Buscar

TCC - ESTUDO PARA OBTENÇÃO MANCHA

Prévia do material em texto

ESTUDO PARA OBTENÇÃO DE MANCHA DE INUNDAÇÃO 
SãoPaulo
	2015
	
ESTUDO PARA OBTENÇÃO DE MANCHA DE INUNdAÇÃO 
São Paulo
2015
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa das perdas potenciais de PIB na RMSP	9
Figura 2: Hotspots econômicos em 2008	11
Figura 3: Curvas IDF em função da duração t (minutos)	14
Figura 4: Hidrograma unitário	16
Figura 5: Foto - Bombeiros utilizam botes, para passar pelo alagamento na rua CAPACHÓ, no bairro Jardim Romano dia 08/12/2009	21
Figura 6: Foto - Rua CATULÉ, ficou alagada até a manhã do dia 15/07/2010	22
Figura 7: Foto - Foto aérea do bairro Vila Itaim inundado dia 16/02/2015.	23
Figura 8: Bacia do Alto Tietê - Divisão segundo características de formação de cheias	25
Figura 9: Foto – Medição de Nível de Água em Residência no Bairro Vila Itaim	38
Figura 10: Identificação de Esquina Marco	39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Impacto Macroeconômico dos alagamentos em 2008	8
Tabela 2: Impacto direto e total sobre o PIB (em R$ milhões)	10
Tabela 3: Previsão de máximas intensidades de chuvas em mm/h (milímetros por hora)	13
Tabela 4: Previsão de máximas alturas de chuvas, em mm (milímetros)	13
Tabela 5 - Área urbana ocupada na bacia do alto tietê	28
Tabela 6 - Vazões de projeto (m3/s)	30
Tabela 7 - Bacia do alto tietê vazões de pico observadas (m3/s)	31
Tabela 8 - Área urbana ocupada na bacia do alto tietê	36
INTRODUÇÃO
A força da natureza tem um grande impacto sobre a população em todo o mundo. Embora inundações, escorregamentos de terras, vendavais e terremotos sejam desastre naturais, esses desastres não são provocados somente pela natureza.
No caso do presente estudo o fato de vivermos em um país em desenvolvimento contribui de forma negativa no que tange às ocupações irregulares para fins habitacionais, Tal situação traz efeitos adversos em virtude da exposição aos perigos naturais existentes dentro de um contexto de vulnerabilidades estruturais associadas a um grande acumulo populacional nessas regiões, que não poderiam ser habitadas. Salienta-se que esses fatores, aliados ao baixíssimo poder aquisitivo e a inadequação da infraestrutura pública maximizam o impacto dos desastres naturais e tornam as conseqüências cada vez piores no Brasil.
No Brasil, um dos maiores problemas naturais que enfrentamos são as inundações, muito por falta de infraestrutura, ocupações irregulares e a crescente impermeabilização do solo das grandes cidades, que impede a absorção da água pluvial gerando aumentos significativos de vazão e, portanto, inundações dos locais próximos aos canais de escoamento.
O aumento das áreas urbanizadas – impermeabilizadas - ocorreu a partir das zonas mais baixas (próximas ás várzeas dos rios ou a beira-mar) em direção às colinas e morros, em virtude da necessária interação da população com os corpos hídricos, utilizados como fonte de alimentos e dessedentação, além de via de transporte. (CANHOLI, 2015)
Quando a precipitação é intensa a quantidade de água que chega simultaneamente ao rio pode ser superior à sua capacidade de drenagem, ou seja, a da sua calha principal, resultando na inundação das áreas ribeirinhas. Os problemas resultantes da inundação dependem do grau de ocupação da várzea pela população e da frequência com a qual ocorrem inundações (TUCCI, 2002).
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa sobre os métodos existentes para obtenção do volume de uma mancha de inundação.
JUSTIFICATIVA
A problemática ausência de saneamento básico nas grandes metrópoles, como São Paulo, transformam praticamente todos os córregos urbanos em condutores de esgoto a céu aberto. Consequentemente, as inundações, além de todos os danos causados ao tráfego, às propriedades em geral, às moradias e ao comercio, acarretam as doenças decorrentes do contato com a água contaminada pela população diretamente afetada, tais como a leptospirose, a febre tifoide e hepatite.
Todos os anos durante o período chuvoso, tem se um aumento significativo nos casos de leptospirose que atingem uma taxa de mortalidade de 20% nas pessoas infectadas, nos demais períodos do ano a ocorrência de leptospirose tem caráter irrisório. (CANHOLI,2015)
Neste trabalho pretende-se enfatizar a importância da drenagem urbana para manutenção da qualidade de vida, segurança e prevenção de doenças causadas por inundações.
METODOLOGIA
Para atingirmos o objetivo proposto no trabalho, realizaremos duas etapas:
1 – Revisão bibliográfica a respeito de recursos hídricos em geral, com forte ênfase em drenagem urbana e os métodos de obtenção da mancha de inundação;
2 – Também realizaremos um estudo de caso com bairros próximos aos nossos, onde inundações são recorrentes e acarretam sempre em problemas de saúde, econômicos e sociais, para definir a mancha de inundação da região
3 – Propor soluções a partir da mancha definida no estudo de caso.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Inundações
As inundações ocorrem quando a capacidade de vazão de um rio é superada devido ao volume de água que atinge o seu leito ser superior a sua capacidade de vazão, fazendo com que o volume excedente seja extravasado, passando a ocupar a área de várzea do rio, também chamada de leito maior do rio ou planície de inundação (SILVA, 2006). 
Causas
CANHOLI (2015) aponta que a falta de controle de uso do solo e o ritmo de urbanização acelerado das grandes cidades tem acentuado o problema de ocupação das áreas de várzea dos rios, aumentando a taxa de impermeabilização do solo. Essas áreas periodicamente sujeitas a alagamentos foram suprimidas ao longo do tempo elevando a aceleração dos escoamentos superficiais, e também o aumento considerável dos picos de vazão, causando inundações na maioria dos casos. 
A urbanização dessas áreas tende a agravar o problema de inundação de montante para jusante (TUCCI, 2002).
A resolução para esses tipos de problemas costumam ter caráter localizado, a ampliação de canais em determinados trechos diminuem o impacto nas áreas afetadas, porém a transferência de vazões faz com que as inundações agravam-se a jusante, ou seja, as áreas de várzea ocupadas sempre serão requeridas a jusante (CANHOLI, 2015).
Medidas de controle de inundação
TUCCI (2001) afirma que os principais riscos aos quais a população está sujeita, relacionados a recursos hídricos, são os extremos de vazão em cursos d’água, secas e enchentes. O controle de enchentes pode ser dividido em dois métodos:
Estruturais: São os métodos que envolvem obras de engenharia visando a diminuição dos riscos de enchente e os prejuízos causados por inundações e possibilitando o desenvolvimento urbano, tais como alargamento da calha, poldêr (ENOMOTO, 2004).
Não estruturais: Visam a melhor convivência da população com o rio, como previsão de alerta de inundação e construções a prova de enchentes (ENOMOTO, 2004).
O objetivo proposto por estes métodos visa diminuir os efeitos causados pela inundação e não controlar totalmente esses eventos, pois fisicamente e economicamente é inviável na maioria destas ocorrências (SILVA, 2006).
Impacto socioeconômico
As grandes metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo tem inserido no seu cotidiano a ocorrência de alagamentos principalmente no período do verão onde ocorrem as precipitações de maior intensidade e curta duração, acarretando grande transtorno para a população. O fato de as mudanças climáticas associadas ao uso do solo, decorrente do processo de urbanização da cidade que não apresenta um planejamento urbano adequado, aumenta a vulnerabilidade da sociedade em relação ao risco de desastres naturais como as enchentes (SANTOS, 2014).
Ao analisar a cadeia produtiva da cidade chega-se à conclusão que mesmo o alagamento sendo um problema localizado e um determinado local suas consequências se estendem para todo o País através da cadeia produtiva, para se mensurar estes prejuízos deve-se levar em conta não apenas osprejuízos diretos, mas também os indiretos baseado nestas ligações (SANTOS, 2014).
Atribui-se as perdas diretas a interrupção das atividades econômicas nos locais atingidos pelas enchentes, ou seja, a remuneração paga aos trabalhadores e um determinado período em que a produção foi interrompida por causa da enchente (SANTOS, 2014). 
Os prejuízos indiretos são quantificados pelo método Espacial de Equilíbrio Geral Computável, que se baseia em otimizações simultâneas do comportamento dos consumidores e das empresas e uma estrutura geográfica dos impactos. Este método permite identificar qual seria o crescimento do produto se os alagamentos não tivessem ocorrido, além disso, verifica os hotspots que são os pontos de alagamentos que originam os maiores prejuízos econômicos potenciais para a cidade (SANTOS, 2014).
Existe uma ligação direta entre a ocupação humana e o sistema de drenagem, a urbanização promove mudanças na taxa de ocupação do solo, isto aumenta as chances dos alagamentos ocorrerem tais como (SANTOS, 2014):
Alterações no fluxo dos canais diminuindo a capacidade de vazão.
Impermeabilização do solo, resultando no aumento de velocidade do escoamento superficial e também dos picos de vazão.
Ocupação sobre rios e córregos canalizados causando assoreamento destes alterando o fluxo de vazão dos rios.
Ao processo de urbanização não foi atribuído um projeto de infraestrutura adequado, causando problemas como ocupação ilegal em áreas de várzea dos rios e reservatórios da cidade e o crescente índice de impermeabilização do solo na Bacia do Alto Tietê, por onde passa o principal rio da cidade de São Paulo. Esse conjunto de alterações aumenta a suscetibilidade dessas regiões para casos de alagamento devido a alterações climáticas, tal fato mostra a importância de se adaptar a essas alterações registradas ao longo do tempo (SANTOS, 2014).
A vulnerabilidade econômica em relação aos alagamentos deve ser abordada em função de tais características (SANTOS, 2014):
Dependência: Indica o nível de relação entre uma atividade as outras atividades econômicas no resto do País.
Resiliência: É a facilidade que uma atividade tem em superar a dependência.
Suscetibilidade: Probabilidade extensão do alagamento.
O modelo da simulação fornece o valor que eventualmente seria obtido se caso as empresas não tivessem sofrido danos com as ações das enchentes. A tabela abaixo demonstra os resultados macroeconômicos referente as enchentes que atingiram a cidade de São Paulo (SANTOS, 2014).
Tabela 1: Impacto Macroeconômico dos alagamentos em 2008
Fonte: Santos, 2014.
O mapa seguir mostra os impactos gerados pelos alagamentos na RMSP sob uma ótica espacial, ou seja, mesmo os alagamentos sendo um evento localizado seus efeitos refletem na cadeia produtiva através da interligação entre produção e renda (SANTOS, 2014).
Figura 1: Mapa das perdas potenciais de PIB na RMSP
Fonte: Santos, 2014. 
Percebe-se que as perspectivas referentes ao impacto dos alagamentos se comportam de maneira bastante variável dentro da RMSP, as projeções mais negativas estão diretamente relacionadas com os municípios com o coeficiente de ligação mais fortes com a cidade de São Paulo, além dos efeitos sobre a própria capital (SANTOS, 2014).
Tabela 2: Impacto direto e total sobre o PIB (em R$ milhões)
Fonte: Santos, 2014. 
Os hotspots econômicos são os locais onde os alagamentos ocasionaram os maiores prejuízos econômicos para a cidade de São Paulo. O modelo de estudo permitiu fazer um levantamento das empresas atingidas em cada ponto de alagamento em um determinado raio de impacto, sendo assim, o impacto total sobre a produção econômica não foi calculado apenas sobre as perdas diretas mas também sobre as perdas indiretas oriundas da interrupção das cadeias produtivas que abrangem cidade de São Paulo e o restante do País (SANTOS, 2014).
Figura 2: Hotspots econômicos em 2008
Fonte: Santos, 2014. 
O mapa acima mostra uma distribuição dos hotspots na cidade de São Paulo onde evidencia que as principais perdas econômicas decorrentes de alagamentos estão nas vias de escoamento para indústria e para o comercio varejista, ou seja, situam-se nas principais vias urbanas da cidade de São Paulo (SANTOS, 2014).
Chuva de Projeto
Conforme a complexidade do projeto aumenta a necessidade de utilizar registros cronológicos de precipitação, e que na maioria das vezes não são disponíveis, nestas condições adotam-se parâmetros de regiões próximas, porém comprometendo a confiabilidade dos resultados finais. Um dos métodos mais utilizados para a definição de chuva de projeto e a adoção de chuvas padronizadas, obtidas a partir das relações IDF (intensidade, duração e frequência) baseadas em registros históricos que relacionam a altura de precipitação com a duração (CANHOLI, 2015)
As tabelas e gráficos a seguir mostram a curva IDF para a cidade de são Paulo.
	
Precipitações intensas para São Paulo segundo Wilken (1972 apud DAEE, 2015)
Nome da estação: Observatório IAG – E3-0,35/ DAEE
Coordenadas geográficas: Latitude, 23⁰ 39’S; Longitude 46⁰ 38’W
Altitude 780 m 
Duração da estação: 1928 – 2012
Período de dados utilizados: 1934-1956 (26 anos)
Equação: It,T=(t+15)-0,89.29,13Tr0,181 
Para 10≤ t ≤1440
Sendo :
 i: intensidade da chuva, correspondentea duração t e periodo de retorno T, em mm/min
t: duração da chuva em minutos
T:Periodo de retorno em anos
Tabela 3: Previsão de máximas intensidades de chuvas em mm/h (milímetros por hora)
Fonte DAEE
Tabela 4: Previsão de máximas alturas de chuvas, em mm (milímetros)
Fonte: DAEE
Figura 3: Curvas IDF em função da duração t (minutos)
Fonte: DAEE 
Vazão de Projeto
CANHOLI (2015) aponta que para se realizar estudos hidrológicos direcionados a projetos de drenagem urbana são tomados modelos matemáticos que relacionam uma sequência de chuvas a uma determinada vazão, processo denominado chuva x vazão, o que permite criar um hidrograma de projeto.
 O hidrograma obtido será então utilizado para avaliar os impactos sobre as vazões em locais a jusante, o que contribui para a avaliação da eficiência da adoção de determinados critérios de controle contra cheias em uma bacia hidrográfica (SILVA, 2006)
O escoamento mostrado no hidrograma é formado pela precipitação que ocorre na área da bacia de drenagem em estudo, porém, nem toda esta chuva torna-se escoamento já que parte dela se perde em outros fenômenos como infiltração, evapotranspiração e evaporação, a parte dessa chuva que não se perde e denominada precipitação efetiva. Desenvolveram-se vários métodos para calcular hidrogramas para uma determinada bacia de drenagem e um evento chuvoso, que são divididos em duas categorias gerais: (GRIBIN, 2013)
Hidrograma de medição direta: É o método utilizado para grandes bacias onde uma ou mais estações de medições são instaladas para armazenar hidrogramas para cada evento chuvoso durante um determinado número de anos, a partir desses dados são desenvolvidos estudos estatísticos onde se obtém um hidrograma geral de tal forma que ele pode ser aplicado a qualquer evento chuvoso previsto.
Hidrogramas sintéticos: Estes são utilizados em pequenas bacias onde não existem informações sobre a medição de escoamento.
GRIBBIN (2013) diz que tanto o hidrograma de medição direta como os hidrogramas sintéticos são desenvolvidos a partir do hidrograma unitário desenvolvido por L. K. Sherman. Através deste método obtém-se um hidrograma resultante de uma unidade de precipitação efetiva caindo sobre a bacia de drenagem em uma unidade de tempo. A forma do gráfico é dependente das características da bacia de drenagem em estudo, ou seja, para cada bacia de drenagem será obtido um hidrograma diferente, a área abaixo da curva representa o volume total de escoamento.
Figura 4: Hidrograma unitário
Fonte: Gribbin, 2013. 
Outros métodos para calcular vazões de projeto foram desenvolvidos ao longo dos anos, umdos mais utilizados é o Método Racional oriundo da Inglaterra em 1889, pois diferentemente dos outros métodos que se baseiam em relações empíricas entre área de drenagem, tempo de concentração, intensidade e outros fatores, utiliza de puro raciocínio, por isso seu nome. Ele calcula a vazão de pico Qp associado a um evento chuvoso, ou seja, calcula a maior vazão gerada em uma determinada bacia de hidrográfica. (GRIBBIN, 2013)
	
Qp: Vazão de pico em (m3/s)
A: Área da bacia em (Km²)
I: Intensidade da precipitação (mm/h)
Isso se baseia em uma bacia de drenagem completamente impermeável na qual toda a precipitação é convertida em escoamento. Mais tarde esse conceito foi aperfeiçoado acrescentando a o coeficiente de runnof, essa modificação passou a considerar a infiltração no solo e a evapotranspiração, sendo assim a equação passou a ser: (GRIBBIN, 2013)
Qp: Vazão de pico em (m3/s)
A: Área da bacia em (Km²)
I: Intensidade da precipitação (mm/h)
C: Coeficiente de escoamento superficial
5.2. MANCHA DE INUNDAÇÃO
Mancha de inundação, por definição é a projeção em planta de uma área inundada. Ela determina o limite de alcance da água em uma inundação. E através dela e de uma topografia detalhada podemos determinar o volume excedente de água desses fenômenos determinados inundações.
Existem diversos métodos para obtermos uma mancha de inundação. Através de softwares de modelagem hidrodinâmica (HEC-RAS e SPRING), que usam de dados hidrológicos e levantamentos específicos para calcular esse sobressalto no volume do corpo d’água, e o método prático que consiste em uma análise de campo detalhada com coleta de informações “in loco” para determinar a máxima altura da lâmina d’água e a ajuda de softwares de modelagem 3D para sobreposição de superfícies e determinação de volumes.
5.3 MÉTODOS DE CÁLCULO
5.3.1	Hec-Has
Segundo seus desenvolvedores, o US ArmyCorpsofEngineers, o HEC- RAS é um software de simulação hidráulica. Ele possibilita a simulação unidimensional do escoamento em canais abertos, sob o regime permanente e não-permanente e também na condição de fundo móvel (transporte de sedimentos).
A interface gráfica permite a construção de projetos com um único trecho ou com uma rede de canais. São utilizadas informações topográficas das seções para descrever a geometria do canal.
Spring
Segundo seus desenvolvedores, o INPE/ DPI, o SPRING é um SIG (Sistema de Informações Geográficas) no estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais.
Seus modelos e suas ferramentas nos permitem, por exemplo, construir um sistema de informações geográficas para aplicações em Agricultura, Floresta, Gestão Ambiental, Geografia, Geologia, Planejamento Urbano e Regional; tornar amplamente acessível para a comunidade brasileira um SIG de rápido aprendizado; fornece um ambiente unificado de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto para aplicações urbanas e ambientais e pode também ser um mecanismo de difusão do conhecimento desenvolvido pelo INPE e seus parceiros, sob forma de novos algoritmos e metodologias.
5.3.3	Método prático
O método prático, em tese, é bem simples. Consiste em uma visita de campo com um levantamento de dados detalhado, procurando obter a cota máxima de inundação da região. E com a ajuda de softwares de modelagem 3D e uma base topográfica sobrepor superfícies.
6. 	ESTUDO DE CASO
DISTRITO JARDIM HELENA
	Jardim Helena é um distrito situado no extremo leste do município brasileiro de São Paulo. O distrito de Jardim Helena tem uma área de 9,1 km², onde mora cerca de 153.634 habitantes, esse distrito foi beneficiado com a construção de algumas Estações para o benefício da população da região, que na maioria é de classe baixa. 
O senso comum dos moradores da parte leste (Jardim Romano e Vila Itaim) determina que estes bairros seriam do distrito de Itaim Paulista, o que é desmentido pelos mapas oficiais da Prefeitura de São Paulo que comprovam que Jardim Romano e Vila Itaim são bairros do distrito do Jardim Helena.
6.1.1 Vila Itaim
Vila Itaim é um bairro que fica no distrito de Jardim Helena no município de São Paulo. O bairro abriga o Viaduto Carlito Maia. Por causa da localização desse bairro (mais próxima ao centro de Itaim Paulista do que o de Jardim Helena) e pelo fato do bairro antigamente fazer parte de Itaim Paulista, a maioria das pessoas por senso comum pensa que a Vila Itaim fica nesse distrito, o que é facilmente desmentido pelos mapas oficiais da Prefeitura de São Paulo, sendo que a administração do bairro é realizada pela subprefeitura de São Miguel Paulista.
O bairro Vila Itaim, sofre praticamente as mesmas consequências do Jardim Romano seu bairro vizinho, já sofreu muito por conta das inundações, e hoje em dia um pouco menos por conta das medidas tomadas pela Prefeitura, o índice de alagamento caiu, mas o bairro sempre corre risco de alagamento quando chove na região. Isso porque se encontra em uma região de várzea do Rio Tiete, ao lado do Jardim Romano.
6.1.2	Jardim Romano
Jardim Romano é um bairro que fica no distrito de Jardim Helena, no município de São Paulo.O bairro fica no extremo leste do município e faz divisa com os municípios de Guarulhos ao norte, Itaquaquecetuba ao leste, e ao distrito de Itaim Paulista ao sul. Esse bairro fica próximo ao rio Tietê e o Córrego Três Pontes. Também fica próximo da linha 12 da CPTM, foi inaugurado no dia 16 de julho de 2008 uma estação ferroviária no local, o que facilitará o deslocamento da população para outros bairros e municípios para trabalhar, já que esse é considerado um "bairro dormitório".
Histórico de inundação na região
Os bairros citados têm um grande histórico de inundações, que por muitas vezes duram mais do que 1 semana, a seguir listaremos algumas inundações de grande divulgação nos meios de comunicação nacionais. 
Inundação 08/12/2009
Por serem região de várzea do Rio Tietê (região de várzea é a região planejada para receber o excesso de água do rio, em caso de grandes volumes de chuvas) essas regiões foi palco de alagamentos enormes, que resultaram em várias famílias que perderam todos os poucos pertences, já que se trata de uma região de classe baixa.
No dia 8 de dezembro de 2009, teve o pior caso dos últimos anos no estado de São Paulo, ruas e casas do Jardim Romano e Vila Itaim ficaram alagadas depois de forte chuva. O mês de dezembro de 2009 apresentou um índice de chuvas historicamente acima do normal para cidades do sudeste do Brasil. O alagamento chegou a durar mais de um mês, até janeiro de 2010, não apenas por causa da chuva, mas também por ser a região atingida uma várzea de rio, e isso piora e muito a situação que já não era boa. 
Figura 5: Foto - Bombeiros utilizam botes, para passar pelo alagamento na rua CAPACHÓ, no bairro Jardim Romano dia 08/12/2009
Foto: Sergio Neves/AE
Fonte: http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=243121
Inundação 14/07/2010
Moradores do Jardim Romano, na Zona Leste de São Paulo, voltaram a sofrer com as enchentes em uma quarta-feira 14/07/2010. "A água subiu na noite de quarta e só baixou na manhã de quinta por volta de umas 10h", afirmou o manobrista Rogério Graciano de Alencar, de 31 anos, morador da Rua Catulé. De acordo com os moradores, a Rua Catulé era de cascalho e foi colocado um calçamento com pedras. Porém, os bueiros vivem entupidos. “A água aqui não escoa. Fizeram umas obras na rua, mas ela não ficou plana. Em frente ao condomínio se formou uma bacia. É como se fosse um funil”, disse o morador Osvaldo Carmo, 42 anos, que trabalha em edificação civil.
	A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informou que o alagamento na rua ocorreu por causa da chuva, e não tem relação com a rede coletora de esgoto. Também afirmou que não está realizando nenhuma intervenção que possa ter provocado o alagamento.
A Prefeitura disse que a proximidade com o Córrego Três Pontes fez com que a rua ficasse alagada,mas afirmou que já um trabalho de desassoreamento e a previsão de construção de uma barreira para conter a água.
Figura 6: Foto - Rua CATULÉ, ficou alagada até a manhã do dia 15/07/2010
Foto: Letícia Macedo/G1
Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/07/moradores-do-jardim-romano-voltam-sofrer-com-enchente.html
Inundação 16/02/2015
A última enchente foi no mês de fevereiro desse ano, a Subprefeitura de São Miguel Paulista ficou em estado de alerta desde a noite do dia 16/02/2015 por conta do transbordamento do Rio Tietê, segundo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). Pelo menos 250 casas foram invadidas pela água e moradores tiveram prejuízos. Segundo a Prefeitura, a enchente ocorreu no distrito Jardim Helena, onde ficam os bairros Jardim Romano e Vila Itaim.
Figura 7: Foto - Foto aérea do bairro Vila Itaim inundado dia 16/02/2015.
Foto: Helicóptero da Globo
Fonte:http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/02/jardim-romano-e-vila-itaim-na-zona-leste-de-sp-seguem-embaixo-dagua.html
	RIO TIETÊ E BACIA DO ALTO TIETÊ
6.2.1 Histórico do Rio Tietê
Balizados nos estudos do historiador e pesquisador Fausto Nogueira, além da análise de dados provindos do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica - SP) temos uma percepção clara do porquê o Rio Tietê carrega desde sua descoberta tantos paradoxos, mensurar e correlacionar os benefícios que o rio trouxe outrora e os malefícios que causa contemporaneamente é sobretudo estudar o processo de degradação ambiental, a ocupação irregular das margens do rio e todas as mazelas trazidas como consequência, em especial (foco nesse estudo de caso) as enchentes e o transtorno causado pela inundação na várzea do rio, que por ventura encontra-se ocupada a décadas, irregularmente. 
Segundo o historiador e pesquisador Fausto Nogueira, o Rio Tietê nasce a uma altitude de 1.030 metros da Serra do Mar, no município paulista de Salesópolis, a 22 km do oceano Atlântico e a 96 km da Capital. Ao contrário de outros rios, ele subverte a natureza: como não consegue vencer os picos rochosos rumo ao litoral, em vez de buscar o mar - como a maior parte dos rios que corre para o mar – o Tietê atravessa a Região Metropolitana de São Paulo e segue para o interior do Estado, desaguando posteriormente no rio Paraná, num percurso de quase 1.100 km. Debruçando-se sobre estudos e dados do rio Tietê, o historiador e pesquisador Fausto Nogueira nos da um panorama muito real e sutil. A nascente do Tietê, apesar de encontrada num passado recente, possui importância histórica e econômica diretamente relacionada às conquistas territoriais, realizadas pelos Bandeirantes que desbravavam os sertões, fundando povoados e cidades ao longo de suas margens. 
	O rio Tietê percorre 1.100 quilômetros, até o município de Itapura, em sua foz no rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul. Banha 62 municípios ribeirinhos e sua bacia compreende seis sub-bacias hidrográficas: Alto Tietê, onde está inserida a Região Metropolitana de São Paulo; Piracicaba; Sorocaba/Médio Tietê; Tietê/Jacaré; Tietê/Batalha e Baixo Tietê. 
Características Gerais da Bacia do Alto Tietê
Figura 8: Bacia do Alto Tietê - Divisão segundo características de formação de cheias
Fonte: DAEE
HIDROLOGIA DO ALTO TIETÊ 
Segundo dados do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica – SP), Quase que inteiramente compreendida dentro dos limites da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), a denominada bacia do Alto Tietê é formada pela área de drenagem do rio Tietê no local onde está implantada a barragem de Pirapora, perfazendo uma superfície total de 5.755 km2, dos quais 5.550 km2 na RMSP.A parte da bacia do Alto Tietê que tem a barragem de Edgard de Souza como limite extremo de jusante é a que tem interesse do ponto de vista de formação das cheias, que provocam extensas inundações na várzea do rio Tietê na região de São Paulo.
Esta parte pode ser dividida em três setores de características distintas. O primeiro é compreendido entre as cabeceiras até a barragem da Penha, o segundo entre esta e a foz do rio Pinheiros e o terceiro entre este ponto e a barragem de Edgard de Souza, no extremo de jusante.
(Figura 8) Na bacia de drenagem do primeiro setor, com área de 1.970 km2, pelos fatos de a urbanização estar mais concentrada na sua porção de jusante, de existirem dois reservatórios em operação plena (Ponte Nova e Jundiaí) e um reservatório (Taiaçupeba) ainda não totalmente operacional, e de o rio Tietê percorrer meandros dentro de extensas várzeas, as ondas de cheias são formadas lentamente, apresentando-se abatidas e com tempo de trânsito de dias.Nesse setor deverão ser implantados mais dois reservatórios de cabeceiras, Biritiba e Paraitinga, que junto com os existentes deverão controlar uma área de drenagem de 920 km2.
No segundo setor, as bacias de drenagem, que totalizam 780 km2, encontram-se intensamente urbanizadas, apresentando alto grau de impermeabilização dos seus solos.
Além disso, os principais afluentes, dentre os quais se destaca o rio Tamanduateí (AD = 330 km2), e inclusive o próprio rio Tietê, estão total ou parcialmente canalizados. Por tais motivos, as ondas de cheias no trecho.
Já o terceiro setor apresenta características similares às do segundo, ressaltando-se que, em geral, a urbanização das bacias de drenagem, cujas áreas perfazem aproximadamente 550 km2 (com exclusão da bacia do rio Pinheiros) não alcançam os altos índices de urbanização do segundo. Cabe frisar que durante a ocorrência de cheias o rio Pinheiros é isolado do rio Tietê pelo fechamento da estrutura de Retiro, situada nas proximidades da foz do primeiro (Figura 8). Observa-se, portanto, a existência de tempos diferenciados de resposta às chuvas nos setores da bacia do rio Tietê a montante e a jusante da barragem da Penha. Assim, uma mesma tormenta provoca, nesses setores, ondas de cheias com defasagem de picos. Essa é benéfica para a calha do rio Tietê a jusante da barragem da Penha que, numa situação crítica, passa a escoar as vazões originadas, em grande parte, na sua própria bacia de drenagem, com contribuição pouco expressiva do trecho de montante dessa barragem.
Tal constatação mostra à importância da preservação das várzeas a montante da barragem da Penha, para que não haja o agravamento das inundações no trecho já crítico de jusante. Esse, é fato de há muito sabido e repetido. Como prova bastará recordar o relatório que em 1925 Saturnino de Brito apresentou ao Prefeito da Capital sobre "Melhoramentos do Rio Tietê em São Paulo". Com efeito, nesse relatório lê-se o seguinte:
"Cumpre não esquecer (e por isto o repetimos) que… os lençóis de inundação das várzeas, até Mogi das Cruzes, entrando pelos afluentes, assim como as matas nas vertentes, constituem reservatórios naturais de regularização do regime… se estes reservatórios desaparecerem, se a retificação do rio Tietê se prolongar mais tarde para montante alterando de modo notável o regime, deve contar-se como certo o aumento da descarga do rio em São Paulo, o que obrigará a maior capacidade nas obras projetadas…".
Mais adiante, Saturnino de Brito diz que o objetivo deve ser o "de impedir que, devido às obras de regularização a jusante, as inundações que já existem a montante (da Penha), sejam diminuídas no seu papel de regularizadoras naturais… de sorte a prejudicar-se o serviço que se vai fazer em São Paulo. Queremos, apenas, que a situação a montante se mantenha, no caso de máxima enchente, tal como está, nem para mais, nem para menos…".
Na tabela a seguir estão apresentadas as porcentagens da área urbana ocupada em 1993 nos setores indicados na Figura 8, calculadas pelo Consórcio HIDROPLAN, por ocasião da elaboração do Plano Integrado de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista, em 1995. Constam do mesmo quadro as projeções da área urbana ocupada nos mesmos setores conforme projeções efetuadas no referido Plano, tendo como horizonte o ano 2020.(Veja tabela na próxima página) Do exame desse quadro, nota-se a alta porcentagem da área urbana ocupada no setor 2 (barragem da Penha - foz do rio Pinheiros), que havia atingido 81% em 1993, podendo chegar aos 88% em 2020.
	Tabela 5 - Área urbana ocupada na bacia do alto tietê
	SETOR
	ÁREA DE DRENAGEM (km2)
	ÁREA URBANA OCUPADA
	
	
	(%)
	
	
	1993
	2020
	1. Cabeceiras - Barragem da Penha
	1.970
	22
	28
	2. Barragem da Penha - Foz do Pinheiros
	780
	81
	88
	3. Foz do Pinheiros - Barragem Edgard de Souza
	550 (1)
	34
	43
	
	820 (2)
	55
	63
	Cabeceiras - Barragem Edgard de Souza
	3.300 (1)
	38
	45
	
	3.570 (2)
	42
	49
	Fonte;HIDROPLAN
	(1) Excluindo a bacia do rio Pinheiros
	(2) Incluindo a bacia do rio Pinheiros a jusante das barragens da Pedreira (Billings) e Guarapiranga
6.2.3 As vazões de cheias dos projetos de canalização
Embora a preocupação com a canalização do rio Tietê fosse antiga, a epidemia de febre amarela que assolou o Estado e a Capital, em 1889, incentivou providências governamentais no sentido de dessecar e sanear as várzeas dos rios, pois atribuía-se à poluição das águas superficiais os focos da doença. Assim, em 1890, o Governo do Estado nomeou uma Comissão para proceder a estudos dos terrenos e da hidrografia dos rios Tamanduateí e Tietê. Desde então, sucederam-se planos e projetos de implantação de obras de canalização e de estruturas hidráulicas no rio Tietê e seus principais afluentes. Tratando-se, em geral, de obras de vulto com elevados investimentos e longos prazos de execução, é compreensível a revisão dos planos e projetos ao longo do tempo, pois as premissas e diretrizes adotadas em determinada época, nem sempre acompanharam a evolução da ocupação urbana e seus efeitos adversos de aumento das vazões de cheia da bacia.
	Tabela 6 - Vazões de projeto (m3/s)
	ANO
	PROJETISTA
	TRECHO GUARULHOS A TAMANDUATEÍ
	TRECHO TAMANDUATEÍ A OSASCO
	EM EDGARD  DE SOUZA
	1894
	J. P. FERRAZ
	-
	174
	-
	1922
	J. A. FONSECA RODRIGUES
	-
	360
	-
	1925
	SATURNINO DE BRITO
	300 - 400
	300 - 400
	-
	1950
	LYSANDRO P. DA SILVA
	320 - 450
	430 - 560
	-
	1968
	HIBRACE (1)
	515
	650
	815
	1986
	PROMON
	640
	1.188
	1.434 (*)
	1995
	HIDROPLAN (1)
	610
	1.450
	1.715 (**)
	Fonte; HIDROPLAN
(1) Estudos em nível de Plano Diretor
	
	
	(*) Horizonte : ano 2005
	
	
	
	(**) Horizonte : ano 2020
	
	
	
	Tabela 7 - Bacia do alto tietê vazões de pico observadas (m3/s)
	
	ANO
	BAIRRO DO LIMÃO
	CANAL DO ANASTÁCIO
	PARNAÍBA/EDGARD DE SOUZA
	
	
	
	
	1906
	-
	278
	462
	1923
	255
	274
	358
	1929
	318
	310
	521
	1930
	240
	220
	311
	1982
	530
	-
	755 (2)
	1983
	-
	-
	823 (2)
	1987
	580(1)
	-
	1.209 (2)
	1987
	-
	-
	821 (2)
	Fonte; HIDROPLAN 
(1) Estimada pelo FCTH
	(2) Estimadas indiretamente pela ELETROPAULO
Assim, os projetos de canalização do rio Tietê, elaborados em diferentes épocas, tiveram cada qual uma vazão para dimensionamento, como se pode notar no Quadro 2.Por outro lado, apresentam-se no Quadro 3 as vazões de pico de algumas cheias observadas no Alto Tietê que provocaram inundações generalizadas ao longo de sua calha.
Nota-se o progressivo aumento das vazões máximas observadas, em função, principalmente, do intenso processo de urbanização a que está submetida a bacia do Alto Tietê. Esse processo e a consequente impermeabilização dos terrenos se deram, conforme já referido, com maior intensidade na bacia de drenagem a jusante da barragem da Penha até a foz do rio Pinheiros. Por esse motivo, do ponto de vista das inundações, o trecho crítico situa-se nesse trecho numa extensão de cerca de 24,5km, onde sua calha se desenvolve confinada entre vias marginais de intenso movimento e onde se verifica a existência de inúmeras pontes.
A primeira grande intervenção no rio Tietê visando minimizar o problema de inundação deve-se à Prefeitura do Município de São Paulo, com base no projeto elaborado pelo Eng. Saturnino de Brito, em 1925. As obras abrangeram o trecho compreendido entre Guarulhos e Osasco e foram executadas na década de 40. Na década de 70, o Governo do Estado deu continuidade à obra abrangendo o trecho a jusante de São Paulo até o reservatório de Edgard de Souza, e a montante de Guarulhos, até São Miguel Paulista, incluindo a construção da barragem da Penha e do Parque Ecológico Tietê.
Em 1986 foi elaborado pelo DAEE o projeto "Ampliação da Calha do Rio Tietê entre as Barragens da Penha e Edgard de Souza", abrangendo uma extensão de 45 km. Esse projeto encontra-se totalmente executado no denominado "Trecho ELETROPAULO", em cerca de 4 km a montante da barragem Edgard de Souza. Já no trecho situado entre a foz do rio Bussocaba e o início do "Trecho ELETROPAULO" encontra-se parcialmente executada a ampliação da calha em cerca de 1/3 da seção de projeto. As vazões desse projeto foram estimadas considerando-se a projeção da urbanização da bacia do Alto Tietê para o ano 2005.
Atualmente está em execução, pela MAUBERTEC, o Projeto de Melhoria Hidráulica do Rio Tietê que tem como objetivos, entre outros, os seguintes: "a avaliação dos projetos existentes, visando ao estudo comparativo de alternativas construtivas para a escavação da calha do rio Tietê no trecho entre a barragem Edgard de Souza e a barragem da Penha", a "adequação do projeto existente à alternativa escolhida para o trecho entre as estacas 203 e 1030 (Edgard de Souza - foz do Pinheiros)" e o "Projeto executivo do trecho Edgard de Souza - foz do Pinheiros, com detalhamento da metodologia construtiva". Tanto o projeto, quanto a execução das obras, para numa primeira etapa, completar a ampliação da calha do Tietê entre a foz do Pinheiros e Edgard de Souza, contam com recursos de financiamento do Governo do Japão através do OECF – Overseas Economic Cooperation Fund.
6.2.4 Nova Política De Controle De Cheias
Os estudos desenvolvidos pela MAUBERTEC mostram com clareza que a implantação do projeto de ampliação da calha do Tietê, para possibilitar a maior capacidade possível de veiculação de cheias, uma vez que o rio encontra-se confinado pelas avenidas marginais, o que restringe as possibilidades de alargamento, e por apresentar declividades mínimas limites para o transporte de sedimentos, o que restringe as possibilidades de aprofundamento, as quais também são condicionadas por interferências de obras de infra-estrutura sob o leito do rio. Assim sendo, no que respeita à hidráulica dos sistemas de drenagem da bacia do alto Tietê, todos os esforços de planejamento deverão concentrar-se em impedir que as vazões afluentes ao Tietê continuem aumentando, ou por impermeabilização excessiva do solo, ou pela canalização e retificação indiscriminada de seus afluentes, ou ainda pelo adensamento urbano das várzeas do Tietê a montante da barragem da Penha.
Embora essas causas sejam de conhecimento dos técnicos há muito tempo, somente o atual Governo do Estado, através do DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica, da Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, decidiram pôr em prática essa política de controle de cheias, privilegiando ações no sentido de reduzir as afluências ao rio Tietê.
Exemplos dessas ações são o Programa de Construção de "Piscinões" na bacia do Tamanduateí, e o Programa de Proteção e Conservação da Bacia do Rio Cabuçu de Cima.
Neste último, encontram-se explicitadas ações que visam atuar sobre aquelas outras causas das enchentes que, da mesma forma, são também de conhecimento dos técnicos, de longa data. Trata-se da disposição inadequada de resíduos sólidos, da instalação de processos erosivos pela implantação de loteamentos em áreas não apropriadas, da ocupação das várzeas por habitações subnormais, além da remoção exacerbada da cobertura vegetal.
A implantação desse programa adicionará qualidade ao investimento que está sendo feito, aumentandoa vida útil das obras ora em execução. Para as demais sub-bacias, programas semelhantes poderão ser elaborados, passando a constituir prática comum no controle de cheias.
A MAUBERTEC utilizou modelos de simulação chuva-vazão, hidrodinâmico-hidrológico e hidrodinâmico-hidráulico, para verificação da linha d’água de 100 anos de período de retorno do projeto básico de 1986, com as modificações introduzidas no projeto executivo de 1988 que serve, atualmente, como referência para os projetos de canalização dos afluentes do rio Tietê, no trecho entre as barragens da Penha e Edgard de Souza.
Foi verificada que a tendência, a médio e longo prazo, é de aumento das vazões de cheias e consequente alteamento da linha d’água, mostrando a importância da manutenção das várzeas e dos meandros a montante da barragem da Penha, da implantação de "piscinões" na bacia e da tomada de medidas restritivas e de controle de uso e ocupação do solo.
6.2.5 O Projeto Em Implantação
O projeto de ampliação da calha do rio Tietê, entre o final do Trecho Eletropaulo e a foz do rio Pinheiros, licenciado ambientalmente após ampla discussão junto ao meio técnico e à sociedade, teve como base os estudos anteriormente desenvolvidos pelo DAEE e diversos dados complementares, recentemente obtidos, e referentes aos levantamentos topo-batimétricos, investigações de sub-superfície e atualização cadastral de interferências.
Com a impossibilidade de desvio das águas do rio Tietê para o rio Pinheiros, tendo em vista restrições políticas e legais, e consequentemente, a não utilização da Barragem Móvel, a execução a seco ficou praticamente inviabilizada pelo alto risco de que, com pequenas precipitações as áreas ensecadas poderiam ser inundadas com paralizações e retomadas constantes das obras, o que prejudicaria, em muito, o cumprimento do prazo contratual e implicaria na elevação de seu custo.
Em função desta imposição optou-se pela solução de escavação submersa do leito do rio, tanto para material de 1ª, 2ª e 3ª categoria. Somente na escavação dos taludes serão utilizados equipamentos estacionados nas margens.
	Outro fator relevante na definição do método construtivo foi a impossibilidade de utilização da rodovia Castelo Branco para o transporte do material escavado para os bota-foras. Assim, o processo adotado consiste na escavação submersa com utilização de dragas ou escavadeiras hidráulicas, com apoio de barcaças autopropulsoras, para carregamento e transporte do material escavado até um porto construído em local estratégico na margem do Tietê. Neste porto, o material é retirado da barcaça por draga ou guindaste com "clamshell" e carregado em caminhões basculantes e daí transportados para os bota-foras, sem utilização da Castelo Branco. A utilização da Lagoa de Carapicuiba como bota-fora poderá contribuir para a redução do prazo de execução das obras, estando seu uso condicionado à sua viabilização ambiental, ora em avaliação.
Os estudos hidráulicos e os dados dos levantamentos de campo definiram a necessidade de pequenos ajustes no traçado do eixo do canal, na largura da seção e, principalmente, nas declividades dos taludes no trecho acima do nível máximo das águas para a vazão de projeto.
A mudança na declividade dos taludes foi estudada com o intuito de se evitar qualquer alteração no traçado do sistema viário existente nas margens do canal e a construção de muros de contenção, que resultariam acréscimo no custo da obra, além de problemas de desvio de tráfego. O único local onde não foi possível essa solução, foi o trecho da avenida Presidente Kennedy, em Osasco, entre a ponte Piratininga e o complexo Maria Campos, onde, com participação da Prefeitura e do DAEE, pode-se elaborar um remanejamento da avenida.
As interferências causadas pelo rebaixamento da calha nas obras existentes, pontes, passarela de Osasco, de obras no oleoduto da Petrobrás, adutora e interceptor da SABESP, que cruzam o rio, foram analisadas e seus projetos elaborados de tal forma a preservarem as obras existentes. Foram também levantadas e estudadas as chegadas de galerias, bueiros e córregos e elaborados projetos específicos para cada caso. O estudo do revestimento do talude do canal tem merecido uma abordagem especial visando, principalmente, a preservação de sua integridade geométrica e a redução dos serviços de manutenção.
	Tabela 8 - Área urbana ocupada na bacia do alto tietê
	SETOR
	ÁREA DE DRENAGEM (km2)
	ÁREA URBANA OCUPADA
	
	
	(%)
	
	
	1993
	2020
	1. Cabeceiras - Barragem da Penha
	1.970
	22
	28
	2. Barragem da Penha - Foz do Pinheiros
	780
	81
	88
	3. Foz do Pinheiros - Barragem Edgard de Souza
	550 (1)
	34
	43
	
	820 (2)
	55
	63
	Cabeceiras - Barragem Edgard de Souza
	3.300 (1)
	38
	45
	
	3.570 (2)
	42
	49
	Fonte; HIDROPLAN
	(1) Excluindo a bacia do rio Pinheiros
	(2) Incluindo a bacia do rio Pinheiros a jusante das barragens da Pedreira (Billings) e Guarapiranga
De 1993 até 2020 os acréscimos de área urbana ocupada nos três setores, com exclusão da bacia do rio Pinheiros, totalizam aproximadamente 230 km2. Além disso, deverá ocorrer um aumento expressivo de áreas impermeabilizadas nos setores 1 e 3, assim como a implantação de obras de micro e macrodrenagem, o que se refletirá num aumento progressivo de vazões de cheia no rio Tietê, a menos que sejam implantadas obras de contenção de cheias ("piscinões") e tomadas medidas restritivas e de controle de uso e ocupação do solo. Estima-se que o controle de cheias desses 230 km2, exigirá um volume de armazenamento de cerca de 7 milhões de metros cúbicos nos "piscinões" que venham a ser cogitados.
Cabe ressaltar que o HIDROPLAN adotou o conceito de "área urbana ocupada" que não inclui as áreas ocupadas por chácaras e loteamentos sem edificações. Mesmo assim, verifica-se que a percentagem de área urbana ocupada nos três setores, com a inclusão da bacia do rio Pinheiros a jusante dos barramentos de Pedreira e Guarapiranga, tinha atingido 42% em 1993, valor próximo da percentagem de urbanização da bacia do Alto Tietê, a montante de Parnaíba, projetadas para o ano 2005, de 45%, conforme estudos realizados em 1986.
Observando as explanações acima, colocadas sob a ótica e estudos do historiador e pesquisador Fausto Nogueira, e respaldando-se sobre dados técnicos do DAEE (Revista água e Energia – Outubro de 1998) temos uma conclusão óbvia e intuitiva. Para resolver o problema de alagamento nas várzeas habitadas do rio Tietê, precisa-se de um projeto tal como supracitado. Com tudo, um projeto dessa magnitude precisa sobretudo de uma definição exata (ou muito próxima) da real quantidade em metros cúbicos de água proveniente do alagamento. É necessário um cálculo dessa “mancha de inundação” gerada. Apenas com essa determinação há a possibilidade de customizar e viabilizar um projeto como o proposto. 
DETERMINAÇÃO DA MANCHA DE INUNDAÇÃO
Pela dificuldade inicial de se trabalhar com os softwares de modelagem hidrodinâmica, optamos pelo método prático para desenvolver nossa mancha de inundação e definir o volume excedente da inundação na região estudada.
Visita de campo
Em uma visita realizada aos bairros Vila Itaim e Jardim Romano na data de 28 de março de 2015, o grupo identificou que a topografia local não apresenta grandes desníveis, caracterizando-se assim como uma área basicamente plana, além de sinais de alagamentos na região, como demonstra a foto seguir.
Figura 9: Foto – Medição de Nível de Água em Residência no Bairro Vila Itaim
Através de entrevistas feitas com os moradores da região determinamos a máxima cota de inundação.
Ficou determinado então que trabalharíamos com 1,50m acima do nível da rua. A esquina marco escolhida foi da Rua Salinas de Mossoró com a Rua Gruta das Princesas, indicada na figura 10, do Bairro Vila Itaim.
Figura 10: Identificação de Esquina Marco
6.3.2 AutoCad Civil 3D
Segundo seus desenvolvedores, a Autodesk, o AutoCad Civil 3D é um software de modelagem3D.
Hoje utilizado em diversos ramos da engenharia o AutoCad Civil 3D, tem como seu carro chefe os projetos de terraplanagem e projetos viários. Mas ainda conta com diversos pacotes nas áreas de Saneamento, Urbanização, entre outras.
Desenvolvimento
O software teve papel fundamental no desenvolvimento do trabalho por nos dar a possibilidade de trabalhar com superfícies independentes. Portanto, bastou baixarmos a topografia da região no site da prefeitura, especificamente no MDC (Mapa Digital da Cidade) e a partir daí modelar o terreno por triangulação dos pontos de cota. Tendo uma superfície 3D do terreno da região e as informações de topografia em mãos, lançamos uma superfície uniforme a 1,50m acima da cota do terreno na esquina marco e obtivemos a mancha de inundação.
A diferença entre essas superfícies, logo, seria o nosso volume excedente em caso de cheia.
Resultados Obtidos
O que obtivemos com toda essa pesquisa e trabalho foi a mancha de inundação e o volume excedente em ocasião de cheia dos bairros conforme planta em anexo 1
7. CONCLUSÃO
8. BIBLIOGRAFIA
Drenagem urbana e controle de enchentes/ Aluisio Pardo Canholi. 2.ed. São Paulo: Oficina de textos, 2014
Introdução a hidráulica, hidrologia e gestão de águas pluviais/ John E. Gribbin (tradução Glauco Peres Damas). São Paulo: Cengage Learning, 2013.
MONI SILVA, A. P. Elaboração de Manchas de Inundação para o Município de Itajubá, utilizando SIG. UNIFEI. Engenharia da Energia. 2006.
Tucci, Carlos E. M. Gestão da água no Brasil – Brasília: UNESCO, 2001. 156p.
SANTOS, E. T. Impactos econômicos de desastres naturais e megacidades: o caso dos alagamentos em São Paulo. Informações Fipe. São Paulo, n. 400, p. 28-39, jan. 2014. Disponível em: <http://www.fipe.org.br/publicacoes/downloads/bif/2014/1_28-39-el.pdf>. Acesso em: 18 de maio de 2015.
Enomoto, C. F. MÉTODO PARA ELABORAÇÃO DE MAPAS DE INUNDAÇÃO ESTUDO DE CASO NA BACIA DO RIO PALMITAL, PARANÁ / Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná.
DESENVOLVEDORES HEC-HAS. História do HEC-HAS. Disponível em: <http://www.hec.usace.army.mil/about/history.aspx>. Acesso em: 5 de abril de 2015.
Camara, G. e Souza R.C.M. SPRING: INTEGRATING REMOTE SENSING AND GIS BY OBJECTORIENTED DATA MODELLING Informações IMPE. São Paulo. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/geopro/trabalhos/spring.pdf>. Acesso em: 05 de abril de 2015.
Nogueira F. HISTÓRICO DO RIO TIETE Informações DAEE. São Paulo. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=585:parque-nascentes-do-tiete&catid=48:noticias&Itemid=53>. Acesso em: 05 de maio de 2015.

Continue navegando