Prévia do material em texto
1 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho REGIÕES DE UM ARCO (-) mm Zona de Queda Catódica Coluna de Plasma Zona Queda Anódica V (+) Zona de Queda Catódica Zona de Queda Anódica Coluna de Plasma Dimensão 10-6 m 10-6 m Queda de Tensão (E) 107 V/m 107 V/m 103 V/m Densidade Corrente (J) 109 A/m2 107 A/m2 106 V/m2 • Pergunta-se: 1) Estime as quedas de tensão em cada região de um arco com 5 mm, com base nos valores apresentados. 2) Quais as dimensões da mancha anódica e catódica para um arco de 100 A ? (Admitir como sendo circulares). 3) Considerando tensões de arco (total) de 22 V e 23 V, respectivamente, quais seriam os comprimentos (alturas) desses arcos (coluna de plasma + zonas anódica e catódica). Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho Perfil numérico da queda de tensão axial no centro do arco (Vilarinho) 2 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho CARACTERÍSTICAS DE CADA ZONA 1) Zona de Queda Catódica (-) Os íons positivos tem baixa mobilidade (alto peso (mAr 6,6 x 10–26 Kg) e baixa velocidade (vAr 7 x 10 3 m/s)) e são atraídos pelo cátodo produzindo alto potencial elétrico; + -e (-) + + -e + -e - elétrons são emitidos para o ânodo; - Acredita-se não haver choque entre elétrons e íons nessa região, não provocando desaceleração dos elétrons. - Há choques de íons positivos contra o cátodo Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho + -e (-) + + -e + -e - Se o material do cátodo for refratário (tungstênio), o aquecimento pode ser suficiente para emissão termoiônica, sendo esse o principal mecanismo de emissão de elétrons para arcos com eletrodos não consumíveis (cátodo quente). - A densidade e corrente devido ao efeito termoiônico pode ser estimada pela equação de Richardson- Dushiman. • EMISSÃO TERMOIÔNICA OU CÁTODO QUENTES 3 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho KT e ATJ exp2 • EQUAÇÃO DE RICHARDSON- DUSHIMAN (EFEITO TERMOIÔNICO) A = Constante igual a 6 a 7 x 105 A.m-2.K-2 para o aço; T = Temperatura [K]; e = Carga do elétron 1,6 x 10–19 C; = Função trabalho do metal [eV]; K = Constante de Boltzmman (1,38 x 10-23 J/K) T e/ou J Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho Obs: Fe Al W , mas não existe emissão termoiônica para o Fe e o Al. Nas temperaturas de ebulição dos materiais como Fe ao se aplicar Richardson- Dushiman, tem-se: J Fe = 3 x 10 6 A/m2 a Tebulição = 3160 K J W = 4,5 x 10 9 A/m2 a Tebulição = 5800 K (considerando = 4 eV e A = 7 x 105 A.m-2.K-2, para o aço, e = 4,535 eV e A = 600 x 106 A.m-2.K-2 para o W) Para se obter esta emissão a área de cada ponto do Fe seria muito grande, sendo irreal, baseado na prática: AFe = 100 mm 2 dFe = 11 mm para 300 A AW = 0,065 mm 2 dW = 0,3 mm para 300 A Pergunta-se (Exercício para casa): 1) E se for considerado a temperatura de fusão ? 2) No Matlab (ou Excell), traçar curvas do diâmetro do ponto em função da temperatura, para um arco de 100 A, considerando 3 tipos de eletrodo emitindo termoionicamente (por exemplo Al, Fe, Cu, W, Grafita, etc.) 4 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho • EMISSÃO POR CAMPO OU CÁTODO FRIO (Pontos Catódicos) Os elétrons para serem emitidos por gradiente elétrico necessitam de um V muito maior que o existente. Pontos catódicos são pequenos pontos brilhantes vagando rapidamente pela superfícies Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho • EMISSÃO POR CAMPO OU CÁTODO FRIO (Pontos Catódicos) O calor gerado nas pequenas áreas funde os óxidos, possibilitando a emissão de elétrons. Outras teorias: ** Os elétrons rompem e quebram a camada de óxido; ** Os íons positivos chocam e destroem a camada (Ar é + eficiente que o He) Aço ao C + Ar/O2 (oxidante) Os pontos se formam sobre os mesmos pontos continuamente estável. Alumínio + TIG Ar puro (neutro) Os pontos só acontecem em regiões novas limpeza do óxido ** Quanto maior a corrente, mais pontos; ** Após a quebra dos óxidos, a área deve se tornar “fria” (diminui o gradiente). Vida curta de cada ponto, de 1 a 10 ms; ** Se houver oxigênio, o óxido se regenera; ** Se não houver oxigênio, instabilidade do arco. 5 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho • OUTROS MECANISMOS SUGERIDOS NA LITERATURA Efeito conjunto por campo e termoiônico; Emissão eletrônica por captura Auger de íons positivos; Emissão eletrônica por fótons; Emissão por átomos excitados ou metaestáveis; Liberação de elétrons através de filmes óxidos carregados com íons positivos; Condução metálica em vapores formados na superfície do cátodo; Liberação de íons positivos em vapores formados no cátodo. Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho 2) Região de Queda Anódica (+) Fenômeno similar à região catódica; ** Elétrons menor massa, maior velocidade - - - - ** São emitidos mais elétrons que íons - - + - + - *** Mais elétrons que íons; + - - + - + - *** Emissão termoiônica / campo. - - - - - + - - - Sabe-se que m.v 2 /2 = 3.k.T/2 (+) • Não há emissão de íons pelo ânodo (não há transferência de energia); • Alta concentração de elétrons é responsável pelo alto potencial elétrico ( 107 V/m) • Abundante choque de elétrons 6 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho Condução de Carga num arco • Corrente predominante de elétrons (íons 3% do fluxo) • Elétrons menor massa, maior velocidade Sabe-se que m.v2/2 = 3.k.T/2 Considerando a condição de equilíbrio térmico (T ión = T elétron) Assim ve / vg+ = (mg+ / me) 1/2 = 7 x 104 ve >> vg+ • São emitidos mais elétrons que íons na coluna Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho • BALANÇO DE CALOR ENTRE O ÂNODO E O CÁTODO GANHO DE ENERGIA PELO ÂNODO - A energia fornecida ao ânodo pelos elétrons incidentes, consiste de: * Energia cinética dos elétrons (alto gradiente elétrico) alta velocidade; * Energia térmica do elétron (reação exotérmica quando choca com o ânodo). - Ao ânodo ainda é fornecida energia devido à: * Energia de recombinação de íons na superfície; * Condução de calor e radiação do arco; * Reações químicas; * Aquecimento por efeito Joule. AS PERDAS DE ENERGIA DO ÂNODO - Energia perdida para evaporar átomos metálicos; - Partículas volumosas expelidas do ânodo; - Energia gasta para dissociar moléculas gasosas em contato com a superfície; - Condução de calor para a chapa ou eletrodo; - Convecção e radiação de calor para o meio ambiente. O GANHO DE ENERGIA DO CÁTODO - Choque de íons (em menor número e energia do que os elétrons em relação ao ânodo); - Reações químicas; - Calor do arco, condução e radiação (área pequena, se for eletrodo); - Aquecimento por efeito Joule. AS PERDAS DE ENERGIA PELO CÁTODO - Principalmente condução (refrigeração do eletrodo); - Arrancamento de elétrons (processo endotérmico). 7 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scottie Louriel O. Vilarinho • BALANÇO DE CALOR ENTRE O ÂNODO E O CÁTODO Como resultado: 60 a 70 % do calor no ânodo (+) 30 a 40 % do calor no cátodo (-) !!!! CUIDADO !!!! Resultado da Literatura • Pergunta-se: 1) Ao se soldar com eletrodo de W (Processo TIG), qual a polaridade deve ser usada ? 2) A relação acima de balanço de calor seria a mesma ao se usar ora o eletrodo de W como cátodo e uma chapa de aço como ânodo e ora o eletrodo de W como ânodo e a chapa de aço como cátodo? Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho • BALANÇO DE CALOR ENTRE O ÂNODO E O CÁTODO PARA ELETRODOS CONSUMÍVEIS Modelos para explicar: - Em eletrodo refratário (CC-), necessita-se de pouca energia para arrancar elétrons. O aquecimento é menor. Já em eletrodo consumível em CC-, como o mecanismo não é termoiônico, conseqüentemente mais difícil, a geração de calor é maior. A adição de elementos de fácil ionização no cátodo, como o Ca, pode fazer com que a situação se inverta. (+) (-) Processo MIG e alguns casos de ER Eletrodo no negativo (CC-) consome mais que quando o eletrodo no positivo para uma mesma corrente. - Em MIG negativo, há repulsão de gotas. O arco “arde” mais diretamente sobre o eletrodo do que sobre a gota (arde = conexão arco-eletrodo). 8 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho - Em MIG negativo, há uma tendência do arco subir no eletrodo a procura de pontos catódicos (emissão de campo) . O arco também neste caso “arde” mais diretamente sobre o eletrodo. (+) (-) Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho 3) Coluna de Plasma • Suficiente energia é necessária para manter a temperatura capaz de sustentar o arco; • Existe fluxo de massa e energia pela coluna - Cálculos de perdas de calor de um arco é complexo e são incertos; z h C J r h C J e k 2 5 S JJ z h C k zr h r C k rr 1 z wh r ruh r 1 p z p rB R e 2 r 2 z pp Conservação da Energia: - Acredita-se que a maior perda de calor num arco se dê por dissipação convectiva ( 50 % da potência da coluna de plasma e 16 % da potência total do arco); - Em arcos curtos, a dissipação convectiva é significante, mas à medida que se cresce o comprimento do arco a perda por condutividade térmica aumenta ( 30 % da potência da coluna de plasma e 10 % da potência total do arco); - A radiação é a menor fração ( 9 % da potência da coluna de plasma e 3 % da potência total do arco). 9 Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho Real significado da resistência elétrica de um arco Ao longo do curso, vem se tentando demonstrar que a não se deve falar em resistência elétrica de arco no sentido da palavra. Ou seja, a queda de tensão numa coluna de arco não é propriamente dita resistência. Neste tipo de dados, simulados ou medidos, se considera a propriedade do gás em si e não um arco (não está trocando de calor com o meio ambiente). Se na mistura nada é ionizada (temp. ambiente), a resistência é alta 5.000.000 /metro. Considerando uma corrente de 200 A, calcule a tensão para fazer esta corrente passar (U = R x I) Se por outro lado o arco está em altas temperaturas, com o gás totalmente ou parcialmente ionizado, a resistência é baixa, ou seja, em torno de 0,005 /metro. Considerando uma corrente de 200 A, a tensão para fazer esta corrente passar (U = R x I) é de 1 V/m (ou 0,01 V/mm) Fundamentos dos Processos de Soldagem – Américo Scotti e Louriel O. Vilarinho Real significado da resistência elétrica de um arco Mas lembrando-se de que a média da queda de tensão na coluna do arco, como mostrado no exercício do 3º slide, é de 1 V/mm, somente cerca de 1% da queda de tensão do arco é devido à resistência elétrica do meio. De onde vem, então o restante? Exatamente da energia para se reionizar a parcela do gás ionizado que se desioniza continuamente devido a transferência de calor com o meio ambiente (para fazer os choques de elétricos com os átomos, cedendo energia para eles se reionizarem).