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15/05/2019 1 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Mecanismos de Endurecimento natalia.daudt@ufsm.br 2017 Prof. Dra. Natália F. Daudt, Eng Ciência dos Materiais– DEM 1065 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 1. Introdução 2. Mecanismos de deformação plástica em metais 3. Deformação plástica de monocristais metálicos 4. Deformação plástica em metais policristalinos 5. Endurecimento por refino de grão 6. Endurecimento por solução sólida 7. Endurecimento por precipitação de segunda fase 8. Endurecimento por dispersão 9. Endurecimento por deformação plástica 10. Recuperação e recristalização de metais deformados plasticamente 2 Tópicos 15/05/2019 2 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 2a Região do diagrama x Região plástica: Deformação plástica Resistência máxima Ductilidade Ponto de ruptura Transição elástico-plástica: Resistência ao escoamento Região Plástica Diagrama de tensão-deformação DEM 1097 Ciência dos Materiais A 4 Tensão de engenharia, σ Deformação de engenharia, e Elástico + Plástico A grandes cargas ep Deformação plástica Incialmente elástico permanente (plástico) Depois que a carga é removida Deformação Plástica (Permanente) Deformação Plástica Introdução 15/05/2019 3 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 1a Hipótese: ruptura ao mesmo tempo de todas as ligações. A resistência mecânica seria extremamente elevada comparada à obtida na prática (1000 x!). 2a Hipótese: deslizamento de planos até a ruptura. QUESTÃO FUNDAMENTAL: COMO OS MATERIAIS DEFORMAM (e ROMPEM)? 5 Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A CRISTAIS DEFORMAM-SE PELO DESLIZAMENTO DE PLANOS CRISTALINOS EM RELAÇÃO AOS DEMAIS Escala microscópica: - deformação plástica é o resultado do movimento dos átomos devido à tensão aplicada - durante este processo ligações são quebradas e outras refeitas. Deslizamento 6 Normal ao plano de deslizamento Direção de deslizamento Cristais apresentam menor resistência ao cisalhamento que à tração e compressão, logo esta é a solicitação responsável pela deformação destes materiais Deformação Plástica 15/05/2019 4 DEM 1097 Ciência dos Materiais A O deslizamento ocorre mais facilmente ao longo de certas direções e planos MAIS EMPACOTADOS PLANO DE DESLIZAMENTO SISTEMA DE DESLIZAMENTO DIREÇÃO DE DESLIZAMENTO O NÚMERO DE SISTEMAS (plano + direção) ATRAVÉS DOS QUAIS PODE OCORRER O DESLIZAMENTO VARIA COM A ESTRUTURA CRISTALINA Deslizamento em monocristal Callister, 2014. 7 Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A O deslizamento ocorre mais facilmente ao longo de certas direções e planos MAIS POVOADOS PLANO DE DESLIZAMENTO SISTEMA DE DESLIZAMENTO DIREÇÃO DE DESLIZAMENTO O NÚMERO DE SISTEMAS (plano + direção) ATRAVÉS DOS QUAIS PODE OCORRER O DESLIZAMENTO VARIA COM A ESTRUTURA CRISTALINA Deslizamento em monocristal Deformação Plástica 15/05/2019 5 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Sistemas de deslizamento observados em estruturas cristalinas Deslizamento em monocristal Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A O deslizamento causa um deslocamento permanente de planos ( = deformação plástica) Monocristal de zinco deformado plasticamente ( vista frontal e lateral do cristal) Indicação dos planos basais de deslizamento na célula unitária HC Deslizamento em monocristal Força Força Vista lateral esquemática - planos basais de deslizamento no cristal HC Deformação Plástica 15/05/2019 6 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Monocristal metálico deslizamento provocado pela deformação plástica, devido à força aplicada Linhas de deslizamento no interior das bandas de deslizamento (ampliado) Em monocristais dúcteis o deslizamento ocorre em múltiplos planos, em conseqüência observa-se bandas de deslizamento na superfície destes metais. Deslizamento em monocristal Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A LEI DE SCHMID A tensão de cisalhamento necessária para produzir deslizamento em um determinado plano cristalino é chamada de TENSÃO CRÍTICA DE CISALHAMENTO ESTRUTURA CRISTALINA MONOCRISTAL Deslizamento em monocristal Normal ao plano de deslizamento Direção de deslizamento σ = F/A Força cortante = Fs/As Normal ao plano de deslizamento, ns Tensão de cisalhamento R= F s /A s AS R R FS Relações entre σ e R R = FS /AS F cos λ A / cosϕ λ F FS ϕnS AS A coscosR Deformação Plástica 15/05/2019 7 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Exercício 1: Calcule a tensão tangencial resolvida no sistema de deslizamento (111) [011] de uma célula unitária de um monocristal CFC de níquel, quando é aplicada uma tensão de 13,7 MPa segundo a direção [001] da célula unitária. Deslizamento em monocristal Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Resolução: Célula unitária CFC onde está aplicada uma tensão de tração segundo a direção [001], que origina uma tensão tangencial resolvida no sistema de deslizamento (111) [011] Sistema cúbico: IM direção plano = IM Direção normal ao plano (111) é [111] A direção de deslizamento, é [011] Força direção [001] Na figura: = 45° cos = a = 1 ou = 54,74° a 3½ 3½ r = cos cos = r = (13,7MPa) (cos45°) (cos 54,74°) r = 5,6MPa Deslizamento em monocristal Deformação Plástica [001] [011] [001] [011] 15/05/2019 8 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 15A tensão aplicada de 45 MPa não irá causar escoamento do cristal. MPa 45 cos cos = 35° = 60° crss = 20.7 MPa a) O monocristal irá escoar? b) Caso não escoe, qual a tensão necessária? = 45 MPa MPa 7.20 MPa 4.18 )41.0( MPa) 45( )60)(cos35cos( MPa) 45( crss Deslizamento em monocristal Exercício Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Mecanismo hipotético de deslizamento simplificado Mecanismo hipotético simplificado, na verdade os metais se deformam com uma tensão de cisalhamento menor que a exigida por este mecanismo. Assumindo o mecanismo abaixo e calculando o limite de resistência dos metais, obtém-se um valor na ordem de E/20 Deve existir outro mecanismo Deformação Plástica Metais não são tão resistentes 15/05/2019 9 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 1a Hipótese: ruptura ao mesmo tempo de todas as ligações. A resistência mecânica seria extremamente elevada comparada à obtida na prática (1000 x!). 2a Hipótese: deslizamento de planos até a ruptura. A resistência mecânica ainda bastante elevada (E/20!). 3a Hipótese: deslizamento facilitado por movimento de discordâncias. A resistência mecânica da mesma ordem de grandeza da prática. QUESTÃO FUNDAMENTAL: COMO OS MATERIAIS DEFORMAM (e ROMPEM)? 18 Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A 19 • Metais (Cu, Al): Movimentação de discordâncias mais fácil - ligações não direcionais - direções de alto empacotamento para o deslizamento Nuvens de elétrons Núcleos dos íons + + + + +++++++ + + + + + + +++++++ Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias O que é uma discordância? Defeito linear da estrutura cristalina Movimentação de discordâncias Callister, 2011. Deformação Plástica 15/05/2019 10 DEM 1097 Ciência dos Materiais A CRISTAIS DEFORMAM-SE PELO DESLIZAMENTO DE PLANOS CRISTALINOS EM RELAÇÃO AOS DEMAIS O DESLIZAMENTO DE PLANOS ATÔMICOS (CRISTALINOS) ENVOLVE O MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS Materiaissólidos cristalinos apresentam menor resistência ao cisalhamento que à tração e compressão, logo esta é a solicitação responsável pela deformação destes materiais 20 Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A 21 Movimentação de discordâncias e deformação plástica. Metais – deformação plástica ocorre por deslizamento – uma discordância aresta (meio plano extra de átomos) – desliza através dos planos adjacentes de átomos. • Se as discordâncias não podem se mover a deformação plástica não ocorre! Discordância em Cunha Plano de deslizamento Unidade de deslizamento Tensão de deslizamento Tensão de deslizamento Tensão de deslizamento Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias Callister, 2014. Deformação Plástica 15/05/2019 11 DEM 1097 Ciência dos Materiais A DENSIDADES DE DISCORDÂNCIAS TÍPICAS Materiais solidificados lentamente = 103 discord./mm2 Materiais deformados = 109 - 1010 discord./mm2 Materiais deformados e tratados termicamente = 105 - 106 discord./mm2 Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias 22 Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Características das discordâncias importantes para as propriedades mecânicas Nos metais deformados plasticamente cerca de 5-10% da energia é retida internamente, o restante é dissipado na forma de calor. A maior parte desta energia armazenada está associada com as tensões relacionadas às discordâncias Presença de discordâncias promove uma distorção da rede cristalina: algumas regiões ficam compridas e outras tracionadas. Campos de deformação em torno (a) de uma discordância aresta (b) de uma discordância espiral. ATRAÇÃO REPULSÃO Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias 23 Deformação Plástica 15/05/2019 12 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Resumindo - Deformação plástica em metais ocorre pelo movimento de discordâncias; - Região onde encontra-se a discordância deixa a rede comprimida - Região abaixo da discordância a rede fica tracionada - Tensão de cisalhamento é aplicada planos interatômicos são deslocados até quebrar forma-se um novo plano atômico no cristal Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Conclusão o deslizamento é facilitado pelo crescimento e movimento de uma linha de discordância ENERGIA (E) que depende - comprimento da discordância (l) - módulo de cisalhamento (G) E lGb2 - quadrado do vetor de deslizamento (b2) Discordâncias mais sujeitas à geração e expansão, para propiciar a deformação plástica, estão associadas com o MENOR valor de b (MAIOR densidade atômica linear) e MENOR valor de G (MAIOR densidade atômica planar). PLANOS MAIS COMPACTOS NAS DIREÇÕES MAIS COMPACTAS Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias 25 Deformação Plástica 15/05/2019 13 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Maclagem Segundo mecanismo de deformação plástica em METAIS Maclas também contribuem na deformação plástica Deformação em materiais CFC, como o cobre, é comum ocorrer por maclação. Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias Produção de maclas: uma força cisalhante age ao longo do contorno de grão, causando a transformação dos átomos para novas posições Uma parte da rede atômica deforma-se originando a sua transformação a imagem, num espelho plano, da parte não deformada da rede que lhe fica adjacente. PLANO DE MACLA: plano cristalográfico que separa as regiões deformada e não deformada da rede. DIREÇÃO DE MACLAGEM: direção específica em que ocorre a maclagem Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Átomos se movem em distâncias proporcionais às respectivas distâncias ao plano de macla Diferença básica entre o efeito do deslizamento e da maclagem na topografia da superfície de um material metálico deformado. Maclagem microestrutura Contorno de maclas interfere no escorregamento e RM deslizamento MACLAGEM estrutura cristalina Maclagem na estrutura cristalina e microestrutura Mecanismo de deslizamento associado a discordâncias Deformação Plástica 15/05/2019 14 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Quando ocorre é diferenciado em cerâmicos cristalinos e amorfos: - cristalinos diferencia-se em - iônicos - covalentes - amorfos semelhante a um fluxo viscoso Deformação plástica em materiais cerâmicos Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Cerâmicos não-cristalinos (amorfos): - estrutura atômica não regular - deformam-se como um fluxo viscoso semelhante aos líquidos Representação de um fluxo viscoso de um líquido ou fluido vítreo em razão de uma força aplicada. Deformação plástica em materiais cerâmicos Deformação Plástica 15/05/2019 15 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Dificuldade de deslocamento em cerâmicos com caráter iônico (repulsão). Plano no NaCl onde os íons estão alinhados (pode ocorrer deslizamento). Deformação plástica em materiais cerâmicos Cerâmicos cristalinos em elevadas temperaturas IÔNICO COVALENTE - necessidade de cinco sistemas de deslizamento Ex. Al2O3 disponível em 1550°C + + + + +++ + + + - - - ---- - - - ++ +++ ++++ Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Plano no MgO mostrando a direção de cisalhamento Deformação plástica em materiais cerâmicos Deformação Plástica 15/05/2019 16 DEM 1097 Ciência dos Materiais A A deformação plástica ocorre por deslizamento das cadeias moleculares umas sobre as outras, quebrando e refazendo as forças de ligação secundárias apolares. Deformação plástica em materiais poliméricos Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A Curvas de tensão x deformação do polimetacrilato de metilo, obtidas em ensaio de tração realizados a várias temperaturas . A transição dúctil/frágil ocorre entre 86 e 104°C. Deformação plástica em materiais poliméricos Ausência de deformação plástica Deformação plástica Deformação Plástica 15/05/2019 17 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Curvas de tensão x deformação da borracha natural vulcanizada e não-vulcanizada. A formação de ligações cruzadas entre as cadeias poliméricas de cis - 1,4 poliisopreno pelos átomos de enxofre aumenta a resistência mecânica da borracha vulcanizada. REFORÇO POR AUMENTO DE CRISTALINIDADE Curvas de tensão x deformação do polietileno expandido de baixa e alta densidade. O polietileno de alta densidade é mais resistente, porque tem maior grau de cristalinidade. Deformação plástica em materiais poliméricos Deformação Plástica DEM 1097 Ciência dos Materiais A TEMPERATURA Curva da resistência mecânica em função da temperatura para diferentes materiais Relação com o ambiente Deformação Plástica 15/05/2019 18 DEM 1097 Ciência dos Materiais A OBSTRUÇÃO DO DESLIZAMENTO POR: 1. Solubilização de um segundo elemento na rede 2. Precipitação de uma segunda fase 3. Dispersão de partículas finas 3. Contorno de grão 4. Deformação plástica (excesso de discordâncias) 5. Transformação martensítica Controle do deslizamento = controle de propriedades mecânicas Mecanismos de Endurecimento 36 DEM 1097 Ciência dos Materiais A - movimentação de discordâncias é dificultada - segundo elemento é a barreira para tal movimento - maior a quantidade, maior o efeito - quanto maior a diferença de tamanho de átomos, mais acentuado é o efeito Endurecimento por solução sólida Callister, 2011. 37 Quando um átomo de uma impureza esta presente, o movimento da discordância fica restringido,deve-se fornecer energia adicional para que continue havendo escorregamento. soluções sólidas de metais são sempre mais resistentes que metais puros de seus constituintes Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 19 DEM 1097 Ciência dos Materiais A - Presença de um ELEMENTO SUBSTITUCIONAL reduz a mobilidade de movimento de discordâncias aumenta a resistência mecânica -Discordância regiões comprimidas regiões tracionadas - Elemento substitucional maior compensa a região tracionada, aumentando a resistência mecânica; - Elemento substitucional menor compensa a região comprimida, aumentando a resistência mecânica; - Para deformar o material com o segundo elemento necessita-se de maior energia. - Macroscopicamente aumenta-se a resistência mecânica e a dureza. Endurecimento por solução sólida Callister, 2014. 38 Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A - Presença de um ELEMENTO INTERSTICIAL reduz a mobilidade de movimento de discordâncias aumenta a resistência mecânica -Discordância regiões comprimidas regiões tracionadas - Elemento intersticial compensa a região tracionada, aumentando a resistência mecânica; - Para deformar o material com o segundo elemento necessita-se de maior energia. Endurecimento por solução sólida Callister, 2014. 39 - Solução sólida intersticial Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 20 DEM 1097 Ciência dos Materiais A SOLUÇÕES SÓLIDAS SÃO MAIS RESISTENTES QUE O METAL PURO Resistência mecânica do metal puro Aumento da resistência mecânica do metal devido à formação de solução sólida Endurecimento por solução sólida Callister, 2014. 40 Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A Aumento da resistência mecânica do metal devido à formação de solução sólida: 1. Fator tamanho relativo, 2. Fator módulo relativo, 3. Interação elétrica, 4. Interação química (interação de Suzuki), 5. Interação configuracional (efeito de Fischer). Endurecimento por solução sólida 41 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 21 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 42 • Resistência à tração e ao escoamento aumenta com a porcentagem (wt%) de Ni para uma liga Cu-Ni. • Relação empírica: • Solução sólida aumenta σe e RM. 2/1 ~ CeResistê nc ia M ec ân ic a (M P a) wt.% Ni, (Concentração) 200 300 400 0 10 20 30 40 50 R es is tê nc ia a o E sc oa m en to (M P a) wt.%Ni, (Concentração) 60 120 180 0 10 20 30 40 50 Endurecimento por solução sólida Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A - movimentação de discordâncias é dificultada, - segunda fase é a barreira para tal movimento, - maior a quantidade, maior o efeito, - comportamento similar a presença de um segundo elemento na rede. Plano de deslizamento Impureza precipitada Endurecimento por precipitação de segunda fase Callister, 2014. 43 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 22 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 44 Fatores a serem considerados: tamanho, forma, número, distribuição das partículas de segunda fase, resistência, ductilidade e o encruamento da matriz, coerência cristalográfica entre as fases, energia interfacial e ligação entre as fases. Nem todas as partículas de segunda fase produzem endurecimento. Para haver é preciso uma forte ligação entre a matriz e o precipitado. Endurecimento por precipitação de segunda fase Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 45 • Precipitados duros são difíceis de cisalhar. Ex: Compostos cerâmicos em metais (SiC em ferro ou alumínio). • Resultado: S e 1 ~Grandes tensões de cisalhamento são necessárias para movimentar as discordâncias através do precipitado e promover cisalhamento. Discordância avança mas precisa contornar o precipitado Os precipitados agem como áreas de imobilização com espaço S. Vista lateral precipitado Vista superior Parte deslizada do plano de deslizamento. Parte não-deslizada do plano de deslizamento S Endurecimento por precipitação de segunda fase Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 23 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Efeito do endurecimento com fósforo na microestrutura de uma liga Al-Si. (a) silício primário, grosseiro e (b) silício primário refinado com fósforo. Efeito do conteúdo de silício e modificação da tensão de tração e % elongação para uma liga silício-alumínio Endurecimento por precipitação de segunda fase Colpaert, 2015. 46 Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A • Partículas impedem movimento de discordâncias . • Ex: Sistema Al-Cu • Processo: 47 -- Pt B: têmpera na temperatura ambiente . (retém a solução sólida α) -- Pt C: reaquecida para nuclear pequenas partículas θ dentro da fase α. • Outras ligas que tem endurecimento por precipitação: • Cu-Be • Cu-Sn • Mg-Al -- Pt A: solução tratada termicamente (forma uma solução sólida α) Endurecimento por precipitação de segunda fase (dispersão de partículas finas) Mecanismos de Endurecimento 0 10 20 30 40 50 wt% Cu L +Lα α + θ θ θ+L 300 400 500 600 700 (Al) T(ºC) Faixa de composição disponível para endurecimento por precipitação CuAl2 A Temp. Tempo Pt A (solução sólida tratamento térmico) B Pt B C Pt C (precipitado ) Têmpera 15/05/2019 24 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 48 Ex. Liga Al-Cu Zona de Guiner-Preston (GP) - coerente Dieter, 1981. Precipitado coerente. Precipitado incoerente.Solução sólida. Endurecimento por dispersão de partículas finas Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 49 • Liga de Al 2014 : • Máximo nas curvas de RM. • Aumentando a T acelera o processo. Influência do Tratamento térmico de Precipitação na Resistência à tração, %EL (elongamento) R es is tê nc ia M ec ân ic a (M P a) 200 300 400 100 1min 1h 1dia 1mês 1ano 204ºC 149ºC • Mínimo %EL na curvas. % E L (2 a m os tr as ) 10 20 30 0 1min 1h 1dia 1mês 1ano 204ºC 149ºC Tempo de tratamento térmico de precipitação Tempo de tratamento térmico de precipitação Endurecimento por dispersão de partículas finas Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 25 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 50 • Estrutura interna da asa do Boeing 767 • Alumínio é endurecido com precipitados formados pela obtenção de ligas. 1.5μm • Aplicação: Endurecimento por precipitação de segunda fase (dispersão de partículas finas) Callister, 2014. Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 51 Endurecimento por precipitação de segunda fase (dispersão de partículas finas) *Fig. 11.34 Colpaert, H. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns, 4ª Ed. Blucher, 2014. Resultado: Melhores propriedades mecânicas. Efeito do trabalho a quente sobre a distribuição de carbonetos em um aço. (a) Material bruto de fusão, com colônias de eutético contendo carbonetos. (b) Carbonetos fragmentados e distribuídos na matriz após deformação a quente. (c) Carbonetos são melhores distribuídos com o aumento da deformação. Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 26 DEM 1097 Ciência dos Materiais A MICROESTRUTURAS POLIFÁSICAS SÃO MAIS RESISTENTES QUE O METAL PURO Resistência mecânica do metal puro Aumento da resistência mecânica do metal devido a precipitação de uma segunda fase Aumento da resistência mecânica do metal devido a precipitação de eutético Endurecimentopor precipitação de segunda fase 52 Callister, 2014. Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A O contorno de grão interfere no movimento das discordâncias Devido as diferentes orientações cristalinas presentes, resultantes do grande número de grãos, as direções de escorregamento das discordâncias variam de grão para grão. Grão A Grão B Plano de deslizamento Contorno de grão - grãos adjacentes tem diferentes orientações cristalográficas Endurecimento por refino de grão Colpaert, 2015. 53 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 27 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 54 σ 300 μm • Materiais policristalinos são mais resistentes que materiais monocristalinos Contorno de grão são barreiras para a movimentação de discordâncias. • Planos e direções de deslizamentos (λ, ϕ) mudam de um grão para o outro. • τR irá variar de um grão para o outro. • O grão com grande τR escoa primeiro. • Os outros grão (com orientação menos favoráveis) escoam depois. Endurecimento por refino de grão Callister, 2014. Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A EQUAÇÃO DE HALL PETCH menor tamanho de grão, mais descontinuidades para travar o movimento de discordâncias y= o + k . d -1/2 k - constante do material y - resistência ao escoamento o - resistência inicial d - diâmetro médio do contorno de grão y o d-1/2 Endurecimento por refino de grão 55 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 28 DEM 1097 Ciência dos Materiais A - Influência do tamanho de grão em uma liga Cu-Zn. Tamanho de Grão, d (mm) R es is tê nc ia M ec ân ic a (M P a) Endurecimento por refino de grão 56 Callister, 2014. Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 57 • Dureza: • %RA: fina > grosseira > esferoidita fina < grosseira < esferoidita 80 160 240 320 wt%C 0 0.5 1 D ur ez a B rin el l Perlita fina Perlita grosseira esferoidita Hipo Hiper 0 30 60 90 wt%C D uc til id ad e ( % R A ) Perlita fina Perlita grosseira esferoidita Hipo Hiper 0 0.5 1 Microestruturas 60 μm α (ferrita) (cementita) Fe3C Cementita globulizada Perlita. Callister, 2014. Colpaert, 2015. Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 29 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Influência do tamanho de grão nas propriedades dos materiais Metais com pequeno tamanho de grão – relativamente mais resistentes e tenazes a baixas temperaturas. Metais com tamanhos de grãos maiores – boa resistência a fluência a temperaturas relativamente altas. 58 Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A ENCRUAMENTO OU ENDURECIMENTO PELA DEFORMAÇÃO À FRIO É o fenômeno no qual um material endurece devido à deformação plástica (realizado pelo trabalho à frio). Esse endurecimento dá-se devido ao aumento de discordâncias e imperfeições promovidas pela deformação, que impedem o escorregamento dos planos atômicos. A medida que se aumenta o encruamento, maior é a força necessária para produzir uma maior deformação. O encruamento pode ser removido por tratamento térmico (recristalização). Endurecimento por deformação plástica 59 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 30 DEM 1097 Ciência dos Materiais A % CW = [(Ao - Af)/Ao]*100 %CW = % de trabalho a frio Ao = área inicial Af = área final QUANTIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO PLÁSTICA - movimentação de discordâncias aumenta a resistência a deformação plástica - durante a movimentação de discordâncias, ocorre a multiplicação das discordâncias Endurecimento por deformação plástica 60 Dieter, 1981. Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 61 • Estruturas das discordâncias em Ti após trabalho a frio. • Discordâncias emaranham uma com a outra durante o trabalho a frio. • Movimentação das discordâncias torna-se mais difícil. Mudanças na estrutura durante o trabalho a frio Endurecimento por deformação plástica Callister, 2014. Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 31 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 62 Densidade de discordânias aumenta durante o trabalho a frio Densidade de discordâncias = – Monocristal crescido cuidadosamente ca. 103 mm-2 – Amostra deformada plasticamente aumenta a densidade de discordâncias 109-1010 mm-2 – Tratamento térmico reduz a densidade de discordâncias 105-106 mm-2 • Tensão de escoamento aumenta com o aumento da ρd: comprimento total da discordância unidade de volume Endurecimento por deformação plástica Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A • Deformação na temperatura ambiente (para maioria dos metais). • Operações comuns de forjamento reduzem a área da seção transversal. -Forjamento A o A d força matriz blank força -Trefilação Força de traçãoA o A dmatriz matriz -Extrusão ram billet container container força molde die A o A dextrusão 100 x % o do A AA CW -Laminação rolo Ao Ad rolo Endurecimento por deformação plástica 63 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 32 DEM 1097 Ciência dos Materiais A • Quais são os valores de tensão de escoamento, resistência mecânica e ductilidade depois do trabalho a frio do Cu? 100 x 4 44 %CW 2 22 o do D DD Propriedades Mecânicas são alteradas devido ao trabalho a frio Do = 15.2 mm Trabalho a frio Dd = 12.2 mm Cobre %6.35100 x mm) 2.15( mm) 2.12(mm) 2.15( %CW 2 22 100 x 2 22 o do D DD 64 Endurecimento por deformação plástica Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A % Trabalho a frio 100 300 500 700 Cu 200 40 60 σe = 300 MPa 300 MPa 200 Cu 0 400 600 800 20 40 60 20 40 60 20 40 600 0 Cu 340 MPa RM = 340 MPa 7% %EL = 7% • Quais são os valores de tensão de escoamento, resistência mecânica e ductilidade depois do trabalho a frio do Cu %CW = 35.6%? R es is tê nc ia a o E sc oa m en to (M P a) R es is tê nc ia a T ra çã o (M P a) D uc til id ad e ( % E L) 65 Propriedades Mecânicas são alteradas devido ao trabalho a frio Endurecimento por deformação plástica Mecanismos de Endurecimento % Trabalho a frio % Trabalho a frio 15/05/2019 33 DEM 1097 Ciência dos Materiais A ENCRUAMENTO E MICROESTRUTURA: Anisotropia → formação de textura Antes da deformação Depois da deformação Endurecimento por deformação plástica Callister, 2014. 66 Direção da laminação Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A Endurecimento por deformação plástica 67 E1 E1 = E2 = E3 = E4 = ...E9 E2 E3 E4 Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 34 DEM 1097 Ciência dos Materiais A Percentagem de deformação a frio em função da tensão de ruptura e extensão até a fratura do Cu. Percentagem de deformação a frio em função da tensão de ruptura e extensão até à fratura da liga 40%Cu 30%Zn. Encruamento aumenta a resistência mecânica Encruamento aumenta o limite de escoamento Encruamento diminui a ductilidade Endurecimento por deformação plástica Callister, 2014. 68 Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 69 Impacto do trabalho a frio • Resistência ao escoamento (σe) aumenta. • Resistência a tração (RM) aumenta. • Ductilidade (%EL or %AR) diminui. Como trabalho a frioé aumentado Aço baixo carbono Endurecimento por deformação plástica Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 35 DEM 1097 Ciência dos Materiais A MECANISMO QUE OCORRE NO AQUECIMENTO DE UM MATERIAL ENCRUADO R es is tê nc ia a tr aç ão ( M P a) du ct ili da de ( % E L)Resistência à tração ductilidade 600 300 400 500 60 50 40 30 20 tempertura de recozimento(°C) 200100 300 400 500 600 700 Endurecimento por deformação plástica Três estágios do Recozimento: 1. Recuperação 2. Recristalização 3. Crescimento de Grão Efeito do tratamento térmico após o trabalho a frio 70 Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A Endurecimento por deformação plástica 71 Evolução da microestrutura de um bronze laminado a frio 33% e recozido a diferentes temperaturas. trabalhado a frio Novos cristais nucleiam 4 s a 580°C 8 s a 580 ºC 15 min a 580°C 10 min a 700°C 3 s a 580°C. Recozimento bronze Colpaert, H. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns, 4ª Ed. Blucher, 2014. Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 36 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 72 Problema – Redução do diâmetro de uma barra por trefilação Uma barra de bronze originalmente de diâmetro 10 mm é a submetida a trabalho a frio por trefilação. A seção circular será mantida durante a deformação. Uma resistência mecânica depois do trabalho a frio de aproximadamente 380 MPa e ductilidade de no mínimo 15 %EL são desejadas. Além disso, o diâmetro final deve ser 7,5 mm. Explique como isto deve acontecer. Endurecimento por deformação plástica Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 74 – e = 420 MPa – RM = 540 MPa > 380 MPa – %EL = 6 < 15 • Não satisfaz o critério …. Quais são as outras opções possíveis? Problema – Redução do diâmetro de uma barra por trefilação Solução 540420 6 • Para %CW = 43.8% Endurecimento por deformação plástica Te ns ão d e E sc oa m en to (M P a) R es is tê nc ia a T ra çã o (M P a) Trabalho a frio (%) D uc til id ad e (% E L) Trabalho a frio (%)Trabalho a frio (%) Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 37 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 75 12 380 15 27 Para %EL > 15 Para RM > 380 MPa > 12 %CW < 27 %CW nossa faixa de trabalho está limitada a 12 < %CW < 27 Problema – Redução do diâmetro de uma barra por trefilação Solução Endurecimento por deformação plástica Te ns ão d e E sc oa m en to (M P a) R es is tê nc ia a T ra çã o (M P a) D uc til id ad e (% E L) Trabalho a frio (%)Trabalho a frio (%)Trabalho a frio (%) Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A 78 Trabalho a frio versus Trabalho a quente • Trabalho a quente deformação acima da TR • Trabalho a frio deformação abaixo TR Endurecimento por deformação plástica Mecanismos de Endurecimento 15/05/2019 38 DEM 1097 Ciência dos Materiais A 79 Resistência Mecânica é aumentada através do travamento das discordâncias (redução da mobilidade das discordâncias). Mecanismo de endurecimento de materiais metálicos: diminuição do tamanho de grão solução sólida precipitação de segunda fase dispersão de partículas finas trabalho a frio Resumindo Mecanismos de Endurecimento DEM 1097 Ciência dos Materiais A Bibliografia principal 1. Callister Jr., W. D.;. Rethwisch, D. G; Materials Science and Engineering, 9th Edition Wiley, 2012. 2. Dieter, G. E. Metalurgia Mecânica, 2ª Ed. Guanabara Dois, 1981. Bibliografia complementar 1. Bresciani Filho, E.; Zavaglia, C. A. C.; Button, S. T., Gomes E.; Nery, F. A. C. Conformação Plástica, 6ª Ed. Editora da Unicamp, 2011. 2. Colpaert, H. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns, 4ª Ed. Blucher, 2014. 3. Honeycombe, R. W. K; Bhadeshia, H. K. D. M. Steels: Microstructure and Properties, 3ª Ed, Elsevir, 2006. 4. Metals Handbook, 9th Ed., ASM, Materials Park, Ohio. Properties and Selection: Irons, Steels, and High-Performance, Volume 1 of the 10th Edition Metals Handbook, 1990. 5. Souza, S. A. Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos, Ed. Blücher, 1982. 6. Strohaecker, T. R. Mecânica da Fratura, Editora da UFRGS, 2009. 7. Van Vlack, L. H. Princípio e Ciência dos Materiais, Ed. Blucher, 21 reimpressão, 2015. 80 Referências Bibliográfica
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