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Penal Internacional

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Aula 13/03 
Ramo novo do direito a ideia de que crimes internacionais e crimes contra a humanidade tem que 
ser julgados, os crimes de guerra também. Quando começa o direito internacional penal? Qual é o 
acontecimento histórico que pela primeira vez teremos um julgamento com base em uma lei penal 
internacional? O direito internacional penal começa no tribunal de Nuremberg, falar em um 
direito sem falar em jurisdição é um pouco temerário; um direito que não tenha força viva é uma 
discussão um pouco estéril. Falar do direito internacional penal antes de Nuremberg se vê na 
pirataria em auto-mar na era do mercantilismo vem a ideia do penal internacional universal, mas era 
algo muito restrito. A primeira norma de direito internacional penal vem no Tratado do Versalhes 
que é o tratado que encerra a primeira guerra mundial que foi custosa em termos de vidas humanas 
e uma das primeiras guerras em que vão aparecer os mosquetes e começa a ter a necessidade de 
tentar punir os excessos cometidos durante a guerra. Ao fim da primeira guerra mundial, as 
potências aliadas no tratado de Versalhes coloca uma disposição pela qual o imperador da Alemanha 
deveria ser julgado por ofensa contra a moral internacional. Isso ficou no papel porque o Kaiser 
Guilherme foge para a Holanda que não concede a extradição e não acontece o julgamento. 
Quando se cria o tribunal de Nuremberg se temia que ocorresse o mesmo que na primeira guerra, 
em que o chefe de estado alemão terminou impune. Trata-se de um antecedente remoto de julgar 
criminosos de guerra para acabar com a impunidade do crime internacional, então na busca desse 
julgamento se cria o direito internacional penal. A primeira crítica é que a justiça no direito 
internacional penal é dos vencedores perante os perdedores, sendo conceitos vinculados a critérios 
políticos. Os chefes de Estado alemães capiturados foram julgados pelos crimes de guerra mas 
ninguém foi julgado pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki; então é um direito penal que embora 
preveja assegurar as garantias de defesa ninguém imaginava que havia chance de alguém sair 
absolvido do julgamento de Nuremberg? Toda a evolução do direito internacional penal é no sentido 
de que existem garantias e que haja uma legitimação pelo estrito cumprimento ao devido processo 
legal, fazendo com que os processos assim sejam legitimados. O Tribunal de Nuremberg é a criação 
de um tribunal de exceção; um tribunal pós-factum; havendo muita crítica em relação a Nuremberg. 
Um princípio que é ofendido é a legalidade porque esses crimes não estavam previstos em nenhuma 
lei. Esses crimes são criados por costumes - quando se fala em moralização internacional e o caráter 
sagrado dos Tratados - e falar em uma criminalização por costumes no direito penal vai contra o 
princípio da legalidade. Como compatibilizar as regras do direito penal internacional com as regras 
do direito penal liberal? Tenta-se isso com o tribunal permanente com o Estatuto de Roma, que não 
seja um tribunal de exceção, um tribunal pós-fato, foi assim em Nuremberg e na Iugoslávia 
Em 1945, pelo acordo de Londres, é criado o Tribunal Internacional de Nuremberg, a Inglaterra 
achava que os líderes alemães deveriam ser fuzilados, mas os EUA e a Rússia se mostra favorável 
para o julgamento. Alguns alemães se matam, outros fogem para lugares distantes, e outros se 
entregam. O Direito Internacional Penal aparece quando se pode falar de uma jurisdição penal 
internacional em 1945 com o Tribunal de Nuremberg. 
Cruz Vermelha Internacional, ligado ao direito internacional humanitário, no momento que o 
mosquete entra em cena o grau de periculosidade das armas ficou muito maior e isso passou a atingir 
a população civil, pessoas que não estão no conflito. As armas ficam mais ofensivas e com isso vem a 
ideia da regulamentação da guerra porque os conflitos tem um limite. Mesmo dentro da guerra 
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existem regras humanitárias que devem ser observadas e assim que vem a cruz vermelha 
internacional com os regulamentos da guerra. Em 1945 tem a criação das Nações Unidas e a ideia 
de uma paz perpétua que reinaria após os conflitos e que seria possível trocar a solução bélica pela 
solução diplomática após o julgamento dos criminosos de guerra e com mais tranquilidade para a 
produção fabril se expandiria o capitalismo. A ideia de que julgando os crimes de guerra se 
garantiria uma nova forma de dirimir os conflitos e isso seria feita pela solução diplomática pelo 
julgamento dos criminosos de guerra. 
O Direito Internacional Penal é fundamental um ramo do direito internacional que prevê crimes e 
órgãos de jurisdição internacional que irão julgar os crimes internacionais, sendo um ramo do direito 
internacional. O direito penal internacional é ramo do direito interno que trata de questões 
internacionais como homologação de sentença penal estrangeira, extradição, extraterritorialidade. 
Enquanto o direito internacional penal é um ramo do direito internacional que trata dos crimes e 
dos julgamentos das ofensas contra a sociedade internacional, o direito penal internacional é parte 
do direito interno que trata de questões que dizem respeito a mais de uma nação e o direito 
internacional humanitário é o direito dos conflitos armados. Um ramo do direito internacional que 
regulamenta os conflitos armados tentando proteger pessoas que não participam dos conflitos e 
pessoas que se renderam, sendo um direito que regulamenta os conflitos armados resguardando os 
direitos humanos no cenário de um conflito armado. Ele precede o direito internacional penal. A 
ideia de que a guerra tenha que ser regulamentada seja a semente de se punir o crime internacional. 
As regras do direito internacional humanitário não são penais, mas a suprema violação a esse direito 
é um crime de guerra, sendo o direito internacional penal. Esse momento é interessante na história 
dos conflitos, a guerra moderna é a guerra de unificação da Itália e depois a primeira guerra da 
Crimeia. E ali que começa os primeiros tratados de regulamentação da guerra e a tentativa de um 
tribunal internacional penal para julgar o Kaiser Guilherme (tentativa frustrada) e depois tem 
Nuremberg que é um tribunal penal internacional de primeira geração. 
Fontes do Direito Internacional Penal 
Fontes Materiais: a fonte material do direito é a consciência coletiva de determinada sociedade 
que determina a criação do direito. A fonte material do direito internacional penal é a consciência da 
sociedade internacional que a partir de determinado momento passa a se preocupar com os direitos 
humanos. Os crimes internacionais penais nucleares proíbem condutas de uma intensa violação aos 
direitos humanos, são os crimes tratados pela carta de Nuremberg que são os crimes contra 
humanidade, contra a paz (crimes de agressão) e os crimes de guerra e genocídio. Se não há crime 
sem lei anterior que o defina parece necessária que a conduta esteja tipificada para falar em crime, 
mas o direito internacional penal é um recém nascido considerando os direitos internos então os 
costumes vão ser fontes formais. A fonte material é de onde provêm o direito, a fonte formal está 
formada na forma pela qual se corporifica o direito. A principal ou primária é o Estatuto de 
Roma que não se aplica a todos os conflitos, mas tem regras que diz quando o tribunal penal 
internacional vai ter jurisdição. Tem países que não são signatários do tratado - que votaram contra 
o tratado - e que a princípio não se submetem a jurisdição do tribunal penal internacional, mas a 
falta de um estatuto que faça a previsão dos crimes, que fale dos princípios do direito penal 
internacional a doutrina coloca o estatuto de Roma como fonte principal do direito internacional 
penal o que não afasta outros instrumentos como as convenções - o primeiro crime internacional 
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aparece através de uma convenção versando sobreo crime de pirataria - os costumes: a ideia de um 
crime contra a humanidade vem dos costumes da guerra ou de ir contra à humanidade 
internacional. O direito internacional é consuetudinário, e o direito internacional penal - como 
direito internacional que é - também. Só que então se firma esse conflito porque se é um direito 
penal deveria obedecer às garantias fundamentais cujo o principal é o princípio da legalidade, o 
princípio do devido processo legal. Como conciliar isso com a punição de um criminoso de guerra. 
Os princípios gerais do direito internacional penal e atos unilaterais de organizações internacionais e 
de Estados também são fontes formais do direito internacional penal, como por exemplo, resoluções 
da ONU. A evolução do direito internacional penal é no caminho de uma previsão de 
legalidade. O Estatuto de Roma foi um acordo possível diante dos inúmeros interesses. O fato do 
estatuto estar prevendo a necessidade de existir uma lei anterior para que possa ser considerada uma 
conduta criminosa não tem influência para outros tribunais internacionais o que deixa aberta a porta 
para a incriminação pelos costumes. As garantias individuais estão tentando um lugar ao Sol no 
direito internacional penal. No Tratado de Versalhes já falava que seria criado um tribunal onde as 
garantias seriam asseguradas, mas muitas vezes essas garantias terminam sendo meramente formais. 
O direito internacional é um mix de direitos, a nossa cabeça do princípio da legalidade, ou seja, da 
necessidade de lei escrita está ligada à filiação romano-germânica; para o common law não tem 
legalidade como conhecemos, são os precedentes judiciais que podem criar um crime. Tendo uma 
mixagem em que se trabalha tanto o civil law, como o common law, coisa que no nosso direito interno 
não seria cabível. Tradicionalmente os costumes sempre foram fontes do direito internacional. Há 
uma certa dificuldade porque não há um poder central como Estado nacional que possa ser o 
detentor da função legislativa no nível internacional, então a fonte passa a ser os tratados e os 
costumes, e como ramo do direito internacional que é o direito internacional penal também vai 
admitir isso. Então aqui os costumes passam a ter força de fonte formal do direito internacional 
penal, muito embora para fins do Tribunal Penal Internacional tem que ter uma Lei - que é o 
próprio estatuto de Roma - tipificando previamente a conduta criminosa iluminado pelo princípio 
nullum crimen sine lege que está lá estabelecido. O Estatuto de Roma (estatuto do tribunal internacional) 
vale para fins de julgamento perante o tribunal penal internacional que apenas julgam os quatro 
crimes nucleares já citados, mas não tem como impedir que se trate um tribunal ad hoc. Até a 
tipificação no estatuto, essas ideias vinham do costume da guerra. 
Princípios Fundamentais do Direito Internacional Público adotados no Estatuto de Roma 
Non bis in idem - art. 20 - é uma redação truncada, não sendo algo tranquilo, mas cheio de exceções, o 
tribunal só julga - competência complementar - quando a justiça nacional não tenha julgado, a 
exceção a isso é quando o julgamento foi uma farsa. Um ditador comete crime de guerra e monta 
um tribunal para fazer um julgamento simulado dele, pela regra se poderia ser julgado pelo TPI 
porque não foi um julgamento sério em que se buscou fazer justiça. 
Nullum Crimen Sine Lege - art. 22 - tem países que dizia que precise montar um tribunal penal 
internacional para julgar alguma coisa, vem o princípio da reserva legal, mas nada impede que 
julgue perante outros tribunais, ou seja, não vincula a decisão. 
Irretroatividade ratione personae - art. 24 - julga crimes cometidos após a criação do tribunal penal 
internacional, não julga crimes anteriores praticados; ele só vai julgar crimes cometidos após a 
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vigência do Estatuto de Roma. Não existe a responsabilização da pessoa jurídica no penal 
internacional, a ideia é julgar os responsáveis com responsabilidade individual - art. 25. A defesa dos 
criminosos nazistas era dizer ser um ato de Estado e as ordens eram emanadas as autoridades e que o 
tribunal não tinha competência para julgar atos de Estado porque as questões internacionais eram 
resolvidos entre Estados, mas os generais eram isentos de qualquer tipo de jurisdição e então se 
afirma o direito internacional penal pela responsabilidade individual, sendo subjetivamente julgados 
pelos excessos que se cometeu. O principio da culpabilidade - art. 30 - tem diversas regras no 
estatuto de Roma que estabelece parâmetros de inimputabilidade aos 18 anos, a questão do 
cumprimento de ordem hierárquica, a pessoa que voluntariamente se embriaga é responsável porque 
a ação foi livre na causa. Todos os crimes são dolosos. Art. 28 - comando - ideia de 
responsabilizar os chefes pelos atos dos comandados, sendo arranhado uma responsabilidade objetiva 
como se prescindisse do dolo. A jurisdição é complementar, somente sendo aplicável quando o país 
signatário não julgar a questão, se ele o fizer o tribunal não tem competência para julgar: esse é o 
princípio da complementariedade no art. 1º. Somente julga se a jurisdição tiver sido negada 
pelo país signatário, tem jurisdição de fatos que envolvem os países signatários que não o tenham 
julgado, não pode julgar antes de ter a noção que a jurisdição não será prestada pelo país signatário, 
se tiver oferecido não tem competência. Muitas vezes um nacional de um país que não é signatário 
pode a vir ser julgado se houver um genocídio no Brasil por um americano, eles podem julgar se o 
Brasil não julgar porque o Brasil é signatário, está na jurisdição do Brasil e ele não julgou. Pode ser 
provocado ou iniciar ex-officio e os crimes são imprescritíveis - imprescritibilidade. Discute-se a nossa 
constitucionalidade da nossa adesão ao Tratado que prevê prisão perpétua, por exemplo e a nossa 
imprescritibilidade não é tão ampla. O princípio da entrega diz que o país entregará a pessoa que 
está sendo julgada mesmo se for um nacional e isso vai de encontro com o art. 5. O direito 
internacional penal tem uma vinculação incerta, os signatários estão vinculados por uma ideia de 
firmar um compromisso internacional. 
Aula 20/03 
Na aula passada trabalhamos a diferença de direito penal internacional, direito internacional penal e 
direito penal humanitário. O direito internacional penal é uma parte do direito internacional que 
prevê crimes e penas e institui órgãos jurisdicionais para julgar os crimes internacionais; ramo do 
direito internacional que prevê crimes internacionais e institui órgãos para os julgamentos desses 
crimes. Direito Internacional Penal é a "disciplina que abriga o conjunto de normas e princípios que tipificam os 
crimes internacionais, julgam os acusados e punem os culpados por esses crimes" (José Cretella Neto); vimos 
também o direito penal internacional que é o ramo do direito penal interno que trata de questões 
que dizem respeito a mais de um país. Uma definição antiga é de direito penal internacional é "as 
regras jurídicas, pertencentes ao direito nacional, que se referem ao domínio no espaço das disposições penais 
nacionais" (Franz Von Liszt), essa definição é um pouco econômica porque somente trata da 
extraterritorialidade de qual lei será aplicada para determinados crimes, mas tem a homologação de 
sentença penal estrangeira, extradição são institutos do direito penal internacional. O direito penal 
humanitário é aquele que busca resguardar os direitos humanos no palco de um conflito armado, 
regras que procuram regulamentar o direito na guerra, regras que procuram limitar a violência 
dentro de um conflito armado para resguardar determinados direitos humanos dentro de um palco 
de um conflito armado; mesmo a guerra tem que respeitar determinados limites, aparecendo no 
meio do século XIX quando passa a ter armas com alcances maiores do que uma lança.Vivemos 
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durante anos durante uma época de um medo de um conflito nuclear. A iminência de um conflito 
armado que não deixaria pedra sobre pedra passa a ser necessário resguardar certos direitos, ainda 
não se pensava na guerra nuclear, mas a guerra biológica já estava descoberta. Tem as convenções de 
Haia e de Genebra, cria-se a cruz vermelha internacional: não pode bombardear hospitais, nem 
atirar em militar rendido nem na população civil e esse é o germe do direito internacional penal, 
mas aparece essas regras limitando os conflitos que é o direito penal humanitário. As regras que 
disciplinam essa intervenção da ONU são regras de direito penal humanitário. Há uma mixagem de 
direitos, então o direito internacional penal se materializa nos precedentes judiciais de Nuremberg, 
onde se tipifica o que é um crime contra a humanidade e se for olhar o estatuto do Tribunal Penal 
Internacional tem muita coisa do Tratado de Nuremberg, então se materializa da doutrina, dos 
precedentes judiciais. O direito internacional não tem um órgão legislativo internacional para criar 
os crimes e as penas se baseando nos tratados e nos costumes e nos precedentes. O direito 
internacional humanitário "é o conjunto de normas que procura limitar os efeitos de conflitos armados. Protege as 
pessoas que não participam ou que deixaram de participar nas hostilidades, e restringe os meios e métodos de combate. 
Também é designado por direito da guerra e por direito dos conflitos armados". A guerra biológica é a 
disseminação de genes patogênicos, que é vedado pelo direito internacional humanitário que limita 
métodos de combate. 
Toda a parte do direito penal nacional que trata de questões internacionais compõe o direito penal 
internacional como o conflito positivo de jurisdição que diz respeito ao direito penal no espaço; 
cooperação judiciária internacional em matéria penal. Importante lembrar que essa distinção não é 
seguida por todos os autores, mas vale a pena em uma aula trabalhar essa distinção, mas não é 
seguido por todos. Há quem use como sinônimas as expressões. Na aula passada falamos dos 
conceitos fundamentais e a origem do direito internacional penal e a ideia que o criminoso de guerra 
seja punido também. O surgimento da cruz vermelha internacional é um símbolo do direito 
internacional humanitário. Alguns princípios que são estabelecidos no Estatuto de Roma que é o 
Estatuto que criou o tribunal penal internacional, então para o tribunal não há crime sem lei 
anterior que o defina e isso é importante porque tradicionalmente o crime da reserva legal não é 
acolhido pelo direito internacional, mas o Estatuto de Roma admite; a pessoa não pode ser julgada 
duas vezes, tendo uma jurisdição complementar, ele julga quando o país que tinha competência para 
julgar não o faz. Se o Tribunal Nacional julgou a causa o tribunal internacional não tem 
competência, a competência do Tribunal Penal Internacional aparece com a negativa de 
competência do tribunal nacional daquele país que é signatário, ou seja, Estado parte do 
estatuto de Roma. Se ocorrer no Brasil um crime contra a humanidade e for julgado, mesmo que o 
réu seja absolvido, o tribunal penal internacional não julga; mas se houver a negativa de jurisdição - 
não é julgado normalmente porque é praticado por um chefe de governo, não sendo julgado a não 
ser que perca a guerra - o tribunal penal internacional então realiza o julgamento. São todos os 
princípios adotados pelo Estatuto de Roma. Os princípios de Nuremberg - que estão na carta de 
Nuremberg - muito do que está ali vai ser repetido no estatuto que criou o tribunal internacional 
para a ex-Iugoslávia, para Ruanda e para o Tribunal Penal Internacional. A ideia de 
responsabilidade individual, a ideia de que existe um direito internacional que se sobrepõe às leis 
internas de um país; a ideia de afastar a imunidade de chefes de Estado da punição com base no 
direito internacional, possibilitando que chefes de Estado sejam punidos sem alegar a imunidade 
parlamentar diplomática. O afastamento do princípio da obediência devida do direito internacional 
penal; muito parecido o estatuto de Nuremberg com a obediência hierárquica do Estatuto de Roma. 
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Se olharmos bem os crimes enumerados - crime contra a paz, crime de guerra e crime contra a 
humanidade. A esses vamos acrescer o genocídio, nesse momento ainda não existia o genocídio. O 
genocídio, na verdade, é uma seriação do crime contra a humanidade, ou seja, pegou-se 
alguns crimes contra a humanidade e se resolveu chamar de genocídio, mas essa ideia aparece depois 
de Nuremberg, em 1947, com base na experiência do nazismo (são puníveis com base no Direito 
Internacional). O que ele chamam de crime contra a paz é o que o Estatuto de Roma chama 
atualmente de crime de agressão. Ex: seria um Estado invadir o outro para tomar o território 
como, por exemplo, a invasão russa a Criméia. É qualquer invasão territorial em desobediência aos 
tratados, às normas de direito internacional, se tomou a criméia na mão grande, então seria um 
crime de agressão. A questão da Síria está colocando o Tribunal Penal Internacional em xeque, se 
tem a crítica de que apenas julgaram chefes africanos e mesmo assim poucos. O crime contra a 
humanidade contêm o genocídio, sendo uma especificação de determinadas formas de crime contra 
a humanidade, somente em 1947 é que um jurista polonêns cria o conceito de genocídio e o 
Tribunal de Nuremberg é de 1945. Existe uma convenção da ONU para prevenção e repressão ao 
crime genocídio então os países signatários se obrigam a tipificar esse crime, não por acaso temos a 
nossa lei de genocídio e depois disso já aparece como crime internacional na maioria dos 
julgamentos. 
Princípios adotados pelo Direito Internacional Penal 
Sá falamos dos princípios que estão no Estatuto de Roma, os princípios que vem de Nuremberg e 
tem também os princípios de Princeton sobre jurisdição universal. Jurisdição Universal é um 
princípio de aplicação da lei penal no espaço que estabelece que existem determinados crimes que 
atingem toda a sociedade internacional de maneira que qualquer Estado possa julgá-los porque são 
fatos que estão em jurisdição universal de maneira que qualquer nação pode julgar esses crimes. 
Esses princípios de Princeton aparecem em 2001 quando os juristas internacionais fazem um 
colóquio na universidade de Princeton e criam uma resolução na qual vão estabelecer os princípios 
que todos os países - quando forem aplicar a jurisdição penal internacional - deveriam adotar. É a 
doutrina materializando, não tem exatamente uma força de lei, esses princípios de Princeton não 
foram promulgados por decreto legislativo ou presidencial como são com os tratados, mas terminam 
funcionando como fontes do direito internacional penal porque um país quando for julgar um 
crime com base na ideia de jurisdição universal internacional penal pode adotar um dos princípios 
estabelecidos no colóquio de Princeton. Não temos um órgão legiferante que cria o direito 
internacional penal, pois até os costumes podem criar o direito internacional penal. Trata-se de uma 
disciplina sem bases concretas e muito tempo de evolução jurisprudencial e doutrinária, o direito 
internacional penal é um recém-nascido quando comparado com outros: "no direito internacional 
Deus está morto e o céu está vazio"; recebe a crítica de ser o direito dos países vencedores, dos países 
que dominam a sociedade ocidental. Voltando para a crítica do professor Celso Albuquerque é 
justamente que o direito internacional está ligado a questões políticas; o tribunal penal internacional 
funciona para julgar chefes de Estado africanos, mas não estão querendo se meter na Síria. 
Nuremberg julgou os crimes dos nazistas, mas ninguém julgou a bomba de Hiroshima. Será o direito 
internacional penal um direito dos vencedores? O Estatuto de Roma tenta aresponder a essas 
críticas estabelecendo regras de acordo com o devido processo penal e isso é uma exceção porque até 
então os tribunais que julgavam éramos de exceção, formados para julgar aquele crime; um tribunal 
pós-factum. 
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Os EUA cometeram algum crime internacional ao invadir o território do Paquistão e lá assassinar 
Osama Bia Laden? Se invadiram um país sem ter permissão em Tratados ou da ONU então se 
configura um crime de agressão. O que é um crime internacional? Quais são os limites do direito da 
legítima defesa? Se pode falar em Estado de Necessidade? Um ataque aéreo que matou civis é um 
crime contra a humanidade; revidar um ataque que já havia sido feito não é mais legítima defesa - 
então tem cessado o ataque, deveria submeter essa situação à ONU; ao conselho de segurança da 
ONU. É legítimo o que eles fizeram? Tem que notar que esse conceito de causa e justificação do 
direito penal interno termina sendo um pouco estendido no direito internacional penal e há quem 
diga que uma causa de justificação no direito internacional penal são as represálias. Teria como dizer 
que os líderes que responderam essa represália não cometeram crime? Há quem entenda que não. O 
direito internacional penal não tem uma simetria com o direito penal interno e essa tendência do 
direito internacional a querer justificar condutas dos países vencedores porque são os países 
vencedores que criam os órgãos internacionais, então de alguma forma existe uma certa tendência 
que esses direitos sejam concessivos a essas tendências, atendendo aos desenvolvidos e não aos países 
em desenvolvimento. 
Conceito de crime internacional - a ONU sempre tentou criar um código penal internacional, mas 
nunca deixou de ser uma minuta e dão uma definição de que a conduta tem que estar prevista na 
parte especial do código, mas nunca se criou e nunca entrou em vigência e existem tribunais 
julgando crimes internacionais então essa definição está restrita ao que se pretende ser o direito 
internacional penal porque tem direito internacional penal baseado nos costumes; então crimes 
podem ser criados pelos costumes. Crime internacional é aquela conduta que atinge a moralidade 
internacional. Classificação: vamos trabalhar a diferença de crime internacional em sentido estrito e 
em sentido amplo. O crime internacional em sentido estrito é o que atinge de maneira direta e mais 
grave a própria existência da sociedade internacional, sendo tipificados a partir da carta de 
Nuremberg; falou-se em crimes contra a paz (crimes de agressão), em crimes de guerra, em crimes 
contra a humanidade. Dois anos depois aparece a ideia de genocídio, então esses 4 crimes compõe o 
que seria o núcleo duro do direito internacional penal, sendo crimes internacionais nucleares porque 
compõem o núcleo do direito internacional penal. Então em sentido estrito são esses crimes que 
traduzem a maior preocupação da sociedade internacional que resolveu criar tribunais para julgar 
esses crimes que são os mais graves que atingem de forma mais grave a consciência da sociedade 
internacional, mas tem crimes que a sociedade internacional faz a previsão via tratado de que cada 
um dos Estados-membros do Tratado ficam com a obrigação de punir esses crimes, e diferente dos 
nucleares, serão julgados pelo tribunal de cada um dos países com base na ideia de jurisdição 
universal. Entre esses, os principais, são os crimes em que a previsão via tratado de que os estados-
parte daquele tratado vão julgar e tipificar esses crimes; pirataria em auto-mar, escravidão, tráfico de 
pessoas, tráfico internacional de drogas são crimes internacionais baseado em Tratado. Os crimes 
internacionais em sentido amplo não justificam a criação de tribunais internacionais para julgar 
aqueles crimes, ela simplesmente prever o crime e obriga os Estados-signatários a tipificar e julgar 
esses crimes como os crimes transacionais, ou crimes por contaminação ou difusão, ultrapassando a 
fronteira porque diz respeito a um movimento que se difunde nos países como na primavera Árabe, 
quando começou a render ditadores. Tem uma difusão da ideia criminosa a partir de um Estado que 
vai para outro, sendo uma espécie de crime transnacional de certa forma. Ambos afetam a 
consciência internacional, mas uns afetam de forma mais graves que justifica a criação de um 
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Tribunal internacional para julgar não deixando nenhuma jurisdição nacional julgar esses crimes e 
a própria lei internacional vai tipificar esses crimes. A jurisdição nacional dos Estados que julgam um 
crime internacional em sentido amplo. Na pirataria em auto-mar o país que prende os piratas fica 
obrigado a julgar os piratas; mesma coisa drogas e tráfico de pessoas. A sanção do direito 
internacional penal a um Estado é diplomática, não tem um poder central que possa impor uma 
sanção (a não ser quando é contra os interesses dos EUA). É a jurisdição dos Estados Nacionais que 
irão julgar o crime internacional em sentido amplo, não existe um tribunal penal internacional para 
julgar tráfico de drogas internacional, ou pirataria em auto-mar, ou tráfico de órgãos, ou tráfico de 
pessoas. Essa jurisdição é acometida aos tribunais nacionais. 
Os elementos do crime internacional: a antiga doutrina falava em ato criminoso (que seria a 
conduta criminosa em si) e a mente culpada (que seria o dolo). Na doutrina do direto penal 
falamos em conduta típica, antijurídica e culpável. O direito internacional penal não chegou nesse 
ponto de estabelecer uma teoria do crime. Os autores procuram vislumbrar elementos que a conduta 
tem que ter para ser considerada criminosa que é a conduta em si, a exteriorização. Agora que já 
vimos o que é crime internacional vamos ver os elementos: o elemento material é a conduta 
comissiva ou omissiva e o resultado; o elemento legal é exatamente a lei que tipifica o crime 
internacional; atualmente esse ramo do direito tinha crimes criados pelo costume não tinha o 
elemento legal atual. O elemento do injusto diz respeito a inexistência de uma causa que justifica 
a conduta, diz respeito a ilicitude. O elemento moral é o dolo, a consciência e vontade de cometer 
um crime internacional que são punidos a titulo de dolo, precisa desse elemento moral e o 
elemento penal é a existência deus órgão jurisdicional para julgar aquele crime. A crítica do 
professor Celso diz que o direito internacional penal não tem um sistema legislativo, mas um direito 
penal que permite a incriminação pelos costumes, o que é um contrassenso; ele diz que não é 
necessário uma lei, mas essa incriminação ocorrer pelo costume não impede um tratado que irá fazer 
essa tipificação, mas exigi-lo e se contentar com os costumes é o contrassenso. O Estatuto de Roma 
procurou tipificar o crime internacional que é extensiva: tortura é crime internacional em sentido 
amplo, mas determinadas formas de torturas quando ocasionadas no bojo de um ataque sistemático 
viram um crime de guerra. Determinados abusos sexuais no bojo de um ataque militar de uma 
nação por outra vira um crime contra a humanidade, embora estupro não seja um crime nuclear. 
Hoje, trata-se um Direito convencional que pretende afastar os costumes que é o Estatuto de Roma. 
Dizer que a tortura não é crime contra a humanidade, mas no bojo de um ataque sistemático contra 
a população civil se torna um crime contra a humanidade. 
Causas de Justificação na esfera Internacional: legítima defesa é estendida no direito internacional 
penal comparado com o artigo 25. Vamos lembrar da questão da defesa que pode ser além da 
necessária. Caso Caroline - o navio estava carregado de armamento para os insurgentes no Canadá e 
a Inglaterra bombardeia esse navio por interesses ingleses; quando os EUA começaram a questionar, 
os ingleses disseram que estavam em legítima defesa, mas a rigor foi além do necessário. Isso foi um 
precedente que gerou uma certa distensão doconceito de legítima defesa. É um momento anterior 
ao tribunal penal internacional, aceitando ser um caso de legítima defesa sem questionar se estaria 
além do necessário. A ideia da proporcionalidade foi afirmada no caso Naulilaa - no território 
da Etiópia uma tropa portuguesa por erro de tradução atacou um grupamento alemão e os alemães 
dizimaram a tropa portuguesa e entenderam não ser legítima defesa porque foi desproporcional e a 
ideia que não pode estar em legítima defesa se o ataque já aconteceu. O estado de necessidade 
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discute se pode tornar a conduta lícita porque afinal somente alguns países tem força para agir em 
Estado de Necessidade e poderia ser usado pelos poderosos para invadir países com menos força 
militar; a ideia de um Estado de Necessidade ser reconhecido como causa de justificação da conduta 
é duvidosa. Já a represália que dá ao Estado o direito do emprego da força militar como resposta ao 
ataque; a legítima defesa exige que seja uma agressão que está acontecendo, mas se já acabou se 
torna uma represália; represália é o uso de força militar contra uma organização em que já 
terminou a agressão, devolvendo o que foi feito a você, sendo uma causa de justificação da conduta 
para alguns autores, sendo um direito de um país agredido e portanto exclui o crime internacional, 
não muito admitido hoje em dia. Retaliações são medidas não militares que se traduzem em 
embargos econômicos e represálias são militares. 
Aula 27/03 
Começaremos a falar de Direito Penal Internacional. Dentro daquela nossa divisão da matéria: o 
direito internacional penal como um ramo do direito internacional que tipifica crimes e comina 
penas e o direito penal Internacional como um ramo do direito penal internos dos países que trata 
de questões internacionais que dizem respeito ao interesse de mais de um Estado. 
Fundamentos do Direito Penal Internacional 
Princípios da Aplicação da Lei Penal no Espaço 
Caso 1: a brasileira X, pretendendo praticar aborto, faz contato com uma organização holandesa de 
nome Woman on Waves, a qual envia para o Brasil um navio de sua propriedade que busca X no 
porto do Rio de Janeiro levando-a para o auto-mar, onde é realizado o aborto por uma equipe 
médica. Após isso o navio deixa X novamente no porto do Rio de Janeiro e volta para a Holanda. X 
poderá ser punida pela justiça brasileira? Cite o fundamento legal da resposta. Art. 5º e 7º CP - traz 
o princípio da territorialidade o art. 5º; o crime não foi praticado em território nacional, mas em 
auto-mar e não estava dentro de uma navegação a serviço do governo; em casos que tem interesses 
na punição trata-se da extraterritorialidade no art. 7º: tem que ter as condições de ter o agente 
entrado no Brasil e ser punível também no país em que foi praticado e como na Holanda não é 
punido então a lei não se aplica ao fato. Essas condições só se aplicam ao inciso II, tendo que estar 
presente todas as condições previstas no §2. O inciso I traz as hipóteses incondicionadas, não 
precisando de condições para se aplicar a lei brasileira. Então, faltando uma das condições, embora 
haja crime, não há a aplicação da lei brasileira. Vamos falar desses princípios de aplicação da lei de 
um Estado dentro de um território, esses princípios são universais e vamos ver que princípios são 
esses: lei penal no espaço trata da indagação de dentro do espaço físico quais crimes serão julgados 
de acordo com a lei brasileira, e existem diversos princípios que estabelecem a jurisdição de um 
Estado Nacional o poder de julgar determinados crimes. O critério mais evidente é o da 
territorialidade, um país julga um crime cometido dentro do seu território, só que para isso tem que 
saber qual é o Lugar do Crime previsto no art. 6º do CP: a teoria da ubiquidade porque 
normalmente o princípio de aplicação da lei penal mais privilegiado é o da territorialidade, mas se o 
Brasil adotasse a teoria da ação; o lugar do crime é onde ocorreu a ação e um argentino mandasse 
uma carta-bomba da Argentina para o Brasil e a carta explode aqui. Com isso poderia haver o 
conflito negativo da jurisdição - que ocorreria se o Brasil adotasse a teoria da ação e a Argentina a 
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teoria do resultado - e por isso se adota o princípio da ubiquidade - sendo onde aconteceu a ação 
como onde aconteceu o resultado, sendo o crime ocorrido em ambos os locais. Se no exemplo da 
carta bomba o Brasil adotasse a teoria da ação e a Argentina do resultado o crime não teria ocorrido 
em lugar nenhum, sendo corrente que os países adotem a ubiquidade para evitar o conflito negativo 
de jurisdição. Então um país julga os crimes cometidas dentro do seu território. O conceito jurídico 
de território abrange o território real que é composto da plataforma terrestre, do mar territorial, dos 
rios e dos lagos, mas também do chamado território ficto. §1º - então um navio da marinha de guerra 
brasileira pode estar em qualquer lugar do mundo se um crime for praticado dentro dele aplica a lei 
brasileira por ser um extensão do território. Se for um navio privado brasileiro em auto-mar é 
território nacional, sendo julgado de acordo com a nossa lei se houver um crime cometido. 
Territorialidade adota no art. 5 e os seus parágrafos, território real e o território ficto que são as 
embarcações e aeronaves brasileiras (ler artigo). A aeronave ou embarcação estrangeira que esteja em 
território brasileiro também vamos aplicar a lei penal brasileira e somente aplicamos a nossa lei se 
houver previsão legal; existe uma hipótese em que o crime é cometido dentro do território nacional e 
não vai ter jurisdição que são os casos de imunidade diplomática; para ter jurisdição tem que caber 
no art. 5 ou 7 para responder questões de lei penal no espaço - trazem as rubricas. 
O segundo princípio é o princípio da personalidade ou nacionalidade; esse princípio é adotado no 
art. 7º, II, b) e no §3º - um país julga os crimes praticados por um seu nacional - personalidade ativa - 
ou contra um seu nacional - que é a personalidade passiva. Um país não extradita nacionais seus, e 
então se não extradita você tem que julgar. Já que não extradita, a gente julga, esse princípio está 
adotado na nossa legislação sob a rubrica de extraterritorialidade condicionada, por isso que X não 
vai ser julgada porque não está presente uma das condições exigíveis para a aplicação da lei 
brasileira. Por isso é que o brasileiro que vai para um país em que o porte de drogas é permitido não 
pode responder por crimes no Brasil, por isso essa prática de ir para auto-mar até para a jogatina. 
Existe as 3 teorias: da ação, do resultado e da ubiquidade; nós no Brasil praticamos da ubiquidade. 
De acordo com esse princípio um país julga os crimes praticados pelo seu nacional ou contra seu 
nacional aonde quer que tenham sido praticados, o país adota esse princípio, mas não em termos 
absolutos, sendo condicionada tendo que está prevista as condições do §2º do art. 7 do CP. O terceiro 
princípio é defesa ou real objetivo; um país julga crimes praticados contra bens jurídicos de sua 
titularidade aonde quer que tenham ocorrido. Se olharmos o que está no inciso I, a, b, c do art. 7º do 
CP: o Brasil adota esse princípio sob a rubrica de extraterritorialidade incondicionada, não tendo 
nenhuma exigibilidade para aplicar a lei brasileira. Os requisitos do §2º não são exigíveis aqui, pode 
ser que na Índia a falsificação de moeda não seja criminalizada, mas mesmo assim aplicados a nossa 
lei. O crime não foi praticado no brasil, mas foi por brasileiro com o princípio da personalidade 
ativa, se estiverem presentes os requisitos do §2º tem a aplicação da lei brasileira, agora se faltar 
qualquer das condições não julgamos; agora, se a vítima fosse o Presidente da República aplica-se a 
extraterritorialidade incondicionada. 
Art. 7, I, b) - crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, se alguémfalsificar moeda 
brasileira na Índia vai ser julgada porque as regras de extraterritorialidade não está submetida às 
condições do §2º. 
Outro princípio é o da justiça universal ou cosmopolita: um país tem jurisdição para julgar todos os 
crimes praticados aonde quer que se encontre, o Brasil adota esse princípio ora como 
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extraterritorialidade incondicionada ora como condicionada, porque tem crimes que atingem toda a 
comunidade internacional e para esses crimes qualquer país pode julgar para que não fique impune. 
Isso aparece com a pirataria em auto-mar, sendo considerado o primeiro crime internacional, então 
veio resoluções que quem prender o navio pirata vai ter jurisdição para julgar o ato de pirataria. Art. 
7, I, d) e II, a) - se o Brasil faz um tratado que obriga a reprimir determinado tipo de crime, onde ele 
tiver sido praticado se aplica alei brasileira desde que presente as condições descritas no §2º neste 
caso do inciso II; no caso de genocídio a extraterritorialidade é incondicionada. Finalmente, outro 
princípio é o da bandeira, representação ou do pavilhão que diz que um país tem jurisdição em 
relação aos crimes praticados em uma aeronave de natureza privada que se encontre em território 
estrangeiro e nele não seja julgado - art. 7º, II, c) - praticados em embarcações e aeronaves de sua 
bandeira de propriedade privada que estejam em território estrangeiro e lá não forem julgados. Se 
não for punível no país em que foi praticado então não aplica a nossa a lei, aplicará se ele for 
punível, mas não for punível. Ex: houve um homicídio a bordo de um navio brasileiro privado nas 
águas venezuelanas, se eles não julgarem nós temos competência para julgar, mas se for mesmo que 
tenha sido absolvido já não tem jurisdição. 
Já vimos a questão do lugar do crime, assim como já vimos o que é extraterritorialidade 
incondicionada. Aquela que está no art.7, I. E já vimos o que é territorialidade condicionada que 
está no inciso II. Territorialidade é sempre incondicionada a exceção se o autor tem imunidade 
diplomática. Tem uma exceção na lei de tortura no art. 2 da Lei 9455/97: nesses casos em que a 
princípio seria vítima brasileira - se não tivesse essa regra a extraterritorialidade seria condicionada, 
mas essa lei faz uma exceção, aplicando a lei brasileira mesmo que não estejam previstas as 
condições do art. 7, II, sendo uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada prevista na lei de 
tortura. Tem outra exceção no caso das contravenções penais: não existindo extraterritorialidade da 
lei brasileira, somente punindo o que aconteceu no território brasileiro. Art. 2º da Lei 3688/41 que é 
a lei das contravenções penais. 
Aula 03/04 
Unidade 2 - Fundamentos do Direito Penal Internacional 
2.2 - Conflito Positivo de Jurisdição 
Solução (ne bis in idem) 
Art. 8º, CP - 1ª parte - diferenciação qualificativa 
2ª - diferenciação quantitativa 
2.3 - Homologação de Sentença Penal Estrangeira - art. 9º CP 
A solução do PLS236 
2.4 Imunidades Internacionais (art. 5º, caput, CP) 
Diplomáticas (CVSR D-DEC. 56435/1965) - material ou inviolabilidade: art. 29 CVSRD 
- formal ou Jurisdição - art. 31 CVSRD 
Consulares (CVSRC - DEC. 61078/67) - formal - art. 43 CVSRC 
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- material - art. 41 CVSRC 
Estamos na nossa unidade 2: lembrando da dicotomia de direito penal internacional e direito 
internacional penal que nem todos os autores aceitam tratando como sinônimo, mas nós 
trabalhamos com a diferença entre eles entendendo o direito penal internacional como um ramos do 
direito penal interno que trata de questões internacionais. Vimos a questão dos princípios de 
aplicação da lei penal. Princípios que atribuem às diversas jurisdições o poder de apreciar casos 
penais. O mais importante e o mais prestigiado deles, por motivos óbvios, é o princípio da 
territorialidade porque é evidente que o país queira julgar os crimes que aconteçam dentro do seu 
território e, por exceção, queira julgar crimes que aconteçam fora do seu território. O princípio da 
territorialidade não é absoluto, existindo situações que os autores chama de infra-
territorialidade, ou seja, quando acontece o crime dentro do território do país e ele não tem 
jurisdição para julgar. E as hipóteses que no nosso código estão reunidas sob a designação geral na 
extraterritorialidade e cada hipótese é um princípio: princípio real objetivo da defesa, princípio da 
personalidade ativa e passiva, entre outros. Todos esses princípios são adotados de maneira parcial 
no código penal brasileiro sobre a rubrica de extraterritorialidade. Em algumas situações, como 
vimos no caso do aborto, essa extraterritorialidade é condicionada, ou seja, só vai aplicar a lei penal 
brasileira crimes cometidos fora do território nacional se estiverem presentes determinadas 
condições. Em outras hipóteses essa extraterritorialidade é incondicionada, ou seja, vamos aplicar a 
lei penal brasileira a crimes cometidos no estrangeiro independente de qualquer condição. Pela 
redação do art. 7º CP parece claro que na extraterritorialidade incondicionada há um interesse 
maior porque o crime atinge interesses nacionais de uma maneira mais grave do que da 
extraterritorialidade condicionada. O §1º do art. 7º do CP diz que se aplica a lei brasileira nesses 
casos (de extraterritorialidade incondicionada) mesmo que o agente tenha sido condenado ou 
absolvido no exterior, havendo um interesse maior quando comparado com a extraterritorialidade 
condicionada que vai depender de várias condições - da extraterritorialidade condicionada dispostas 
no §2º do art. 7º CP - que tem que estar presentes concorrentemente todas elas para haver a 
aplicação da nossa lei. Quer dizer então que no caso de extraterritorialidade incondicionada o sujeito 
pode ser condenado ou absolvido no estrangeiro que vamos julgar de acordo com a nossa lei? O 
problema disso é o bis in idem, que o sujeito cumpra a mesma pena duas vezes que vai contra o 
princípio geral que não pode ter duas aplicações sobre o mesmo fato. Mesma coisa é na dosimetria 
da pena em que a mesma situação não pode apenar duas vezes. 
A teoria da ubiquidade diz que o lugar do crime é da ação ou do resultado então fica difícil ter 
um conflito negativo de jurisdição, normalmente acaba que o crime acontece nos dois países, não 
ficando sem uma jurisdição para julgar, o que pode acontecer são os dois quererem julgar e 
resolvemos a situação com o art. 8º do direito penal que não permite o bis in idem. Vamos dizer que 
um sujeito foi punido em um país a prestação de serviço comunitário e o outro foi punido há 5 anos 
de reclusão. Como tirar o serviço de 3 anos de reclusão ou como tirar tempo de prisão de multa? São 
grandezas de qualidades diferentes, então a única solução que tem é que a pena no estrangeiro 
atenue a pena no Brasil. Como a pena é de qualidade diversa eu diminuo para compensar o que já 
cumpriu no outro país. Se quer aplicar a lei independente do que a outra jurisdição achar isso 
acontece. A segunda fala que nela é computada quando idênticas, sendo uma forma de detração 
muito embora a detração seja sobre o que vier a ser condenado; as penas são da mesma natureza, 
mas de quantidade diferente; a pena é computada o que não deixa de ser uma forma de detração. 
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Ex: o sujeito foi condenado por 5 anos no estrangeiro e cumpriu e no Brasil foi condenado a 3 anos, 
mas não pode existir a figura do crédito penal; se tiver um crime por fato anterior ele pode até 
compensar, mas não por fato posterior porque não pode ficar com crédito. O mesmo caso do sujeito 
que cumpriu prisão provisória e foi absolvido, mas se houver condenação por fato anterior pode 
haver a detração, fazendo essa compensação, mas não por fato posterior pois crédito penal é algo 
que não é factível. A detração sempre pensamos em um mesmo processo, mas é possível em processodistintos. 
O art. 9º CP trata de homologação de sentença penal estrangeira: não pode existir homologação de 
sentença penal estrangeira para submeter o réu de execução da pena, pois isso é questão de 
soberania, então não pode submeter o réu a execução da pena. O que é possível é a extradição para 
que o sujeito vá para o país cumprir a pena. Sempre se entendeu que seria absurdo porque passa 
pelo princípio de extradição que a sentença estrangeira fosse homologada para cumprir pena sendo 
uma delegação de soberania. Homologa para os fins de reparação do dano ex delicto e medidas de 
segurança - é a sanção estabelecida para os inimputáveis, havendo de uma certa forma uma 
execução sendo uma burla de rótulos; atualmente o STF já entendeu que o sujeito não pode ficar 
mais que o máximo da pena prevista para o injusto que ele cometeu, não podendo colocar a pessoa o 
resto da vida em medida de segurança e o caminho é de assimilar que a absolvição imprópria não 
pode ser perpétua; o projeto do Senado 236 é previsto a homologação de sentença de estrangeira 
para fim de cumprir pena. O dogma é não executar pena de países estrangeiros por que ficará sujeito 
a qual juízo de execução? No PLS 236 sob a justificativa que o país se tornou um valiacouto de 
criminosos internacionais pretende homologar sentenças estrangeiras e execute aqui o que gera 
problemas porque não se sabe qual lei de execução aplicar; se a do outro país for mais benéfica há 
um cumprimento da pena com um grau de rigor que não é do país que foi punido. Ex: a progressão 
de regime em um marco temporal mais baixo; e qual será o espaço para a extradição? Parece que 
são institutos que estão sobrepostos. 
Imunidades Internacionais - o art. 5º fala que sem prejuízo de regras e tratados de direito 
internacional aplica-se a lei brasileiro ao crime cometido no território nacional, mas pode ser que 
tratados e convenções e regras de direito internacional subtraiam a jurisdição; sendo algo que vem 
do direito das gentes e dá aquelas pessoas que tem a função de representar o seu país em outro 
estado uma imunidade penal, isso diz respeito ao representante que tem a sua cultura e carrega o seu 
ordenamento jurídico. Se você aceita o representante do país então tem que dar uma imunidade 
para ele, ele não se submete ao direito penal do estrangeiro. Imunidades previstas em duas 
Convenções: de Viena sobre relações diplomáticas e sobre relações consulares. Nas diplomáticas são 
mais rigorosas e nas consulares são menos rigorosas. Quem são as pessoas que se submetem a isso? 
Os agentes diplomáticos, incluindo o diplomata de carreira, ou o chefe de Estado e de Governo que 
está vindo representar seu estado, ou vem como um representante comercial. Então, agentes 
diplomáticos: chefes de Estado e de governo e suas comitivas, embaixadores e membros do pessoal 
da missão que forem diplomatas - art. 1º da Convenção de Viena das Relações Diplomáticas - Estado 
acreditante é o que entrega a credencial e o acreditado é o que recebe a credencial. Art. 29 da 
CVRD: o sujeito é diplomata, a polícia descobriu que ele está cometendo um crime registra a 
ocorrência e manda para o Itamaraty, mas não pode deter de nenhuma maneira, não pode iniciar 
um inquérito policial, nem instaurar uma ação penal, dando andamento para atos persecutórios que 
tendem a uma pena que não poderia ser aplicada. Art. 31 - imunidade de jurisdição, então sequer 
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pode ser processado ou abrir um inquérito policial. Há uma certa confiança entre países. Essa 
imunidade se estende aos familiares. Art. 14.1 CVSRD - chefes de missão também são agentes 
diplomáticos e também detêm a imunidade. Familiares - art. 37.1 - membros da família que vivam 
com o agente diplomático vão ter as mesmas imunidades mas não pode ser nacional do Estado 
acreditado porque é uma forma de subtrair o Estado à jurisdição do seu nacional; não pode tirar o 
nacional da jurisdição do seu Estado. O agente diplomático não é somente o diplomata de carreira, 
mas não engloba os agentes consulares. 
Membros técnicos e administrativos - 37.2 - um tradutor, por exemplo, ele não é chefe de missão 
assim como não é um agente diplomático por não ser um diplomata de carreira: esses membros do 
pessoal técnico administrativo, desde que não sejam nacionais do acreditado e nem nele tenha 
residência permanente, gozam dos privilégios do 29 a 35 mesmo não sendo agentes diplomáticos. O 
cônsul está submetido a uma outra convenção de Viena: imunidade formal do cônsul - art. 43 
CVSRC - o cônsul tem imunidade de jurisdição para atos praticados no exercício das funções 
consulares. Então, por exemplo, no exercício da função consular usou um documento falso: não 
podendo ser processados pelo Estado acreditado para atos praticados no exercício da função 
consular eles tem imunidade de jurisdição. Agora, se for pego com drogas, isso não tem haver com o 
exercício da função consular e então pode ser processado. Já a imunidade material a doutrina diz 
que o cônsul não tem imunidade material, todavia o art. 41 da convenção prevê uma restrição, não 
podem ser presos preventivamente - quanto a prisão em flagrante a discussão é tormentosa, fato é 
que para se prender preventivamente necessário que tenha um despacho; a impressão que dá é se for 
preventiva por crime grave; por crime que não seja grave não pode ser preso nem preventivamente. 
Salvo no caso da sentença condenatória transitada em julgado você só prende um funcionário 
consular por crime grave e com decisão judicial fundamentada sendo um representante de outro país 
tendo essa restrição para a prisão. 
Aula 10/04 
No direito internacional Deus não existe. A ação do Trump se justifica por usar crime de guerra e 
fazer a represália? Essa causa justifica a conduta? Quem que pode lançar mão? Só as potências 
favorecidas ficando essa questão para ser resolvida. Os EUA não são signatários do Tratado de 
Roma, a Síria também não, assim como a Rússia também não é, mas o Conselho de Segurança pode 
submeter o caso ao Tribunal Penal Internacional por ser uma atribuição a ele conferida. Tem a 
jurisdição complementar ocorre com os signatários. Art. 13 do Estatuto de Roma - Mazzuoli. 
Direito Penal Internacional - Extradição 
2.5 - Extradição 
- Conceito 
- Diferente para deportação 
- Diferente para exportação 
- Princípios: 
A) Legalidade 
B) Especialidade 
C) Duplatipicidade 
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D) Comutação 
E) Jurisdicionalidade 
F) Ne Bis In Idem 
G) Reciprocidade 
- Sistemas Extradicionais: A)Puramente administrativo, B) ampla revisão ou anglo-saxônico, C) 
Delibação ou Misto (vinculante ou não vinculante). 
Extradição é um ato de cooperação judiciária internacional, quando o Estado reclamava a 
entrega de alguém para ser processado vinha como uma ameaça de guerra, com a evolução das 
práticas judiciárias se começou a ser um ato de cooperação submetido a determinadas regras. 
Conceito do Fragoso: "ato pelo qual um Estado entrega a outro pessoa acusada ou condenada, para que seja julgada 
ou submetida a execução da pena" (Fragoso). A extradição é um instituto pelo qual um Estado reclama a 
outro que entregue uma pessoa ou porque ela já está condenada e quer executar a pena - extradição 
executória - ou porque está respondendo o processo foragida - extradição instrutória -, adiantando 
que o STF que julga os pedidos de extradição passiva em relação ao Estado que recebe o pedido, 
mas se o Brasil quiser pedir alguém é ativa. Ativa em relação ao Estado que reclama a pessoa e 
passiva perante o qual a pessoa está sendo reclamada. No Brasil, o pedido de extradição passiva são 
julgados pelo STF. Não entregamos qualquer pessoa de qualquer maneira porque se o réu tem 
determinadas garantias não vou entregar a alguém que não dê as garantias tendo toda a disciplina 
para a extradição passiva. A CF estabelece limites para a extradição e o Estatuto do Estrangeiro 
regulamentaesse instituto no Brasil - Lei 6815. A extradição é um ato de cooperação judiciária, 
tendo uma parte diplomática inserida no executivo e uma parte que é judicial. Tanto na passiva 
quanto na ativa. Algum juiz pede a extradição vai para o ministério das relações exteriores e pede a 
extradição e na passiva julgamos se vamos entregar ou não. Não confundir extradição com 
deportação que também está prevista na lei 6815 e o que ela tem de comum é que importa em 
uma saída compulsória, mas na extradição alguém cometeu o crime e na deportação o estrangeiro 
está em situação irregular no país, sendo a saída compulsória do estrangeiro pela sua situação 
irregular prevista nos artigos 57 e seguintes do Estatuto do Estrangeiro. É um instituto que não se 
relaciona com o direito penal, mas um processo administrativo que não passa pelo crivo do 
judiciários na deportação. Fundamentalmente é uma matéria de direito administrativo. A expulsão 
está prevista no art. 65 e seguintes, quando o estrangeiro é indesejável pelo seu comportamento 
podendo ser simplesmente expulso mesmo em situação regular e sem ter cometido o crime; como o 
fato de ter o vírus do ebola. Lógico que tem uma regulamentação administrativa que incide sobre o 
estrangeiro também. Art. 65 da Lei 6815. 
A extradição fica sujeita a determinados princípios que em geral estão positivados na lei de cada país, 
no nosso país na lei 6815. Legalidade significa que somente pode haver a extradição se houver lei 
anterior tipificando o delito, não pode extraditar alguém se ao tempo do fato não previa como 
criminoso. Não se considerará a extradição quando não for crime nos dois lugares na época que foi 
cometido - art. 77.2, sendo esse o princípio da legalidade. Especialidade significa que o 
extraditado não pode ser julgado ou submetido a pena que não seja relativa ao crime que autorizou 
a extradição. Isso está no art. 91, I do Estatuto do Estrangeiro. Existem crimes que a gente não 
extradita, imagina que alguém foi extraditado por um fato que é crime no Brasil, mas quando chega 
lá tem também um crime político para ser julgado que o Brasil não extraditaria se estivesse no 
pedido. Isso cria um incidente diplomático porque a regra é se pediu para extraditar pelo crime de 
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tráfico de drogas não pode julgá-lo por um outro crime; então o Estado que requer fica submetido a 
condição de não julgar por fato anterior ao pedido, tendo que fazer um pedido de extensão 
depois para poder julgá-lo sem gerar um incidente diplomático. Depois que o sujeito já foi entregue e 
comete um outro crime não interessa, mas se for anterior interessa porque pode ser que pelo crime B 
não teria extraditado, mas se extraditou porque veio no pedido o crime A. O princípio da dupla-
tipicidade: o fato tem que ser crime no Brasil e no país estrangeiro, se não for crime no Brasil não 
se extradita; o princípio da legalidade está ligado a anterioridade que já tinha que estar previsto 
como crime antes da ocorrência do fato. Princípio da Comutação - comutar penas é substituir 
penas, é mudar a pena, e nós só extraditamos se o Estado que pedir for minimamente respeitar os 
direitos humanos que reconhecemos a qualquer pessoa. Se um Estado pede a extradição para impor 
a pena de morte, então o Brasil exige que o Estado requerente se comprometa a comutar a pena e 
isso está no art. 91, III do estatuto do estrangeiro. Uma discussão interessante é no caso de prisão 
perpétua, tendo o STF uma jurisprudência meio vacilante quanto a isso; atualmente também está 
exigindo que não seja cumprido mais de 30 anos fazendo isso com base na detração. Se vamos exigir 
que ocorra a detração do tempo que ficou preso aqui não pode haver prisão perpétua. A nossa lei 
não fala que temos que pedir que a pessoa não seja submetida por mais de 30 anos, mas por uma 
interpretação sistemática do ordenamento jurídico o posicionamento do STF é de exigir também 
que não seja aplicada a prisão perpétua. A pena corporal ou de morte deve ser comutada em pena 
de privação da liberdade com a ressalva em que o Brasil admite a pena de morte que são crimes em 
tempos de guerra por agressão estrangeira - art. 84, XIX, CF - podendo haver a pena de morte 
prevista no código penal militar. O STF tem entendido se estabelecer o limite já que não admitimos 
um cumprimento perpétuo de pena privativa de liberdade, sendo feita uma interpretação sistemática 
do ordenamento. Jurisdicionalidade - o extraditado não pode ser julgado e submetido a um juízo de 
exceção, criado pós factum; art. 91 não é caso de indeferimento como no 77, mas não entrega se o 
Estado não se submeter a essas condições. No 77 impede a extradição e o 91 impede a entrega 
mesmo concedido a extradição. Art. 77, VIII - não se admite a extradição se o extraditado for 
submetido a um juízo de exceção. Ne bis in idem, se o Brasil é competente para julgar o fato não 
extraditamos; se você julga você não entrega e se você não julga a princípio você entrega; isso está no 
art. 77, III. Se temos jurisdição sobre o fato e há indícios de autoria e materialidade prevalece o 
princípio da obrigatoriedade, sendo caso de indeferimento da extradição. Tem ainda outro aspecto: o 
primeiro é não extraditar se julga e o segundo é que o tempo de prisão no Brasil tem que ser 
imputado na pena imposta no país requerente. Quando vem o pedido de extradição, expede um 
mandado de prisão cautelar para análise do pedido e esse tempo que ficou preso tem que ser 
computado na pena que o sujeito vai cumprir no país estrangeiro estando no art. 91, II, sendo um 
outro aspecto do princípio de não ser penalizado duas vezes pela mesma circunstância. A extradição 
exige tratado ou promessa de reciprocidade, estando no art. 76 do Estatuto do Estrangeiro; se 
tiver um tratado as partes convencionam em que condições extraditam os criminosos e os países 
prometem reciprocidade e se compromete a extraditar também. 
Sistemas Extradicionais 
Em um primeiro sistema - puramente administrativo - quem julga os pedidos de extradição é uma 
autoridade administrativa não passando pelo crivo do poder judiciário, ou seja, as extradições 
passivas são julgadas pela autoridade administrativa o que não é o nosso sistema, o sistema que 
menos confere garantias ao extraditando porque não passa pelo crivo do juiz de direito. O oposto é o 
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princípio da ampla revisão ou anglo-saxão: se pede uma extradição e vou julgar o caso inteiro 
fazendo um segundo processo para ver se vou extraditar ou não, é o que dá mais garantia ao 
extraditando porque analisa todos os aspectos do caso inclusive se tem prova ou não para condenar e 
o princípio da delibação ou misto - tocar levemente com os lábios - somente analiso 
perfunctoriamente, mas o pedido de extradição é julgado pelo órgão jurisdicional, mas não entra nas 
minúcias do processo, apenas vai ver se os requisitos estão presentes. Se é crime em ambos os lugares, 
se tem algum impedimento para a extradição, não havendo uma ampla cognição sobre o crime 
praticado e esse sistema pode ser vinculante ou não. No vinculante a decisão do poder judiciário 
vincula a autoridade administrativa então se o judiciário não conceder o Presidente não pode dar a 
extradição; compete a autoridade administrativa fazer a extradição e ela não está vinculada ao que o 
judiciário falou e na extradição passiva a administração não está vinculada ao que o judiciário 
passou, mas na ativa é vinculante porque se o poder judiciário pede a extradição não cabe ao 
executivo dizer que não. Então a ativa é vinculante, mas na passiva a decisão do judiciário não 
impede a extradição. O que é não vinculante é quando é concedida a extradição, quando ela é 
negada ela é vinculante, não podendo o Presidente da República autorizar, mas quando ele autoriza 
é não vinculante. Se o pedido de extradição passiva for negado pelo STF essa decisão é vinculante, 
não podendo o Presidente autorizar,mas se for autorizado pelo STF, o Presidente pode discordar e 
não realizar a entrega, como aconteceu no caso do Cézare Battisti, pois o presidente entendeu que se 
tratava de crime político. Na ativa não tem o julgamento, o juiz faz o pedido e é encaminhado pela 
via do Ministério das Relações Exteriores. Só analisa se os requisitos da extradição estão presentes, 
não tendo uma ampla cognição sobre matéria probatória sobre as questões do processo. Não 
aprofunda a cognição, somente analisa os requisitos de admissibilidade 
Espécies: 
- Ativa/Passiva 
- Voluntária/Imposta 
- Instrutória/Executória 
- Reextradição 
- Extensão 
- De direito/de fato 
É ativa em relação ao país que pede a extradição e passiva com relação ao país que recebe o pedido 
de uma jurisdição estrangeira para extraditar alguém. É voluntária quando o extraditando concorda 
e é imposta quando o extraditando resista, mas mesmo que ele concorde se vai analisar os requisitos 
legais da extradição; a concordância não exonera o STF de analisar os requisitos. Mesmo que seja 
voluntária se vai analisar os requisitos podendo ser indeferido. Na instrutória o pedido é feito para 
que alguém seja processado e na executória a pessoa já está condenada e o pedido é feito para que a 
pessoa seja submetida a execução da pena. A reextradição é quando após a extradição um terceiro 
Estado pede a extradição, sendo o sujeito extraditado duas vezes. O pedido de extensão da 
extradição é quando um país que já recebeu o extraditando quer julgar o réu por fato anterior ao 
pedido de extradição, tendo que pedir uma extensão da extradição; sendo um pedido para que uma 
extradição já concedida seja estendida para fatos anteriores ao pedido original. O pedido de 
extradição é de direito quando passa pelo crivo do judiciário, mas em algumas situações existe a 
extradição de fato em que a polícia da fronteira entrega diretamente para a outra, não passando pelo 
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crivo do judiciário. Tem situações em que não se tem delimitada a fronteira e uma polícia entrega 
para outra. 
Aula 17/04 
Limitações à Extradição 
a) Nacionais - art. 5º, LI, CF 
b) Crimes Políticos ou de Opinião - art. 5º, LII, CF 
c) Delitos Religiosos, de imprensa, fiscais e militares próprios 
Definição de Crime Político - Teoria Mista, Critério Extensivo. 
a) Crimes Políticos Puros 
b) Crimes Políticos Relativos 
- Critério da Prevalência; art. 77, §1º, EE 
- O princípio non refoulemente 
Institutos de proteção face à criminalização política: asilo territorial diplomático e refúgio. 
Extradição 
O nosso sistema é o da delibação ou misto não vinculante no sentido de que não re-julga o caso para 
conceder a extradição, somente analisando aspectos judiciais. A decisão judicial não vincula o poder 
executivo quando autoriza, podendo o executivo não entregar, mas vincula quando desautoriza. Se o 
STF não autorizar o presidente da república não pode extraditar. Tem limitações e algumas delas é a 
extradição de nacionais - art. 5º, LI, CF -, o brasileiro nato não pode ser extraditado salvo se perder 
a nacionalidade e mesmo assim tem discussão se a pessoa deixa de ser brasileiro nato ao optar por 
outra cidadania. Esse caso é o caso de uma mulher que se naturalizou americana, matou o marido e 
fugiu para o Brasil. Ainda que seja discutível, houve esse entendimento. O brasileiro nato enquanto 
nato não pode ser extraditado; o naturalizado se tiver praticado um crime comum antes da 
naturalização ou se tiver um envolvimento com o tráfico ilícito de entorpecentes. Os crimes políticos 
ou de opinião está no art. 5º, LII, CF. O que afinal de contas é crime político? Existe uma teoria 
objetiva diz que crime político é aquele que atinge o bem jurídico político, a ordem social 
política estatal. Já o critério subjetivo diz que crime político é qualquer crime praticado com 
intenções políticas e a teoria mista que diz que crime político é tanto o crime que atingir o bem 
jurídico político como aquele que é um crime comum, mas praticado com finalidade política. A 
teoria mista usa um critério restritivo dizendo que tem que estar presente ambos e o extensivo diz 
que pode ser um ou outro; nós dizemos que o puro atinge o bem jurídico político e o relativo é 
aquele crime praticado com intenções políticas. 
Teoria Mista ou Critério Extensivo (normalmente adotada pela nossa doutrina, mas a nossa lei 
parece inclinada pela teoria objetiva porque fala de delitos conexos que corresponde na teoria mista 
aos crimes políticos relativos): como a nossa lei fala em crimes conexos - que correspondência na 
teoria mista aos crimes relativos - parece que ela adota o critério objetivo. A nossa doutrina que 
trabalha a teoria mista - o critério extensivo - que parece ser mais correta. Definição de Crimes 
Políticos: "Praticado contra ordem política do Estado, assim como todo delito de qualquer natureza impulsionado por 
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fins políticos" (Cuello Cálon). Os crimes políticos puros são aqueles que atingem um bem jurídico do 
Estado, a ordem política, "atingem a organização política do Estado - integridade do território, 
independência, crimes eleitorais, etc. são os crimes contra a ordem política e os crimes relativos são 
os crimes comuns inspirado por intenções políticas. As condições para a concessão da extradição 
podem ser negativas (77) ou positivas (76). Uma condição negativa é ser crime político. Se o crime 
comum prevalecer sobre o crime político eu posso dar a extradição, esse é o chamado critério da 
prevalência - art. 77, §1º, EE -; costuma-se criticar essa solução por ser um critério vago e 
absolutamente subjetivo ficando ao alvedrio do STF dizer quando o crime comum prevalece sobre o 
crime político, sendo uma cláusula de escape para o STF extraditar quando entender que crimes 
comuns conexos prevalecem sobre crimes políticos (puros). Na verdade, isso se aplica ao crime 
político relativo: quando achar que o crime político relativo prevalece sobre o crime político puro ele 
pode dar a extradição. Essa lei ainda é inspirada pela ditadura militar. 
Princípio da Não Devolução 
Está ligado a alguns institutos de proteção das pessoas perseguidas politicamente. Temos o asilo que 
pode ser territorial ou diplomático. No asilo territorial o Estado protege a pessoa dentro do seu 
território e no asilo diplomático o Estado protege a pessoa em uma legação diplomática, dentro de 
um navio, ou de um consulado, ou de uma embaixada. São institutos que aparecem na América 
Latina sobre a influência da Convenção sobre Asilo Territorial da Organização de Estados 
Americanos de 1954. Os autores tentam diferenciar asilo de refúgio, mas eles são praticamente a 
mesma coisa. Só que uns estão mais ligados à situação das Américas - que é o asilo - enquanto 
refúgio é o nome que a ONU deu para essa proteção com base no princípio da não devolução. A 
ideia de que se uma está sendo perseguida politicamente, eu não devolverei para ela ser torturada ou 
submetida a algum tipo de abuso, estando ligado a não extradição por motivo político. Se eu entendo 
que a pessoa está sofrendo uma perseguição, então na verdade isso é um crime político e eu não vou 
extraditar e, por isso, não irei extraditar. A princípio os institutos tem uma relação de 
prejudicialidade: com relação ao refúgio, nós somos signatários do estatuto dos refugiados e temos 
uma lei que trata do refúgio que é a Lei 9474/97. O asilo está mais ligado a situação das Américas 
(OEA), somos inclusive signatários da Convenção sobre Asilo Internacional (1954, dec. 55929/65); já 
refugiado vêm no âmbito da ONU. São dois institutos criados em âmbitos diferentes, mas são 
basicamente a mesma coisa. O refúgio é decidido pelo CONARE que é o comitê nacional para os 
refugiados. Esse órgão julga os pedidos de refúgio e tem recurso para o Ministro da Justiça e essa lei 
irá tratar no seu título 5 dos efeitos no art. 33 e 34: qual é a relaçãode prejudicialidade? A princípio 
se o Estado reconhece que a pessoa é refugiada isso deveria vincular o poder judiciário porque isso 
significa que o poder é político e não pode extraditar, mas a posição do STF é dúbia. Em um 
primeiro momento, temos casos nos quais se admitiu que o STF fique vinculado sim a decisão que 
concede o refúgio, apenas analisando a pertinência temática do pedido; podendo a pessoa ser 
refugiado, mas o pedido de extradição não tem haver com essa condição. 
Caso Gustavo Str. - presidente do Paraguai - extradição nº 524 - quando admite que se for crime 
político não irá extraditar admite uma certa vinculação 
Caso Cura Camilo - um religioso que integrava as FARCS colombianas - Gilmar Mendes sugere 
uma interpretação conforme o art. 33 da lei 9.474. O poder executivo não pode influenciar no 
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judiciário e que a solicitação de refúgio somente obste a extradição se se tratar de crime político ou 
de opinião. Aplicam o art. 33 e manda arquivar a extradição sem julgamento do mérito admitindo 
uma relação de prejudicialidade; se o pedido de extradição é fundamentado no mesmo motivo que 
determinou o refúgio tem a relação de prejudicialidade, a análise é apenas de pertinência temática; 
foi o que preponderou. Esse posicionamento foi modificado no caso Cezare Battisti. Primeiro ele 
fugiu para a França e quando decretada a extradição ele foge e é encontrado aqui no Brasil faz um 
pedido de refúgio para o CONARE que em primeira instância é indeferido e o MJ entende que sim. 
A Itália entra com um mandado de segurança para o STF e entende que é prejudicado porque 
defere a extradição porque a decisão do CONARE é vinculada da lei e ele pode discordar dos 
fundamentos dado que é quem interpreta a lei. O ato que concede o refúgio é ato vinculado e que o 
poder executivo se afastar dos fundamentos que autorizam o refúgio pode ser anulada pelo STF e ser 
concedida a extradição mesmo contra as decisões que concede o refúgio, então não se admite a 
relação de prejudicialidade, negando vigência ao art. 33, e fazendo valer o posicionamento do 
ministro Gilmar Mendes. Essas decisões sobre extradição tem um aspecto político grande Afinal, 
entendeu-se que o nosso critério é da delibação não vinculante cabendo ao executivo extraditar ou 
não, mas estava autorizado pelo STF. O Lula não concede a extradição; a Itália entra com uma 
reclamação no STF que afirma a delibação não vinculante sendo uma decisão política do presidente 
não sendo cabimento de reclamação e o caso termina com esse julgamento. Existem crimes que por 
convenção e por doutrina são considerados passíveis de extradição mesmo com elemento de crime 
político: é o caso do genocídio, tem uma convenção sobre genocídio que em seu art. 7 dec. 
30822/52. Não é possível opor o crime político ao crime de genocídio aplicado também contra o 
crime contra a humanidade e ao crime de guerra; o mesmo vale para os crimes de tortura, sendo 
passíveis de extradição independente da exceção de crime político (dec. 40/1991). Os crimes de 
terrorismo - art. 77, §3º do EE. 
Condições para a Concessão da Extradição 
Positivas - 76 e 78 - tenha o tratado ou prometa reciprocidade - tem que estar presente para deferir. 
No art. 77 tem as condições negativas, uma vez presentes não se concede; devem não estar presentes 
para serem concedidas. São situações em que se indefere o pedido de extradição, diferente do 
previsto no art. 91 - não impede a concessão da extradição, mas pode condicionar a entrega a esses 
requisitos, mas no 77 é causa de indeferimento da extradição, não pode estar presente para deferir a 
extradição. Procedimento e Competência está no art. 102, I, g, CF. 
Procedimento - 80 e seguintes 
Começa com a fase administrativa no Ministério da Justiça que realiza o encaminhamento no art. 81 
para o STF que decreta a prisão (82 EE); depois disso vem o interrogatório presente no art. 85 EE e 
a defesa somente pode versar sobre 3 aspectos: a identidade da pessoa reclamada, defeitos de forma 
dos documentos apresentados demonstrando a sua insuficiência ou ilegalidade da extradição; isso 
quer dizer que não dá para discutir que a ação penal é nula, somente analisa requisitos formais, as 
limitações constitucionais e as condições; o STF pode converter em diligências - 85, §1§2. Depois 
vem a decisão constitutiva do judiciário que apenas autoriza a extradição, cabendo ao executivo 
extraditar ou não; mas se desautorizar não pode extraditar e depois vem as providências executórias 
que está previsto no art. 86 e seguintes do EE são condições que se pode impor à entrega mas não 
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condiciona o deferimento ou não da extradição, somente entrega se o Estado assumir esse 
compromisso diplomático, mas não tem como impor nada para o Estado, não tem uma medida 
jurídica que possa tomar contra o Estado que não honra com a condição de entrega com base no art. 
91 do EE. 
Aula 24/04 
Caso 2: julgou constitucional a lei de anistia 
Caso (3) do Cezare Battisti: uma reclamação sobre a negativa de extradição pelo Presidente da 
República; compete ao STF julgar reclamações com relação ao seu julgado. Estamos falando de 
sistemas mistos não vinculantes, ou seja, estamos falando de sistemas extradicionais. Sendo não 
vinculante com relação à extradição que foi deferida e é vinculante com relação à extradição que foi 
indeferida. Se o STF indefere a extradição, o Presidente da República não pode extraditar, todavia, 
se o Supremo autoriza a extradição - eles analisam os pressupostos constitucionais e viram que estão 
presentes -, mas quem conduz as relações diplomáticas é o chefe de Estado, não sendo vinculante. 
Caso 4: pedido de extensão da extradição para que fosse julgado por falsificação de documento e 
estelionato. A competência para julgar é do STF - art. 102 CF - é possível esse pedido de extensão 
desde que o fato seja anterior e seja crime nos dois lugares - pelo princípio da dupla tipicidade que 
ilumina a extradição - art. 77 EE. Foi deferido em parte: só foi deferida a extradição do crime de 
estelionato, não sendo deferida a extensão do crime de falsificação porque haveria o crime da 
consunção no Brasil, em que a falsificação teria sido absorvida pelo estelionato. Se eu entender pelo 
princípio da consunção - em que o crime fim absorve o crime meio, mesmo que esse crime meio for 
mais grave que o crime fim - mas serve como um meio necessário ou habitual para atingir o crime 
fim, exaurindo a sua potencialidade lesiva. Nós entenderíamos que o falso é meio para o crime do 
estelionato, não podendo deferir uma extradição para um crime que eu ia dizer que estava 
absorvido. A extensão foi deferida em parte para julgar o estelionato, mas não para julgar o crime 
meio (que seria absorvido). Extraditar significa autorizar que um Estado exerça poder punitivo, e não 
vamos entregar se não é crime aqui. Súmula 17 STJ. 
Caso 5: Pedido de Extradição - um português naturalizado brasileiro que cometeu crimes em 
Portugal antes da sua naturalização. Muito embora seja casada com uma brasileira e tenha filhos 
brasileiros, ele pode ser extraditado porque existe a súmula 421 STF que diz que independentemente 
de ter filhos e ser casado com brasileiro se for naturalizado não é considerado e porque cometeu os 
crimes anteriormente da sua naturalização, então era português, o que possibilita a extradição dele. 
O pedido de extradição foi feito em relação a 3 crimes: falsificação de documento, branqueamento 
de capitais e mula qualificada; esse pedido foi feito com base em um tratado entre Brasil e Portugal. 
Foi deferido em parte - a primeira questão enfrentada foi a condição de brasileiro naturalizado que 
foi feita posteriormente ao ilícito o que não obsta a extradição e a segunda questão foi a incidência 
da súmula 421 STF, o crime de branqueamento de capitais que na legislação portuguesa na época 
não se enquadrava na tipicidade

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