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Hidrologia Profa. Camila Mateus Precipitação A precipitação é entendida em hidrologia como toda água proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície terrestre: Neblina, chuva, granizo, orvalho, geada e neve são formas diferentes de precipitações. O que diferencia essas formas de precipitações é o estado em que a água se encontra. Precipitação A medição de precipitação se dá de maneira relativamente fácil, e é comum encontrar séries históricas com mais de 60 anos no Brasil, na Europa tem-se registros com período de mais de 200 anos. Com essa grande disponibilidade de dados é possível realizar análises estatísticas de grande utilidade. Tipos de chuvas Convectivas Frontais ou ciclônicas Orográficas Convectivas Típicas de países tropicais, essas chuvas são provocadas pela ascensão brusca de ar devido ao forte aquecimento da superfície e às diferenças de temperatura na camada próxima da atmosfera. Grande intensidade Curta duração Abrange pequenas áreas Frontais ou ciclônicas O ar mais quente e úmido é violentamente impulsionado para cima, resultando no seu resfriamento e na condensação do vapor de água, de forma a produzir chuvas. São chuvas de grande duração, e atinge grandes áreas com intensidade baixa a média. Ocorre devido a ascensão do ar quente e úmido. Longa duração Grande área Baixa intensidade Orográficas Quando ventos quentes e úmidos, soprando geralmente do oceano para o continente, encontram uma barreira montanhosa, elevam-se e se resfriam havendo condensação do vapor, formação de nuvens e ocorrência de chuvas. São chuvas de: pequena a média intensidade grande duração cobrem grandes áreas. Características das precipitações Quantidade ou altura pluviométrica (h): Quantidade de água precipitada em um área, mede-se a altura de água em um recipiente (mm = 1 litro por metro quadrado de superfície); Duração (t): Duração Intervalo de tempo entre o início e o fim da precipitação; Intensidade (i): i=h/t -> mm/h; Características das precipitações Distribuição temporal; Distribuição espacial; Frequência: número de ocorrência de uma dada precipitação (altura) em um intervalo de tempo fixo. A precipitação é um fenômeno de tipo aleatório. Na análise de alturas pluviométricas ou intensidades máximas, o Período de Retorno (T) é interpretado como o número médio de anos durante o qual espera-se que a precipitação analisada seja igualada ou superada; Instrumentos de medição Pluviômetro: Aparelho destinado a medir a altura da chuva precipitada; Pluviógrafo: Aparelho destinado a medir a intensidade e altura da chuva precipitada; Pluviômetro É basicamente um recipiente que permite a captação de água sem interferências e não permite sua evaporação. O aparelho é normatizado da seguinte forma: Diâmetro: 256,5 mm Altura de 40cm Área = 500cm² Torneira e funil para drenagem Proveta graduada para medição de altura Devem ser observados em horário regulado e intervalo fixo Pluviógrafo Distribuição de Chuva no Tempo e no Espaço Isoietas Análise e Consistência de Dados e Preenchimento de Falhas Os dados coletados devem ser analisados antes da utilização. As causas mais comuns de erros são: A-) Erro na anotação do valor medido; B-) Erro na Leitura do aparelho; C-) Valor estimado do observador, por não se encontrar no local no dia da amostragem; D-) Obstrução próxima ao posto de observação (ex: crescimento da vegetação); E-) Danos no aparelho de medição. Preenchimento de Falhas Para se preparar os dados para o tratamento estatístico, primeiramente deve-se identificar as falhas. Após esta análise as séries poderão apresentar lacunas que devem ser preenchidas. Preenchimento de Falhas Método da Ponderação Regional Método simplificado para o preenchimentos de séries mensais ou anuais de precipitações através de uma ponderação com base nos dados de pelo menos três postos vizinhos, que devem ser de regiões hidrológicas semelhantes a do posto em estudo e ter uma série de dados de no mínimo 10 anos. Preenchimento de Falhas Onde: Px – Altura Pluviométrica na estação X Pa – Altura Pluviométrica na estação a Pb – Altura Pluviométrica na estação b Pc – Altura Pluviométrica na estação c Mx – Média na estação x Ma – Média na estação a Mb – Média na estação b Mc – Média na estação c Exemplo de Preenchimento de Falhas Exemplo de Preenchimento de Falhas Exemplo de Preenchimento de Falhas Exemplo de Preenchimento de Falhas Exemplo de Preenchimento de Falhas Exercício: Excluir Fevereiro de 2004 da Estação X Exemplo de Preenchimento de Falhas Exercício: Excluir Fevereiro de 2004 da Estação X Exercício - Preencha as falhas da tabela abaixo Precipitação média sobre uma área Para se calcular a precipitação média em uma superfície qualquer, é necessário utilizar os dados das estações localizadas dentro dessa superfície e das áreas vizinhas. Há três métodos de cálculo: Média aritmética; Método de Thiessen; Método das isoietas. Média aritmética Consiste em determinar a média aritmética das precipitações medidas nas estações existentes na área considerada. A “American Society of Civil Engineers” (ASCE) recomenda que se use esse método apenas para bacias menores que 5000 km2, se as estações forem distribuídas uniformemente . Segundo Garcez e Alvarez, (1999), esse método deve ser aplicado somente quando a variação das precipitações entre as estações for muito reduzida e a distribuição das estações de medida for uniforme: Método de Thiessen Este método dá bons resultados quando o terreno não é muito acidentado. Consiste em dar pesos aos totais precipitados, em cada aparelho, proporcionais à área de influência de cada um, que é determinada da seguinte maneira: 1) As estações adjacentes devem ser unidas por linhas retas formando triângulos; 2) Traçam-se perpendiculares a essas linhas a partir das distâncias médias entre as estações e obtêm-se polígonos limitados pela área da bacia; 3) A área Ai de cada polígono é o peso que se dará à precipitação registrada em cada aparelho (Pi); 4) A média será dada por: Método de Thiessen Polígonos de Thiessen Áreas de influência de cada um dos postos n =i ii Pa=P 1 ai = fração da área da bacia sob influencia do posto I Pi = precipitação do posto i 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm 1 – Linha que une dois postos pluviométricos próximos Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm 2 – Linha que divide ao meio a linha anterior Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm 2 – Linha que divide ao meio a linha anterior Região de influência dos postos Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm 3 – Linhas que unem todos os postos pluviométricos vizinhos Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 4 – Linhas que dividem ao meios todas as anteriores Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Exemplo 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos 40% 30% 15% 10% 5% mm++++=P 73820,1750,05500,3700,41200,15 Exemplo Comparação entre Média aritmética e Método de Thiessen Média aritmética = 60 mm Médiaaritmética com postos de fora da bacia = 79,4 mm Média por polígonos de Thiessen = 73 mm Forte precipitação junto ao divisor não está sendo considerada na média aritmética 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm75 mm Método das Isoietas Isoietas são linhas de mesma precipitação, que podem ser traçadas para uma mesmo evento ou para uma mesma duração. Retrata a variabilidade espacial. Tem-se, portanto, o mapa de chuva que se assemelha a um traçado de curva de nível de uma elevação. Isoietas = totais anuais, máximas anuais, médias mensais, médias do trimestre mais chuvoso Método das Isoietas Método das Isoietas Isoietas Bacia do rio Paraíba (Plano Diretor) 3876967 3886248 3886365 3886477 3887235 3886871 3887674 3887753 3887886 3897016 3897098 3876868 750000 760000 770000 780000 790000 800000 810000 820000 830000 840000 850000 8920000 8930000 8940000 8950000 8960000 8970000 8980000 8990000 9000000 9010000 9020000 9030000 Postos 750000760000770000780000790000800000810000820000830000840000850000 8920000 8930000 8940000 8950000 8960000 8970000 8980000 8990000 9000000 9010000 9020000 9030000 450 550 650 750 850 950 1050 1150 1250 1350 Isoietas Anuais Médias Isoietas Intensidade Início 03:00 Fim: 13:00 Duração = 10 horas Tempo Chuva Chuva Acumulada 0 0 0 1 0 0 2 0 0 3 3 3 4 0 3 5 4 7 6 8 15 7 12 27 8 5 32 9 9 41 10 7 48 11 7 55 12 5 60 13 1 61 14 0 61 15 0 61 16 0 61 17 0 61 18 0 61 19 0 61 20 0 61 21 0 61 22 0 61 23 0 61 24 0 61 Intensidade Tempo Chuva Chuva Acumulada 0 0 0 1 0 0 2 0 0 3 3 3 4 0 3 5 4 7 6 8 15 7 12 27 8 5 32 9 9 41 10 7 48 11 7 55 12 5 60 13 1 61 14 0 61 15 0 61 16 0 61 17 0 61 18 0 61 19 0 61 20 0 61 21 0 61 22 0 61 23 0 61 24 0 61 Duração da chuva = 10 horas Total precipitado = 61 mm Intensidade média = 6,1 mm/hora Intensidade máxima = 12 mm/hora entre 6 e 7 horas Intensidade média do dia = 61/24 = 2,5 mm/hora Frequência Bloco Freqüência P = zero 5597 P < 10 mm 1464 10 < P < 20 mm 459 20 < P < 30 mm 289 30 < P < 40 mm 177 40 < P < 50 mm 111 50 < P < 60 mm 66 60 < P < 70 mm 38 70 < P < 80 mm 28 80 < P < 90 mm 20 90 < P < 100 mm 8 100 < P < 110 mm 7 110 < P < 120 mm 2 120 < P < 130 mm 5 130 < P < 140 mm 2 140 < P < 150 mm 1 150 < P < 160 mm 1 160 < P < 170 mm 1 170 < P < 180 mm 2 180 < P < 190 mm 1 190 < P < 200 mm 0 P < 200 mm 0 Total 8279 Análise de Frequência Ao se projetar uma obra de engenharia, nem sempre é interessante uma estrutura que nunca venha a falhar durante sua vida útil. Seria inviável economicamente. Assim deve-se realizar o projeto de acordo com os impactos causados em uma falha. Rua local pode ser alagada uma vez a cada 2 anos Em uma marginal espera-se que isso ocorra apenas a cada 100 anos. Precipitações são fenômenos que ocorrem com intensidade ao longo do tempo. A intensidade é expressa em mm/h. Em geral chuvas de grande duração tem intensidade reduzida, e chuvas de intensidade forte geralmente tem duração pequena. A frequência está associada ao período de retorno. Curvas I.D.F (Intensidade – Duração – Frequência) Exercício Considerando a curva IDF, qual é a intensidade da chuva com duração de 40 minutos que tem 1% de probabilidade de ser igualada ou superada em um ano qualquer? Curvas I.D.F (Intensidade – Duração – Frequência) Ajustando uma equação para essas diversas curvas pode-se obter as equações de chuva, muito utilizadas em projetos de drenagem e estudos hidrológicos de pequenas bacias hidrográficas. 𝑖 = 𝑎 ∗ 𝑇𝑟𝑛 𝑡 + 𝑏 𝑚 Sendo: a, b, m e n = parâmetros ajustáveis Curvas I.D.F (Intensidade – Duração – Frequência) Exercício Em 01/03/99, quando houve a inundação no Vale do Anhangabaú, choveu cerca de 100 mm em 2 horas. Determinar o período de retorno dessa chuva, utilizando a equação de chuva de SP. Onde: i=mm/h Tr=anos t=min Exercício Considerando a curva IDF de uma determinada localidade, mostrada na figura abaixo, qual é a intensidade da chuva com duração de 240min que tem 2% de chance de ser igualada ou superada em um ano qualquer? Se essa chuva for utilizada para o dimensionamento de uma determinada obra hidráulica com vida útil de 25 anos, qual o risco que essa obra corre, de se romper durante sua vida útil? 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 i (m m /m in ) t (horas) T = 2 anos T = 10 anos T = 50 anos
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