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TCC BACHAREL EDUCAÇÃO FÍSICA DANÇA

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PERCEPÇÕES SOBRE A DANÇA DE SALÃO A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Autora: 
Prof. Orientador: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Bacharel Educação Física Turma – Trabalho de Graduação 
RESUMO
A elaboração deste trabalho considera que a dança de salão, à luz do cientificismo da educação física, é uma maneira encontrada pela pessoa para expressar seu sentimento através do movimento. É o momento em que os pares possibilitam, a si, a oportunidade de explorar sua capacidade motora, assim como espaço aberto para interagir com a outra pessoa. É o momento de sentir seu corpo e organizá-lo dentro do padrão espacial, potencializar a emoção corporal, modificando seus aspectos proprioceptivo. Diante disso, estabelece-se como objetivo da pesquisa é discutir a relação entre educação física e a dança, particularmente a dança de salão, buscando entender os benefícios trazidos para a saúde corporal de seus praticantes. A metodologia utilizada para alcançar tal objetivo foi de cunho bibliográfico, por entender que a literatura disponível sobre o tema pesquisado fornece as informações acadêmicas necessárias para compreensão do fenômeno. Entre os resultados, pode-se acentuar aqui que, além da técnica, a dança propicia ao dançarinos usufruírem dos recursos como instrumentos libertadores do corpo e da mente. Essa interação concretiza-se com o equilíbrio mantido pelos pares entre técnica e emoção, objetividade e subjetividade.
Palavras-chave: Educação Física. Dança de Salão. Movimento. Corpo.
1 INTRODUÇÃO
A educação física vai além da produção de treino das habilidades técnicas voltadas para os esportes, porque esse princípio se alimenta da exclusão, uma vez que são escolhido sempre os melhores, aqueles que não correspondem as expectativas são deixados de fora. Entende-se precisa ser diferente, ela tem que ser uma mecanismo que favoreça a inclusão, levando outros aspectos em consideração, como a interação social e a comunicação entre si, e não apenas a instrumentalização. Nesse sentido, a dança entra em cena, porque ela é movimento, é acessível à todos, abre a roda para a colher.
Na perspectiva de Rangel (2012), onde há vida, aí também estar a dança, uma vez que, segundo a autora, dança é a integração sucessiva dos movimentos. Ela expressa a vida, transmite boas sensações, é comunicação, experiência corporal. Como movimento sua descrição não se completa na verbalização, mas ela precisa ser sentida, vivida, experimentada. É um movimento inerente ao indivíduo, que não faz distinção de gênero e nem de idade.
Calazans, Castilho e Gomes (2013), entendem que por meio da dança a pessoa pode construir seus autoconceitos, condicionar sua realização, através dos quais consolidar sua autoconfiança, pois, o movimento permite tal liberdade de expressão corporal. Este tipo de expressão conduz o sujeito a ampliar seus conhecimentos por meio do movimento, de ser criativo, de modelar o ritmo da música conforme o movimento, manipular o corpo dentro das variadas relações mantidas com o espaço.
A dança é uma forma de expressar o movimento e a cultura corporal, colocando-se entre as manifestações mais importantes. Embora alguns não percebam, mas a dança possibilita à pessoa a aquisição e valores e conhecimento, auxiliando na integração com a contemporaneidade do mundo no qual está inserido.
Perna (2015), no contexto da dança está presente a dança de salão, que tem como principal característica promover o movimento por meio de uma duas pessoas, formando par. Assim, fica claro que, este tipo de dança valoriza o aspecto social. Entre seus objetivos está promover a diversão, e junto com ela a sociabilização. Defende que é necessário enfatizar o quanto a dança é importante para a construção e manutenção das relações sociais, ressaltando o quanto a mesma contribui para a formação pessoal de cada indivíduo.
Compreende-se que a dança, presente na contemporaneidade, segue um ritmo variado, assumindo diversas formas de aplicação, que fundamenta-se a partir de três principais motivações, a expressão, o espetáculo e a ludicidade. Considerando esta realidade, destaca-se o quanto a dança significa para a prática de educação física, razão pela qual considera-se importante estudar, cientificamente, suas representações no referido campo do saber.
Assim, o objetivo deste trabalho é discutir a relação entre educação física e a dança, particularmente a dança de salão, buscando entender os benefícios trazidos para a saúde corporal de seus praticantes. A metodologia utilizada para alcançar tal objetivo foi de cunho bibliográfico, por entender que a literatura disponível sobre o tema pesquisado fornece as informações acadêmicas necessárias para compreensão do fenômeno.
2 EDUCAÇÃO FÍSICA E O DESENVOLVIMENTO MOTOR
Na perspectiva de Gallahue e Ozmun (2005), o processo de aquisição e refinamento das habilidades adquiridas tem sua dependência ligada não apenas na execução motora em si, mas também nos aspectos presente no contexto em que a pessoa está inserido, que podem impor restrições à mesma. Mudando algum destes aspectos, muda também o movimento final a ser executado.
Neste sentido, os autores compreendem que a relação entre fatores ambientais, individuais e da tarefa não só interagem entre si como também podem exercer influência um sobre o outro, de maneira a transformar os resultados finais que cada um poderia oferecer à pessoa. Um exemplo citado pelos mesmos é a forma que se caminha sobre um chão seco ou escorregadio, onde a interação do indivíduo com o ambiente e com a tarefa a ser executada, no caso andar, se modifica influenciando no resultado, que é andar rápido ou devagar.
No entendimento de Le Boulch (2012), o sujeito atravessa mudanças condicionadas à sua idade, o que corrobora para que o seu desenvolvimento seja dinâmico. Assim, considera que os aspectos diretamente influenciadores do movimento são as restrições, que atuam de duas maneiras, sendo a primeira delas como limitadoras do movimento da pessoa, e a segunda de romper estas limitações por meio de sua canalização.
Na concepção do autor, as restrições individuais estão ligadas à estrutura do corpo, como altura e peso, e à função comportamental do mesmo, por exemplo, motivações. Já as ambientais tem relação com o contexto no qual o indivíduo está inserido, sendo eles de caráter físico, como a temperatura, ou sociocultural, como aconteceu na década de 1950, período em que a sociedade tentou desestimular as mulheres de praticarem esportes.
As restrições da tarefa, por exemplo, estão ligadas às metas que almeja-se alcançar com ajuda das regras e equipamentos, por exemplo, a utilização de uma bola de basquete em vez da de futebol de salão, ato este que modifica completamente o jogo a ser praticado.
De maneira a sintetizar esta linha de raciocínio, Haywood e Getchell (2016), construíram um esquema explicativo sobre os aspectos que podem influenciar o movimento. Os autores almejam com isso corroborar com a construção do planejamento sobre como usufruir do ambiente e das tarefas dentro dos limites e possibilidades de cada indivíduo.
Imagem 1: modelo das restrições de NewellRESTRIÇÕES
DA TAREFA
RESTRIÇÕES
DO AMBIENTE
RESTRIÇÕES DO
INDIVÍDUO
Fonte: HAYWOOD E GETCHELL, 2016. 
O pensamento de Gallahue e Ozmar (2005), já sinalizava para esta realidade, uma vez que os autores consideram que o desenvolvimento motor é subdividido em fases que, embora se relacione com a idade, não depende da mesma para acontecer. As fases consideradas pelos autores são a reflexiva, rudimentar, fundamental e a movimento especializado.
O resultado eficiente de cada uma depende de seu desenvolvimento adequado em cada etapa, de maneira que avance para a subsequente. Neste sentido, consideram importante que o desenvolvimento motor ocorra ainda nos primeiros anos depois do nascimento, pois, assim, diminui as chances, ainda na infância, da pessoa não consegui interagir com as diversas atividades motoras.
Na visão de Berleze, Haeffner e Valentini (2007), a fase etáriados dois ao sete ano é considerada a das habilidade motoras fundamentais, que são habilidades padrões que auxiliam na execução dos movimentos básicos que permitem a locomoção, tais como andar, correr, saltar, galopar; a estabilidade, como girar e apoiar-se em um pé só; e controle dos objetos, por exemplo, segurar a bola, quicar a mesma, defender-se dela, chutá-la.
Neste sentido, as habilidades motoras fundamentais tem sua característica inicial por meio dos movimentos segmentados e com pouca coordenação, porém, salientam que a maturidade, isto é, manter a eficiência do controle sobre os mesmos, pode ser alcançada com o incentivo dado por meio da oferta de instrução apropriada à idade.
Consideram como ideal que a o indivíduo alcance o amadurecimento das habilidades até os sete anos de idade, pois, assim, não terá dificuldades em utilizá-las posteriormente na prática de exercícios como dança e esporte, ambos presente nas aulas de educação física nos primeiros anos do ensino fundamental.
Brauner e Valentini (2009), por sua vez, chamam atenção para o fato de que alcançar o padrão da maturidade em todas as habilidades é algo que dificilmente se alcançará, por mais que o sujeito consiga executar um movimento maduro de braço, com tronco elementar e inicial de pernas. Apontam que o correto é fazer com que cada um desenvolva, de forma madura, o máximo de habilidade motora que puder. Ponderam ainda que uma vida adulta ativa e saudável começa na execução de atividades físicas.
Na perspectiva de Capellini, Tonelotto e Ciasca (2014), no período pré-escolar a pessoa tem mais disposição para adquirir habilidades motoras fundamentais, em razão de haver uma convergência essencial entre indivíduo, ambiente e tarefa, contribuindo para um melhor domínio da tarefa.
É nessa etapa que as adaptações neurológicas começam a se adaptarem com o ambiente, corroborando para que a mielinização das fibras nervosas seja completadas aos seis anos de idade, uma vez que nesta idade as informações se avolumam rapidamente, assim como rápidas também são as reações sobre as mesmas. É também nesta fase que ocorre uma maior harmonia entre as proporções corporais, onde o indivíduo passa a contar com mais tempo para se adaptar as capacidades e possibilidades que seu corpo dispõe, fazendo com que as coordenações dos movimentos aumentem ainda mais.
Importante frisar que no processo de formação educacional a movimentação constante, assim como a tomada de iniciativa para a prática de exercícios, como participar de jogos e brincadeiras. É comum que neste período haja uma maior motivação intrínseca, que é a execução de atividades pela emoção que a mesma lhe proporciona para superar os limites pessoais que tentam se impor.
Também está presente nesta fase a predisposição da pessoa em se auto desafiar com a realização de novas atividades, o que torna-se possível com o desenvolvimento satisfatório de suas habilidades motoras, de maneira que possa contribuir para seu uso maduro nos anos iniciais da educação básica (CAPELLINI; TONELOTTO; CIASCA, 2014).
Surdi e Krebs (2009), chamam atenção para o fato de que há um percentual alto de indivíduos que não conseguem alcançar o nível de desenvolvimento motor necessário para sua idade, onde apresentam um domínio elementar das habilidades motoras, quando já deveriam dominar um padrão maduro das mesmas, como, por exemplo, se equilibrar encima de uma trave, saltar, correr, fazer arremessos, entre outros.
Os resultados encontrados em suas pesquisas deram conta de que aproximadamente mais da metade dessas pessoas, entre quatro e seis anos, pesquisadas apresentavam um déficit mediano, e quinze por cento não tinham nenhum domínio sobre suas habilidades motoras. 
Maforte (2007), chama atenção para as influências culturais, sobre padrões de comportamentos que cada indivíduo, dentro de seu gênero sexual, precisa ter, onde os costumes impõe às mulheres estímulos para brincadeiras voltadas para o lar e maternidade, enquanto que os meninos são motivados a mostrar sua virilidade por meio na disputa em corrida, salto, jogos, entre outros.
Na compreensão do autor esse tipo de cobrança deixa evidente que a sociedade almeja uma mulher comportada, calma, enquanto que o menino precisa ser ativo o máximo possível. Considera ainda que este tipo de comportamento social prejudica significativamente as potenciais experiências motoras que as meninas possam ter, em particular no que tange as habilidades motoras amplas, suas concepções e competências.
Diante do contexto apresentado por Maforte (2007), importante relembrar as consequências trazidas para o desenvolvimento motor do sujeito em razão da falta de oportunidade em fazer com que alcance um nível de maturidade plausível, em particular para as pessoas do sexo feminino, de maneira que acaba tendo reflexo direto na vida adulta. Tem-se consciência de que os fatore que podem influenciar o desenvolvimento da pessoa são diversos, tais como os de caráter nutricional, emocional, social, econômico, religioso e cultural.
Valentini e Toigo (2015), entendem que a escola não passa de um sistema social complexo onde diversos atores, como professores, gestores, pais, alunos e coordenadores pedagógicos interagem. Neste espaço à docência recebe influência de fatores como oportunidades ofertadas para intensificar sua formação profissional, equipamentos disponíveis para lecionar, meios para acessar as informações, segurança de um empego efetivo e valorização salarial.
Tais variáveis conseguem afetar o desenvolvimento da comunidade escolar, uma vez que servem como termômetro para medir o grau de satisfação e motivação do professor em planejar e executar sua aula, alcançando, assim, o nível de motivação dos alunos em aprender algo.
As considerações que faz-se diante da discussão realizada acima é que, por conta das variáveis que em determinado momento pode corroborar e em outro venha limitar o desenvolvimento motor, em particular a aquisição das habilidades motoras no contexto da família e da escola. Esta instituição tem a responsabilidade de potencializar tais habilidades.
3 EDUCAÇÃO FÍSICA EM MOVIMENTO
Atividades como a ciência ou artes são consideradas de puro domínio humano, constituindo-se ambas na expressão da maravilhosa plasticidade mental humana. O homem diferentemente dos animais necessita passar por experiências para aprender, é carente de um acoplamento com o ambiente, conforme afirma Bruner (2007, p. 34) “(...) a sua patente imaturidade demonstra ser a fonte de sua maravilhosa plasticidade”.
A partir dessa dependência em lidar com o ambiente, o surgimento da aptidão em formar conceitos, conhecer objetos individuais como pertencentes às classes distintas e a capacidade de manipular conceitos se constituirão num salto primordial na evolução da capacidade intelectual humana, onde o pensamento abstrato e a capacidade intuitiva foram os principais exemplos (BRUNER, 2017ab;).
Da mesma maneira que se verifica a importância ou evolução da cognição no ser humano, observou-se que paralelamente a ela, a melhor capacidade de controlar o movimento desempenhou um papel primordial na evolução do ser humano. A manutenção da postura ereta, o andar bípede, a perfeita oposição entre o polegar e o indicador, a linguagem são considerados como elementos que melhor caracterizam a espécie humana.
E mesmo que ajustamentos posturais, andar e manipular objetos estejam no domínio motor do comportamento humano, todas estas ações estão intimamente relacionadas, acreditando-se inclusive, que a aquisição de um melhor controle motor por parte dos ancestrais do homem tenha desempenhado um papel primordial na evolução da espécie humana (LEAKEY, 2007).
Em geral, o movimento é visto como um elemento essencial na aprendizagem, visto que e através dele que o ser humano explora o ambiente, e isto é importante para a percepção, e consequentemente, para a aprendizagem. A lateralidade, a imagem corporal, eficiência postural e de locomoção, percepção auditiva, visual e táctil são considerados componentes da execuçãode movimentos, tendo um papel significativo no desenvolvimento cognitivo (SANTIN, 2011).
A teoria de Piaget (1970) está entre as mais populares das teorias postuladas pelos especialistas na área do desenvolvimento infantil, por causa de sua clareza, visão e compreensão do desenvolvimento da cognição. O desenvolvimento cognitivo, de acordo com Piaget ocorre pelo processo de adaptação. A adaptação requer que o indivíduo faça ajustes às condições ambientais e intelectualize estes ajustes por processos complementares de acomodação e assimilação.
A acomodação e a adaptação que a pessoa deve fazer ao ambiente quando informações novas e incongruentes são acrescentadas ao seu repertório de reações possíveis. O indivíduo, ajusta a reação para corresponder às exigências do desafio especifico.
A acomodação é um processo que se estende em direção à realidade e resulta na mudança visível no comportamento. Por exemplo, quando brinca numa piscina o indivíduo aprende a levar em consideração muitas das propriedades físicas da água. Entretanto quando tentar nadar em água profunda terá que passar por uma série de ações novas (por exemplo, não conseguir tocar o fundo, soltar-se, flutuar e prender a respiração) para acomodar-se a nova realidade da água profunda (PIAGET, 1970).
Segundo Piaget (1970), na fase das operações concretas do desenvolvimento da pessoa que vai dos 7 aos 10 anos, ela conscientiza-se de soluções alternativas, usa regras no raciocínio e é capaz de diferenciar entre aparência e realidade. Isto é chamado de concreto, por que as ações mentais dela ainda estão conectadas a objetos concretos.
Entende-se que o nível de raciocínio operacional concreto pressupõe que a experimentação mental ainda depende da percepção. Nessa fase, as percepções são mais precisas, e a pessoa aplica a interpretação dessas percepções ambientais sabiamente. O sujeito usa a brincadeira nesta fase para compreender seu mundo físico e social. Regras e regulamentos são de seu interesse quando aplicadas às atividades físicas.
Nesta fase os indivíduos passam a operar sobre os objetos. Em termos cognitivos, pode-se dizer que ela manipula operações, ao manipular o objeto concretamente. A capacidade de reversibilidade no raciocínio e demonstrada neste estágio, graças ao surgimento das operações de classificação, ordenação, construção de ideia de número e operações espaciais e temporais. A pessoa forma uma representação mental de uma série de ações de ordenar ou seriar objetos, de acordo com diferentes dimensões. Assim, ela opera sobre objetos e não sobre hipóteses expressas, o que só ocorrerá no próximo estágio (PIAGET, 2010).
Em resumo, pode-se dizer que o desenvolvimento cognitivo compreende uma interiorização progressiva de formas lógicas, que se manifestam primeiramente através da ação motora, e, posteriormente, através de uma total representação simbólica. As pessoas têm suas experiências assimiladas às estruturas existentes, e as novas estruturas adquiridas tornam possível a acomodação das demandas impostas pelo meio no qual interage (PIAGET, 2010).
Bruner (2007) afirma que as habilidades são transmitidas em vários graus de sucesso e eficácia pela cultura (linguagem como meio de transmissão). Assim, o desenvolvimento cognitivo é tanto um problema de dentro para fora, como de fora para dentro. Neste sentido, a autora ressalta a importância das interações entre processos de desenvolvimento e de aprendizagem, juntamente com o que vai ser ensinado, isto é, conteúdo a ser adquirido. Deve-se reconhecer que o contínuo aumento na capacidade de solucionar problemas estar na dependência da interação desses elementos, da aprendizagem e desenvolvimento como processos de mudança no ser humano, e do conteúdo a ser ensinado.
4 MATERIAL E MÉTODOS
A realização dessa pesquisa, por ser bibliográfica, contou com a busca por literatura na base de dados de teses e dissertações nas universidades, assim como artigos publicados nas revistas disponíveis na plataforma Scielo e CAPES. O material encontrado serviu de base para o desenvolvimento da presente pesquisa, cuja discussão específica encontra-se no tópico abaixo.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Contexto histórico da dança de salão
Mediante acesso à literatura, o conhecimento adquirido aponta para a importância que tem a dança para a educação física, tornando-a relevante no que que concerne à possibilidade, de quem a pratica, apropriar-se do conhecimento a partir do aspecto histórico e cultural. Servindo, assim, para subsidiar as reflexões feitas a respeito das práticas que advém dessa manifestação cultural, que muito tem contribuído para a formação do indivíduo nas relações estabelecidas em seu dia-a-dia.
Nesse sentido, considera-se salutar o pensamento de Garaudy (2008, p. 14), para quem, “Dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com os seus deuses [...] dança não é apenas uma arte, mas um modo de viver”. Assim, analisa-se que a dança, do ponto de vista histórico, coloca-se como uma das artes mais antigas praticada pela humanidade, que segue um processo dinâmico de transformações e adaptações ao longo dos séculos. Essas transformações ganham formas e significados, contribuindo para que a vida humana segui o mesmo ritmo.
Na perspectiva de Faro (2014, p. 10), “A dança é uma arte bastante ligada à juventude, e com esta se move no tempo e no espaço [...] em suas diversas manifestações, está de tal modo ligada à raça humana que só se extinguirá quando esta deixar de existir”. Nota-se, com isso, a importância, então, de sua presença na educação física, porque, além de arte, a dança também acaba sendo uma ciência, uma vez que promove profundas implicações na expressão corporal dentro de uma perspectiva técnica, cientifica e artística.
Do ponto de vista cultural, Kunz (2014), afirma que a dança é:
[...] uma das manifestações da cultura do movimento mais importantes e relevantes em todo o mundo. Entre as manifestações mais conhecidas da dança podemos citar a dança folclórica, a dança popular ou social, a dança carnavalesca, a dança de salão, o jazz e o ballet, entre outras (KUNZ, 2014, p. 90).
A reflexão feita na citação acima corrobora para o pensamento de Bregolato (2007), que classifica a dança em folclórica, primitiva, moderna, balé, de salão. Na sociedade atual pode-se encontrar uma variada modalidade de dança, como as coreografias carnavalescas, as variadas danças de salão, danças ritualísticas, como as praticadas em terreiros da cultura religiosa negra e indígena, as artísticas e as danças populares ou culturais, como quadrilhas de São João, bumba meu boi ou boi bumbá, entre outras.
Na compreensão de Barreto (2015), o conteúdo da dança enquadra-se como categorias de análise, estando a mesma entrelaçada com:
A anatomia, a cinesiologia, a música e a história da dança; conteúdos de sensibilização como os movimentos e as danças realizadas no cotidiano, o contato com outras artes e a apreciação estética; além dos conteúdos de dança como: Técnicas de expressão de Dança: improvisação, composição coreográfica, consciência, percepção e Expressão corporal, exercícios técnicos de dança (clássica, moderna, contemporânea e outras), repertório (folclóricas, populares, de roda e outras). 2. Conteúdos coreológicos: corpo, fatores de movimento, espaço, dinâmicas, ações, relacionamentos, som e ritmo (BARRETO, 2015, p.68).
A dança de salão destaca-se pelo fato de absorver os aspectos pontuados na citação acima. Ela é um tipo de dança que diversas pessoas, com variadas idades, praticam constantemente. Ela faz-se presente em academias, aulas particulares, instituições, clubes recreativos, associações, entre outros espaços. E considerando que a educação física é movimento, a dança, por si, é uma representante exclusiva desta área do saber.
Perna (2015), entende que, do ponto de vista escolar, a dança representa um tipo de modalidade prática utilizada em momentos festivos, datas comemorativas, como consciência negra,festejada no dia 20 de novembro, dia do índio, em 19 de abril. Há um envolvimento de docentes e discentes na prática desta arte. Mas, o autor considera que a prática da dança, seja ela qual for, precisa passar um processo de contextualização, de maneira que a pessoa interessada em aprender possa se apropriar dos conceitos que dão conta da origem e os benefícios trazidos pela dança.
Assim, Perna (2015), pensa a dança de salão como dança popular, dada sua origem nas causas sociais, políticas e fatos históricos, demarcando, assim, o terreno dessa dança frente à dança folclórica. Para isso, afirma que a dança de salão é um dança sempre atualizada, do momento, com ritmos novos, que podem perdurar ou ceder lugar para outros, quando não corresponder mais as expectativas de seus praticantes. Já a folclórica é marcada pela tradição, pelos acontecimentos históricos que são repassados de geração em geração, de maneira que fixe na memória das referidas gerações. O autor entende que:
Que uma dança popular pode se tornar uma dança folclórica quando deixa de ser praticada em momentos de manifestação social e passa a ser utilizada apenas para apresentações e espetáculos, com o objetivo de preservar uma determinada cultura, citando como exemplo a quadrilha, que no século XIX era uma dança popular e hoje é considerada uma dança folclórica, muito apresentada nas comemorações da festa de São João. A utilização do termo salão é devido à necessidade de salas grandes, salões onde as pessoas pudessem realizar as evoluções das danças nas festas dançantes (PERNA, 2015, p. 42).
Nessa mesma linha de raciocínio posiciona-se Garcia e Hass (2013), apresenta o contexto histórico do surgimento da dança de salão, que segundo o autor, tem sua origem na idade média, a dança da corte é que dar origem à dança de salão. Considerando sua origem, afirma que este tipo de dança pode ser chamada, também, de dança social, uma vez que sua prática só é possível através da socialização, já que precisa de no mínimo duas pessoas para que a mesma aconteça.
A respeito da contextualização histórica da chegada da dança no Brasil, os autores apontam que:
Os portugueses trouxeram a dança de salão para o Brasil no século XVI e posteriormente essas danças receberam influências de outros imigrantes europeus, onde essa mistura de cultura europeia, juntando-se à cultura dos indígenas e à dos negros africanos, formaram a cultura brasileira da nossa música e dança. Segundo ele, nos séculos XVII E XVIII o Brasil recebeu grande influência da Espanha como o fandango e dança sapateada, da França como o minueto, da Inglaterra como o country dance gerando as contradanças e quadrilhas. Essas danças, primeiro passaram por Paris para depois virem para o Brasil. O minueto era uma dança francesa de pares não enlaçados, elegante e graciosa, de ritmo ternário com movimentos lentos e equilibrados, enquanto que as contradanças inglesas eram bailados de conjunto, de ritmo binário e de passos rápidos, com figuras pitorescas sem a graciosidade do minueto (GARCIA; HASS, 2013, p. 84).
Entre as danças de salão que por aqui chegaram, estava a valsa, que surgiu no século XVIII, e considerada o primeiro tipo de dança de salão que permiti o enlace dos pares, onde o casal dançante percorria o salão demonstrando suas habilidades. Este tipo de dança é marcada pela oferta de um ritmo binário, vinda do lander, que é um tipo de dança austríaca, da Baviera e Boêmia, e das alemandas, dança popular alemã. Com sua difusão pelo mundo europeu, as principais valsas são oriundas de Viena e da Inglaterra, que mantem seu rito tradicional (GARCIA; HASS, 2013).
Segundo aponta Perna (2015):
A valsa chegou ao Brasil pela corte portuguesa no início do século XIX quando a música e a dança significavam o lazer de preferência da família real e dos intelectuais, onde todo evento (casamento, formaturas, aniversários e outros) era motivo de baile. Até hoje a valsa é muito praticada em datas comemorativas como casamento e bailes de debutantes, onde os casais deslizam no salão com passos e giros majestosos. Desde sua origem até os dias atuais, a valsa não é considerada uma dança popular, ela sempre foi uma dança aristocrática. Em seguida veio a polca, dança europeia a dois, enlaçada, surgida na Boêmia em 1830 como dança rústica e que chegou a Praga em 1837, transformando-se em dança de salão. No Brasil foi dançada pela primeira vez no Teatro São Pedro de Alcântara, em 03 de julho de 1845, por uma companhia francesa (PERNA, 2005, p. 16).
Complementando a informação acima de Perna (2015), considera-se importante apresentar os desdobramentos causado pela presença da valsa nos salões de dança brasileiros. Segundo Garcia e Hass (2013):
Após essas danças de salão, tantas outras surgiram, a partir das diferentes culturas das várias partes do mundo, cada país e região criam suas próprias danças de salão e que renovadas e estilizadas, através de diversificadas aparências, provocam o surgimento de uma outra dança e assim sucessivamente. Sendo assim, as danças de salão podem ser classificadas em “bailes” da seguinte forma: Bailes Latinos, considerados ritmos quentes e excitantes, tiveram origem na América Latina a partir da colonização dos espanhóis, portugueses, africanos e latinos, onde suas culturas e tradições geraram diferentes ritmos e danças como bolero, chá-chá-chá, lambada, mambo, merengue, rumba, samba, salsa e tango. Já os Bailes Europeus destacaram as danças mazurca, passodoble, polca e valsa, com origem na Europa. Enquanto que os Bailes Norte-Americanos, surgidos no Norte da América, deram origem às danças fox-trot, rock and roll e swing (GARCIA; HASS, 2013, p. 106).
Uma vez feito a contextualização histórica da dança de salão, busca-se no tópico seguinte compreender de que maneira ela interage com o corpo, tendo a educação física como pano de fundo para análise de tais benefícios.
5.2 Interação da dança de salão com o corpo
A interação entre dança e movimento corporal promove a transformação, corrobora para a promoção do autoconhecimento, cria-se situações intensas e desafiadoras. Com isso, a interação resulta na transformação das relações interpessoais, onde os indivíduos interagem no contexto familiar, laboral e de lazer.
Conforme apontam Abreu, Pereira e Kesller (2008), a vida é um paradigma, cujos valores são formados a partir do vivido, seja por meio de experiências pessoais ou repassada tradicionalmente pelo núcleo familiar. Consideram que é importante que os indivíduos mantenham uma boa relação, e ela pauta-se através do respeito ao outro como ser único. A dança a dois coloca em evidencia a necessidade da troca de sentimentos entre dois corpos individualizados, com o objetivo de construir uma linguagem corporal.
Na perspectiva de Almeida (2015):
Em essência, o movimento é um aspecto indispensável para a vida. Embora o ato de movimentar-se seja parte integrante do crescimento e desenvolvimento humano, podemos aprender por meio de informações e repetições a melhorar nosso movimento estimulando o corpo humano a desempenhar e adquirir novas habilidades. O aprendizado de novas e específicas habilidades na maior parte das vezes depende das nossas experiências vividas e os estímulos decorrentes da relação do nosso corpo com o meio. Aprender a dançar com um parceiro parece ir muito além do aprendizado. Mover o corpo em companhia de outro, harmonizando movimentos em sintonia, num mesmo ritmo, resulta em uma união do ser físico numa quase mágica sincronia. Proporciona um encontro consigo mesmo, a partir do encontro com o outro sendo um canal de expressão dos sentimentos por meio dos movimentos. Questões como a timidez e dificuldade de sociabilização podem ser superadas ao som da música e no ritmo de cada indivíduo, pois a dança exige comunhão e respeito com outro, seja ele o parceiro(a) com quem se dança ou sejam os outros casais. Isso mostra como a dança conduz ao prazer por meio da cooperação e mostra também que os que dançam são antes de tudo cavalheiros e damas interagindo no seu momento livrede lazer e satisfação (ALMEIDA, 2015, p. 46).
Nesse sentido, compreende-se que, por meio da interação da dança com o corpo os sujeitos envolvidos passam a ter um objetivo comum, dançar, seguido o mandamento da dança social, que é seguir juntos de mãos dadas. Nessa relação um passa a ser espelho do outro, os corpos comunicam-se pelo movimento, olhar e toque. Assim, a dança procura suprir a lacuna da aceitação presente em cada indivíduo. A dança é considerada um imenso espaço entre os braços que abrem para acolher o outro.
Na percepção de Ried (2014):
O homem, através da iniciativa da condução, inicia sua intenção de movimento visando com que a mulher, deixando-se conduzir, responda ao estímulo oferecido. Sem a interação do homem e da mulher, a Dança de Salão não funciona. Essa interação entre ambos pode ser extremamente benéfica no momento em que observamos a quebra da timidez por parte do homem e a perda da ansiedade no caso da mulher. Principalmente os tímidos procuram a Dança de Salão como alternativa para saírem da rotina e da correria devido as exigências do dia-a-dia. Quando estabelecido um contato único pelo casal, ambos devem se preocupar com o outro, na forma de expressar-se e comunicar-se. [...] A dança como forma de expressão e comunicação, estimula as capacidades humanas e pode ser incorporada à linguagem oral, por exemplo. Assim como as palavras são formadas por letras, os movimentos são formados por elementos, a expressão estimula e desenvolve as atividades psíquicas de acordo com os seus conteúdos e na forma de ser vivida, tanto quanto a palavra (RIED, 2014, p. 33).
Nesse sentido, pontua-se que um elemento que deve ser levado em consideração na discussão sobre a dança é a música. Deutsch (2017), considera ser positiva a interferência a música no estado emocional do indivíduo. Acredita que os benefícios proporcionados pela prática da dança podem ser diversos. Entende que:
Essa prática pode melhorar a coordenação motora, ritmo, percepção espacial possibilitando o convívio e o aumento das relações sociais. Outro ponto relevante é o fator motivacional associado à prática. Pesquisas nas diferentes faixas etárias demonstraram, como principal fato que conduz os indivíduos a buscarem a dança de salão, a possibilidade de sociabilização. Estudos realizados tanto em adolescentes como em idosos demonstram que a oportunidade de interagir com outras pessoas, fazer amizades e conversar são fatores que despertam e mantém os estados motivacionais internos no praticante. Outros estudos confirmam a dança como prática motivadora. Segundo os praticantes, essa vivência favorece a desinibição e melhora a timidez, pois para dançar é necessário apresentar-se publicamente no salão e ter contato direto com desconhecidos. Quando o assunto é a socialização, a Dança de Salão pode auxiliar nas mais variadas faixas-etárias (DEUTSCH, 2017, p. 74).
Entende-se, assim, que a prática da dança possibilita a criação de um espaço saudável de convivência coletiva, permitindo a troca de experiências e estabelecendo os limites para cada indivíduo. Silva (2017), reforça essa linha de raciocínio, ao afirmar que essa prática abre portas para o fortalecimento da importância que tem a educação física no processo de construção do movimento corporal da pessoa ainda em sua infância. Ressalta que a educação física trabalha com os aspectos atitudinais considerados importantes para a relação entre pares, dos quais pode-se destacar o respeito entre os pares. Também é responsável pela potencialização da expressão corporal e concentração no ato de dançar.
Segundo Zamoner (2007), para a terceira idade, a dança é considerada uma ótima terapia. Entende que:
A Dança de Salão para essa faixa-etária favorece as relações sociais reduzindo o sedentarismo, fato esse que influencia diretamente a própria educação para saúde do praticante. Fica perceptível o importante significado que a prática da Dança de Salão pode ter aos idosos. A atividade física isoladamente não é suficiente para manter uma alta qualidade de vida e bem-estar, necessitando assim incluir os idosos no meio social, intelectual, cultural, aspectos esses oferecidos nessa vivência corporal. No que diz respeito aos benefícios que prática da Dança de Salão pode proporcionar a uma estilo de vida mais ativo dos seus praticantes, fica perceptível nos diversos estudos aspectos que conduzem essa vivência motora à facilitar indivíduos mais saudáveis e com maior qualidade de vida (MAIA, et al., 2007, p. 39).
Entende-se, dessa maneira, que a prática tem muito a favorecer os contatos entre pessoas, conduzindo-os a superar problemas de relacionamentos, pautando seu comportamento no respeito, de maneira a promover harmonia com a outra pessoa por meio da sensação comunicativa provocada pela expressão corporal. Nesse sentido, entende-se que a movimentação do corpo dar-se com a finalidade de explorar as variadas possibilidades presentes no campo espacial articulado entre parceiros no ritmo da música tocada. A música auxilia na fluidez mental e emocional, proporcionando aos pares uma vivencia com seu corpo e com o corpo do outro. Assim, a evolução na dança representa a possibilidade do indivíduo desenvolver-se como pessoa.
Tavares (2013), entende que:
Sob o ponto de vista neural a dança de salão é uma complexa atividade sensoriomotora que envolve integração de habilidades como ritmo, padrão espacial, sincronia e coordenação. Explora as diversas possibilidades articulares, nos diferentes níveis, planos, eixos, formas e direções acompanhando o ritmo musical e suas acentuações fortes e fracas. Os dançarinos devem perceber o espaço disponível, os planos do movimento e interagir adequadamente com os casais que se deslocam no salão. A principal propriedade de dançar é organizar os movimentos do corpo em um padrão espacial e isso se relaciona com a noção de espaço externo, cinestesia e campo visual. Para dançar é necessário estar no ritmo da música, ter postura adequada nas posições estáticas e dinâmicas típicas de cada ritmo, interagir adequadamente com os próprios movimentos de tronco, membros superiores e inferiores, com os do parceiro e com as pessoas à volta (TAVARES, 2013, p.37).
A citação acima contribui para o entendimento de que a prática regular da dança corrobora para melhorar o desempenho corporal. Há percepções de alteração no índice corporal, como largura dos ombros e sua simetria. Assim, a dança de salão acaba contribuindo para que haja uma maior aceitação e satisfação com o corpo, deixando entender que ela, por si só, influencia positivamente o aspecto proprioceptivo e afetivo das pessoas que a prática continuamente.
Segundo apontam Fonseca e Gama (2008):
Podemos considerar dois aspectos como formadores da percepção corporal de um indivíduo: o esquema corporal que diz respeito a concepção neurológica e a imagem corporal relacionada ao psicológico. O esquema corporal é formado pelas relações espaciais entre segmentos corporais que permitem o indivíduo estar consciente do seu corpo no tempo, sendo o resultado da interação das aferências somatossenssoriais, cinestésicas e proprioceptivas. Um esquema corporal bem estruturado favorece um bom desempenho motor e consequentemente uma melhor relação com o corpo e deste com o espaço. Além disso, o esquema corporal é capaz de se modificar e se adaptar: qualquer situação que participe do movimento consciente do corpo é somada ao modelo corporal tornando-se parte desse esquema (FONSECA; GAMA, 2008, p. 39).
Entende-se, assim, que a imagem corporal tem correspondência com todas as maneiras vivenciar e conceituar seu corpo, tendo como base a imagem do corpo representado em sua mente. Essa construção mental é fruto da subjetividade projetada em valores, cujos são moldados pela cultura e relações sociais estabelecidas. Nesse contexto, compreende-se, então, que a dança de salão viabiliza interações positivas entre corpo e mente.
Diante do exposto, conclui-se esta discussão com a firmação de que a dança é responsável em apresentar à quem a praticadiversos benefícios, promovidos pelo movimento. A dança de salão permite ao indivíduo a capacidade de construir sua imagem à luz do parceiro de dança, porque a fluidez da mesma acontece a partir da criação de um vínculo entre os pares.
6 CONCLUSÃO
A realização deste trabalho de pesquisa conduz para algumas considerais finais a respeito do tema discutido. Nota-se no corpo do trabalho que, embora existam diversas literaturas tratando dos benefícios oferecidos pela dança, em particular a de salão, para a subjetividade da pessoa, assim como para eu aspecto físico, ainda é possível explorar outras variáveis, como é o caso, de construir uma discussão a respeito da relação entre dança de salão e educação física.
Considera-se importante que a dança seja vista como um fator que contribuir para o fortalecimento da expressão subjetiva do corpo, onde as pessoas deixam-se contagiar pela sonoridade e batucada do ritmo. As pessoas que se predispõem a serem parceiros de dança no salão deve-se sentir-se com liberdade para deixar fluir sua capacidade de entrega aos braços do outro, sem se deixar aprisionar pelo tecnicismo dos passos e da sequência pré-definida pelo ritmo. Não é porque todos dançam de um jeito que é-se obrigado a seguir na mesma direção. A riqueza da dança está em permitir a seus pares a possibilidade de inovar, de buscar passos novos que venham superar os tradicionalmente utilizados.
Afirma-se que, uma vez percebido, o corpo interage com o movimento, deixando-se conduzir pela fluidez da música e pela condução do seu par. Os corpos se conectam, buscam um simetria logica para expressão corporal através do movimento no salão. Assim, a musicalidade torna-se um fato natural aos ouvidos de quem dança, corroborando para o surgimento de uma linguagem corporal positiva, criado pelo contato do par em movimento.
Considera-se importante o fato do trabalho conduzir para o entendimento de que a dança a dois é uma prática que vai além dos passos coreografados, ela nutri a necessidade de envolver-se, de superar qualquer imposição de um corpo individualizado. A dança é social, e como tal, precisa de uma interação entre dois corpos para fluir. A dança precisa ser um mecanismo de libertação da alma, do corpo, e não uma cela que aprisiona a vontade de criar
Conclui-se, portanto, percebendo a dança de salão como uma grande oportunidade para que o corpo expresse seus desejos de dar vida à música. Ela permite que corpo seja uma expressão dos seus batuques. Através disso os passos no salão flutuam pela beleza e leveza que a dança permite aos dançarinos vivenciar, equilibrando a técnica e a emoção.
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