Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
0 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Graduação em Engenharia Civil Marcela Lohany Alves de Oliveira Patrícia Cristina Cirino Guerra Sabrina Machado de Assis Talita Cristina de Oliveira Tatiane Rodrigues dos Santos Wender Giliards Pereira ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DE CONCRETO PROTENDIDO POR MEIO DE INSPEÇÃO VISUAL: ESTUDO DE CASO PARA MICROREGIÕES URBANA, INDUSTRIAL E RURAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE Belo Horizonte 2018 1 Marcela Lohany Alves de Oliveira Patrícia Cristina Cirino Guerra Sabrina Machado de Assis Talita Cristina de Oliveira Tatiane Rodrigues dos Santos Wender Giliards Pereira ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DE CONCRETO PROTENDIDO POR MEIO DE INSPEÇÃO VISUAL: ESTUDO DE CASO PARA MICROREGIÕES URBANA, INDUSTRIAL E RURAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao IPUC – Instituto Politécnico da PUC Minas, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Me. Antônio Pires Azevedo Júnior Área de concentração: Engenharia de Estruturas Belo Horizonte 2018 2 Marcela Lohany Alves de Oliveira Patrícia Cristina Cirino Guerra Sabrina Machado de Assis Talita Cristina de Oliveira Tatiane Rodrigues dos Santos Wender Giliards Pereira ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DE CONCRETO PROTENDIDO POR MEIO DE INSPEÇÃO VISUAL: ESTUDO DE CASO PARA MICROREGIÕES URBANA, INDUSTRIAL E RURAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao IPUC – Instituto Politécnico da PUC Minas, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Me. Antônio Pires Azevedo Júnior Área de concentração: Engenharia de Estruturas __________________________________________________________ Prof. Me. Antônio Pires Azevedo Júnior – PUC Minas (Orientador) ___________________________________________________________ Prof. Dra. Aline de Araújo Nunes – PUC Minas (Banca Examinadora) ___________________________________________________________ Prof. Dra. Raquel Jacob Sampaio – PUC Minas (Banca Examinadora) Belo Horizonte, 20 de novembro de 2018. 3 Dedicamos este trabalho, primeiramente, a Deus por ser autor de nossas vidas e nosso socorro nas horas de angústia. Aos nossos familiares que não mediram esforços para que chegássemos até esta etapa de nossas vidas. 4 AGRADECIMENTOS Chegar até aqui não foi fácil para nenhum de nós, mas, com muita força de vontade e fé em Deus conseguimos vencer esta etapa. Agradecemos a Pontifícia Universidade Católica, pelo seu corpo docente que nos oportunizaram o ensino e o aprendizado que conquistamos até aqui. Ao nosso mestre e orientador Antônio Júnior pelo suporte e dedicação para a concretização deste trabalho e a todos os professores que nos deram oportunidade е apoio na elaboração deste trabalho. Nosso agradecimento aos que nos incentivaram nessa jornada, aos nossos familiares e amigos que vivenciaram junto conosco esse sonho. A todos quе de forma direta ou indireta fizeram parte da nossa formação, о nosso muito obrigado. 5 RESUMO Estruturas de obra de arte são destacadas pela arquitetura diversificada, dando um charme na região ao qual está inserida, pois chama atenção de todos que passam próximo. O presente estudo abordou a temática das patologias do concreto protendido como um dos principais problemas nas grandes estruturas tais viadutos, pontes dentre outros. Considerou-se os cuidados na elaboração, a correta execução envolve estudo dos materiais e traços adequados, além da dosagem, cura e proteção contra agentes agressivos. É possível estabelecer um critério de avaliação visual das patologias em superestruturas de concreto protendido tomado como estudo de caso três viadutos localizados nas microrregiões de Belo Horizonte, Minas Gerais. O objetivo foi realizar o mapeamento das patologias com objetivo de identificá-las em três viadutos de concreto protendido selecionados para estudo situado em microrregiões de Belo Horizonte, levando em consideração as situações de exposição aos agentes patológicos, para possíveis ações de manutenção onde se for necessárias. A metodologia considerou a revisão bibliográfica sobre o assunto e o mapeamento de três viadutos situados em microrregiões da cidade de Belo Horizonte. A seleção dos viadutos baseou-se em três critérios principais que é a idade dos viadutos, todos da década de 70, tipo de material construtivo, todos de concreto protendido, microrregião urbana, microrregião industrial e microrregião rural. Como resultados, verificou-se que as manifestações das patologias químicas nas áreas urbana e industrial foram maiores devido à presença da carbonatação e degradação da estrutura devido as chuvas ácidas, que não ocorrem na área rural, devido à ausência de industrias. A patologia física foi mais presente no viaduto urbano, seguido pelo industrial e, menos frequente, no rural. A patologia biológica, só foi encontrada na microrregião urbana, em sua totalidade de manifestação, sendo nulas nas demais microrregiões. Concluiu-se que é possível fazer um mapeamento e identificação das patologias por método visual e químico para uma análise genérica do estado sanitário dos viadutos. As manutenções corretivas devem focar na revitalização e recuperação do concreto desagregado nos pilares e placas laterais, colocação de obstáculos evitando aproximações de pessoas que venham danificar os pilares, substituição e ou recuperação de sistema de drenagem dos viadutos, pingadeiras ao longo das extremidades das lajes, substituição das juntas de dilatação e vedação, para evitar escorrimentos ao longo dos viadutos e manutenção periódicos em toda a estrutura. Palavras-chave: Inspeção. Mapeamento. Manutenção. 6 ABSTRACT Structures of works of art are highlighted by the diversified architecture, giving a charm in the region to which it is inserted, because it draws attention of all who pass next. The present study addressed the theme of the pathologies of the prestressed concrete as one of the main problems in the great structures such viaducts, bridges among others. Care was considered in the elaboration, the correct execution involves study of the appropriate materials and traits, besides the dosage, cure and protection against aggressive agents. It is possible to establish a criterion of visual evaluation of the pathologies in superstructure of prestressed concrete taken as case study three viaducts located in the microregions of Belo Horizonte, Minas Gerais. The objective was to map the pathologies with the objective of identifying them in three prestressed concrete viaducts selected for study located in micro-regions of Belo Horizonte, taking into account the situations of exposure to the pathological agents, for possible maintenance actions where necessary . The adopted methodology considered the bibliographic review on the subject and the mapping of three viaducts located in microregions ofthe city of Belo Horizonte, whose selection of viaducts was based on three main criteria that is the age of viaducts, all of the 70's, type of construction material, all of prestressed concrete, urban microregion, industrial microregion and rural microregion. As results obtained it was verified that the manifestations of the chemical pathologies in the urban and industrial areas were greater due to the presence of carbonation and the degradation of the structure due to the acid rain, which does not occur in the rural area due to the absence of industries. The physical pathology was more present in the urban viaduct, followed by the industrial one and less frequent in the rural one. The biological pathology was only found in the urban microregion, in its totality of manifestation, being null in the other microregions. It was concluded that it is possible to map and identify the pathologies by visual and chemical method to make a generic analysis of the sanitary condition of the viaducts. Corrective maintenance should focus on the revitalization and recovery of unbundled concrete in the pillars and side plates, placing obstacles to avoid approaching people that will damage the pillars, replacement and / or recovery of drainage system along the viaducts, drippers along the ends of the slabs, replacement of expansion joints and sealing, to avoid run-off along viaducts and periodic maintenance throughout the structure. Keywords: Inspection. Mapping. Maintenance. 7 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Vista geral de uma ponte, mostrando os principais elementos constituintes .... 19 FIGURA 2 - Ponte Rio Negro ................................................................................................ 20 FIGURA 3 - Estrutura principal (ponte) e viaduto de acesso ................................................. 21 FIGURA 4 - Ala Lateral do viaduto rodovia BR 356 sobre a BR 040..................................... 22 FIGURA 5 - Ponte Rodoviária Anita Garibaldi em Santa Catarina ........................................ 23 FIGURA 6 - Passarela de pedestre na rodovia Raposo Tavares SP-270 ................................ 23 FIGURA 7 - Ponte canal em Magdeburg na Alemanha ........................................................ 24 FIGURA 8 - Desenvolvimento planimétrico .......................................................................... 24 FIGURA 9 - Ponte em laje ...................................................................................................... 25 FIGURA10 - Ponte em viga reta de alma cheia ...................................................................... 25 FIGURA11 - Ponte em viga reta em treliça ........................................................................... 26 FIGURA 12 - Ponte em quadro rígido ..................................................................................... 26 FIGURA 13 - Ponte em abóbada .............................................................................................. 26 FIGURA 14 - Ponte em Arco superior .................................................................................... 27 FIGURA 15 - Ponte Pênsil .................................................................................................... 27 FIGURA 16 - Concreto degradado devido a ação do fogo .................................................... 33 FIGURA 17 - Vegetação na junta de dilação ........................................................................ 35 FIGURA 18 – Procedimento de medição dos viadutos ........................................................ 38 FIGURA 19 – Estrutura não carbonatada ............................................................................... 38 FIGURA 20 – Estrutura carbonatada ...................................................................................... 39 FIGURA 21- Localização do Viaduto Helena Greco ............................................................ 41 FIGURA 22 - Viaduto Helena Greco .................................................................................... 41 FIGURA 23 - Localização do Viaduto de Microrregião Rural ............................................. 42 FIGURA 24 - Localização do Viaduto de microrregião Industrial ....................................... 43 FIGURA 25 - Viaduto do Anel Rodoviário sobre avenida Amazonas ................................. 44 FIGURA 26 - Ação do fogo na laje inferior do tabuleiro ...................................................... 45 FIGURA 27 - Eflorescência na laje inferior da viga ............................................................. 46 FIGURA 28- Patologia de impactos e eflorescência ............................................................. 47 FIGURA 29 - Presença de goiabeira na junta de movimentação térmica da viga .................. 47 FIGURA 30 - Patologia química entre pilar e viga .............................................................. 48 FIGURA 31 - Defensa deteriorada ......................................................................................... 49 8 FIGURA 32 – Degradação do concreto da defesa central do viaduto .................................... 49 FIGURA 33 - Patologia mecânica e física proveniente de colisões de veículos .................... 50 FIGURA 34 - Trincas ao longo da defensa ............................................................................ 50 FIGURA 35 - Exposição das armaduras da defensa do viaduto ........................................... 51 FIGURA 36 - Armadura da defensa exposta e oxidada ......................................................... 51 FIGURA 37 - Patologia sobre o revestimento betuminoso do viaduto .................................. 52 FIGURA 38 - Junta de movimentação do viaduto ................................................................ 53 FIGURA 39 - Pilar carbonatado e concreto desplacando com consequente exposição da armadura ................................................................................................................................ 54 FIGURA 40 - Presença de pteridófitas .................................................................................. 55 FIGURA 41 - Trincas na laje do tabuleiro .............................................................................. 56 FIGURA 42 - Armadura transversal da laje do tabuleiro ....................................................... 56 FIGURA 43 – Carbonatação identificada na superfície externa da viga .............................. 57 FIGURA 44 - Armadura longitudinal exposta ....................................................................... 58 FIGURA 45 - Defensa trincada e desplacando ...................................................................... 59 FIGURA 46 - Defensa carbonatada ......................................................................................... 59 FIGURA 47 – Visualização da integridade do revestimento do tabuleiro .............................. 60 FIGURA 48 - Placas do passeio para pedestres com armaduras expostas ............................. 61 FIGURA 49 - Guarda corpo descontínuo em área de risco.......................................................61 FIGURA 50 - Piso da passagem de pedestres danificado ........................................................ 62 FIGURA 51 - Pilar com armadura exposta e agregados aparentes ........................................ 63 FIGURA 52 - Ensaio de Carbonatação .................................................................................... 63 FIGURA 53 – Visão aproximada do esmagamento do aparelho de apoio no encontro entreo pilar e a mesa inferior ............................................................................................................. 64 FIGURA 54 - Visão ampla do esmagamento do aparelho de apoio no encontro entre o pilar e a mesa inferior ........................................................................................................................... 64 FIGURA55 - Cortina com desplacamento e armadura exposta ............................................. 65 FIGURA56 - Cobrimento nominal da laje do tabuleiro ........................................................ 66 FIGURA57 - Trinca de retração na laje do tabuleiro ............................................................ 67 FIGURA58 - Concreto da alma do Viaduto ........................................................................... 68 FIGURA59 – Visão da ausência da tonalidade rosa no concreto ........................................... 68 FIGURA 60 - Armadura da defensa de concreto exposta as condições do ambiente ............ 69 FIGURA 61 - Revestimento do tabuleiro da BR 040 ............................................................. 70 9 FIGURA 62 - Trincas sobre o Revestimento Asfáltico da BR 040 ........................................ 70 FIGURA 63 - Cortina do Viaduto da BR 040 ........................................................................ 71 FIGURA 64 - Armaduras Longitudinais da cortina ................................................................. 71 FIGURA 65 – Porosidade na estrutura da cortina .................................................................... 72 FIGURA 66 - Pilar P1 do viaduto ............................................................................................ 73 FIGURA 67 - Material intermediário desgastado entre o pilar e a viga................................... 73 FIGURA 68 - Pilar P3 do viaduto deteriorado ......................................................................... 74 FIGURA 69 - Pilar do viaduto da BR 356 carbonizado ......................................................... 74 10 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CBUQ Concreto Betuminoso Usinado a Quente DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IND Industrial PUC Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais TCC Trabalho de Conclusão de Curso RUR Rural URB Urbano 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14 1.1 Objetivos .......................................................................................................................... 14 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 15 1.2 Justificativa ..................................................................................................................... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 17 2.1 O material concreto protendido .................................................................................... 17 2.2 Pontes e Viadutos de Concreto ...................................................................................... 18 2.2.1 Elementos Constituintes de estruturas de pontes e viadutos ......................................... 19 2.2.1.1 Viadutos de acesso ..................................................................................................... 20 2.2.2 Principais funções dos elementos constituintes de estruturas de pontes e viadutos ..... 20 2.2.2.1 Ligações da obra com a estrada ................................................................................ 21 2.2.3 Classificação das pontes e viadutos ............................................................................... 22 2.2.4 Patologias em pontes e viadutos de concreto ................................................................ 28 2.2.4.1 Patologias Causadas por Agentes Químicos ............................................................ 29 2.2.4.2 Patologia causadas por agentes Físicos ................................................................... 31 2.2.4.3 Patologia causadas por agentes Mecânicos .............................................................. 36 2.2.4.4 Patologia causadas por agentes Biológicos .............................................................. 34 2.2.4.5 Patologia causadas por Erros de Execução ............................................................. 35 3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 36 4 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 40 4.1. Levantamento cadastral dos viadutos analisados ......................................................... 40 4.1.1 Microrregião Urbana - Viaduto Helena Greco ............................................................ 40 4.1.2 Microrregião Industrial - Viaduto do Anel Rodoviário interseção Avenida Amazonas....42 4.1.3 Microrregião Rural - Viaduto da BR 040........................................................................43 4.2 Mapeamento e Identificação das manifestações patológicas ........................................ 44 4.2.1 Microrregião Urbana - Viaduto Helena Greco ............................................................ 44 4.2.1.1 Elementos da superestrutura ..................................................................................... 44 4.2.1.1.1 Laje do tabuleiro ...................................................................................................... 45 4.2.1.1.2 Viga principal .......................................................................................................... 47 4.2.1.1.3 Defensas ................................................................................................................. 48 12 4.2.1.1.4 Revestimento do tabuleiro ....................................................................................... 52 4.2.1.1.5 Cortinas .................................................................................................................... 53 4.2.1.1.6 Alas laterais ............................................................................................................ 53 4.2.1.1.7 Passagem para pedestres ......................................................................................... 53 4.2.1.2 Elementos da mesoestrutura ..................................................................................... 54 4.2.1.2.1 Pilares ...................................................................................................................... 54 4.2.2 Microrregião Industrial - Viaduto do Anel Rodoviário sobre Avenida Amazonas ....... 55 4.2.2.1 Elementos da superestrutura ..................................................................................... 55 4.2.2.1.1 Laje do tabuleiro ...................................................................................................... 55 4.2.2.1.2 Viga principal ......................................................................................................... 57 4.2.2.1.3 Defensas .................................................................................................................58 4.2.2.1.4 Revestimento do tabuleiro ....................................................................................... 60 4.2.2.1.5 Passeio para pedestres ............................................................................................. 60 4.2.2.2 Elementos da mesoestrutura ..................................................................................... 62 4.2.2.2.1 Pilares ...................................................................................................................... 62 4.2.2.2.2 Travessas ................................................................................................................. 65 4.2.2.2.3 Cortinas .................................................................................................................... 65 4.2.2.2.4 Alas laterais ............................................................................................................. 65 4.2.3 Microrregião Rural - Viaduto da BR 040 ..................................................................... 66 4.2.3.1 Elementos da superestrutura ..................................................................................... 66 4.2.3.1.1 Laje do tabuleiro ...................................................................................................... 66 4.2.3.1.2 Viga principal .......................................................................................................... 67 4.2.3.1.3 Defensas .................................................................................................................. 69 4.2.3.1.4 Revestimento do tabuleiro ....................................................................................... 69 4.2.3.1.5 Cortinas .................................................................................................................... 70 4.2.3.1.6 Alas laterais ............................................................................................................. 72 4.2.3.1.7 Passagem para pedestres .......................................................................................... 72 4.2.3.2 Elementos da mesoestrutura ..................................................................................... 72 4.2.3.2.1 Pilares ...................................................................................................................... 72 4.2.3.2.2 Travessas ................................................................................................................. 73 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................... 76 6 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 82 13 ANEXOS ................................................................................................................................ 85 APÊNDICES ........................................................................................................................ 92 14 1 INTRODUÇÃO Com o crescimento das cidades e a necessidade de deslocamentos para diversas regiões é possível observar, cada vez mais, a busca por métodos que facilitem o deslocamento e reduzam o tempo no trânsito. As pontes e viadutos são instrumentos fundamentais no ambiente urbano, tornando possíveis os deslocamentos entre vãos, em um menor tempo e menor distância. Entretanto, estas estruturas podem apresentar patologias de caráter físico, químico, biológico ou mecânico, que podem influenciar no desempenho das suas funções. Um fator importante que deve ser levado em consideração quando se fala em patologias das estruturas é a localização desta, já que em cada localização existe um conjunto de forças externas distintos. Os ambientes rurais, industriais e urbanos apresentam diferentes características, alterando, assim, as patologias e a frequência com que elas se apresentam. O tema central proposto neste estudo considera as patologias do concreto protendido como um dos principais problemas nas grandes estruturas (viadutos, pontes etc.). Em função dos resultados positivos com relação ao desempenho do concreto nestas estruturas, estes se relacionam aos cuidados na sua elaboração, na correta execução, que envolve estudo dos materiais e traços adequados, além da dosagem, cura e proteção contra agentes agressivos. A ausência de atenção necessária e detalhes com os itens acima mencionados podem resultar em patologias problemas nas estruturas, que podem gerar desde os prejuízos econômicos à perda de vidas humanas. Com base nas estruturas de concreto protendido, tem-se como elemento que mais provoca alterações e falhas nestas estruturas a água, quer sob o aspecto químico, quer em função da grande capacidade de dissolver substâncias e participar de reações com componentes; e fisicamente, por ser um veículo que transporta corpos. Nesse sentido, pergunta-se: é possível estabelecer um critério de avaliação visual das patologias em superestruturas de concreto protendido tomado como estudo de caso três viadutos localizados nas microrregiões de Belo Horizonte? 1.1 Objetivos Neste item, estão elencados o objetivo geral e os objetivos específicos do trabalho. 15 1.1.1 Objetivo Geral Realizar o mapeamento das patologias, identificando-as em três viadutos de concreto protendido situado em microrregiões de Belo Horizonte. Alem disso, considerar as situações de exposição das estruturas aos agentes patológicos. 1.1.2 Objetivos Específicos ▪ Definir os três viadutos que serão analisados ▪ Caracterizar pontes e viadutos das microrregiões industrial, rural e urbana; ▪ Realizar ensaios visuais e auditivos para caracterização das patologias ▪ Mapear as patologias nos três viadutos selecionados ▪ Quantificar graficamente as patologias encontradas nos viadutos ▪ Analisar os resultados obtidos e definir classificação quanto à aparição das patologias. 1.2 Justificativa O presente estudo se justifica diante da condição das estruturas de concreto serem de grande importância para a vida humana e o produto precisar atender às especificações das normas e do cliente. De acordo com Souza e Ripper (1998), os conceitos implicam na consideração de que uma obra de Engenharia não estará, apenas, relacionada ao seu usuário direto, mas, também, à coletividade na qual se insere. Fica evidenciada a importância de se trabalhar conceitos de qualidade da construção e de garantia da melhor condição física e estrutural enquanto questões que carecem de análise mais atualizada, em especial a segurança estrutural. Sabendo do aparecimento de incidências patológicas em determinada estrutura, Souza e Ripper (1998) explicam que se trata da existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas das construções e no sistema de controle de qualidade. Neste sentido, constata-se a relevância do tema proposto neste estudo uma vez que a identificação das patologias em estruturas de concreto mostra-se necessária para garantir a qualidade da estrutura, seja ela residencial, comercial, industrial, ou em pontes e viadutos. 16 O presente trabalho reforça a sua importância diante da proposta de se tratar de um estudo analítico das patologias existentes em pontes e viadutos de concretoprotendido, devido aos fatores ambientais, físicos, químicos, mecânicos e biológicos. A escolha por este tema se justifica, também, pela carência de material bibliográfico e de informações disponíveis sobre as pontes e os viadutos da região de Belo Horizonte, o que tem feito com que muitas estruturas apresentem uma série de fatores que acabam por contribuir com a degradação das estruturas, como a ausência de manutenção adequada, utilização inadequada dos materiais envelhecimento natural, deterioração precoce, dentre outros. Este material pode configurar-se como mais uma fonte de informação no que se refere à identificação das patologias existentes em pontes e viadutos em concreto protendido, orientando na execução de avaliações diagnósticas para acadêmicos e profissionais da engenharia e áreas afins, contribuindo para elaboração de planos de manutenção preventiva e futuras obras de recuperação em elementos de grande estrutura. 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O presente capítulo aborda o material concreto, que se apresenta como um dos materiais mais utilizados na construção civil, seja em elementos estruturais ou somente em elementos de revestimento. Além disso, conta-se com os elementos estruturais os principais elementos em uma construção, visando à segurança da edificação, procurou-se estudar as patologias nas estruturas de concreto, tendo em vista identificar as principais causa e maneiras de recuperação. 2.1 O material concreto protendido Embora o concreto protendido tenha sido patenteado por um engenheiro de São Francisco em 1886, ele não surgiu como um material de construção amplamente aceito até meio século depois. A escassez de aço na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, juntamente com os avanços tecnológicos no concreto e aço de alta resistência, fez do concreto protendido o material de construção de escolha durante a reconstrução européia do pós-guerra. A primeira estrutura de concreto protendido da América do Norte, a Walnut Lane Memorial Bridge, na Filadélfia, Pensilvânia, não foi concluída até 1951 (MASON, 2003). No concreto armado convencional, Monzi (2016) explica que a alta resistência à tração do aço é combinada com a grande resistência à compressão do concreto para formar um material estrutural mais resistente, tanto na compressão, quanto na tensão. O princípio por trás do concreto protendido é que as tensões de compressão induzidas por tendões de aço de alta resistência em um membro de concreto, antes que as cargas sejam aplicadas, equilibrarão as tensões de tração impostas no membro durante o serviço. Nesse sentido é que Pfeil (1993) explica que o esforço preliminar remove uma série de limitações de projeto em locais convencionais de concreto em extensão e carga e permite a construção de telhados, pisos, pontes e paredes com vãos mais longos, sem suporte. Isso permite que arquitetos e engenheiros projetem e construam estruturas de concreto mais leves e rasas sem sacrificar a resistência. O princípio por trás do protensão é aplicado quando uma fileira de livros é movida de um lugar para outro. Em vez de empilhar os livros verticalmente e carregá-los, os livros podem ser movidos em uma posição horizontal, aplicando pressão nos livros no final da linha. Quando uma pressão suficiente é aplicada, as tensões de compressão são induzidas ao longo de toda a 18 fileira, e toda a fileira pode ser levantada e transportada horizontalmente de uma só vez. Este sistema tornou-se o mais competitivo por permitir a construção de cabos de grande capacidade com a protensão da ordem 200 tf a 100 tf (REZENDE, 2007). 2.2 Pontes e Viadutos de Concreto Na Engenharia Civil, O’connor (2002) e Ching (2006) definem como obras de arte especiais (OAE) as obras que apresentam dimensões, originalidade e criatividade únicas. São obras menos não tão constantes, de caráter público que se voltam ao benefício geral da população. São divididas em obras de arte correntes e obras de arte especiais. Existe na literatura técnica, uma classificação de OAE, as pontes e viadutos, que diferem entre si pelo elemento natural a ser vencido. As pontes são estruturas que transpõem obstáculos hídricos já os viadutos são estruturas que vencem obstáculos representados por outras vias ou vales (MASON, 2003). Desde os tempos mais primitivos, de acordo com Fraenkel (2005), quando o homem usava um tronco de árvore para superar os obstáculos naturais e continuar seu trajeto, até os tempos atuais, em que estruturas desafiam a lei da gravidade e a própria imaginação humana pela ousadia de seus vãos, as pontes representam uma das mais belas formas de expressão da capacidade criadora da Engenharia. Em se tratando do projeto de uma ponte ou viaduto, Carvalho (2005) defende que é necessário um estudo adequado de diferentes fatores determinantes tais como: ▪ Características geométricas das vias, topografia local, ▪ Elementos hidrológicos como vazão dos rios e cotas máximas de enchentes, ▪ Geotécnicos para estudo do solo e adequação das fundações, além dos carregamentos atuantes. Mason (2003) revela ainda, que as pontes e viadutos se mostram como tendo constituição estrutural semelhante e dividida em superestrutura, mesoestrutura e infraestrutura. A NBR 7188 - Carga móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas (2013, p.1) define pontes como uma estrutura sujeita a ação de carga em movimento, designada como carga móvel, usada para transpassar algum obstáculo natural tais como rio, 19 córrego, vale etc, e a estrutura para transpor um obstáculo artificial avenida, rodovia etc é denominada viaduto Marchetti (2007, p. 2) relata que a ponte deve satisfazer, perfeitamente, às necessidades da via de acordo com seu tráfego, vazão etc. Ter os seus materiais constituintes específicos de forma que a tensão neles exercidas não ultrapasse as admissíveis para que não ocorra a ruptura. A estrutura deve ser agradável e harmônica com o ambiente situado e deve atender às exigências para que sua durabilidade alcance a especificada em projeto. Entretanto, um estudo econômico deve ser feito para que a ponte atenda aos requisitos acima e seja viável do ponto de vista financeiro. 2.2.1 Elementos Constituintes de estruturas de pontes e viadutos As pontes, em sua maioria, sob o ponto de vista funcional, podem ser divididas em três partes principais de acordo com Pfeil (1983): superestrutura, mesoestrutura e infraestrutura. A superestrutura é o elemento de suporte imediato ao estrado, que constitui a parte útil da obra, constituída por lajes, vigas primárias e secundárias.A mesoestrutura é o elemento que recebe os esforços da superestrutura e os transmite a infraestrutura, em conjunto com os esforços recebidos, diretamente, de outras forças solicitantes, elementos constituintes são os pilares, encontros, travessas etc.A infraestrutura ou fundação é a parte da ponte por meio da qual são transmitidos, ao terreno de implantação da obra, rocha ou solo, os esforços recebidos da mesoestrutura, seus elementos constituintes são blocos, sapatas, estacas, tubulões, etc. Na Figura 1 é possível observar os elementos constituintes de uma ponte. Figura 1 - Vista geral de uma ponte, mostrando os principais elementos constituintes Fonte: Pfeil, (1993). 20 A exemplo dos elementos de uma ponte, a figura 2 refere-se a ponte Jornalista Phelippe Daou, conhecida popularmente como Ponte Rio Negro, localizada no estado do Amazonas onde é possível visualizar a superestrutura, mesoestrutura, e a infraestruturadesta ponte. Figura 2 - Ponte Rio Negro Fonte: Monzi, (2016). Martha (2010) explica que o acabamento e o estilo das pontes e viadutos devem ser definidos observando-se as características estéticas adequadas às obras existentes na cidade. Nos desenhos devem ser apresentados todos os elementos necessários à execução da obra, condizentes com os cálculos. 2.2.1.1 Viadutos de acesso Ainda, segundo Pfeil (1993), a transposição de um rio situado em um vale muito aberto requer, além da construção da ponte, a construção de obras de acesso que podem ser constituídas por aterros ou por viadutos que, nestes casos, denomina-se viadutos de acesso, como mostrado na figura 3. 21 Figura 3 - Estrutura principal (ponte) e viaduto de acesso Fonte: Pfeil, (1993). 2.2.2 Principais funções dos elementos constituintes de estruturas de pontes e viadutos Conforme Pfeil (1993), a função viária da ponte é, por excelência, dar continuidade à via na transposição de um obstáculo. São desempenhadas pelos elementos mais ligados ao usuário, tais como, pista de rolamento, com ou sem acostamento, linha férrea, com ou sem lastro, passeios laterais, guarda corpo, barreiras de proteção. A função estática consiste em conduzir as cargas da posição onde elas se encontram até o solo. São representadas pelos principais elementos estruturais da obra como lajes, vigamento secundário, vigamento principal, pilares, blocos de transição e fundações. A função da laje é receber, diretamente, as cargas dos veículos que circulam no tabuleiro. Pfeil (1983) afirma que o vigamento secundário tem à função de servir de apoio às lajes, conduzindo as reações destas ao vigamento principal. O vigamento principal vence os obstáculos que determinam o projeto da obra, transferindo as cargas dos vãos para os apoios sobre pilares. Os pilares recebem as cargas verticais e horizontais da superestrutura, transferindo-as para as fundações. 2.2.2.1 Ligações da obra com a estrada Conforme Pfeil (1983), a ligação da ponte com a estrada é feita pelos elementos situados nas extremidades da obra, tais como cortinas, alas laterais, muros auxiliares etc. Na figura 4 é possível visualizar a Ala lateral do viaduto da rodovia BR 356 sobre a BR 040, viaduto este objeto de estudo do presente trabalho. 22 Figura 4 - Ala Lateral do viaduto rodovia BR 356 sobre a BR 040 Fonte: Arquivo dos autores, 2018. 2.2.3 Classificação das pontes e viadutos As pontes e viadutos são classificadas de acordo com seu tipo de estrutura, forma, ambientes situados, mobilidade do tabuleiro, material de construção, etc. a classificação segundo a extensão do vão, de acordo com Marchetti (2007, p. 3), vãos de até 2 metros são denominados bueiros, vãos de 2m a 10m nomeados pontilhões e vãos maiores do que 10m intitulados como pontes ou viadutos. No tocante à classificação segundo a durabilidade, Marchetti (2007, p. 3) classifica como pontes permanentes “aquelas construídas em caráter definitivo, sendo que a durabilidade deverá atender até o momento que forem alteradas as condições da estrada”. As pontes provisórias referem-se às pontes construídas para “uma duração limitada, geralmente, até que se construa a obra definitiva. Prestam-se quase sempre a servir como desvio de tráfego”. Já as pontes desmontáveis “são construídas para uma duração limitada, diferindo das provisórias por serem reaproveitáveis”. Em relação à classificação quanto a natureza do tráfego, conforme Marchetti (2007, p. 3) assinala que esta dá-se como pontes rodoviárias, pontes para pedestres (passarelas), pontes rodoferroviárias, pontes ferroviárias, pontes canal e pontes aeroviárias. A Figura 5 é um exemplo de pontes classificadas como rodoviárias. 23 Figura 5 - Ponte Rodoviária Anita Garibaldi em Santa Catarina Fonte: DNIT, (2015). A exemplo de classificação de pontes para pedestres, a Figura 6 mostra uma passarela sobre a rodovia Raposo Tavares localizado no estado de São Paulo. Figura 6 - Passarela de pedestre na rodovia Raposo Tavares SP-270 Fonte: Metal Masa, (2018). A figura 7, mostra uma ponte sobre um aqueduto na cidade de Magdeburg na Alemanha. 24 Figura 7 - Ponte canal em Magdeburg na Alemanha Fonte: Séculos História, (2013). Vale também destacar a classificação quanto ao desenvolvimento planimétrico, ao se considerar a projeção do eixo da ponte em um plano horizontal (planta), pode-se ter pontes retas (ortogonais), esconsas ou pontes curvas de acordo com Marchetti (2007, p. 3). A Figura 8 refere-se sobre o desenvolvimento planialtimétrico de uma ponte. Figura 8 - Desenvolvimento planimétrico Fonte: Marchetti, (2007). 25 Na classificação segundo o desenvolvimento altimétrico, consideram-se a projeção do eixo da ponte em um plano vertical (elevação), conforme Marchetti (2007), as pontes são classificadas em horizontais ou em nível, pontes em rampa, retilíneas ou curvilíneas e na classificação quanto o sistema estrutural da superestrutura, quanto ao tipo estrutural, segundo Pfeil (1983), as pontes podem ser classificadas em: em laje, viga reta de alma cheia, viga reta em treliça, em quadro rígido, em abóbada, em arco superior e pênsil. A figura 9 a seguir se trata de uma ponte em laje, já as figuras 10 e 11 representam pontes em viga reta de alma cheia e treliça, respectivamente. Figura 9 - Ponte em laje Fonte: Pfeil, (1993). Figura 10 - Ponte em viga reta de alma cheia Fonte: Pfeil, (1993). 26 Figura 11 - Ponte em viga reta em treliça Fonte: Pfeil. (1993). Pode-se observar a seguir um esquema de ponte em quadro rígido na Figura 12 e uma ponte em abóboda na Figura 13. Figura 12 - Ponte em quadro rígido Fonte: Pfeil, (1993). Figura 13 - Ponte em abóbada Fonte: Pfeil, (1993). 27 Nas imagens 14 e 15 é possível observar esquemas de ponte em arco superior e ponte pênsil, respectivamente. Figura 14 - Ponte em Arco superior Fonte: Pfeil, (1993). Figura 15 - Ponte Pênsil Fonte: Pfeil, (1993). Sobre o material da superestrutura, a classificação, de acordo com o material constituinte da superestrutura as pontes podem ser de madeira, em alvenaria (pedra, tijolos), de concreto armado, de concreto protendido e de aço conforme Marchetti (2007). A classificação conforme a posição do tabuleiro em pontes em arco, segundo Marchetti (2007), a posição do tabuleiro de uma ponte pode ser classificada em superior, intermediário ou inferior. E a classificação de acordo com a mobilidade dos tramos, em função da mobilidade do tramo, as pontes podem ser ponte basculante de pequeno vão, levadiça, corrediça ou giratória conforme explicitado por Marchetti (2007). 28 Sobre a classificação em relação ao tipo construtivo da superestrutura, Marchetti (2007) afirma que as pontes podem ser executadas, quando a superestrutura é executada no próprio local da ponte, na posição definitiva, sobre escoramento apropriado (cimbramento), treliça etc., apoiando-se, diretamente nos pilares. Também, podem ser "pré-moldadas ou pré-fabricadas", quando os elementos são executados fora do local definitivo (na própria obra, em canteiro apropriado ou em usina distante) e, em seguida, transportados e colocados sobre os pilares. Este processo construtivo é muito usual em pontes de concreto protendido, principalmente, quandohouver muita repetição de vigas principais. A pré-moldagem da superestrutura, em geral, não é completa, sendo pré-moldados, quase sempre, apenas, os elementos do sistema principal, vigas principais. O restante da superestrutura deve ser executado "in loco". Segundo Marchetti (2007), as pontes podem ser "em balanços sucessivos", sendo que neste caso, a ponte tem sua superestrutura executada, progressivamente, a partir dos pilares já construídos. Cada parte nova da superestrutura apoia-se em balanço na parte já executada. A grande vantagem deste processo construtivo é a eliminação total (quase sempre) dos escoramentos intermediários, isto é, eliminando-se os cimbramentos, treliças etc. Trata-se de uma execução "in loco", porém, com características peculiares. O processo é empregado em superestruturas de concreto protendido, embora a primeira parte desse tipo de ponte tenha sido executada em concreto armado. A utilização em concreto protendido é indicada em grandes vãos e quando o cimbramento é muito dispendioso ou mesmo impossível de ser executado. O modo executado "em aduelas ou segmentos", sendo este processo construtivo semelhante ao dos balanços sucessivos, permitindo eliminar o cimbramento utilizado, também, em obras de concreto protendido. Difere, porém, do processo anterior, em que as partes, sucessivamente, colocadas em balanço e apoiadas no trecho já construído são pré-moldadas. 2.2.4 Patologias em pontes e viadutos de concreto A Patologia das Estruturas, segundo Souza e Ripper (1998), é a ciência que estuda as origens, as formas de manifestação, as consequências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas. As manifestações patológicas são as resultantes destes mecanismos de degradação. 29 Para Piancastelli (1997), sendo o concreto armado um material não inerte, está sujeito a alterações ao longo do tempo, devido a interações entre seus elementos (cimento, areia, brita, água e aço), interações entre estes e agentes externos (ácidos, bases, sais, gases e outros) e com materiais que lhe são adicionados (aditivos e adições minerais). No entanto, segundo Souza e Ripper (1998), a Patologia das Estruturas não é, apenas, um novo campo no aspecto da identificação e conhecimento das anomalias, mas, também, no que se refere à concepção e ao projeto das estruturas. Por muito tempo, o concreto foi considerado um material, extremamente, durável, devido ao fato de algumas obras muito antigas, ainda, encontrarem-se em bom estado. Porém, a deterioração precoce de estruturas recentes remete aos porquês das patologias do concreto (MARTHA, 2010). Segundo Helene (1992), o concreto exposto é passível de agressões do meio ambiente em até poucos meses depois da conclusão da obra em alguns casos. Este tipo de degradação é comum em estruturas localizadas em grandes centros urbanos, industriais e atmosferas marinhas. De acordo com o Manual DNIT 010 (2004) - PRO, Inspeções em pontes e viadutos de concreto armado e protendido - Procedimento, "defeito é a falta de conformidade com qualquer dos requisitos especificados no projeto ou em condições pré-estabelecidas. Esses defeitos podem ser: ▪ Defeito tolerável - que não reduz, substancialmente, o desempenho da obra; ▪ Defeito grave – que pode afetar, em parte, o desempenho da obra; ▪ Defeito crítico - que pode afetar, de forma acentuada, o desempenho da obra." O surgimento de problema patológico em uma estrutura, segundo Souza e Ripper (1998), indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para falhas, também, no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades. 2.2.4.1 Patologias Causadas por Agentes Químicos Os três principais agentes químicos patogênicos das estruturas de concreto são ataques por sulfetos, carbonatação e efluência. Segundo Neville (2013, p. 259): 30 O concreto atacado por sulfatos tem uma aparência característica, cor esbranquiçada, com a deterioração começando pelas bordas e cantos, seguida por fissuração e lascamento do concreto, tendo como causadora desta aparência a formação do Sulfato de Cálcio (gesso) e Sulfoaluminato de Cálcio que acabam por ocupar um volume maior do que os compostos anteriores os quais eles substituíram, levando a uma expansão da estrutura de concreto e, consequentemente, a lascamentos, fissurações, descamação, desintegração e, até mesmo, redução da resistência mecânica daquela estrutura. Cascudo (1997) afirma que o processo de carbonatação, geralmente, é um condicionador da corrosão das armaduras de estruturas de concreto armado. Segundo Barin (2008, p.40): (...) a carbonatação é a ação do Dióxido de Carbono (CO2), em presença de umidade e outros gases ácidos presentes na atmosfera, como o Oxido de Enxofre (SO2) que reagem, nas superfícies expostas de concreto, com os produtos de hidratação do cimento, principalmente, com o Hidróxido de Cálcio, composto cristalino que forma produtos sólidos, como o carbonato de cálcio (CaCO3). De acordo com Souza e Ripper (1998), se a carbonatação atingisse, apenas, a camada superficial sem ultrapassar o cobrimento, este processo seria favorável ao elemento estrutural, pois haveria uma diminuição da porosidade e um aumento da resistência mecânica. Porém, com a alcalinidade reduzida para valores próximos a um PH=8,5 e a armadura despassivada, o processo, ao alcançar as armaduras de aço, leva as mesmas à corrosão, desde que haja a presença de água e Oxigênio, comprometendo, seriamente, a durabilidade. Conforme Cascudo (1997), a despassivação da armadura devida à carbonatação deixa esta, extremamente, vulnerável à corrosão e, totalmente, exposta à atmosfera sem qualquer proteção. Segundo Marcelli (2007), apesar da importância mostrada com relação à vibração do concreto, deve-se ter em mente que um excesso de vibração pode ser mais prejudicial do que a falta desta, pois pode provocar uma segregação dos agregados e afloramento superficial da água de hidratação do cimento. Isso costuma ocorrer quando se trata de concreto aparente e o operário vibra além do necessário na tentativa de conseguir uma superfície bem lisa. Segundo Santos e Filho (2008), a eflorescência é a formação de depósitos salinos na superfície de um elemento da edificação resultante de sua exposição à água da chuva ou do solo. A água da chuva ou do solo dissolve os sais presentes fazendo-os migrar para a superfície onde a evaporação da água ocasiona, então, a formação dos depósitos salinos. 31 2.2.4.2 Patologia causadas por agentes físicos De acordo com Mehta e Monteiro (1994), as causas físicas da deterioração do concreto se classificam em duas categorias: desgastes superficiais (ou perda da massa devida à abrasão, erosão, e a cavitação), e a fissuração devida a gradientes normais de temperatura e umidade, pressões de cristalização dos poros, carregamento estrutural e a exposição a extremos de temperatura como, por exemplo, o ciclo de congelamento/degelo e o fogo. a) Desgastes superficiais Sobre os desgastes superficiais, uma das ações provocadas pelo desgaste da superfície, segundo Santos (2012), no efeito da abrasão, e a perda, de forma gradativa em uma certa área dos componentes de agregados e de argamassa. Isso se dá pelo efeito de impacto ou atrito gerado fluxo de pessoas e de veículos, pelo arrastamento de objetos soltos, podendo ocorrer, até mesmo, pela ação do vento na mesma superfície, sendo um tipo de desgaste muitocomum em pavimentos rodoviários, calçadas e em pisos industriais. Um fator a ser observado quando ocorre o efeito por desgaste por abrasão é o da resistência do concreto, que é uma relação direta com a resistência superficial, com a dureza e, com resistência à compressão, sendo propriedades ligadas à qualidade das características dos agregados constituintes do material e da pasta de cimento (SANTOS, 2012). A abrasão, de acordo com Lapa (2008), pode ser classificada pela profundidade do desgaste em: a) desgaste leve: perda da argamassa superficial em até 6mm de profundidade, já com exposição do agregado graúdo; b) desgaste médio: perda da argamassa superficial de 7 a 12 mm de profundidade, com perda também da argamassa entre o agregado graúdo; c) desgaste pesado: perda de argamassa superficial de 13 a 25 mm de profundidade, com clara exposição do agregado graúdo; d) desgaste severo: perda da argamassa superficial, de partículas do agregado graúdo e, também, da argamassa de envolvimento do agregado graúdo em profundidades maiores que 25 mm, com possível exposição de armaduras. Outro desgaste superficial que pode ocorrer na superfície é a erosão sendo, também, provocado pelo atrito. Porém, diferente do efeito por abrasão, esta patologia ocorre em ambientes que contém água. Segundo Santos (2012), o modo de deterioração por erosão tem como origem a ação da água em movimento que, ao se chocar com as partículas sólidas que se encontram em suspensão, desgastam a superfície do concreto. 32 Diferentemente do desgaste por abrasão e por erosão, outra forma de desgaste superficial é a provocada pelo efeito da cavitação. De acordo com Mehta e Monteiro (1994), refere-se à degradação da superfície de concreto ocorrendo a perda de massa, causando a implosão de bolhas devido a mudanças bruscas da velocidade ou da direção do escoamento do fluxo da água. Conforme Lapa (2008), concretos de boa qualidade possuem resistências a elevadas velocidades constantes do fluxo. Porém, quando estes fluxos não ocorrem de forma contínua, as velocidades do fluido acima de 12 m/s ocasionam sérios desgastes superficiais por cavitação. b) Desgastes por fissuração As patologias físicas, também, podem ocorrer pela exposição a extremos de temperatura como as ações de gelo-degelo e o da ação do fogo. Pela ação de gelo-degelo, segundo Castro (1994), quando a água congela, ela passa a ter um aumento no seu volume de cerca de 9% e, quando penetra nos poros do concreto, ela o satura podendo criar pressões no interior do concreto, provocando, consequentemente fissuras e escamações do mesmo. De acordo com Bertolini (2010), a ocorrência deste tipo de degradação depende da microestrutura do concreto, das condições ambientais (dos ciclos de gelo-degelo), da velocidade de congelamento e, também, da temperatura mínima atingida. A presença de sais como os Cloretos de Cálcio e de Sódio, que são exemplos de sais de degelo, em contato com o concreto, possibilita o aumento da degradação. O processo provocado pela ação do fogo, segundo Mehta e Monteiro (1994), quando submetido a altas temperaturas, as estruturas de concreto não produzem gases tóxicos, uma vez que o concreto é um material incombustível. Conforme Mehta e Monteiro (1994), grandes quantidades de água evaporável podem causar problemas, caso a taxa de aquecimento seja alta e a permeabilidade da pasta de cimento for menor, poderão ocorrer danos como o lascamento superficial. Este fenômeno ocorrerá quando a pressão de vapor dentro do material aumentar a uma taxa maior que o alívio de pressão causado pela liberação de vapor para a atmosfera. Na figura 16 pode ser observado o concreto do pilar do viaduto Helena Greco localizado em Belo Horizonte, degradado pela ação do fogo. 33 Figura 16 - Concreto degradado devido a ação do fogo Fonte: Arquivo dos autores, (2018). Segundo Bertolini (2010), o fogo pode manifestar-se tanto no concreto quanto nas armaduras. Porém, o concreto não reage com o fogo, pois possui baixa condutibilidade térmica e os efeitos provocados por ele se propagam para o interior de forma lenta. O autor, ainda, cita que, durante o processo de exposição a altas temperaturas, o concreto poderá sofrer fissuras pelas tensões induzidas. O combate ao incêndio pode trazer prejuízos às estruturas de concreto devido ao resfriamento rápido por ação da água utilizada, seguida, normalmente, por uma elevação brutal de temperatura, provocando choques térmicos sucessivos que podem produzir fissurações. (LANER, 2011). Após o incêndio, de acordo com Bertolini (2010), podem ocorrer fissuras. A alta temperatura produz Óxido de Cálcio com a degradação da pasta de cimento e, em contato com a água usada para apagar o fogo, poderá hidratar-se a Hidróxido de Cálcio levando à fissuração do concreto, e a posterior perda de resistência do material. O autor, ainda, cita que o fogo pode comprometer as armaduras, diminuindo a resistência à tração. 2.2.4.3 Patologia causadas por agentes Mecânicos Ações mecânicas, segundo Souza e Ripper (1998), são choques de veículos, recalque de fundações, acidentes (ações imprevisíveis) etc. 34 Para Souza e Ripper (1998), o choque de veículos automotores contra pilares e guarda- rodas de viadutos e o contínuo roçar, ou mesmo o choque, de embarcações contra faces expostas de pilares de pontes e estacas de cais são típicos exemplos de ações mecânicas, com consequências que vão desde o desgaste da camada mais superficial do elemento estrutural de concreto à destruição de algumas peças estruturais, sempre que não exista a proteção adequada. De acordo com Souza e Ripper (1983), toda edificação, durante a obra ou mesmo após a sua conclusão, por um determinado período, está sujeita a deslocamentos verticais, lentos, até que o equilíbrio entre o carregamento aplicado e o solo seja atingido. Estes deslocamentos verticais são chamados de recalques e podem causar aberturas de trincas nos elementos estruturais que estão sofrendo a ação. Conforme Souza e Ripper (1983), as ações imprevisíveis são ações mecânicas, a que uma estrutura pode estar submetida e cuja ocorrência é imprevisível, ou de previsão muito difícil, quer em termos de época de ocorrência, querem termos de intensidade. Resultam, de maneira geral, em solicitações bruscas, como as decorrentes de incêndios, sismos, inundações, choques de veículos (que não os previsíveis) e os esforços devidos ao vento. Segundo Souza e Ripper (1998), as fissuras podem ser consideradas como a manifestação patológica característica das estruturas de concreto armado, sendo mesmo o dano de ocorrência mais comum e aquele que, a par das deformações mais acentuadas, mais chama a atenção de leigos, proprietários e usuários, para o fato de que algo anormal está a acontecer. 2.2.4.4 Patologia causadas por agentes Biológicos Segundo Souza e Ripper (1998), os processos biológicos podem ser resultados de ataques químicos de ácidos que são produzidos pelo crescimento das raízes das plantas ou algas, por proliferação de fungos, ou pela ação de sulfetos presentes nos esgotos, causando fissuras e trincas no concreto. As ações biológicas, de acordo com Souza e Ripper (1998), atuam de maneira severa nas estruturas de concreto. Algum dos agentes causadores da deterioração do concreto é o crescimento da vegetação, onde as raízes transpassam as aberturas, brechas e as juntas de dilatação do concreto em algumas partes da estrutura. A Figura 17 mostra o crescimento de vegetação entre junta de dilatação do viaduto Engenheiro Andrade Pinto localizadona região do Barreiro, na cidade de Belo Horizonte. 35 Figura 17 - Vegetação na junta de dilação Fonte: Sinaenco, (2006). 2.2.4.5 Patologia por erros de execução De acordo com Souza e Ripper (1998), as patologias devido ao processo executivo, são também consideradas como causas intrínsecas, os processos de deterioração das estruturas de concreto que tem origem durante as fases de execução podendo ser também devido a falhas humanas e por questões que envolvam os próprios materiais. Outro problema relacionado à execução, de acordo com Souza e Ripper (1998), é a deficiência na concretagem, que também tem relação com o lançamento e o adensamento do concreto, que poderá ocasionar a segregação entre os agregados da pasta de argamassa, podendo ainda gerar a formação de aberturas no concreto. Os autores ainda citam que o transporte do concreto deve-se tomar alguns cuidados, como por exemplo, haver uma rapidez na entrega e na execução na obra, para que o concreto não perca a função de trabalhabilidade, além de, não ocorrer intervalos de concretagem em períodos muito grandes entre uma camada e outra, para não ocasionar a formação juntas que não foram previstas, podendo ocasionar a perda de aderência entre as camadas. Além disso, as falhas humanas estão relacionadas, com a qualificação do profissional envolvido na execução da obra, isto pode ocasionar patologias significativas. 36 3 METODOLOGIA De acordo com Marconi e Lakatos (2014), a maioria dos especialistas faz, hoje, “uma distinção entre método e métodos, por se situarem em níveis, claramente, distintos, no que se refere à inspiração filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou menos explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas” da investigação e ao momento em que se situam. Ainda, segundo Marconi e Lakatos (2014), partindo do pressuposto dessa diferença, o método se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade, englobando os seguintes métodos de abordagem: Método indutivo – cuja aproximação dos fenômenos caminha geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente); Método dedutivo – que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente); Método hipotético-dedutivo – que se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese; Método dialético – que penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade (MARCONI; LAKATOS, 2014, p.21). O presente trabalho utilizou-se de uma abordagem hipotético-dedutivo para realização do mapeamento das manifestações patológicas em viaduto de concreto protendido considerando região urbana, região industrial e região rural. Desse modo, considerando as ideias de Gil (2009) o referido método é indicado quando a hipótese não supera os testes, ela é considerada falseada, refutada, exigindo nova reformulação do problema e da hipótese e superando os testes rigorosos, corrobora confirmada provisoriamente, não definitivamente. Para alcançar os objetivos estabelecidos, foram realizadas pesquisas de documentos na Prefeitura de Belo Horizonte e órgãos competentes, material disponível nas bibliotecas da PUC Minas, artigos científicos disponíveis em plataformas online etc., além de visitas técnicas para observação e levantamento de material para identificação e mapeamento das patologias. Durante as visitas, foram realizados ensaios de carbonatação, análise das juntas de dilatação, levantamento cadastral dos viadutos e análise visual. Foram definidos os critérios de escolha dos viadutos, levando-se em consideração a região onde se encontram as estruturas. A seleção dos viadutos baseou-se em três critérios principais. O primeiro critério refere-se à idade. Os viadutos escolhidos deveriam ser da década 37 de 70 para uma comparação entre estruturas de mesma idade, além de, ter sido uma época em que o país passava por um grande desenvolvimento no setor construtivo. O segundo critério está relacionado ao tipo de material construtivo, ou seja, considerou- se, apenas, as estruturas de concreto protendido para que a variável material não interferisse nas análises. O terceiro critério considerou a microrregião em que se encontra a estrutura, ou seja, a microrregião urbana, microrregião industrial e microrregião rural, contendo, um viaduto para cada microrregião, respeitando os critérios anteriores. Definiu-se como microrregião urbana, aquela que tem um grande fluxo de veículos de grande e pequeno porte, além da inexistência ou baixa ocorrência de indústrias nas suas imediações. Sendo assim, grandes centros urbanos, capitais, e centros comerciais são considerados microrregiões urbanas. Foi adotada como microrregião industrial aquela em que apresenta nas suas proximidades a predominância de fábricas, indústrias e comércios, petroquímicas, mineradoras, siderúrgicas etc. Já a microrregião rural, ao contrário das microrregiões industrial e urbana, levou em consideração um menor fluxo de veículos e a ausência de fábricas e indústrias, ou outras atividades que podem lançar, na atmosfera, partículas poluentes e deletérias ao concreto. O procedimento de mapeamento e de identificação das patologias existentes nos viadutos das microrregiões urbana, industrial e rural, compreendeu se em realizar o levantamento cadastral das dimensões dos elementos estruturais dos viadutos de estudo. Foram utilizados equipamentos de medição como trena métrica e digital. Todas as medidas são aproximadas visto que a acessibilidade em várias áreas dos viadutos era reduzida. Para anotação dos dados, utilizaram-se as fichas do DNIT de “Inspeções em pontes e viadutos de concreto armado e protendido” (2004) que se encontram no Anexo A, B, C e D, que foram adaptadas pelos autores. Na Figura 18 pode ser vistas como foram feitas algumas das medições e nos anexos E, F e G também se encontram os desenhos elaborados de acordo com as medições realizadas. 38 Figura 18 - Procedimento de medição dos viadutos Fonte: Arquivo dos autores, 2018. Além do levantamento cadastral, foi realizado ensaios de carbonatação, onde foi utilizada uma solução de fenolftaleína, substância que é utilizada para medir a alcalinidade (pH) do concreto dos viadutos de estudo. Esta substância é um indicador de ácido-base. Quando a superfície de aplicação da substância apresentou a coloração rosa, significa que o seu pH é maior que 7, portanto, um pH básico, caracterizando a não carbonatação do concreto conforme mostra a Figura 19. O ensaio de carbonatação consistiu na aplicação da fenolftaleína com o auxílio de um frasco borrifador, e aspergido na superfície desejada. Figura 19 – Estrutura não carbonatada Fonte: Arquivo dos autores, (2018). 39 Quando a superfície não sofrer alteração de cor após a aplicação da fenolftaleína, sabe-se que seu pH é menor que 7, indicando um pH ácido, logo, a estrutura está carbonatada, como pode ser visto na Figura 20. Figura 20 – Estrutura carbonatada Fonte: Arquivo dos autores, (2018). As análises visuais realizadas nos viadutos de microrregião urbana,na microrregião industrial e na microrregião rural, foram realizadas com a identificação das patologias existentes na superestrutura e na mesoestrutura dos viadutos do estudo de caso, seguido de fotografias para registro, além de anotações das patologias mapeadas e identificadas nos elementos estruturais. A infraestrutura dos viadutos não foi mapeada devido à dificuldade de acesso a essa parte da estrutura. 40 4 DESENVOLVIMENTO O presente capítulo traz um compilado do estudo de caso apresentando resultado do mapeamento dos viadutos selecionados para a identificação das patologias na estrutura de concreto protendido, especificamente em 3 viadutos localizados em microrregiões na cidade de Belo Horizonte, MG. Foi realizada vistoria visual e tátil, com identificação das anomalias e falhas aparentes. As causas prováveis das patologias foram determinadas tendo em vista a aparência e características de cada uma, de conformidade com bibliografia específica e posterior análise. 4.1 Levantamento cadastral dos viadutos analisados 4.1.1 Microrregião Urbana - Viaduto Helena Greco O Viaduto Helena Greco conhecido, popularmente, como elevado Castelo Branco está localizado na cidade de Belo Horizonte, segundo informações coletadas de jornais, a data de 1970 é considerada a data de inauguração do viaduto. O viaduto liga a Avenida Dom Pedro II à Praça Raul Soares, na região Centro-Sul da capital mineira, passando sobre pontos importantes como a linha férrea do metrô e o ribeirão Arrudas. Possui 340 m de extensão, 15,8 m de largura, considerando medidas entre defensas laterais e 6,85m de altura, considerando o ponto mais alto da base da viga principal. Demais medidas podem ser verificadas no Anexo E deste trabalho. Foram estudadas a superestrutura e seus elementos (laje do tabuleiro, viga principal, defensas, revestimento do tabuleiro, cortinas, alas laterais e passagem de pedestres) e a mesoestrutura (pilares). A infraestrutura (fundação) não foi analisada em função da dificuldade de prospecção. A estrutura do viaduto é em concreto protendido com viga principal do tipo caixão (celular). Na Figura 21, é possível visualizar a localização pelo Google Maps, do viaduto Helena Greco em Belo Horizonte. 41 Figura 21 - Localização do Viaduto Helena Greco Fonte: Google Earth, (2018). Na Figura 22, observa-se uma visão geral do viaduto ao longo de sua extensão, com detalhe da avenida do contorno passando sob a estrutura. Figura 22 - Viaduto Helena Greco Fonte: Arquivo dos autores, (2018). 42 4.1.3 Microrregião Industrial - Viaduto do Anel Rodoviário interseção Avenida Amazonas O viaduto classificado como de microrregião industrial está localizado nos limites da cidade de Contagem e a cidade de Belo Horizonte, ambas, no estado de Minas Gerais. O viaduto passa sobre a Avenida Amazonas em Contagem, com uma extensão de 118 m, 7,80 m de altura e largura de 13,40m. Não foi possível realizar o levantamento histórico do viaduto junto aos órgãos públicos e governamentais, não sendo possível encontrar material bibliográfico que versasse sobre a história e a construção dele. Assim como no viaduto da microrregião urbana, foram estudadas a superestrutura (laje do tabuleiro, viga principal, defensas, revestimento do tabuleiro, juntas de dilatação, guarda corpo e passeios para pedestres) e a mesoestrutura (pilares, cortinas, alas laterais e aparelhos de apoio). A infraestrutura (fundação) não foi analisada e avaliada em decorrência da dificuldade de prospecção destes elementos. A figura 24 torna possível a observação da localização do viaduto. Figura 24 - Localização do Viaduto de microrregião industrial Fonte: Google Earth, (2018). Na figura 25 é mostrada uma vista lateral geral do viaduto. 43 Figura 25 - Viaduto do Anel Rodoviário sobre avenida Amazonas Fonte: Arquivo dos Autores, (2018). O sistema estrutural do viaduto se caracteriza por ser um viaduto em viga contínua, em seção celular de concreto protendido com laje intermediária. A sua durabilidade é permanente e possui um tráfego de natureza rodoviário. Seu desenvolvimento planialtimétrico é reto esconso e o desenvolvimento altimétrico é curvilíneo. 4.1.2 Microrregião Rural- Viaduto da BR 040 O viaduto da microrregião rural selecionado é o viaduto da BR 040, fazendo interseção com a BR 356, dando acesso às cidades de Ouro Preto, Mariana e Itabirito, e localizado próximo à cidade Nova Lima e a Mina do Pau Branco da Vallourec. Não foi possível encontrar dados relacionados ao nome que este viaduto recebe. Foram estudadas e analisadas a superestrutura (laje do tabuleiro, viga principal, defensas, revestimento do tabuleiro, cortinas, alas laterais e passagem de pedestres) e a mesoestrutura (pilares). A infraestrutura (fundação) não foi analisada em função da dificuldade de prospecção dos elementos constituintes dessa parte da estrutura. O viaduto possui 70 m de extensão e 12,6 m de largura, considerando medidas entre defensas laterais, 7,5 m de altura. Demais medidas podem ser verificadas no Anexo F do trabalho e vista na Figura 23: 44 Figura 23 - Localização do Viaduto de Microrregião Rural Fonte: Google Maps, (2018). Na figura 23 anterior é possível observar a localização do viaduto em relação a Vallourec Mina Pau Branco. 4.2 Mapeamento e Identificação das manifestações patológicas As patologias identificadas nos viadutos das microrregiões industrial, urbana e rural estão elencadas a seguir. 4.2.1 Microrregião Urbana - Viaduto Helena Greco No mapeamento do viaduto Helena Greco, foram identificadas patologias ao longo de toda extensão do viaduto, estas serão apresentadas nos itens a seguir. 4.2.1.1 Elementos da superestrutura Em diversas pontes e viadutos de concreto protendido é possível observar o aparecimento de patologias nos elementos componentes da superestrutura, as patologias analisadas seguem nos tópicos a seguir. 45 4.2.1.1.1 Laje do tabuleiro Na laje do tabuleiro do viaduto da microrregião urbano foram encontradas patologias químicas e físicas (ação do fogo) que podem ser verificadas na figura 26. Observa-se, na figura 26, que a superfície da laje inferior do viaduto possui uma coloração escurecida devido à ação do fogo, causando o aquecimento do concreto e podendo ocasionar um futuro desplacamento em alguns pontos da estrutura, fazendo com que haja a exposição da armadura, sujeitando-a a intempéries e resultando na oxidação dela. Figura 26 - Ação do fogo na laje inferior do tabuleiro Fonte: Arquivo dos autores, (2018). Observa-se, também, na figura 27, que na laje inferior há uma coloração esbranquiçada, típico de uma estrutura que está sofrendo o efeito de eflorescência e da carbonatação, causada por presença de água que, ao percolar do interior para a parte exterior do elemento estrutural, transporta, com ela, sais minerais presentes no concreto. 46 Figura 27 - Eflorescência na laje inferior da viga Fonte: Arquivos dos autores. (2018). 4.2.1.1.2 Viga principal A viga principal da estrutura possui aberturas de junta de dilatação ou movimentação que servem para permitir a movimentação em decorrência da expansão e retração térmica. Entretanto, a falta de manutenção neste elemento da viga permitiu o aparecimento de patologias biológicas. Na figura 28 mostrada a
Compartilhar