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Direito Constitucional - Aula 00 - Classificação das Constituições

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PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
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APRESENTAÇÃO DO CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
O Curso de Direito Constitucional, que terá início na primeira semana de julho, segue 
os mesmos critérios do Curso de Direito Administrativo, ressalvadas as peculiaridades 
de cada uma das disciplinas. O objetivo, nesta apresentação, é somente apresentar as 
diretrizes gerais que nortearão a elaboração das aulas. 
A primeira, como não poderia deixar de ser, é que se trata de um Curso voltado para 
concursos públicos, e não um Curso “genérico”de Direito Constitucional. Assim, todo o 
material é direcionado para a resolução de questões propostas pelas bancas de 
concursos e, em vista de eventual divergência em determinado ponto da matéria, 
após um rápido comentário sobre os diferentes posicionamentos, é trabalhado o 
entendimento que devemos adotar para as provas. 
É claro que é possível que tal entendimento altere-se conforme a entidade 
considerada (CESPE, ESAF e FCC), quando então será especificado a posição de cada 
banca no tópico em questão. Isto, entretanto, é de difícil ocorrência em Direito 
Constitucional, disciplina na qual, pela sua relevância, as questões em que há 
divergência, regra generalíssima, já foram objeto de decisão do Supremo Tribunal 
Federal. Como para concursos públicos a posição do STF em certa matéria é absoluta, 
as diferenças entre as diferentes entidades são praticamente inexistentes. 
Como fonte doutrinária o Curso baseia-se em sete autores, nominadamente, Vicente 
Paulo, Alexandre de Moraes, Gabriel Dezen Junior, Pedro Lenza, Paulo Bonavides, 
André Ramos Tavares e José Afonso da Silva. Além do referencial doutrinário, como 
não poderia deixar de ser, será apresentada a posição do STF em cada matéria. 
Por fim,como também não poderia deixar de ser, ao final de cada aula constam 
questões de provas anteriores das principais entidades promotoras de concursos 
públicos em nosso País, o CESPE, a ESAF e a FCC. Quando necessário, será 
disponibilizado um comentário junto ao gabarito da questão, a fim de definir com 
exatidão certo posicionamento específico da banca. 
No mais, o Curso de Direito Constitucional segue o padrão do de Direito 
Administrativo. Será disponibilizada uma aula por semana, sempre às sextas-feiras e, 
salvo quando o número de dúvidas for ínfimo, na semana imediatamente posterior à 
aula serão respondidas as perguntas formuladas no banco de questões. 
O curso tem previsão de 20 encontros. Deve-se considerar isto como o número 
mínimo de aulas, uma vez que a matéria, como a maioria de nós tem conhecimento, é 
bastante extensa. Assim, partiremos da idéia de um curso em 20 aulas, podendo 
haver o desdobramento de certas aulas em duas, quando o volume de informações for 
considerável, o que poderá resultar num número maior de encontros. 
Por fim, abaixo é informado o conteúdo programático do Curso. Essencialmente, ele 
consiste na teoria geral de Direito Constitucional, no estudo do controle de 
constitucionalidade e na análise da dogmática constitucional propriamente dita, ou 
seja, das normas que compõem nossa Constituição. A fim de evitar possíveis 
embaraços no futuro, já informo que não serão objeto de análise neste curso as 
disposições constitucionais transitórias, o sistema tributário nacional e a parte da 
Constituição referente à disciplina da Administração Pública (esta, vista no Curso de 
Direito Administrativo). 
São essas, sumariamente, as linhas gerais do Curso. Obrigado a todos, e até o início 
do curso. 
 
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
I) Direito Constitucional e Constituição. 
II) Classificação das Constituições (Aula Demonstrativa). 
III) Normas Constitucionais. 
IV) Interpretação da Constituição. 
V) Poder Constituinte. 
VI) Dos Princípios Fundamentais. 
VII) Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. 
VIII) Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Primeira Parte. 
IX) Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Segunda Parte. 
X) Das Garantias Fundamentais: os Remédios Constitucionais. 
XI) Dos Direitos Sociais. 
XII) Da Nacionalidade. Dos Direitos Políticos. Dos Partidos Políticos. 
XIII) Da Organização do Estado: Da Organização Político-administrativa. Da União. 
Dos Estados. Do Distrito Federal. Dos Municípios. Da Intervenção. 
XIV) Da Organização dos Poderes: Do Poder Legislativo. 
XV) Processo Legislativo. 
XVI) Do Poder Executivo. 
XVII) Do Poder Judiciário. 
XVIII) Das Funções Essenciais à Justiça. 
XIX) Controle de Constitucionalidade: Teoria Geral. 
XX) Controle Difuso. 
XXI) Controle Concentrado. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN). Ação Direta 
de Inconstitucionalidade por Omissão. Ação Declaratória de Constitucionalidade. 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Controle concentrado nos 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
XXII) Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: Do Estado de Defesa e do 
Estado de Sítio. Das Forças Armadas. Da Segurança Pública. 
XXIII) Das Finanças Públicas. 
XXIV) Da Ordem Econômica e Financeira: Dos Princípios Gerais da Atividade 
Econômica. Da Política Urbana. Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária. 
Do Sistema Financeiro Nacional. 
XXV) Da Ordem Social: Disposição Geral. Da Seguridade Social. Da Educação, da 
Cultura e do Desporto. Da Ciência e da Tecnologia. Da Comunicação Social. Do Meio 
Ambiente. Da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso. 
XXVI) Disposições Constitucionais Gerais. 
 
 
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AULA 0: 
II. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
 
Na nossa aula demonstrativa, que corresponde à segunda aula do Curso, trataremos 
de um tema recorrente em concursos públicos: as diversas classificações das 
Constituições. 
Ao longo da evolução do Direito Constitucional a doutrina elaborou inúmeras 
classificações, com base em um sem número de critérios distintivos, tais como forma, 
conteúdo, estabilidade, origem, extensão, entre tantos outros. Será esta a matéria 
que abordaremos neste nosso primeiro encontro do Curso de Direito Constitucional. 
Vamos a ela. 
 
1) QUANTO À FORMA 
Com relação à forma, as Constituições podem ser escritas ou não-escritas 
(também denominadas costumeiras ou consuetudinárias). 
Constituições escritas são aquelas cujas normas estão reunidas de forma 
sistemática em um único documento, solenemente promulgado, em determinado 
momento, como a Constituição de certo Estado. Para Canotilho a Constituição escrita 
é Constituição instrumental, pois confere ao estatuto supremo do Estado os atributos 
da segurança, publicidade, estabilidade e calculabilidade. 
Por outro lado, as Constituições não escritas são aquelas cujas normas e princípios 
localizam-se em diversas fontes, todas de natureza constitucional e situadas em 
idêntico patamar hierárquico, sem precedência de qualquer uma sobre as demais. Não 
há, aqui, a reunião dos preceitos constitucionais em um único documento, ao 
contrário, são eles encontrados em diversas fontes normativas constitucionais, a 
exemplo das leis, dos costumes, da jurisprudência, das convenções e acordos. 
O erro mais comum a ser evitado, nesta classificação, é considerar que a Constituição 
não-escrita é composta somente por normas não escritas, o que é incorreto. O caráter 
não-escrito de uma Constituição, nesse contexto, significa que seus dispositivos são 
encontrados de forma esparsa, em diversas fontes constitucionais, algumas das quais 
não são escritas (usose costumes constitucionais), ao passo que outras o são (leis, 
jurisprudência, tratados e convenções). 
Melhor seria, sem dúvida, substituir-se a terminologia até então adotada, nominando-
se as Constituições escritas de consolidadas (porque reunidas em um texto único), e 
as não-escritas de não consolidadas (porque não reunidas em um só texto), já que, 
como exposto, tanto a Constituição escrita como a não-escrita são compostas de 
normas escritas, aquela, de forma exclusiva, esta, de forma parcial (quando os 
costumes são tidos por fonte constitucional, o que é a regra geral) ou mesmo 
exclusiva (quando os costumes não são considerados fontes constitucionais) 
Há autores, a exemplo de André Ramos Tavares e Paulo Bonavides, que trabalham 
em outros termos a presente classificação, apesar de subdividirem as Constituições 
sob as mesmas expressões: Constituições escritas e Constituições costumeiras (ou 
não escritas). 
A Constituição escrita, na visão desses Autores, é aquela que tem suas normas 
todas positivadas, ou seja, todas prescritas em documento formal (as 
chamadas leis constitucionais). Todavia, pode tal documento ser único ou não. 
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Enfim, podemos uma Constituição formada por normas prescritas em um só ou em 
vários documentos. De qualquer forma, como todas suas normas são positivadas, 
instituídas em um documento solenemente elaborado já com status constitucional, em 
ambos os casos estamos perante uma Constituição escrita. No primeiro caso, a 
Constituição é chamada codificada; no segundo, legal. 
Ilustrando o ponto, transcrevemos a lição de Paulo Bonavides: 
 Constituições codificadas são aquelas que se acham contidas inteiramente em 
 um só texto, com seus princípios e disposições sistematicamente ordenados e 
 articulados em títulos, capítulos e seções, formando, em geral, um único corpo 
 de lei. 
 (...) 
 As Constituições legais, conforme alguns constitucionalistas, que empregam um 
 tanto impropriamente essa denominação para distingui-las das Constituições 
 codificadas, são aquelas Constituições escritas que se apresentam esparsas ou 
 fragmentadas em vários textos. Haja vista, a título ilustrativo, a Constituição 
 francesa de 1875. Compreendia ela Leis Constitucionais elaboradas em 
 ocasiões distintas de atividade legislativa, como as leis de estabelecimento dos 
 poderes públicos, de organização do Senado e de relações entre os poderes. 
 Tomada em conjunta, passaram a ser designadas como a Constituição da 
 Terceira República. 
Varia o entendimento dos Autores, também, no que toca à segunda modalidade de 
Constituição, pois, para eles, Constituições costumeiras ou não escritas são aquelas 
cujas normas são formadas por normas não positivadas em diplomas legais 
específicos, aos quais quais foi formalmente reconhecida estatura constitucional. São, 
assim, Constituições não integradas por normas postas formalmente a vigorar com 
status constitucional, sendo compostas, principalmente, por normas costumeiras 
(costumes). Como professa André Ramos Tavares: 
 Normas costumeiras têm como característica fundamental o surgimento 
 informal, desligado de solenidades. Originam-se da sociedade, e não de uma 
 entidade especialmente designada para isso. A Constituição não-escrita ou 
 costumeira é formada por um conjunto e orientações normativas não 
 positivadas, oriundas, basicamente, da jurisprudência e dos costumes. 
Nessa segunda perspectiva não se nega a possibilidade de existirem fontes escritas 
constitucionais. Ao contrário, André Ramos Tavares é límpido ao citar, ao lado dos 
costumes, a jurisprudência. A Constituição costumeira é, aqui, caracterizada pela 
inexistência de fontes constitucionais positivadas, ou seja, de normas formalmente 
estabelecidas com peso constitucional. 
Enfim, as diferenças básicas entre a primeira e a segunda perspectiva podem ser 
sintetizadas nos seguintes termos. 
Na primeira perspectiva, a Constituição escrita é formada por normas positivadas 
reunidas num só documento; na segunda, por normas positivadas reunidas em 
um ou mais documentos (se reunidas em um só documento, são denominadas 
codificadas; se encontradas em diversos documentos, legais). 
Na primeira perspectiva, a Constituição não escrita pode abranger três tipos de 
fontes: fontes realmente não escritas, que são os costumes; fontes escritas mas 
não positivadas (não prescritas em um diploma normativo ao qual foi solenemente 
conferido peso constitucional), a exemplo da jurisprudência, das convenções e dos 
acordos, e, por fim, fontes escritas e positivadas (normas previstas em textos 
normativos formalmente considerados de natureza constitucional – as leis 
constitucionais). Na segunda perspectiva, por sua vez, a Constituição não escrita ou 
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costumeira pode abarcar apenas duas espécies de fontes, as não escritas (costumes) 
e as escritas não positivadas (jurisprudência, convenções, acordos); não, porém, as 
fontes escritas e positivadas (as leis constitucionais). 
Para fins de concurso, diferenciando entre Constituições escritas e não escritas, 
devemos privilegiar o primeiro ponto de vista (será o adotado no restante da aula), 
com o cuidado de considerar que o segundo, apesar de não corresponder ä forma 
como a matéria é comumente abordada em concursos, não está errado. Muito pelo 
contrário. Assim, se uma questão trouxer uma alternativa tratando da matéria como o 
fazem, entre outros, Paulo Bonavides e André Ramos Tavares (considerando que a 
Constituição escrita pode estar reunida em um ou mais documentos e excluindo da 
Constituição não escrita as leis constitucionais), devemos trabalhá-la com cuidado. A 
princípio, a alternativa está errada, pois a banca baseia-se na primeira lição; 
contudo, a falta de outra alternativa que pode ser tida por correta, devemos assim 
considerar aquela que contempla a lição dos referidos Autores (pois é precisamente 
esta lição que a banca está exigindo). Por fim, se a questão versar sobre as 
Constituições codificadas e legais, pelos termos utilizados (codificadas e legais), 
podemos concluir com tranquilidade que ela está contemplando a lição dos Autores. 
Prosseguindo na matéria, informa Paulo Bonavides que as Constituições costumeiras, 
fundadas basicamente no costume constitucional, predominaram até o final do século 
XVIII, e coincidem historicamente, a grosso modo, com a existência dos Estados 
absolutistas. Já as Constituições escritas representam um dos primeiros e mais 
importantes passos para a superação do Estado Absolutista pelo Estado Liberal, 
limitador do poder soberano do Estado (este assunto é objeto da primeira aula deste 
Curso). 
Atualmente não se encontram Estados que adotem Constituições absolutamente 
costumeiras, como foi o caso da França, no período do Antigo Regime. O que existe, 
hoje, são Constituições parcialmente não escritas, como é ocorre, 
exemplificativamente, na Inglaterra, cuja Constituição é formada pelo direito 
estatutário, pelo direito jurisprudencial e pelos costumes e convenções 
constitucionais. 
Também existem, na atualidade, Constituições escritas (na primeira perspectiva, ou 
seja, que tem suas normas reunidas em um único texto) para cuja interpretação e 
aplicação faz-se largo uso dos costumes tradicionais. Temos no caso, uma 
Constituição, em si mesma, escrita, mas complementada pelos costumes. É o que se 
verifica, por exemplo, nos Estados Unidos, onde nos deparamos, ao lado do 
documento que condensa formalmente os preceitos constitucionais, com normas não 
escritas de natureza francamente consuetudinária. Para fins ilustrativos, vale trazer a 
lição de Carl J. Friedrich (citado por Paulo Bonavides)sobre a Constituição americana. 
Afirma o estudioso: 
 Algumas das principais normas constitucionais dos Estados Unidos, que definem 
 as peculiaridades de sua organização política, não estão escritas na Constituição 
 de 1787 nem nas emendas aprovadas posteriormente – por exemplo, a 
 doutrina da revisão judicial, que permite ao Tribunal decidir da 
 constitucionalidade dos atos realizados pelos outros poderes – assim como os 
 distintos aspectos do funcionamento dos partidos políticos(...). 
Deve-se mencionar que, embora existam doutrinadores que preferem às Constituições 
costumeiras às escritas, sob o fundamento da sua maior versatilidade, proximidade 
com a realidade e capacidade de adaptação às novas necessidades sociais, predomina 
largamente a preferência doutrinária pelas Constituições escritas, em virtude, 
essencialmente, dos atributos citados por Canotilho: segurança, publicidade, 
estabilidade e calculabilidade. 
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Sinteticamente, podemos dizer que o fato de as normas constitucionais estarem 
reunidas em um único diploma (a) permite a todos os interessados o conhecimento 
exato acerca de quais normas integram a Constituição (segurança e publicidade); (b) 
confere a tais normas uma imutabilidade relativa, em vista da maior dificuldade, como 
regra, para sua alteração (estabilidade); e, por fim, proporciona a todos uma diretriz 
segura sobre quais os comportamentos vedados, obrigatórios ou autorizados pela 
Constituição, enfim, sobre a licitude de tais e quais condutas perante o ordenamento 
constitucional (calculabilidade). 
 
2) QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO 
Tomando por critério distintivo seu modo de elaboração, as Constituições podem ser 
dogmáticas ou históricas. 
Constituição dogmática, sempre escrita, porque reunida em um só texto, é aquela 
elaborada em uma ocasião certa, por determinado órgão legislativo para tal tarefa 
competente (as Assembléias Constituintes), segundo um processo legislativo especial 
e solene, trazendo em seu texto a tradução dos valores e princípios dominantes no 
momento de sua produção, dos institutos e instituições jurídicos, políticos, filosóficos 
já sedimentados na doutrina, os quais, uma vez prescritos na Constituição, assumem 
o peso jurídico de dogmas, preceitos de observância obrigatória. Daí o termo, 
Constituição dogmática. 
Constituição histórica, necessariamente sempre não-escrita, é aquela que se forma a 
partir da lenta evolução histórica de uma sociedade, do brando processo de 
afirmação, alteração e solidificação de suas tradições, de seus valores fundamentais. 
Na época contemporânea a Constituição Inglesa é citada como exemplo de 
Constituição histórica. 
Como na Constituição dogmática ocorre a cristalização dos valores dominantes na 
sociedade em certo momento, sua tendência à instabilidade é considerável, já que 
eventuais alterações na estrutura social, trazendo novos pontos de pressão para o 
Estado, poderá ser incompatível com os atuais preceitos constitucionais, mesmo 
recorrendo-se aos modernos métodos de hermenêutica, com o risco de ocorrer, em 
função deste embate, um esvaziamento da eficácia social dos dispositivos 
constitucionais afetados, quando não da Constituição como um todo, conforme a 
magnitude do conflito. 
Tal situação é sobremaneira mais difícil de ocorrer em Estados que adotam o modelo 
histórico de Constituição, pois aqui temos a Constituição como o resultado de uma 
lenta, paulatina sedimentação dos valores essenciais à coletividade; temos, em suma, 
um processo histórico-constitucional no qual os valores sociais que passam a compor 
a Constituição sofrem um processo de maturação muito mais longo e profundo que o 
observado nas Constituições dogmáticas, o que assegura um estabilidade política e 
social muito superior às Constituições históricas. 
Há uma estreita relação entre as duas classificações até este ponto apreciadas, 
porque se conectam diretamente, num sentido, as Constituições dogmáticas e as 
Constituições escritas, e, em outro, as Constituições históricas e as Constituições não-
escritas, apresentando-se tais classificações, na verdade, como duas formas diversas 
de se observar o mesmo fenômeno. Como pondera José Afonso da Silva, “o conceito 
de constituição dogmática é conexo com o de constituição escrita, como o de 
constituição histórica com o de constituição não-escrita”. 
Isto porque uma Constituição dogmática, ou seja, solenemente estabelecida em 
momento determinado, necessariamente será escrita, ou seja, estará contida em um 
único documento; fruto do ato solene que lhe deu vida. Da mesma forma, um 
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documento só poderá conter todas as normas constitucionais se ele for 
estabelecimento solenemente como documento constitucional, por um órgão para 
tanto competente em um momento específico. 
Por sua vez, uma Constituição histórica, que se forma e se reforma com o lento 
evoluir dos princípios fundamentais de determinada sociedade, dos valores 
considerados por ela essenciais em dado período, não sendo estabelecida num ato 
solene, terá que possuir suas normas esparsas ao longo de diversas fontes 
constitucionais, pois, se forem elas reunidas num documento único, este 
necessariamente será estabelecido de forma solene, e a Constituição, então, será 
dogmática. Tal espécie de Constituição será, portanto, necessariamente não-escrita. 
De idêntico modo, uma Constituição não-escrita (cujas normas encontram-se 
localizadas em diversas fontes) será irremediavelmente histórica, porque, se um 
documento for solenemente declarado como Constituição, passaria a ser o único 
documento constitucional, cessando a partir daí a validade das anteriores fontes 
constitucionais, até então em vigor, e tal Constituição passaria a ser dogmática. 
 
3) QUANTO À ORIGEM 
Tomando por base a origem, podemos ter Constituições democráticas (populares, 
promulgadas) ou outorgadas. 
Numa acepção ampla, diz-se que uma Constituição é popular quando foi elaborada e 
posta a vigorar com a participação do povo, titular do poder constituinte, seja 
elegendo os seus representantes no processo de formação da Constituição, seja 
aprovando o texto final, antes (plebiscito) ou depois (referendo) de sua votação pelo 
órgão legislativo, podendo haver a participação do povo em apenas um desses 
momentos: elegendo seus representantes na Assembléia Nacional Constituinte (o que 
é o mais comum) ou aprovando o texto final, antes ou após sua apreciação pelo órgão 
constitucional. 
Numa acepção restrita, considera-se popular somente as Constituições que foram 
elaboradas por um órgão legislativo composto por representantes do povo, 
ou seja, por um órgão colegiado formado integralmente por membros eleitos pelo 
povo para elaborar o documento constitucional e que, portanto, estão legitimados 
para tanto. Afasta-se, nesta acepção, as Constituições não elaborados por este órgão 
legislativo especial – as Assembléias Constituintes -, mesmo que o texto final esteja 
sujeito à aprovação popular. Seria o caso, por exemplo, de uma Constituição 
elaborada pelo ditador de um País, mas sujeita à aprovação do povo. Tal Constituição, 
nessa segunda perspectiva, não é tida por popular. 
André Ramos Tavares, por exemplo, inclina-se por esta segunda posição,como 
podemos concluir pelas suas palavras: 
 As Constituições promulgadas são fruto de uma Assembléia Constituinte eleita 
 para tanto. São, por isso, também conhecidas como Constituições populares ou 
 democráticas. Sua origem encontra-se em uma Assembléia Geral Constituinte, 
 eleita pelo povo para fazer-se representar na feitura de seu futuro Documento 
 fundamental. 
Embora haja méritos para osdois entendimentos, para fins de concurso devemos 
adotar o segundo, reputando promulgadas somente as Constituições cujo texto foi 
elaborado por um órgão legislativo integrado por legítimos representantes do povo, 
em vista de ser este o posicionamento da maioria de nossos constitucionalistas, 
podendo-se citar, entre outros, Pedro Lenza, José Afonso da Silva e Paulo Bonavides. 
Apenas para reforçar o posicionamento que devemos adotar, é válido transcrever a 
lição de Paulo Bonavides, o qual afirma que “as Constituições populares ou 
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democrática são aquelas que exprimem em toda a extensão o princípio político e 
jurídico de que todo governo deve apoiar-se no consentimento dos governados e 
traduzir a vontade soberana do povo”. Ora, se exprimem o princípio democrático em 
toda sua amplitude, devemos considerar que elas necessariamente devem ser 
elaboradas por aqueles a quem o povo expressamente conferiu poderes para tanto, a 
saber, os membros da Assembléia Nacional Constituinte. 
A Constituição outorgada, por sua vez, é aquela que foi imposta ao povo pelo 
detentor do poder político, que foi posta a viger por este sem a participação 
popular. É, enfim, uma Constituição elaborada e imposta ao povo por quem não 
recebeu poder e, portanto, não possui legitimidade para tanto, em regra um ditador 
ou um imperador. Nas palavras de José Afonso da Silva, outorgadas são as 
Constituições “elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, aquelas que o 
governante – Rei, Imperador, Presidente, Junta Governativa, Ditador – por si ou por 
interposta pessoa ou instituição outorga, impõe, concede ao povo (...)”. Podemos 
compreendê-la como uma auto-limitação do titular do poder político; este, por ato 
próprio, edita uma Constituição que estabelece regras para o exercício do poder que 
ele mesmo exerce. É tradicional a designação das Constituições outorgadas como 
“Cartas”. 
 Como esclarece Paulo Bonavides, 
 A Constituição outorgada representa, na tela do constitucionalismo, um largo 
 esboço de limitação da autoridade do governante, o rei, príncipe ou Chefe de 
 Estado, enfeixa em suas mãos poderes absolutos, mas consente 
 unilateralmente em desfazer-se de uma parcela de suas prerrogativas ilimitadas 
 em proveito do povo, que entra assim no gozo de direitos e garantias, tanto 
 jurídicas como políticas, aparentemente por obra apenas em graça da 
 munificência real. 
 Do ponto de vista jurídico, a Constituição outorgada é ato unilateral de uma 
 vontade política soberana – a do outorgante – mas, do ponto de vista político, 
 representa, quase sempre, uma inelutável concessão feita por aquela vontade 
 ou poder popular ascendente, sendo, pois, o produto de duas forças 
 antagônicas que se medem em termos políticos de conservação ou tomada do 
 poder. Essas duas forças em conflito dialético são princípio monárquico do 
 absolutismo e o princípio democrático do consentimento. Um decadente, o outro 
 emergente. 
 O Chefe de Estado, outorgando a Constituição, a ela se sujeita jurídica e 
 politicamente, embora alguns pretendam possa ele depois, no exercício da 
 vontade soberana, que ficara latente, modificar a seu alvedrio a ordem 
 constitucional outorgada. 
Na história constitucional brasileira tivemos Constituições democráticas – as de 1891, 
1934, 1946 e 1988) e Constituições outorgadas – as de 1824, 1937, e 1967. 
José Afonso da Silva, analisando a matéria, acrescenta uma outra figura, por ele 
denominada Constituição Cesarista, um meio-termo a Constituição popular e a 
Constituição outorgada. Nela o projeto de texto constitucional é elaborado pelo 
governante, em regra um Ditador ou ou Imperador, ou seja, o próprio detentor do 
poder político, e aí, então, levado à aprovação do povo, mediante plebiscito. É 
efetivamente, uma figura intermediária, pois nela há participação popular, já que o 
projeto é aprovado pelo povo, em plebiscito, mas tal documento não foi elaborado 
pelos seus representantes, e sim pelo atual detentor do poder. José Afonso da Silva, 
após declarar que tais Constituições não se enquadram perfeitamente nem como 
outorgadas nem como promulgadas, afasta o seu caráter democrático, ao declarar 
que “a participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas a 
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ratificar a vontade do detentor do poder”. 
Fala-se, ainda, nas Constituições Pactuadas, sendo assim denominadas as 
Constituições que nascem de um compromisso entre o rei ou monarca e o Poder 
Legislativo, com o que o texto constitucional nasce baseado simultaneamente em dois 
princípios, o monárquico e o democrático. 
Como afirma Paulo Bonavides, “na Constituição pactuada, há um pacto instável de 
duas forças políticas rivais: a realeza absoluta, debilitada, de uma parte, e a nobreza 
e a burguesia, doutra, surgindo então a Constituição como termo dessa relação de 
equilíbrio a forma institucional da monarquia limitada”. 
Apesar de seu caráter formalmente consensual, o Autor salienta que esta 
Constituição, na verdade, é fruto de uma posição de superioridade da nobreza e/ou da 
burguesia perante o rei ou monarca, enfim, o detentor do poder político. Nas palavras 
do próprio Bonavides: 
 Entendem alguns publicistas que as Constituições pactuadas assinalam o 
 momento histórico em que determinadas classes disputam ao rei certo grau de 
 participação política, em nome da comunidade, com o propósito de resguardar 
 direitos e amparar franquias adquiridas. Na Constituição pactuada o equilíbrio é 
 precário. Uma das partes se acha sempre politicamente em posição de força. O 
 pacto selado mal encobre juridicamente essa situação de fato, 'e o contrato de 
 converte por conseguinte numa estipulação unilateral camuflada', conforme se 
 deu com a Carta Magna ou a Constituição francesa de 1791: ali a supremacia 
 dos barões; aqui, a supremacia dos representantes da nação reunidos em 
 assembléia constituinte. 
 
4) QUANTO AO CONTEÚDO 
Com relação ao seu conteúdo, podemos diferenciar as Constituições em materiais e 
formais. Na primeira aula deste Curso analisaremos com mais vagar a matéria, 
trazendo hoje os conceitos necessários para a compreensão desta classificação. 
Em sentido material, a Constituição é definida a partir do conteúdo, da substância de 
suas normas, correspondendo ao conjunto de normas que versam sobre os temas 
fundamentais do Estado, as matérias essenciais à organização política. 
Nesta perspectiva, são constitucionais as normas referentes à organização do Poder, 
ao exercício da autoridade, à distribuição de competência entre os entes estatais, à 
forma e ao regime de Governo e aos direitos fundamentais do homem, entre outras 
consideradas indispensáveis ao existir da comunidade. 
José Afonso da Silva amplia o âmbito de análise, diferenciando dois sentidos em que 
pode ser compreendida a Constituição material, o sentido amplo e o estrito. Segundo 
o Autor, 
 No primeiro, identifica-se com a organização total do Estado, com regime 
 político. No segundo, designa as normas constitucionais escritas ou 
 costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura 
 do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais. Neste 
 caso, constituição só se refere à matéria essencialmente constitucional; as 
 demais, mesmo que integrem uma constituição escrita, não seriam 
 constitucionais. 
Apreendida a lição do Autor, deve-se alertar para o fato de que a matéria será aqui 
tratada com base no que ali foi denominado sentido estrito de Constituição, por ser 
esta a perspectiva usualmente adotada nas questões de concursos. 
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É de se ressaltar que não há consenso doutrinário quanto às normas que 
correspondem à Constituição em sentido material. Há um rol mínimo aceito por toda a 
doutrina, que foi o exposto acima. Fora dele, as opiniões divergem, até porque a 
evolução do Direito Constitucional ao longo da história, ou diferenças culturais e 
geográficas, causam profunda alteração nos posicionamentos doutrinários. Assim, um 
tema que na atualidade é considerado materialmente constitucional no Brasil, pode 
não vir a sê-lo na Alemanha. Do mesmo modo, poderá no futuro tal assunto deixar de 
ser considerado pela doutrina brasileira materialmente constitucional, e passar a ser 
assim reputado pela doutrina alemã. 
Enfim, temos que a Constituição em sentido material refere-se ao conteúdo das 
normas de uma Constituição, mas somente daquelas reputadas como 
imprescindíveis à organização política, sem que haja consenso sobre o rol de 
normas que se enquadram no critério de imprescindibilidade. Pedro Lenza cita 
a Constituição brasileira de 1824 como exemplo de Constituição material, pelo fato de 
que o diploma, em seu art. 178, declarava ser constitucional somente o que dissesse 
respeito aos limites e atribuições dos poderes do Estado, bem como aos direitos 
políticos e individuais dos cidadãos. 
Em sentido formal, por sua vez, considera-se Constituição o conjunto de normas 
inseridas no texto constitucional, pelo só fato de terem sido aí inseridas, 
mediante um procedimento especial de elaboração, independentemente de 
tratarem ou não de temas considerados indispensáveis à organização política. 
Valendo-nos novamente de José Afonso da Silva, ensina o Autor que a “Constituição 
formal é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob forma escrita, a um 
documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável 
por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidas”. Apesar do Autor 
mencionar o processo especial para a alteração da Constituição como integrante do 
conceito de Constituição formal, para fins de prova devemos excluí-lo, pois ele é a 
base da classificação seguinte (quanto à estabilidade). 
Pelos conceitos expostos, podemos concluir que somente se faz possível a definição 
de uma Constituição sob a perspectiva formal se esta for escrita, ou seja, codificada 
em um único documento, pois é justamente este documento que agregará as normas 
e princípios constitucionais. Enfim, é esta reunião de preceitos, alguns materialmente 
constitucionais, outros não, mas todos criados por um procedimento peculiar e 
reunidos no documento constitucional, que corresponde à Constituição em sentido 
formal. 
Com base nesses conceitos podemos concluir: 
1o) numa Constituição em sentido formal só são constitucionais as normas insertas 
no documento constitucional, todas as demais, independente de seu conteúdo, têm 
peso infraconstitucional (são hierarquicamente inferiores às normas da Constituição). 
Assim sendo, em Estados que apresentem Constituições escritas e apliquem o 
conceito formal, só há matéria constitucional no texto da Constituição; 
2o) ao contrário, em Estados com Constituição não-escrita, se compreendida a 
Constituição em sentido material (o que é indispensável, já que a perspectiva formal 
exige Constituições escritas), serão constitucionais somente as normas que 
disciplinem os temas fundamentais à organização do Estado, onde quer que sejam 
encontradas (num costume, numa lei, num regulamento); 
3o) já nos Estados que possuam Constituição escrita e que adotem o sentido material 
de Constituição, o documento escrito não delimita as normas constitucionais, pois 
serão assim consideradas todas aquelas que regulem os temais indispensáveis à 
existência da coletividade, onde quer se encontrem. Nessa situação, poderemos ter 
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normas constitucionais fora do texto denominado “Constituição”, como em um 
costume que verse sobre o exercício do poder; e normas não constitucionais dentro 
da “Constituição”, como seria o caso de uma norma, inserida no texto solene, que 
tratasse da ordem econômica; 
4º) no atual estágio de evolução do Direito Constitucional, o critério relevante é o 
formal, segundo o qual compõe a Constituição somente as normas constantes no seu 
texto, ali postas por um procedimento especial. Assim sendo, se uma norma não 
materialmente constitucional, mas inserida no corpo da Constituição, em algum de 
seus pontos colidir com uma norma materialmente constitucional, mas prevista na 
legislação ordinária, aquela prevalecerá sobre esta, em vista de sua previsão no 
documento fundamental; 
5º) na perspectiva formal todas as normas constantes no documento constitucional 
gozam de mesma dignidade. Desse modo, não é possível declarar-se a invalidade de 
qualquer delas por incompatibilidade com qualquer uma das demais, não importa o 
assunto por elas disciplinado. Com isto, pressupondo-se duas normas insertas na 
Constituição, se uma tratar de direitos fundamentais e a outra de ordem econômica, 
não poderá esta ser declarada nula se eventualmente colidir com aquela em 
determinada situação. Necessariamente o intérprete terá que analisá-las de forma 
sistemática, sem pretender negar aplicação à norma sobre a ordem econômica. 
Aqui, vale ser mencionada a lição de Pedro Lenza, o qual afirma que, com a inserção 
do § 3o ao art. 5o, da Constituição Federal pela EC 45/2004, atualmente passamos a 
ter uma hipótese de conceito misto, abrangendo concomitantemente o conceito formal 
e material de Constituição, uma vez que o referido dispositivo assevera que “os 
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, 
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Não queremos 
neste ponto trabalhar com a devida atenção a matéria, limitando-nos, no momento, a 
transcrever a lição do Autor para considerações posteriores. Assim, afirma ele que 
“(...) com a introdução do art. 5O,, § 3o, pela EC n. 45/04, passamos a ter uma 
espécie de conceito misto já que a nova regra só confere a natureza de emenda 
constitucional (norma formalmente constitucional) aos tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos (matéria), desde que observadas as 
formalidades de aprovação (forma)”. 
Por fim, para conhecimento, trazemos o entendimento na matéria esposado por André 
Ramos Tavares, segundo o qual podemos subdividir as Constituições em formais, 
materiais e substanciais. 
O conceito de Constituição formal adotado pelo Autor identifica-se com o antes 
apresentado, considerando-se como tal o “conjunto de normas jurídicas elaboradas de 
maneira especial e solene”. Já o conceito substancial de Constituição por ele 
proposto identifica-se com o de Constituição material antes apresentado, qual seja, o 
conjunto de normas reputadas essenciais à organização política da sociedade. Nas 
palavras do Autor, substancialmente, “a Constituição é o conjunto de normas 
organizacionais de determinada sociedade política”. Por sua vez, para André Ramos 
Tavares, Constituição material é o conjunto juridicizado de forças sociais, 
políticas, econômicas, religiosas e ideológicas que regem certa sociedade. 
Trata-se de um conceito sociológico de Constituição, construído por Ferdinand Lassale, 
que analisaremos também na primeira aula do Curso, o qual é tratado pelo Professor 
como o conceito de Constituição material. 
Para fins de prova, devemos conhecer a sua posição, pois pode ser eventualmente 
exigida nas questões, mas atentando para o fato de que as modalidades de 
Constituição adotadas majoritariamente nesta classificação são as apresentadas acimaCURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
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(Constituições materiais e formais, apenas), segundo os critérios de diferenciação ali 
expostos (conteúdo da norma/processo de elaboração e inserção no documento 
constitucional). Podemos considerar que a questão versará sobre a lição peculiar do 
Professor somente quando apresentar a tríplice divisão por ele elaborada. 
 
5) QUANTO À ESTABILIDADE 
Quanto à estabilidade, uma Constituição pode ser imutável, rígida, flexível ou semi-
rígida. 
A Constituição é dita imutável quando simplesmente não admite alteração em 
qualquer de seus dispositivos. O interesse nessa modalidade de Constituição é 
meramente teórico, uma vez que o requisito indispensável para a permanência da 
eficácia de uma Constituição é precisamente sua capacidade de constante adaptação 
às transformações ocorridas na sociedade, o que se torna impossível nesse modelo de 
Constituição. 
Podemos, todavia, conferir a ele alguma utilidade, se adotarmos a lição de Alexandre 
de Moraes, que admite a imutabilidade relativa, quando o constituinte veda as 
alterações apenas por determinado prazo, que foi o que ocorreu na Constituição 
brasileira de 1824, cujo artigo 174 vedava alterações pelo período de 04 anos, a partir 
do que elas eram admitidas. Predomina, entretanto, o entendimento de que as 
Constituições imutáveis são aquelas que não admitem modificação, em termos 
absolutos, posição que devemos adotar. 
A Constituição rígida é aquela que estabelece um procedimento diferenciado para a 
alteração dos seus dispositivos, de maior solenidade e complexidade que aquele 
fixado para a alteração da legislação ordinária. Só pode se analisar a rigidez ou não de 
uma Carta Constitucional se a mesma for escrita (codificada num único documento), 
pois o procedimento especial, acaso existente, tem que abranger todas as normas 
constitucionais, o que não é exeqüível se elas estiverem disseminadas por várias 
fontes (leis, decretos, costumes etc.). 
Constituição flexível, por sua vez, é aquela que pode ser modificada pelo mesmo 
processo legislativo instituído para a reforma da legislação infraconstitucional. De 
regra são flexíveis as constituições não-escritas (cujas normas não estão fixadas num 
documento único), embora existam exemplos de constituições escritas flexíveis, como 
a Constituição Francesa de 1830. 
A Constituição semi-rígida (ou semi-flexível), por fim, é aquela que possui parte de 
seus preceitos alteráveis via processo legislativo ordinário, estando a alteração dos 
demais sujeita a um regramento processual específico, que apresenta maiores 
dificuldades e formalidades para ser exercitado. É, portanto, parcialmente flexível e 
parcialmente rígida. 
Como exemplo de Constituição semi-rígida podemos citar a Constituição brasileira de 
1824, a qual, em seu art. 178, prescrevia: 
É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos 
Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o 
que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, 
pelas Legislaturas ordinarias. 
As demais Constituições brasileiras foram rígidas, o que também se aplica à atual 
Constituição Federal. 
A rigidez constitucional é pressuposto de uma série de conceitos de essencial 
importância no constitucionalismo moderno: (1) da concepção da Constituição, 
segundo uma perspectiva formal; (2) da supremacia formal das Constituições; (3) da 
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hierarquia das normas jurídicas, diferenciando-se normas constitucionais e 
infraconstitucionais; (4) do controle de constitucionalidade da legislação ordinária e 
das emendas à Constituição. 
Já analisamos anteriormente a Constituição sob as perspectivas formal e material. Em 
se tratando de Constituições do tipo rígido, deve–se ressaltar que a perspectiva 
material perde sua relevância, pois a dignidade constitucional é conferida pelo prisma 
formal. A norma está prevista no texto constitucional, logo, tem natureza 
constitucional, seja qual for a matéria por ela regulada. A perspectiva material 
mantém sua relevância somente nas Constituições flexíveis, principalmente se forem 
não-escritas (o que constitui a regra geral). 
Neste ponto, em complemento à matéria, devemos cuidar da supremacia 
constitucional, a qual pode ser compreendida por dois ângulos: a supremacia 
formal, existente em sua plenitude nas constituições rígidas, e em menor grau nas 
semi-rígidas, pelo qual a superioridade dos preceitos constitucionais é assegurada a 
partir da previsão de um processo legislativo especial para sua alteração; e a 
supremacia material, calcada exclusivamente no conteúdo de suas normas da 
Constituição, que assim prevalecem não em virtude de um procedimento específico 
para sua modificação, mas porque tratam dos temas considerados fundamentais para 
o desenvolvimento social e a estabilidade e aprimoramento das instituições estatais. 
O procedimento especial de alteração, típico das Constituições rígidas e presente 
parcialmente nas semi-rígidas, também é o ponto de partida para a diferenciação 
entre as normas constitucionais e as normas infraconstitucionais ou 
ordinárias, pois se aplica exclusivamente àquelas, o que se reforça seu caráter 
hierarquicamente superior. Este é um entendimento doutrinário pacífico: as 
normas constitucionais, numa perspectiva formal, prevalecem sobre as ordinárias, 
inicialmente, porque estão postas no documento constitucional de certo Estado. Uma 
vez promulgada a Constituição, a superioridade de suas normas passa a ser 
assegurada pelo processo especial de sua alteração, mais dificultoso e solene do que o 
previsto para a legislação ordinária. 
Um comentário também sobre o controle de constitucionalidade, matéria que será 
objeto de atenção em aulas próximas. Podemos defini-lo, sinteticamente, como o 
instrumento pelo qual se assegura que a superioridade hierárquica da Constituição 
será efetivamente respeitada, mediante a exclusão do ordenamento jurídico de todas 
as leis e atos normativos com ela desconformes, material ou formalmente. 
A finalidade do controle de constitucionalidade, em termos normativos, é assegurar a 
preponderância da Constituição sobre as demais normas do ordenamento jurídico de 
um Estado, que deverão, sob pena de nulidade, conformar seus preceitos aos 
princípios e normas nela existentes. A atuação dos agentes públicos e a conduta dos 
cidadãos deverão, igualmente, enquadrar-se em seus parâmetros. 
Imagine-se um Estado que tenha, em sua Lei Fundamental, um sistema estruturado 
de controle contra os atos normativos e condutas contrários a seus dispositivos, 
determinando os órgãos competentes e a forma de sua atuação. Entrando em vigor 
uma lei violadora das regras constitucionais, existirá todo um aparato processual apto 
a expurgar tal norma do sistema jurídico deste Estado, de maneira eficiente e 
definitiva. 
Pois bem, nessa situação estará assegurado o predomínio das regras constitucionais. 
Mas, quais regras? Se não foi fixado pelo poder constituinte originário um processo 
qualificado para a alteração da Constituição (presente integralmente nas Constituições 
rígidas e parcialmente nas semi-rígidas), qualquer ato normativo declarado 
inconstitucional pode vir a deixar de sê-lo por uma alteração dos próprios dispositivos 
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constitucionais a ele contrários, alteração essa que pode ser levada a cabo sem 
maiores dificuldades, já que resulta do mesmo procedimento utilizado para a 
elaboração do ordenamento infraconstitucional, muito mais simples e célere do que o 
procedimentoinstituído para a modificação dos dispositivos constitucionais naqueles 
Estados que adotam o modelo de constituição rígida. 
A estruturação de um controle de constitucionalidade e de um processo legislativo 
especial para a reforma da Constituição são, portanto, dois institutos que se 
completam e se reforçam, pois, enquanto o primeiro assegura o respeito às regras e 
aos princípios constitucionais vigentes, o segundo garante que, se não respeitadas 
suas rígidas disposições na alteração da constituição, serão estas mesmas regras e 
princípios que permanecerão vigentes. 
Pode-se, portanto, concluir assim: (1) a rigidez, ao exigir um procedimento especial 
para a modificação da constituição, termina por colocá-la no topo do ordenamento 
jurídico, como informadora de toda a produção legislativa do Estado, 
consubstanciando o que se chama supremacia da constituição em sentido formal, ou 
simplesmente, supremacia da Constituição; (2) por isso, diz-se que a decorrência 
imediata da rigidez é o princípio da supremacia da constituição; (3) daí, sendo a 
constituição rígida, suprema, as normas do ordenamento que a contrariarem 
carecerão de validade, devendo ser retiradas do mundo jurídico; (4) para essa 
retirada, assume relevo o controle de constitucionalidade, estabelecido no próprio 
texto constitucional como meio eficaz de fiscalizar e salvaguardar a supremacia 
constitucional, decorrente da rigidez. 
Pode-se concluir, portanto, que o controle de constitucionalidade baseia-se, 
modernamente, na supremacia formal das normas constitucionais, tendo lugar apenas 
nas constituições rígidas e semi-rígidas (estas, no que se refere aos dispositivos 
sujeitos ao processo especial para sua alteração), não sendo exeqüível, nas 
constituições flexíveis, já que, nestas, eventual declaração de inconstitucionalidade de 
uma lei pode ser facilmente superada, mediante a alteração ou revogação do 
dispositivo constitucional que serviu de base à impugnação. 
Ainda quanto à estabilidade das Constituições, são válidos os seguintes 
apontamentos: 
1o) rigidez não deve ser confundida com imutabilidade, impossibilidade de alteração 
de normas constitucionais. Todavia, como é necessário que seja observado um 
procedimento mais complexo para a mudança das normas das Constituições dessa 
espécie, entende-se que a rigidez assegura a elas uma imutabilidade relativa (as 
Constituições semi-rígidas, quanto às suas disposições alteráveis apenas por 
procedimento especial, também gozam dessa imutabilidade relativa). Como professa 
José Afonso da Silva: 
A estabilidade das Constituições não deve ser absoluta, não pode significar 
imutabilidade. Não há Constituição imutável diante da realidade social cambiante, 
pois não é ela apenas um instrumento de ordem, mas deverá sê-lo, também, de 
progresso social. Deve-se assegurar certa estabilidade constitucional, certa 
permanência e durabilidade das instituições, mas sem prejuízo da constante, 
sempre que possível, perfeita adaptação das constituições às exigências do 
progresso, da evolução e do bem-estar social. A rigidez relativa constitui técnica 
capaz de atender a ambas as exigências, permitindo emendas, reformas e 
revisões, para adaptar as normas constitucionais às novas necessidades sociais, 
mas impondo processo especial e mais difícil para essas modificações formais, que 
o admitido para a alteração da legislação ordinária. 
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2o) essa imutabilidade relativa deve ser compreendida em termos jurídicos, 
referindo-se ao procedimento especial para a alteração da Constituição, e não deve 
ser confundida com a efetiva estabilidade de uma Constituição. Para tanto, basta-nos 
lembrar o número de emendas que já sofreu nossa Constituição, que é do tipo rígida; 
3o) não há vinculação necessária entre rigidez constitucional e a existência 
de cláusulas pétreas. Na Constituição Federal, o art. 60, § 4º, traz uma série de 
matérias protegidas contra quaisquer emendas tendentes à sua abolição, as 
chamadas cláusulas pétreas. Pois bem, podemos perfeitamente ter uma Constituição 
rígida que não possua cláusulas pétreas, bastando, para tanto, que todas as suas 
normas sejam modificáveis em qualquer amplitude, desde que observado o 
procedimento especial; como podemos ter uma Constituição que possua cláusulas 
pétreas e não seja rígida, o que ocorre quando há um rol de matérias protegido contra 
alterações tendentes à abolição, sendo os demais preceitos constitucionais passíveis 
de alteração pelo mesmo procedimento estabelecido para a legislação ordinária; 
4º) não devemos confundir Constituição escrita com rígida, e nem flexível com não 
escrita. Embora a regra generalíssima seja a de que a Constituição escrita é rígida, e 
que a flexível é não escrita, estas correspondências nem sempre ocorrem. A doutrina 
cita a Constituição italiana como exemplo de Constituição escrita e flexível. Escrita, 
porque corporificada em um único documento; flexível, porque suas normas porque 
suas normas podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinário. Aprofundando a 
matéria, podemos dizer que toda Constituição rígida é escrita, mas não o contrário, 
embora seja a regra geral; e que toda Constituição não-escrita é flexível, mas não o 
contrário, embora seja a regra geral. Ademais, pode-se considerar que as 
Constituições não-escritas (e, portanto, também históricas) são juridicamente 
flexíveis, mas, via de regra, social e politicamente rígidas, sofrendo poucas alterações 
(Paulo Bonavides admite que uma Constituição não escrita possa ser rígida – citando 
a Constituição francesa anterior a de 1789, que continha vários costumes tidos por 
rígidos, segundo alguns constitucionalistas, a exemplo de Burdeau e Vedel -, mas tal 
posição, até onde sabemos, nunca foi adotada pelas bancas de concurso; fica, 
portanto, a notícia do entendimento); 
5º) em continuidade, é de se notar que as Constituições flexíveis podem ser tanto 
escritas e dogmáticas como não-escritas e históricas, ao passo que as Constituições 
rígidas e semi-rígidas são necessariamente escritas (e, portanto, dogmáticas), pois 
apenas a partir da inserção da totalidade das normas constitucionais em um 
documento único é que será possível a construção de um procedimento legislativo 
específico para sua alteração, aplique-se ele à totalidade das normas, no caso de 
Constituições rígidas, ou apenas à parte delas, no caso de Constituições semi-rígidas. 
A recíproca, todavia, não é verdadeira, pois é possível a existência de Constituições 
escritas que não sejam rígidas ou semi-rígidas: basta que uma Carta Constitucional, 
posta num só documento, não estabeleça um procedimento especial para a alteração 
de suas normas, caso em que ela será flexível. Quanto às Constituições não-escritas, 
elas são necessariamente flexíveis; 
6º) nas Constituições flexíveis não há, em termos formais, uma efetiva hierarquia – 
supremacia - entre suas normas e as demais normas componentes do ordenamento 
jurídico, pois inexistente procedimento mais dificultoso para sua alteração. Tal 
prevalência das normas constitucionais só existe nas Constituições rígidas, aplicando-
se à totalidade de seus preceitos, já que o procedimento específico de alteração 
abarca a Constituição como um todo; e nas Constituições semi-rígidas, neste caso 
apenas quanto à parcela das suas normas, alterável por um procedimento especial. 
Nas Constituições flexíveis só se pode impropriamente falar em “hierarquia” no 
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sentido material, significando que as normas da Constituição, pela relevância dos 
temas de que tratam, predominam sobre as normas infraconstitucionais. 
 
6) QUANTO À FINALIDADE 
Tomando por parâmetro a finalidade,temos a Constituição-garantia, a Constituição-
balanço e a Constituição dirigente. 
A Constituição-garantia volta-se para o passado, pois objetiva precipuamente 
assegurar os direitos, as garantias e as liberdades fundamentais já conquistados por 
uma sociedade, para o que estabelece mecanismos de contenção de poder estatal. É 
essencialmente uma Constituição de defesa ou, no dizer de José Afonso da Silva, uma 
Constituição negativa, instituidora de liberdade negativa, que busca reduzir o poder 
estatal a fim de preservar a esfera jurídica individual. 
A Constituição-balanço vislumbra o presente, avaliando e registrando o estágio 
atual de desenvolvimento de uma sociedade e suas características essenciais, a fim de 
preparar sua transição para uma nova etapa de desenvolvimento social. 
A Constituição dirigente vai além da Constituição-balanço, pois ela busca balizar a 
evolução de uma sociedade, nortear seu futuro. Para tanto, estabelece metas, 
diretrizes, programas e planos de ação para os Poderes Públicos, bem como os 
valores que o ente estatal deve preservar na sua atuação. 
As Constituições dirigentes são também denominadas programáticas, porque contêm 
grande número de normas dessa natureza, isto é, normas que fixam programas de 
ação para o Estado. As normas programáticas serão objeto da próxima aula. 
 
7) QUANTO À EXTENSÃO 
Temos, nesta classificação, as Constituições sintéticas (também nominadas breves, 
sumárias, concisas) e as Constituições analíticas (também denominadas extensas, 
prolixas, largas, amplas). 
Segundo Alexandre de Moraes 
As constituições sintéticas prevêem somente os princípios e as normas gerais de 
regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da 
estipulação de direitos e garantias fundamentais (por exemplo: Constituição 
Norte-americana); diferentemente das constituições analíticas que examinam e 
regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à formação, 
destinação e funcionamento do Estado (por exemplo: Constituição brasileira de 
1988). 
A diferença, portanto, não é difícil de ser percebida: a Constituição sintética, da qual 
é exemplo a Constituição norte-americana, é aquela que só trata de temas 
materialmente constitucionais, pertinentes à organização fundamental do Estado; 
já a Constituição analítica cuida de temas materialmente constitucionais e de 
temas apenas formalmente constitucional, sendo caracterizadas, também, pela 
presença das normas programáticas (que fixam planos de ação e metas para o 
Estado). São, desse modo, Constituições que descem a detalhes em termos de 
regramento jurídico, contemplando grande número de normas. 
Nos Estados que adotam Constituições do modelo sintético, é muito mais amplo o 
leque de atuação do legislador ordinário, uma vez que o texto constitucional limita-se 
ao regramento básico do Estado. Nos Estados que adotam Constituições do tipo 
analítico ocorre justamente o oposto, pois a amplitude dos temas tratados no 
documento constitucional limita a atuação do legislador ordinário, o qual ao exercer 
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sua função de editar a legislação complementar à Constituição, forçosamente terá que 
acatar os mandamentos constantes de seu texto, sob pena de nulidade do diploma 
legislativo elaborado. Assim, como salienta André Ramos Tavares, quanto às 
Constituições sintéticas, 
 Nesses modelos jurídicos há ampla potencialidade de manutenção das 
 Constituições que, em geral se perpetuam por longos períodos, como é de 
 desejar. Isso ocorre porque, ao se dedicar aos princípios mais amplos, a 
 Constituição sintética é mais facilmente adaptável à realidade concreta e suas 
 constantes mudanças, sem necessidade de promover-se uma alteração formal 
 em seu texto escrito. 
Atualmente, a preferência dos Estados é pela adoção de Constituições analíticas, 
embora, como apontado, a extensão de seu conteúdo implique a necessidade de 
contínuas alterações em seu texto. A doutrina aponta alguns motivos para tal 
preferência, dentre os quais podemos citar, como o principal, a necessidade de 
segurança jurídica quanto a certos direitos, deveres, proibições, responsabilidades, 
institutos e instituições, mesmo que não relativos à organização fundamental do 
Estado (seria o caso, por exemplo, das regras de proteção ao meio-ambiente, as 
quais, apesar de não integrarem o conceito material de constituição, são consideradas 
de especial relevância pela generalidade dos membros da maioria das sociedades 
contemporâneas). A previsão de tais matérias no documento constitucional confere-
lhes uma proteção jurídica singular, dotada de maior eficácia que aquela 
proporcionada pela legislação ordinária, justamente por ter estatura constitucional. 
Em posição divergente (mas plenamente aceitável), Gabriel Dezen Junior trabalha a 
classificação nos seguintes termos: 
Importante, também, é citar a classificação de Constituição como sintética, em 
que o texto constitucional é predominantemente composto por princípios 
constitucionais, mais subjetivos, menos precisos, mais genéricos, e que, por 
não se preocupar com detalhamentos e explicações, garante um tempo de vida 
útil bem maior ao dispositivo constitucional, já que a atividade de interpretação 
vai se encarregar de adaptar aquele conceito impreciso à realidade histórica de 
cada momento; a outra forma de Constituição, nessa chave, é a analítica, a 
qual, contrariamente, tem predominância de normas constitucionais, e não 
de princípios, as quais buscam os detalhes menores, as explicações precisas e 
que contém comandos concretos e claros sobre as situações que regem, 
impossibilitando, por isso, maior desenvoltura no trabalho do intérprete, que 
ficará preso aos termos do dispositivo, razão pela qual a vida útil desses 
comandos é bem menor. (sem destaques no original). 
Na primeira perspectiva, o caráter analítico ou sintético da Constituição é definido pelo 
tipo de tema tratado – se materialmente constitucional ou não -, sendo irrelevante 
(ou secundário) o tipo de preceito – norma ou princípio – predominantemente 
utilizado na Constituição. Aqui, serão analíticas as Constituições que versem sobre 
assuntos diversos, sejam eles ou não materialmente constitucionais; e sintéticas as 
Constituições que se limitem ao disciplinamento somente de assuntos materialmente 
constitucionais. 
Na segunda perspectiva é justamente o oposto, pois a base da distinção é o tipo de 
preceito predominantemente utilizado na Constituição, se norma (mais específico) 
ou princípio (mais genérico), sejam quais forem as matérias neles regulada. Aqui, 
analítica será a Constituição composta preponderantemente por normas; e sintética 
aquela formada preponderantemente por princípios. De se ressaltar que também se 
aplicam aqui as considerações acima apresentadas sobre a maior perenidade das 
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Constituições sintéticas e a maior amplitude de atuação do legislador ordinário nos 
Estados que adotam essas Constituições. 
Embora a segunda perspectiva seja plenamente aceitável, sendo adotada por parcela 
de nossos doutrinadores, devemos privilegiar a primeira. 
 
8) QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE 
Karl Loewenstein elaborou uma classificação das Constituições com base em um 
parâmetro bastante diferenciado daquelas que analisamos até este ponto. Enquanto 
estas foram construídas a partir de características internas da própria Constituição, à 
exceção da classificação quanto à origem, a presente classificação parte de um ângulo 
externo à Constituição, examinando-a com base na sua maior ou menor proximidade 
com a realidade do processo de poder, critério com base no qual o Autor estruturou 
três modalidadesde Constituição. 
Inicialmente, a Constituição normativa, aquela cujas normas efetivamente regulam o 
processo político do Estado. É uma Constituição realmente eficaz, a que os atores do 
cenário político subordinam suas ações. 
Em segundo, temos a Constituição nominal, aquela que, apesar de instituída para 
dominar o processo político, é por este, na prática, ignorada, transcorrendo à revelia 
das normas postas na Constituição. 
Por fim, temos a Constituição semântica, concebida não para limitar o exercício do 
poder pelos governantes, mas, ao contrário, para possibilitar que eles se valham de 
seus dispositivos para se manter eternamente em posição de comando, em 
detrimento dos interesses legítimos da coletividade. 
Unindo as três modalidades, temos, então, que a Constituição normativa é elaborada 
para limitar o exercício do poder político, disciplinando-o, e efetivamente o faz; a 
nominal, também é instituída com tal intuito, mas não atinge seus objetivos; e a 
semântica, por sua vez, é estabelecida para apenas aparentemente limitar o exercício 
do poder, visando na realidade possibilitar que seus atuais detentores permaneçam 
em suas posições de comando, e efetivamente cumpre a contento sua finalidade. 
 
 
09) QUANTO À IDEOLOGIA 
Quanto à ideologia, as Constituição podem ser ortodoxas ou heterodoxas. 
As Constituições ortodoxas são as elaboradas com base em elementos fornecidos por 
uma única corrente ideológica, mantendo-se em todo seu texto fiel à esta orientação. 
As Constituições heterodoxas, por sua vez, são formadas partindo de elementos 
fornecidos por diversas correntes ideológicas, buscando, ao longo de seu texto, 
normatizar suas diferenças num todo unitário, sistemático, de modo a obter-se um 
sentido harmônico da Constituição, 
 
10) CONSTITUIÇÕES NOMINALISTAS E SEMÂNTICAS 
O Professor Alexandre de Moraes apresenta mais uma classificação das Constituições, 
dividindo-as em nominalistas e semânticas. Devemos atentar para o fato de que, 
apesar da similitude dos termos aqui utilizados com os da penúltima classificação, o 
critério distintivo é bastante diverso, como veremos a seguir. 
Nesse contexto, Constituição nominalista é aquela cujas normas são redigidas com 
elevado nível de clareza e precisão, de modo que o jurista, para aplicá-la aos casos 
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em concreto, precisa apenas utilizar-se do método de interpretação literal (que se 
limita à análise da própria redação da norma), sem valer-se dos outros métodos 
hermenêuticos, a exemplo do sistemático, do lógico, do histórico ou do teleológico. 
A Constituição semântica, por sua vez, é aquela cujas normas, em função de sua 
redação mais imprecisa, equívoca, não podem ter seu significado corretamente 
apreendido com tão só o uso do método literal, sendo ao intérprete, então, 
indispensável recorrer aos demais métodos de interpretação jurídica, alguns deles 
citados acima. 
 
11) QUANTO À SISTEMATICIDADE 
De forma bem simples, trazemos a lição de Pinto Ferreira, que, trabalhando a partir 
do critério sistemático, classifica as Constituições em reduzidas e variadas. 
Reduzidas são as Constituições cujas normas estão reunidas em um só texto, de 
forma harmônica e organizada, que forma, por assim dizer, um “Código 
Constitucional”. É o caso da Constituição Federal de 1988. 
Variadas, por seu turno, são as Constituições cujas normas estão espraiadas por 
diversos diplomas legislativos. São, assim, Constituições que não possuem suas 
normas prescritas de forma sistematizada, em um só documento, ao contrário das 
Constituições reduzidas. 
Na verdade, os conceitos desta classificação correspondem exatamente aos conceitos 
de Constituição codificada e legal, na forma como apresentamos na primeira 
classificação desta aula. Apenas tratamos da matéria em separado para não 
apresentar um volume exagerado de informações naquela classificação. 
 
12) CONSTITUIÇÕES LIBERAIS (NEGATIVAS) E SOCIAIS (DIRIGENTES) 
André Ramos Tavares propõe uma segunda classificação que toma por base o 
conteúdo ideológico das Constituições. 
Segundo o Professor, duas modalidades de Constituição podem ser percebidas, 
segundo o referido critério: as Constituições liberais ou negativas e as Constituições 
sociais ou dirigentes. 
As Constituições liberais são o resultado do sucesso do movimento liberal-burguês, 
que culminou no triunfo do Estado Liberal sobre o Estado Absolutista. Tais 
Constituições se propunham, basicamente, a conter o poder até então absoluto do 
Estado, encarnado na figura do monarca, assegurando uma esfera jurídica de 
liberdade individual, protegida contra a ingerência estatal. 
O objetivo destes diplomas constitucionais era, portanto, assegurar à sociedade, ou, 
melhor dizendo, aos seus membros, certos direitos e garantias mínimos, destinados a 
conferir-lhes um espaço de liberdade perante o gigante estatal. Consagram, assim, os 
direitos à liberdade de locomoção, de reunião, de manifestação do pensamento, o 
direito à vida e à propriedade, entre outros, bem como as correlatas garantias, a 
exemplo do habeas-corpus, remédio constitucional destinado a assegurar o direito à 
liberdade de locomoção. Tais direitos e garantias correspondem, em seu conjunto, aos 
direitos fundamentais de primeira geração e exigem, essencialmente, uma não-ação 
do Estado, no sentido de respeitar as esferas jurídicas por eles protegidas. Daí, o 
outro nome que designa tais Constituições – negativas -, que salienta seu intento: 
construir um espaço de liberdade individual liberto da intervenção estatal. 
No decorrer da evolução política das sociedades, vem à lume um segundo tipo de 
Constituição, a social ou dirigente, que, ao contrário da anterior, exige uma atuação 
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positiva do Estado. Tal modelo de Constituição parte da constatação de que o 
paradigma anterior não assegurava plenas condições de desenvolvimento para os 
membros economicamente mais fracos do corpo social, o que impedia a plena fruição 
das liberdades asseguradas pela Constituição liberal. 
Cabia então ao Estado pôr em prática uma série de políticas públicas que visassem 
justamente a conferir tais condições materiais, de modo a assegurar um mínimo de 
igualdade entre os membros da sociedade. Tais Constituições são, assim, 
caracterizadas por prever os chamados direitos sociais, encartados entre os direitos 
fundamentais de segunda geração, a exemplo dos direitos ao trabalho, à saúde, à 
educação, entre outros. Enfim, direitos que voltam-se a obter uma igualdade real 
entre os indivíduos, em complemento à igualdade formal assegurada pelo modelo 
anterior de Constituição. Porque essas Constituições prescrevem políticas a serem 
implantadas pelo Estado, são denominadas também dirigentes. Dirigem, orientam, 
norteiam e conduzem as ações a serem promovidas pelo Estado a busca da igualdade 
real. 
Em síntese, temos que as Constituições liberais ou negativas prescrevem os direitos 
fundamentais de primeira geração, que em conjunto buscam um não-agir estatal, 
no sentido de respeitar um espaço de liberdade próprio e exclusivo dos membros da 
sociedade; ao passo que as Constituições sociais ou dirigentes intentam consagrar um 
conjunto de direitos, os direitos sociais, integrantes dos direitos fundamentais de 
segunda geração, que impõem ao Estado ações, condutas positivas, no sentido de 
implementar as políticas públicas necessárias à obtenção de condições mínimas de 
igualdade real para a totalidade dos membros da sociedade. 
 
13) CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Nossa vigente Constituição, levando-se em conta todas as classificações 
apresentadas, na ordem de apresentação,é escrita, dogmática, democrática, formal, 
rígida (super-rígida, para Alexandre de Moraes), dirigente, analítica, normativa, 
semântica, heterodoxa, semântica (na segunda classificação que usa o termo), 
reduzida e dirigente. 
Acima anotamos a posição peculiar de Alexandre de Moraes, para o qual nossa 
Constituição é super-rígida. Apenas desejamos, aqui, esclarecer que o Autor 
fundamenta seu entendimento nas cláusulas pétreas de nossa Constituição, um rol de 
matérias protegido contra qualquer tentativa de alteração que pretenda sua abolição. 
Tais matérias, a exemplo dos direitos e garantias individuais, são protegidas contra 
emendas constitucionais que intentem sua supressão, admitindo-se apenas aquelas 
que promovam alterações tidas por não substanciais. Logo, ensina o Autor, só podem 
sofrer alteração quando observado o processo especial previsto na Constituição e 
desde que tal alteração não implique sua abolição ou significativa alteração, 
ao passo que as demais normas da Constituição Federal, que tratem de matérias não 
elencadas entre as cláusulas pétreas, podem sofrer modificações substanciais, ou 
mesmo ser objeto de supressão (revogação), via emenda à Constituição, desde que 
observado o processo legislativo especial. 
Assim, em face desta especial proteção instituída para as cláusulas pétreas, entende o 
Autor que a Constituição Federal de 1988 é mais adequadamente designada como 
super-rígida. 
Encerrando a aula, vale mencionar a lição de Raul Machado Horta (trazida por Pedro 
Lenza), que insere a Constituição brasileira entre as Constituições que denomina 
expansivas, em função da diversidade de novos temas por ela tratados, 
comparativamente à Constituição brasileira anterior, e da ampliação do tratamento 
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jurídico de diversos temas já presentes nos documentos constitucionais anteriores, a 
exemplo dos direitos e garantias fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES 
 
 
 
* As questões envolvem assuntos não abordados nesta aula, que serão objeto 
de análise em encontros posteriores 
 
 
1 (ESAF/AFRF/2002) - Assinale a opção correta. 
a) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo normas 
programáticas. 
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da Constituição 
não pode ser considerada inconstitucional. 
c) Uma norma constitucional programática, por representar um programa de 
ação política, não possui eficácia jurídica. 
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas em seu 
texto. 
e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria natureza, será 
uma Constituição histórica. 
 
 
2 (ESAF/Assistente de Chancelaria – MRE/2002) - A Constituição que é votada 
por uma Assembléia composta de representantes do povo e que admite ser 
modificada, exigindo porém um processo legislativo mais solene e dificultoso 
do que aquele seguido para a edição de leis ordinárias é chamada de: 
a) Constituição promulgada e rígida. 
b) Constituição flexível e dogmática. 
c) Constituição dogmática e semi-rígida. 
d) Constituição promulgada e semi-rígida. 
e) Constituição outorgada e rígida. 
 
 
3 (ESAF/AFC/STN – 2002) - Em torno da Constituição, é correto dizer: 
a) Segundo entendimento pacificado na doutrina e na jurisprudência do STF, a 
antiga Constituição não perde vigência quando do advento de uma nova 
Constituição, quanto às cláusulas que não conflitarem com o novo Texto. 
b) As constituições ditas históricas são invariavelmente constituições escritas. 
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c) As constituições dirigentes caracterizam-se por conterem princípios básicos 
de limitação de poder, direitos fundamentais e garantias institucionais, não 
contendo, porém, normas programáticas. 
d) Chama-se parte dogmática da Constituição aquela em que são enunciadas 
normas que definem a forma de Estado adotada pelo constituinte e a forma de 
governo consagradas. 
e) Numa constituição flexível não há efetiva hierarquia entre as normas 
constitucionais e normas de lei ordinária, apta para ser fiscalizada em sede de 
jurisdição constitucional. 
 
 
4 (ESAF/AFRF/2003) - 
a) A norma constitucional programática, porque somente delineia programa de 
ação para os poderes públicos, não é considerada norma jurídica. 
b) Chama-se norma constitucional de eficácia limitada aquela emenda à 
Constituição que já foi votada e aprovada no Congresso Nacional, mas ainda 
não entrou em vigor, por não ter sido promulgada. 
c) Somente o Supremo Tribunal Federal – STF está juridicamente autorizado 
para interpretar a Constituição. 
d) Da Constituição em vigor pode ser dito que corresponde ao modelo de 
Constituição escrita, dogmática, promulgada e rígida. 
e) Os princípios da Constituição que se classificam como cláusulas pétreas são 
hierarquicamente superiores às demais normas concebidas pelo poder 
constituinte originário. 
 
 
5 (ESAF/AFT/2003) - Analise as assertivas a seguir, relativas à eficácia das 
normas constitucionais e às concepções de constituição, e marque com V as 
verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opção correta. 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de 
aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de 
aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas 
constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos. 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas constitucionais de eficácia limitada 
são do tipo normas declaratórias de princípios institutivos quando: determinam 
ao legislador, em termos peremptórios, a emissão de uma legislação 
integrativa; ou facultam ao legislador a possibilidade de elaborar uma lei, na 
forma, condições e para os fins previstos; ou possuem esquemas gerais, que 
dão a estrutura básica da instituição, órgão ou entidade a que se referem, 
deixando para o legislador ordinário a tarefa de estruturá-los, em definitivo, 
mediante lei. 
( ) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não tem pontos 
em comum com a concepção de constituição defendida por Ferdinand Lassale, 
uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais 
presentes na sociedade não concorrem para a força normativa da constituição. 
( ) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do 
processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido 
lógico-jurídico. 
( ) A constituição, na sua concepção formal, seria um conjunto de 
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normas legislativas que se distinguem das não constitucionais em 
razão de serem produzidas por processo legislativo mais dificultoso, o 
qual pode se materializar sob a forma da necessidade de um órgão 
legislativo especial para elaborar a Constituição – Assembléia 
Constituinte – ou sob a forma de um quorum superior ao exigido para 
a aprovação, no Congresso Nacional das leis ordinárias. 
a) V, F, V, F, V 
b) V, F, F, V, V 
c) F, V, V, V, F 
d) F, F, F, V, V 
e) V, V, F, V, V 
 
 
6 (ESAF/AFC/CGU – 2003/2004) - Analise as assertivas a seguir, relativas à 
Teoria Geral do Estado, aos poderes do Estado e suas respectivas funções e à 
Teoria Geral da Constituição, e marque com V as verdadeiras e com F as 
falsas; em seguida, marque a opção correta. 
( ) Segundo a melhor doutrina, a soberania, em sua concepção 
contemporânea, constitui um atributo do Estado, manifestando-se, no campo 
interno, como o poder supremo de que dispõe o Estado para subordinar as 
demais vontades e excluir a competição de qualquer outro poder similar. 
( ) Em um Estado Parlamentarista,

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