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Trabalho falsas memórias

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Nomes: Anna Clara Caobelli, Eduarda Zorgi Salvador, Giovana Groff, Marina Bacher e Vitória Vasata
Turma: 347
				
FALSAS MEMÓRIAS: CASO DE JOSEPH ABBITT
O objetivo deste trabalho é a fixação e aplicação do conteúdo de falsas memórias a partir de um caso verídico em que ocorreu uma pseudo acusação. A situação analisada em questão foi retirada do site “Innocence Project”, o qual é uma organização legal sem fins lucrativos que está empenhada em exonerar pessoas injustamente condenadas a partir do uso de testes de DNA e reformar o sistema de justiça criminal a fim de evitar futuras iniquidades. 
O caso escolhido fala a respeito da história de injustiça sofrida pelo Joseph Abitt. Na manhã do dia 2 de maio de 1991, duas meninas estavam se arrumando para a escola quando foram surpreendidas por um invasor que as abusou sexualmente; apesar das vítimas não terem conseguido ver claramente o rosto do invasor, elas separadamente foram convocadas para o reconhecimento do criminoso em que ambas identificaram Joseph Abitt como agressor, homem que morava na vizinhança e já havia visitado sua casa. 
A polícia se concentrou nele como o principal suspeito. Kits de estupro foram coletados das vítimas junto com outras evidências da cena do crime. O teste de DNA conduzido em uma peça de roupa não combinou com o Abbitt, mas a roupa não estava diretamente ligada ao crime; outros testes foram inconclusivos. Abbitt foi julgado perante um júri em junho de 1995, quatro anos após o ocorrido; no julgamento, as vítimas testemunharam que Abbitt era o homem que as atacara. Abbitt tinha um forte álibi: afirmando que ele estava no trabalho no momento do crime; e embora seu empregador testemunhasse desse álibi, ele não podia fornecer um cartão de ponto devido ao lapso de tempo de quatro anos entre o crime e o julgamento. Baseado exclusivamente nas identificações de testemunhas oculares pelas duas jovens vítimas, Abbitt foi condenado por estupro, roubo e sequestro, e condenado a duas sentenças consecutivas de prisão perpétua, mais 110 anos adicionais.
Em 2005, Abbitt se candidatou ao Centro da Carolina do Norte de Inocência Rea para obter assistência. A organização aceitou seu caso e começou a procurar evidências que pudessem ser submetidas a testes de DNA, apesar da maioria das evidências do crime terem sido destruídas, alguns itens e o kit estupro ainda estavam no departamento de polícia. Um  novo teste de DNA conduzido com base nas evidências e este foi inicialmente inconclusivo, mas em uma segunda rodada, um dos kits de estupro excluiu Abbitt como o estuprador. Ele foi libertado e oficialmente exonerado em 2 de setembro de 2009, depois de cumprir 14 anos de prisão por crimes que não cometeu.
Esta fatalidade infelizmente não é rara. Casos de falsas memórias são muito comuns devido aos diferentes tipos de interferência que a memória pode sofrer, caracterizando os casos de falsas memórias espontâneas ou sugeridas; além da interferência ocorrida, ela pode ser evocada na situação errada, o que é a base de consistência para a Teoria do Monitoramento da Fonte;ou ainda se esvaecer com o tempo, que é o postulado da Teoria do Traço Difuso. 
Ao analisar o caso de Joseph Abbitt, pode-se identificar algumas das situações supracitadas. As duas adolescentes disseram que não haviam visto claramente o rosto do criminoso, portanto o registro foi feito de uma forma genérica, as quais captam a essência do ocorrido deixando de lado os detalhes. Pelo fato da memória ter sido armazenada dessa maneira, as adolescentes, ao serem apresentadas as fotos dos supostos agressores (de forma exógena), identificaram um rosto, o de Joseph; como ele era seu vizinho, naturalmente sua face era familiar para ambas as garotas, logo o apontaram como o criminoso. 
Essa ocasião pode ter sido uma Falha no Monitoramento da Fonte da informação onde foram produzidas as memórias; o rosto de Abbitt estava na memória das meninas devido seu convívio com ele como vizinho, porém ao identificar sua foto nos possíveis estupradores a lembrança do rosto de Joseph substituiu a do real criminoso; ou seja, houve uma sugestão de memória na apresentação das imagens. A memória que possuíam, acaba sendo fundida com a imagem que lhes foi exposta. Consideramos, então, que a falsa memória foi sugerida devido ao fato de terem sido apresentadas fotografias às adolescentes e não ter sido recordada de forma espontânea por elas, tendo como consequência esse equívoco. 
Para tanto, pelo que se pode apresentar e discutir, percebe-se a importância de instituições como a tal, “Innocence Project”, a fim de que haja uma acurácia maior, evitando, por consequência, falsas acusações e suas seguidas incriminações. Ademais, constata-se que há uma carência quanto às investigações de memórias das vítimas, isso porque ao expor imagens, há uma tendência em se buscar a face mais familiar, contudo, essa pode não ser a correta para dar seguimento às investigações, caracterizando mais um caso de falso testemunho. 
Haja vista a narrativa, o caso pôde ser revertido, cedendo a condição de liberdade ao suposto infrator por testagens de material genético; contudo, há uma lacuna em relação à memória das vítimas envolvidas, que obviamente degradar-se-ão com o passar do tempo, visto que foram convocadas quatro anos posteriores, e por isso toda a repercussão. Convocar as vítimas logo após a passagem do crime é de extrema importância, além da tentativa pela busca da memória correta, que pode ser recordada pela descrição da cena do crime e sua construção factual, e não apenas com a exposição de fotografias, o que comumente é ocorrido.

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