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Direito Constitucional - Aula 10 - Nacionalidade - Direitos Politicos - Partidos Politicos

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 1
 
 
AULA 11: NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS E 
PARTIDOS POLÍTICOS 
 
 
 
I. NACIONALIDADE 
 
 
 
1) INTRODUÇÃO 
 
Na lição de Alexandre do Moraes: 
Nacionalidade é o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um 
certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do 
povo, da dimensão pessoal deste Estado, capacitando-o para exigir sua 
proteção e sujeitando-o ao cumprimento dos deveres impostos. 
A Constituição trata da matéria nos art. 12 e 13, que correspondem ao 
Capitulo III do Título II da Carta – Dos Direitos e Garantias Fundamentais. 
É, este, portanto, nosso objeto de estudo nesse capitulo. Antes, entretanto, 
temos que apresentar alguns conceitos aplicáveis direta ou indiretamente à 
matéria. 
Estado é um ente político soberano, uma pessoa jurídica de direito público 
internacional, apta a travar relações com outros entes igualmente 
soberanos – outros Estados -, e tendo como elementos de composição, 
além da soberania, o povo, o governo e o território. 
Nação é o agrupamento humano composto por todas as pessoas que falam 
a mesma língua e possuem em comum os mesmos laços históricos e 
culturais, seja qual for o território no qual se encontrem. Segundo Gabriel 
Dezen Junior, o conceito de nação 
(...) resulta da associação de indivíduos de igual origem étnica, que 
falam a mesma língua, vinculam-se aos mesmos precedentes históricos, 
cultuam e preservam os usos, costumes, peculiaridades, tradições e 
sentimentos religiosos e ideológicos comuns. 
Povo é o conjunto dos nacionais que se encontram em determinado 
território. É o elemento humano do Estado. 
População é o conjunto de pessoas que se encontram, em certo momento, 
em determinado território, tenham ou não os mesmos traços lingüísticos 
históricos e culturais, ou seja, integrem elas ou não uma mesma nação. É 
conceito, pois, que compreende a totalidade dos nacionais e estrangeiros 
que em dado momento localizam-se em certo território. 
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Nacionalidade é conceito que pode ser compreendido em dois sentidos, o 
sociológico e o jurídico. Em sentido sociológico, identifica-se com o conjunto 
dos membros de uma nação; em sentido jurídico, indica os indivíduos que 
integram um mesmo Estado. 
No sentido jurídico, que é o que nos importa, Alexandre de Moraes define a 
nacionalidade como o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a 
um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um 
componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado, capacitando-o 
para exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento dos deveres 
impostos. É indispensável à organização de cada Estado a precisa indicação 
de seus nacionais, sendo este justamente o objeto do art. 12 da 
Constituição Federal. 
Desse modo, nacionais são todos os indivíduos assim definidos pelo 
ordenamento jurídico de um Estado, e por isso a ele ligados por um vínculo 
especial, que os identifica como integrantes da sua dimensão pessoal. Por 
contraposição, estrangeiros são todos aqueles que o ordenamento jurídico 
estatal não qualifica com a condição de nacional. 
Como assevera Vicente Paulo: 
Cada Estado é livre para dizer quais são os seus nacionais. Serão 
nacionais de um Estado, portanto, aqueles que o seu Direito definir 
como tais; os demais serão estrangeiros: todos aqueles que não são 
tidos por nacionais, em face de um determinado Estado são, perante 
este, estrangeiros. 
Cidadão corresponde ao nacional, nato ou naturalizado no gozo de seus 
direitos políticos. Trata-se do indivíduo que, além do fato de ser nacional 
de um Estado, está apto a participar ativamente na sua vida política. 
Devemos notar que a nacionalidade é conceito mais abrangente que o de 
cidadania, constituindo-se como requisito desta: apenas o nacional pode ser 
cidadão, mas nem todo nacional é cidadão, uma vez que apenas aqueles 
que estiverem no pleno gozo de seus direitos políticos ostentam tal 
condição. 
Naturalidade é conceito que indica o local de nascimento de uma pessoa, 
a localidade, a região onde ela nasceu. Trata-se de um conceito 
eminentemente geográfico, fixado definitivamente no instante do 
nascimento do indivíduo. Não se confunde com a nacionalidade, que 
representa um vinculo jurídico, regulado em cada Estado pelas regras 
postas em seu ordenamento. Um individuo pode nascer numa localidade 
integrante do território de certo Estado e ser nacional de outro. 
 
2) ESPÉCIES DE NACIONALIDADE E CRITÉRIOS PARA SUA AQUISIÇÃO 
DA NACIONALIDADE PRIMÁRIA 
A nacionalidade primária ou originária, na tradicional definição 
doutrinária, é aquela que decorre de um fato natural, o nascimento da 
pessoa. Esta, independentemente de qualquer manifestação de vontade, 
adquire certa nacionalidade desde seu nascimento, a partir de critério 
territorial (local de nascimento), sangüíneo (nacionalidade dos pais) ou 
misto, como analisaremos adiante. 
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Essa modalidade de nacionalidade é, assim, adquirida de modo involuntário, 
pois é outorgada ao indivíduo desde seu nascimento, embora 
eventualmente dependa de um ato posterior seu, como veremos ao 
analisarmos as normas sobre a matéria prescritas na Constituição. 
Dois são os critérios passíveis de adoção para a outorga da nacionalidade 
primária, ambos incidentes a partir do nascimento do indivíduo: o ius 
sanguinis e o ius solis. 
O ius sanguinis – origem sanguínea - baseia-se na nacionalidade dos 
pais. Por tal critério, o indivíduo filho de pais nacionais é também nacional, 
qualquer que seja o local de seu nascimento. Esse critério é geralmente 
adotado por países de emigração, como a maioria dos países da Europa, a 
fim de conservar o vínculo com os descendentes de seus nacionais. 
O ius solis – origem territorial - funda-se no local de nascimento. 
Segundo tal critério, o indivíduo nascido no território de certo Estado é seu 
nacional, qualquer que seja a nacionalidade de seus pais. Esse é o critério 
geralmente adotado pelos países de imigração, como os países da América 
Latina, a fim de que os descendentes dos imigrantes tornem-se seus 
nacionais, embora seus pais sejam estrangeiros (apesar de poderem vir a 
adquirir a nacionalidade secundária). 
Nossa Constituição adotou como regra geral o segundo desses critérios – o 
ius solis - , mas não de forma exclusiva, pois prevê hipóteses de aquisição 
da nacionalidade primária com base no critério do ius sanguinis, aliado a 
outros requisitos, conforme o caso. Ademais, como ressalta Alexandre de 
Moraes, a aplicação deste critério exige sempre uma relação de 
contemporaneidade, no sentido de que, para que seu filho seja considerado 
brasileiro, os ascendentes devem ser brasileiros natos ou naturalizados à 
época do seu nascimento, irrelevante o fato de eventualmente terem 
ostentado a condição de estrangeiros antes do nascimento ou a ela 
tornarem após esse evento. 
A nacionalidade secundária ou adquirida, por sua vez, é aquela que o 
indivíduo obtém após seu nascimento (geralmente, pela naturalização), em 
regra mediante um ato de manifestação de vontade. Trata-se, pois, de 
um modo voluntário de aquisição da nacionalidade, pois pressupõe a 
expressa opção do indivíduo, aliada à anuência do Estado onde ela foi 
formulada. 
A adoção de um ou outro dos critérios de aquisição da nacionalidade 
originária pelos diferentes Estados gera as figuras do polipátrida e do 
apátrida ou heimatlos. 
Polipátrida é termo que indica a condição do indivíduo que, em virtude de 
seu nascimento, possui mais de uma nacionalidade.Como a cada 
Estado cabe soberanamente definir as regras para a aquisição da 
nacionalidade, eventualmente, poderá uma mesma pessoa ser qualificada 
como nacional segundo as regras de dois ou mais Estados. A tal pessoa 
denomina-se, pois, polipátrida. Isso ocorre com os descendentes da pais 
cujo Estado adota o critério do ius sanguinis, quando nascem em um Estado 
que adota o critério do ius solis. 
No Brasil, tal situação aplica-se aos descendentes de italianos nascidos em 
nosso território, desde que um de seus pais não esteja na ocasião à serviço 
da Itália. Pelo critério principal acolhido no Brasil – o ius solis – os 
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descendentes dos italianos são brasileiros natos, por terem nascidos em 
nosso País. Pelo critério adotado na Itália – o ius sanguinis – os 
descendentes dos italianos também são italianos natos, já que seus pais são 
nacionais daquele País. 
Apátrida ou heimatlos é a pessoa que se encontra em situação oposta, que 
não se enquadra, em virtude do seu local de nascimento, nas regras de 
aquisição da nacionalidade originária de nenhum Estado. É, pois, um 
indivíduo não considerado nacional primário de nenhum Estado. Isso 
se aplica àqueles que nascem em países que adotam o critério do ius 
sanguinis, quando seus ascendentes são estrangeiros em relação a este 
País e o Estado do qual são nacionais acolhe o critério do ius solis. 
Não serão nacionais do País em nasceram, porque nele adota-se o critério 
do ius sanguinis, e seus ascendentes são estrangeiros em relação a ele; 
nem serão nacionais do País de seus ascendentes, já que nele se adota o 
ius solis, e eles nasceram em território estrangeiro. 
De se observar que nada impede o apátrida, que não goza de qualquer 
nacionalidade originária, de vir a adquirir a nacionalidade secundária de 
certo Estado, desde que preencha os requisitos por ele instituídos. 
Pedro Lenza chama de conflito positivo de nacionalidade ou 
multinacionalidade a situação do polipátrida; e de conflito negativo de 
nacionalidade a situação do apátrida, asseverando ser esta intolerável, uma 
vez que o art. XV da Declaração Universal dos Direitos Humanos, nas suas 
palavras, "assegura a toda pessoa o direito a uma nacionalidade, proibindo 
que seja arbitrariamente dela privada, ou impedida de mudá-la". 
Vista a matéria em suas linhas gerais, passemos à análise dos dispositivos 
constitucionais que sobre ela discorrem. 
 
4) HIPÓTESES DE AQUISICAO DA NACIONALIDADE PRIMÁRIA OU 
ORIGINÁRIA - CONDIÇÃO DE BRASILEIRO NATO 
 
A Constituição contempla no art. 12, inc. I, as hipóteses de aquisição da 
nacionalidade primária ou originária, ou seja, da condição de brasileiro nato. 
Trata-se de um rol exaustivo, não sendo possível sua ampliação pela 
legislação subconstitucional. Assim sendo, todas as hipóteses possíveis de 
reconhecimento da condição de brasileiro nato são as previstas no art. 12, I 
da Constituição, sendo inconstitucional qualquer tentativa de acréscimo pela 
legislação ordinária das hipóteses a seguir apresentadas. 
Segundo o referido dispositivo da Constituição, são brasileiros natos: 
1o) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço do seu País 
(critério territorial). 
Essa hipótese representa a regra geral para a aquisição da nacionalidade 
primária, segundo o critério do ius solis (origem territorial). 
É necessário, apenas, que a pessoa tenha nascido no território brasileiro, 
mesmo que seus pais sejam estrangeiros, e automaticamente adquirirá a 
condição de brasileiro nato. 
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Território nacional, para fins de aplicação dessa regra, deve ser 
compreendido não apenas como o espaço físico de nosso território, aí 
abrangidas nossas terras, rios, lagos, baías, golfos e ilhas, mas como 
englobando também o espaço aéreo subjacente e o mar territorial 
brasileiro, os navios e aeronaves militares brasileiros, onde quer que 
estejam, os navios mercantes brasileiros em alto mar ou de passagem em 
mar territorial estrangeiro, as aeronaves civis brasileiras em vôo sobre o 
alto mar ou de passagem sobre águas territoriais ou espaços aéreos 
estrangeiros. 
A única hipótese em que não é adquirida a nacionalidade brasileira 
originária ocorre quando ambos os pais sejam estrangeiros e um deles ou 
ambos estejam a serviço de seu próprio País (e não de um terceiro), como 
ocorre com os diplomatas, ou os que se encontrem no Brasil a serviço de 
entidades internacionais, como a ONU, desde que na entidade atuem como 
representantes de seu Estado. Se, apesar de ambos os pais serem 
estrangeiros, estiverem eles no Brasil representando um terceiro País, do 
qual não são nacionais, ou atuando em caráter particular, seu descendente 
será brasileiro nato. Ainda, se um dos pais for estrangeiro a serviço de seu 
País, mas o outro for brasileiro (nato ou naturalizado), da mesma forma seu 
filho será brasileiro nato. 
Enfim, todos os nascidos no território brasileiro são brasileiros natos, a não 
ser que ambos os ascendentes sejam estrangeiros e que um deles ou 
ambos estejam em nosso território representando seu próprio País. 
 
2o) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, 
desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa 
do Brasil (critério sangüíneo – ius sanguinis –, acrescido de um critério 
funcional). 
A Constituição reconhece a condição de brasileiro nato aos filhos de mãe ou 
de pai brasileiros nascidos no exterior, desde que um deles esteja a serviço 
do Brasil. Não é necessário que ambos sejam brasileiros, ou que ambos 
estejam a serviço de nosso país, mas que aquele que for brasileiro (nato ou 
naturalizado, não há distinção) esteja atuando nessa condição. 
A CF não adotou o critério do jus sanguinis puro, que exige a nacionalidade 
brasileira de ambos os pais. Basta que um deles, o homem ou a mulher, 
indiferentemente, seja brasileiro, e que seja ele que esteja atuando no 
exterior a serviço de nosso Estado, o que compreende o serviço consular, o 
serviço diplomático e os serviços públicos de natureza diversa prestados à 
Administração direta ou indireta da União, dos Estados, dos Municípios, do 
Distrito Federal ou dos Territórios. 
 
3o) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe 
brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do 
Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
Esta é a última hipótese de aquisição da nacionalidade brasileira originária, 
prevista no art. 12, III, c, da Constituição. Sua redação atual é fruto da 
Emenda de Revisão 03, de 1994. Na redação anterior do dispositivo exigia-
se que a residência fosse estabelecida no Brasil até a data de aquisição da 
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maioridade. Como se nota, atualmente não é prevista qualquer restrição 
nesse sentido, podendo a residência em solo pátrio ser estabelecida a 
qualquer tempo. 
A diferença entre esta hipótese e a anterior é que neste caso nenhum dos 
pais está no exterior a serviço do Brasil. Em função disso, a aquisição da 
condição de brasileiro nato aqui não é adquirida automaticamente, como 
antes: para tanto, é necessário que o nascido venha a residir no nosso país 
e opte, a qualquer tempo, pela nossa nacionalidade. 
Para que se perfaça essa hipótese, quatro são os elementos constitutivos 
(a) que o nascimento tenha ocorrido no exterior, e que ao menos um dos 
pais seja brasileiro; (b) que o ascendente brasileiro não esteja a serviço do 
nosso Estado (se um dos pais for estrangeiro a serviço doBrasil, tal 
circunstância é irrelevante); (c) que o nascido no exterior venha residir a 
qualquer tempo em nosso País; e (d) que, mediante expressa manifestação 
de vontade, opte, também a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
A doutrina denomina tal hipótese de aquisição da condição de brasileiro 
nato de nacionalidade potestativa, pois o nascido no exterior de pai ou 
mãe (ou ambos) brasileiros tem direito à aquisição da nacionalidade 
originária brasileira, desde que a qualquer tempo venha residir no Brasil e 
manifeste regularmente sua opção pela nacionalidade brasileira. Uma vez 
preenchidos os demais pressupostos, a aquisição da nacionalidade pátria 
depende exclusivamente de sua válida manifestação de vontade. 
A opção pode ser feita somente após a idade de 18 anos, quando se adquire 
a maioridade civil no Brasil. Deve ser feita perante a justiça federal, a quem 
incumbe, segundo o art. 109, X, da "processar e julgar as causas referentes 
à nacionalidade, inclusive a respectiva opção". A opção deve ser 
manifestada num processo de jurisdição voluntária, o qual se encerra com a 
decisão homologatória da opção, desde que preenchidos todos os requisitos 
legais e constitucionais para tanto. 
O STF, sob a égide da atual Constituição, assentou o entendimento de que a 
homologação judicial da opção pelo juiz federal competente é, pois, 
condição suspensiva do reconhecimento da condição de brasileiro nato. 
Apenas com a referida homologação pode o optante passar a exercer os 
direitos inerentes à nacionalidade originária. 
Sobre a matéria, é válido transcrever, da obra de Alexandre de Moraes, a 
lição do então deputado federal Nelson Jobim, relator da Emenda de 
Revisão 3, de 1994, que resultou na atual redação da alínea c do inc. I do 
art. 12 da CF. Disse o emérito relator: 
A opção pode agora ser feita a qualquer tempo. Tal como nos 
regimes anteriores, até a maioridade, são brasileiros esses 
indivíduos. Entretanto, como a norma não estabelece mais prazo, 
podendo a opção ser efetuada a qualquer tempo, alcançada a 
maioridade essas pessoas passam a ser brasileiras sob condição 
suspensiva, isto é, depois de alcançada a maioridade, até que optem 
pela nacionalidade brasileira, sua condição de brasileiro nato fica 
suspensa. Nesse período o Brasil os reconhece como nacionais, mas a 
manifestação volitiva do Estado torna-se inoperante até a realização 
do acontecimento previsto, a opção. É lícito considerá-los nacionais 
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no espaço de tempo entre a maioridade e a opção, mas não podem 
invocar tal atributo porque pendente da verificação da condição. 
Sob a égide da Constituição de 1946 era outro o entendimento da Corte. A 
antiga Carta fixava em quatro anos, a partir da maioridade, o prazo para a 
opção, entendendo o STF que até então o indivíduo ostentava a condição de 
brasileiro nato e poderia plenamente gozar dessa condição. Se ao final do 
quadriênio o indivíduo não tivesse efetivado sua opção pela nacionalidade 
brasileira, sua inércia tinha os efeitos de condição resolutiva, acarretando, 
por conseguinte, a cessação da sua condição de brasileiro nato. 
Face à redação atual da CF, em seu art. 12, III, c, e valendo-nos da lição de 
Alexandre de Moraes, podemos sintetizar o regramento aplicável a esta 
hipótese de aquisição da nacionalidade brasileira primária nos seguintes 
termos. 
A aquisição da nacionalidade originária, de forma provisória, se dá com a 
fixação da residência no Brasil, sendo a opção uma condição confirmativa, 
não formativa, da nacionalidade. O fato gerador da nacionalidade, a 
condição formativa, é a fixação da residência no Brasil, mas seus efeitos 
ficam suspensos até que se ultime a referida condição confirmativa – a 
opção -, que terá efeitos retroativos. Porém, se a fixação da residência se 
verificar antes da aquisição da maioridade civil, o menor residente poderá 
imediatamente gozar de todos os direitos inerentes à condição de brasileiro 
nato desde a fixação da residência, até que sobrevenha a maioridade. 
Uma vez atingida a maioridade, a nacionalidade brasileira passa a sujeitar-
se à condição suspensiva da opção. Desse modo, enquanto não for 
manifestada validamente a opção (e enquanto não for a mesma 
homologada pelo juiz federal competente), não poderão ser exercidos pelo 
optante quaisquer direitos privativos de brasileiros natos. 
Finalizamos com as palavras de Alexandre de Moraes: 
Portanto, o filho de pai brasileiro e/ou mãe brasileira nascido no 
estrangeiro adquire a nacionalidade originária no momento da fixação 
de sua residência no Brasil, devendo confirmar sua vontade de 
conservar a nacionalidade brasileira a partir da aquisição da 
maioridade civil, de maneira personalíssima. Durante o período de 
fixação da residência até atingir a maioridade civil, por não poder 
validamente realizar a opção, todos os direitos inerentes à 
nacionalidade poderão ser exercidos, pois a "aludida condição 
suspensiva só vigora a partir da maioridade, haja vista que, antes, o 
menor, por intermédio do registro provisório (Lei n. 6.015/73, art. 3°, 
§ 2°), desde que residente no país, é considerado brasileiro nato para 
todos os efeitos". 1 
De se ressaltar que o art. 12, I, c, na sua redação original, previa uma 
quarta hipótese de aquisição da condição de brasileiro nato: os nascidos no 
exterior, de pai brasileiro ou mãe brasileira que não estivessem a serviço do 
Brasil, desde que fossem registrados na repartição competente, a saber, a 
embaixada ou o consulado brasileiro no território estrangeiro. Entretanto, a 
Emenda Constitucional de Revisão 3/94 revogou essa hipótese da Carta. 
 
5) HIPÓTESES DE AQUISICAO DA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA - 
CONDICAO DE BRASILEIRO NATURALIZADO 
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A nacionalidade secundária, voluntária ou por opção, enfim, a 
condição de brasileiro naturalizado, pode ser adquirida nas hipóteses 
prescritas no art. 12, II, da Constituição Federal. Nas são essas, todavia, as 
únicas hipóteses de aquisição da nacionalidade brasileira secundária, 
havendo outras previstas na legislação infraconstitucional. De pronto, pois, 
podemos concluir que a legislação ordinária, inapta para a instituição de 
hipóteses aquisição da nacionalidade primária, é idônea para contemplar 
hipóteses de aquisição da nacionalidade secindária. 
A aquisição da nacionalidade secundária se dá por meio da naturalização, 
entendendo a doutrina que, em termos teóricos, existem duas modalidades 
de naturalização: a tácita, que independe de manifestação de vontade do 
naturalizado, decorrendo automaticamente de incidência das normas de 
nacionalização existentes em dado Estado; e a expressa, que, apesar de 
inegavelmente decorrer da aplicação das regras de nacionalização 
existentes no Estado, depende de expressa manifestação de vontade do 
interessado. Ainda, a naturalização expressa, na lição de Gabriel Dezen 
Junior, pode ser "ordinária (quando esse requerimento é regido pela lei) e 
extraordinária (quando a hipótese de aquisição é oferecida pela própria 
Constituição)". 
A naturalização tácita foi prevista na Constituição de 1891, no art. 69, § 4°, 
segundo o qual foram considerados 
cidadãos brazileiros os estrangeiros que, achando-se no Brazil aos 15 
de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis mezes depois 
de entrar em vigor a Constituição, o animo de conservar a 
nacionalidade de origem. 
O objetivo da norma, vigente por apenas seis meses, foi conferir a 
nacionalidade brasileira aos imigrantes europeus, e cumpriu a contento sua 
missão. Nossas constituições subseqüentes continuaram contemplando a 
regra, mas sem repercussões práticas. 
Não, porém, anossa atual Carta Magna, que não prevê mais tal regra, 
contemplando somente hipóteses de naturalização expressa, que pressupõe 
a manifestação de vontade do interessado. Nos termos da Constituição 
atual, em regra não há direito subjetivo a naturalização, o que significa que 
o preenchimento dos requisitos pelo interessado não lhe assegura a 
aquisição da nacionalidade secundária. Sua concessão é ato discricionário 
do Presidente da República, no exercício da soberania nacional. 
Como exposto, a naturalização expressa, a única prevista em nossa Carta, 
pode ser ordinária e a extraordinária. A naturalização expressa ordinária 
corresponde às hipóteses da alínea a do inc. II do art. 12 da CF; e a 
extraordinária à hipótese da alínea b do inc. II do art. 12 da CF. 
Segundo o art. 12, II , da Constituição, são brasileiros naturalizados: 
1o) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas 
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. 
Essa hipótese, de naturalização expressa ordinária, é, assim, aplicável 
aos estrangeiros que preencham os requisitos prescritos na legislação 
infraconstitucional, mais precisamente, no estatuto do Estrangeiro (Lei 
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6.815/80). O estrangeiro que preencher tais requisitos, se quiser tornar-se 
brasileiro naturalizado, deve instaurar um processo administrativo que se 
inicia e tem seu transcurso perante o Ministério da Justiça, encerrando-se 
com a decisão do Presidente da República, ao qual cabe, 
discricionariamente, decidir acerca da concessão da nacionalidade 
secundária ao estrangeiro. Como já afirmado, o Presidente atua aqui no 
exercício pleno da soberania nacional, podendo legitimamente negar a 
pretensão do requerente mesmo quando satisfeitos todos os requisitos 
legais. 
Nos termos da lei 6.815/80, são requisitos a serem preenchidos para a 
naturalização: capacidade civil, segundo a lei brasileira; registro como 
permanente no Brasil; residência contínua no Brasil pelo prazo mínimo de 4 
anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; saber ler e 
escrever em português; exercício de profissão ou posse de bens suficientes 
para a manutenção própria e da família; bom procedimento; inexistência de 
denúncia, pronúncia ou condenação penal, no Brasil ou no exterior; gozo de 
boa saúde. 
Para os estrangeiros originários de países de língua portuguesa (a 
saber, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Açores, Cabo Verde, 
Príncipe, Goa, Gamão, Dio, Macau e Timor) a Constituição prescreve um 
tratamento mais favorável, exigindo apenas comprovação de residência 
ininterrupta por um ano e idoneidade moral, além do requerimento 
solicitando a concessão da nacionalidade brasileira. Da mesma forma que 
na hipótese anterior, a concessão da nacionalidade brasileira secundária, 
quando preenchidos esses requisitos, é decisão discricionária do 
Presidente da República. 
2o) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na 
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos 
e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira. 
Nessa hipótese, que é de naturalização expressa extraordinária, a 
Constituição exige dos estrangeiros (que podem ser originários dos países 
de língua portuguesa), a comprovação de três condições: (1) residência no 
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos; (2) inexistência de condenação 
penal; e (3) requerimento do interessado, de caráter pessoal, não 
extensível a terceiros, mesmo se tratando de cônjuge ou filho. 
Com relação a estes requisitos, é de se notar que a ausência eventual do 
estrangeiro do nosso território não é impedimento à sua pretensão, já que, 
como declarou o STF, "a Constituição exige residência contínua, e não 
permanência contínua". 
Ademais, embora não conste expressamente no dispositivo em comento, é 
de se considerar que apenas uma condenação penal transitada em julgado 
constitui óbice à concessão da nacionalidade brasileira, pela aplicação do 
princípio da presunção de inocência. Condenações penais não-definitivas, ou 
condenações, definitivas ou não, em ações de natureza não-penal 
(trabalhista, cível) não constituem impedimento à aquisição da 
nacionalidade brasileira. 
Segundo entendimento doutrinário prevalente, preenchidos os requisitos 
constitucionais, os estrangeiros em geral, nessa hipótese, têm direito 
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subjetivo à aquisição da nacionalidade brasileira secundária. Em outros 
termos, a atuação do Presidente, nesse caso, é estritamente vinculada, 
sendo obrigatória a concessão da nacionalidade ao estrangeiro que 
preencher os requisitos prescritos na Constituição. Tal conclusão sobressai 
da parte final do dispositivo, quando o constituinte valeu-se da expressão 
"...desde que requeiram...", sustentando o entendimento exposto acima. 
Em fechamento, cabe destacar que existem duas outras hipóteses de 
aquisição da nacionalidade brasileira previstas na legislação ordinária, a 
saber, nos art. 11, a, e 12, do Estatuto do Estrangeiro: a radicação 
precoce e a conclusão de curso superior. 
A radicação precoce aplica-se aos estrangeiros que tenham vindo residir no 
Brasil antes de atingirem cinco anos de idade e desde então tenham 
permanecido definitivamente em nosso território. A naturalização, nesse 
caso, depende de requerimento do estrangeiro manifestando sua opção, no 
prazo máximo de dois anos após atingir a maioridade civil. 
Já a conclusão de curso superior aplica-se aos estrangeiros que tenham 
vinco residir em nosso território antes de atingirem a maioridade civil, e 
tenham concluído em estabelecimento nacional curso de ensino superior. A 
naturalização, nessa hipótese, dependendo de o estrangeiro manifestar sua 
opção em até um ano após a formatura. 
Ambas as hipóteses constavam da Constituição de 1967, não tendo sido 
contempladas pela atual Constituição. Como, entretanto, não afrontam 
qualquer de seus dispositivos, e lembrando-se que a legislação 
infraconstitucional é apta à previsão de hipóteses de aquisição de 
nacionalidade secundária, permanecem plenamente válidas a radicação 
precoce e a conclusão de curso superior, nos termos acima abordados, 
como hipóteses de aquisição da condição de brasileiro naturalizado, tendo 
sido neste ponto recepcionada a Lei 6.815, de 1980. 
 
6) PORTUGUESES EQUIPARADOS 
 
Analisamos no tópico anterior que a Constituição, em tema de 
naturalização, confere um tratamento privilegiado aos indivíduos oriundos 
dos países de língua portuguesa, exigindo deles, além do requerimento 
solicitando a naturalização, somente comprovação de residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral. 
No § 1o do art. 12 a Constituição contempla uma nova hipótese de 
tratamento preferencial, agora não a todos aqueles oriundos dos países de 
língua portuguesa, mas apenas aos portugueses, asseverando que "aos 
portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade 
em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, 
salvo os casos previstos nesta Constituição". De se ressaltar que a antiga 
redação do § 1o do art. 12 da Constituição previa a equiparação dos 
portugueses aos brasileiros natos, mas tal regramento foi alterado pela 
Emenda Constitucional de Revisão 03, de 1994, a partir da qual a 
equiparação passou a ser feita com os brasileiros naturalizados. 
O dispositivo não traz uma nova hipótese de naturalização, mas abre aos 
portugueses a possibilidade de, sem se naturalizar, passarem a exercer os 
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direitos inerentes aos brasileiros naturalizados. Tais portugueses, sem abrir 
mão de sua nacionalidade originária, passarão a usufruir do tratamento 
jurídico outorgado aos brasileiros naturalizados, desde que Portugal 
conceda idêntico tratamento aos brasileiros residentes em Portugal, ou seja, 
desde que haja reciprocidade de tratamento. 
Nesse caso, os brasileiros em Portugal permanecerão como brasileiros, mas 
gozarão dos direitos que o ordenamento português confere aos portugueses 
naturalizados; e os portugueses no Brasil, sem deixar de ser portugueses e 
sem se tornarem brasileiros, exercerão os direitos que nossa Constituição 
reserva aos brasileiros naturalizados. Poderão, por exemplo, votar nas 
eleições para cargos do Executivo e do Legislativo, desde que preenchidos 
os demais requisitos legais, que analisaremos na próxima unidade. 
Para que se concretize tal situação a Constituição instituiu os dois requisitos 
acima citados: que os portugueses tenham residência permanente no Brasil 
e que Portugal conceda tratamento recíproco aos brasileiros em solo 
português. Preenchidos esses dois requisitos, os portugueses têm o direito 
de exercer os direitos típicos de brasileiro naturalizado. O reconhecimento 
da equiparação, entretanto, não é automático, sendo indispensável que o 
interessado requeira o benefício, e que sua solicitação seja deferida, o que 
se dará após a comprovação dos requisitos para tanto. 
O Ministério da Justiça é o órgão com competência na matéria. Ensina 
Alexandre de Moraes que, além do reconhecimento dos direitos e deveres 
entre os portugueses equiparados e os brasileiros naturalizados, atribuição 
do Ministério da Justiça, o exercício dos direitos políticos pelos portugueses 
equiparados está condicionado à apresentação de um requerimento perante 
a Justiça Eleitoral, bem como à comprovação de residência permanente no 
Brasil por um período mínimo de cinco anos. 
 
7) TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIROS NATOS E 
NATURALIZADOS 
 
O § 2o do art. 12 da Constituição determina que "a lei não poderá 
estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos 
casos previstos nesta Constituição". 
É bem clara a regra contida no dispositivo: a Carta Magna é o único 
diploma normativo apto a instituir tratamento diferenciado entre 
brasileiros natos e naturalizados, sendo qualquer norma ordinária que 
pretenda ampliar as hipóteses nela flagrantemente inconstitucional. 
A primeira hipótese de tratamento diferenciado prescrita na Constituição 
consta no § 3o do art. 12, que reserva alguns cargos exclusivamente a 
brasileiros natos. Considerando-se as demais hipóteses de tratamento 
diferenciado prescritas na Constituição, o rol é o seguinte: 
a) extradição (CF, art. 5°, LI): é vedada em termos absolutos a extradição 
do brasileiro nato. Já o brasileiro naturalizado pode ser extraditado no caso 
de cometimento de crime comum, antes da naturalização (ou seja, quando 
ainda era estrangeiro), ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
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b) cargos privativos de brasileiros natos: o § 3o do art. 12 da CF 
declara que são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República, de Presidente da Câmara dos Deputados, de 
Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal Federal, da 
carreira diplomática, de oficial das Forças Armadas e de Ministro de Estado 
de Defesa. Na lição de Pontes de Miranda, trazida por Alexandre de Moraes, 
dois foram os critérios para a fixação dos cargos privativos de brasileiros 
natos: a segurança nacional e a linha sucessória. O primeiro critério justifica 
a reserva para os três últimos cargos citados acima, o segundo critério para 
os demais; 
c) membros do Conselho da República: o Conselho da República é o 
órgão superior de consulta do Presidente da República, estando previsto no 
art. 89 da CF. O inc. VII do referido artigo reserva seis vagas no Conselho a 
cidadãos brasileiros natos com mais de 35 anos, sendo dois nomeados pelo 
próprio Presidente, dois eleitos pela Câmara dos Deputados e dois pelo 
Senado Federal, para um mandato de três anos, vedada a recondução. 
Além dessas seis vagas, expressamente reservadas a brasileiros natos, do 
Conselho participam o Vice-Presidente da República e os presidentes da 
Câmara e do Senado, com o que se amplia para nove o número de vagas 
necessariamente ocupadas por brasileiros natos. Restam, como vagas 
passíveis de ocupação também por brasileiros naturalizados, as reservadas 
aos líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados e no Senado 
Federal e ao Ministro da Justiça. Desse modo, das quatorze vagas no 
Conselho, nove, no mínimo, sempre serão preenchidas por brasileiros 
natos, sendo as cinco restantes passíveis de preenchimento também por 
brasileiros naturalizados; 
d) propriedade de empresa jornalística e de radiofusão sonora de 
sons e imagens (CF, art. 222): no que toca às pessoas físicas, apenas 
brasileiros natos e brasileiros naturalizados há mais de dez anos podem ser 
proprietário de empresa jornalística e de radiofusão sonora de sons e 
imagens. 
 
 
8) HIPÓTESES DE PERDA DA NACIONALIDADE 
 
A Constituição, O art. 12, § 4o, da CF estabelece as duas únicas hipóteses 
de perda da nacionalidade brasileira, sendo inconstitucional qualquer norma 
ordinária que pretender ampliar o rol constitucional. 
Nos termos do referido dispositivo, será declarada a perda da 
nacionalidade do brasileiro que: 
a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em 
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 
b) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de (1) 
reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou 
de (2) imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao 
brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. 
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A primeira hipótese – perda da nacionalidade brasileira em virtude da 
prática de atividade nociva ao interesse nacional – depende de sentença 
judicial transitada em julgado proferida em ação de cancelamento de 
naturalização. 
A legitimidade para a propositura da ação de cancelamento de naturalização 
é do Ministério Público Federal. Não há tipificação legal sobre as atividades 
consideradas nocivas ao interesse nacional. Logo, é incumbência do MP, 
frente ao caso em concreto, considerar se certa atividade é nociva aos 
interesses brasileiros. Se concluir positivamente sua análise deve interpor a 
ação de cancelamento, que terá seu trâmite perante a Justiça Federal, a 
quem cabe decidir se no caso verifica-se ou não atividade contrária aos 
interesses nacionais. Se for decretada a perda da nacionalidade, por decisão 
transitada em julgado, seus efeitos são meramente proativos. 
Devemos ressaltar que o Professor Gabriel Dezen Junior trata de forma 
diversa esta matéria. É sua a seguinte lição: 
O brasileiro naturalizado que for processado e julgado culpado de 
algum crime no Brasil poderá, na sentença, receber uma pena 
acessória de cancelamento da naturalização, de acordo com a 
gravidade do crime. Nesse caso, a partir dessa sentença, por ato do 
Presidente da República, será declarada a perda de sua 
nacionalidade, para viabilizar a expulsão do Brasil já que expulsão de 
brasileiro, mesmo que naturalizado, configura banimento, que é pena 
inconstitucional, nos termos do art. 5°, XLVII, d). 
Essa hipótese de perda da nacionalidade é conhecida como conhecida como 
de perda-punição, e sóé cabível em relação ao brasileiro naturalizado, já 
que se trata de perda da naturalização. Uma vez efetivada, impede nova 
naturalização. A única forma de o condenado voltar à situação de brasileiro 
naturalizado é anular a sentença ou acórdão que a decretou, mediante a 
interposição de ação rescisória; 
A segunda hipótese - aquisição de outra nacionalidade – é chamada de 
perda-mudança, e aplica-se tanto ao brasileiro nato como ao naturalizado. 
Para que se configure essa segunda modalidade de perda da nacionalidade 
brasileira, é necessário que a efetiva aquisição da outra nacionalidade, não 
bastando a mera formalização do pedido perante o outro Estado. Ademais, 
é indispensável que a aquisição tenha decorrido de ato voluntário, e que o 
optante, no momento em que se efetivou a escolha, gozasse de capacidade 
civil para tanto. 
Preenchidos esses requisitos, a perda não é decretada no transcurso de um 
processo judicial, como na hipótese anterior, mas pelo Presidente da 
República, após a apuração da aquisição da outra nacionalidade em 
processo administrativo, que transcorre no Ministério da Justiça. Os efeitos 
do decreto presidencial que determina a perda na nacionalidade são ex 
nunc, não-retroativos, não atingindo situações jurídicas anteriores à sua 
edição. 
Nessa hipótese de perda, é possível a reaquisição da nacionalidade 
brasileira mediante nova naturalização, na condição de brasileiro 
naturalizado, mesmo se a condição anterior à perda era de brasileiro nato. 
Além das duas hipóteses de perda da nacionalidade aqui tratadas, a 
doutrina, apesar de não haver previsão constitucional, admite também a 
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possibilidade de perda da nacionalidade quando se comprovar que sua 
aquisição se deu com fraude à lei, de acordo com a legislação civil que 
regula a matéria. Segundo esse entendimento, amplamente aceito, a 
aquisição da nacionalidade, como qualquer ato jurídico, não pode subsistir 
quando realizada com fraude à lei, vício que acarreta sua perda. 
Em fechamento, é válido informar que a Constituição de 1967 previa uma 
terceira hipótese de perda da nacionalidade, a saber, no caso de aceitação 
de comissão, emprego ou pensão de governo estrangeiro sem a expressa 
licença do Presidente da república. Nossa atual Constituição não contempla 
essa hipótese, o que autoriza aos atingidos por ela, segundo Alexandre de 
Moraes, a reaquisição da nacionalidade brasileira com efeitos retroativos. 
 
 
9) HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS DE DUPLA NACIONALIDADE 
 
Há dois casos em que a aquisição de outra nacionalidade não acarreta a 
perda da nacionalidade brasileira: reconhecimento da nacionalidade 
originária pela lei estrangeira; e imposição da naturalização pelo 
país estrangeiro, como condição para a permanência em seu 
território ou para o exercício dos direitos civis. 
São essas as duas únicas hipóteses em que a Constituição admite a dupla 
nacionalidade, estando prescritas nas alíneas a e b do inc. II do § 4º do art. 
12 da CF. Em outras hipóteses, não previstas na Constituição, a aquisição 
de outra nacionalidade implica a perda da nossa. 
A primeira hipótese - reconhecimento de nacionalidade originária pela lei 
estrangeira – aplica-se quando o indivíduo era nacional nato do outro país 
desde o nascimento, pela aplicação do critério do ius sanguinis. Neste caso, 
o brasileiro simplesmente ingressou com um processo administrativo no 
Estado estrangeiro, a fim de obter o reconhecimento da sua condição de 
nacional nato. Terá reconhecida tal situação, sem qualquer prejuízo no que 
toca à sua nacionalidade brasileira. Terá, pois dupla nacionalidade. 
Na segunda hipótese - imposição de naturalização, pela norma estrangeira, 
ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis – a 
Constituição permite a dupla nacionalidade porque a aquisição da 
nacionalidade estrangeira não decorreu de uma livre manifestação de 
vontade do brasileiro. 
Este, inegavelmente, desejava permanecer no território do Estado 
estrangeiro, mas não necessariamente adquirir a respectiva nacionalidade, 
tendo sido forçado a tanto para poder permanecer no território ou para nele 
poder exercer direitos de natureza civil, em sentido amplo (motivos 
profissionais ou familiares, acesso aos serviços públicos oferecidos no 
Estado etc). 
 
10) ARTIGO 13 DA CONSTITUIÇÃO 
 
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Apenas para conhecimento, sem qualquer comentário, transcrevemos o art. 
13 da Constituição, que encerra o capítulo III do seu Título II. 
O dispositivo é vazado nos seguintes termos: 
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República 
Federativa do Brasil. 
§ 10 São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o 
hino, as armas e o selo nacionais. 
§ 20 Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter 
símbolos próprios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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II. DIREITOS POLÍTICOS 
 
 
 
1) INTRODUÇÃO 
 
Segundo José Afonso da Silva, 
(...) os direitos políticos positivos consistem no conjunto de normas 
que asseguram o direito subjetivo de participação no processo 
político e nos órgãos governamentais, Eles garantem a participação 
do povo no poder de dominação política por meio das diversas 
modalidades de direito de sufrágio: direito de voto nas eleições, 
direito de elegibilidade (direito de ser votado), direito de voto nos 
plebiscitos e referendos, assim como por outros direitos de 
participação popular, como o direito de iniciativa popular, o direito de 
propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos 
políticos. 
Nossa Constituição reserva trata da matéria nos art. 14 a 16, que compõem 
o capítulo IV do seu Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais. 
Como ressalta Alexandre de Moraes, tais dispositivos representam um 
desenvolvimento do princípio democrático, inscrito no parágrafo único do 
artigo primeiro da Constituição, segundo o qual todo o poder emana do 
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
segundo as regras da Constituição. 
O dispositivo em questão, ao asseverar que o exercício do poder pelo povo 
pode se dar diretamente ou por meio de representantes eleitos, remete às 
diferentes espécies de regime democrático. Temos a democracia direta, 
na qual o próprio povo, diretamente, sem intermediários, interfere no 
processo político do Estado; a democracia representativa ou indireta, 
na qual o povo elege representantes para, em seu nome, atuarem no 
processo decisório do país; e, por fim, temos a democracia participativa 
ou semidireta, um sistema misto, que abrange mecanismos de 
participação direta e de participação indireta do povo no processo político 
do Estado. 
O art. 14 da Constituição assevera que a soberania popular será 
exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com 
igual valor para todos e, nos termos da lei, mediante plebiscito, 
referendo e iniciativa popular. O dispositivo consagra a democracia 
representativa ou indireta como o modelo democrático adotado em caráter 
principal pela Constituição, mas menciona, ao final, o plebiscito, o referendo 
e a iniciativa popular, mecanismos de participação direta do povo no 
processo decisório do País. 
Podemos concluir, desse modo, que a Constituição aponta para um modelo 
de democracia participativa ou semidireta, contemplando mecanismosde 
participação direta e indireta do povo no processo decisório do Estado. 
Numa perspectiva mais restrita, elencamos entre os direitos políticos o 
direito de sufrágio, o direito de voto em eleições (alistabilidade), o direito de 
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ser votado em eleições (elegibilidade), a iniciativa popular de leis, a ação 
popular e a possibilidade de participação em partidos políticos. 
Numa perspectiva mais ampla, podemos elencar como instrumentos de 
participação política o direito de votar em eleições, o direito de ser votado 
em eleições, o plebiscito, o referendo, a iniciativa popular de leis (CF, art. 
61, § 2o; art. 27, § 4o, e art. 29, XIII), a ação popular (CF, art. 5o, LXXIII), 
a possibilidade de participação em partidos políticos, a fiscalização popular 
das contas públicas (CF, art. 31, § 3o), o direito de informação em órgãos 
públicos (CF, art. 5o, XXXIII), o direito de petição (CF, art. 5o, XXXIV, a) e 
direito de certidão (CF, art. 5o, XXXIV, b). 
 
2) DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS – DIREITO DE SUFRÁGIO 
 
O sufrágio constitui a essência dos direitos políticos, e corresponde ao 
direito de participar da vida política do Estado. Na lição de José Afonso 
da Silva, é um direito público subjetivo, de natureza política, que confere ao 
cidadão a prerrogativa de eleger, de ser eleito e de participar da 
organização e da atividade política do Estado. 
O núcleo do direito ao sufrágio é, pois, constituído pela capacidade eleitoral 
ativa – denominada alistabilidade, que corresponde à capacidade de votar – 
e pela capacidade eleitoral passiva – denominada elegibilidade, que 
corresponde à capacidade de ser eleito -. 
No Brasil, o sufrágio possui caráter universal. Todos os brasileiros, sejam 
natos ou naturalizados (bem como os portugueses equiparados) têm o 
direito de exercê-lo, uma vez preenchidos os requisitos legais e 
constitucionais, nenhum deles discriminatório, vinculado a aspectos 
culturais ou econômicos. 
Dentre os tipos de sufrágio discriminatórios, restritivos, não-albergados 
pelo texto constitucional, sobressaem o sufrágio censitário (que condiciona 
o direito de voto a critérios de ordem econômica, como patrimônio ou 
rendimento mínimo) e o capacitário (que condiciona o direito ao voto a 
condições especiais, em regra de índole cultural ou intelectual, como grau 
mínimo de escolaridade). 
A Constituição, como exposto, contempla o sufrágio universal, não 
condicionado à comprovação de quaisquer requisitos de natureza econômica 
ou cultural. De se ressaltar que a existência de requisitos formais, como a 
obrigatoriedade de alistamento eleitoral, e de requisitos materiais, como 
nacionalidade e idade mínima, porque não discriminatórios, não retiram do 
sufrágio seu caráter universal. 
 
3) CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA 
 
A capacidade eleitoral ativa corresponde ao direito de votar nas eleições, 
referendos e plebiscitos. 
É denominada alistabilidade, e constitui direito de todos os brasileiros, 
natos ou naturalizados, maiores de dezesseis anos, desde que não estejam 
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na condição de conscritos (cumprindo serviço militar obrigatório) e que não 
tenham tido seus direitos políticos suspensos ou perdidos. (CF, art. 14, 
§§ 1o e 2o). 
A aquisição dessa capacidade se dá mediante o alistamento eleitoral, ato 
produzido mediante procedimento administrativo realizado perante a Justiça 
Eleitoral. O alistamento, no Brasil, é feito sempre a pedido do indivíduo, não 
cabendo se falar em alistamento de ofício. É com a produção do ato e com a 
expedição do título de eleitor que se dá a aquisição da capacidade eleitoral 
ativa. É quando, pois, o nacional passa a gozar da condição de cidadão, 
adquirindo aptidão para o exercício dos direitos políticos, a partir do que 
pode votar, propor ação popular, iniciar o processo legislativo de leis. 
Todavia, nem todos os direitos políticos podem ser exercitados a partir do 
alistamento eleitoral. Adiante analisaremos a capacidade eleitoral passiva, a 
capacidade para ser votado, conhecida como elegibilidade, que pressupõe 
o preenchimento de outros requisitos, a exemplo do domicílio eleitoral 
na circunscrição e a filiação partidária. O alistamento eleitoral é o ato pelo 
qual se adquire a alistabilidade, e esta é a primeira condição para a 
aquisição da elegibilidade, mas não a única. Podemos, assim, concluir que 
todo aquele que possui a capacidade passiva – para ser votado – 
possui também a capacidade eleitoral ativa – para votar -, uma vez 
que esta é requisito para aquela. 
O contrário, todavia, não é verdadeiro. A capacidade eleitoral ativa 
(alistabilidade) é adquirida com o alistamento eleitoral, mas não implica, 
por si só, na aquisição da elegibilidade, que pressupõe o preenchimento de 
outros requisitos prescritos na Constituição. Com isso, podemos concluir 
que nem todo aquele que possui a capacidade eleitoral ativa detém 
também a capacidade eleitoral passiva. 
Sintetizando, podemos afirmar que todo aquele que goza de elegibilidade 
goza também de alistabilidade, mas nem todo aquele que possui esta goza 
daquela. 
Segundo o art. 14, § 1o da Constituição, o alistamento eleitoral e o voto 
são obrigatórios para os maiores de dezoito anos, e facultativos 
para os maiores de setenta anos, para os maiores de dezesseis e 
menores de dezoito anos e para os analfabetos, independentemente 
de idade. 
Nos termos do dispositivo, a obrigatoriedade, aplicável aos maiores de 
dezoito e menores de setenta anos não-analfabetos, alcança tanto o 
alistamento como o voto. Portanto, é obrigatório aos que se enquadram na 
hipótese não só a promoção de seu alistamento perante os órgãos da 
Justiça Eleitoral, mas também seu comparecimento formal, votando, nas 
eleições. 
Nas hipóteses de facultatividade o raciocínio é idêntico. Os maiores de 
setenta anos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos e os 
analfabetos de qualquer idade podem alistar-se ou não, segundo seu livre 
critério, e, mesmo alistados, podem optar por votar ou não. Mesmo 
alistados, podem simplesmente deixar de exercer o direito de voto. A 
Constituição lhes faculta tal atuação. 
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O art. 14, § 2º da CF declara que não podem alistar-se os estrangeiros 
e, durante o período de serviço militar obrigatórios, os conscritos. 
Trata-se, pois, de uma vedação à capacidade eleitoral ativa, que influencia 
diretamente na passiva. Os estrangeiros e os conscritos (aqueles que 
cumprem serviço militar obrigatório) não podem alistar e, em conseqüência, 
votar, nem se candidatar a cargos eletivos. Não gozam, pois de 
alistabilidade e de elegibilidade. 
Não devemos considerar como conscritos os militares de carreira, que 
exercem suas funções em caráter profissional, integrando a estrutura 
permanente das Forças Armadas, das Polícias Militares e dos Corpos de 
Bombeiros Militares. Os conscritos exercem atividades militares na condição 
de nacionais no cumprimento de um dever, sem qualquer feição 
profissional. Assim, os militares das Forças Armadas e os militares dos 
Estados, Distrito Federal e Territórios têm o direito/dever de alistar-se e 
votar, além de serem elegíveis (CF, art 14, § 8°, e art. 42, § 1°). 
Para os estrangeiros a vedação só cessa em caso de eventual naturalização; 
para os conscritos, com o fim do serviço militar obrigatório. Enfim, cessa a 
vedação quando, no primeiro caso, o estrangeiro passar a ser brasileiro, e, 
no segundo, o anterior conscrito deixar de encontrar-se nessa condição. De 
se ressaltar que a vedação ao alistamentonão se aplica a uma espécie de 
estrangeiro, a saber, aos portugueses equiparados, que gozam dos direitos 
inerentes à condição de brasileiro naturalizado, apesar de permanecem na 
condição de estrangeiros. 
Gabriel Dezen Junior informa que o Tribunal Superior Eleitoral entende que 
o conceito de conscrito alcança os médicos, farmacêuticos, dentistas e 
veterinários que prestam serviço militar obrigatório, bem como aqueles que 
prestam serviço militar na condição de prorrogação de enganjamento. 
Podemos sintetizar a matéria nos seguintes termos: 
1°) o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para todos os 
brasileiros alfabetizados maiores de dezoito anos, desde que tenham menos 
de setenta anos e não sejam militares conscritos, conforme o disposto no 
art. 14, §§ 1o e 2o, da CF. Podemos dizer que todos os que se encontram 
nestas condições têm um direito/dever de alistar-se e votar; 
2°) há casos, no entanto, em que o alistamento e o voto são apenas uma 
faculdade, ou seja, um direito, mas não um dever. Isto é válido para os 
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, os maiores de setenta 
anos e os analfabetos; 
3°) e há situações, ainda, em que o alistamento e o voto não constituem 
nem direito nem dever, mas uma vedação. Isto se aplica aos militares 
conscritos (que prestam serviço militar obrigatório) e aos estrangeiros (com 
exceção dos portugueses equiparados, que podem exercer os direitos 
típicos de brasileiro naturalizado, embora permaneçam como estrangeiros, 
segundo o art. 12, § 1o, da CF). 
 
4) O VOTO 
 
Esclarece José Afonso da Silva: 
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(…) as palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como 
sinônimos. A Constituição, no entanto, dá-lhes sentidos diferentes, 
especialmente, no seu artigo 14, por onde se vê que o sufrágio é 
universal e o voto é direto e secreto e tem valor igual. A palavra voto 
é empregada em outros dispositivos, exprimindo a vontade num 
processo decisório. Escrutínio é outro termo com que se confundem 
as palavras sufrágio e voto. É que os três se inserem no processo de 
participação do povo no governo, expressando: um, o direito 
(sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e o outro, o modo de 
exercício (escrutínio). 
Explicitando a lição do Professor, podemos afirmar que o sufrágio é o 
direito conferido ao povo de participar na vida política do Estado; é, assim, 
o direito à participação política. O voto, por sua vez, representa o exercício 
desde direito quanto à capacidade eleitoral ativa. Temos o direito de 
participação política, o sufrágio, que em uma de suas acepções – a 
capacidade eleitoral ativa – é exercido por meio do voto. Como ressalta o 
professor, o sufrágio é o direito, o voto seu exercício (relativamente à 
capacidade eleitoral ativa). De outra forma: o voto é o instrumento de 
exercício do direito de sufrágio, no que toca à capacidade eleitoral ativa. 
Como, entretanto, o voto é conseqüência do direito de sufrágio, é comum 
considerá-lo também como um direito, e neste sentido, podemos defini-lo 
como um direito público subjetivo de participação nas eleições, 
plebiscitos e referendos. Por fim, como analisamos acima, o voto em regra 
é obrigatório, o que justifica sua definição também como um direito/dever 
de participação no processo político. 
O escrutínio, por sua vez, corresponde ao modo de exercício do voto 
(público ou secreto). 
O art. 14 da CF, em seu caput, aponta expressamente, como 
características do voto seu caráter direto e secreto, com valor igual para 
todos. A tais características devemos agregar a universalidade, a 
periodicidade, a obrigatoriedade formal de comparecimento, o caráter livre 
e o caráter personalíssimo. São essas as características essenciais do voto, 
nos seguintes termos: 
1°) direto: no Brasil, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos nas 
eleições para a Presidência, os cidadãos não elegem membros de um 
colegiado, a quem caberá, por sua vez, eleger os representantes populares 
nos Poderes Executivo e Legislativo. No Brasil, mediante o voto são 
escolhidos os próprios representantes populares nos Poderes Executivo e 
Legislativo. Há assim, a escolha direta de tais representantes. Esse é o 
significado do voto direto. Há apenas uma hipótese de eleição indireta no 
Brasil, prescrita no art. 81, §1° da CF, passível de ocorrência no caso de 
vagarem os cargos de Presidente e de Vice-Presidente da República nos 
últimos dois anos do mandato, quando então a nova eleição para o restante 
do período será feita pelo Congresso Nacional; 
2°) secreto: é indevassável a opção do eleitor. É assegurado o sigilo 
absoluto no local das votações para que o conhecimento das opções do 
eleitor não seja passível de conhecimento por terceiros. Gabriel Dezen 
Junior traz decisão do STF, prolatada no tempo em que ainda não havia 
sido implantado o sistema de urnas eletrônicas, na qual a Corte decidiu que 
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fere o caráter sigiloso do voto a identificação pessoal do eleitor na cédula de 
votação, sendo nula tal cédula; 
 Sobre essa característica, afirma Alexandre de Morares: 
O sigilo do voto deverá ser garantido mediante algumas providências 
legais, tais como: uso de cédulas oficiais, que impossibilitam o 
reconhecimento do eleitor; isolamento do eleitor em cabine 
indevassável, para assinalar, em segredo, o candidato de sua 
preferência; verificação da autenticidade da cédula oficial, à vista das 
rubricas dos mesários emprego de uma que assegure a 
inviolabilidade do sufrágio e seja suficientemente ampla para que não 
se acumulem as cédulas na ordem em que forem introduzidas pelo 
próprio eleitor, não se admitindo que outro o faça (Código Eleitoral, 
art. 103 do Código Eleitoral). 
Ressalte-se, ainda, que na hipótese de votação por meio de urnas 
eletrônicas, sempre haverá a necessidade de garantir-se, por meio de 
correto programa computadorizado, não só o total sigilo do voto 
como também a possibilidade do eleitor optar pelo voto em branco ou 
pelo voto nulo, a fim de resguardar-se a liberdade de escolha. 
3°) universal: no Brasil o exercício do voto não está condicionada a 
nenhum requisito de capacidade econômica, cultural ou intelectual. Como já 
visto, em nosso País o voto não é restrito, por não ser capacitário ou 
censitário; 
4°) periódico: apesar de não contar expressamente no art. 14 da CF, a 
periodicidade do voto é decorrência automática do adoção do regime 
republicano de Governo, que tem como um de seus fundamentos a 
periodicidade dos mandatos eletivos; 
5°) com valor igual para todos: o peso do voto de cada eleitor equivale 
exatamente ao peso do voto de todos os demais, independentemente de 
condição social, econômica ou cultural, de cor, sexo, raça ou quaisquer 
outros elementos discriminatórios; 
6°) obrigatoriedade formal de comparecimento: para aqueles cujo 
alistamento e voto é obrigatório, há dever de comparecimento ao local de 
votação no dia da eleição, depositando seu voto na urna convencional ou 
inscrevendo ele na urna eletrônica; 
7°) caráter livre: embora seja obrigatório o voto, como regra geral, o 
eleitor é absolutamente livre na escolha de seus candidatos. Poderá votar 
em quem quiser ou mesmo não votar em nenhum candidato; 
8°) personalíssimo: é indispensável o comparecimento pessoal do eleitor 
para votar. É possível se casar por procuração mas não pode se votar por 
procuração; 
 
5) PLEBISCITO E REFERENDO 
 
O art. 14. I e II, da Constituição, prevê o referendo e o plebiscito como dois 
instrumentos de consulta popular diretamente decorrentes do direito de 
sufrágio. A convocação de ambas as consultas, nos termos do art. 49,XV, 
da Carta, é competência privativa do Congresso Nacional, por decreto 
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legislativo, salvo quando a própria Constituição excepciona tal competência, 
como ocorre, por exemplo, na hipótese de criação, incorporação fusão e 
desmembramento de Municípios, em que a convocação do plebiscito é 
competência das Assembléias Legislativas dos Estados-membros onde estão 
sediados os Municípios envolvidos, a teor do art. 18, § 4°, da Constituição. 
Ambos os instrumentos são de exercício exclusivo pelos detentores de 
capacidade civil ativa, ou seja, os nacionais no gozo de seus direitos 
políticos (bem como os portugueses equiparados). 
A diferença básica entre essas duas modalidades de consulta é o momento 
de sua realização. 
O plebiscito é uma consulta prévia aos cidadãos, mediante a qual se oferece 
certo ato administrativo ou legislativo à sua aprovação ou rejeição antes da 
sua produção propriamente dita. Como ensina Gabriel Dezen Junior, trata-
se de uma consulta sobre uma questão definida, mas ainda hipotética. A Lei 
9.709/98 regula o plebiscito. 
O referendo é uma consulta posterior aos cidadãos. Trata-se de uma 
consulta sobre uma questão já definida e concretizada em um ato 
administrativo ou legislativo. Nesse caso temos inicialmente a produção do 
ato legislativo ou administrativo, e após isso sua submissão à ratificação ou 
rejeição dos cidadãos. 
Segundo Alexandre de Moraes, a aprovação popular pode funcionar como 
condição suspensiva ou resolutiva do ato governamental. No primeiro caso, 
ele somente inicia a produção de seus efeitos após sua aprovação (se 
aprovado); no segundo, ele é eficaz desde a sua edição, mas seus efeitos 
cessam se não houver sua aprovação na consulta. A Lei 9.709/98 também 
disciplina o referendo. 
 
6) CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA 
 
A capacidade eleitoral passiva corresponde ao direito de ser votado, ao 
direito de concorrer a um mandato eletivo nos Poderes Executivo e 
Legislativo e, caso eleito, a ser investido no mandato respectivo. Para que 
se concretize essa faculdade, ou seja, para que alguém possa candidatar-se 
a um cargo eletivo, é necessário que o interessado (a) satisfaça todos os 
requisitos de elegibilidade prescritos no§ 3o do art. 14 da CF (elegibilidade 
genérica); (b) não se enquadre em nenhum dos impedimentos prescritos 
no § 4o do art. 14 da CF (inegibilidade absoluta); e, por fim, (c) não 
incida em nenhuma das vedações dos hipóteses §§ 5º, 6º, 7o e 8o do art. 
14 da CF (inegibilidade relativa). 
O § 3o do art. 14 da CF estabelece os requisitos de elegibilidade: 
nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento 
eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e 
observância da idade mínima, conforme o cargo a ser disputado. Quem 
possui todos estes requisitos é detentor de elegibilidade genérica. 
O § 4o do art. 14 da CF determina que são inelegíveis os inalistáveis e os 
estrangeiros. Assim, são inelegíveis os militares conscritos, os analfabetos e 
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os estrangeiros (com exceção dos portugueses equiparados), inaptos para 
disputar qualquer cargo eleitoral. A doutrina classifica tais hipóteses como 
de inegibilidade absoluta, não podendo a legislação infraconstitucional 
ampliá-las (CF, art. 14, § 4o). 
Há, por fim, as hipóteses de inegibilidade relativa, nos quais se 
enquadram aqueles que, não obstante titulares de elegibilidade genérica, 
não podem concorrer a determinados cargos, ou só podem fazê-lo mediante 
o cumprimento de condições específicas, como é o caso dos Chefes do 
Poder Executivo que, para concorrerem a outros cargos, têm que renunciar 
aos respectivos mandatos, até seis meses antes da eleição. Os §§ 5o, 6º, 
7o e 8o do art. 14 enumeram tais casos, que podem, entretanto, ser 
ampliados por lei complementar, conforme o disposto no § 9o do mesmo 
artigo. 
Neste tópico analisaremos os requisitos para a aquisição da elegibilidade 
(ou elegibilidade genérica), deixando para o tópico posterior a análise das 
regras concernentes à inexigibilidade. 
Nos termos do § 3o do art. 14 da CF, que regula a matéria, são requisitos 
ou condições de elegibilidade: 
1o) nacionalidade brasileira: a Constituição fala genericamente em 
nacionalidade, de modo a abranger, indiscutivelmente, os brasileiros natos 
e naturalizados. Excepcionam-se apenas os cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República, que exigem a condição de brasileiro nato (CF, art. 
12, § 3°). De se notar que um estrangeiro implicitamente preenche este 
requisito: o português equiparado, que, por força do § 1° do art. 12 da CF, 
goza dos direitos inerentes ao brasileiro naturalizado; 
2o) pleno exercício dos direitos políticos: não satisfaz esse requisitos 
aqueles cujos direitos políticos foram perdidos ou suspensos; 
3o) alistamento eleitoral: o alistamento perante a Justiça Eleitoral é o 
terceiro requisito de elegibilidade, sendo comprovado mediante a 
apresentação do título de eleitor; 
4o) domicílio eleitoral na circunscrição: o candidato deve ter domicílio 
eleitoral na circunscrição (área territorial) para a qual concorre, pelo período 
mínimo exigido na legislação. Um candidato a deputado federal por São 
Paulo, por exemplo, deverá obrigatoriamente ter seu domicílio eleitoral 
nesse Estado. Como salienta Gabriel Dezen Junior, pela Constituição o 
domicílio eleitoral não necessariamente se confunde com o domicílio civil ou 
com a residência, embora a legislação eleitoral possa fazê-los coincidir. Diz 
o Autor que atualmente "o domicílio eleitoral consiste na afixação de 
residência, pelo candidato, na circunscrição eleitoral relativa ao mandato 
pleiteado, pelo prazo mínimo fixado na legislação eleitoral 
infraconstitucional"; 
5o) filiação partidária: é a inscrição do candidato em algum partido 
político regulamente registrado. A Constituição não deixa qualquer dúvida 
quanto à inadmissibilidade de candidatura avulsa, da candidatura sem 
filiação a certo partido político; 
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6o) idade mínima: na data das eleições (e não na data do registro da 
candidatura) os candidatos devem observar os limites de (a) trinta e cinco 
anos, para os cargos de Presidente, Vice-Presidente da República e senador 
da República; (b) trinta anos, para os cargos de Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal; (c) vinte e um anos, para os 
cargos de deputado federal, deputado estadual ou distrital, Prefeito, Vice--
Prefeito e juiz de paz; e (d) dezoito anos, para vereador. 
 
7) INELEGIBILIDADE 
 
Ensina o Professor Pedro Lenza: 
Ao contrário dos direitos políticos positivos, os direitos políticos nega-
tivos individualizam-se ao definirem formulações constitucionais 
restritivas e impeditivas das atividades político-partidárias, privando 
o cidadão do exercício de seus direitos políticos, bem como 
impedindo-os de eleger um candidato (capacidade eleitoral ativa) ou 
de ser eleito (capacidade eleitoral passiva). Comecemos pelas 
inelegibilidades para depois analisarmos as situações em que os 
direitos políticos ficam suspensos ou são perdidos (privação dos 
direitos políticos). 
Pela lição de Pedro Lenza, os direitos políticos negativos abrangem a 
inelegibilidade, a perda e a suspensão dos direitos políticos. Idêntica 
é a lição de Alexandre de Moraes. Seguindo a ordem com que a matéria é 
tratada na Constituição, inicialmente trataremos da inelegibilidade, 
reservando para momento posterior o estudo das hipóteses de perda e de 
suspensão dos direitos políticos.Mais uma vez nos valendo de Pedro Lenza, declara o Autor: 
As inelegibilidades são as circunstâncias (constitucionais ou previstas 
em lei complementar) que impedem o cidadão do exercício total ou 
parcial da capacidade eleitoral passiva, ou seja, da capacidade de 
eleger-se. Restringem, portanto, a elegibilidade do cidadão. 
Genericamente falando, a inelegibilidade consiste em hipóteses impeditivas 
da capacidade eleitoral passiva, obstando a candidatura a mandatos 
eletivos, a possibilidade de ser votado. Pode ela representar uma restrição 
absoluta, impedindo o nacional de concorrer a quaisquer cargos eletivos; ou 
relativa, quando atinge apenas determinados cargos, ou exige o 
acatamento ou o cumprimento de condições especiais para a viabilização da 
candidatura. 
As hipóteses de inelegibilidade absoluta encontram-se prescritas no § 4° do 
art. 14 da CF, e as hipóteses de inelegibilidade relativa encontram-se 
discriminadas, a nível constitucional, nos §§ 5.° a 8.° da Constituição. 
Trata-se de dispositivos constitucionais de eficácia plena, que dependem de 
complementação pela legislação ordinária para a produção imediata e 
integral de seus efeitos. 
Tratando da mesma matéria, o § 9.° do art. 14 da CF, norma constitucional 
de eficácia limitada, autoriza que lei complementar estabeleça outras 
hipóteses de inelegibilidade relativa e os prazos de sua cessação, a fim de 
proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do 
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mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e 
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso 
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou 
indireta. 
Com base neste dispositivo podemos retirar duas conclusões: a lista 
constitucional das hipóteses de inelegibilidade não é numerus clausus, uma 
vez que pode ser ampliada por lei complementar; a Constituição é o único 
diploma apto a estabelecer hipóteses de inegibilidade absoluta, pois a Carta 
outorga à lei complementar retroreferida competência tão somente para a 
instituição de novas hipóteses de inegibilidade relativa. 
Passemos à análise das hipóteses de inelegibilidade relativa e absoluta. 
 
7.1) INEGIBILIDADE ABSOLUTA 
 
Como o próprio termo indica, a inelegibilidade absoluta impede que o 
nacional concorra a quaisquer mandatos eletivos. Nos termos do § 4° do 
art. 14 da CF, são absolutamente inelegíveis: 
a) os inalistáveis: segundo o § 2° do art. 14 da CF são inalistáveis os 
estrangeiros e, durante o período de serviço militar obrigatório, os 
conscritos. Como já afirmado, a capacidade eleitoral ativa - para votar – é 
pressuposto da capacidade eleitoral passiva – para ser votado -. Logo, 
aquele que não pode alistar-se como eleitor também não pode, por via de 
conseqüência, concorrer a qualquer mandato eletivo. Nessa situação, nos 
termos do dispositivo, encontram-se os estrangeiros e os conscritos, 
enquanto permanecerem nesta condição, que não podem concorrer a 
qualquer cargo eletivo no Brasil. A única exceção à regra encontra-se nos 
portugueses equiparados que, apesar de estrangeiros, podem concorrer a 
cargos eletivos não privativos de brasileiros natos; 
b) os analfabetos: o alistamento e o voto são facultativos para os 
analfabetos, qualquer que seja sua idade (art. 14, § 1°, inc. II, da CF). 
Logo, possuem os analfabetos, se assim o desejarem, capacidade eleitoral 
ativa. Porém, segundo o § 4° do art. 14 da CF, não gozam de capacidade 
eleitoral passiva, não podendo concorrer a cargos eletivos enquanto 
permanecerem nessa condição. 
Os únicos casos de inelegibilidade absoluta são os que constam na 
Constituição, no § 4° do art. 14. 
 
7.2) INEGIBILIDADE RELATIVA 
 
Ensina Alexandre de Moraes: 
As inelegibilidades relativas, diferentemente das anteriores, não 
estão relacionadas com determinada característica pessoal daquele 
que pretende candidatar-se, mas constituem restrições à 
elegibilidade para certos pleitos eleitorais e determinados mandatos, 
em razão de situações especiais existentes, no momento da eleição, 
em relação ao cidadão. 
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O relativamente inelegível possui elegibilidade genérica, porém, 
especificamente em relação a algum cargo ou função eletiva, no 
momento da eleição, não poderá candidatar-se. 
Em complemento à lição do Professor, podemos considerar que a 
inelegibilidade relativa pode compreender (a) a impossibilidade de disputa 
de certos cargos eletivos, em função da situação que se encontra o cidadão 
na ocasião; ou (b) a necessidade da submissão a certas condições para a 
viabilização da candidatura. No primeiro caso enquadram-se as hipóteses 
trazidas no § 5° e no § 7° do art. 14 da Constituição; no segundo, as 
hipóteses contidas no § 6°, no § 8° e no § 9° do art. 14 da CF. 
As hipóteses de inelegibilidade relativa são as seguintes: 
- por motivos funcionais; 
- por motivos de casamento, parentesco ou afinidade; 
- pela condição de militar; 
- por situações previstas em lei complementar. 
 
7.2.1) Por motivos funcionais 
 
Determina a Constituição Federal, no art. 14, § 5°, que "o Presidente da 
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os 
Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos 
mandatos poderão ser reeleitos para um único período 
subseqüente". 
O dispositivo em questão tem sua redação atual oriunda da EC 16, de 1997, 
que instituiu a possibilidade de reeleição para os chefes de Poder Executivo. 
Desde nossa primeira Constituição republicana, de 1891, jamais foi 
contemplada a possibilidade de reeleição do Chefe do Poder Executivo, 
como forma de se evitar o uso da máquina administrativa pelo titular do 
cargo numa nova tentativa de reeleição, e de se impedir que uma mesma 
pessoa pudesse perpetuar-se na chefia do Executivo. 
A EC 16, de 1997 veio, portanto, quebrar esta tradição centenária em nossa 
história constitucional, admitindo a possibilidade de reeleição do chefe do 
Executivo para um único período subseqüente. Note-se que a regra 
continua prescrevendo uma inelegibilidade relativa parcial, uma vez que 
veda a reeleição para um terceiro mandato consecutivo. Por outro lado, 
nada impede que uma mesma pessoa venha a ocupar a chefia do Executivo 
federal, estadual, distrital ou municipal diversas vezes, desde que não se 
verifique uma eleição a um terceiro mandato sucessivo. 
O § 5° do art. 14 da CF não exige a desincompatibilização do chefe do 
Executivo que almeje candidatar-se a um segundo mandato consecutivo 
Não precisa ele, portanto, renunciar ou mesmo afastar-se temporariamente 
do cargo para concorrer a um novo mandato. Isto fica perfeitamente claro 
com a leitura do 6° do art. 14 da CF, adiante realizada, que exige a 
desincompatibilização do chefe do executivo quando pretende concorrer a 
outros cargos eletivos. 
Nada obsta que o chefe do Executivo, com base em seu juízo de 
conveniência e oportunidade, solicite ao Poder legislativo uma licença para 
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poder dedicar-se à campanha eleitoral visando à sua reeleição, mas tal 
medida é decisão absolutamente discricionária, de modo algum imposta 
pela Constituição. 
O que norteou o legislador constituinte, ao não exigir a 
desincompatibilização do chefe do Executivo para concorrer à reeleição, foi 
o conceito de continuidade administrativa. Parte-se da idéia de que o 
eventual sucesso da atual chefe do Poder Executivo na busca por um 
segundo mandato fundamenta-se essencialmente na aprovação popular da 
sua gestão.

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