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Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA Curso de Serviço Social – 2015/1 Disciplina: Teoria Social e Serviço Social I – 1º Período Docente: Prof. Douglas Ribeiro Barboza Discente: Celma M. Marotta EXAME ESPECIAL QUESTÃO 1: (4,0) A partir das concepções de Karl Marx e Frederich Engels sobre a determinação das relações entre o ser e a consciência dos homens em sociedade, disserte sobre a argumentação dos autores acerca da relação entre teoria e método e explicite os principais argumentos que comprovam o caráter materialista da teoria social marxiana. Antes que possamos falar sobre o caráter materialista da teoria social marxiana, precisamos entender um pouco da teoria e do método de Marx. Para ele, a teoria é reprodução do movimento do objeto que está posto. Ou seja, o objeto é trazido para o plano da racionalidade. É o movimento do real transposto para o ideal, onde é interpretado. Tem instância de verificação da realidade (pratica social e histórica). É “propriedade” do objeto. Marx também diz que o método é um instrumento que capacita a razão humana para a compreensão do objeto, viabilizando a pesquisa do movimento do real para o plano das ideias, retornando ao plano real. No método a orientação de pensamento é ontológica (estudo do ser e da existência), não sendo autônomo à teoria nem a própria pesquisa. Acontece por meio da materialidade do cotidiano, mas não como é apresentada no momento, é a captura da concepção íntima de cada coisa. Para Marx, a capacidade da produção dos meios de vida do homem é um fator que não apenas o distingue do animal, mas também assegura sua condição de sobrevivência, ou seja, de existência. Marx, contradizendo os hegelianos desconsidera o fato da consciência como condição de ser, mas como um meio, um processo de elaboração para o intelecto a partir da capacidade que o ser humano cria a partir da necessidade de atuar sobre o meio para garantir sua sobrevivência. Por meio disso, Marx organiza uma história a partir das condições de vida dos homens e mostra como a cada fase observa-se avanços, retrocessos e contradições que levam à superação das formas organizacionais de sobrevivência. Marx faz uma evolução do pensamento Hegeliano com relação às transformações da sociedade. Os homens fazem sua história, mas em condições que não são escolhidas por eles. Não procura explicar como se conhece o objeto, tem por prioridade a ideia e não o objeto em si. As transformações não ocorrem de cima para baixo. Não há concretização na questão da ideia absoluta, esta é uma questão obscura. Aplica a análise da evolução social da humanidade. Uma das críticas de Marx a Hegel é o superdimensionamento do plano ideal de trabalho, pois, segundo Hegel a concepção de trabalho é abstrata, tem foco na capacidade criativa do trabalho, não vê todas as determinações do trabalho nem a alienação que o trabalho trás. Quando houver a superação dessas ideias de Hegel, para Marx, haverá a ascensão revolucionária da classe operária. A produção dos meios de vida constitui-se de por um conjunto de relações que se estabelece a cada época, trazendo consigo novas configurações que ser criam dentro do próprio processo de evolução de relações econômicas e sociais. Para Marx e Engels o mundo não deveria ser pensado a partir do modelo idealizado pelos hegelianos, mas deveria se levar em conta a capacidade que os mesmos têm de produzir seu meio de vida, sendo inclusive este um elemento que os distingue dos animais e não necessariamente o fator consciência como defendiam os hegelianos. Para tanto, Marx e Engels afirmam que as premissas iniciais nas quais sustentam suas concepções, não são afirmações arbitrárias, são concretas e, empiricamente constatáveis. Marx diz que a vida determina a consciência e não o contrário. O materialismo histórico não parte das idealizações humanas para se chegar à realidade de vida dos homens e não considera o mundo real um produto do mundo ideal. Sendo assim, a prioridade no objeto, na matéria, na dinâmica, do real e a comprovação daquela teoria que se efetiva nessa prioridade está na prática social e na história. Por isso, materialismo histórico. É ai que compreendemos que a teoria social de Marx, é uma teoria materialista da História. De que maneira o método vai se postar nesta teoria materialista? Vamos compreender que este método do materialismo histórico dialético, é porque para Marx, a história é dialética. Ele escolhe a perspectiva dialética para a construção do seu método. Na ideologia alemã possui um trecho que nos faz uma síntese para a compreensão que Marx vai ter acerca da dialética e contraposição que vai fazer à dialética de Hegel: Para Hegel, “o processo do pensamento que ele transforma em sujeito autônomo, sob o nome de ideia, é o criador do real”. O processo do pensamento é o criador do real, e o real é a manifestação externa da ideia. O Concreto “pensado” é composto das categorias, das mediações, das particularidades que são propriedades do real. Marx critica a forma unilateral com que Hegel conduz sua percepção acerca do trabalho. Para ele a única forma conhecida de trabalho era o trabalho do espírito. Partindo deste pressuposto, e sob a ótica de Marx a configuração do método dentro de uma teoria materialista partiria da teoria do chamado “concreto real”. Por tanto, conclui-se que Marx contradiz dialeticamente Hegel ao derrubar a tese idealista de que a história inicia quando o homem questiona sua origem, quando ele sai da ignorância absoluta para o espírito absoluto. Para Marx a história se inicia quando o homem deixa de ser o intercâmbio com a natureza típico dos animais e passa a ter um intercâmbio orgânico típico do ser social: o trabalho, a capacidade de agir teleologicamente, ou seja, a capacidade de planejar suas ações em relação às mudanças precisas no ambiente para sua sobrevivência. Mas contradiz Hegel através do trabalho, poie para ele o trabalho funda o ser social, por que não tem nenhum ser vivo que possa sobreviver sem transformar a natureza e o meio ambiente. Quando Hegel transpõe sua teoria idealista Marx se volta para o concreto ao dizer que o ser social se diferencia da natureza pelo trabalho, uma forma de intercâmbio com a natureza onde se transforma primeiro na consciência e depois no mundo objetivo, com isso pressupõe-se que para Marx como ser social funda a si próprio e por sinal sua própria essência o conjunto de relações sociais e a essência da humanidade não há fato histórico que proíba a passagem do capitalismo para o comunismo certo de que o homem funda sua própria essência. “O método que consiste em elevar-se do abstrato do concreto não é senão a maneira de proceder do pensamento para apropriar do concreto, para reproduzi-lo como concreto pensado.” (Marx – 1982, pág. 14)
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