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Sociologia Brasileira

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@juliana_studii 
Sociologia no Brasil
 
É sabido que desde os primeiros passos dessa ciência a 
Sociologia dedica-se ao desenvolvimento de estudos que 
tem como objeto as interações sociais, a organização 
das sociedades e inevitavelmente também os conflitos 
entre as classes sociais. A própria América Latina é um 
exemplo de como a Sociologia, especialmente no início 
do século XX, mostrou-se fortemente influenciada 
pelas teorias marxistas. Isso ocorre num momento onde 
os olhares voltavam-se principalmente para os 
problemas do subdesenvolvimento no continente, 
desenvolvendo importantes reflexões. 
 
 
O surgimento da Sociologia no Brasil, também conhecida 
como Sociologia Brasileira, teve início a partir das 
décadas de 1920 e 1930, quando os estudiosos dessa área 
passaram a se dedicar a pesquisas que visavam 
construir um entendimento acerca da formação da 
sociedade brasileira analisando temáticas cruciais para 
essa compreensão. Assim, eles voltaram-se para estudos 
referentes a escravatura e a abolição, estudos 
sobre índios e negros e o êxodo dessas populações, e 
mesmo analises sobre o processo de colonização. 
 
A compreensão desses assuntos mostrou-se realmente 
uma vez que se buscava compreender a formação da 
sociedade brasileira. Isso porque a formação da 
população brasileira, das relações de trabalho e da 
consciência e cidadania, passava inevitavelmente pela 
compreensão destas temáticas. 
 
Nas décadas que se seguiriam, no entanto, a Sociologia 
no Brasil passou a voltar-se para os estudos que 
abordassem prioritariamente temas relacionados 
às classes trabalhadoras, tratando assim de assuntos 
como salário, jornadas de trabalho, ambientes de 
trabalho urbano e rurais, organizações e condições dos 
ambientes de trabalho, relações entre empregados e 
empregadores, etc. 
Especialmente a partir da década de 1960 se pode sentir 
uma crescente preocupação com o processo 
de industrialização o que se instaurava no país. Essa nova 
preocupação trouxe consigo debates sociológicos que 
abordavam temas da reforma agrária e os novos 
problemas políticos e sociais que esse processo 
acarretava. 
 
Desde os anos de 1960 percebemos também uma 
instabilidade quanto a presença da disciplina 
de Sociologia em escolas de Ensino Básico. Inicialmente 
foi banida pelo regime militar, passou por um longo 
período (desde os anos de 1980) como disciplina 
facultativa, sendo assim presente em poucas instituições, 
e voltou a integrar a grade obrigatória apenas em 2009. 
 
Tal relação de proximidade do estudante com a 
disciplina tem como meta a desnaturalização das teses 
ou explicações dos fenômenos sociais existentes. Ou seja, 
sem desprezar o valor da história, trata-se de validar que 
tudo nem sempre foi como é hoje, observando que no 
decorrer da história ocorreram consideráveis alterações 
resultantes das decisões do homem. 
 
 
A primeira geração de pensadores e sociólogos 
brasileiros, que produziu entre as décadas de 1920 e 1930, 
buscou entender a formação do Brasil, a economia de 
exploração e voltada para a produção de produtos 
agrícolas e pecuários destinados ao mercado externo, o 
longo período de escravidão, a abolição e os 
desdobramentos sociais surgidos com a assinatura da lei 
Áurea, que pôs fim a escravidão no país. 
 
Nas décadas de 1950 e 1960, os principais temas das 
pesquisas sociológicas estavam ligados ao trabalho no 
campo e nas indústrias, as relações 
de desigualdade e exploração nas relações de 
trabalhistas, a dependência econômica do mercado 
externo, a reforma agrária e o fortalecimento de 
movimentos sociais. 
 
Entre os anos de 1964 e 1985, período da ditadura militar, 
as pesquisas diminuíram, diante do medo e perseguições 
empreendidas pelos militares contra sociólogos e 
estudantes das demais ciências sociais. No período 
de 1985 em diante, as pesquisas diversificaram-se e os 
sociólogos estudaram desde as relações de trabalho ao 
surgimento de ideias neoliberais, e deram grande 
destaque aos grupos esquecidos durante os períodos 
anteriores. As relações entre os seres sociais, 
a tecnologia e as novas relações de trabalho também 
tiveram destaque no período pós redemocratização. 
 
 
Na geração dos pioneiros que estudaram a formação do 
Brasil e as relações de raça e classe, merecem destaque: 
 
@juliana_studii 
▪ Florestan Fernandes (1920-1995) - Dedicou-se a 
fundamentação da sociologia enquanto ciência, 
realizou importantes pesquisas sobre o processo 
de industrialização brasileiro e a relação 
com mudanças sociais no Brasil. 
 
▪ Darcy Ribeiro (1922 -1997) - Darcy Ribeiro autor da 
obra O povo brasileiro, analisa a formação da 
sociedade brasileira e de suas formas de 
organização. Tem um trabalho de destaque voltado 
para o estudo dos povos indígenas. 
 
▪ Gilberto Freyre (1900-1987) - Autor da obra Casa 
Grande e Senzala, Freyre analisa a formação da 
sociedade brasileira a partir das relações entre 
senhor e escravo a partir do mito da democracia 
racial brasileira. A noção de uma escravidão menos 
segregadora que a estadunidense e a suavização das 
práticas violentas adotadas pelos senhores contra os 
escravos fazem com que o livro de Freyre seja alvo 
de diversas e duras críticas. 
 
▪ Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) - Na 
obra Raízes do Brasil, Sérgio Buarque analisa a cultura 
brasileira e os principais aspectos da formação da 
sociedade, além de analisar as relações e trocas 
culturais que estabeleceram-se entre metrópole e 
colônia. 
 
▪ Caio Prado Jr. (1907-1990) - Na obra Formação do 
Brasil Contemporâneo, Caio Prado pensa a formação 
da sociedade e do próprio Brasil desde a chegada 
dos portugueses, o livro destaca inclusive os aspectos 
econômicos da formação do país. 
 
Dentre os nomes da contemporaneidade, cabe destacar 
a obra do sociólogo e ex presidente Fernando Henrique 
Cardoso, que dedicou-se aos estudos das relações 
internacionais e das teorias de desenvolvimento 
econômico. 
 
 
Os grandes sociólogos do Brasil 
 
 
 
 
Florestan Fernandes foi um estudioso das relações 
étnico-raciais no Brasil, tendo estudado primeiro os índios 
tupinambá e depois os negros, sempre na perspectiva 
da dificuldade da integração democrática desses povos 
não brancos na cultura brasileira branca. Em um Brasil 
que visava a industrialização e a modernidade, e que 
havia deixado para trás o colonialismo e a escravidão, 
fazia-se necessário buscar um modo de compreender a 
exclusão social e as estruturas que permitem a exclusão, 
sobretudo de pobres e negros, para buscar algum modo 
de alcançar essa situação. 
 
Para Florestan Fernandes, a escravidão deixou um 
legado de exclusão da população negra. 
 
• Desigualdade social: Florestan Fernandes viveu a 
desigualdade contra os pobres e moradores da 
periferia. O sociólogo chegou a contar que, mesmo com 
a influência de sua madrinha, os empregos que 
conseguiu quando jovem eram estigmatizados e nada 
melhor era oferecido a quem morava nos guetos de 
São Paulo. Havia uma desconfiança daquela gente. A 
desigualdade social marcou a sua infância, e, na sua 
visão, superar essa desigualdade era a única 
possibilidade da nossa sociedade progredir 
moralmente. 
• Educação: o único modo de conseguir-se uma 
sociedade justa e livre da desigualdade social era, 
segundo Fernandes, por meio da educação pública e 
de qualidade. Fernandes foi amigo e colega profissional 
do também sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. 
Juntos, os dois elaboraram projetos de valorização da 
educação básica e contribuíram com a formulação da 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. 
• Democracia: defensor de um ensino democrático, de 
uma democracia das relações sociais e do acesso aos 
serviços básicos garantidos a todos os cidadãos, 
Fernandes era um democrata. Sobretudo foi defensor 
de relações democráticas entre negros e brancos no 
Brasil. A teoria de Gilberto Freyre de convívio 
harmonioso entre negros e brancos no Brasil, 
chamada por Fernandes de “mito da democracia 
racial”, nuncaexistiu em um país como o Brasil, que não 
conseguiu incluir o negro em sua sociedade capitalista. 
 
 
 
 
 
https://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm
@juliana_studii 
Darcy Ribeiro, antropólogo, escritor e politico brasileiro, 
desenvolveu trabalhos fundamentalmente nas áreas de 
educação, sociologia e antropologia. Sua principal obra “O 
Povo Brasileiro” traz impressões de um importantíssimo 
estudioso que observou durante muito tempo as 
características de nosso povo pensando sua formação e 
sua organização sócial. Darcy é muito conhecido 
também por seus trabalhos desenvolvidos a partir das 
temáticas voltadas para os povos indígenas, com 
riquíssimas observações e relatos antropológicos. 
 
→ O Povo Brasileiro 
A última obra escrita e publicada por Darcy Ribeiro é o 
seu mais completo e complexo estudo sobre a formação 
do Brasil e de sua nação. Trata-se de uma obra que se 
dedica a estudar as diferentes culturas, mas que 
entende que, apesar de uma grande diversidade, temos 
uma unidade nacional cultural, a qual se baseia, 
justamente, na diversidade. 
 
É como se existisse a cultura de descendência africana, 
indígena e europeia aqui, mas que, ao mesmo tempo, a 
presença simultânea dessas três matrizes concretizasse 
a cultura brasileira. É como se houvesse a cultura 
nordestina, nortista, sulista e do Centro-Oeste, mas a 
cultura brasileira fosse, ao mesmo tempo, cada uma 
dessas culturas separadas e a junção de todas elas. 
 
Darcy Ribeiro preocupou-se em identificar uma cultura 
nacional do povo brasileiro que não anulasse nenhuma 
das culturas presentes em nosso território e nem 
separasse, como em “caixas” de classificação, cada uma 
das diferentes culturas. O antropólogo entende que o 
Brasil é variado, miscigenado, e que isso torna o Brasil o 
país que é, culturalmente falando. 
 
Nem a colonização, nem a industrialização, nem as 
cidades, nem a globalização foram capazes de anular a 
cultura brasileira única, resultante de vários processos 
de miscigenação e de progressos civilizatórios, que 
começaram há mais de dez mil anos, com os povos 
que habitavam o nosso território, e estende-se até os 
dias atuais. 
 
Nasceu no Brasil, segundo Ribeiro, um novo povo, fruto da 
miscigenação, o qual se fez enquanto ser humano por 
meio da interação de diferentes culturas. Nas palavras 
de Ribeiro, é um povo: 
 
“novo porque surge como uma etnia nacional, 
diferenciada culturalmente de suas matrizes 
formadoras, fortemente mestiça, dinamizada por uma 
cultura sincrética e singularizada pela redefinição de 
traços culturais delas oriundos. Também novo porque se 
vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo 
gênero humano diferente de quantos existam. Povo novo 
ainda, porque é um novo modelo de estruturação 
societária, que inaugura uma forma singular de 
organização sócio-econômica, fundada num tipo 
renovado de escravismo e numa servidão continuada ao 
mercado mundial. Novo, inclusive, pela inverossímil 
alegria e espantosa vontade de felicidade, num povo tão 
sacrificado, que alenta e comove a todos os brasileiros” 
 
 
 
 
Gilberto Freyre é sem dúvida reconhecido como um dos 
maiores nomes da Sociologia no Brasil. Portugal, o mundo 
ibérico e a presença portuguesa nos trópicos 
frequentemente são temas de seus escritos, 
demostrando o papel desse povo na formação de 
civilizações modernas nos trópicos. Mais uma vez 
percebe-se o anseio da compreensão da formação da 
sociedade e do povo brasileiro, principal questão que 
move os estudos dos precursores da Sociologia em 
nosso país. 
 
→ Teorias de Gilberto Freyre 
A teoria mais difundida de Gilberto Freyre perpassou 
toda a sua obra. Em Casa grande e senzala, ela começou 
a ser discutida, apesar de ainda não ter sido enunciada. 
Era a teoria da democracia racial, criticada por 
defensores da luta contra o racismo por apresentar-se 
como um mito de que havia democracia nas relações 
entre senhores e escravos no período colonial. Para 
Freyre, a miscigenação era um fator corroborativo para 
pensar-se em uma relação democrática entre senhores 
e escravos, apesar da relação de escravidão 
impregnada entre os dois. 
 
→ Casa-Grande e Senzala 
A obra Casa-Gande e Senzala foi a mais difundida de 
Gilberto Freyre, sendo traduzida para mais de 10 idiomas. 
A escrita do livro iniciou-se num momento em que o 
autor exilou-se em Portugal, por conta da divergência 
política com o novo governo de Getúlio Vargas, que 
chegou ao poder com um golpe em 1930. 
 
Em Casa-Gande e Senzala, Freyre procurou sair do óbvio 
nas análises sociais: política, economia, sociedade em 
geral. Ele preferiu aprofundar-se em outros temas: vida 
doméstica, constituição familiar, formação das casas-
grandes (onde viviam os senhores brancos) e senzalas 
(onde viviam os negros), para entender o engenho de 
açúcar e a propriedade rural como os centros do Brasil 
colonial. 
 
https://brasilescola.uol.com.br/historia/democracia-racial.htm
@juliana_studii 
Uma mistificação que Freyre ajudou a promover, talvez 
por influência de seu professor de antropologia em 
Columbia, foi a de que a miscigenação e a localização 
geográfica do Brasil (na linha tropical) eram fatores 
negativos que colocavam o país em uma posição inferior 
à Europa. A teoria da democracia racial trata-se de uma 
mistificação ideológica que Freyre, infelizmente, ajudou a 
construir baseado na ideia errônea de que a relação 
entre senhores e escravos era pacífica, que os índios 
aceitaram a colonização de maneira pacífica e que isso 
promoveu uma relação democrática e a miscigenação. 
 
Essa visão freyreana, apesar de ter algum valor para o 
entendimento da vida colonial no Brasil, não se 
concretiza. As análises atuais sobre a desigualdade social, 
inclusive, associam verdadeiramente a desigualdade e a 
exclusão com a questão social. Talvez o ponto de partida 
de Freyre que o levou a formular a teoria da democracia 
racial (e que era a relação racial explicitamente 
segregacionista dos Estados Unidos) tenha o levado a 
perceber uma democracia racial no Brasil por haver 
nele uma relação mais branda entre negros e brancos. 
 
No entanto, o racismo velado e estrutural nunca deixou 
de existir por aqui, e a desigualdade social mostra-se 
como um fator fortemente provocado pela escravidão e 
pela relação de submissão à qual negros e índios foram 
obrigados pelo homem branco. Portanto, a tese principal 
de Casa-Gande e Senzala parece não se sustentar, ao 
passo que o livro constitui uma interessante ferramenta 
para a compreensão da vida cotidiana da sociedade 
colonial. 
 
 
Os escritores Adonias Filho, Rachel de Queiroz e Gilberto 
Freyre. 
 
“O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, 
grossas, copiosas, transbordem do indivíduo, e se 
espraiem, estancando a sede dos outros. Sem um fim 
social, o saber será a maior das futilidades.” 
“Em nenhuma parte do Brasil a formação da família 
processou-se tão aristocraticamente como entre 
canaviais.” 
“A culinária é uma das maiores expressões do 
comportamento humano, do saber humano, da 
criatividade humana, muito do saber humano está 
naquilo que você come.” 
“O Brasil é a mais avançada democracia racial do 
mundo.” 
“Da cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O 
asseio pessoal. A higiene do corpo. O milho. O caju. O 
mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre 
de pente e espelhinho no bolso, o cabelo brilhante de 
loção ou de óleo de coco, reflete a influência de tão 
remotas avós.” 
 
 
 
 
 
Sergio Buarque de Holanda é reconhecido como um dos 
mais importantes historiadores brasileiros, mas 
demonstra também importante influencia e participação 
na área da Sociologia. Um de seus principais trabalhos, 
intitulado “Raízes do Brasil” aborda aspectos centrais da 
formação da cultura brasileira e do processo de 
formação da sociedade, que como vimos, é a 
preocupação mais recorrente dos grandes sociólogos do 
Brasil. Nesta obra,mais uma vez aparece em lugar de 
destaque, a importância do legado português no Brasil e 
a dinâmica de transferências culturais que se dava 
entre metrópole e colônia. Sérgio Buarque de Holanda 
introduziu o estudo de Max Weber no Brasil. 
 
Influenciado por esse método de análise, Sérgio Buarque 
de Holanda desenvolveu o conceito do homem cordial, 
um modelo de análise do brasileiro em suas relações 
sociais e políticas. Sua interpretação histórica do Brasil foi 
e ainda é a narrativa hegemônica sobre o que é o Brasil 
nas ciências humanas. Historiográfico e analítico, o livro 
Raízes do Brasil faz um diagnóstico histórico e social, 
aponta um caminho para a construção de uma nação 
moderna, liberal e democrática, bem como capta o 
tensionamento entre continuidade e mudança da 
sociedade brasileira. 
 
A produção literária de Sérgio Buarque de Holanda, fruto 
de pesquisa historiográfica ampla e profunda, dissertou 
sobre a tradição colonial do Brasil e o que se entendia 
por Nação durante o Império e posteriormente durante 
a República, voltando-se para como a colonização, a 
escravidão e as bases da economia conformaram as 
estruturas sociais, a cultura, as relações. 
 
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/desigualdade-social.htm
@juliana_studii 
Para além de uma identidade nacional culturalista, 
buscou compreender essa identidade também em sua 
dimensão política e se propôs, num exercício futurístico, a 
apreender como se daria a Revolução Brasileira em 
direção a uma democracia política e social, o que para 
ele só seria possível quando fossem definitivamente 
superadas as práticas e a mentalidade coloniais 
 
Raízes do Brasil 
 
Raízes do Brasil: obra clássica da Sociologia brasileira. [1] 
Como já vimos, o autor segue uma linha weberiana de 
análise. Seu objeto de estudo nesse livro é a colonização 
do Brasil e os seus desdobramentos políticos e culturais. 
Estudaremos essa importante obra conforme a divisão 
analítica feita pelo sociólogo Sérgio Costa (2014) |2|. 
 
Sérgio Buarque de Holanda coloca a ideia de um padrão 
colonial ibérico, diferenciando a colonização portuguesa 
e espanhola da colonização de outros povos europeus 
(ingleses, franceses, alemães). Para ele, a colonização 
espanhola, em muito caracterizada pela violência, 
modificou suas colônias de modo mais veemente. Já os 
portugueses, para quem a colônia era apenas um lugar 
de passagem, desenvolveram uma relação menos 
impositiva, racional e coordenada inicialmente. Esses dois 
povos, com uma nobreza frágil e uma sociedade pouco 
hierárquica, lançaram-se à aventura de explorar novas 
terras e ao trabalho de nelas fazer riqueza, sendo os 
pioneiros das Grandes Navegações. 
 
O autor atribui aos portugueses uma adaptabilidade que 
favorecia o surgimento de relações interétnicas no 
povoamento da colônia, baixa capacidade de 
organização social e uma rudimentar moral de trabalho. 
A motivação histórica para isso seria o fato de a 
burguesia portuguesa não destituir, mas se aliar à antiga 
nobreza. 
 
Os reflexos dessas características dos colonizadores 
portugueses no Brasil foram uma colonização não 
planejada, realizada por dois tipos de pessoas: 
aventureiros e trabalhadores, que, por não terem uma 
nobreza forte, não eram ligados ao ócio e buscavam nas 
expedições aventureiras construir riquezas e prestígio. 
Essas pessoas logo se adaptaram ao trabalho na colônia, 
transformando-a em grandes latifúndios de 
monocultura. Portanto, a estrutura social e cultural do 
sistema colonial português teve grande reflexo na 
formação da sociedade brasileira. 
O segundo marco da formação brasileira é o 
patriarcado rural. O autor faz um levantamento 
minucioso de como era a administração colonial e as 
bases econômicas da colônia, bem como uma 
estratificação social parecida ao sistema de castas, com 
pessoas classificadas e posicionadas conforme a cor 
(brancas, negras, índias). 
 
Nas propriedades rurais, como os engenhos de cana-de-
açúcar, os proprietários tinham poderes ilimitados sobre 
aqueles que estivessem sob seu território, fossem 
familiares, escravizados ou trabalhadores livres. As 
grandes propriedades de terra funcionavam como 
Estados particulares, marcados pelo coronelismo. 
 
A hegemonia do patriarcado rural, para o autor, era o 
impeditivo da formação de uma burguesia urbana que 
propiciasse uma cultura liberal. Esse modelo de exercício 
de poder pelos grandes fazendeiros conformaria a 
política e se tornaria um empecilho para a construção 
de uma cultura democrática sem personalismos ou 
afeições pessoais, determinando a relação entre 
governantes e governados. 
 
Em relação à educação brasileira, Sérgio Buarque de 
Holanda aponta que a cristianização promovida pelos 
jesuítas imprimiu como parâmetro do ensino no Brasil a 
lógica da disciplina e da obediência em vez de um 
parâmetro científico e técnico. 
 
Ao contrário de outras análises economicistas, Sérgio 
Buarque de Holanda analisou os ciclos da cana pela 
perspectiva cultural. Para o autor, a escravidão, para 
além de uma relação econômica, tornou-se uma cultura 
que fundamentava costumes, opiniões e 
comportamentos. 
 
O processo de abolição foi tardio, lento e gradual. Mesmo 
após o marco legal da Lei Áurea (1888), a mentalidade e 
o comportamento escravagista permaneceram e 
ressignificaram-se não só nas novas relações de 
trabalho, mas nas relações sociais como um todo e nas 
instituições. 
 
Em relação ao Estado brasileiro, Sérgio Buarque de 
Holanda desenvolveu o conceito de funcionário 
patrimonial, aquele funcionário público que se valeria 
dessa posição para atender a interesses particulares 
seus ou de pessoas a ele ligadas. A atuação dos 
funcionários patrimoniais geraria imprevisibilidade 
jurídica e institucional em razão da não observância de 
normas escritas previamente estabelecidas. 
 
Para o autor, no Brasil, desenvolveu-se uma confusão 
entre interesse público e interesse privado, o que ensejou 
o desenvolvimento de uma prática de apropriação do 
patrimônio público em benefício de pessoas e grupos 
específicos, bem como seu uso como barganha de 
favores e retribuições. O conceito de patrimonialismo foi 
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/colonizacao-brasil.htm
@juliana_studii 
trabalhado posteriormente por Raymundo Faoro em seu 
clássico Os Donos do Poder (1958). 
 
Sérgio Buarque de Holanda aponta em toda a obra 
como a colonização gerou profundas consequências na 
identidade política, cultural, econômica e social do Brasil. 
Também mostrou como práticas coloniais se 
repaginaram e permaneceram após a Independência 
(1822) e mesmo após a Proclamação República (1889). Sua 
obra também aponta para o futuro. Para ele, a 
superação desse passado colonial é a chave para o que 
ele denomina Revolução Brasileira, o caminho para uma 
democracia aperfeiçoada, em que haja igualdade entre 
as pessoas e um Estado impessoal e racional. 
Homem cordial 
 
O conceito de homem cordial é fundamental na obra de 
Sérgio Buarque de Holanda. Cordial, ao contrário do que 
se imagina, não vem de cortês, mas de coração, isto é, 
movido pela afetividade. Influenciado pela Teoria da 
Ação Social, de Max Weber, que em sua tipologia das 
ações humanas conceitua as ações sociais afetivas, ou 
seja, aquelas baseadas em sentimento, Sérgio Buarque 
desenvolveu o conceito de homem cordial: o típico 
brasileiro que age movido pelo sentimento, e não pela 
racionalidade. 
 
O homem cordial desenvolve-se na estrutura familiar 
patriarcal do Brasil rural, em que o chefe de família 
determina quais serão as relações dos demais membros, 
num ambiente privado e numa comunicação marcada 
por forte carga emocional. 
 
A cordialidade caracteriza-se pela tentativa contínua de 
personalizar toda e qualquer interação social. Assim, o 
homem cordial não é afeito ao anonimato ou a se 
submeter a regras que o igualem aos demais. Ele quer 
ser chamado pelo nome, quer ter tratamento especial e 
preferencial, quer se valer do seu carisma pessoal, da 
sua rede decontatos ou de artifícios semelhantes para 
alcançar seus objetivos. 
 
Por ser guiado por suas emoções, suas decisões e ações 
não precisam se submeter a uma lei. No âmbito da 
política, as lealdades pessoais é que determinam suas 
alianças. Para Buarque de Holanda, esse padrão político 
perpetua a reprodução de hierarquias. 
 
A violência é uma característica primordial do homem 
cordial. Todo e qualquer antagonismo é por ele 
interpretado como uma ameaça. O homem cordial é ao 
mesmo tempo um tipo de indivíduo e um padrão de 
interação social, uma personalidade e um modo de se 
relacionar com as outras pessoas. A definição da 
cordialidade do brasileiro passa pela ambiguidade e pelo 
uso da afetividade, e não da racionalidade, para alcançar 
os objetivos. 
 
Na política, a cordialidade vai na contramão da ideia de 
igualdade, impessoalidade, formação de maiorias 
deliberativas, o que, para o autor, faz com que tenhamos 
dificuldade em lidar com a democracia. Assim, nossa 
vinculação com a política partiria de relações pessoais e 
da mistura da relação público-privado. O antropólogo 
Roberto DaMatta, na mesma linha de pensamento, 
posteriormente conceituou o “jeitinho brasileiro”, 
sintetizado na famosa frase: “Com quem você pensa que 
está falando?”. 
 
 
 
 
Outro estudioso que se dedicou a esta temática tão cara 
à Sociologia Brasileira foi Caio Prado Junior que publicou 
a clássica obra “Formação do Brasil 
Contemporâneo” que deveria ser parte de uma 
coletânea dedicada a pensar justamente a evolução 
histórica brasileira desde o período colonial, tendo mais 
uma vez como tema central a formação da sociedade e 
do povo brasileiro desde a chegada dos portugueses. 
 
ppppppppppppppppp 
 
 
 
Por fim, e não menos importante, Fernando Henrique 
Cardoso, ex-presidente do Brasil, é uma dos mais 
conhecidos sociólogos da contemporaneidade. Entre 
suas obras mais divulgadas estão diversos títulos que 
tratam de politica e governo, no entanto seu trabalho de 
cunho sociológico dava-se inicialmente na área voltada 
para a teoria do desenvolvimento econômico e das 
relações internacionais. Foi também um dos ideólogos 
da corrente desenvolvimentista. Além disso atualmente é 
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/independencia-brasil.htm
@juliana_studii 
bastante conhecido por sua atuação em 
movimentos pro descriminalização das drogas. 
 
Fontes: 
Estudo Prático - https://www.estudopratico.com.br/como-surgiu-a-
sociologia-no-brasil/ 
Sociologia - http://www.sociologia.com.br/sociologia-no-brasil/ 
Sociologia - http://www.sociologia.com.br/sociologos-brasileiros/ 
Quero bolsa https://querobolsa.com.br/enem/sociologia/sociologia-no-
brasil 
Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/florestan-fernandes.htm. 
https://mundoeducacao.uol.com.br/biografias/darcy-ribeiro.htm 
Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/gilberto-freyre.htm. 
Brasil Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/sergio-buarque-holanda.htm 
 
Nacionalismo 
Quando se fala em nacionalismo, é comum que 
associemos a palavra, em um primeiro momento, a um 
sentimento de valorização da pátria e, por extensão, de 
tudo aquilo que lhe pertence, ou seja, de tudo aquilo que 
é nacional. 
 
No entanto, é necessário ir além desse sentido primeiro e 
estrito do que é o nacionalismo, pois, na verdade, consiste 
em uma ideologia política surgida após a Revolução 
Francesa (1789-1799). 
 
Essa doutrina foi de suma importância para a fase 
industrial da humanidade, no século XIX, época em que 
os estados-nação tomam forma. Essa organização dos 
estados-nação foi fundamentada, em primeiro lugar, 
pela difusão dos ideais iluministas vindos, sobretudo, da 
França. Esses ideais se refletiam no desejo de 
um governo democrático, em que houvesse participação 
dos cidadãos. 
 
O nacionalismo, nesse sentido, baseado no sentimento de 
pertencimento a uma cultura e de identificação com a 
pátria, influenciou países que se consolidaram no século 
XIX, como a Alemanha e a Itália. 
 
Assim, os estados-nação que se formaram no século XIX 
se diferenciam daqueles formados anteriormente, nos 
séculos XVI e XVII, pois sua soberania não estava mais 
ligada à figura de um monarca, isto é, um rei, mas sim 
relacionada aos cidadãos que, juntos, eram responsáveis 
por compor a nação. 
 
A influência do nacionalismo se deu, também, 
em movimentos extremistas, que deram origem 
a governos totalitários, a exemplo do nazismo, na 
Alemanha, e do fascismo, na Itália e no Japão. 
As características do nacionalismo 
 
Assim como todas as ideologias, o nacionalismo também 
apresenta elementos que o caracterizam 
. 
Em primeiro plano, há a questão do sentimento de 
pertencimento do indivíduo a uma cultura (a uma região, 
a uma língua, e assim por diante), que produz a 
identificação com a pátria. 
 
Mas, para além disso, o nacionalismo implica, de forma 
direta, na estrutura militar do Estado, pois, nessa 
doutrina, o exército deve ser formado por um corpo de 
cidadãos comuns, e não mais por aristocratas ou, ainda, 
por mercenários, isto é, soldados que, por dinheiro, lutam 
em exércitos estrangeiros. 
 
Nacionalismo, patriotismo e ufanismo: qual é a diferença? 
Os termos nacionalismo, patriotismo e ufanismo, por 
estarem ligados a um mesmo campo de significados, 
muitas vezes são usados como sinônimos. Apesar disso, 
existem diferenças entre esses conceitos. Veja, a seguir, 
como diferenciar cada um deles de acordo com suas 
características. 
 
• Nacionalismo: como dito anteriormente, o 
nacionalismo é uma doutrina política que se baseia 
no sentimento de pertencimento de um indivíduo a 
uma cultura (o que pode englobar uma região, uma 
língua, entre outros elementos). O nacionalismo, 
embora confundido muitas vezes com o patriotismo, 
se difere por apresentar um elemento 
 
• Patriotismo: o patriotismo pode ser definido como 
o amor de um indivíduo em relação a sua pátria, o 
que engloba, também, a preocupação com o bem-
estar dos outros componentes de sua pátria. Nesse 
sentido, o patriotismo está ligado a uma necessidade 
do indivíduo de pertencer a um grupo e, além disso, 
estabelecer relações com o passado e com as 
diversas condições – sejam elas políticas, sociais ou 
culturais – que circundam uma ação. Além disso, vale 
destacar que o patriotismo não engloba elementos 
militaristas. 
 
• Ufanismo: de forma geral, o ufanismo é conhecido, 
também, como o nacionalismo exacerbado. Esse 
termo, que é de origem espanhola, remete ao 
sentido de se vangloriar. Orgulhar-se de sua terra 
designa, portanto, o sentimento de valorização 
exagerada das qualidades de sua pátria, mesmo que 
não haja base para tal sentimento. Essa exacerbação, 
no entanto, pode ser prejudicial, pois pode levar à 
ideia de que somente uma nação, uma pátria é digna 
de merecer a paz e a prosperidade, o que pode levar 
à intolerância e à violência. 
 
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