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Direito empresarial e do consumidor

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Prévia do material em texto

EaD
1
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDORUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD
Coleção Educação a Distância
Série Livro-Texto
Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
2009
Etiane Barbi Köhler
Fabiana Fachinetto Padoin
DIREITO EMPRESARIAL
E DO CONSUMIDOR
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
2
 2009, Editora Unijuí
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: editora@unijui.edu.br
www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Jociene Dal Molin Berbaum
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
K79d Köhler, Etiane Barbi.
Direito empresarial e do consumidor / Etiane Barbi
Köhler, Fabiana Fachinetto Padoin. – Ijuí : Ed. Unijuí,
2009. – 116 p. – (Coleção educação a distância. Série
livro-texto).
ISBN 978-85-7429-836-8
1. Direito empresarial. 2. Direito do consumidor. 3.
Obrigações. 4. Contratos. I. Padoin, Fabiana Fachinetto.
II. Título. III. Série.
 CDU : 347.7
 347.72
EaD
3
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
SumárioSumárioSumárioSumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................7
CONHECENDO OS PROFESSORES .........................................................................................9
O QUE VAMOS ESTUDAR ........................................................................................................ 11
UNIDADE 1 – DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................ 13
Seção 1.1 – Do Direito Empresarial ........................................................................................... 13
1.1.1 – História do Direito Comercial ............................................................................. 13
1.1.2 – Do Direito Comercial ao Direito Empresarial .................................................. 15
1.1.3 – O Custo do Direito Empresarial para a Atividade Empresarial ..................... 15
Seção 1.2 – A Empresa, o Empresário e as Sociedades Empresárias .................................... 16
1.2.1 – A Empresa .............................................................................................................. 16
1.2.1.1 – Sujeitos da Empresa ......................................................................................... 16
1.2.1.2 – O Estabelecimento ............................................................................................ 17
1.2.2 – O Empresário ........................................................................................................ 19
1.2.2.1 – Qualificação....................................................................................................... 19
1.2.2.2 – Nome Empresarial ............................................................................................. 22
1.2.2.3 – Personalidade Jurídica ..................................................................................... 23
1.2.2.4 – Responsabilidade Patrimonial ......................................................................... 23
1.2.3 – As Sociedades Empresárias ................................................................................. 24
1.2.3.1 – Sociedade ........................................................................................................... 24
1.2.3.1.1 – Personificação................................................................................................. 24
1.2.3.1.2 – Desconsideração da Personalidade Jurídica .............................................. 27
1.2.3.1.3 – Sociedade não Personificada ....................................................................... 28
1.2.3.2 – Sociedade Empresária ...................................................................................... 30
1.2.3.2.1 – Sociedade Limitada ....................................................................................... 33
1.2.3.2.2 – Sociedade Anônima ....................................................................................... 40
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
4
1.2.3.3 – Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio .........................................45
1.2.3.3.1 – Hipóteses ..........................................................................................................47
1.2.3.4 – Dissolução ...........................................................................................................48
1.2.3.4.1 – Fases .................................................................................................................48
1.2.3.5 – Operações Societárias .......................................................................................51
1.2.3.5.1 – Hipóteses ..........................................................................................................51
1.2.3.5.2 – Direito dos Credores .......................................................................................52
UNIDADE 2 – OBRIGAÇÕES E CONTRATOS ........................................................................53
Seção 2.1 – Obrigações: noções gerais .......................................................................................53
2.1.1 – Introdução ao Direito das Obrigações ...............................................................54
2.1.2 Conceito de Obrigação ............................................................................................54
2.1.3 – Elementos das Obrigações ...................................................................................55
2.1.4 – Fontes das Obrigações ..........................................................................................56
Seção 2.2 – As Consequências do Inadimplemento das Obrigações .....................................57
2.2.1 – Mora ........................................................................................................................58
2.2.2 – Perdas e Danos ......................................................................................................59
2.2.3 – Juros Legais ............................................................................................................60
2.2.4 – Cláusula Penal .......................................................................................................60
2.2.5 – Arras ou Sinal ........................................................................................................61
Seção 2.3 – Contratos ...................................................................................................................62
2.3.1 – Conceito de Contrato ............................................................................................62
2.3.2 – Formação dos Contratos ......................................................................................63
2.3.3 – Contratos de Massa ..............................................................................................64
2.3.4 – Alguns Tipos Contratuais ....................................................................................66
2.3.4.1 – Contrato Preliminar ...........................................................................................66
2.3.4.2 – Contrato de Compra e Venda ...........................................................................67
2.3.4.2.1 – Compra e Venda com Reserva de Domínio .................................................69
2.3.4.3 – Locação de Imóvel Urbano para Fins não Residenciais ..............................69
2.3.4.4 – Contrato de Fiança ............................................................................................712.3.5 – Contratos Empresariais ........................................................................................73
2.3.5.1 – Alienação Fiduciária em Garantia ..................................................................73
2.3.5.2 – Arrendamento Mercantil (Leasing) .................................................................74
2.3.5.3 – Franquia (Franchising) ......................................................................................76
2.3.5.4 – Faturização (Factoring) .....................................................................................78
2.3.5.5 – Representação Comercial .................................................................................78
UNIDADE 3 – DIREITO DO CONSUMIDOR ..........................................................................81
Seção 3.1 – A Proteção Atual do Consumidor Brasileiro
 no Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8078/1990 ...................................81
3.1.1 – Conceitos de Consumidor ....................................................................................82
3.1.2 – Conceito de Fornecedor ........................................................................................85
3.1.3 – Objeto da Relação Jurídica de Consumo ..........................................................86
Seção 3.2 – Direitos Básicos do Consumidor .............................................................................88
Seção 3.3 – Proteção à Saúde e Segurança ...............................................................................91
Seção 3.4 – Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço .........................................94
3.4.1 – Órbitas de Proteção do Consumidor ...................................................................94
3.4.2 – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto
 e do Serviço (acidentes de consumo) .................................................................95
3.4.2.1 – Quanto aos Responsáveis pelos Acidentes de Consumo .............................95
3.4.2.2 – Responsabilidade Objetiva ...............................................................................96
3.4.2.3 – Produtos ou Serviços Defeituosos ...................................................................97
3.4.2.4 – Causas Excludentes da Responsabilidade .....................................................98
3.4.2.5 – Responsabilização do Comerciante ................................................................99
3.4.2.6 – Responsabilização dos Profissionais Liberais ............................................. 100
3.4.2.7 – Prazo para Ajuizamento de Ação de Reparação de Danos ...................... 100
Seção 3.5 – Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço ....................................... 101
3.5.1 – Vício de Qualidade do Produto ........................................................................ 102
3.5.1.1 – Solidariedade entre os Fornecedores ............................................................ 103
3.5.1.2 – Alternativas do Consumidor .......................................................................... 103
3.5.2 – Vícios de Quantidade do Produto ................................................................... 104
3.5.3 – Vício de Qualidade dos Serviços ...................................................................... 105
3.5.4 – Prazo para Reclamar dos Vícios ....................................................................... 106
Seção 3.6 – As Práticas Comerciais .......................................................................................... 108
3.6.1 – Oferta ................................................................................................................... 108
3.6.1.1 – Regime de Responsabilização ....................................................................... 109
3.6.1.2 – Inadequação da Oferta ou Publicidade ....................................................... 110
3.6.2 – Publicidade .......................................................................................................... 111
3.6.2.1 – Publicidade Enganosa e Publicidade Abusiva ........................................... 112
3.6.3 – Práticas Abusivas ............................................................................................... 112
3.6.4 – Cobranças de Dívidas ........................................................................................ 114
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 115
ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação
O componente curricular de Direito Empresarial e do Consumidor objetiva possibilitar
ao acadêmico o estudo técnico e o domínio de conteúdo do Direito relacionado à atividade
empresarial – Direito Empresarial – e aos negócios que envolvem o consumidor – Direito do
Consumidor –, oportunizando no processo de ensino-aprendizagem a discussão acerca da
função social destes dois importantes ramos do Direito.
Compreender os elementos técnicos básicos do Direito Empresarial, o que é empresa,
quem é o empresário, quais são e como se estruturam as sociedades empresárias, assim
como do Direito do Consumidor, quem são o consumidor e o fornecedor, quais seus direitos
e deveres, a responsabilidade advinda da relação de consumo, certamente contribuirá para
o aprofundamento da compreensão da realidade atual da sociedade brasileira em relação às
respectivas matérias objeto de estudo e para a pretensa carreira de administrador.
EaD
9
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Conhecendo as ProfessorasConhecendo as ProfessorasConhecendo as ProfessorasConhecendo as Professoras
Etiane Barbi Köhler
Possuo Graduação em Direito pela Universidade Federal de
Santa Maria, tendo obtido o título de Bacharel em Direito no ano
de 1993. Em 1999 concluí Especialização em Direito pela Univer-
sidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Em
2000 ingressei no curso de Mestrado em Direito pela Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, tendo concluído o curso com a obtenção
do respectivo título em 2003.
Atuo desde o ano de 1995 na Universidade Regional do No-
roeste do Estado do Rio Grande do Sul como docente vinculada
ao Departamento de Estudos Jurídicos, tendo já trabalhado nas
áreas de Direito Privado, subáreas de Direito Civil, nos ramos do
Direito das Coisas e das Obrigações, e Direito Empresarial, nos
ramos de Direito Societário, Cambiário, Falimentar, Bancário, ten-
do atuado ainda na área de Direito Processual Civil. Atualmente
sou Professora Assistente 1 Mestre da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com carga horária de
30 horas.
Atuo também como advogada militante e sou procuradora
do município de Ijuí, tendo ingressado na carreira pública em 2006.
Minha atuação acadêmica principal abarca essencialmente a
área de Direito Privado, nas subáreas de Direito Empresarial, ramos
do Direito Cambiário, Societário, Falimentar, Ambiental Empresarial,
Bancário; Direito Civil, nos ramos do Direito das Obrigações, dos
Contratos, Notarial, das Coisas, e Direito do Consumidor.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
10
Fabiana Fachinetto Padoin
A professora possui graduação em Direito pela Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí
(1997). No ano de 2001 cursou especialização em Direito Privado
e em 2007 concluiu curso de Mestrado em Desenvolvimento, Ges-
tão e Cidadania, relação de concentração: Direito, Cidadania e
Desenvolvimento, ambos pela mesma instituição. Desde 2001 é
docente do curso de Graduação em Direito da Unijuí, tendo expe-
riência na relação Direito Civil, com ênfase em Direito Obrigacional
e Direito do Consumidor, atuando nos campi de Ijuí, Santa Rosa e
Três Passos. Além disso, é autora de artigos científicos publicados
em revistas especializadas, voltados para a temática das relações
jurídicasobrigacionais, e neste ano publicou o livro Direitos Fun-
damentais na Relações Contratuais, pela Editora Nuria Fabris (Porto
Alegre).
EaD
11
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
O Que Vamos EstudarO Que Vamos EstudarO Que Vamos EstudarO Que Vamos Estudar
Neste componente curricular vamos nos dedicar ao estudo do Direito Empresarial e do
Consumidor, com vistas a proporcionar ao acadêmico do curso de Administração de Empre-
sas conhecimentos fundamentais para sua atuação no mercado de trabalho. Em relação ao
Direito Empresarial, após definir as bases de sua aplicação, será explicitado o que é empre-
sa, quem é o empresário, quais são e como se estruturam as sociedades empresárias. Após
tratar de alguns aspectos relevantes acerca das obrigações e contratos, serão estudadas
algumas espécies de contratos. Já em relação ao Direito do Consumidor, depois de definir-
mos a quem se aplica o Código de Defesa do Consumidor e quais são seus direitos básicos,
estudaremos os tipos de responsabilidade do fornecedor previstas na legislação, assim como
as práticas comerciais consideradas abusivas ou enganosas.
UNIDADE 1
Iniciamos esta Unidade demonstrando as bases de aplicação do Direito Empresarial.
Na sequência a empresa, o empresário e as sociedades empresárias serão analisadas sob a
ótica do Direito.
UNIDADE 2
Nesta Unidade você irá conhecer o conceito, os elementos e as fontes do Direito das
Obrigações, as consequências do inadimplemento, e, ainda, algumas figuras contratuais
importantes no desenvolvimento das relações comerciais. O estudo justifica-se pelo fato de
o empresário, no desenvolvimento de sua atividade, e o consumidor, como adquirente de
produtos e serviços, figurarem como partes nos contratos empresariais e nos de consumo,
estando ambos sujeitos às regras objeto de estudo desta Unidade.
UNIDADE 3
Nesta unidade você irá conhecer as principais diretrizes do Código de Defesa do Con-
sumidor (Lei 8.078/90) que dizem respeito à relação jurídica de consumo, aos direitos dos
consumidor, à responsabilidade pelo fato e pelo vício do produto e do serviço, e, ainda, às
práticas comerciais permitidas e vedadas pela legislação. O objetivo é proporcionar ao alu-
no os conhecimentos essenciais sobre a matéria, que sem dúvida lhes serão úteis na sua
atuação no mercado de trabalho.
EaD
13
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1
DIREITO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
Objetiva-se no estudo desta Unidade a compreensão dos institutos jurídicos básicos
do Direito Empresarial.
AS SEÇÕES DESTA UNIDADE
Seção 1.1 – Do Direito Empresarial
Seção 1.2 – A Empresa, o Empresário e as Sociedades Empresárias
Seção 1.1
Do Direito Empresarial
Nesta primeira seção sobre Direito Empresarial serão estabelecidas as bases de aplica-
ção desse ramo do Direito. Para tanto, serão tecidas importantes considerações acerca do
surgimento do Direito Comercial enquanto sistema, ou seja, conjunto de normas coordena-
das por princípios comuns e sua evolução até nossos dias como Direito Empresarial, anali-
sando, por fim, o custo que este representa para a atividade empresarial.
1.1.1 – HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL
O surgimento do Direito Comercial, enquanto conjunto de normas coordenadas por
princípios comuns, data da segunda metade do século 12. Intrinsecamente relacionado a
uma específica corporação de ofício, a dos comerciantes, também chamados mercadores, o
Direito Comercial é identificado como o Direito aplicado aos comerciantes associados à
corporação. Assim, o critério adotado nessa época para definir o campo de aplicação do
Direito Comercial é o subjetivo corporativista.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
14
A partir do século 19 e primeira metade do século 20, em especial com a edição do
Código Comercial francês de 1808 (Code de Commerce), ocorre a superação do critério sub-
jetivo corporativista de identificação do campo de aplicação do Direito Comercial. Com a
inauguração do sistema francês de disciplina privada da atividade econômica, cuja base
teórica era a teoria dos atos de comércio, o Direito Comercial passa a ser identificado como
o Direito próprio dos atos de comércio enumerados pela lei (critério objetivo). Com isso, é
ampliado o campo de aplicação do Direito Comercial, que passa a abranger em sua discipli-
na a indústria, as operações bancárias e os seguros.
Diante da dificuldade em conceituar ato de comércio; do caráter meramente
exemplificativo atribuído à enumeração legal; da bipartição dos regimes jurídicos de disci-
plina privada da atividade econômica – Direito Comercial e Direito Civil – que tornava ne-
bulosa a identificação de quais atos seriam disciplinados pelo Direito Comercial e quais
seriam disciplinados pelo Direito Civil, a doutrina jurídica passou a discutir a adoção de um
novo sistema que tivesse como base a ideia de empresa.
Com o Código Civil italiano de 1942 (Codice Civile) tem início, então, um novo perío-
do na história do Direito Comercial, baseado na teoria da empresa. A partir dele é adotado
um novo sistema de disciplina privada das atividades econômicas que une os regimes civil e
comercial, tratando indistintamente as atividades econômicas de produção e circulação de
bens e serviços, somente excepcionando algumas atividades consideradas de menor expres-
são econômica, como as dos profissionais intelectuais.
O Direito Comercial passa, a partir deste momento, a ser visto como o Direito do pro-
fissional da empresa, a chamada fase subjetiva moderna.
No Brasil, inicialmente, com a promulgação da Lei 556, de 25 de junho de 1850, o
chamado Código Comercial brasileiro, ocorreu a adoção do sistema francês de disciplina
privada da atividade econômica, baseado na teoria dos atos de comércio. Era, no entanto, o
Regulamento 737, de 1850, artigo 19, §3º, que definia quais atos eram considerados mer-
cancia, vocábulo empregado pelo Código Comercial para indicar atos de comércio.
Gradativamente, todavia, o Brasil foi se aproximando do sistema italiano, que tinha
suas bases na teoria da empresa, a partir da adoção da referida teoria em textos legislativos
especiais. Assim, foi com o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), que trata
indistintamente os fornecedores, independentemente do gênero de atividade desenvolvida,
com a Lei de Locações Prediais Urbanas (Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991), que
estendeu o direito de renovação compulsória do contrato de locação não residencial às so-
ciedades civis com fins lucrativos, e com a Lei de Registros Públicos de Empresas Mercantis
e Atividades Afins (Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994).
EaD
15
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Com a edição da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil brasileiro – CC),
que revogou expressamente a Parte Primeira do Código Comercial brasileiro, que tratava
“Do Comércio em Geral”, por fim foi consolidada, no Brasil, a aplicação da teoria da empre-
sa sob o título “Do Direito de Empresa”, designação atribuída ao Livro II, da parte especial
do CC.
1.1.2 – DO DIREITO COMERCIAL AO DIREITO EMPRESARIAL
Direito Empresarial é a designação atual do ramo do Direito que regulamenta os con-
flitos originados a partir das relações jurídicas derivadas da exploração da atividade empre-
sarial.
Ele nasceu como Direito Comercial, tendo evoluído hoje para Direito Empresarial.
Suas bases encontram-se no Livro II, da parte especial do Código Civil de 2002, condi-
ção que não compromete sua autonomia enquanto ramo do Direito, tanto é que estamos
aqui a estudá-lo.
1.1.3 – O CUSTO DO DIREITO EMPRESARIAL PARA A ATIVIDADE EMPRESARIAL
O empresário, a fim de estabelecer o preço de seus produtos ou serviços, precisa levar
em consideração uma série de elementos que representam os custos de sua atividade. São
eles: o preço dos insumos; a mão de obra; a margem de lucro esperada; as contingências,
como greves, quebra de safra, acidentes; e, ainda, algumas normasjurídicas, como as de
Direito do Trabalho, de Direito Tributário, de Direito Previdenciário, de Direito Ambiental e
Urbanístico, bem como de Direito Empresarial.
Nestas condições, representam direito-custo para a atividade empresarial, na seara do
Direito Empresarial, as normas jurídicas relativas à responsabilidade civil, em especial a
partir do Código de Defesa do Consumidor, que prevê a responsabilidade objetiva do empre-
sário por acidente de consumo; responsabilidade contratual, derivada da inexecução das
obrigações, pela composição das perdas e danos ou mesmo execução específica das obriga-
ções assumidas e não cumpridas (inadimplidas); propriedade industrial; concorrência; con-
sumidores; recuperação de crédito; etc.
O empresário precisa estar atento a tal questão!
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
16
Seção 1.2
A Empresa, o Empresário e as Sociedades Empresárias
Nesta seção você vai conhecer a empresa, o empresário e as sociedades empresárias
sob a ótica do Direito. Aqui estudaremos cada um dos institutos abordando a legislação a
que estão vinculados.
1.2.1 – A EMPRESA
É muito comum as pessoas usarem o termo empresa para designar sujeitos ou mesmo
objetos, que, a rigor, não podem ser confundidos com a empresa em seu sentido jurídico.
Assim é, por exemplo, quando ouvimos alguém dizer: “Aquela empresa foi autuada
pelo fisco”. Ora, quem pode ser autuado pelo fisco é o sujeito titular da empresa, o empresá-
rio ou a sociedade empresária e não a empresa que, juridicamente, não é uma pessoa, nem
natural nem jurídica.
Juridicamente, portanto, a empresa não pode ser confundida com o sujeito da ativida-
de, o empresário ou sociedade empresária, nem mesmo com o objeto da empresa, o estabele-
cimento.
Empresa é, nesse viés, atividade econômica que visa à obtenção de lucros mediante
oferecimento de bens e serviços ao mercado, utilizando-se para tal de uma organização que
reúne os fatores de produção, força de trabalho, matéria prima, capital e tecnologia.
Concluindo: Empresário ou sociedade empresária se é;
estabelecimento se tem; empresa se exerce.
1.2.1.1 Sujeitos da empresa
A empresa, como atividade, precisa de um sujeito, a quem caberá a iniciativa de
organizar a atividade econômica, que irá reunir, coordenar e dirigir os negócios, recaindo
sobre ele os riscos e responsabilidades desta atividade, uma vez que, se a empresa for bem,
é ele quem irá se beneficiar com os lucros, todavia indo mal, será ele quem amargará os
prejuízos.
EaD
17
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
O sujeito da empresa é definido modernamente como aquele que exerce profissional-
mente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços (artigo 966 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – CC), podendo ser tanto uma
pessoa natural, o empresário, que emprega seus recursos e organiza a empresa individual-
mente, como também uma pessoa jurídica, nascida da união de esforços e recursos dos seus
integrantes, as chamadas sociedades empresárias.
Convém referir que até a edição do Código Civil de 2002 tais sujeitos recebiam, respec-
tivamente, a denominação de comerciante individual e sociedade comercial.
Tal alteração representa muito mais do que a atribuição de novos nomes a antigas
figuras; reflete, sim, a modificação instaurada no próprio perfil destes sujeitos, antes consi-
derados sob uma ótica egoísta e individualista como perseguidores do lucro a qualquer cus-
to, e hoje tratados como figuras centrais da empresa, com uma função social a cumprir, uma
vez que da empresa depende a maior parte da população ativa do país por meio do trabalho
assalariado; dela provém grande parte dos bens e serviços que são consumidos pelas pesso-
as; dela resulta a parcela maior das receitas fiscais do Estado; em torno dela gravitam agen-
tes econômicos variados, tais como fornecedores, investidores, prestadores de serviço, entre
outros.
1.2.1.2 – O Estabelecimento
No desenvolvimento da empresa o sujeito desta utiliza todo um complexo de bens,
corpóreos (mercadorias, instalações, máquinas e utensílios) e incorpóreos (ponto de co-
mércio e créditos), que constituem o que se denomina estabelecimento (artigo 1.142,
CC). Tais bens, embora conjugados no exercício da empresa e constituintes de um novo
bem, o estabelecimento, não perdem sua individualidade própria, podendo ser considerados
separadamente.
O estabelecimento e os demais bens empregados na empresa, como objetos de direito,
constituem propriedade do empresário ou sociedade empresária, sujeito de direito, que tem
o dever de agir no sentido de fazer com que sua propriedade atenda a função social.
O estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos (artigo
1.143, CC).
Havendo alienação, usufruto ou arrendamento do estabelecimento, a eficácia do
negócio perante terceiros pressupõe a averbação do instrumento junto a inscrição do
empresário ou sociedade empresária no Registro Público de Empresas Mercantis (artigo
1.144, CC).
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
18
Se, por decorrência da negociação do estabelecimento, restar caracterizada a insol-
vência do empresário ou sociedade empresária, ou seja, não lhe restarem bens suficientes
para saldar suas dívidas, a eficácia da alienação depende do pagamento de todos os cre-
dores ou o consentimento expresso ou tácito deles, em 30 dias de sua notificação (artigo
1.145, CC).
Considera-se consentimento tácito, por exemplo, quando o credor continua a negoci-
ar com o novo titular do estabelecimento.
Havendo alienação, responde o adquirente (artigo 1.146, CC) pelos débitos da ativida-
de empresarial anteriores à transferência do estabelecimento, desde que regularmente
contabilizados. Juntamente com ele, responde o alienante (artigo 1.146, CC), pelo prazo de
um ano a partir – quanto aos créditos vencidos – da averbação no registro da alienação, e,
quanto aos outros, da data do vencimento. Assim, durante o prazo de um ano o credor de
crédito regularmente contabilizado pode cobrar do adquirente ou do alienante o seu crédi-
to; depois disso, somente do adquirente.
Tal regra, prevista no Código Civil, não se aplica, todavia, quando se tratar de respon-
sabilidade por débitos tributários ou trabalhistas.
No caso de débitos tributários prevê o artigo 133 da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de
1966 (Código Tributário Nacional – CTN), que a responsabilidade do adquirente que conti-
nua a respectiva exploração é integral se o alienante cessar a exploração. Se, no entanto, o
alienante prosseguir na exploração da atividade ou iniciar dentro de seis meses a contar da
data da alienação nova atividade no mesmo ramo ou outro, responderá o adquirente,
subsidiariamente ao alienante. Ou seja, o fisco deverá exigir a satisfação do débito fiscal do
alienante e, no caso de este não ter patrimônio para saldá-la, poderá o fisco cobrar do
adquirente.
No caso dos débitos trabalhistas (artigos 10º e 448, Consolidação das Leis Trabalhis-
tas – CLT), tem-se que havendo alienação do estabelecimento, o adquirente sucede o alienante
relativamente ao vínculo trabalhista estabelecido, uma vez que a mudança na propriedade
ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos
empregados.
A legislação regula, ainda, a questão do direito de concorrência (artigo 1.147, CC)
daquele que aliena o estabelecimento relativamente àquele que adquire o estabelecimento,
dispondo que, salvo cláusula em contrário, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente pelo prazo de cinco anos do contrato.
Tal direito de concorrência, no caso de usufruto ou arrendamento, vigorará pelo prazo
do contrato.
EaD
19
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
1.2.2 – O EMPRESÁRIO
Quanto uma pessoa, de forma singular, individual, exerce a atividade empresarial, ela
recebe a designação de empresário.
1.2.2.1 – Qualificação
Para que uma pessoa seja consideradaempresário é necessário o preenchimento de
algumas condições, quais sejam:
– Exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou circulação
de bens ou de serviços, ou seja, exercício da empresa (artigo 966, CC).
Refere o artigo 966, parágrafo único, do CC, que não se considera empresário o profis-
sional intelectual, seja de natureza científica, literária ou artística, salvo se a profissão cons-
tituir elemento de empresa. Isso se dá porque no exercício da profissão intelectual inexiste,
ou é meramente acidental, a organização dos fatores de produção; existindo esta, todavia, e
compondo a profissão intelectual um dos elementos da organização, tal profissional será
considerado empresário.
Exemplificando: Caso um médico venha a reunir capital, o trabalho de outros médi-
cos, enfermeiros e auxiliares, além de outras pessoas, equipamentos e utensílios, alu-
gando ou adquirindo um imóvel a fim de ali instalar um hospital e prestar serviços
relacionados à saúde, ele será considerado empresário;
– Inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (artigo 967, CC) a cargo das juntas
comerciais.
A lei estabelece a obrigatoriedade do registro ao empresário, somente excepcionando
tal exigência para o caso do produtor rural, a quem é dada a opção de se inscrever ou não.
Caso ele se inscreva, receberá tratamento próprio de empresário sujeito a registro.
– Capacidade civil (artigo 972, CC): ter 18 anos completos ou ser emancipado e possuir
plena faculdade mental e física.
Para a exata compreensão da condição “capacidade civil” importa tecer algumas
considerações acerca de institutos jurídicos básicos. O primeiro deles é o dos sujeitos de
direito.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
20
Segundo nosso sistema legal sujeitos de direito são o centro de imputação de direitos e
obrigações, o que significa dizer que o sujeito de direito tem aptidão para ser titular de
direitos e deveres.
Nem todo sujeito de direito, todavia, é considerado pessoa, mas toda pessoa é conside-
rada sujeito de direito. Por outro lado, nem todas as pessoas, para o direito, são necessaria-
mente seres humanos.
Senão vejamos: Temos sujeitos de direito que são pessoas (entes personificados) e que
recebem autorização genérica para a prática dos atos e negócios jurídicos, sendo eles as
pessoas naturais e as jurídicas. Temos, outrossim, sujeitos de direito que não são pesso-
as (entes não personificados) e que podem praticar apenas os atos inerentes a sua fina-
lidade ou para os quais estejam especificamente autorizados. São eles o nascituro (feto
na barriga da mãe), o espólio (conjunto de bens e direitos da pessoa falecida), o condo-
mínio edilício, a massa falida (conjunto de bens do empresário ou sociedade empresária
falidos), Sociedade em Comum e Sociedade em Conta de Participação.
As pessoas naturais, cujo estudo nos interessa ao tratar do tema do empresário, são os
homens e as mulheres cuja personalidade civil (autorização para a prática dos atos e negó-
cios jurídicos em geral, salvo os expressamente proibidos) inicia-se a partir do nascimento
com vida (artigo 2º do CC).
Afirmar que toda pessoa natural tem personalidade jurídica para a prática dos atos e
negócios jurídicos em geral não significa dizer, todavia, que toda pessoa natural tem capa-
cidade para a prática de tais atos e negócios diretamente, ou seja, por si só.
Assim, capacidade é o atributo da pessoa natural apta a praticar diretamente os atos e
negócios jurídicos. A regra geral é a capacidade das pessoas naturais, a exceção é a incapa-
cidade.
A incapacidade é uma situação excepcional prevista expressamente em lei com o obje-
tivo de proteger determinadas pessoas. Ela não representa restrição à personalidade, posto
que os incapazes têm a mesma aptidão que os capazes para gozar de direitos e obrigações,
apenas para tanto precisam ser representados ou assistidos.
A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. Segundo o artigo 3.º do CC, são absolu-
tamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de 16 anos;
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento
para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir
sua vontade. Nestas condições, os negócios jurídicos praticados pelo absolutamente inca-
paz sem a devida representação são considerados nulos (CC, artigo 166, I).
EaD
21
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Os relativamente incapazes, conforme artigo 4.º do CC, são: I – os maiores de 16 e
menores de18 anos; II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido; III – os excepcionais, sem desenvolvimento men-
tal completo; IV – os pródigos. Os negócios jurídicos praticados pelo relativamente incapaz
não assistido na forma da lei, são anuláveis (CC, artigo 171, I).
Dessa maneira, plenamente capaz é a pessoa natural que tenha 18 anos de idade
completos e condições mentais e físicas de se manifestar de acordo com sua vontade.
A incapacidade pode, no entanto, cessar pela emancipação, que é o ato ou fato jurídi-
co que extingue a incapacidade do menor. A emancipação como tal pode decorrer de con-
cessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, indepen-
dentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor
tiver 16 anos completos; pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela
colação de grau em curso de ensino superior e pelo estabelecimento civil ou comercial, ou
pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos
completos tenha economia própria.
Ocorrendo a emancipação, que é irrevogável, o menor, mesmo antes de completar 18
anos, será considerado apto a exercer por si próprio todos os atos da vida civil.
Alerte-se, todavia, que se o menor relativamente incapaz tiver omitido sua idade in-
tencionalmente, a fim de praticar algum negócio jurídico, não poderá ele depois alegar sua
menoridade para se eximir de cumprir a obrigação assumida (artigo 180, CC).
Questão interessante que se coloca a partir no Código Civil de 2002, artigo 974, refe-
re-se à possibilidade de o menor ou incapaz superveniente continuar, representado ou assis-
tido, a exercer a empresa antes exercida por seu pai falecido, pelo autor da herança ou por
ele quando capaz.
Para tanto é necessária autorização judicial, que pode ser revogada a qualquer tempo
pelo juízo, salvo se neste meio tempo, no caso do menor, ele tiver atingido a plena capacida-
de ante a ocorrência da última hipótese de emancipação.
– Ausência de impedimento legal (artigo 972, CC): são proibidos por lei de exercer atividade
empresarial como empresário os funcionários públicos; os magistrados; os membros do
Ministério Público; os militares da ativa; os falidos, etc.
Caso venham, ainda que proibidos, a exercer a atividade empresarial, eles terão de
responder pelas obrigações assumidas, uma vez que a proibição não enseja incapacidade
(artigo 973, CC). Além de responder civilmente poderão ter de responder administrativa e
penalmente pela prática proibida.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
22
Exemplificando: Suponhamos que um servidor público venha a exercer atividade pró-
pria de empresário assumindo, por essa razão, obrigações junto a fornecedores. Em
decorrência de dificuldades econômicas tal empresário deixa de honrar tais obrigações
e acaba sendo acionado judicialmente pelos credores para a satisfação de seus crédi-
tos. Não será admitido que ele alegue para se eximir de pagar aos credores a sua
condição de proibido, dado que tinha plena capacidade de discernimento quanto aos
atos e negócios que praticara, pelo que deverá honrá-los devidamente.
Cabe referir que a pessoa ao fazer sua inscrição na Junta Comercial por meio do Re-
querimento de Empresário, declara, sob as penas da lei, quenão é impedida de exercer a
atividade empresarial. A Junta Comercial não investigará ou exigirá prova disso, todavia, se
a pessoa estiver faltando com a verdade e isso for denunciado, ela poderá ser investigada e
poderá ter de responder também por crime de falsidade ideológica.
Conclusão: Para que alguém se qualifique como empresário basta que esse indivíduo
exerça a empresa, todavia será ele considerado empresário de direito ou de fato confor-
me tenha se inscrito ou não na Junta Comercial, para o que é necessário que seja
plenamente capaz e que não seja proibido por lei de exercer atividade empresarial.
1.2.2.2 – Nome Empresarial
No exercício da atividade empresarial o empresário deve se identificar mediante um
nome denominado no Direito de nome empresarial.
O nome empresarial do empresário é uma firma constituída de seu próprio nome (nome
civil, aquele com o qual a pessoa, ao nascer, foi registrada no Registro Civil de Pessoas
Naturais), abreviado ou por extenso, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da
sua pessoa ou do gênero de sua atividade (artigo 1.156, CC).
Na constituição da firma não pode ser abreviado o último sobrenome e nem expressões
como: filho, júnior, neto, sobrinho, etc., que indicam uma ordem ou relação de parentesco.
Exemplificando: Se Carlos Silva Santos vier a se inscrever como empresário na Junta
Comercial, sua firma poderá ser: “C. S. Santos”; “Silva Santos”; “S. Santos, Desenhos
Industriais”, etc. Neste exemplo, além do nome, está incluído o gênero de atividade a
ser exercida pela empresa.
EaD
23
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
O nome do empresário não pode ser alienado juntamente com o estabelecimento (ar-
tigo 1.164, CC). O adquirente do estabelecimento pode, no entanto, utilizar seu próprio
nome acrescido do nome empresarial do alienante, se o contrato permitir, com a qualifica-
ção de sucessor deste.
1.2.2.3 – Personalidade Jurídica
O empresário individual é, juridicamente, pessoa natural, com existência física, corpórea
(adquire aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, a chamada personalidade jurídica,
quando nasce com vida), não gerando sua inscrição no Registro Público de Empresas uma
nova pessoa, uma nova personalidade, representando a sua firma individual o nome com o
qual ele se identifica no exercício da atividade empresarial, paralelamente ao seu nome civil
com o qual ele se identifica naquelas questões que não dizem respeito à atividade empresarial.
O tratamento do empresário como pessoa jurídica com inscrição no Cadastro Nacio-
nal de Pessoas Jurídicas (CNPJ) é ficção do Direito Tributário que, para fins do Imposto de
Renda, o equipara a pessoa jurídica (artigo 44, CC, por exclusão, e Dec. nº. 3.000/99, artigo
150).
1.2.2.4 – Responsabilidade Patrimonial
Na exploração da atividade econômica a que se dedica, o empresário realiza uma série
de negócios jurídicos, assumindo obrigações, algumas decorrentes de contratos celebrados,
sejam eles contratos empresariais, de trabalho, administrativos ou de consumo, outras de
declarações escritas em títulos de crédito.
Pela satisfação de tais obrigações responde o empresário com todo o seu patrimônio,
somente sendo excluídos de tal responsabilidade os bens considerados impenhoráveis por
força de lei.
Existindo uma única pessoa, natural, não há que se falar em dois patrimônios. É esse
patrimônio, considerado um todo único, que responde por suas obrigações, sejam civis, as-
sumidas a partir do uso do seu nome civil, ou empresariais, assumidas a partir do uso do
nome empresarial.
Exemplificando: Se Carlos Silva Santos for demandado judicialmente em ação de exe-
cução de dívida por ele assumida e para a garantia do juízo for penhorado um imóvel
registrado em nome da sua firma, C. S. Santos, ele não poderá buscar a desconstituição
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
24
da penhora judicial alegando que ela incidiu sobre bem de propriedade de pessoa que
não fazia parte do processo de execução, pois Carlos Silva Santos e C. S. Santos são a
mesma pessoa, possuindo um único patrimônio que responde pelas dívidas, sejam re-
sultantes do exercício da atividade empresarial ou não.
1.2.3 – AS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
As sociedades empresárias são estudadas por um ramo do Direito Empresarial denomi-
nado de Direito Societário. A constituição de um ramo específico destinado ao estudo das
sociedades deve-se ao fato de que são elas os principais agentes do mercado, ou seja, as
atividades de maior relevância no meio econômico são exploradas, em grande parte, por
sociedades empresárias, fazendo delas a base de todo o sistema produtivo.
1.2.3.1 – Sociedade
As sociedades são consideradas pessoas jurídicas de direito privado (artigo 44, II, CC);
Na lei é possível encontrar a seguinte noção de sociedade: Celebram contrato de socie-
dade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com seus bens ou serviços, para
o exercício de atividade econômica e a partilhar, entre si, os resultados (artigo 981, CC).
Distinguem-se as sociedades em empresárias e simples. Salvo as exceções expressas,
considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro, e simples as demais (artigo 982, CC, caput).
Tal critério de distinção, todavia, é excepcionado pela lei quando determina que inde-
pendentemente de seu ramo de atividade, considera-se empresária a sociedade por ações, e
simples, a cooperativa (parágrafo único do artigo 982, CC).
Para compreender as sociedades é importante trabalhar os institutos da personifica-
ção, da desconsideração da personalidade jurídica e da não personificação.
1.2.3.1.1 – Personificação
A personificação da sociedade representa o fenômeno de aquisição de personalidade
jurídica, a partir do qual a sociedade passa a ser considerada uma pessoa – pessoa jurídica
– distinta das pessoas que a constituíram, com capacidade para ser sujeito autônomo de
direitos e obrigações.
EaD
25
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
A personificação como fenômeno jurídico visa a incentivar as pessoas a investirem
seus recursos e esforços na exploração de atividade econômica, por meio da criação de um
centro de interesses juridicamente autônomo, com direitos e deveres que não podem ser
imputados àqueles que lhe deram origem, no intuito de promover, por meio dessas iniciati-
vas, o desenvolvimento econômico, social e tecnológico.
A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na
forma da lei, dos seus atos constitutivos – o contrato social; o estatuto social – (artigo 45
combinado com o artigo 985, CC);
Considerando que as sociedades podem ser empresárias ou simples, tem-se que a soci-
edade empresária vincula-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos
de sociedade empresária (artigo 1.150, CC).
Por exemplo, uma sociedade de médicos, desde que não faça da profissão elemento de
empresa, conforme exemplificado quando do estudo da qualificação do empresário,
pode adotar a forma de sociedade limitada sem que isso, todavia, faça dela uma soci-
edade empresária. Caso isso ocorra, deverá o Registro Civil de Pessoas Jurídicas efeti-
var o registro, obedecendo às normas fixadas para o registro da limitada na Junta
Comercial.
Como efeitos jurídicos da personificação temos a capacidade patrimonial, a capacida-
de obrigacional e a capacidade judiciária.
A capacidade patrimonial, principal efeito da personalização, importa na autonomia
patrimonial da sociedade em relação a seus sócios. As sociedades empresárias possuem um
patrimônio – patrimônio social –, ou seja, conjunto de bens, direitos e obrigações por elas
titularizados, constituído inicialmente a partir da contribuição de cada um dos sócios para
a formaçãodo capital social da sociedade empresária, e que tende a se ampliar se os negó-
cios sociais forem bem.
Referido patrimônio social é de propriedade exclusiva da sociedade, pessoa jurídica,
não sendo os sócios coproprietários ou condôminos dele junto a ela.
Existe, assim, uma separação entre o patrimônio da sociedade e o patrimônio dos
sócios, não se podendo fazer confusão entre os mesmos. Relativamente à sociedade o único
bem que integra o patrimônio particular dos sócios são as cotas ou ações, parcelas represen-
tativas da participação societária deles.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
26
Daí ser possível afirmar que, pelas obrigações sociais, responde o patrimônio da socie-
dade não se podendo, de regra, responsabilizar-se o patrimônio particular dos sócios por tais
obrigações, da mesma forma que os credores particulares dos sócios não poderão satisfazer
seus créditos junto ao patrimônio da sociedade.
A responsabilidade dos sócios mantém-se estranha à responsabilidade social mesmo
quando se trate de sócio com responsabilidade ilimitada e solidária pelas obrigações sociais,
categoria de sócio encontrada nas sociedades em nome coletivo, em comandita simples e em
comandita por ações, posto que tal responsabilidade é sempre subsidiária em relação à soci-
edade.
Nesse sentido cabe aqui mencionar o disposto no artigo 596 do Código de Processo
Civil: “Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão nos
casos previstos em lei; o sócio demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir que
sejam primeiro excutidos os bens da sociedade”.
O segundo efeito da personificação é a capacidade obrigacional. As sociedades em-
presárias na exploração da atividade econômica estabelecem uma diversidade de vínculos
obrigacionais, alguns decorrentes de ajustes visando à organização dos fatores de produção
– capital, força de trabalho, matéria-prima e tecnologia –, outros resultados de sua atuação
por si só no meio econômico. São os vínculos obrigacionais contratuais e extracontratuais.
Parte, nestas relações, é a sociedade, pessoa jurídica, e não seus sócios.
A fim de exemplificar: na exploração da atividade econômica a sociedade pode contar
com a força de trabalho de empregados, com os quais ela vai então estabelecer rela-
ções trabalhistas decorrentes de contratos de trabalho com eles ajustados. Tais contra-
tos têm como partes o empregado, pessoa física, e o empregador, que, no caso da soci-
edade, é a própria pessoa jurídica e não seus sócios.
Os vínculos obrigacionais decorrentes da atividade se estabelecem, assim, entre ter-
ceiros e sociedade, e não entre terceiros e sócios, que não são nem mesmo partícipes destas
relações, salvo se dela participarem em nome e por conta própria, como no caso de o sócio
ser fiador da sociedade num contrato de financiamento ajustado entre a sociedade e uma
instituição financeira.
É evidente, todavia, que como a sociedade não possui existência corpórea, material,
na exploração da atividade econômica ela precisará ser representada por pessoa física (só-
cio-gerente, empregado, mandatário, procurador, preposto, etc.), que agirá em nome e por
conta e risco da sociedade, pessoa jurídica.
EaD
27
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
A capacidade judiciária, terceiro e último efeito da personificação, diz respeito à ca-
pacidade de que goza a sociedade para estar, por si, em juízo. Diz-se, assim, que a socieda-
de, como pessoa jurídica, tem legitimidade para ser parte em processo judicial, acionar e ser
acionada em juízo.
Assim, naqueles conflitos envolvendo os vínculos obrigacionais derivados do exercício
da atividade econômica, a parte legítima para demandar a resolução do conflito ou mesmo
responder à demanda instaurada será a sociedade empresária, não tendo os sócios, pessoal-
mente, legitimidade para tanto.
A fim de exemplificar, tome-se o caso do empregado que tendo o seu contrato de
trabalho rescindido pela sociedade, resolve reclamar em juízo o pagamento de verbas
rescisórias trabalhistas que ele entende ter direito a receber e que não lhe foram
pagas pela sociedade quando da rescisão. Referida reclamatória trabalhista deverá
ser ajuizada contra a sociedade, pessoa jurídica. É ela e não os sócios que deverá
figurar no polo passivo da ação trabalhista. Caso o empregado acione a pessoa dos
sócios a ação não terá condições de prosseguir por ilegitimidade de parte, uma das
condições da ação.
Constata-se, desse modo, que é a sociedade empresária, a pessoa jurídica, o sujeito da
atividade empresarial, e não os seus sócios, que tecnicamente não poderiam nem mesmo ser
denominados empresários, como usualmente ocorre. A sociedade, assim, pode por si contra-
tar e se obrigar, devendo responder judicial e extrajudicialmente, com o seu patrimônio,
pela satisfação de tais obrigações.
É necessário mencionar, todavia, que a autonomia da pessoa jurídica da sociedade
empresária tem sofrido limitações por decorrência da aplicação da teoria da desconsideração
da personalidade jurídica da sociedade, que é o que trataremos adiante.
1.2.3.1.2 – Desconsideração da Personalidade Jurídica
A autonomia da pessoa jurídica, mais especificamente das sociedades empresárias,
tem propiciado a ocorrência de fraudes e abusos por meio da má utilização da personalidade
jurídica da sociedade, exigindo-se, daí, a adoção de mecanismos que garantam a pertinência
do instituto jurídico.
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, também denominada no Brasil
de disregard doctrine ou disregard of legal entity, visa justamente a coibir essas fraudes e
abusos perpetrados mediante o mau uso da autonomia da pessoa jurídica.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
28
Pela aplicação da teoria da desconsideração o aplicador do Direito, diante de um caso
concreto de manipulação fraudulenta e abusiva da personalidade jurídica da sociedade,
deixa de considerar, momentaneamente, a distinção de personalidade existente entre a pes-
soa jurídica e seus sócios ou gestores, a fim de coibir a prática ilegal.
Isso significa, por exemplo, que se o juiz verificar que existe fraude contra credor da
sociedade, perpetrada pela má utilização da personalidade jurídica da sociedade, po-
derá buscar no patrimônio particular dos sócios os valores necessários à satisfação da
obrigação da sociedade deste modo inadimplida.
A personalidade jurídica das sociedades empresárias não representa, assim, um direito
absoluto, estando sujeita a limitações impostas pela teoria da desconsideração da persona-
lidade jurídica.
Para se aplicar a teoria da desconsideração é indispensável a constatação de que um
resultado danoso decorre justamente do reconhecimento do regime jurídico da personificação.
A rigor, não é caso de aplicação da teoria da má gestão, o excesso de poderes, a prática
de atos contrários à lei ou ato constitutivo da sociedade, uma vez que para combater tais
práticas se aplicam as regras da responsabilidade civil subjetiva, que também levará à
responsabilização particular dos sócios da sociedade e administradores, sócios ou não, ape-
nas sem a necessidade da desconsideração.
A teoria tem previsão legal de aplicação no artigo 50 do CC; no artigo 28 da Lei 8078,
de 11 de setembro de 1990, o Código de Defesa do Consumidor – CDC, e no artigo 18 da Lei
8.884, de 11 de junho de 1994, a Lei Antitruste.
É importante frisar que a desconsideração não se confunde com despersonalização,
uma vez que esta é anulação ou desconstituição da personalidade jurídica, por meio da
qual a mesma deixa de existir. Na desconsideração, apenas momentaneamente e para um
caso específico, se desconsidera o principal efeito da personificação, que é a capacidade
patrimonial, anteriormente abordada.
1.2.3.1.3 – Sociedade não Personificada
É a sociedade que não possui inscrição de seu ato constitutivo no registro próprio. As
sociedades assim caracterizadas são denominadas pela lei de Sociedadeem Comum (arti-
gos 986 a 990, CC) e Sociedade em Conta de Participação (artigos 991 a 996, CC), que são
consideradas, assim, sujeitos de direito não personificados.
EaD
29
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Com relação à Sociedade em Comum, tem-se que enquanto não houver a inscrição
dos atos constitutivos de uma sociedade no registro próprio ela receberá o tratamento con-
ferido a este tipo de sociedade (artigo 986, CC).
 Na Sociedade em Comum os sócios, nas relações entre si e com terceiros, somente por
escrito podem provar a existência da sociedade; já os terceiros podem provar sua existência
por qualquer meio admitido em Direito (artigo 987, CC).
Nela, os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial do qual os sócios são
titulares em comum, haja vista que a sociedade, por não ter personalidade jurídica, não
possui capacidade patrimonial (artigo 988, CC).
Pelas dívidas da Sociedade em Comum respondem todos os sócios de forma ilimitada.
Diretamente responde o patrimônio daquele sócio que contratou pela sociedade e o
patrimônio especial e, indiretamente, o patrimônio dos demais (artigo 989 e 990, CC).
Isso significa, por exemplo, que se não forem pagos os credores desta sociedade, eles
poderão cobrar o seu crédito do patrimônio do sócio que representou a sociedade e do
patrimônio especial. Esgotados estes dois, poderão os credores buscar a satisfação dos
seus créditos no patrimônio dos demais sócios não representantes da sociedade. Por
isso fala-se em responsabilidade ilimitada dos sócios.
Quanto à Sociedade em Conta de Participação, tem-se que sua constituição independe
de qualquer formalidade, podendo ser provada sua existência por qualquer meio de prova
admitido em Direito.
O contrato social eventualmente celebrado entre os sócios produz efeitos apenas entre
eles e sua inscrição em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
A Sociedade em Conta de Participação é constituída por sócio(s) ostensivo(s) e
participante(s), sendo a atividade constitutiva do objeto social exercida unicamente pelo
sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade. O
sócio participante apenas participa dos resultados correspondentes.
Nela, a contribuição do sócio participante juntamente com a do ostensivo constitui
patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. Tal espe-
cialização patrimonial produz efeitos somente entre os sócios.
A responsabilidade patrimonial perante terceiros, decorrente das obrigações assumi-
das no exercício da atividade empresarial, recai única e exclusivamente sobre o sócio osten-
sivo, respondendo o participante unicamente perante o ostensivo, nos termos entre eles
ajustado. Se o participante, todavia, tomar parte nos negócios sociais, responderá solidaria-
mente com o ostensivo nas negociações em que intervir.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
30
1.2.3.2 – Sociedade Empresária
Tem-se uma sociedade empresária quando duas ou mais pessoas resolvem reunir seus
esforços e recursos para a exploração em comum de atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou de serviços e a partilhar entre si os resultados.
É o exercício coletivo da empresa.
A partir do conceito apresentado, é possível afirmar que, para que a sociedade empre-
sária exista, dois pressupostos precisam ser atendidos: a pluralidade de pessoas e a vontade
de se associar – affectio societatis. Sem isto não é possível falar em sociedade.
O Direito brasileiro, de regra, exige a manifestação de vontade convergente de duas ou
mais pessoas para que a sociedade possa vir a existir (pluralidade de pessoas). Tal regra é
excepcionada somente no caso da subsidiária integral, espécie de sociedade anônima cons-
tituída por escritura pública, tendo como único acionista uma sociedade empresária brasi-
leira subscritora de todas as ações da sociedade em constituição.
A exigência de pluralidade de pessoas, além de pressuposto de constituição das socieda-
des, é também condição de manutenção das sociedades, uma vez que a legislação brasileira
determina a dissolução da sociedade quando lhe faltar a pluralidade de sócios não reconstituída
em determinado prazo (artigo 1.033, IV, do CC e artigo 206, I, d, da Lei 6.404/76).
Além da pluralidade de pessoas, exigida pela legislação brasileira, é condição necessá-
ria para que a sociedade empresária possa existir, a resolução destas mesmas pessoas no
sentido de se reunir, se associar, para explorar em conjunto a atividade econômica, distribu-
indo entre si os resultados.
É a chamada affectio societatis, expressão do Direito Romano que representa, assim, a
intenção de se associar, de cooperar entre si.
Essa vontade de cooperação entre os sócios no sentido de conjugar esforços e reunir
recursos para a exploração em comum de atividade econômica e a distribuição entre si dos
resultados revela, ainda, as duas condições específicas de validade da constituição da soci-
edade empresária: a contribuição dos sócios e a divisão dos resultados.
Toda pessoa que manifesta sua vontade de se reunir a outra ou outras para a exploração de
atividade econômica em comum deve contribuir com recursos para a constituição da sociedade
empresária. Os sócios se obrigam, assim, uns perante os outros e perante a sociedade, a contribuir
para a formação do capital social da sociedade, viabilizando, com isso, a sua constituição.
O capital social não se confunde com o patrimônio social; este é o conjunto de bens,
direitos e obrigações titularizados pela sociedade; já o capital social é uma parcela desse
patrimônio. Claro está que quando a sociedade é constituída, a única coisa que ela possui
em seu patrimônio social é o capital social, podendo-se assim afirmar que o capital social
constitui o patrimônio inicial da sociedade empresária.
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DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Se os negócios forem bem, ocorrerá a ampliação do patrimônio social; se, todavia,
forem mal, ocorrerá uma redução deste patrimônio. Tais alterações no patrimônio social não
afetam o capital social, que permanece o mesmo, inalterado, no valor nominal estabelecido
no contrato social ou estatuto da sociedade, salvo eventual aumento ou diminuição de
capital social.
O capital social da sociedade empresária, fixado no contrato ou estatuto, dividido em
cotas ou ações conforme o tipo de sociedade, precisa estar totalmente subscrito para que a
sociedade possa se constituir validamente, ou seja, as cotas ou ações representativas de
uma parcela deste capital precisam ter sido adquiridas na sua totalidade por no mínimo
duas pessoas (pluralidade de pessoas – requisito de existência), que assumem, então, a obri-
gação de contribuir com os recursos equivalentes. Subscrever, pois, é se obrigar a contribuir.
Não basta, todavia, que as pessoas se obriguem a contribuir, é necessário que elas
efetivamente contribuam, realizando o capital social por meio da integralização do valor
correspondente às cotas ou ações por elas adquiridas. A integralização da participação
societária, diferentemente da subscrição, pode dar-se em momento posterior à constituição
da sociedade, desde que estejam expressamente definidos no contrato social da sociedade
ou no boletim de subscrição a forma (se em dinheiro, bens ou créditos) e o prazo de
integralização/pagamento.
A integralização da participação societária em bens implica, de regra a transferência
da titularidade patrimonial destes bens do sócio contribuinte para a sociedade empresária,
pessoa jurídica. Naqueles casos em que a transferência da propriedade decorre do registro,
este deve ser encaminhado (transferência de bens imóveis, por exemplo).
A transferência é isenta do imposto de transmissão inter vivos, conforme estabelecido
na Constituição (artigo 156, II, §2º, I). Pode ocorrer, todavia, que a contribuição consista
somente no uso ou usufruto dos bens indicados, caso em que a contribuição tomaráo valor
que for atribuído a estes.
Muito embora a sociedade não seja parte no contrato social ou no estatuto, até mes-
mo porque ela se origina deles, o estabelecido entre os sócios gera direitos e obrigações
também perante a pessoa da sociedade. É o caso da obrigação que o sócio tem de integralizar
a sua participação societária – cotas ou ações subscritas. A sociedade empresária, portanto,
é a credora destes valores.
A contrapartida da contribuição de cada um dos sócios para a formação do capital soci-
al da sociedade é a participação societária, parte representativa do capital social – cotas ou
ações –, que lhe é conferida. As cotas ou ações são bens que integram o patrimônio particular
do sócio, que poderá aliená-las ou onerá-las, observadas determinadas condições.
EaD Et iane Barbi Köhler – Fabiana Fachinetto Pado in
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O credor particular do sócio poderá, assim, salvo em alguns casos específicos, execu-
tar seu crédito sobre a participação societária do sócio, jamais sobre o patrimônio da socie-
dade, que não pertence ao sócio.
Da titularidade de cotas ou ações decorrem direitos essenciais aos sócios, tais como: o
de fiscalizar a gestão dos negócios sociais; o de participar da distribuição de lucros sociais;
o de participar do acervo da sociedade, no caso de sua liquidação; o de retirar-se da socieda-
de, etc. Ressalte-se, assim, que o direito patrimonial do sócio se restringe a participar de
lucros sociais e do acervo no caso de liquidação.
A participação de todos os sócios na distribuição dos resultados – lucros sociais –,
direito essencial deles, é a segunda condição específica de validade de constituição das
sociedades empresárias.
No encerramento de cada exercício social, que pode coincidir, ou não, com o ano civil,
com início em 1º de janeiro e término em 31 de dezembro, devem os administradores da
sociedade empresária proceder à elaboração do inventário dos bens, direitos e obrigações da
sociedade, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico (artigo 1.065, CC;
artigo 176 da Lei 6.404/76), a fim de verificar a situação patrimonial da sociedade, uma vez
que, conforme referido, o patrimônio social, diferentemente do capital social, tende a variar
positiva ou negativamente segundo o sucesso ou insucesso dos negócios realizados pela
sociedade.
Apurando-se, por decorrência desta verificação patrimonial, que os resultados dos
negócios foram positivos e que a sociedade acumulou um patrimônio líquido (diferença
entre ativo e passivo) que excede o valor de seu capital social, diz-se que a sociedade gerou
lucros. Tais lucros podem ser conservados pela sociedade, como reserva ou lucros acumula-
dos, ou podem ser distribuídos entre os sócios. Neste último caso nenhum sócio poderá ser
excluído de tal participação.
A legislação brasileira considera nula a cláusula presente em contrato social ou esta-
tuto de sociedade empresária que exclua qualquer dos sócios de participar dos lucros ou das
perdas que vier a sofrer a sociedade (artigo 1.008, CC). É a vedação legal à constituição de
sociedade leonina, em que um sócio apenas é totalmente excluído de participar dos lucros
ou a seu cargo corram a totalidade das perdas.
O fato de se exigir, sob pena de nulidade, que todos os sócios participem na distribui-
ção de lucros da sociedade, não obriga, todavia, que tal distribuição se dê de forma igual ou
proporcional à participação societária deles. A definição da proporção de lucros que caberá
a cada sócio vai depender, assim, do que for estipulado no contrato social ou estatuto. Na
omissão destes participação nos lucros e nas perdas dar-se-á de forma proporcional à parti-
cipação societária de cada sócio na constituição do capital social.
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DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR
Convém referir, por fim, que a distribuição de lucros depende da apuração do exceden-
te patrimonial. No caso de o patrimônio líquido (diferença entre ativo e passivo) verificado
ter sido inferior ao valor do capital social, nenhuma distribuição de lucros pode ocorrer, sob
pena de se estar distribuindo entre os sócios o capital social da sociedade, que, em última
análise, representa a garantia dos credores da sociedade.
Havendo, assim, distribuição de lucros ilícitos ou inexistentes, apurados mediante
manipulação dos resultados patrimoniais da sociedade, aos administradores que a realiza-
rem e aos sócios que os receberem, cientes ou devendo conhecer a irregularidade na distri-
buição, implicará responsabilidade solidária pela reposição das quantias distribuídas, além
de outras responsabilidades, como a civil e penal (artigo 1.009, CC e artigo 201, §§ 1º e 2º,
da Lei 6.404/76).
Por fim, importa mencionar que as sociedades, diante da natureza do seu ato
constitutivo, podem ser consideradas contratuais, quando se constituem por contrato soci-
al, acordo de vontades, ou institucionais, quando o instrumento que regula a relação entre
os sócios e dos sócios com a sociedade é o estatuto social.
A sociedade empresária pode tomar diferentes formas jurídicas, segundo prevê a legis-
lação brasileira. As principais e que serão objeto de nosso estudo são a sociedade
limitada, sociedade contratual, e a sociedade anônima, sociedade institucional.
1.2.3.2.1 – Sociedade Limitada
a) Legislação
A Sociedade Limitada é regulada nos artigos 1.052 a 1.087 do CC;
Caso tais artigos revelam-se omissos no tratamento de alguma questão envolvendo tal
tipo societário a regência supletiva é dada, de regra, segundo prevê o artigo 1.053 do CC,
pelos dispositivos que regulam a sociedade simples, artigos 997 a 1.038 do CC;
Excepcionalmente, todavia, conforme permite o parágrafo único do artigo 1.053, po-
derão ser aplicadas à Sociedade Limitada as regras da Sociedade Anônima (Lei n. 6.404, de
15 de dezembro de 1976).
Atente-se, todavia, para o fato de que mesmo que a regência supletiva se dê pelas
regras da Sociedade Anônima, para questões relacionadas à constituição e dissolução da
Sociedade Limitada somente poderão ser aplicadas, na omissão dos artigos 1.052 a 1.087 do
CC e do contrato social, as regras da sociedade simples, uma vez que a Sociedade Limitada
é sociedade contratual como a sociedade simples e a Anônima é institucional.
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b) Constituição
A Sociedade Limitada se constitui por contrato social, prevendo o artigo 1.054 do CC
que: “O contrato mencionará, no que couber, as indicações do artigo 997, e, se for o caso, a
firma social”.
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a
firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II – denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie
de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV – a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI – as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII – se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
A aplicação de tal dispositivo, conforme indica o seu caput, deverá estar atenta às
peculiaridades da Sociedade Limitada, não se aplicando a ela o disposto nos incisos V e VIII
do artigo 997, com fundamento no que adiante se verá.
c) Formação do capital social
A formação do capital social de uma Sociedade Limitada se dá pela contribuição de cada
um dos sócios, em dinheiro ou bens, dado que não se admite na Limitada contribuição que
consista apenas em serviços, conforme previsto no artigo 1055, § 2º, do CC, razão por que não
tem aplicação para a Sociedade Limitadaa disposição prevista no artigo 997, inciso V, do CC.
A contrapartida da contribuição de cada um dos sócios para a formação do capital
social da sociedade é a participação societária, parte representativa do capital social – no
caso da Sociedade Limitada chamada de cota –, que lhe é conferida. As cotas são bens que
integram o patrimônio particular do sócio, que poderá aliená-las ou onerá-las, observadas
determinadas condições.
Se o sócio não integraliza sua cota recebe a denominação de sócio remisso, podendo
os outros sócios, sem prejuízo do artigo 1.004, CC, tomar referida cota para si ou transferi-la
a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os
juros de mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas (artigo 1.058, C).
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Caso o sócio integralize sua cota por meio de bens não exige a lei que seja realizada a
avaliação destes por profissionais, bastando, para a estimação, a indicação do sócio. Relati-
vamente à exata avaliação do valor dos bens conferidos por cada sócio ao capital social
determina a lei que todos os sócios são solidariamente responsáveis pela estimação pelo
prazo de 5 anos da data do registro (artigo 1.055, §1.º, CC), ou seja, caso tenha havido erro
na estimação, a diferença poderá ser exigida de qualquer dos sócios, mesmo daquele, ou
daqueles, que já integralizaram sua cota, nada mais devendo à sociedade.
d) Responsabilidade dos sócios
A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas cotas, mas todos respon-
dem solidariamente pela integralização do capital social (artigo 1.052, CC), ou seja, caso a
sociedade seja acionada por dívidas sociais e não tenha mais patrimônio para saldá-las,
estando o capital social totalmente integralizado e não sendo caso de aplicação da teoria
da desconsideração diante de abuso da personalidade, nem de responsabilidade civil por at
ilícitos dos sócios, não poderão os credores sociais buscar a satisfação de seus créditos nos
bens particulares dos sócios.
Ressalte-se que os tribunais em sua maioria têm entendido que não caracteriza a
ilicitude autorizadora da responsabilização particular dos sócios o mero
inadimplemento de uma obrigação. Para que a responsabilização particular do sócio
ou administrador não sócio seja possível, a inadimplência tem de ter sido motivada,
por exemplo, por desvio ilegal do patrimônio da sociedade.
e) Cessão de cotas
A cessão de cotas corresponde a qualquer ato jurídico, seja gratuito ou oneroso, pelo
qual um sócio transfere a titularidade de suas cotas a outro sócio ou a terceiro estranho ao
quadro social, que, assim, passará a ser sócio da sociedade.
Embora as cotas sejam bens particulares do sócio, que poderá aliená-las ou onerá-las
conforme seu interesse, como tal negócio jurídico poderá implicar o ingresso de um terceiro
estranho ao quadro social da sociedade, a sua realização depende da observância do que
dispõe o contrato social ou, na omissão deste, do que dispõe a lei.
Estabelece o artigo 1.057 do CC que “Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua
cota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos ou-
tros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital
social. Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para
os fins do parágrafo único do artigo 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,
subscrito pelos sócios anuentes”.
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A averbação mencionada no artigo 1.057 refere-se ao registro desta cessão na Junta
Comercial onde a sociedade está registrada.
Assim, poderá o contrato social dispor que os sócios podem ceder suas cotas indepen-
dentemente do consentimento do demais; ou que o sócio que queira ceder suas cotas terá de
ter o consentimento de todos os demais. Se nada dispuser, aplica-se o que vem disposto no
artigo 1.057 do CC.
Ressalte-se que pela cessão não ingressará recurso financeiro algum na sociedade,
uma vez que eventual diferença entre o valor que o sócio pagou pelas cotas para a
sociedade e o valor que ele vier a receber na cessão delas, será prejuízo ou lucro do
sócio, que é o titular patrimonial delas.
f) Penhorabilidade de cotas
Pela satisfação das dívidas particulares dos sócios podem os credores destes, em execu-
ção de seus créditos, buscar a constrição judicial de bens dos sócios. Sendo a cota um bem
que integra o patrimônio particular do sócio, se discute se é possível ou não a penhora dela.
A matéria é controvertida e a jurisprudência tem se dividido diante de Sociedade Limi-
tada de cunho personalista, que tem na figura dos sócios a razão de sua existência. Há,
todavia, precedentes do Superior Tribunal de Justiça no sentido de admitir a possibilidade,
uma vez que não existe legislação prevendo a impenhorabilidade de cotas. Assim, se os
demais sócios não desejam que um terceiro estranho que venha a adquirir as cotas em leilão
ingresse na sociedade no lugar do sócio executado, eles têm meios para impedir isso, por
exemplo, remindo (satisfazendo) a dívida executada;
Quando a Sociedade Limitada for capitalista, ou seja, pouco importa quem são seus
sócios, o entendimento é de que é sempre possível.
A identificação do caráter da Sociedade Limitada, se personalista ou capitalista, pode
derivar da verificação de determinadas condições apresentadas pela sociedade.
Senão vejamos: numa sociedade em que os sócios incluem no contrato previsão de
que a cessão de cotas depende do consentimento dos demais, em que o nome empresa-
rial é uma razão social, por exemplo, o indicativo é de que se tem ali uma Sociedade
Limitada personalista; outrossim, se o contrato prevê que os sócios são livres para
ceder suas cotas, o nome empresarial da sociedade é uma denominação, o indicativo é
de que se tem uma sociedade capitalista.
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g) Nome empresarial
Quanto ao nome empresarial pelo qual a sociedade limitada irá se identificar, o artigo
1.158, CC, dispõe:
Art. 1.158 – Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra
final “limitada” ou a sua abreviatura.
§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo
indicativo da relação social.
§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de
um ou mais sócios.
§ 3o A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos
administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.
h) Deliberação dos sócios
Algumas matérias envolvendo a Sociedade Limitada somente podem ser decididas pelo
conjunto dos seus sócios conforme quoruns estabelecidos pela lei para tanto. Assim é que o
artigo 1.071 do CC determina as matérias que devem ser objeto de deliberação pelos sócios
da Sociedade Limitada e o artigo 1.076 do CC estabelece os respectivos quoruns.
A competência ordinária para a convocação da reunião ou assembléia de sócios é do
administrador da sociedade, tendo o Conselho Fiscal, se houver, bem como os sócios, com-
petência extraordinária para a convocação (artigos 1.072, 1.073, CC).
A assembléia ordinária deve ocorrer uma vez por ano e nos quatro meses que se segui-
rem ao encerramento do exercício social, tendo como matéria essencial a aprovação de con-
tas da administração (artigo 1.078, CC);
Atenção: Pelas deliberações expressas, infringentes do contrato social ou da lei, res-
pondem de forma ilimitada e solidária os sócios deliberantes (artigo 1.080, CC).
i) Administração
A designação de administrador pode ser feita mediante:
– Contrato social:
– Ato separado:
• Sócio – designação depende dos votos dos sócios que correspondam a 51% do capital
social (artigo 1.071, II, c/c 1.076, II, CC);
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• Não sócio – designação depende

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