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Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 1 de 10 ANAMNESE CONSIDERAÇÕES INICIAIS Antes de realizar a anamnese, é necessário que o médico se apresente com postura e boa aparência ao paciente, pois assim é possível conquistar a confiança deste e garantir uma boa relação médico-paciente. Como iniciar uma anamnese? 1. Apresentação: o médico deve se identificar ao paciente. Ex1. "Olá, me chamo X e sou médicx. Vim aqui para saber mais informações sobre o que está acontecendo para podermos fazer um diagnóstico e realizar o tratamento adequado". 2. Cumprimentar (aperto de mão) 3. Criar um ambiente agradável e propício para a coleta da anamnese. Alguns cuidados importantes nos dias atuais: Mídia Os meios de comunicação são poderosos e podem tanto ajudar quanto destruir a integridade do médico. Demonstrar emoções em excesso perante o paciente (insatisfação, impaciência, irritabilidade, tristeza, desprezo...) Ao atender o paciente, a atenção deve estar 100% dirigida a ele; fatores externos não podem afetar o momento da consulta. Possuir conhecimentos teóricos sobre as moléstias Etiopatogenia e fisiopatologia. Motivação para ouvir o paciente Consciência da importância da anamnese. Interesse genuíno pelo paciente: é necessário focar no paciente. Evitar interrupções e distrações Uso de celular, etc. Tomar cuidado com gravações (áudio e imagem); a maior defesa do médico contra gravações é escrever no prontuário que suspeitava que estivesse sendo filmado etc e que não autoriza determinada situação. Dispor de tempo para ouvir o paciente A anamnese não envolve apenas o raciocínio para chegar ao diagnóstico, pois muitas vezes já é preciso dar conforto ao paciente. Não desvalorizar precocemente informações. Não opinar sobre assuntos estranhos à moléstia Religião, política, negócios, profissão, sentimentos, moral e comportamento. Trazer esses assuntos á tona pode prejudicar a relação médico-paciente / médico-familiar. Observar o comportamento do paciente Captar mensagens não verbais. Escrever no prontuário sua impressão em relação ao que o paciente / familiar transpareceu sentir (negação, discordância, insatisfação / satisfação, compreensão...). Cabe ao médico buscar nos sintomas e queixas um elo com algum diagnóstico. A anamnese pode ser dirigida pelo médico, ou então se pode deixar que o paciente faça um relato livre - qualquer informação a mais que possa ser coletada é fundamental para a história prévia de diagnóstico; é o fator isolado mais importante para se chegar a um diagnóstico, assim como é a parte mais difícil do exame clínico. o A anamnese leva à hipótese diagnóstica em cerca de 70-80% das vezes. o Dados objetivos - O que o médico detecta durante o exame. - Todos os achados de exame físico. Ex1. Sra Maria é uma mulher branca de 50 anos, sobrepeso, cooperativa. Altura 1.60m, peso 67.5 kg, IMC 26, PA 160 x 80, FC 96... o Dados subjetivos - O que o paciente conta ao médico. - A dor é o exemplo de um dado subjetivo. - Anamnese, desde a queixa principal até a revisão de sistemas (ISDA). Ex1. Sra Maria é uma cabeleireira de 54 anos, que relata uma pressão no tórax esquerdo (como se sentisse o peso de um elefante em cima dela), com irradiação para o pescoço e braço esquerdo. o Anamnese não é sobre apenas pegar as informações dos pacientes, mas sim filtrá-las e verificar o que é relevante para se colocar em uma história evolutiva que possa ser entendida por outras pessoas. Para fazer uma anamnese é necessário raciocinar. RELATO → ELABORAÇÃO → REDAÇÃO "aná = trazer de volta, recordar mnese = memória" Lembrar de colocar a data e hora da coleta da anamnese. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 2 de 10 ESTRUTURA DA ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO Nome: arquivo / reverência (relação médico- paciente) ◌ Usar as iniciais ao descrever publicamente a história do paciente, a fim de preservar sua privacidade. Idade: doenças do grupo etário / compatibilidade do comportamento ◌ A idade influencia muito no raciocínio diagnóstico; algumas doenças são mais prevalentes em algumas idades, enquanto que outras podem ser excluídas. Sexo: masculino ou feminino ◌ Prevalência de doenças. Estado civil: arquivo / conflitos emocionais ◌ Solteiro, casado, divorciado, separado, amasiado, etc... Naturalidade: desenvolvimento sócio-econômico- cultural da região ◌ Local onde nasceu. Procedência: região de determinada doença / comportamento em relação a isso ◌ Existência de algumas doenças epidemiológicas em certas regiões. Profissão: causa de doenças físicas e psíquicas / grau de satisfação com o trabalho ◌ Esportistas de alto rendimento, trabalhadores de construção... Cor: doenças comuns / comportamento em relação a sua própria raça Grau de escolaridade ◌ O fato de o paciente ser analfabeto faz diferença, pois influencia inclusive no entendimento das informações trocadas entre o médico e o paciente. Religião: o tratamento vai ser realizado com base na religião. ◌ Espíritas / umbandistas podem fazer uso de bastantes chás de cura etc. ◌ Testemunha de Jeová não aceitam realizar transfusão de sangue. Eritropoietina faz efeito após 3 meses. Em caso de risco de vida em que o paciente está inconsciente, faz-se necessário realizar a transfusão; caso ele morra, o médico vai ser condenado por negligência médica. QUEIXA E DURAÇÃO O que é relevante na QD? O principal motivo que o paciente foi fazer a consulta (queixa principal) Queixa principal do paciente, ou seja, àquela que o levou a procurar assistência médica. Deve ser expressa de modo sumário e de preferência com os termos usados pelo doente. É muito importante para dar o start na investigação. A queixa principal nem sempre expressa o principal distúrbio que o paciente apresenta. O paciente pode apresentar várias queixas, mas normalmente tem 1 queixa, ou até 2, que fazem o paciente ir ao hospital. Uma terceira queixa só deve ser relatada se for muito importante. "Sintoma guia" é aquele usado para explorar todos os outros. Ex1. Dor nas costas há três dias. OBSERVAÇÃO Existem pacientes que podem aparecer apenas para fazer um check-up de rotina, ou então que foram internados para fazer colonoscopia, por exemplo. No caso da colonoscopia, é preciso destrinchar na HDA se é realmente necessário realizar o exame. Tempo de ocorrência da referida queixa Há quanto tempo começou? Usar as palavras do paciente Colocar exatamente o que o paciente fala. Registrar em poucas palavras. Não aceitar diagnósticos como substitutos Tentar destrinchar o porquê o paciente acha que está com determinada doença. Descrever o motivo de o paciente ter sido encaminhado. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) / HISTÓRIA MOLÉSTIA ATUAL (HMA) É um relato completo, claro e cronológico dos problemas que motivaram o paciente a buscar atendimento. A narrativa deve incluir dados sobre o aparecimento do problema, a situação em que este surgiu, além de manifestações e eventuais. Na HDA, deve-se fazer uma exploração detalhada das queixas apresentadas na QD. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 3 de 10 o O médico é o responsável por organizar os dados fornecidos pelo paciente e guiara anamnese, principalmente quando o paciente começa a dispersar. o Pontuar a ordem cronológica e os sinais e sintomas relacionados. Ex1. "Febre e dor nas costas há 2 dias" O médico deve questionar como esses sintomas se apresentavam, quanto tempo durou, quantas vezes.... Ao abordar o paciente, é melhor evitar perguntas abertas como "o que o senhor tem?" e usar perguntas neutras como "no que eu posso te ajudar?" ou "o que o senhor está sentindo". Assim, o paciente vai começar a contar uma história com as próprias palavras e expressões, os sintomas de que se queixa (anamnese passiva); porém, estes deverão ser transcritos já em termos médicos. Depois de contar, o médico deve voltar aos pontos importantes e perguntar tudo ao paciente. Por fim, fazem-se perguntas objetivas, as quais só podem ser respondidas por sim ou não. As expressões que contenham um significado importante ou expressões que não podem ser traduzidas para termos técnicos serão colocadas entre aspas, ou seguidas do termo latino SIC (segundo informações colhidas) entre parênteses. Não aceitar, salvo exceções, diagnósticos clínicos, anatômicos ou funcionais, feitos ou comunicados pelo paciente. Obtenha ajuda de terceiros, se necessário, desde que diretamente envolvidos no cuidado do paciente Usar expressões ao nível de instrução, da inteligência, e da cultura do paciente. Faça perguntas amplas para resposta espontânea do paciente. Inicialmente evite interrupções freqüentes (relato livre); após ter uma idéia do sintoma principal e possíveis hipóteses, passe para perguntas mais objetivas (anamnese dirigida). Procure ordenar cronologicamente o relato; lembrar de pontuar os sintomas. Use linguagem compreensível. Evite na conversa o uso de muitos termos técnicos. Os sintomas deverão ser sempre referidos afirmando ou negando todos os seus caracteres: 1. Localização: Onde é? 2. Qualidade: Com o que se parece? Qual o aspecto? Qual a cor? Ex1. Dor precordial em aperto / em pontada / em queimação... Ex2. Vômito com resíduo alimentar. 3. Quantidade ou intensidade: Qual o grau de incômodo que ocasiona? - De 1 a 4: leve intensidade - De 5 a 7: moderada intensidade - De 8 a 10: forte intensidade 4. Ritmo: Quando começou? Quanto tempo dura? Há relação com a função de algum órgão? 5. Em quais circunstâncias ocorre? Quando se trata de dor abdominal sempre perguntar se melhora com o funcionamento de algum órgão. 6. Há fatores de melhora ou piora? Quais? 7. Há sintomas associados? Quais? 8. O quadro sintomático descrito já ocorreu outras vezes? (períodos de semelhança / dessemelhança) Caso o paciente esteja em tratamento com algum medicamento, é importante que seja questionado: Nome da substância Sempre que possível utilizar o nome genérico, mas se for usar o nome comercial, colocar um "(R)" na frente. Dose Via da administração Frequência Resultado A HDA é uma história e como tal, deverá ter início, meio e fim. EXEMPLOS ≡ Paciente há 12 horas, ao subir uma escada, iniciou dor súbita de forte intensidade (10+/10) em hemitórax esquerdo (região precordial), em aperto, irradiada para mandíbula e face medial de braço esquerdo, sem posição antálgica. A dor obrigou-o a sentar experimentando cerca de 5 minutos após alivio do sintoma sem fazer uso de qualquer medicação... ≡ Paciente hipertenso e diabético há dez anos, relata dor precordial de forte intensidade (nota 9 em 10), que iniciou há cerca de três meses, desencadeada pelo esforço físico (ao subir uma ladeira ou uma escada), é continua, irradia para braço esquerdo e mandíbula, acompanhada de sudorese e náuseas e melhora com repouso e nitrato sublingual. Nas últimas duas semanas, também vem tendo dispnéia progressiva que era aos grandes esforços e agora já ocorre aos médios esforços. Tais sintomas têm preocupado bastante o paciente e está prejudicando suas atividades diárias. Se alguma queixa que o paciente disse não tiver relação com a hipótese diagnóstica que o médico está raciocinando, o sintoma deve ir para o tópico "Investigação sob diversos aparelhos". Evitar repetições constantes de palavras como “o paciente diz”, evitar citar repetidos atendimentos médicos antes daquele que motivou internação (se não resultaram em nenhuma intervenção significativa), evitar perguntas que induzam respostas (pergunte um item por vez), evitar informações que não sejam relevantes, evitar diagnósticos pré-estabelecidos. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 4 de 10 ≡ Paciente refere que há 24 h apresentou quadro súbito de dor, de forte intensidade (9 em escala de 10), em região lombar direita, a dor parecia uma cólica e irradiava para flanco direito passando após alguns minutos de seu início a irradiar-se para testículo direito. Apresentou também vômitos alimentares 3 episódios que coincidiam com momentos mais intensos de dor. Nega posição antálgica, bem como posições nas quais a dor piorava. Devido à dor procurou atendimento de emergência onde recebeu medicamento endovenoso com alívio parcial da dor. SINTOMA-GUIA Designa-se como sintoma-guia o sintoma ou sinal que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão. Contudo, isso não significa que haja sempre um único e constante sintoma-guia para cada enfermidade. Ex1. A febre na malária, a dor epigástrica na úlcera péptica, as convulsões na epilepsia, o edema na síndrome nefrótica, a diarreia na colite ulcerativa. Não existe uma regra fixa para determinar o sintoma-guia Não é necessariamente o mais antigo, mas tal atributo deve ser sempre levado em conta. Não é obrigatório que seja a primeira queixa relatada pelo paciente; porém, isso também não pode ser menosprezado. Nem é, tampouco, o sintoma mais realçado pelo paciente. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO O interrogatório sintomatológico documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. o Uma HDA bem-feita deixa pouca coisa para o interrogatório sintomatológico (IS). o Principal utilidade prática: - Permite o médico de levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA. Ex1. O relato de um paciente conduziu ao diagnóstico de úlcera péptica e, no IS, houve referência a edema dos membros inferiores. Esse sintoma pode despertar uma nova hipótese diagnóstica que vai culminar no encontro de uma cirrose. - Origem da suspeita diagnóstica mais importante. - Avaliar práticas de promoção à saúde. o A proposta de atender ao paciente de maneira holística inclui o conhecimento de todos os sistemas corporais em seus sintomas e na dimensão da promoção da saúde. o Muitas vezes, o adoecimento de um sistema corporal tem correlação com outro sistema, e há necessidade de tal conhecimento para adequar a proposta terapêutica. Simples esquecimento ou medo inconsciente de determinados diagnósticos podem levar o paciente a não se referir a padecimentos de valor crucial para chegar a um diagnóstico. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 5 de 10 Para tirar o máximo proveito das atividades práticas, o estudante registrará os sintomas presentes e os negados pelo paciente. SISTEMATIZAÇÃO DO INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO a) Sintomas gerais Febre Astenia: sensação de fraqueza. Alterações do peso Sudorese Calafrios Cãibras b) Pele e fâneros • Alterações dapele • Alterações dos fâneros • Promoção da saúde Exposição solar (hora do dia, uso de protetor solar); cuidados com pele e cabelos (bronzeamento artificial, tinturas). c) Cabeça e pescoço • Crânio, face e pescoço Dor, alterações dos movimentos, pulsações anormais. • Olhos Dor ocular e cefaleia, sensação de corpo estranho, prurido, queimação ou ardência, lacrimejamento, sensação de olho seco, xantopsia (visão amarelada), iantopsia (visão violeta), doropsia (visão verde), diminuição ou perda da visão, diplopia (visão dupla), fotofobia, nistagm (movimentos repetitivos rítmicos dos olhos), escotomas (manchas ou pontos escuros no campo visual), secreção, vermelhidão, alucinações visuais. Promoção da saúde: uso de óculos ou lentes de contato, último exame oftálmico. • Ouvidos Dor, otorreia (saída de líquido pelo ouvido), otorragia (perda de sangue pelo canal auditivo; tem relação com traumatismo), transtornos da acuidade auditiva, perda parcial ou total da audição, sensação subjetiva de diferentes tipos de ruídos, vertigem e tontura. Promoção da saúde: uso de aparelhos auditivos; exposição a ruídos ambientais; uso de equipamentos de proteção individual (EPI); limpeza do pavilhão auditivo. • Nariz e cavidades paranasais Prurido, dor, espirros, obstrução nasal, corrimento nasal, epistaxe (hemorragia nasal), dispneia (falta de ar), hiposmia (diminuição do olfato), anosmia (abolição do olfato), aumento do olfato, alterações do olfato, percepção anormal de cheiros, cacosmia (sentir mau cheiro, sem razão para tal), parosmia (perversão do olfato), rinolalia (alterações da fonação - voz anasalada). • Cavidade bucal e anexos Alterações do apetite, sialose (excessiva produção de secreção salivar), halitose (mau hálito), dor, ulcerações/sangramento. Promoção da saúde: escovação de dentes e língua (vezes/dia); último exame odontológico. • Faringe Dor de garganta, dispneia, disfagia (dificuldade de deglutir), tosse, halitose, pigarro (ato de raspar a garganta), ronco (pode estar associado à apneia do sono). • Laringe Dor, dispneia, alterações da voz, tosse, disfagia, pigarro. Promoção da saúde: cuidados com a voz (gargarejos, produtos utilizados). • Tireóide e paratireóides Dor, nódulo, bócio, rouquidão, dispneia, disfagia. • Vasos e linfonodos Dor, adenomegalias, pulsações e turgência jugular. d) Tórax • Parede torácica Dor, alterações da forma do tórax, dispneia. • Mamas Dor, nódulos, secreção mamilar. Promoção da saúde: autoexame mamário; última mamografia/ ultrassonografia (mulheres> 40 anos). • Traqueia, brônquios, pulmões e pleuras Dor, tosse, expectoração (volume, cor, odor, aspecto e consistência), hemoptise (eliminação de sangue pela boca, através da glote, proveniente dos brônquios ou pulmões), vômica (eliminação súbita, através da glote, de quantidade abundante de pus ou líquido de aspecto mucóide / serosa), dispneia, chieira (ruído sibilante percebido pelo paciente durante a respiração), cornagem (ruído grave provocado pela passagem do ar pelas vias respiratórias altas reduzidas de calibre), estridor (respiração ruidosa), tiragem (aumento da retração dos espaços intercostais). • Diafragma e mediastino Dor, soluço, dispneia, sintomas de compressão (comprometimento do simpático, do nervo recorrente, do frênico, das veias cavas, das vias respiratórias e do esôfago). Promoção da saúde: exposição a alergênicos (qual?); última radiografia de tórax. • Coração e grandes vasos Dor, palpitações, dispneia, tosse e expectoração, chieira, hemoptise, desmaio e síncope, alterações do sono, cianose (coloração azulada da pele), edema, astenia. Promoção da saúde: exposição a fatores estressantes; último check-up cardiológico. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 6 de 10 • Esôfago Disfagia, odinofagia (dor retroesternal durante a deglutição), pirose (sensação de queimação retroesternal; relação com a ingestão de alimentos ou medicamentos), regurgitação (volta à cavidade bucal de alimento ou de secreções contidas no esôfago ou no estômago), eructação (ingestão de alimentos ou com alterações emocionais), soluço, hematêmese (vômito de sangue), sialose (produção excessiva de secreção salivar). e) Abdômen • Parede abdominal Dor, alterações da forma e do volume. • Estômago Dor, náuseas e vômitos, dispepsia (conjunto de sintomas constituído de desconforto epigástrico, empanzinamento, sensação de distensão por gases, náuseas, intolerância a determinados alimentos), pirose. • Intestino delgado Diarréia, esteatorréia (aumento da quantidade de gorduras excretadas nas fezes), dor, distensão abdominal, flatulência, dispepsia, hemorragia digestiva (Aspecto "em borra de café" {melena} ou sangue vivo {enterorragia}). • Cólon, reto e ânus Dor, tenesmo, diarreia, obstipação intestinal, aspecto das fezes, sangramento anal, prurido, distensão abdominal, sensação de gases no abdome, náuseas e vômitos. • Fígado e vias biliares Dor (dor contínua ou em cólica; localização no hipocôndrio direito), icterícia. • Pâncreas Dor (epigástrica), icterícia, diarréia e esteatorréia, náuseas e vômitos. Promoção da saúde: uso de antiácidos, laxantes ou "chás digestivos". f) Sistema geniturinário • Rins e vias urinárias Alterações miccionais, alterações do volume e do ritmo urinário, alterações da corda urina, alterações do cheiro da urina, dor (dor lombar e no flanco), edema, febre, calafrios. • Órgãos genitais masculinos Lesões penianas, nódulos nos testículos, distúrbios miccionais, dor, priapismo (ereção persistente, dolorosa, sem desejo sexual), hemosperrnia (sangue no esperma), corrimento uretral, disfunções sexuais. Promoção da saúde: auto-exame testicular; último exame prostático ou PSA; uso de preservativos . • Órgãos genitais femininos Ciclo menstrual (data da primeira menstruação; duração dos ciclos, distúrbios menstruais, TPM), cólicas, hemorragias, corrimento, prurido, disfunções sexuais, menopausa e climatério, alterações endócrinas Promoção da saúde: último exame ginecológico; último Papanicolaou; uso de preservativos; terapia de reposição hormonal. g) Sistema hemolinfopoético • Astenia • Hemorragias • Adenomegalias • Febre • Esplenomegalia e hepatomegalia • Dor • Icterícia • Manifestações cutâneas • Sintomas osteoarticulares • Sintomas cardiorrespiratórios • Sintomas gastrintestinais • Sintomas geniturinários • Sintomas neurológicos h) Sistema endócrino • Hipotálamo e hipófise Alterações do desenvolvimento físico (nanismo, gigantismo, acromegalia), alterações do desenvolvimento sexual (puberdade precoce; puberdade atrasada), outras alterações (galactorreia; síndromes poliúricas; alterações visuais). • Tireóide Manifestações locais (dor; nódulo; bócio; rouquidão; dispneia; disfagia), manifestações de hiperfunção (hipersensibilidade ao calor; aumento da sudorese; perda de peso; taquicardia; tremor; irritabilidade; insônia; astenia; diarreia; exoftalmia), manifestações de hipofunção (hipersensibilidade ao frio; diminuição da sudorese; aumento do peso; obstipação intestinal; cansaço facial; apatia; sonolência; alterações menstruais; ginecomastia; unhas quebradiças; pele seca; rouquidão; macroglossia; bradicardia). • Paratireóides Manifestações de hiperfunção (emagrecimento; astenia; parestesias; cãibras; dor nos ossos e nas articulações; arritmias cardíacas; alterações ósseas; raquitismo; osteomalacia; tetania), manifestações de hipofunção (tetania; convulsões; queda de cabelos; unhas frágeis e quebradiças; dentes hipoplásicos; catarata). • Suprarrenais Manifestações por hiperprodução de glicocorticóides(aumento de peso; fácies "de lua cheia"; acúmulo de gordura na face, região cervical e dorso; fraqueza muscular; poliúria; polidipsia; irregularidade menstrual; infertilidade; hipertensão arterial), manifestações por diminuição de glicocorticóides (anorexia; náuseas e vômitos; astenia; hipotensão arterial; hiperpigmentação da pele e das mucosas), aumento de produção de mineralocorticóides (hipertensão arterial; astenia; cãibras; parestesias), aumento da produção de esteróides sexuais (pseudopuberdade Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 7 de 10 precoce; hirsutismo; virilismo), aumento de produção de catecolaminas (crises de hipertensão arterial, cefaleia, palpitações, sudorese). • Gônadas Alterações locais e em outras regiões corporais indicativas de anormalidades da função endócrina. i) Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades • Coluna vertebral Dor, rigidez pós-repouso. • Ossos Dor, deformidades ósseas, caroços. • Articulações Dor, rigidez pós-repouso, sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor), crepitação articular, manifestações sistêmicas (febre; astenia; anorexia; perda de peso). • Bursas e tendões Dor, limitação de movimento. j) Músculos • Fraqueza muscular • Dificuldade para andar ou para subir escadas • Atrofia muscular • Dor • Cãibras • Espasmos musculares Miotonia; tétano. k) Artérias, veias, linfáticos e microcirculação • Artérias Dor, alterações da cor da pele, alterações da temperatura da pele, alterações tróficas, edema. • Veias Dor, edema, alterações tróficas. • Linfáticos Dor, edema. • Microcirculação Alterações da coloração e da temperatura da pele, alterações da sensibilidade. Promoção da saúde: cuidados com a postura; hábito de levantar peso; movimentos repetitivos; uso de saltos muito altos; prática de ginástica laboral. l) Sistema nervoso • Distúrbios da consciência • Dor de cabeça e na face • Tontura e vertigem • Convulsões • Ausências • Automatismos • Amnésia • Distúrbios visuais • Distúrbios auditivos • Distúrbios da marcha • Distúrbios da motricidade voluntária e da sensibilidade Paresias, paralisias, parestesias, anestesias. • Distúrbios esfincterianos Bexiga neurogênica; incontinência fecal. • Distúrbios do sono Insônia; sonolência; sonilóquio; pesadelos; terror noturno; sonambulismo; briquismo; movimentos rítmicos da cabeça; enurese noturna. • Distúrbios das funções cerebrais superiores Disfonia; disartria; dislalia; disritmolalia; dislexia; disgrafia; afasia; distúrbios das gnosias; distúrbios das praxias . • Promoção da saúde: uso de andadores, bengalas ou cadeira de rodas; fisioterapia. m) Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. • Consciência • Atenção • Orientação Orientação autopsíquica (capacidade de uma pessoa saber quem ela é), orientação no tempo e no espaço. • Pensamento Pensamento normal ou pensamento fantástico, pensamento maníaco... • Memória • Inteligência Capacidade de adaptar o pensamento às necessidades do momento presente ou de adquirir novos conhecimentos. • Sensopercepção Capacidade de uma pessoa apreender as impressões sensoriais. • Vontade • Psicomotricidade • Afetividade • Comportamento Importante questionar comportamentos inadequados e antissociais. Idosos podem apresentar comportamentos sugestivos de quadros demenciais. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 8 de 10 • Outros Questionar sobre alucinações visuais e auditivas, atos compulsivos, pensamentos obsessivos recorrentes, exacerbação da ansiedade, sensação de angústia e de medo constante, dificuldade em ficar em ambientes fechados (claustrofobia) ou em ambientes abertos (agorafobia), onicofagia (hábito de roer as unhas), tricofagia (hábito de comer cabelos), tiques e vômitos induzidos. ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES ANTECEDENTES PESSOAIS Considera-se avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde-doença. ANTECEDENTES PESSOAIS FISIOLÓGICOS a) Gestação e nascimento - Como decorreu a gravidez - Uso de medicamentos ou radiações sofridas pela genitora - Viroses contraídas durante a gestação - Condições de parto (normal, fórceps, cesariana) - Estado da criança ao nascer - Ordem do nascimento e número de irmãos b) Desenvolvimento psicomotor e neural - Dentição: informações sobre a primeira e a segunda dentições, registrando-se a época em que apareceu o primeiro dente. - Engatinhar e andar: anotar as idades em que essas atividades tiveram início. - Fala: quando começou a pronunciar as primeiras palavras. - Desenvolvimento físico: peso e tamanho ao nascer e posteriores medidas. Averiguar sobre o desenvolvimento comparativamente com os irmãos. - Controle dos esfíncteres. - Aproveitamento escolar. c) Desenvolvimento sexual - Puberdade: estabelecer época de seu início. - Menarca: estabelecer idade da 1 a menstruação. - Sexarca: estabelecer idade da 1 a relação sexual. - Menopausa (última menstruação): estabelecer época do seu aparecimento. - Orientação sexual: atualmente, usam-se siglas como HSM / HSH / HSMH / MSH / MSM / MSHM (em que H - homem; M - mulher; e S - faz sexo com). ANTECEDENTES PESSOAIS PATOLÓGICOS a) Doenças sofridas pelo paciente - Infância: sarampo, varicela, coqueluche, caxumba, moléstia reumática, amigdalites. - Vida adulta: pneumonia, hepatite, malária, pleurite, tuberculose, hipertensão arterial, diabetes, artrose, osteoporose, litíase renal, gota, entre outras. b) Alergia c) Cirurgias e outras intervenções d) Traumatismo e) Transfusões sanguíneas - Número de transfusões, quando ocorreu, onde e por quê. f) História obstétrica - Número de gestações (G); número de partos (P); número de abortos (A); número de prematuros e número de cesarianas (C) (GxPyAzCw). - Paciente do sexo masculino número de filhos g) Vacinas - Quais e época da aplicação. h) Medicamentos em uso: qual, posologia, motivo, quem prescreveu. ANTECEDENTES FAMILIARES Os antecedentes começam com a menção ao estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente. o Se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes são referidos. o Avós, tios e primos paternos e maternos do paciente. o Se tiver algum doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade. o Em caso de falecimento, indagar a causa do óbito e a idade em que ocorreu. Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 9 de 10 o Pergunta-se sistematicamente sobre a existência de enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão arterial, câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronariana (infarto agudo do miocárdio, angina de peito), acidente vascular cerebral, dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes. o Quando o paciente é portador de uma doença de caráter hereditário (hemofilia, anemia falciforme, rins policísticos, erros metabólicos), torna-se imprescindível um levantamento genealógico mais rigoroso e, nesse caso, recorre-se às técnicas de investigação genética. HÁBITOS E ESTILO DE VIDA ALIMENTAÇÃO São usados parâmetros para avaliar o estado de nutrição do paciente. Os primeiros dados a serem obtidos são os seus hábitos alimentares; toma-se como referência o que seria a alimentação adequadapara aquela pessoa em função da idade, do sexo e do trabalho desempenhado. o Anamnese alimentar: induz o paciente a discriminar sua alimentação habitual. Deve-se questionar principalmente sobre o consumo de alimentos à base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, bem como de água e outros líquidos. HISTÓRIA OCUPACIONAL Obter informações sobre a natureza do trabalho desempenhado, com que substâncias entra em contato, quais as características do meio ambiente e qual o grau de ajustamento ao trabalho; deve-se questionar e obter informações tanto da ocupação atual quanto das ocupações anteriores exercidas pelo paciente. ATIVIDADES FÍSICAS Deve-se questionar qual tipo de exercício físico, frequência, duração, e tempo que pratica. Uma classificação prática: Pessoas sedentárias Pessoas que exercem atividades físicas moderadas Pessoas que exercem atividades físicas intensas e constantes Pessoas que exercem atividades físicas ocasionais HÁBITOS Alguns hábitos são ocultados pelos pacientes e até pelos próprios familiares; portanto, a investigação deste item exige habilidade, discrição e perspicácia. o Consumo de tabaco - Os efeitos nocivos do tabaco são indiscutíveis: câncer de boca, faringe, laringe, pulmão e bexiga, afecções broncopulmonares (asma, bronquite, enfisema e bronquiectasias), afecções cardiovasculares (insuficiência coronariana, hipertensão arterial, tromboembolia), disfunções sexuais masculinas, baixo peso fetal (mãe tabagista), intoxicação do recém-nascido em aleitamento materno (nutriz tabagista), entre outras. - Registrar tipo (cigarro, cachimbo, charuto e cigarro de palha), quantidade, frequência, duração do vício e abstinência (já tentou parar de fumar). o Consumo de bebidas alcoólicas - Efeitos deletérios graves sobre fígado, cérebro, nervos, pâncreas e coração. - Perguntar sobre o tipo de bebida (cerveja, vinho, licor, vodca, uísque, cachaça, gin, outras) e a quantidade habitualmente ingerida, bem como frequência, duração do vício e abstinência (se já tentou parar de beber). - Questionário CAGE em pacientes com uso abusivo de bebidas alcóolicas. 1. Necessidade de diminuir (cut down) o consumo de bebidas alcoólicas; 2. Sentir-se incomodado (annoyed) por críticas à bebida; 3. Sensação de culpa (guilty) ao beber; 4. Necessidade de beber no início da manhã para "abrir os olhos" (eye-opener). o Uso de anabolizantes e anfetaminas - Correlacionado com doenças cardíacas, renais, hepáticas, endócrinas e neurológicas. o Consumo de drogas ilícitas - Maconha, cocaína, heroína, ecstasy, LSD, crack, oxi, chá de cogumelo, inalantes (cola de sapateiro, lança-perfume). - Questionar sobre tipo de droga, quantidade habitualmente ingerida, frequência, duração do vício e abstinência. CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS HABITAÇÃO É importante questionar sobre as condições de moradia (casa ou apartamento), do que a casa é feita, quantidade de cômodos, se conta com saneamento básico (água tratada e rede de esgoto), com coleta regular de lixo, se abriga animais domésticos, contato com pessoas ou animais doentes (onde e quando ocorreu, e a duração do contato). Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Semiologia I Página 10 de 10 o Zona rural as casas comportam-se como abrigos ideais para numerosos reservatórios e transmissores de doenças infecciosas e parasitárias. Ex. Os triatomíneos (barbeiros) encontram na "cafua" ou "casa de pau a pique" seu habitat ideal, o que faz dessa parasitose importante endemia de várias regiões brasileiras. o Zona urbana As favelas e as áreas de invasão propiciam o surgimento de doenças infectoparasitárias devido à ausência de saneamento básico, proximidade de rios poluídos, ineficácia na coleta de lixo e confinamento de várias pessoas em pequenos cômodos habitacionais. Por outro lado, casas ou apartamentos de alto luxo podem manter, por exemplo, em suas piscinas e jardins, criadouros do mosquito Aedes aegypti, dificultando o controle da dengue. Poluição do ar, poluição sonora e visual, desmatamentos e queimadas, alterações climáticas, inundações, temporais e terremotos. CONDIÇOES SOCIOECONÔMICAS Se houver necessidade de mais informações, indagar-se-á sobre rendimento mensal, situação profissional, se há dependência econômica de parentes ou instituição. Todo médico precisa conhecer as possibilidades econômicas de seu paciente, principalmente sua capacidade financeira para comprar medicamentos; é obrigação de o médico compatibilizar sua prescrição aos rendimentos do paciente. A maior parte das doenças crônicas (hipertensão arterial, insuficiência coronária, dislipidemias, diabetes) exige uso contínuo de um ou mais medicamentos; No Brasil, atualmente, há distribuição gratuita de medicamentos para pacientes crônicos e cabe ao médico conhecer a lista desses remédios para prescrevê-los quando for necessário. Uma das mais freqüentes causas de abandono do tratamento é a incapacidade de adquirir remédios ou alimentos especiais. CONDIÇÕES CULTURAIS Grau de escolaridade, religiosidade, tradições, crenças, mitos, medicina popular, comportamentos e hábitos alimentares. VIDA CONJUGAL E RELACIONAMENTO FAMILIAR Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre cônjuges.
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