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Direito Constitucional - Aula 03 - Interpretação da Constituição

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
 
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1
AULA 03: INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 
 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Segundo André Ramos Tavares, a interpretação do Direito “é a operação 
intelectiva por meio da qual a partir da linguagem vertida em disposições 
(enunciados) com força normativa o operador do Direito chega a 
determinado e específico conteúdo”. É a atividade mediante a qual se 
obtém o significado da norma jurídica, a fim de aplicá-la a determinada 
situação, concreta ou hipotética. 
Não se sustenta mais o aforismo segundo o qual a interpretação é 
dispensada nas normas claras, sendo necessária somente para se descobrir 
o significado de dispositivos jurídicos com redação vaga, obscura, ambígua. 
E não se sustenta porque o próprio juízo sobre a “clareza” ou a imprecisão 
da norma parte da sua interpretação, da análise de seu conteúdo pelo 
intérprete. A aplicação de uma norma pressupõe a anterior compreensão de 
seu significado; logo, não há possibilidade de aplicá-la sem, anteriormente, 
proceder-se à sua interpretação. 
Deve-se também afastar a idéia de que a toda norma jurídica corresponde 
necessariamente um significado, ou, de outro modo, que há um sentido 
necessariamente “verdadeiro” para cada norma jurídica. Toda e qualquer 
atividade intelectiva é influenciada pela subjetividade daquele que a exerce, 
e a atividade interpretativa não se afasta dessa realidade. Convicções 
ideológicas, políticas, religiosas, o próprio nível intelectual do intérprete 
interferem no resultado de seu trabalho. 
Ademais, há diversos métodos de interpretação, como o literal, o lógico, o 
sistemático, o valorativo e o teleológico, e o significado da norma afinal 
obtido pode divergir conforme o método ou os métodos utilizados, de forma 
exclusiva ou preponderante, pelo intérprete. O próprio posicionamento 
individual do operador jurídico, suas convicções pessoais, pode fazer com 
que privilegie um ou mais métodos em detrimento dos demais, o que 
fatalmente influenciará no sentido por ele alcançado para a norma jurídica. 
Enfim, devemos ter presente que a utilização dos diversos métodos de 
interpretação e as peculiaridades do operador jurídico inegavelmente 
influenciam o resultado da atividade interpretativa, o significado por fim 
alcançado para a norma jurídica, o que lança por terra a errônea concepção 
de que existe um único sentido “verdadeiro” para cada norma. 
 
2. INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
O que se falou acima se aplica integralmente às normas constitucionais. 
Contudo, as normas constitucionais possuem algumas especificidades às 
quais deve se dar destaque, porque influenciam significativamente na sua 
interpretação. 
Os pontos a ser destacados são os seguintes: 
1º) a Constituição é o ponto inicial, inaugural do Estado, o que posiciona 
suas normas e princípios no ápice do seu ordenamento jurídico, ostentando 
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hierarquia superior a todas as demais normas jurídicas dele integrantes. 
Em vista disso, a interpretação de seus dispositivos é sobremaneira 
abrangente, pois os resultados daí decorrentes influenciarão na 
interpretação e aplicação de toda a legislação infraconstitucional; 
2º) natureza política das normas constitucionais: é de fundamental 
importância a lição de Gabriel Dezen Junior, conforme o qual 
Em segundo lugar, cumpre notar que a norma constitucional é uma 
norma de natureza política, não-jurídica, embora juridicizada. Se o 
objeto da Constituição é impor a estrutura do Estado e os órgãos de 
seu funcionamento, claro é que as normas que farão isso terão um 
conteúdo marcadamente político, já que termos como democracia, 
soberania, República e outros têm pouco ou nenhum sentido jurídico. 
Assim, a atividade interpretativa da Constituição deve partir da 
ciência de que não se pode pensar em descobrir sentido jurídico em 
todas as suas normas, mas apenas sentido normativo e político, os 
quais condicionam a estrutura jurídica. Apreendido o sentido 
extrajurídico da norma em sua origem, com valorização do sistema 
constitucional para tanto, parte o intérprete para sua versão 
juridicizada, utilizando uma regra não-jurídica com efeitos jurídicos. 
Um erro que não pode ser cometido pelo intérprete da norma 
constitucional é pretender entender a Constituição a partir do sistema 
jurídico. O movimento correto é exatamente o inverso. 
Da lição do Professor resulta que as normas que compõem a Constituição 
não têm natureza jurídica, sendo sua origem nitidamente política, 
circunstância que não pode ser desconsiderada pelo jurista quando da sua 
interpretação. Este, num primeiro momento, deve buscar apreender o 
sentido originário, político da norma, analisando todo o contexto social que 
culminou na sua elaboração, as forças políticas que a inscreveram na 
Constituição e os valores que ela, então, visa a consagrar. Apreendido este 
significado, extrajurídico, parte o intérprete, num segundo momento, para 
sua inserção dentro do contexto normativo constitucional, buscando, assim, 
obter os efeitos jurídicos da norma constitucional, seu conteúdo 
propriamente jurídico. 
Como leciona Alexandre de Moraes, trazendo lição de Juarez Freitas, 
A Constituição há de ser sempre interpretada, pois somente por meio 
da conjugação da letra do texto com as características históricas, 
políticas, ideológicas do momento, se encontrará o melhor sentido da 
norma jurídica, em confronto com a realidade sociopolítico-econômica 
e almejando sua plena eficácia 
Retornado à lição de Gabriel Dézen Júnior, no seu parágrafo final, esclarece 
o Professor que não se deve tentar obter o significado da norma 
constitucional a partir de sua análise com as demais normas integrantes do 
ordenamento jurídico do Estado. O raciocínio correto é o oposto: uma vez 
obtido o significado extrajurídico da norma constitucional, deve o intérprete 
determinar os efeitos jurídicos que a norma está apta a produzir, o 
conteúdo jurídico que ela contém, e aplicá-los às normas que integram o 
restante do ordenamento jurídico estatal. Parte-se da análise do sistema 
constitucional para se obter a interpretação da norma constitucional, e 
desta para a análise das normas infraconstitucionais. 
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No mesmo contexto, Paulo Bonavides afirma que a interpretação 
constitucional é atividade que ocorre numa esfera integrada pelo político e 
pelo jurídico, ambos essenciais, cabendo ao intérprete da Constituição 
equilibrar esses dois elementos. Advirta-se, entretanto, que o objetivo final 
de sua atividade é obter o significado jurídico da norma constitucional. 
Finalizando, mais uma vez recorremos à Gabriel Dezen Junior: 
A Constituição tem um texto marcadamente político, pois é sua 
função realizar o ordenamento do Estado. As normas constitucionais 
são políticas quanto à sua origem, quanto ao seu objeto e quanto ao 
resultado de sua aplicação. Apesar dessa sua natureza política, a 
Constituição materializa a tentativa de conversão das normas, 
objetivos e princípios políticos em poder jurídico, ou, na definição de 
Luiz Roberto Barroso, seu objeto é um esforço de juridicização do 
fenômeno político. Por conta dessa raiz política e dessa tentativa de 
conversão do político no jurídico, não se pode pretender neutralizar 
totalmente esse elemento político quando da atividade interpretativa. 
Ele fatalmente aparecerá e influirá, e será considerado, até porque já 
disse Mauro Capelletti que o controle de constitucionalidade das leis 
sempre é destinado, por sua própria natureza, a ter também uma 
coloração política maisou menos evidente. 
3º) Essa tentativa de se obter o significado da norma constitucional 
considerando-se todas as variáveis sociais, políticas, ideológicas, culturais e 
econômicas influentes na sua elaboração não é, entretanto, isenta de 
limites, sendo o primeiro deles, e mesmo o principal, a própria literalidade 
da norma, sua redação, as expressões de que ela é composta e a forma 
como ela foi redigida. Esse é o terceiro ponto a ser enfatizado. 
Não pode o intérprete, a pretexto de atingir o “espírito” da norma, 
desprezar a própria norma, a literalidade de suas disposições. Como alerta 
Celso Bastos, “a letra da lei, constitui sempre ponto de referência 
obrigatório para a interpretação de qualquer norma”. Este é uma fronteira 
que não pode ser ultrapassada pelo intérprete. 
Não estamos aqui advogando a utilização exclusiva do método de 
interpretação literal, que se limita à análise dos vocábulos lingüísticos que 
compõem a norma e forma como ela foi redigida. Como é notório, até pelo 
que até este momento foi exposto, este método é insuficiente para a 
compreensão de qualquer norma jurídica, ainda mais em se tratando de 
normas constitucionais, em virtude de sua natureza política. 
Esse método, entretanto, é o ponto de partida da atividade interpretativa, 
não sendo admissível que os resultados da sua utilização sejam 
desprezados pelo jurista. A literalidade da norma permite uma maior ou 
menor amplitude de interpretação, e é dentro deste limite que seu trabalho 
deve ser realizado. Em suma, a “letra” da norma constitucional não pode 
ser desconsiderada pelo intérprete; 
4º) Em prosseguimento, como quarto ponto a ser enfatizado, deve-se 
destacar que, apesar de as normas constitucionais serem compostas de 
uma infinidade de vocábulos técnicos (democracia, soberania, federação), 
bem como de vocábulos comuns, deve-se interpretá-los, sempre que 
possível, a partir de seu significado comum. André Ramos Tavares é 
taxativo ao afirmar que: 
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(...) a interpretação da Constituição deve operar, sempre, o mais 
possível de seu povo. Portanto, a linguagem deve ser-lhe próxima, 
vale dizer, há de se privilegiar o emprego da linguagem comum. Até 
porque, como salienta Häberle, em muitas ocasiões a norma é 
compreendida e interpretada por instâncias não oficiais, que só 
podem apegar-se ao sentido comum que os termos constitucionais 
apresentam. 
Completando sua lição, o Autor afirma: 
Tem-se, pois, como diretriz, de admitir os significados comuns dos 
vocábulos em que se expressam as Constituições, só recorrendo à 
linguagem técnica nas ocorrências em que o próprio contexto 
constitucional sinaliza nesse sentido. 
A lição é clara: deve-se interpretar não os termos comuns, mas também os 
termos técnicos constantes das disposições constitucionais a partir de seu 
sentido usual, comum, corriqueiro, salvo quando se evidenciar, pela análise 
da Constituição, que sua utilização se deu no sentido específico, próprio 
com que é compreendido pelos especialistas na matéria. 
5º) devemos levar em consideração que a Constituição, em linhas gerais, 
apresenta uma estrutura de linguagem resumida, tendo suas disposições 
formadas, em grande parte, por palavras vagas, imprecisas, dúbias 
(interesse público, iminente perigo público, bem comum etc), que 
possibilitam ao intérprete uma considerável margem para o exercício de sua 
tarefa, do que resulta que diversos serão os resultados possíveis dela 
decorrentes, ou seja, diversos serão os significados possíveis 
extraídos do dispositivo constitucional analisado, variáveis conforme a 
índole do intérprete, os métodos por ele utilizados e o próprio contexto no 
qual a norma será aplicada. 
Como ensina Luiz Roberto Barroso, embora existam na Constituição normas 
com redação completa, prevendo dada hipótese e seu respectivo efeito 
jurídico, predominam normas que não prescrevem condutas, não criam 
direitos nem impõem obrigações, mas consagram valores, fins, objetivos, 
programas de ação estatal (normas de estrutura). São normas destinadas 
precipuamente ao legislador, que deve, ao elaborar as normas ordinárias, 
buscar a efetivação das prescrições constitucionais, definindo a forma como 
o programa de ação será realizado, a finalidade alcançada, o valor 
concretizado. 
Tais normas, se de um lado requerem complementação pela legislação 
ordinária para a deflagração integral de sua eficácia jurídica, por outro lado 
dão margem a uma ampla gama de variações interpretativas, permitindo a 
atualização da Constituição frente à realidade social e, com isso, a 
manutenção de sua eficácia e sua preservação como estatuto jurídico 
supremo do Estado. 
Sintetizando as conclusões até aqui anotadas, temos, como aspectos 
relevantes a serem considerados na interpretação constitucional: 
1º) as normas constitucionais gozam de hierarquia superior com relação 
às demais normas integrantes do ordenamento jurídico. Daí, decorre que 
sua interpretação tem alcance muito mais amplo do que a interpretação de 
uma norma ordinária, já que o significado conferido à norma constitucional 
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influenciará a interpretação e a aplicação de toda a legislação 
infraconstitucional com ela relacionada; 
2º) a tarefa do operador do Direito é obter o significado jurídico das normas 
que interpreta. Contudo, em se tratando de normas constitucionais a sua 
tarefa é mais complexa, em função da sua origem eminentemente 
política. Em vista disso, deve o intérprete, inicialmente, buscar apreender 
o significado originário, político, do dispositivo que analisa, mediante a 
pesquisa das forças sociais que culminaram na sua elaboração, do ambiente 
político e social em que isto ocorreu. Com isso, descobrirá os interesses que 
tal dispositivo visa a satisfazer, os valores que ele busca proteger. 
Cumprida esta parte de sua tarefa, apreendido o sentido extrajurídico do 
dispositivo, passa o intérprete a determinar seus efeitos jurídicos, seu 
conteúdo jurídico, para o fim de aplicar o dispositivo não só no âmbito da 
própria Constituição, mas do ordenamento jurídico como um todo; 
3º) a busca do “espírito” da norma constitucional, entretanto, está sujeita a 
certas restrições, a principal das quais é justamente sua literalidade, as 
palavras em que está vazada e a forma como está redigida. É vedado ao 
intérprete, a pretexto de obter um sentido para a norma, desconsiderar sua 
redação. A “letra” da norma é limite que não pode ser ultrapassado; 
4º) a Constituição é rica em vocábulos técnicos, os quais devem ser 
interpretados a partir de seu significado comum, usual, salvo quando o 
próprio contexto constitucional dá a entender que, no caso, o vocábulo foi 
utilizado em seu sentido próprio, caso em que deverá ser interpretado a 
partir desse sentido; 
5º) a Constituição também é rica em dispositivos compostos por termos 
vagos, imprecisos, subjetivos, que possibilitam uma ampla variedade 
de versões interpretativas. São dispositivos que estabelecem fins, 
valores e programas para o Estado, tendo por destinatário precípuo o 
legislador. Tais normas, de um lado, dificultam a atividade do intérprete, 
mas, por outro, acrescem consideravelmente a longevidade da Constituição, 
a permanência do texto constitucional, pois permitem a adaptação de seu 
sentido às transformações ocorridas no contexto social e institucional em 
que é aplicado. 
Apreendidas essas peculiaridades das normas constitucionais, que influem 
decisivamente no resultado da sua interpretação, vamos, agora, analisar 
alguns métodos de interpretação constitucional elaborados pela doutrina. 
 
3) MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL3.1) Método interpretativo da concretização 
Segundo Konrad Hesse, a interpretação da Constituição é aquela que busca 
sua concretização, efetivando e integrando os preceitos constitucionais ao 
aplicá-los a um caso em concreto. 
Não basta ao intérprete, entretanto, recorrer somente à norma específica a 
ser aplicada. Antes de mais nada, deve ele compreender o contexto no qual 
a norma está inserida. Com uma clara percepção desse contexto, chega o 
intérprete a uma clara compreensão do sentido da norma, e só então está 
ele apto a aplicá-la ao caso concreto a ser solucionado, com o que atinge a 
concretização da Constituição. 
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Nunca é demais reforçar que esse método vê como indispensável, antes da 
análise da norma propriamente dita, a compreensão prévia do contexto no 
qual a norma está inserida, pois é justamente tal compreensão que 
permitirá ao intérprete superar eventuais contradições, ambigüidades e 
lacunas eventualmente existentes no texto constitucional. Ademais, a 
interpretação não deve ser feita em abstrato, divorciada da realidade, mas 
sempre perante uma situação real a ser solucionada pela aplicação do 
dispositivo constitucional. 
Em suma, o método estrutura-se em três elementos: o contexto que 
envolve a norma constitucional, a própria norma constitucional e o caso 
específico ao qual ela será aplicada, concretizando, assim, a Constituição. 
 
3.2) Método integrativo ou científico-espiritual 
Da autoria de Rudolf Smend, esse método em certo grau aproxima-se do 
anterior, pois se fundamenta numa percepção global da Constituição, a qual 
deve ser compreendida como o somatório de todos os elementos que 
compõem o Estado, tais como forma de governo, regime de governo, 
forma de Estado, separação dos poderes, direitos e garantias fundamentais, 
fatores econômicos e ideológicos e fenômenos culturais. 
Como explica Gabriel Dezen Junior 
A premissa fundamental, portanto, é que a Constituição há que ser 
interpretada sempre como um todo, a partir de uma percepção de 
seu conjunto, da soma dos fatores que a integram, os quais se 
interpenetram e se completam na busca do sentido harmônico de 
todo o corpo constitucional. A Constituição é, assim, tomada como 
um conjunto de distintos fatores que a integram, de diferentes níveis 
de importância e legitimidade, mas que sem exceção, são partes do 
sistema. A Constituição consubstancia todos os valores primários e 
superiores do Estado a partir dessa convergência espiritual de 
valores. 
O método integrativo, portanto, baseia-se numa visão unitária, da 
totalidade do contexto constitucional, dos diversos fatores presentes no 
momento de elaboração da Constituição e no momento da aplicação de 
suas normas. Nenhum dispositivo constitucional é uma realidade autônoma, 
mas um elemento dentro de um conjunto maior, denominado contexto 
constitucional, composto por todos os elementos políticos, jurídicos, 
ideológicos, sociológicos, filosóficos, econômicos presentes no momento de 
construção e aplicação da Constituição. 
A compreensão prévia deste todo, mediante a identificação de todos seus 
elementos constitutivos e suas diversas formas de ação e interação, permite 
ao intérprete perceber a Constituição de forma sistemática, como uma 
unidade de sentido, sem elementos desarmônicos ou incongruentes. 
 
3.3) Método da interpretação conforme a Constituição 
Não se trata, propriamente, de um método de interpretação da 
Constituição, mas de um método de interpretação da legislação ordinária 
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frente à Constituição, com o fim último de se obter uma interpretação que 
compatibilize a legislação ordinária com o texto constitucional. 
Sua aplicação é razoavelmente simples, e pode ser assim sintetizada: é 
possível, até bastante provável, como já afirmamos, que uma norma 
jurídica ordinária admita mais de uma interpretação (normas 
plurissignificativas ou polissêmicas), ou, em outros termos, é possível que 
da sua interpretação resultem diversos significados, alguns compatíveis, 
outros incompatíveis com a Constituição. Frente a uma situação dessa 
natureza, deve o intérprete, calcado no princípio da presunção da 
constitucionalidade das leis, privilegiar o sentido (ou os sentidos) da norma 
que se amoldem aos dispositivos constitucionais, reconhecendo, pois, a sua 
validade. 
Enfim, se a norma ordinária admitir mais de um sentido, (ou, como se 
afirma mais comumente, se a norma admitir mais de uma interpretação), 
alguns em conformidade e outros em desconformidade com a Constituição, 
deve o intérprete desprezar os últimos e adotar os primeiros, reconhecendo 
a constitucionalidade da norma ordinária, desde que aplicada nos sentidos 
compatíveis com o texto constitucional. 
Evidentemente, não pode o intérprete, a pretexto de manter a 
constitucionalidade da norma ordinária, adotar interpretação que não seja 
comportada por seus preceitos, que ultrapasse sua literalidade. Como já 
afirmado, a literalidade da norma é limite intransponível para o intérprete, 
seja qual for seu intuito, até porque dar a uma norma um significado não 
comportado por seus termos é, na prática, criar uma nova norma jurídica. 
Canotilho é peremptório ao afirmar que o método de interpretação 
conforme a Constituição só é de uso legítimo quando efetivamente existe 
um espaço de decisão dentro do qual pode ser pode ser obtida uma variável 
interpretativa consetânea com a Constituição. 
Vicente Paulo apresenta mais uma restrição ao uso do método, 
esclarecendo que “deve o intérprete zelar pela manutenção da vontade do 
legislador, devendo ser afastada a interpretação conforme a Constituição, 
quando dela resultar uma regulação distinta daquela originalmente 
almejada pelo legislador (...) sob pena de transformar-se o intérprete em 
autêntico e ilegítimo legislador positivo”. 
Condensando todos os comentários, temos que a interpretação conforme a 
Constituição só tem lugar quando efetivamente há um espaço de 
decisão que permita ao intérprete, sem fugir da literalidade da norma 
e da vontade do legislador, obter um ou mais sentidos sentido para a 
norma admitidos pela Constituição. 
Durante o estudo do controle de constitucionalidade voltaremos a tratar da 
matéria. 
 
4) PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
Inúmeros foram os princípios de interpretação constitucional elaborados 
pela doutrina. Os principais serão nosso objeto de exame nesse tópico. 
 
4.1) Princípio da unidade constitucional 
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O referido princípio impõe ao operador jurídico três vetores interpretativos: 
1º) a Constituição, como um todo, ocupa o topo do edifício jurídico de um 
Estado, sobrepondo-se hierarquicamente às demais normas 
jurídicas. Os princípios e normas que compõem seu texto, por sua vez, 
encontram-se no mesmo patamar hierárquico, justamente porque integram 
a Constituição. Logo, não há como se sobrepor qualquer deles aos demais; 
2º) a Constituição não é um conjunto de dispositivos aleatoriamente 
reunidos em um texto jurídico hierarquicamente superior aos demais; mas 
um conjunto coeso, coerente, de normas e princípios; 
3º) em vista disso, não existem verdadeiras antinomias, contradições 
jurídicas entre os princípios e normas constitucionais, impondo-se ao 
intérprete da Carta a obtenção de um resultado interpretativo que 
harmonize tais princípios e normas dentro do contexto constitucional. 
O primeiro vetor baseia-se na circunstância de que os Estados 
contemporâneos, em regra, adotam um conceito formal deConstituição, 
como é o caso do Brasil. Desse modo, o só fato de um dispositivo compor a 
Constituição, automaticamente o posiciona em idêntico patamar hierárquico 
de todos os demais dispositivos que a integram. A conclusão é simples: 
todas as normas e princípios da Constituição encontram-se no mesmo nível 
hierárquico. 
O segundo vetor completa o primeiro, acrescendo à identidade hierárquica 
das normas e princípios constitucionais a sua organização sistemática. 
Desse modo, a interpretação de qualquer dispositivo constitucional exige do 
intérprete, como já afirmado, uma prévia compreensão de toda a 
Constituição, da interação do dispositivo a ser aplicado com todos os demais 
dispositivos da Constituição, o que impõe uma interpretação que harmonize 
seus respectivos sentidos, reconhecendo-se assim a unidade da 
Constituição. O erro mais trivial a ser evitado pelo intérprete, é, pois, 
interpretar um dispositivo isoladamente, divorciado do restante do corpo 
constitucional. 
Com isso, chega-se ao terceiro vetor. Se todos os princípios e normas 
constitucionais gozam de mesma hierarquia e estão organizados de forma 
sistemática, segue-se que a Constituição não possui verdadeiras 
antinomias, contradições jurídicas. Como ressalta Gabriel Dezen Junior, 
pode ela, eventualmente, apresentar contradições lógicas, mas cabe ao 
intérprete, pela aplicação do princípio da unidade da Constituição, descobrir 
uma solução que negue a possibilidade da existência de contradição 
jurídica. 
Exemplificativamente, pode-se citar os art. 61, § 1º, II, d, e 128, § 5º, da 
CF, que conferem, respectivamente, ao Presidente da República e ao 
Procurador-Geral da República a competência para elaborar o projeto de lei 
sobre a organização do Ministério Público da União. Há, evidentemente, 
uma contradição lógica entre os dois dispositivos, uma vez que a mesma 
competência foi outorgada a autoridades distintas. Ao intérprete compete, 
em face dessa situação, descobrir uma solução jurídica que permita uma 
aplicação harmônica de ambas as regras. Foi o que fez o Supremo Tribunal 
Federal, quando declarou que, na hipótese, trata-se de competência 
concorrente, passível de exercício tanto pelo Presidente da República como 
pelo Procurador-Geral da República. 
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Em síntese: o princípio da unidade da Constituição impõe uma interpretação 
sistemática da Constituição, que negue a possibilidade de verdadeiras 
contradições (as contradições jurídicas) entre seus dispositivos, a 
partir da compreensão de que eles compõem um todo unitário (a 
Constituição), ostentando idêntico status hierárquico. 
 
4.2) princípio das bases principiológicas 
Antes ressaltamos que a interpretação da Constituição deve-se dar 
necessariamente sob uma perspectiva sistemática. Tal conclusão é 
complementada pelo princípio ora tratado. Como leciona André Ramos 
Tavares, “não obstante todas as normas constitucionais sejam dotadas da 
mesma natureza e do mesmo grau hierárquico, algumas, em virtude de sua 
generalidade e abstratividade intensas, acabam por servir como vetores, 
princípios que guiam a compreensão e a aplicação das demais normas, 
devendo-se buscar sua compatibilização”. 
Essas normas gerais e intensamente abstratas referidas por André Ramos 
Tavares nada mais são do que os princípios constitucionais, 
considerados pela doutrina como os alicerces do sistema constitucional, 
como os elementos que, em grau superior, conferem racionalidade e coesão 
a toda a Constituição. 
Note-se bem: não se está a afirmar que os princípios são hierarquicamente 
superiores às normas. Isto seria negar o que afirmamos acima. Ocorre que 
os princípios, pela sua reduzida densidade semântica, pela sua imprecisão e 
subjetividade, são passíveis de aplicação a um universo muito superior de 
situações concretas comparativamente às normas jurídicas, que, por sua 
maior concreção, destinam-se precipuamente a disciplinar as hipóteses 
específicas que constituem seu objeto. Em vista disso, ocupam eles a 
posição de pedra angular de toda a interpretração sistemática da 
Constituição. 
 
4.3) Princípio da máxima efetividade 
A Constituição não aconselha, determina, impõe, comanda. É missão do 
operador do Direito, ao aplicar suas normas, fazê-lo com a interpretação 
que maior eficácia lhes confira. 
André Ramos Tavares, tratando do tema, colhe lição de Celso Ribeiro 
Bastos, esclarecendo que “não se deve interpretar uma regra de maneira 
que algumas de suas partes ou algumas de suas palavras acabem se 
tornando supérfluas, o que equivale a nulificá-las”. A, seguir, em 
complemento, alerta 
Também é vedado ao intérprete, por força dessa orientação 
hermenêutica, desprezar partículas, palavras, conceitos, alíneas, 
incisos, parágrafos ou artigos da Constituição. Todo o conjunto 
normativo tem que ser captado em suas peças constitutivas 
elementares, a cada qual devendo-se atribuir a devida importância 
em face do todo constitucional. 
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O princípio impõe ao intérprete, por conseguinte, a interpretação que maior 
força jurídica confira à norma constitucional, reconhecendo eficácia a 
todos os seus elementos constitutivos. 
 
4.4) Princípio da Concordância Prática ou da Harmonização 
Princípio elaborado por Konrad Hesse, ele na verdade deriva do primeiro 
princípio que analisamos, o princípio da unidade da Constituição. Se a 
Constituição é composta por um conjunto de princípios e normas de idêntico 
peso hierárquico, organizados de forma sistemática, segue-se que a 
aplicação de um deles não pode ser feita em detrimento de outro. 
Em outros termos, a aplicação de um dispositivo constitucional não pode ser 
feita de modo a resultar na perda de valor ou de eficácia de outro. Em caso 
de conflito (aparente) entre dois dispositivos, a solução deve ser 
conciliatória (harmônica), reduzindo-se proporcionalmente o alcance 
jurídico de ambos. 
Como ensina Vicente Paulo, “o princípio da harmonização fundamenta-se na 
idéia de igual valor dos bens constitucionais (ausência de hierarquia entre 
dispositivos constitucionais), que impede, como solução, o sacrifício de uns 
em relação aos outros, e impõe o estabelecimento de limites e 
condicionamentos recíprocos de forma a conseguir uma harmonização ou 
concordância prática entre esses dispositivos”. 
 
4.5) Princípio do efeito integrador 
É dever do intérprete, ao aplicar os dispositivos constitucionais a um caso 
concreto, fazê-lo a partir de soluções e critérios que fortaleçam a 
integração política e social e reforcem a unidade política, 
aproximando a Constituição do ambiente real que deve reger e 
assegurando, assim, sua permanência e efetividade. 
O princípio impõe, então, a busca de uma interpretação que tenha como 
resultado a solução dos conflitos e problemas constitucionais mediante a 
adoção de critérios e perspectivas que integrem a Constituição com a 
realidade sócio-política, fortalecendo, desse modo, sua força jurídica. 
 
4.6) Princípio da força normativa da Constituição 
O princípio exige do intérprete que, ao aplicar o dispositivo constitucional a 
um caso em concreto, faça-o adotando, dentre as diversas soluções 
possíveis, aquela que proporcione maior atualidade e efetividade ao 
dispositivo aplicado, aproximando-o do problema a ser solucionado. 
Enfim, o intérprete deve buscar, dentre as variáveis interpretativas 
possíveis, aquela que mais se aproxima da realidade, da atualidade do 
problema a ser solucionado. Ao optar por esta variável e com ela solucionar 
o caso em concreto, o intérprete confere eficácia à Constituição, força 
normativa para reger a sociedadee, consequentemente, para manter-se 
como estatuto jurídico-político supremo do Estado. 
 
4.7) Princípio do conteúdo implícito dos dispositivos constitucionais 
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A interpretação constitucional deve levar em consideração não apenas o 
conteúdo explícito, expresso dos dispositivos da Constituição, mas também 
seu conteúdo implícito. 
 
4.8) Princípio da conformidade funcional 
O princípio da conformidade funcional (ou da justeza), segundo Vicente 
Paulo, “estabelece que o órgão encarregado de interpretar a Constituição 
não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema 
organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte”. 
A Constituição traça regras explícitas sobre a repartição das funções do 
Estado, e esta distribuição não pode ser modificada pelo operador 
jurídico no momento de interpretar e aplicar a Constituição. 
 
4.9) Princípio da imperatividade dos dispositivos constitucionais 
Como já anotado anteriormente, não se sustenta mais a concepção teórica 
que percebia as normas programáticas como meros aconselhamentos, sem 
valor impositivo para seus destinatários. 
A moderna doutrina constitucionalista refuta esta possibilidade, afirmarndo 
de forma peremptória que todas as normas e princípios da 
Constituição têm o caráter de comando, de mandamento, de 
determinação, gozando assim, de imperatividade, de eficácia jurídica, 
impondo-se aos seus destinatários e regulando as relações jurídicas que 
formam seu objeto. 
É vedado ao intérprete, portanto, pretender tratar dado dispositivo 
constitucional como mera orientação de conduta. Seu caráter impositivo 
jamais pode ser desconsiderado. 
 
4.10) Princípio do sentido usual das normas constitucionais 
Conforme Márcia Haydée Porto de Carvalho, citada por Gabriel Dezen 
Junior, “as palavras expressas no texto constitucional devem ser tomadas 
em seu sentido corrente, usual, exceto quando essa interpretação leve a 
absurdo, ambigüidade ou contradição com o sistema constitucional, 
situação em que se deve preferir o sentido técnico dos vocábulos ou 
qualquer outro significado que as reconcilie com o resto da Constituição”. 
A lição da Autora corresponde precisamente ao que comentamos no 
segundo tópico da aula: a Constituição apresenta diversas expressões 
técnicas (República, Federação, Estado Democrático de Direito), o que 
autorizaria o intérprete, num primeiro momento, a apreender seu 
significado partir da definição técnica da expressão. Contudo, este não é o 
critério a ser adotado: seja a expressão comum, seja técnica, deve-se 
tentar determinar seu conteúdo utilizando na interpretação seu sentido 
comum, usual, a não ser quando o próprio contexto em que a expressão é 
utilizada autoriza-nos a fazer uso de seu significado técnico. 
É o caso, por exemplo, das expressões contidas nos dispositivos da 
Constituição Federal que tratam das competências dos Tribunais do Poder 
Judiciário, como é o caso do art. 102, que prescreve a competência do STF. 
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Ali observamos expressões como ação direta de inconstitucionalidade, ação 
declaratória de constitucionalidade, revisão criminal, habeas corpus, 
mandado de injunção, crimes políticos entre outras, as quais, pelo contexto 
em que estão inseridas - competências do STF -, devem ser analisadas com 
base em seu sentido técnico, próprio, específico. 
 
5) INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO SEGUNDO AS LEIS 
Alguns de nossos doutrinadores ainda advogam o entendimento de que a 
Constituição pode ser interpretada recorrendo-se a algumas leis cujas 
disposições já estâo sedimentadas em nosso ordenamento, em regra as 
mais antigas, como a antiga Lei de Introdução ao Código Civil. Seria um 
raciocínio, então, segundo o qual o sentido dos dispositivos 
constitucionais deveria ser buscado nesses dispositivos legais. 
Como já apontado, o movimento do intérprete é exatamente o oposto. 
Como a Constituição inaugura a ordem jurídica e prevalece sobre todas as 
demais normas dela integrantes, é a interpretação de seus dispositivos que 
orienta a interpretação da legislação ordinária, seja qual for sua relevância 
ou anciedade. Não é por outro motivo que esta concepção é desconsiderada 
pela imensa maioria de nossa doutrina. 
 
 
6) TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS 
Construção da doutrina constitucionalista norte-americana, sua premissa 
básica é singela: sempre que a Constituição outorga um poder, nesta 
outorga incluem-se todos os poderes necessários para o seu 
exercício, ou, de outra forma, sempre que a Constituição determina 
um fim a ser atingido, na previsão estão incluídos todos os meios 
necessários para sua realização. 
A Constituição, quando confere um poder, o faz tendo em vista certa 
finalidade, logo, deve-se considerar contidos neste poder geral todos os 
poderes específicos necessários à satisfação da finalidade inscrita na 
Constituição. 
O poder (geral) deve ser percebido como um instrumento prescrito na 
Constituição para se atingir o objetivo nela determinado, devendo-se 
desmembrá-lo em todos os poderes (específicos) que sejam necessários 
para se atingir tal objetivo, ou seja, que sejam, também, instrumentos para 
sua consecução. Tais poderes, específicos, estão implicitamente previstos 
no poder geral. É, esta, em síntese, a teoria dos poderes implícitos. 
A construção desta teoria parte da constatação de que a Constituição deve 
necessariamente adaptar-se às mutações ocorridas na sociedade. A ela 
compete instituir os objetivos a serem alcançados pelo Estado e prescrever 
de forma genérica os poderes necessários para tanto. Em determinado 
momento histórico, será necessário o exercício de determinados poderes, 
que devemos considerar contidos na outorga genérica de poder, para a 
consecução do objetivo constitucional. Em momento diverso, em vista da 
evolução religiosa, política, econômica, tecnológica, cultural da sociedade, 
alteram-se os poderes necessários para a realização do objetivo. Como a 
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Constituição mantém entre suas prescrições tal desígnio, bem como a 
outorga genérica de poder para sua efetivação, devemos considerar 
implicitamente autorizados por ela os novos poderes, os novos instrumentos 
que se fazem indispensáveis para a consagração do escopo constitucional. 
Como ressalta Vicente Paulo, 
(...) na interpretação de um poder constitucional, todos os meios 
ordinários e apropriados a executá-los devem ser vistos como parte 
desse poder. Se a Constituição pretende o fim, entenda-se que tenha 
conferido os meios para a satisfação desse fim. 
 
7) INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA 
Segundo Zagrebelski, citado por André Ramos Tavares, interpretação 
evolutiva é “a operação destinada a reconstruir o direito dinamicamente, na 
medida das exigências cambiantes que a realidade social manifesta”. É uma 
orientação hermenêutica marcadamente histórica, que visa à evolução 
material da Constituição. 
André Ramos Tavares observa que a interpretação evolutiva é 
extremamente adequada às Constituições que estabelecem finalidades 
absolutamente diferenciadas, com pouca ou nenhuma relação entre si, ou 
mesmo antagônicas, como a proteção do meio-ambiente, o respeito às 
diferenças étnico-culturais, o resguardo da soberania nacional, a liberdade 
de imprensa, o direito à intimidade. 
Será o momento histórico da sociedade que determinará quais dessas 
finalidades, todas prescritas na Constituição, devem ter sua consecução 
intentada. Haverá, portanto, uma escolha, que não decorreda Constituição, 
mas do “momento histórico vivido”, como declara o Autor, que cita, como 
exemplos, a escolha entre a segurança e a privacidade, ou entre a 
comunicação e a intimidade. 
A interpretação evolutiva busca, portanto, nos limites da Constituição, 
conferir primazia à satisfação dos objetivos, das finalidades, dos 
valores, dos desejos demandados mais intensamente pela sociedade 
naquele período histórico. 
 
8) INTEGRAÇÃO 
Eventualmente, por mais esmerado que seja o esforço interpretativo 
perante um caso concreto, ele não logra êxitos, não obtém o regramento 
jurídico a ser aplicado na hipótese em questão. São hipóteses de lacuna 
legislativa, situações que não encontram normatização no ordenamento 
jurídico mediante a aplicação dos métodos de interpretação. Se o vazio 
normativo ocorrer na aplicação da Constituição, poderemos estar perante 
uma lacuna constitucional, que requer, para seu preenchimento, o 
recurso à via da integração. 
A integração e a interpretação são duas ciências ou disciplinas, como se 
prefira, que visam ao mesmo objetivo: obter o regramento jurídico aplicável 
a determinada situação específica, abstrata ou concreta. 
Entretanto, diferenciam-se, e profundamente, quanto à sua lógica de 
aplicação. A interpretação parte sempre de uma norma posta, no nosso 
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caso, da Constituição, e, mediante a aplicação de seus diversos métodos, 
quando exitosa, soluciona uma situação que se descobriu tratada na 
Constituição. 
Já a integração surge justamente quando se conclui que a situação em 
questão não foi tratada no texto constitucional, ou seja, quando se 
descobre uma lacuna constitucional. A lacuna constitucional, portanto, 
ocorre quando, levado um problema a ser elucidado pela aplicação da 
Constituição, chega-se à conclusão de que, na verdade, a Constituição não 
trata da hipótese em questão. 
Há duas modalidades de lacuna constitucional: as lacunas constitucionais 
descobertas e as lacunas constitucionais ocultas. 
As lacunas constitucionais descobertas são vazios normativos que o 
legislador constituinte identificou no momento de elaboração da 
Constituição e conscientizou-se da necessidade de preenchê-los, mas, por 
qualquer motivo, deixou de fazê-lo. São vazios relativos a situações já 
existentes quando da formulação da Carta, mas que o legislador optou por 
não solucionar. 
As lacunas constitucionais ocultas são os vazios normativos relativos a 
situações não existentes no momento de elaboração da Constituição. 
Essas lacunas evidentemente não poderiam ter sido preenchidas, porque a 
situação que a gerou não havia ocorrido quando da elaboração da 
Constituição. Na verdade, essa lacuna não existia quando da elaboração da 
Carta, surgindo em momento posterior, em função de modificações 
ocorridas na sociedade. 
Identificada uma lacuna constitucional, torna-se lícito ao jurista colmatá-la 
pela via da integração. Um dos recursos integrativos de uso mais comum, 
citado por Gabriel Dezen Junior, é a analogia, técnica pela qual se alarga 
o âmbito de incidência de certa norma constitucional. A norma, criada 
para regular determinadas hipóteses, tem sua aplicação ampliada para 
abranger também hipóteses originalmente não comportadas por ela 
(e, diga-se de passagem, nem por outra norma da Constituição). 
Não devemos, entretanto, entender que todo e qualquer vazio normativo, 
toda e qualquer situação não regulada na Constituição, corresponde 
necessariamente a uma lacuna constitucional. 
Gabriel Dezen Junior, valendo-se dos ensinamentos de Celso Bastos, traça 
os pressupostos para o reconhecimento de uma lacuna constitucional. 
Nas palavras do Autor: 
O primeiro desses pressupostos é que a situação não tenha sido 
prevista na Constituição. 
O segundo, que tenha existido situação semelhante a atual, no 
passado, a partir do que a omissão em relação à presente a torne 
insatisfatória, parecendo razoável o esperar-se que ela estivesse 
prevista e regulamentada. 
O terceiro, que essa lacuna identificada não possa ser preenchida 
pela via da interpretação, ainda que extensiva, de outros preceitos 
constitucionais. 
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Identificada essa lacuna, torna-se lícito o uso da interpretação 
analógica, a partir de outros parâmetros, para suprir essa lacuna. 
A seguir, enumera os diferentes tipos de vazios normativos que podem ser 
encontrados ou descobertos na análise de uma Constituição. São, assim, 
espécies de vazios normativos: 
1) as lacunas constitucionais, descobertas ou ocultas; 
2) as omissões existentes em normas de eficácia contida (segundo a 
classificação de José Afonso da Silva), que podemos considerar sem 
relevância constitucional, porque a norma constitucional está apta a 
produzir regularmente seus efeitos jurídicos, apenas da forma não 
concebida pelo constituinte originário, o que só ocorrerá quando houver sua 
complementação pela legislação infraconstitucional. Segundo Gabriel, nesse 
caso a matéria está totalmente tratada na Constituição, mas parcialmente 
normatizada; 
3) as omissões existentes em normas constitucionais de eficácia limitada 
(mais uma vez, adotando-se a mesma classificação). Gabriel denomina-as 
de “omissões inconstitucionais”, e afirma que, na hipótese, a matéria 
também está totalmente tratada na Constituição, mas não normatizada; 
4) os silêncios normativos, que ocorrem “quando o constituinte, podendo 
impor à matéria dois tratamentos diferentes, usou uma construção lógica 
para enunciar apenas uma das regras, a partir da qual depreenderá, a 
contrario sensu, a outra”. A hipótese é de normatização plena. 
Nas hipóteses “2” e “3” não se trata de lacuna constitucional. Como lá dito, 
a Constituição tratou da matéria, cabendo o restante da atividade legislativa 
ao legislador ordinário. O mesmo pode ser dito na hipótese “4”, em que 
nem mesmo se faz necessário qualquer complementação pela legislação 
infraconstitucional, já que é caso de normatização plena. 
Temos, assim que os únicos “vazios normativos” que justificam o recurso à 
integração são as lacunas constitucionais, as matérias realmente não 
tratadas na Constituição. Ocorre que, se observarmos a lição de Celso 
Bastos, acima transcrita, somente as lacunas constitucionais descobertas 
(aquelas identificadas pelo legislador constituinte no momento de 
elaboração da Constituição, porque relativas a situações já existentes à 
época) correspondem a verdadeiras lacunas constitucionais, justificando o 
uso da integração. As lacunas constitucionais ocultas, oriundas de fatos 
surgidos posteriormente à elaboração da Constituição, não são, de acordo 
com o Professor, verdadeiras lacunas constitucionais. 
Esta é a posição que devemos adotar. As únicas lacunas que legitimam o 
uso da integração são as lacunas constitucionais descobertas, os vazios 
normativos já identificados pelo legislador Constituinte quando da 
elaboração da Carta, pelo fato de se originarem de situações já existentes à 
época. 
 
9) O VALOR DO PREÂMBULO CONSTITUCIONAL COMO ELEMENTO DE 
INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 
Reza o preâmbulo da Constituição Federal de 1988: 
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Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos 
sociais e individuais,a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmoniasocial e comprometida, na 
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das 
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a 
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL. 
Nosso questionamento nesse tópico é bem simples: o preâmbulo da 
Constituição Federal de 1988, acima transcrito, tem algum valor na 
interpretação de seus dispositivos? 
Para respondermos a essa indagação, temos que determinar a natureza 
jurídica do preâmbulo, sobre a qual há três posições: 
1ª) tese da irrelevância jurídica: segundo a qual o preâmbulo apenas 
proclama, enuncia valores e princípios albergados na Constituição, não 
tendo por si só, qualquer valor jurídico; 
2ª) tese da plena eficácia: pela qual o preâmbulo, por constar na 
Constituição, tem a mesma eficácia das normas nela contidas; 
3ª) tese da relevância jurídica indireta: corresponde a um meio-termo 
entre as duas teses anteriores, afirmando que o preâmbulo possui eficácia 
jurídica, contudo, em menor grau que as normas constitucionais. 
Apesar de a doutrina apresentar defensores para cada uma das teses 
apresentadas, em face de nossos objetivos devemos adotar, na matéria o 
posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal. Entendeu a Corte 
que o preâmbulo nada mais é do que uma exortação, uma proclamação dos 
princípios contidos na Constituição e que, em vista disso, não possui 
relevância jurídica. Os princípios, os valores mencionados no preâmbulo, 
porque prescritos no texto constitucional propriamente dito, inegavelmente 
possuem valor jurídico, constituindo elemento indispensável para uma 
interpretação sistemática da Constituição. O mesmo, entretanto, não se 
aplica ao preâmbulo, que se limita a, numa linguagem de natureza 
eminentemente ideológica, enunciar esses princípios. 
Enfim, o preâmbulo é apenas uma “declaração de boas intenções”, onde são 
enunciados os valores e objetivos fundamentais do nosso Estado, a 
República Federativa do Brasil. Trata-se de um texto despido de eficácia 
jurídica. Não tem, portanto, utilidade na interpretação do texto 
constitucional. 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 
 
 
 
1 (CESPE/Auditor do TCDF/2002) A unidade da Constituição, como 
princípio hermenêutico, está ancorada na idéia de que, à exceção das 
normas configuradoras de cláusulas pétreas — cuja supremacia é 
decorrente do sistema de constituição rígida —, todas as demais 
estão no mesmo grau de hierarquia, o que equivale a dizer que os 
valores por ela abrigados têm igual proteção constitucional. 
 
2 (CESPE/Defensor Público – Amazonas/2003) - Em virtude do 
cânone hermenêutico de que a norma posterior prevalece sobre a 
anterior, se ocorrer colisão entre um princípio constante do texto 
original da Constituição da República e um princípio nela inserido por 
emenda constitucional, deve prevalecer o segundo princípio. 
 
3 (CESPE/Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/RS – 2003) - O 
problema das lacunas jurídicas tem despertado interesse na teoria 
constitucional contemporânea em virtude da sua ligação com a 
aplicabilidade das normas e a hermenêutica dos princípios 
fundamentais, sendo a juridicidade dos princípios um de seus maiores 
aparatos. 
 
4 (CESPE/Analista de Assuntos Jurídicos – SERPRO/2004) - A 
contraposição entre princípios constitucionais é possível; entretanto, 
quando vier a ocorrer, deve-se procurar reduzir o âmbito de alcance 
de cada princípio confrontado de maneira equitativa ou, em 
determinadas situações, verificar a precedência estabelecida na 
ordem de prioridade estabelecida pela própria Carta Constitucional. 
 
5 (CESPE/Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU - 2004) - O 
método de interpretação constitucional denominado hermenêutico 
concretizador pressupõe a pré-compreensão do conteúdo da norma a 
concretizar e a compreensão do problema concreto a resolver, 
havendo, nesse método, a primazia do problema sobre a norma, em 
razão da própria natureza da estrutura normativo-material da norma 
constitucional. 
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6 (CESPEProcurador – MP TCE/PE – 2004) - A Constituição Federal é, 
antes de tudo, um conjunto de normas jurídicas e não uma simples 
declaração de princípios ou uma exortação política; em conseqüência, 
as normas constitucionais devem ser prioritariamente interpretadas 
como preceitos escritos em linguagem técnica. 
 
7 (ESAF/Promotor de Justiça – CE/2001) - O tema da interpretação 
constitucional apresenta diversos desdobramentos interessantes. A 
respeito do assunto, assinale a opção que consigna afirmação 
correta. 
a) Pelo princípio da interpretação conforme a Constituição, o 
aplicador evita declarar inconstitucional uma norma, buscando um 
sentido teleológico do preceito que o compatibilize com a 
Constituição, sendo irrelevante para esse esforço o sentido literal da 
norma. 
b) O princípio da concordância prática ou da harmonização, numa 
sociedade democrática, determina que se dê sempre prevalência aos 
bens protegidos como direitos fundamentais em caso de conflito com 
outros bens também constitucionalmente protegidos. 
c) Segundo o princípio da força normativa da Constituição, os 
critérios interpretativos teleológico e histórico devem invariavelmente 
preponderar sobre o sistemático e o gramatical, quando se tratar de 
interpretar e aplicar a norma constitucional. 
d) Segundo o princípio da unidade da Constituição, as normas 
constitucionais devem ser consideradas, não isoladamente, mas como 
preceitos integrados num sistema interno unitário de regras e 
princípios. 
e) Segundo o princípio da conformidade funcional, as normas 
constitucionais devem ser interpretadas de acordo com a função que 
exercem para o progresso material do país. 
 
8 (ESAF/Defensor Público – CE/2002) O tema da interpretação 
constitucional apresenta diversos desdobramentos interessantes. A 
respeito do assunto, assinale a alternativa verdadeira.: 
A) pelo princípio da unidade da Constituição, as normas 
constitucionais devem ser interpretadas em conjunto, para evitar 
possíveis contradições com outras normas da própria Constituição; 
B) o princípio da concordância prática estabelece que a Constituição, 
para manter-se atualizada, deve ser interpretada no sentido de tornar 
sempre atual os seus preceptivos, os quais devem acompanhar as 
condições reais dominantes numa determinada situação; 
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C) o princípio da força normativa da Constituição estabelece que os 
bens jurídicos, constitucionalmente protegidos, devem ser 
coordenados com vistas à resolução dos problemas concretos; 
D) o princípio do critério da correção funcional estabelece que, se a 
Constituição propõe criar e manter a unidade política, os pontos de 
vista, incumbidos de interpretar as suas normas, diante dos 
problemas jurídico-constitucionais, devem promover a manutenção 
de tal unidade. 
 
9 (ESAF/Advogado do Instituto de Resseguros do Brasil 2004) – 
Assinale a alternativa correta: 
a) O princípio da unidade da Constituição postula que, na 
interpretação das normas constitucionais, seja-lhes atribuído o 
sentido que lhes empreste maior eficácia ou efetividade. 
b) O princípio de interpretação constitucional do “efeito integrador” 
estabelece uma nítida hierarquia entre as normas da parte dogmática 
da Constituição e as normas da parte meramente organizatória. 
c) Pacificou-se, entre nós, o entendimento de que as cláusulas 
pétreas da Constituição podem ser modificadas pelomecanismo 
denominado de “dupla revisão”. 
d) Mesmo que, num caso concreto, se verifique a colisão entre 
princípios constitucionais, um princípio não invalida o outro, já que 
podem e devem ser aplicados na medida do possível e com diferentes 
graus de efetivação. 
e) No sistema jurídico brasileiro, cabe, com exclusividade, ao Poder 
Judiciário a prerrogativa de interpretar a Constituição, sendo do 
Supremo Tribunal Federal a palavra decisiva a esse respeito. 
 
10 (ESAF/AFRF/2005) - Sobre conceito de Constituição e suas 
classificações e sobre a aplicabilidade e interpretação de normas 
constitucionais, marque a única opção correta. 
a) Segundo a doutrina do conceito de constituição, decorrente do 
movimento constitucional do início do século XIX, deve ser afastado 
qualquer conteúdo que se relacione com o princípio de divisão ou 
separação de poderes, uma vez que tal matéria não se enquadra 
entre aquelas que se referem de forma direta à estrutura do Estado. 
b) Uma constituição não-escrita é aquela cujas normas decorrem de 
costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais 
seja reconhecida a condição de textos constitucionais. 
c) De acordo com o princípio da máxima efetividade ou da e. ciência, 
princípio de interpretação constitucional, a interpretação de uma 
norma constitucional exige a coordenação e combinação dos bens 
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jurídicos em conceito, de forma a evitar o sacrifício total de uns em 
relação a outros. 
d) O art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, que 
estabelece “Art. 5º [...] inciso XXII – é garantido o direito de 
propriedade”, é uma norma constitucional de eficácia contida ou 
restringível. 
e) O princípio de interpretação conforme a constituição não pode ser 
aplicado na avaliação da constitucionalidade de artigo de uma 
Emenda à Constituição promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal. 
 
11 (ESAF/AFC – CGU – 2006) - Sobre hermenêutica constitucional, 
interpretação e aplicabilidade das normas constitucionais, assinale a 
única opção correta. 
a) O princípio de interpretação conforme a constituição comporta o 
princípio da prevalência da constituição, o princípio da conservação 
de normas e o princípio da exclusão da interpretação conforme a 
constituição mas contra legem. 
b) No método de interpretação constitucional tópico-problemático, há 
prevalência da norma sobre o problema concreto a ser resolvido. 
c) O método de interpretação hermenêutico-concretizador prescinde 
de uma pré-compreensão da norma a ser interpretada. 
d) A eficácia do método de interpretação jurídico clássico não é 
afetada pela estrutura normativo-material da norma constitucional a 
serem interpretada. 
e) Uma norma constitucional de eficácia contida não possui eficácia 
plena, no momento da promulgação do texto constitucional, só 
adquirindo essa eficácia após a edição da norma que nela é referida. 
 
12 (ESAF/PFN/2006) – Assinale a opção correta: 
 a) A interpretação conforme a Constituição consiste em procurar 
extrair o significado de uma norma da Lei Maior a partir do que 
dispõem as leis ordinárias que preexistiam a ela. 
b) A liberdade de expressão está entre os direitos fundamentais 
absolutos da Constituição em vigor. 
c) Normas constitucionais de eficácia restringida não apresentam 
eficácia jurídica alguma senão depois de desenvolvidas pelo legislador 
ordinário. 
d) O Advogado-Geral da União deve necessariamente participar dos 
processos de ação direta de inconstitucionalidade e de ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão, na qualidade de curador da 
presunção de constitucionalidade das leis. 
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e) Uma norma constitucional programática pode servir de paradigma 
para o exercício do controle abstrato de constitucionalidade. 
 
13 (ESAF/ACE – TCU – 2006) - Sobre poder constituinte, 
interpretação constitucional e emendas constitucionais, assinale a 
assertiva correta. 
a) Para o positivismo jurídico, o poder constituinte originário tem 
natureza jurídica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si 
o gérmen da ordem jurídica. 
b) Segundo a doutrina majoritária, no caso brasileiro, não há vedação 
à alteração do processo legislativo das emendas constitucionais, pelo 
poder constituinte derivado, uma vez que a matéria não se enquadra 
entre as hipóteses que constituem as cláusulas pétreas estabelecidas 
pelo constituinte originário. 
c) Na aplicação do princípio da interpretação das leis em 
conformidade com a Constituição, o intérprete deve considerar, no 
ato de interpretação, o princípio da prevalência da constituição e o 
princípio da conservação das normas. 
d) Quando o intérprete, na resolução dos problemas jurídico-
constitucionais, dá primazia aos critérios que favoreçam a integração 
política e social e o reforço da unidade política, pode-se afirmar que, 
no trabalho hermenêutico, ele fez uso do princípio da conformidade 
funcional. 
e) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição 
rejeitada só poderá ser objeto de uma nova proposta, na mesma 
legislatura, se tiver o apoiamento de três quintos dos membros de 
qualquer das Casas. 
 
14 (FCC/Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Em 
matéria de interpretação das normas constitucionais, é INCORRETO 
afirmar que 
(A) é desnecessário fixar a premissa de que todas as normas 
constitucionais desempenham uma função útil no ordenamento, 
sendo possivel a interpretação que lhe suprima ou diminua a 
finalidade. 
(B) deve ser superada a contradição dos principios, ou por meio de 
redução proporcional do âmbito de alcance da cada um deles, ou, em 
alguns casos, mediante a preferência ou a prioridade de certos 
princlpios. 
(C) é preciso verificar, no interior do sistema, quais as normas que 
foram prestigiadas pelo legislador constituinte a ponto de convertê-
Ias em princlpios regentes desse sistema de valoração. 
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(D) deve, na resolução dos problemas juridico-constitucionais, ser 
dada primazia aos critérios favorecedores da integração politica e 
social, bem como ao reforço da unidade politica. 
(E) deve ser adotada, entre as interpretações possíveis, aquela que 
garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas 
constitucionais, interpretando-as tanto explicita quanto 
implicitamente. 
 
Gabarito: 
 
1. E 
2. E 
3. C 
4. C 
5. E 
6. E 
7. D 
8. A 
9. D 
10. D 
11. A 
12. E 
13. C 
14. A

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