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2019 - 05 - 14 Manual das sucessões - Ed. 2018 Revista dos Tribunais This PDF Contains 56. INVENTARIANTE 2019 - 05 - 14 Manual das sucessões - Ed. 2018 III - PROCESSO SUCESSÓRIO 56. INVENTARIANTE 56. INVENTARIANTE SUMÁRIO: 56.1 Quem é – 56.2 Nomeação – 56.3 Encargos: 56.3.1 Prestação de contas – 56.4 Remoç66ão e destituição – 56.5 Cessação das atividades – Leitura complementar. Referências legais: CC 1.056 § 1.º, 1.797, 1.981, 1.990, 1.991, 1.993, 1.996, 1.997 § 1.º, 2.020, 2.021; CPC 75 VII e § 1.º, 515 IV, 553, 613, 617 a 673; L 12.195/2010; Dec. 5.123/2004 (Sistema Nacional de Armas – SINARM) 67; L 10.826/2003, 13. 56.1. Quem é Da morte do autor da herança até a partilha de seus bens, longa é a caminhada. Mesmo quando há consenso entre os herdeiros, ainda assim é necessário que alguém se responsabilize por uma série de tarefas, como apurar o acervo hereditário, verificar as dívidas deixadas pelo de cujus e as contraídas pelo espólio. Somente após o pagamento do passivo é possível proceder à divisão dos bens restantes entre os herdeiros. Para isso é que existe a figura do inventariante: pessoa que exerce o ministério privado de função designada e fiscalizada pela administração pública da Justiça. Cabe-lhe a representação ativa e passiva do espólio (rectius, presentação, pois é órgão dessa entidade não personalizada) e a administração dos haveres, desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha (CC 1.991).1 Só pode exercer esse munus quem é capaz e não tem interesses contrários aos do espólio. Deve administrar os bens com zelo e responsabilidade, com transparência e celeridade, sem perder de vista que se trata de administração patrimonial transitória.2 O inventariante não existe somente no inventário solene. Para esse a nomeação dispõe de uma ordem de preferenciabilidade (CPC 617). No arrolamento sumário, como existe consenso entre os herdeiros, eles podem indicar o inventariante, sem que haja a necessidade de ser obedecida a ordem legal (CPC 660 I). Não há sequer a necessidade de prestar compromisso. No arrolamento comum a nomeação é feita pelo juiz, e também é dispensável a assinatura do termo de compromisso (CPC 664). No inventário e partilha extrajudicial a lei nada diz, mas o Conselho Nacional de Justiça determina sua nomeação.3 O cargo de inventariante equivale a um mandato.4 Nomeado pelo juiz ou indicado pelos herdeiros, a partir do compromisso assume a qualidade de representante do espólio, no inventário e fora dele, ativa e passivamente. A partir deste momento os herdeiros não tem legitimidade para agir em nome do espólio. O inventariante somente não dispõe de legitimidade processual quando se tratar de inventariante dativo: pessoa estranha à sucessão que é nomeada na falta ou impedimento das pessoas com direito à inventariança. Neste caso, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus das ações em que o espólio é parte, como litisconsortes necessários (CPC 75 § 1.º). O Código Civil se limita a indicar as atribuições do inventariante (CC 1.991): administrar os bens da herança desde o compromisso até a homologação da partilha. O restante fica a cargo da lei de processo, que atribui ao inventariante a representação legal do espólio (CPC 75 VII e 618 I). As outras tarefas são todas ligadas à sua atividade de inventariante (CPC 618) Os demais encargos atribuídos ao inventariante dependem da intimação dos interessados e autorização do juiz (CPC 619). Ainda que seja do inventariante a representação do espólio, extrapolando ele seus poderes, qualquer dos herdeiros tem legitimidade concorrente para defender em juízo a universalidade da herança. 56.2. Nomeação É distinto o rol dos legitimados para buscar a abertura do processo de inventário e para o exercício da inventariança. A pessoa que estava na posse e administração da herança quando do falecimento do seu autor é quem tem legitimidade para requerer a abertura do inventário (CPC 615). Trata-se do administrador provisório (CC 1.797): cônjuge, companheiro, herdeiro testamenteiro ou pessoa de confiança do juiz. Não sendo requerida por algum deles, há um punhado de pessoas com legitimidade concorrente, todas interessadas em que se proceda à partilha dos bens do falecido (CPC 616). O fato de ter alguém requerido a abertura do inventário não lhe assegura o direito de ser nomeado inventariante. Aliás, nem a ordem de quem deve exercer a inventariança é excludente.5 Mesmo existindo legitimado preferencial, é possível a nomeação de outrem quando houver alguma justificativa. Inclusive pode ser nomeada pessoa estranha à sucessão. A nomeação é feita pelo juiz, não estando adstrito à ordem legal. Pode escolher quem entende ser mais adequado. Diverge a jurisprudência sobre a possibilidade de o testador indicar o inventariante, independente de sua condição de herdeiro, legatário ou testamenteiro. Enquanto o Tribunal mineiro admite,6 a justiça carioca rejeita.7 Havendo controvérsia sobre quem irá exercer a inventariança, necessária a nomeação de um administrador provisório, para as providências que se revelarem urgentes (CC 1.797). Indica a lei a ordem dos legitimados para o exercício da inventariança (CPC 617): I – o cônjuge ou o companheiro sobrevivente – São os primeiros indicados, mas é necessário que estivessem convivendo com o falecido. Caso estivessem separados, seja pelo prazo que for, não são herdeiros e, por tal, não podem ser inventariantes. A separação de fato afasta cônjuges e companheiros da condição de herdeiros. Em face do fim do instituto da separação,8 que não foi ressuscitado pelo CPC, não mais cabe atentar ao tempo da separação de fato para assegurar ao cônjuge sobrevivente a condição de herdeiro concorrente ou exclusivo. Decisão isolada do Superior Tribunal de Justiça manteve a vigência do art. 1.830 do CC.9 No entanto, na esteira de decisões do STJ e de tribunais estaduais, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a manutenção da comunicabilidade de bens entre cônjuges, já separados de fato, conflita com a disciplina estabelecida pelo atual Estatuto Civil, o qual reconhece a união estável surgida nesse intervalo e para quem o legislador ordinário destinou o regime da comunhão parcial de bens para regular as relações patrimoniais entre os conviventes (art. 1.725 do Código Civil).10 Como bem assevera José Roberto Simão, seguindo a lógica em questão, se atualmente a Constituição da República não mais exige prazos para o divórcio, não mais há prazos para a perda da qualidade de herdeiro, bastando a separação de fato.11 De outro lado, a decisão do Supremo Tribunal Federal12, impondo a igualdade de tratamento da união estável e casamento, não permite conceder ao cônjuge benefício negado à união estável. Assim, se a união finda quando cessa a convivência, descabido que, depois da separação de fato, seja mantida a condição de herdeiro do ex-cônjuge, independentemente do tempo e da causa do fim da vida em comum. Ex-cônjuges e ex-companheiros somente dispõem de legitimidade para requerer a abertura do inventário se existirem bens a partilhar dos quais sejam titulares (CPC 616 I), como, por exemplo, direito à meação sobre os bens adquiridos durante o período de convívio ou direito de concorrência sucessória. A inventariança pode ser concedida ao cônjuge e ao companheiro, seja qual for o regime de bens.13 Mesmo que existam descendentes ou ascendentes – herdeiros que antecedem o cônjuge na vocação hereditária –, a preferência é do cônjuge e do companheiro. Fora isso, há o direito de concorrência sucessória, que, a depender do regime de bens, garante ao sobrevivente parte da herança. Para o companheiro sobrevivente ser nomeado inventariante não é necessário prova pré- constituída da união estável, bastando que os herdeiros reconheçam a existência da união. Caso haja controvérsia sobre a existência da entidade familiar,descabe a nomeação. Há a necessidade de o companheiro ajuizar ação de reconhecimento da união,14 demanda que não se sujeita ao juízo do inventário. No entanto, é possível proceder à reserva de bens. Este tema gera maiores desdobramentos em face do direito de meação. Assim, além da prova da união, é necessário identificar o período de vigência, pois somente com relação ao patrimônio amealhado durante esse lapso de tempo é que cabem ser calculados a meação e o direito de concorrência sucessória. Reconhecida a união homoafetiva como entidade familiar, tem o parceiro sobrevivente legitimidade para o exercício da inventariança.15 II – o herdeiro – A lei fala de herdeiro como se o cônjuge e o companheiro também não o fossem. Às claras quis se referir aos demais herdeiros, descendentes e ascendentes, que, inclusive, antecedem o cônjuge e o companheiro na ordem de vocação hereditária. Mesmo que o herdeiro necessário esteja na posse e administração do espólio, não tem preferência para a inventariança. É convocado, em segundo lugar, se não houver cônjuge ou companheiro ou se eles não puderem ser nomeados. III – qualquer herdeiro – Quando nenhum herdeiro se encontra na posse e administração do espólio, e não há concordância entre eles sobre quem deve assumir o encargo, a decisão cabe ao juiz. É dada preferência ao herdeiro que reside no juízo do inventário e tinha vínculo de convivência mais próximo com o de cujus. Não só o herdeiro legítimo, mas também o testamentário pode ser nomeado inventariante. O legatário não. IV – o herdeiro menor de idade por seu representante legal – A dificuldade é quando existir interesses conflitantes entre representante e representado, caso em que haverá de ser nomeado um curador ao herdeiro incapaz. V – o testamenteiro – Não existindo cônjuge ou companheiro sobrevivente nem herdeiros necessários, pode o testador confiar ao testamenteiro a posse e a administração do espólio (CC 1.978). Nessa hipótese, cabe-lhe exercer a inventariança. Também quando toda a herança estiver distribuída em legados é dele o encargo (CC 1.990). VI – o cessionário do herdeiro ou do legatário – Passando o cessionário a ser o titular da herança ou do legado, impositivo reconhecer sua legitimidade para ser nomeado inventariante. VII – o inventariante judicial – Personagem que praticamente não mais existe e cuja investidura depende das leis de organização judiciária dos estados. VIII – o inventariante dativo – Pessoa estranha ao inventário que veio ocupar o espaço do inventariante judicial. É impositiva sua nomeação quando não há herdeiros em condições de assumir o encargo ou o estado de beligerância entre os sucessores é de tal ordem que se faz necessário delegar a uma figura neutra a tarefa de proceder a divisão de bens. A concessão da posse e administração de bens a alguém alheio à sucessão é o último recurso, até porque gera encargos ao espólio. É o único inventariante que recebe remuneração. O inventariante dativo exerce todas as funções. Só não representa o espólio. A representação é feita por todos os herdeiros e sucessores (CPC 75 § 1.º). A ordem pode ser quebrada quando a nomeação do inventariante é feita pelo testador. Como o rol não é taxativo, mas exemplificativo, há a possibilidade do juiz, justificadamente, nomear inventariante fora da ordem legal.16 Assim, também pode afastar o inventariante nomeado no testamento. 56.3. Encargos Depois de nomeado, o inventariante é intimado para, em cinco dias, prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo (CPC 617 parágrafo único). O compromisso pode ser prestado por procurador que disponha de poderes especiais (CPC 105). Neste momento é que assume a posse do espólio, atividade que exerce até a concretização da partilha (CC 1.991). Torna- se ele responsável pela administração dos bens da herança. A inventariança é um múnus público, atividade que alguém exerce como dever social. Por isso é uma atividade não remunerada. Somente o inventariante dativo faz jus à remuneração. Como é indispensável a atuação de advogado no inventário judicial, seus honorários são encargo do espólio, mesmo que os herdeiros tenham procuradores. Somente na hipótese de o advogado não atuar em prol da sucessão, mas exclusivamente atentando aos interesses do inventariante, é deste o ônus pelo pagamento dos seus honorários. Cabe ao inventariante a representação ativa e passiva do espólio (CPC 75 VII), de forma judicial e extrajudicial (CPC 618 I). Somente não tem esta legitimidade o inventariante dativo (CPC 75 § 1.º). Atribui a lei duas ordens de encargos ao inventariante. Rafael Lippmann distingue as incumbências mandatórias (CPC 618) das condutas que podem ou não ocorrer, e que dependem da ouvida dos interessados e de autorização judicial (CPC 619).17 É do inventariante a administração da herança, pois, afinal, detém a posse dos bens e o dever de zelar por eles como se fossem seus (CPC 618 II). No exercício de suas atribuições pode alienar bens, efetuar transações, pagar as dívidas do espólio e fazer as despesas necessárias para conservar e melhorar o acervo sucessório. Tais atividades, dependem de autorização do juiz o qual pode dispensar a ouvida dos interessados (CC 992).18 O rol de encargos do inventariante é extenso (CPC 618), mas não é ilimitado. As demais obrigações estão ligadas ao rito adotado para o inventário (CPC 620). Além de representar o espólio e administrar os bens, deve dar andamento ao inventário. Também é seu o dever de requerer a declaração de insolvência do espólio, se o passivo superar o valor da herança (CPC 618 VIII). As armas de fogo que integram o acervo sucessório ficam sob a guarda e responsabilidade do administrador da herança ou do inventariante até a transferência da propriedade junto ao Sistema Nacional de Armas – SINARM (Dec. 5.123/2004, art. 67). A inobservância deste procedimento implica na apreensão das armas e configura crime de omissão de cautela, sujeito a pena de detenção de um a dois anos e multa (L 10.826/2003,13). 56.3.1. Prestação de contas Tem o inventariante o dever de prestar contas quando ultimadas suas atividades ou sempre que o juiz determinar (CPC 618 VII).19 As contas devem ser prestadas em apenso aos autos do inventário, mas é procedimento que não dispõe da solenidade da ação de exigir contas (CPC 550 a 553). Somente no caso de haver impugnação é necessário o rigor do rito ordinário. Quando não existir complexidade, é dispensável o procedimento incidente e homologação judicial. A prestação de contas sobre levantamento de dinheiro ou venda de bens, por exemplo, pode ser feita no próprio inventário. A não apresentação das contas enseja a destituição do inventariante. (CPC 622 V). Caso não sejam aprovadas as contas apresentadas, ele precisa pagar o eventual saldo. Se não atender ao pagamento no prazo legal, pode ser destituído. Fica sujeito ao sequestro dos bens sob sua guarda. Se o inventariante for o testamenteiro, sujeita-se à perda do prêmio a que teria direito, podendo o juiz determinar as medidas executivas necessárias à composição do prejuízo (CPC 553 parágrafo único). 56.4. Remoção e destituição A razão de ser do inventariante é zelar pelos bens e providenciar que a partilha ocorra de maneira rápida e eficaz. O descumprimento dessas tarefas autoriza sua remoção, que depende de decisão judicial.20 Também desentendimentos incontornáveis entre os herdeiros bastam para ensejar o seu afastamento. Tanto a remoção como a destituição implicam na perda do cargo de inventariante. A remoção decorre de falta no exercício do cargo em relação ao inventário, enquanto a destituição é determinada por fato externo ao processo.21 A remoção pode ser requerida pelos interessados quando das primeiras declarações (CPC 627 II). Elenca a lei as causas que ensejam a remoção do inventariante de ofício ou a requerimento (CPC 622). Apesar de alentada, a enumeração não é exaustiva. Comprovadasfalhas culposas ou dolosas no exercício da inventariança, justifica-se a sua remoção. A tramitação por muitos anos do processo, por si só, não é motivo bastante para o afastamento do inventariante. Nem a complexidade do processo é causa para a sua remoção. No entanto, ainda que não haja falha do inventariante, o profundo dissenso entre as partes de modo a comprometer o andamento do inventário e retardar sua conclusão autoriza a nomeação de um inventariante dativo. O pedido de remoção do inventariante pode ser formulado por qualquer interessado e a qualquer tempo no curso do inventário. Trata-se de procedimento incidental que tramita em autos apartados. É assegurada defesa, no prazo de 15 dias (CPC 623) e até dilação probatória. A decisão que desconstitui o inventariante já nomeia outro em substituição, a quem deve ser transferido, de imediato, os bens da herança. A eventual resistência submete o inventariante destituído à busca e apreensão e imissão na posse dos bens, sem prejuízo da multa em montante até o valor de três por cento do valor do acervo inventariado (CPC 625). A remoção do inventariante, quando determinada de ofício (CPC 622), é levada a efeito nos próprios autos do inventário. O juiz não deve ficar à mercê dos interessados nem se sujeitar à inércia das partes. Pelo mesmo motivo o Ministério Público, nas ações que atuar, dispõe de igual legitimidade, havendo a possibilidade, inclusive, de requerer a quebra do sigilo fiscal e bancário do inventariante. Até pela vedação de decisão surpresa (CPC 10), deve ser previamente oportunizado, ao inventariante, espaço para defesa e produção de provas.22 Verificada negligência, mesmo após intimação para as providências que lhe competem, cabe seu afastamento. Proferida nos autos do inventário, a decisão é interlocutória, atacável via agravo de instrumento (CPC 1.015 parágrafo único). Quando o juiz decide nos autos apartados, sempre gera enorme divergência a identificação do recurso cabível. Tanto que se reconhece a fungibilidade recursal. Mais lógico seria se o recurso fosse o de apelação, pois foi decidido o mérito do incidente. De absoluto não senso é impor que o recorrente extraia cópia do procedimento, que já está decidido, para formar o instrumento do agravo. Mas esta é a orientação pacificada dos tribunais.23 Quando o inventariante é também herdeiro, a falha na descrição dos bens o sujeita não só à remoção, mas também à pena de sonegados, ou seja, à perda do bem que não trouxe à colação (CC 1.992 e 1.993 e CPC 621). A remoção é espécie do gênero destituição, que tem maior largueza. Pode ocorrer sem que haja culpa ou dolo do inventariante. Basta que se configure impedimento legal ou ausência de legitimação para o exercício do encargo.24 A remoção não abrange todos os casos de destituição, porque esta pode ocorrer por fato alheio ao exercício da inventariança, por exemplo, uma condenação criminal.25 56.5. Cessação das atividades Findo o inventário, esvazia-se a figura do inventariante. Mas ainda é de sua responsabilidade a extração dos formais de partilha (CPC 655) e eventuais retificações ou aditamentos (CPC 656). Com o trânsito em julgado da sentença de partilha, havendo ações em andamento, o inventariante é substituído pelo herdeiro a quem coube a coisa ou o direito objeto da causa. Pode o inventariante ser reconduzido para eventual sobrepartilha dos bens, retificação da partilha, ou cumprimento de obrigações deixadas pelo espólio.26 Leitura complementar OLIVEIRA, Euclides de. AMORIM, Sebastião. Inventário e partilha. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. CATEB, Salomão de Araujo. Direito das Sucessões. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 46-50. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: Direito das Sucessões. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. v. 6. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2016. v. 7. FOOTNOTES 1 Paulo Lôbo, Direito civil: sucessões, 212. 2 Euclides de Oliveira, Inventário e partilha, 410. 3 Resolução 35 do CNJ 11. 4 Ana Cecília Parodi e Clarice Ribeiro dos Santos, Inventário e rompimento..., 191. 5 Inventário. Nomeação de inventariante. Inventariança deferida à filha única do casal de inventariados. Ordem de preferência. Art. 990 do CPC [de 1973]. Motivos que não justificam a inobservância da ordem legal. Decisão mantida. No inventário do 1.º inventariado, pai da agravada, foi nomeada inventariante sua esposa, mãe da agravada, que veio a falecer também, havendo deixado testamento nomeando como legatários dois sobrinhos, no que concerne à sua parte disponível dos bens. Sobrinhos, ora agravantes, que impugnam a parte da r. decisão agravada que deferiu a inventariança à filha única do casal de inventariados, ora agravada. Apesar do disposto no testamento deixado pela 2.ª inventariada, e tendo em vista que não é possível nomear inventariantes distintos para os dois espólios (art. 1.043 do CPC [de 1973]), correta a decisão que nomeou como inventariante a filha única dos inventariados, diante da gradação legal. Apenas se justifica não seguir a gradação legal, estabelecida no art. 990 do CPC [de 1973], se demonstrado que o inventariante praticou alguns dos atos elencados no art. 995 do mesmo diploma legal. Do exame detalhado dos autos, não se vislumbra que a agravada tenha praticado qualquer ato atentatório ao exercício do cargo de inventariante, pelo que o juízo a quo, com acerto, observou a ordem de preferência prevista no mencionado art. 990 do CPC [de 1973] para a sua nomeação. Desprovimento do recurso (TJRJ, AI 0047185-15.2012.8.19.0000, 18.ª C. Cív., Rel. Des. Jorge Luiz Habib, j. 04/12/2012). 6 Abertura de inventário. Escritura de testamento público. Nomeação de inventariante indicado pelo de cujus. Legitimidade. Disposição de última vontade. [...] Considerado válido o testamento, suas disposições devem ser cumpridas, desde que não contrariem a lei, inclusive quanto à nomeação do inventariante. A legitimidade do agravado independe da condição de herdeiro, legatário, testamenteiro etc., decorre do interesse direto no cumprimento da manifestação de vontade constante da cláusula 17 da Escritura de Testamento Público, mediante a qual o de cujus o indicou para a inventariança. [...] (TJMG, AI 1.0024.13.269618-8/001, 4.ª C. Cív., Rel. Des. Heloisa Combat, p. 12/02/2014). 7 Inventário. Decisão que nomeou inventariante a pessoa indicada no testamento, atendendo vontade da testadora e contrariando o consenso dos herdeiros. Reforma. Diferentemente da figura do testamenteiro, a indicação de inventariante no testamento é meramente acidental e não se sobrepõe forçosamente sobre as normas legais que tratam do tema. O inventariante administra temporariamente o espólio e, sempre que possível, deve ser o indicado pela vontade comum dos herdeiros, os interessados imediatos. O inventariante dativo é excepcional, inclusive porque sequer tem legitimidade para representar plenamente o espólio. Embora em casos específicos o Juízo não esteja obrigado a cumprir rigorosamente a gradação do art. 990, do CPC, tendo os herdeiros, maiores e capazes, anuído com nomeação da primeira agravante, não há razão para que sejam preteridos em relação ao agravado que não é herdeiro. Recurso a que se dá provimento. (TJRJ, AI 0055015-32.2012.8.19.0000, 9ª C. Cív., Rel. Jose Roberto Portugal Compasso, j. 04/12/2012). 8 Emenda Constitucional 66/2010. 9 Recurso especial. Direito civil. Sucessões. Cônjuge sobrevivente. Separação de fato há mais de dois anos. Art. 1.830 do cc. Impossibilidade de comunhão de vida sem culpa do sobrevivente. Ônus da prova. 1. A sucessão do cônjuge separado de fato há mais de dois anos é exceção à regra geral, de modo que somente terá direito à sucessão se comprovar, nos termos do art. 1.830 do Código Civil, que a convivência se tornara impossível sem sua culpa. 2. Na espécie, consignou o Tribunal de origem quea prova dos autos é inconclusiva no sentido de demonstrar que a convivência da ré com o ex-marido tornou-se impossível sem que culpa sua houvesse. Não tendo o cônjuge sobrevivente se desincumbido de seu ônus probatório, não ostenta a qualidade de herdeiro. 3. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1513252/SP, 4ª T., Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j, 03/11/2015, DJe 12/11/2015). 10 STF, ARE: 936397 CE - 0093232-17.2006.8.06.0001, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 17/12/2015, DJe 01/02/2016). 11 José Fernando Simão, Separação de fato e a perda da qualidade de herdeiro (parte 2). 12 STF – Tese 498: É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002. (RE 646.721 e RE 878.694) 13 Inventário. Exclusão de herdeiro. Remoção de inventariante. Regime de separação de bens. [...] 3. O cônjuge supérstite tem legitimidade para figurar como inventariante do espólio dos bens do cônjuge falecido, independentemente do regime de bens, devendo ser mantido no múnus, salvo ocorrida alguma das hipóteses do art. 995 do CPC [de 1973]. (TJMG 10024121969315001, 7.ª C. Cív., Rel. Des. Oliveira Firmo, j. 05/07/0015). 14 inventário. Nomeação de inventariante. Ex-companheira. União estável. Existência. Questão de alta indagação. Remessa às vias ordinárias. Reforma da decisão agravada. Provimento do recurso. Constatado que a questão da existência da união estável entre a inventariante e o falecido é controversa e não se assenta em sentença declaratória da situação de convivência e, tampouco, em escritura pública de reconhecimento da união estável, é de rigor sua destituição. A apreciação dessa questão se revela incompatível com o procedimento célere do inventário, devendo as partes serem remetidas para as vias ordinárias, em que se permitirá a dilação probatória que a situação recomenda e permitirá o exercício pleno das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Recurso provido. (TJMG, AI 1.0000.17.026203-4/001, 5ª C. Cív., Rel. Des. Lílian Maciel Santos, j. 16/11/0017, publ. 23/11/2017). 15 Inventário. Insurgência contra decisão que nomeou o companheiro sobrevivente como inventariante, deferindo-lhe o direito real de habitação. Manutenção. Reconhecimento da existência de união estável homoafetiva entre o atual inventariante e o de cujus até a data da morte deste. Observância da ordem legal de nomeação do cargo de inventariante (art. 617, I, CPC), bem como da determinação legal do reconhecimento de direito do companheiro sobrevivente ao direito real de habitação do imóvel familiar (art. 1831, CC). Recurso não provido. (TJSP, AI 2047361-86.2017.8.26.0000, 3ª C. Dir. Priv. Rel. Carlos Alberto de Salles, 13/06/2017). 16 Flávio Tartuce, O novo CPC e o direito civil, 501. 17 Rafael Knorr Lippmann, Breves comentários ao novo CPC, 1.525. 18 Recurso especial. Inventário. Levantamento de valores. Prévia oitiva dos herdeiros interessados. Dispensa. Possibilidade. Limite de valor. [...] 2. Cinge-se a controvérsia em definir se o juiz pode permitir o levantamento de valores, pelo inventariante, para pagamento de dívidas e realização de despesas para conservação e melhoramento do patrimônio inventariado, sem a prévia oitiva dos herdeiros interessados. 3. É imperiosa a adequada ponderação entre a necessidade de oitiva dos herdeiros imposta por lei e a própria eficiência da administração dos bens do espólio. 4. O juiz pode, excepcionalmente, permitir o levantamento, pelo inventariante, de valores para pagamento de dívidas do espólio e realização de despesas para conservação e melhoramento do patrimônio inventariado, sempre condicionado à autorização judicial, dispensada a prévia oitiva dos herdeiros interessados, desde que as ações pretendidas pelo inventariante, por sua própria natureza ou importância, não recomendem essa manifestação e desde que seja obedecido um limite a ser fixado conforme às situações do caso concreto. 5. Tendo em vista o patrimônio inventariado, composto de fazendas que somam área considerável, tem-se por sensata a fixação do valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) como limite máximo para pagamentos ou despesas realizadas pelo inventariante sem que haja oitiva dos herdeiros. 6. Recurso especial parcialmente provido. (STJ, REsp 1.358.430-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 03/06/2014). 19 Sucessões. Inventário. Prestação de contas. Dever da inventariante encarregada da administração dos bens do espólio. Precedentes jurisprudenciais. [...] 2. Mérito. Os requerentes têm direito de exigir a prestação de contas na qualidade de herdeiros, ao passo que a demandada, apelante, tem a obrigação de prestá-las, pois na condição de inventariante administra os bens do espólio, ativo e passivo. Ainda que o art. 618, inc. VII, do CPC estabeleça que é dever do inventariante prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo, ou sempre que o juiz determinar, tal circunstância não afasta o direito dos interessados de exigir prestação de contas em momento diverso daqueles, em ação própria a tramitar em autos apartados. O fato alegado pela apelante de que não restarão bens a partilhar em razão de o passivo do espólio ultrapassar o ativo e o argumento de que está usando a área de terras apenas para sua subsistência não a isentam de, como inventariante, prestar contas aos herdeiros. Mesmo que o resultado apurado seja ZERO, ou até negativo. Negaram provimento, por maioria. (TJRS, AC 70074799503, 8ª C. Cív., Rel. Luiz Felipe Brasil Santos, j. 14/12/2017). 20 Sucessão. remoção de inventariante. 1. O recurso foi apreciado de acordo com o contido nos arts. 932, VIII, do NCPC e 169, XXXIX, do Regimento Interno desta Corte de Justiça, pois todos os componentes desta Câmara possuem o mesmo entendimento acerca da matéria dessa demanda. 2. Como se vê, não foi violado o princípio da não surpresa, uma vez que a decisão sobreveio aos autos após ter sido instada a se manifestar em diversas oportunidades, para ultimação do feito, não atendendo ao comando jurisdical, inviabilizando a finalização da demanda. O processo de inventário deve ser célere. Para tanto, é necessária a participação efetiva do inventariante, não havendo justificativa para a atuação procrastinatória, cabível, por isso, a remoção determinada. Recurso Desprovido. (TJRS, AI 70076386861, 7ª C. Cív., Rel Liselena Schifino Robles Ribeiro, j. 28/02/2018). 21 © desta edição [2018] Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim, Inventários e partilhas, 351. 22 Agravo regimental no recurso especial. Tributário. ITCMD. Inventário. Remoção de inventariante. Necessidade intimação. 1. A remoção do inventariante pressupõe a sua intimação, no prazo de cinco dias, para se defender e produzir provas, conforme dispõe o art. 996 do CPC [de 1973]. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1.461.526, 2.ª T., Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j.16/10/2014). 23 Incidente de remoção de inventariante. Decisão de acolhimento. Insurgência através de apelação. Recurso cabível é o agravo de instrumento. Aplicação do princípio da fungibilidade recursal em virtude da tempestividade. Recurso não provido(...). (TJSP, AC 0019035-78.2016.8.26.0100, 9ª C. Dir. Priv., Rel. Alexandre Lazzarini, j. 28/11/2017). 24 Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim, Inventários e partilhas, 351. 25 Pontes de Miranda, Tratado das ações, t. III, 111. 26 Euclides de Oliveira, Inventário e partilha, 450.
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