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Aula 1 e 2 - Toxicologia Ocupaional

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Resumo – Toxicologia Ocupacional
Definição: Estudo os efeitos adversos de substâncias às quais os trabalhadores estão expostos em seu ambiente de trabalho. 
Normalmente, quando se tem um caso de incidência de uma determinada doença em um mesmo grupo de trabalhadores, é normal fazer um estudo retrospectivo para ver qual a causa no ambiente de trabalho que tenha sido a causa. 
Agências Internacionais para a Proteção da Saúde do Trabalhador 
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial da Saúde
ICF – Federação Internacional dos Trabalhadores da Química e Indústrias Diversas
IARC – Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer
ISSA – Associação Internacional de Seguridade Social
ACGIH – Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais
OSHA – Departamento de Saúde e Segurança Ocupacional
CEPIS – Centro Pan-americano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente
ECO – Centro Pan-americano de Ecologia Humana e Saúde
OPAS – Organização Pan-americana de Saúde
Objetivo da Toxicologia Ocupacional: Prevenir o surgimento de efeitos adversos à saúde dos trabalhadores em decorrência da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos no local de trabalho. 
Requisitos necessários a fim de garantir a saúdo do trabalhador
Limite de exposição ocupacional do trabalhador em relação a insumos toxicológicos. 
EPIs 
Engenharia e administração para assegurar a saúde do trabalhador e o menor contato possível dele com insumos toxicológicos que pode haver no meio de trabalho. 
Monitoramento Biológico 
Supervisão (de eventos adversos nos trabalhadores, presença de doenças subclínicas após o contato com o ambiente de trabalho, entre outros). 
Monitoramento Ambiental x Monitoramento Biológico 
Monitoramento Ambiental: O monitoramento ambiental consiste na determinação das substâncias presentes no ambiente de trabalho, a fim de avaliar a exposição e o risco à saúde, comparando-se os resultados obtidos com as referências da literatura. 
Normalmente são amostras de ar e de superfície (que representam o contato direto com o trabalhador). 
Monitoramento Biológico: Consiste na determinação das substâncias e/ou de seus metabólitos em sangue, urina, ar expirado dos indivíduos expostos para avaliar a exposição e o risco à saúde comparando-se os resultados obtidos com referências apropriadas.
Logo monitoramento biológico é um adicional ao monitoramento ambiental, além de que testa a eficácia dos EPIs, avalia o potencial de absorção pela pele e pelo trato gastrointestinal e detecta agentes toxicológicos não-ocupacionais. 
Biomarcadores
Indicadores biológicos de exposição, resposta (ou efeito) e susceptibilidade às substâncias. 
Biomarcadores de Exposição: Indica que houve exposição a um determinado agente toxicológico, mas não indica nenhum tipo de efeito.
Ex: Benzeno, tolueno
Biomarcadores de Efeito: Indica além da exposição, os efeitos adversos que a aquele agente ao qual o indivíduo foi exposto pode causar. 
Ex: Fragmento de DNA, metomoglobina, entre outros. 
Biomarcadores de Susceptibilidade: Indicam se um indivíduo tem uma limitação para lidar com a exposição química (a partir de indicativos bioquímicos ou fisiológicos).
Ex: Atividade de CYP 450 aumentada, diminuição de atividades de algumas enzimas, entre outros. 
Doenças relacionadas ao trabalho 
Doença Renal (mercúrio, solventes)
Doença Cardiovascular (solventes, cobalto, cádmio, monóxido de carbono)
Pele 
Sistema Nervoso (DDT, mercúrio, acrilamida, solventes, entre outros).
Doença do sistema reprodutivo 
Pulmão e vias aéres (cádmio, ácool isopropil, cobalto, amônia, entre outros). 
Vias de Exposição 
Inalação 
Afetam principalmente o pulmão e as vias aéreas. E está relacionada a agentes como aerossóis, gases poluentes, fumos, fumaças, poeira, fibras, entre outros. 
Ex. de grupo afetado são os mineradores de carvão que tem doenças como silicose, pneumoconiose, entre outras doenças recorrentes entre esses grupos de trabalhadores. 
Gases e Vapores irritantes: ozônio, amônia, ácido clorídrico, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio, entre outros.
O gás cloro é moderadamente solúvel em água (se transformando no ácido clorídrico) e assim pode ficar retido nas vias aéreas superiores causando um efeito irritante para a região. O gás cloro pode causar além de irritação, mas também pneumonite, tosse, dificuldade pra respirar, edema pulmonar e até pode levar a morte.
A amônia é muito solúvel em água e causa irritação nas vias aéreas superiores. Além disso, causa também cianose, edema pulmonar, perda de voz, ulceração na boca e no nariz, entre outros. 
O formaldeído também tem boa solubilidade em água e afeta as vias aéreas superiores, causando efeito irritante, asma, dermatite, câncer, entre outros efeitos. 
Fosgênio (gás utilizado na fabricação de plásticos, preguicidas e corantes). Ele causa efeito irritante. 
Gás sulfídrico, monóxido de carbono e gás cianídrico são asfixiantes. 
Poeiras e Particulados 
As poeiras minerais como carvão, sílica, abestos, alumínio, talco podem causar doenças como pneumoconiose, 	silicose, abestose, entre outros. 
Pneumoconiose: Reação do pulmão a inalação de poeiras mineirais (principalmente trabalhador subterrâneo com carvão mineral), causando pequena alteração da função pulmonar, fibrose massiva e progressiva. 
Silicose: Causada pela intoxicação com sílica. Consiste em uma forma de pneumoconiose causada pela inalação de finas partículas de sílica cristalina. Sua fisiopatologia a nível celular é caracterizada por inflamação nos alvéolos pulmonares devido a presença de granulomas e nódulos inflamatórios onde está presente as partículas acumuladas de sílica. 
Abestose: Asbestose é uma doença causada pela geração do pó de amianto, também chamado de asbesto. É um tipo de pneumoconiose e nesta doença tem-se a formação extensa de tecido cicatricial nos pulmões.
Absorção dérmica 
Respingos de líquidos, manuseio de materiais podem ser absorvidos pela pele também, além de materiais suspensos no ar. 
Ingestão 
Hábitos incorretos no local de trabalho levam a ingestão de agentes toxicológicos, como comer, fumar ou levar a mão ou algum material à boca.
Agentes Metemoglobinizantes
São substâncias capazes de induzir oxidação de um dos átomos de ferro da hemoglobina. Esta oxidação resulta em um pigmento chamado metemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio. E assim os efeitos associados a esses agentes são cianos, hipóxia dos tecidos e até morte. 
** Reverter a intoxicação por metemoglobinemia com azul de metileno. 
METAIS
Os metais diferem de outros agentes tóxicos por não poderem ser criados nem destruídos pelo homem. 
A exposição do homem aos metais ocorre por diversas maneiras, entre elas está a erosão (que é um modo natural), mineração, combustão de combustíveis fósseis, lodo de esgoto, fertilizantes, consumo de alimentos contaminados, materiais terapêuticos e alguns produtos de consumo (como tinta de cabelo, suplemento de vitaminas e minerais), entre outros.
Fatores que influenciam a toxicidade dos metais 
Interações com metais essenciais
Formação de complexos metal-proteína
Idade e estágio do desenvolvimento
Estilo de vida (dieta, hábito de fumar e consumir bebidas alcoólicas)
Forma química
Estado imune do indivíduo (para os metais que produzem reações alérgicas: cromo, níquel, mercúrio, berílio, ouro, platina)
CHUMBO 
A principal forma do chumbo na natureza é a sua forma galena. 
Usado nas indústrias de químicas e de construção 
E 70% mundial de consumo de chumbo se destina a manufatura de baterias. 
O chumbo pode inativar enzimas, pois substitui metais que realmente deveriam se ligar a elas, alterando a função biológica. 
O Chumbo causa o acúmulo de ALA que é um precursor da síntese do grupo heme. O problema é que o grupo ALA se assemelha ao GABA, logo pode causar manifestações neuropsiquiátricas, além de outras alteraçõesas membranas, ao DNA, aos receptores GABA, entre outros. 
A Neuropatia é um exemplo de doença recorrente pela exposição ao chumbo. Além disso existe a anemia, infertilidade masculina, abortos, cólicas, insuficiência renal, entre outras doenças. 
CÁDMIO 
Encontrado normalmente em associação a minérios de zinco, cobre e chumbo. 
Utilizado para pigmentos de plástico e vidros, baterias de níquel-cádmio, fungicidas, indústria têxtil e recobrimento de aço e ferro. 
A principal forma de absorção de cádmio se dá pela inalação, visto que eles se apresentam na maioria dos ambientes de trabalho na forma de aerodispersóides. 
Na população em geral a principal forma de contaminação por cádmio se dá pelos alimentos contaminados, fumaça de cigarro e efluentes industriais (menos comum). 
O cádmio tem a propriedade de se depositar principalmente nos rins e no fígado.
A sua toxicidade está associada a toxicidade renal (causa dano celular que aumenta a secreção de glicose, aminoácidos, cálcio e enzimas) e hepática principalmente, visto que são os órgãos-alvos. Além disso causa toxicidade pulmonar (pneumonia, edema pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica, entre outras). 
CROMO 
O cromo não é encontrado livre na natureza. 
Usado em construções civis, no aço inox, em galvanoplastias, conservantes de madeira, sínteses orgânicas e fertilizantes. 
Pode-se encontrar cromo em lixos urbanos, lâmpadas, na fabricação de cimento, em construções, cinzas de carvão, incineração de lixo, fertilizantes, curtumes, entre outros lugares. 
A absorção do cromo depende de alguns fatores como tamanho da partícula, mas principalmente do estado de oxidação dele. 
Ex: O Cr (VI) atravessa mais facilmente as membranas celulares (Cr III também atravessa, mas em uma menor quantidade, visto que se encontra uma maior quantidade de Cr VI na urina do que Cr III).
O Cr (VI) é mais tóxico. 
O cromo causa irritação na pele, podendo causar queimadura no local onde teve-se o contato, irritação no trato respiratório, ulceração e perfuração do septo nasal, além de que participa em reações de Felton no interior das células onde gera radicais livres que causam danos as biomoléculas. 
O Cr (III) é um metal essencial, porque é um componente do fator de tolerância a glicose, o qual facilita a interação da insulina com seu receptor. (aqui é importante a dose em relação a toxicidade). 
** O tratamento de intoxicação por metais se dá normalmente por utilização de quelantes, os quais devem ser solúveis em água, resistentes a biotransformação, capazes de alcançar o local com estoque de metais no organismo, capazes de formar complexos não tóxicos com metais tóxicos e excretável, e ter baixa afinidade por metais essenciais. 
REUMO DE SUBSTÂNCIAS QUE PODEM CAUSAR ALGUMAS DOENÇAS 
	DOENÇAS
	COMPONENTES TOXICOLÓGICOS
	Doença Renal 
	Cádmios, mercúrio, solventes
	Doença Pulmonar
	Cromo, cádmio, solventes, formaldeído, amônia, carvão mineral, sílica, abesto, gás cloro.
	Doença Vascular
	Solvente, cobalto, cádmio, monóxido de carbono
	Doença no SNC
	DDT, mercúrio, acrilamida, solventes
	Doença Ocular
	Ácido sulfídrico, bromo, solventes
	Câncer
	Mercúrio, solventes, entre outros
	Doença Hepática
	Solventes (tetracloreto de carbono, aminas, entre outros).
AULA 2 – APRESENTAÇÃO FUNDACENTRO
Consiste em um órgão de pesquisa em saúde e segurança do trabalho. Eles divulgam informações a respeito da segurança no trabalho em relação a componentes toxicológicos e ao meio ambiente, através de workshops, criação de grupos sindicais, elaboração de material didático, boletins, entre outros meios. 
Verificam agentes biológicos, metais, pesticidas, poeiras minerais, além de ruído, vibração, calor, radiações, entre outros agentes que podem ser tóxicos para a saúde humana. 
Linhas de Pesquisas do Fundacentro 
1. Avaliação, Comunicação e Controle de Riscos no Trabalho. 
Estudar os ambientes e atividades de trabalho e os respectivos riscos à segurança e saúde dos trabalhadores, com foco nos riscos relacionados a exposições a agentes ambientais. 
2. Políticas Públicas da Segurança e Saúde no Trabalho
Estudar as políticas públicas de segurança e saúde do trabalhador e as práticas de gestão no âmbito da sociedade, que podem incluir medidas regulamentadoras, de controle social e iniciativas voluntárias. 
3. Estudo de Doenças Relacionadas ao Trabalho 
Estudar as doenças relacionadas ao trabalho. Identificar e compreender os fatores determinantes das doenças relacionadas ao trabalho, utilizando-se métodos qualitativos ou quantitativos. Propor estratégias de prevenção e vigilância da saúde dos trabalhadores.

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