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Articulação O feiticeiro e sua Magia e Eficácia Simbólica

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Nos textos de Claude Lévi-Strauss, A Eficácia Simbólica e O feiticeiro e sua magia, encontramos o significado do mito e o valor que a simbologia exerce nas culturas antigas e ainda nas culturas atuais. Citando um exemplo grosso modo, a cultura das aldeias indígenas representa de forma simples a compreensão do misticismo e da simbologia, pois se tornam um dos meios mais práticos para a descrição e compreensão de eventos ocorridos de maneira sobrenatural. Discorremos a despeito dos dois textos de Lévi-Strauss citados a cima, de maneira sucinta, destacando os principais pontos que os caracterizam, bem como a relação dos mesmos. 
No O feiticeiro e sua magia, Lévi-Strauss discorre a respeito de três acontecimentos, os quais são embasados em acontecimentos místicos e tem seu desenrolar de maneira sobrenatural. Ao discorrer sobre o primeiro fato, o qual se passa em uma tribo de índios no Brasil, Strauss começa a estudar sobre os rituais dos indígenas e passa a questionar-se sobre as “curas mágicas” que acontecem nas aldeias, bem como a maneira que um indivíduo sadio, sem nenhuma doença passa a ficar doente após um feitiço ser lançado. Segundo LÉVI-STRAUSS (1975), veremos três pontos principais que caracterizam O feiticeiro e sua magia, 1) o feiticeiro precisa acreditar no poder das suas técnicas utilizadas para cura, 2) o sujeito enfeitiçado precisa acreditar no poder das técnicas de cura do feiticeiro, 3) a sociedade precisa reconhecer e ter confiança nas relações entre o feiticeiro e aqueles que ele enfeitiça. O sujeito que acredita estar contaminado é alienado ao próprio mal-estar, e o feiticeiro utiliza-se dos símbolos que fazem parte dos rituais para interiorizar de forma mística uma cura psicológica ao paciente. Segundo LÉVI-STRAUSS, (1975, P. 1), “A integridade física não resiste à dissolução da personalidade social”. A partir desta citação, podemos refletir que quando o corpo social esta impregnado com uma ideia, o resto todo começa a refletir a partir da ideia imposta pelo social, no caso do feitiço, se um indivíduo é enfeitiçado, o meio social que este indivíduo vive será afetado, afetando assim o próprio indivíduo, pois o contexto o condenará por si só a morte e o excluirá, alegando risco de algum tipo de contaminação tanto física quanto espiritual, ou mesmo, o levará a procurar um feiticeiro para tentar estabelecer a cura, fazendo com que o próprio indivíduo acredite que esta sofrendo com um feitiço e que precisará da cura oferecida por intermédio do feiticeiro. 
Na Eficácia simbólica, Lévi-Strauss cita alguns aspectos da cura xamanista, o que se pode refletir como um processo de interação social. Segundo LÉVI-STRAUSS (1949), começa-se a discorrer sobre um parto, o qual acontece de forma complicada, e neste momento acontece à intervenção a pedido da parteira, de um xamã. A intervenção acontece porque o chamado “Muu” responsável pela formação do feto apodera-se do “purba”, ou seja, da alma da futura mãe, então é solicitado pela parteira o canto, que é feito pelo xamã, que serve justamente para procurar esse “purba” perdido. O xamã então é assistido por seus espíritos protetores e se torna encarregado por uma viagem ao sobrenatural para retirar espíritos malignos e assegurar ao proprietário á cura. Segundo LÉVI-STRAUSS (1949), a cura neste caso por via psicológica seria, através do canto que representa uma manipulação psicológica do órgão doente e a cura viria através disso.
Segundo LÉVI-STRAUSS, (1949, P. 228), “Que a mitologia do xamã não corresponda a uma realidade objetiva, não tem importância: a doente acredita nela, e ela é membro de uma sociedade que acredita”. 
	A mitologia do xamã pode não ser clara e muito menos objetiva, mas se o doente acredita, passa a fazer-se membro dessa sociedade. 
Nos dois textos vemos a construção da eficácia simbólica, tanto através do feiticeiro que realiza a cura quanto através do xamã que se coloca como sábio e maior conhecedor de soluções para problemas práticos. O feiticeiro não é feiticeiro somente por realizar a cura, mas sim, por curar que ele se tornou um ícone diante da sociedade passando a ser conhecido como feiticeiro. A cura é oferecida a aqueles que acreditam na eficácia do poder de cura do feiticeiro ou do xamã, assim, esta cura se torna a mais provável e com um cunho primordial a aqueles que a veneram. E esta eficácia simbólica consiste em interação social nos dois textos de Lévi-Strauss justamente por exteriorizar esta ânsia de conhecimento social de sua eficácia de poder da cura ou de sabedoria, através de vários modos, ritos, deuses e tradições culturais, diante da sociedade. 
Referências Bibliográficas
STRAUSS, Claude Lévi, Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro. 1975. PP.193-213.
STRAUSS, Claude Lévi, A eficácia Simbólica, na Revue de Histoire des religions, t. 135, nº I, 1949, pp. 5-27.

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