que, agora, é o dono. 
 
• OBRIGAÇÕES DE RESTITUIR COISAS: não é algo distinto, só se difere no fato de ser uma obrigação superior, 
superveniente e é sempre de coisa certa, porque a pessoa tem que devolver o bem no estado em que foi dado, que 
recai sobre um bem infungível (é um devedor, no sentido de devolver uma coisa no final da relação). 
Não há uma transferência de propriedade, mas de posse, pois o bem está cedido temporariamente ao devedor, de 
forma gratuita ou onerosa, devendo este restituir o seu poder fático ao credor, ao final da relação. 
Ex: contrato de locação, obrigação de firmar coisa certa – há um aluguel, não uma propriedade. 
o RISCO DA PERDA DA COISA – arts. 238 e 239, Código Civil: a regra é a mesma – res perito domino. A 
diferença é que o domino não é o devedor, é o credor. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da 
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da 
perda. 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e 
danos. 
 
o RISCO DA DETERIORAÇÃO DA COISA – art. 240, Código Civil: situação em que não tem perda efetiva, mas 
perde seu valor/utilidade. Uma ressalva que a doutrina faz é que a deterioração tem que ser significativa, 
no caso concreto – há a prerrogativa de o indivíduo aceitar a coisa, com a indenização equivalente, ou não 
aceitar e receber uma indenização integral. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se 
ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
▪ ENUNCIADO nº 15 da I Jornada de Direito Civil – CJF: a referência melhor é o 236, porque o 239 
se houver uma deterioração o credor não pode aceitar uma coisa, ele teria que necessariamente 
receber o equivalente e o 236 dá a escolha ao credor. 
 
o PRINCÍPIO DA SIMETRIA E REGULAMENTAÇÃO DOS FRUTOS – arts. 241 e 242, Código Civil: 
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou 
trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso 
se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé 
ou de má-fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste 
Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
A questão é a boa-fé ou a má-fé. Se a benfeitoria for de boa-fé, o indivíduo tem direito a ser indenizado das 
benfeitorias úteis e necessárias (essas regras são supletivas, se aplicam na ausência de manifestação no 
contrato – o que vale é o que está no contrato). Por lei, as benfeitorias úteis só serão indenizáveis com a prévia 
anuência do credor, na locação urbana. As benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis, contudo, pode 
exercer o jus tollendi que é o direito de carregar consigo as benfeitorias voluptuárias desde que não prejudiqueo bem principal – para exerce-lo, há o direito do proprietário de compra a benfeitoria voluptuária, então, em 
tese não haveria o direito de não querer vender (o juiz pode optar por não aplicar o que está na lei). Nesse 
caso, o sujeito também tem direito de retenção. 
Por sua vez, se a benfeitoria for de má-fé e for necessária, terá o direito de retenção, mas não terá o direito de 
retenção. E em relação aos frutos, é a mesma coisa. 
 
• OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (OBRIGAÇÕES GENÉRICAS): num primeiro momento, não se sabe a coisa que 
deve ser entregue, diferentemente da obrigação de dar coisa certa. Há uma possível definição do bem, mas não 
sabe, no primeiro momento, exatamente o que deverá ser entregue (é um objeto lícito, possível e determinável). 
Deve ser entregue em perfeito estado, o gênero não perece; não está comprando o produto, mas um produto e 
que há a obrigação de procurar o produto. 
o INDETERMINAÇÃO RELATIVA E TRANSITÓRIA – art. 243: precisa ter essas características, sob pena de 
indeterminabilidade do produto. E transitória porque irá acabar em um momento. 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
o ESCOLHA OU CONCENTRAÇÃO (CONCRETIZAÇÃO*) – arts. 244 e 245: o momento que se concretiza, é o 
momento que se comunica ao credor, porque se responde com menos riscos. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se 
o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a 
prestar a melhor. 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. 
OBS – o que pode ser exigido? Não pode exigir a melhor coisa, mas também não pode fornecerá pior coisa. Há uma regra 
de equidade que pode ser obrigado a entregar a coisa “meeira”, intermediário. Sendo uma derivação da boa-fé objetiva, 
como diretriz da eticidade e o dever anexo de cooperação. 
o GENUS NON PERIT – art. 246: mesmo que se perca sem culpa, ainda existe a obrigação de entregar o bem, 
na quantidade contratada, porque o gênero não perece. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que 
por força maior ou caso fortuito. 
▪ CASO PARA PROBLEMATIZAÇÃO – as dívidas genéricas restritas: consiste numa situação em que 
assume uma obrigação de dar coisa incerta, só que possui um certo limite – há um espaço físico 
limitado, que quando atingido, a obrigação não existe mais. O gênero é restrito. Ex: animal raro 
que só se encontra em outros países, cuja espécie se encontra em extinção. 
 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
2. OBRIGAÇÕES DE FAZER: há quase uma sobreposição entre obrigação de fazer e obrigação de dar – ex: entregar um 
quadro. Então, nas obrigações de fazer, pretende o credor a prestação de um fato, consistente na realização de uma 
atividade pessoal ou serviço pelo devedor ou por um terceiro, de que não resulta imediatamente a transferência de direitos 
subjetivos – sobreleva a conduta do devedor e não o bem que eventualmente dela resulte. 
Se diferem da obrigação de dar, porque compreendem esta conduta humana como antecedente lógico de uma eventual 
obrigação de entrega. Nas obrigações de dar, esta entrega não é precedida de uma atividade humana consistente em 
fazer. Se o devedor tiver de confeccionar a coisa para depois entrega-la, a obrigação é de fazer; se, ao contrário, o devedor 
não tiver previamente de fazer a coisa, a obrigação é de dar. 
O sistema processual passou por mudanças significativas, na lógica de operação, e as obrigações toca muito com o processo, 
o cumprimento das obrigações e um capítulo específico. Até pouco tempo, a lógica que predominava é que tudo poderia 
ser resolvido por perdas e danos – quando se pensa em valor econômico, é simples, mas na obrigação de fazer, por exemplo, 
uma pintura feita especificamente por alguém, como iríamos resolver? Como o Judiciário força alguém a fazer algo? O 
Judiciário não tinha respostas e convertia em perdas e danos, o que efetivamente não é uma resposta – há de buscar a 
satisfação do credor. 
Atualmente, a sistemática é estruturada em termos de prover o cumprimento da obrigação que foi prometida – buscar 
alternativas para compelir ao devedor a cumprir as obrigações. Fixam-se multas astreintes para inibir e que serviu em 
alguma medida para resolver alguns problemas; o juiz poderá estabelecer outras medidas para garantir o cumprimento. 
• TUTELA ESPECÍFICA COMO ALTERNATIVA PRIORITÁRIA: a persecuções faz cada vez mais notória, a ponto de hoje 
ter margem para pessoa pensem em prisão civil para devedores. De toda sorte, se ainda assim, não for cumprida a 
obrigação, essa obrigação será convertida em perdas e danos, porque terá um momento em que não conseguira 
substituir o devedor naquela situação em específico. E não é um cumprimento perfeito, é um descumprimento com 
um remédio. 
 
• INFUNGIBILIDADE DA PRESTAÇÃO – MEIO OU RESULTADO: essa separação é importante, porque quando houver 
uma prestação fungível, teremos a autoexecutoriedade da obrigação. Nas fungíveis, se preocupa com o resultado 
– não precisa ser aquela pessoa em específico que realize (ou seja, outra pessoa pode dar cumprimento sem 
prejuízo ao credor). Nas infungíveis preocupa-se com os meios, são aquelas que só pode ser prestada por aquele 
devedor (nas suas qualidades pessoais). A infungibilidade é aferida na concretude do caso. 
 
• INADIPLEMENTO: 
o RECUSA AO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO INFUNGÍVEL – art. 247: garante autoexecutoriedade – se 
poder ser executado por terceiro, irá. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só 
imposta, ou só por ele exequível. 
o IMPOSSIBILIDADE (NATURAL, FÍSICA OU JURÍDICA) SUPERVENIENTE – art. 248: nessa situação já se 
verificou o inadimplemento da obrigação de fazer – afastada a hipótese de mora –, pois a prestação não é 
mais útil para o credor ou possível para o devedor. A impossibilidade se verifica quando a prestação não 
puder ser realizada por razões de fato ou de direito, dirigindo-se a norma tanto às prestações fungíveis, 
como às infungíveis. 
▪ NATURAL: quando o fato da natureza a provoca; 
▪ FÍSICA: quando o devedor não pode mais pessoalmente executa-la; 
▪ JURÍDICA: quando norma de ordem pública superveniente impede a realização da prestação. 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; 
se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
 
 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
o AUTOEXECUTORIEDADE – art. 249: se aplica especificamente à mora do devedor nas obrigações de fazer 
fungíveis. A recusa do devedor faculta ao credor perseguir o adimplemento através da atuação de um 
terceiro. Incumbirá ao devedor inadimplente não só custear o serviço realizado pelo terceiro (tutela 
específica), como também indenizar os danos causados ao credor. 
A autoexecutoriedade permite que aquele credor a quem se recuse a pretensão de fazer possa com celeridade 
satisfazer sua pretensão, evitando a espera por uma decisão judicial, que muitas vezes pode chegar sem mais 
traduzir qualquer efetividade. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa 
do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, 
executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
3. OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: são sempre personalíssimas, a pessoaassume um compromisso pessoal de não prestar 
determinada conduta ou não se insurgir contra o agir autorizado de outrem. 
• RESTRIÇÃO PERSONALÍSSIMA (INFUNGÍVEL): é, então, sempre um vínculo pessoal, infungível e intransmissível, 
haja vista que toda omissão é uma atitude pessoal e intransferível do devedor. 
 
• IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE – art. 250: somente se extinguem quando verificadas as condições 
estabelecidas pelas partes em sua relação negocial, seja porque vencido o prazo durante o qual o devedor se 
obrigou ao não fazer, seja pela perda do objeto da obrigação negativa, ou, ainda, pelas demais formas naturais de 
cessação da possibilidade de agir, como nos casos de morte ou desaparecimento de uma das partes, ou pelo 
perecimento ou alienação do bem sobre o qual incidia a obrigação. 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne 
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
 
• INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO-FAZER INSTANTÂNEAS/TRANSEUNTES E DAS ORBIGAÇÕES DE 
NÃO-FAZER PERMANENTES OU CONTÍNUAS: 
o INSTANTÂNEAS ou TRANSEUNTES: são aquelas que quando descumpridas uma única vez são irreversíveis, 
gerando inadimplemento absoluto (ex: não divulgar segredo industrial de empresa) – é impossível a 
restituição ao estado originário. Não há incidência de mora. 
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou 
o ato de que se devia abster. 
o PERMANENTES ou CONTÍNUAS: admitem, mesmo após o descumprimento, a opção pela purgação da 
mora através da recomposição ao status quo ante (ex: obrigação de não poluir, que é sanada pela 
instalação de aparelhos não poluentes) e, assim, perduram ao longo do tempo. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o 
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente 
de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
 
4. OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS/DE PAGAR: essas obrigações nem todos os autores colocam como categoria específica, mas 
há um tratamento próprio e diferenciado. Basta nos atentar para o fato que essas obrigações são, no final das contas, o 
meio supletivo de cumprimento das outras obrigações – se não foram cumpridas com culpa, haverá a obrigação pecuniária. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
Mesmo diante de outras obrigações, ela serve como a alternativa a ser utilizada para garantir de algum modo o 
cumprimento, que o credor “não fique a ver navios”. 
Então, a tutela pecuniária é conhecida como execução genérica, pois o credor detém livre acesso a qualquer um dos bens 
que compõem o patrimônio do devedor, visando convertê-los em dinheiro (exceto os impenhoráveis – art. 833, NCPC), a 
fim da satisfação do direito ao crédito. 
Existe a questão de atualização monetária dentro da nossa sistemática toda e qualquer dívida pecuniária e 
automaticamente. É necessariamente corrigida financeiramente. Atualizada por correção monetária mais juros de mora, 
encontradas ano código civil, ainda que não seja vista como obrigação de pagar por este. Mesmo que não haja uma 
referência específica no contrato, há de garantir a correção monetária se destina não a aumentar o valor do débito, de 
beneficiar o credor, mas de garantir a equivalência ou justiça no valor a ser pago, porque vivemos com a inflação. 
 
OBRIGAÇÕES EM RELAÇÃO AOS ELEMENTOS 
Numa obrigação existem os sujeitos e os objetos direto/imediato (prestação que comportará um dar, fazer, um não-fazer e 
um pagar) e o mediato/indireto que é o bem da vida que se deseja. 
NOÇÕES GERAIS 
• OBRIGAÇÕES SIMPLES – UM CREDOR, UM DEVEDOR, UMA PRESTAÇÃO: é aquela que tem um credor e de outro 
lado teremos o devedor em função de um objeto. É a forma mais imediata de se enxergar uma obrigação, de menos 
complexidade. Elas podem, habitualmente, se tornar em obrigações compostas. 
 
• OBRIGAÇÕES COMPOSTAS OU PLURAIS: é aquela que tem ou mais de um credor, ou mais de um devedor ou mais 
de uma prestação – é a pluralidade de pelo menos um de seus elementos. 
o OBRIGAÇÕES OBJETIVAMENTE COMPOSTAS: a ênfase reside na multiplicidade de objetos. 
▪ OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS/CONJUNTIVAS: existe mais de uma obrigação, mais de um caminho 
a ser percorrido e é necessário cumprir todas essas obrigações, sob pena de se tornar 
inadimplente. É uma soma de prestações que decorrem de um único título e um único fato 
jurídico. 
▪ OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS: não possui uma base normativa, mas é aceita pela jurisprudência. É 
aquela que é simples, mas no momento do cumprimento o sujeito pode se exonerar entregando 
outro bem que não tem nada a ver com a obrigação. 
Ex: A fecha um negócio com B para entregar um objeto X. Esse objeto X se perde sem culpa de A 
e B aceita o objeto Y no lugar. 
▪ OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS: é a qual o Código Civil regulamenta de forma mais intensa. O sujeito 
que deve poderá se ver desincumbindo cumprindo uma ou outra situação, alternativamente. 
Existem caminhos possíveis para o sujeito se exonerar, mas por meio de apenas um deles, a 
obrigação será satisfeita. 
o OBRIGAÇÕES SUBJETIVAMENTE COMPOSTAS: se instala, em regra, no momento genético da obrigação 
(no exato momento da constituição da relação jurídica). 
▪ OBRIGAÇÕES FRACIONÁRIAS: aquelas obrigações que aceitam o cumprimento dividido. 
▪ OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS: significa que um irá responder pelo outro (no polo ativo ou polo 
passivo). A prestação é somente uma, centrando-se a indeterminação na vertente subjetiva da 
relação obrigacional. 
▪ OBRIGAÇÕES (IN)DIVISÍVEIS: só aceita o cumprimento no todo. 
 
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (DISJUNTIVAS) 
• DEFINIÇÃO/PECULIARIDADE: são as obrigações objetivamente compostas e são aquelas em que existem, pelo 
menos dois meios, para satisfazer a obrigação – é uma situação de pluralidade de prestações, mas que apenas uma 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
delas pode ser satisfeita. Então, o credor se satisfaz recebendo a prestação A ou a prestação B, que são idôneas 
isoladamente. De algum modo, lembram as obrigações genéricas – de dar coisa incerta. É sempre uma obrigação 
transitória. 
 
• CONCENTRAÇÃO: é o momento da escolha. Tal qual as obrigações de dar coisa incerta, nascem com objeto 
indeterminado (no sentido de existir escolha, mas que não se sabe qual será levada adiante), mas antes do seu 
cumprimento ela vai precisar sofrer uma especificação, uma definição do caminho. Numa obrigação genérica existe 
apenas uma prestação, de dar uma coisa incerta, não tendo um meio alternativo para resolver; na alternativa, existe 
mais de uma prestação, recai sobre a própria prestação, mais do que o bem, existe o caminho. A escolha é feita de 
forma parecida, na prática. 
Tal fase caracteriza-se pela conversão da obrigação alternativa, originalmente plural, em obrigação simples, pela 
determinação do objeto a ser prestado. 
o NATUREZA JURÍDICA – ATO JURÍDICO POTESTATIVO E RECEPTÍCIO: é um ato jurídico no sentido estrito 
que é aquele que depende de manifestação de vontade, cujos efeitos já estão previstos em lei. Potestativo, 
porque se modifica a esfera jurídica de outra pessoa e ela apenas se submete (contudo, submetendo-se ao 
princípio da boa-fé objetiva); e receptício, pois só opera efeitos quando chega ao conhecimento da outra 
parte. 
o EFEITO/CONSEQUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO: é a concentração que vai definir qual é a natureza da 
prestação a ser cumprida (se consisteem um dar ou um fazer, se é divisível ou indivisível, específica ou 
genérica). Os efeitos da concentração retroagem à data da constituição da obrigação, como se simples 
fosse desde o início 
OBS – Dupla Vantagem: pode se dizer que aumentam, por parte do devedor, as perspectivas de 
cumprimento e diminuem os riscos a que os contratantes se acham expostos. 
o IRRETRATABILIDADE (ELECTA UMA VIA, ALTERA NON DATUR): é considerado como ato jurídico perfeito 
que não pode voltar atrás. Se optou por entregar um bem, comunicou ao credor, este não é obrigado a 
devolver – fica vinculado a escolha feita, salvo se o credor concordar em negociar. 
o AUTONOMIA DAS PRESTAÇÕES: embora plurais, são autônomas e isso quer dizer que não pode misturar 
o cumprimento das prestações, ou seja, se deu a opção do bem A ou o bem B, não pode misturar e entregar 
A + B, salvo se as partes negociarem – é autônoma em relação à outra. 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
o A OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E PERIÓDICA – art. 252, §2º: em princípio pode escolher o que for entregar 
em cada período, a não ser que tenha alguma disposição em sentido diverso. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em 
cada período. 
o A QUEM COMPETE A CONCENTRAÇÃO: 
▪ CONCENTRAÇÃO CONFIADA A UM TERCEIRO – art. 252, Código Civil: credor e devedor poderão 
delegar a opção da prestação à outra pessoa, que atuará como uma espécie de representante ou 
mandatário das partes. Caso o terceiro se negue ou não lhe seja possível a tarefa, a impossibilidade 
não acarretará a nulidade da obrigação. As partes alcançarão a escolha pela via consensual ou ao 
juízo arbitral, se houver cláusula compromissória, caso contrário, a concentração ficará a cargo do 
magistrado. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a 
escolha se não houver acordo entre as partes. 
Idêntica determinação judicial será efetivada para cessar a indeterminação relativa da obrigação, 
caso o acordo tenha estipulado que a escolha seja responsabilidade de uma pluralidade de pessoas 
e estas não alcancem o consenso dentro do prazo pactuado. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, 
findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
▪ Existe mora em virtude do não exercício do direito de escolha? A demora do devedor em escolher 
não constitui mora do exercício do direito de escolha, mas de não ofertar a prestação dentro do 
prazo da relação jurídica. A inércia da parte ao exercício do direito de escolha no prazo contratual 
ou em interpelação transmitirá à outra parte o direito de escolha. 
Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para 
exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado 
em lei ou em contrato. 
§1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado. 
§2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la. 
 
• DA IMPOSSIBILIDADE DE(AS) PRESTAÇÃO(ÕES): 
o IMPOSSIBILIDADE ORIGINÁRIA – art. 253, Código Civil: na obrigação genérica só se tem uma prestação, 
se for impossível dar essa coisa incerta, o negócio jurídico é nulo. Por sua vez, aqui, se houver uma 
impossibilidade originária acometer uma das prestações, as obrigações se mantêm em relação às 
restantes. Se for ilícito, anula da mesma forma. 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação (invalidade do negócio 
jurídico, seja por impossibilidade originária ou ilicitude do objeto) ou se tornada inexequível, subsistirá 
o débito quanto à outra. 
o IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE (ANTES DA CONCENTRAÇÃO): porque depois da concentração se 
aplica a regra do que sobrar (ou seja, as regras pertinentes às obrigações de dar coisa certa). 
▪ NÃO IMPUTÁVEL ÀS PARTES: quando incide um evento cuja causa pode ser atribuída a um fato 
externo ao desempenho das partes (fortuito ou fato de terceiro). 
→ DE TODAS AS PRESTAÇÕES – art. 256: extingue-se devolvendo as partes ao status quo – 
cada um experimenta o prejuízo que lhe couber. 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a 
obrigação. 
→ DE (ALG)UMA DA(S) PRESTAÇÃO(ÕES) – art. 253: se incumbe ao devedor prestar uma 
prestação A ou outra B e uma delas, a B, por exemplo, não for mais possível, sobejará a 
prestação concentrada em A – que se torna uma obrigação simples. 
▪ POR CULPA DO DEVEDOR: 
→ DE TODAS AS PRESTAÇÕES – art. 254 e 255, parte final: gera o direito de reparar por 
perdas e danos. 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo 
ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais 
as perdas e danos que o caso determinar. 
Art. 255. (...); se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o 
credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. 
OBS – Perda Deliberada: forçar a perda de um determinado caminho, havendo discussão. 
→ DE A(LG)UMA DA(S) PRESTAÇÃO(ÕES) – art. 255, parte inicial: tutela-se o poder de 
escolha do credor, sancionando-se o devedor pelo seu comportamento negligente. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do 
devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e 
danos; (...) 
 
OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS (COM FACULDADE ALTERNATIVA DE CUMPRIMENTO) 
É uma categoria suis generis, TEM SÓ UM OBJETO, UMA SÓ PRESTAÇÃO. Há uma estrutura em que tecnicamente só tem 
uma milonga ser percorrido, mas é como se o credor dissesse que aceitaria, se o devedor quisesse, uma outra opção. Daria 
a quitação por causa desse outro caminho. Ele não poderia entrar com uma ação para requerer o outro caminho, porque a 
obrigação é apenas desse primeiro caminho. 
Na hora do cumprimento, por uma liberalidade que não influencia na estrutura da obrigação, há uma outra forma de quitar 
a obrigação. Há uma faculdade do credo de desonerar a parte por meio de outra maneira. 
• DEFINIÇÃO: consiste na possibilidade conferida ao devedor de substituir o objeto inicialmente prestado por outro, 
de caráter subsidiário, mas já especificado na relação obrigacional. 
 
• CRÍTICA TERMINOLÓGICA: a doutrina prefere a designação da nomenclatura com faculdade alternativa de 
cumprimento, uma vez que a nomenclatura obrigações facultativas pode levar a erro, no sentido de poder supor 
um modelo jurídico no qual a subsistência da relação dependeria exclusivamente da vontade do devedor, que teria 
o direito potestativo de descumprir a obrigação, se assim entendesse. 
 
• PECULIARIDADES: são obrigações simples, ou seja, já nasce pronta para ser cumprida, pois há um único vínculo 
obrigacional e uma só prestação, cujo objeto é imediatamente determinado – ao devedor é oportunizada a 
faculdade de, no momento do pagamento, substituir a prestação por outra, previamente consignada no contrato. 
A obrigação facultativa jamais poderá ser exigida ou reclamada pelo credor, pois se encontra no âmbito jurídico do 
devedor. 
o IMPOSSIBILIDADE ORIGINÁRIA: sobejará toda a obrigação em faceda perda do objeto. 
o PERDA SUPERVENIENTE DE UMA DAS COISAS: a obrigação facultativa se extingue se o objeto principal for 
perdido; a perda da coisa acessória nada repercute no cumprimento da obrigação facultativa, uma vez que 
era opção exclusiva do devedor. 
 
OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (CONJUNTIVAS) 
• DEFINIÇÃO: é a incidência de duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis por um único título e um único 
fato jurídico na origem. 
 
• CARACTERÍSTICAS: O devedor apenas se exonerará quando prestar as duas ou mais prestações de forma conjunta, 
pois, enquanto uma delas não tiver sido adimplia, poderá o credor exigi-las na totalidade do devedor, sendo-lhe a 
recusa da oferta parcial. O descumprimento de uma das prestações significa o inadimplemento total. 
 
• OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS x PLURALIDADE DE OBRIGAÇÕES SIMPLES: só haverá cumulação de obrigações 
quando o interesse do credor estiver no conjunto, por isso que o devedor somente se exonerará se satisfizer todas 
as prestações; quando as diversas prestações corresponderem a obrigações com causas diversas, não se verificará 
a pluralidade no objeto da obrigação, na medida em que cada qual terá objeto simples. 
 
OBRIGAÇÕES FRACIONÁRIAS (CONJUNTAS) 
• REGRA GERAL (CONCURSU PARTES FIUNT), SUAS CONSEQUÊNCIAS E EXCEÇÕES: em regra, havendo pluralidade 
de credores ou devedores em obrigação de natureza divisível e inexistindo solidariedade legal ou contratual, cada 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
um dos titulares portar-se-á de forma autônoma, com relação aos seus direitos e deveres, fracionando-se a 
obrigação em partes iguais – cada credor só pede a sua parte e cada devedor só se obriga por sua parte. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se 
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
Essa regra é excepcionalmente derrogada quando as obrigações complexas por multiplicidade de partes revestem-
se de indivisibilidade (art. 258, Código Civil) ou solidariedade (art. 264, Código Civil). Nessa situação, o credor poderá 
exigir o pagamento integral de cada um dos devedores, embora cada qual só deva a sua fração. Por outro lado, o 
devedor poderá efetuar pagamento integral a um dos credores, exonerando-se do débito, mesmo que existam 
outros credores. 
 
OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS 
• SOBRE A INDIVISIBILIDADE DA PRESTAÇÃO: 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não 
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão 
determinante do negócio jurídico. 
Não se trata, portanto, da indivisibilidade da obrigação, mas sim da prestação. 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
A obrigação é materialmente divisível quando, fracionadas, as partes não perdem as características essenciais do todo nem 
sofrem depreciação acentuada; e, indivisível, em caso contrário – haverá o prejuízo à substância da coisa, com perda de sua 
utilidade e função. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por 
vontade das partes. 
OBS – “por motivo econômico”: implica a impossibilidade de divisão da prestação naqueles casos em que haveria redução 
substancial do valor da coisa em objeto da prestação, inviabilizando a própria obrigação. 
• EFEITOS DA INDIVISIBILIDADE: 
o PAGAMENTO COM PLURALIDADE DE DEVEDORES – art. 259, Código Civil: cada devedor obriga-se pela 
dívida toda, ele não poderá solver pro parte, pois ante a impossibilidade de fracionamento, a prestação é 
exigível por inteiro, por qualquer credor. 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado 
pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos 
outros coobrigados. 
 
o PAGAMENTO COM PLURALIDADE DE CREDORES – arts. 260 e 261, Código Civil: cada credor tem direito 
de reclamar a prestação por inteiro e o devedor desobriga-se pagando a um ou a todos. 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o 
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este, caução de ratificação dos outros credores. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
OBS: a caução é um documento no qual se insere uma garantia de aprovação da quitação unilateral 
por parte dos outros credores. Se não obter a caução, não poderá ser compelido o devedor a pagar, 
caracterizando-se como legítima sua recusa. 
 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o 
direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
 
Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do 
processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito. 
o REMISSÃO DA DÍVIDA POR UM DOS CREDORES – art. 262, Código Civil: o perdão não produzirá efeitos 
perante os demais credores, podendo qualquer deles exigir do devedor o pagamento, desde que abatida 
do valor total a cota do credor que efetuou a remissão. 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas 
estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou 
confusão. 
Apesar do artigo tratar apenas da remissão, aplica-se extensivamente às demais modalidades de extinção 
do débito, para compreendermos que a novação, compensação, transação e a confusão do débito em 
relação a um dos credores são intercorrências suscetíveis de gerar a extinção da obrigação indivisível. 
 
o INDIVISIBILIDADE E CONVERSÃO DA OBRIGAÇÃO EM PECUNIÁRIA (PERDAS E DANOS) – art. 263, Código 
Civil: a perda do objeto nas obrigações indivisíveis acarreta sua extinção em face da conversão da prestação 
originária no equivalente pecuniário das perdas e danos. Se a causa da indivisibilidade resultar em sua 
natureza, o perecimento do bem jurídico reativará o princípio genérico do fracionamento da obrigação, 
ficando cada devedor responsabilizado tão somente pela sua cota. 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos 
por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e 
danos. 
 
ENUNCIADO 540, CJF 
Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de apenas um dos devedores, 
todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas perdas e danos. 
o PRESCRIÇÃO – arts. 201 e 204, Código Civil: é um prazo que sempre beneficia o devedor. Existem causas 
suspensivas (ela sobresta que um determinado período algum prazo prescricional seja contado; são 
pessoais), impeditivas e interruptivas (é o reinício da contagem; são objetivos, se comunicam). 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a 
obrigação for indivisível. 
 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a 
interrupção operada contra o co-devedor, ouseu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 
§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção 
efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 
§ 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros 
herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 
§ 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. 
 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
• DEFINIÇÃO – DÉBITO x RESPONSABILIDADE – art. 264: 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um 
devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 
Nesse sentido, não há lugar para a regra do concursu partes fiunt (no concurso as partes fracionam), uma vez que cada 
credor ou cada devedor atua como e fosse o único de sua classe. 
• CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS: 
o PLURALIDADE SUBJETIVA: seja por concorrência de vários credores, cada um com direito à dívida toda 
(solidariedade ativa); seja por pluralidade de devedores, cada um obrigado a ela por inteiro (solidariedade 
passiva), ou mesmo pluralidade de credores e devedores (solidariedade mista). 
Nas obrigações solidárias, tal como acontece nas conjuntas, a cada credor ou devedor só compete uma 
parte da prestação. Mas existe uma obrigação acessória entre os vários cocredores ou codevedores, por 
virtude do qual se explica a possibilidade de o credor solidário poder exigir a totalidade da prestação e o 
devedor solidário ser obrigado a satisfazê-la integralmente. 
Cada credor ou devedor atua como se fosse o único de sua classe – expansão da responsabilidade 
individual. 
o UNIDADE OBJETIVA → TEORIA UNITÁRIA x TEORIA PLURALISTA – art. 266: há apenas uma relação de 
direito material conectando credores e devedores – não há constituição de diversos vínculos obrigacionais, 
mas tão somente de um único elo entre credores e devedores que implica na exigência do adimplemento 
pela integridade. 
▪ TEORIA PLURALISTA: na solidariedade há um feixe de relações obrigacionais distintas, existentes 
tantos vínculos jurídicos quanto o número de credores ou devedores. 
▪ TEORIA UNITÁRIA: afirma a configuração de apenas um vínculo obrigacionais ligando os 
devedores aos credores, a despeito da pluralidade subjetiva. Essa teoria é a adotada, sob o 
fundamento de que a obrigação se extingue mediante o pagamento por qualquer dos devedores 
(com liberação dos restantes) e o recebimento da prestação por qualquer dos credores (com 
quitação dos demais). 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e 
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
A teoria pluralista encontraria fundamentação no artigo acima, contudo, acredita-se que este não ratifica 
a qualificação da solidariedade como junção de vários vínculos obrigacionais. É importante se ater aos 
planos da validade e da eficácia do negócio jurídico – a solidariedade não se descaracteriza se a prestação 
for estipulado de forma pura e simples para um dos credores ou devedores e sob termo ou condição para 
outros. Essas peculiaridades não elidem características fundamentais da solidariedade. 
 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
ENUNCIADO 347, CJF 
 A solidariedade admite outras disposições de conteúdo particular além do rol previsto no art. 266 do 
Código Civil. 
 
Ou seja, o disposto no art. 266 não exaure as diversas possibilidades de estipulação de cláusulas acessórias. 
Apesar das variações quanto ao plano da responsabilidade patrimonial (Haftung), o débito, como 
substância da prestação, é uno e exatamente idêntico para todos os devedores. 
 
o SOLIDARIEDADE EXTERNA x FRACIONAMENTO INTERNO: qualquer credor poderá exigir o pagamento de 
qualquer devedor no todo, como se fosse o único existente, assim como o devedor comum poderá se 
exonerar pagando o total a qualquer credor – haverá o direito ao regresso com relação ao outro, seja exigir 
sua parte do cocredor ou exigir um pagamento de suas quotas aos outros codevedores. Mas, nas relações 
internas não se cogita a solidariedade – aplica-se o benefício da divisão. 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores 
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no 
débito, as partes de todos os co-devedores. 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela 
parte que lhes caiba. 
o SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME – art. 265: em regra geral é o concursu partes fiunt, ou seja, 
corresponde ao fracionamento das obrigações. Por meio do Código Civil, a solidariedade nasce em virtude 
da convenção das partes ou imposição legal. Tal regra não se aplica somente aos negócios jurídicos 
bilaterais, mas também os unilaterais como o testamento. 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
Não necessariamente será concebida a solidariedade de forma concomitante ao nascimento da relação 
obrigacional – ela pode aparecer em momento posterior e por ato autônomo. 
• SOLIDARIEDADE ATIVA: traduz o concurso de dois ou mais credores na mesma obrigação, cada um com um direito 
de exigir a dívida por inteiro, bem como promover medidas assecuratória do crédito. 
o DEFINIÇÃO – art. 267: 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da 
prestação por inteiro. 
o REGRAS DE PAGAMENTO: vale ressaltar que existem dois níveis de relação jurídica, o plano externo em 
que qualquer credor pode demandar do devedor o pagamento integral e no plano interno em que haverá 
o direito ao regresso em prol dos credores que não receberam o pagamento. 
▪ DIREITO DE ESCOLHA DO DEVEDOR E PREVENÇÃO JUDICIAL – art. 268: é uma norma que mitiga 
a liberdade do devedor, pois só poderá obter liberação pagando ao autor da ação, sob pena de ter 
que pagar a prestação integral duas vezes caso cumpra perante credor diferente do qual lhe 
acionou. 
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer 
daqueles poderá este pagar. 
▪ PAGAMENTO (PARCIAL) A UM CREDOR – art. 269: poderá o devedor oferecer o pagamento a 
qualquer um dos credores, desonerando-se da prestação sem a necessidade de procurar os demais 
ou pedir sua aprovação. O credor que recebeu a prestação integral pagará aos demais as suas 
cotas, proporcionalmente. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi 
pago. 
o FRACIONAMENTO DO CRÉDITO NA HERANÇA – art. 270: 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a 
exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação 
for indivisível. 
o CONVERSÃO DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA EM OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA – art. 271: 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a 
solidariedade. 
o REMISSÃO DA DÍVIDA POR UM DOS CREDORES – art. 272: caso um dos cocredores efetue remissão, 
compensação ou novação do débito perante o devedor comum, sem autorização dos outros, ficará 
responsável perante estes pelo débito originário, pois obviamente não podem ser prejudicados por 
transações alheias. Essa remissão não pode prejudicar terceiros, ou seja, não pode ser alvo de fraude 
contra credores. 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebidoo pagamento responderá aos outros pela 
parte que lhes caiba. 
o ASPECTOS PROCESSUAIS. EXCEÇÕES PESSOAIS. EFICÁCIA ULTRA PARTES DA COISA JULGADA – arts. 273 
e 274: aqui se trata da distinção entre as defesas indiretas de mérito, eventualmente exceções pessoais ou 
exceções comuns. Aquelas se referem apenas à defesa que exclua da apreciação judicial o pedido de um 
dos credores solidários, não se estendendo aos demais. Em comum, o fato de que, ao contrário das 
objeções de direito material, só podem ser alegadas pelas partes, mas não pronunciadas de ofício pelo 
magistrado. 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos 
outros. 
 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o 
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de 
invocar em relação a qualquer deles. 
Se a pretensão levada a juízo por um dos credores for julgada improcedente no mérito por qualquer 
motivo, seja por acolhimento de exceção pessoal ou comum, a eficácia da sentença não repercutirá sobre 
os demais cocredores. Sendo o julgamento de procedência, os seus efeitos beneficiam os demais credores, 
excetuando-se os casos em que o devedor tiver exceção pessoal contra um dos credores que não participou 
do processo. 
 
• SOLIDARIEDADE PASSIVA – art. 275: existe mais de um devedor e se comportam, em relação aos outros credores, 
como se um só fossem. O credor tem a faculdade de cobrar de um ou de todos e pode cobrar de forma parcial ou 
integral. Existe a diferenciação entre o débito (relação interna) e a responsabilidade do pagamento (que é integral). 
É uma situação extremamente vantajosa para o credor – ele passa a ter pelo menos dois patrimônios respondendo 
por uma só obrigação –, é bem mais frequente na prática. Se o credor escolheu cobrar de um só, isso não desonera 
os outros devedores da obrigação. 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores 
continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra 
um ou alguns dos devedores. 
 
ENUNCIADO 348, CJF 
O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos termos 
expressos da quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebimento da prestação pelo 
credor. 
o DÉBITO, SOLIDARIEDADE E HERANÇA – art. 276: a solidariedade é um vínculo pessoal e ele não se 
transmite sem uma expressa anuência ou determinação legal. No caso de herança, os herdeiros assumem 
uma posição em que não são devedores solidários, mas o valor corresponde a sua quota parte da herança 
– é um vínculo fracionário. O espólio que é um ente despersonalizado que representa o patrimônio deixado 
pelo de cujus, sendo transitório e se uma ação fosse contra o espólio, poderia ser uma obrigação solidária. 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a 
pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; 
mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais 
devedores. 
o DOS EFEITOS DAS CLÁUSULAS ADICIONAIS QUE GERAM AGRAVAMENTO DE DÉBITO – art. 278: quando 
for para beneficiar, a legislação permite que a contra. Mas, por outro lado, quando gerar agravamentos 
débito não serão admitidas sem o consentimento. 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores 
solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
o DA IMPOSSIBILIDADE CULPOSA – art. 279: a regra é que se tenha o fracionamento, mas na indivisibilidade 
e solidariedade poderá se responder pelo todo. Nas indivisíveis quando tiver culpa é ser responsável pela 
perda, ele responderá. Nas solidárias, se tiver uma obrigação e seu o objeto se perder, os dois erram 
solidários antes e esse vínculo continua com a perda da coisa, então ambos respondem pelo valor do 
objeto, e as perdas e danos, quem responde é quem deu causa. Se houver culpa dos dois, os dois terão o 
débito e a responsabilidade integral. 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para 
todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
o DA RESPONSABILIDADE PELOS ENCARGOS MORATÓRIOS – art. 280: é a correção monetária e o juros de 
mora. É uma condenação implícita, em que aquele que deu causa à mora estará submetido a tal 
penalidade. E a correção monetária é para não ajudar o devedor, precisa manter o equivalente, o valor 
efetivo da moeda – ela é devida mesmo que não seja pedida ou que não conste na condenação. O juros de 
mora também, ele tem uma função de reparar as perdas e danos oriundas do atraso. Os encargos 
moratórios são considerados acessórios do principal é a este irão acompanhar. 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta 
somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. 
o ASPECTOS PROCESSUAIS. EXCEÇÕES – art. 281: vai falar das exceções ditas pessoais, que são defesas 
indiretas de mérito. Não nego o direito da parte, mas trago um fato que é proteção “minha” que fere o 
direito a ele. Os devedores têm o deve de seguir as exceções que são comuns, objetivos que se aplicam a 
todos e as pessoais ele pode arguir a seu favor. 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as 
comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
Gabriela Brasil Nascimento Almeida FDBG 2019.1 
 
o PAGAMENTO PARCIAL E REMISSÃO – art. 277: 
▪ REMISSÃO DO DÉBITO: consiste na declaração do credor, aceita pelo devedor, de que não deseja 
receber o que lhe é devido. Se o credor remitir o débito em favor de um dos devedores, haverá 
extinção da obrigação em relação a ele, contudo a solidariedade remanescera em face dos demais 
devedores. Consequentemente, o credor abaterá do valor do débito a importância que remitiu. 
A remissão se baseia em considerações pessoais do credor sobre a pessoa de determinado 
devedor, sendo incabível a exoneração dos demais. 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não 
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. 
o RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE – art. 282: não está liberando do crédito, mas há um benefício de certa 
forma. Nesse modelo, dispensa a concordância do devedor e o credor não excluirá s responsabilidade do 
devedor, apenas amenizará a sua situação ao converte-lo de devedor solidário a devedor fracionário. Se 
antes havia apenas um vínculo entre credor e devedores, surge uma pluralidade de relações obrigacionais 
autônomas. 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os 
devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos 
demais. 
▪ ENUNCIADO 349, CJF: “Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores 
solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo s 
solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos 
beneficiados pela renúncia”. 
▪ ENUNCIADO 350, CJF: “A renúncia a solidariedade

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