Buscar

Direito Constitucional - Aula 19 - Controle de Constitucionalidade 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 19: CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE – PARTE I 
 
 
I. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 
1) INTRODUÇÃO 
 
A inconstitucionalidade verifica-se nas situações em que há um conflito 
entre certo dispositivo constitucional - seja norma ou princípio – e uma 
ação ou omissão, sejam elas de caráter concreto ou normativo, oriundas 
do Poder Público ou de particulares. Este conflito é sempre resolvido em 
favor da Constituição, por meio dos mais variados instrumentos de 
controle de constitucionalidade, e que, em seu conjunto, formam o 
sistema de controle de constitucionalidade vigente em certo Estado. 
Para a plena eficiência deste controle, faz-se necessário que a 
Constituição possua duas características: o caráter escrito e a rigidez. 
Quanto ao caráter escrito, apenas a partir da codificação das normas 
constitucionais num documento único, solenemente posto em vigor, é que 
se pode considerar que existe um parâmetro seguro para a aferição da 
conformidade de uma conduta à disciplina constitucional. 
Seria sobremaneira inútil decretar-se a desconformidade de uma conduta 
frente a um texto constitucional, se vigentes outras fontes normativas de 
idêntica natureza, diante das quais a mesma norma, antes declarada 
inconstitucional, pudesse ser considerada válida. 
Complementarmente, é imprescindível, para um efetivo controle de 
constitucionalidade, a fixação de um procedimento diferenciado, mais 
dificultoso para a alteração da Constituição, de modo a assegurar uma 
relativa estabilidade a seus preceitos, em função exatamente desta maior 
dificuldade para a modificação de seus preceitos. Nisso consiste o caráter 
rígido de uma Constituição. 
Seria de pouca valia eventual declaração de inconstitucionalidade de uma 
ação ou omissão, em função da sua desconformidade com determinado 
dispositivo constitucional, se posteriormente tal dispositivo pudesse ser 
facilmente objeto de modificação por meio de procedimento legislativo 
idêntico ao prescrito para a inovação da legislação infraconstitucional. 
Conforme vimos em aulas anteriores (Aula 0 e Aula 4), a rigidez tem por 
decorrência situar a Constituição num patamar de superioridade em 
relação às demais leis do ordenamento jurídico (princípio da supremacia 
da Constituição). 
Como salientado acima, atos e omissões do Poder Público ou de 
particulares, de caráter concreto ou normativo, podem entrar em linha de 
confronto com os dispositivos constitucionais. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 2
Há, todavia, uma espécie de inconstitucionalidade que merece uma 
atenção especial, em função da abrangência das suas conseqüências 
sobre um grande leque de relações jurídicas. Trata-se da 
inconstitucionalidade presente em atos normativos, os quais, pelo caráter 
genérico e abstrato de seu conteúdo, podem resultar numa multiplicidade 
de atos inconstitucionais. A desconformidade entre a lei – genericamente 
falando – e a Constituição pode decorrer de vício presente no próprio 
conteúdo dos dispositivos legais, da incompetência do órgão que elaborou 
o ato legislativo ou da inobservância dos diversos preceitos constitucionais 
que regulam o processo para sua elaboração. Qualquer que seja o tipo de 
vício – material, subjetivo, formal -, sua desconformidade para com a 
Constituição implica, uma vez reconhecido o defeito, na sua retirada do 
ordenamento jurídico, pela aplicação do princípio da supremacia da 
Constituição, que alça a Carta Magna à condição de ato legislativo 
superior e absoluto no universo do ordenamento jurídico de certo Estado. 
Todavia, mesmo estas leis em desconformidade para com o texto 
constitucional devem ser acatadas por seus destinatários, até que seja 
reconhecido o vício por um dos instrumentos de controle de 
constitucionalidade, em função do princípio da presunção de 
constitucionalidade das leis. Este princípio, que acompanha toda e 
qualquer lei desde a sua edição, obriga ao seu cumprimento em face da 
presunção de que o diploma legal foi editado, em termos de forma e 
conteúdo, em plena compatibilidade com a Constituição. 
Para que os destinatários da lei possam ser liberados de seu cumprimento 
faz-se indispensável que os órgãos que tenham dentre suas atribuições 
exercer o controle de constitucionalidade das leis pronunciem-se 
expressamente acerca do diploma legal em questão. Se entenderem que o 
mesmo está em plena consonância com a Constituição, a presunção 
relativa de constitucionalidade que acompanha a lei desde sua criação 
torna-se definitiva; ao contrário, se verificarem que o diploma encontra-se 
eivado de vício de inconstitucionalidade, liberados estarão os destinatários 
da lei de seu cumprimento. Sendo assim, fica claro que a declaração de 
inconstitucionalidade das leis é medida de caráter excepcional. 
Os diversos instrumentos de controle de constitucionalidade, os órgãos 
para tanto competentes e o procedimento a ser observado no 
desempenho desta missão compõem o sistema de controle de 
constitucionalidade, nosso objeto de estudo, nesse momento. 
 
 
2) INCONSTITUCIONALIDADE E REVOGAÇÃO 
 
Desde logo, é oportuno diferenciarmos a inconstitucionalidade da 
revogação. 
A inconstitucionalidade se estabelece a partir de uma relação de confronto 
entre atos normativos de hierarquia diversa, a Constituição, ocupando a 
posição de norma-parâmetro, hierarquicamente superior, e a lei, 
hierarquicamente subordinada a esta, resolvendo-se o conflito, sempre, a 
favor da Constituição. Como lei contrária à Carta Maior é lei nula, a 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 3
inconstitucionalidade atinge o plano da validade, e, por via de 
conseqüência, o plano da eficácia, retirando do ordenamento jurídico a lei 
incompatível com a Constituição, em regra com eficácia retroativa (ex 
tunc), desde a data em que a lei iniciou sua vigência. 
Já a revogação é confronto entre dois atos normativos plenamente válidos 
e de idêntica hierarquia, que se resolve a favor daquele que foi editado 
posteriormente. Temos, pois, duas leis tratando da mesma matéria, sendo 
uma delas a posterior, que, em função disso, revoga a anterior com ela 
incompatível. A revogação faz sentir-se no plano da existência, e, como 
conseqüência, no plano da eficácia da norma revogada. Como nenhuma 
das leis apresenta qualquer vício de validade, os efeitos da revogação são 
pró-ativos (ex nunc), da data em diante, permanecendo incólumes os 
efeitos que a norma anterior produziu até o momento da sua revogação. 
Cabe aqui apenas uma consideração adicional: no caso de 
incompatibilidade material entre normas pré-constitucionais e a 
Constituição em vigor, temos uma hipótese única de revogação que 
envolve normas de nível hierárquico diferente. 
Outra diferença que cabe ser apontada é que a inconstitucionalidade pode 
decorrer de vício formal ou material, ao passo que a revogação sempre 
decorre de incompatibilidade material entre a norma posterior e a norma 
anterior. 
Enfim, na inconstitucionalidade temos duas normas situadas em patamar 
hierárquico diferenciados, resolvendo-se o conflito sempre a partir da 
norma hierarquicamente superior, no caso, a Constituição, acarretando o 
reconhecimento do vício a declaração de invalidade da lei com efeitos, em 
regra, retroativos, desde a data em que entrou em vigor. Na revogação, o 
confronto instaura-se entre normas de mesma hierarquia que se sucedem 
cronologicamente, de modo que a posterior extingue a anterior. Seus 
efeitos são sentidos no plano da existência e, como conseqüência, no da 
eficácia. Como não há que se falar, neste caso, em vício de validade,a 
revogação opera efeitos pró-ativos, a contar dela própria, mantendo-se 
todos os efeitos jurídicos que a norma anterior produziu até a sua retirada 
do mundo jurídico pela entrada em vigor norma posterior. 
 
 
3) A RETIRADA DO PARÂMETRO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 
A questão que se coloca aqui é se uma lei, declarada inconstitucional por 
afrontar certo dispositivo da Constituição, poderia ter sua validade 
restabelecida, na hipótese de o dispositivo constitucional em questão ser 
revogado da Constituição. 
A resposta é negativa. A inconstitucionalidade é vício perene, que não é 
afastado em virtude de eventual revogação do dispositivo constitucional 
que justificou a declaração de invalidade da lei. Esta, quando foi editada, 
afrontou a Constituição, e a constatação deste defeito tem caráter 
permanente, em nada prejudicado pela posterior revogação do preceito 
constitucional violado naquela oportunidade. 
 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 4
 
4) INADMISSIBILIDADE DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
SOBRE NORMAS CONSTITUCIONAIS ORIGINÁRIAS 
 
Certa corrente doutrinária alienígena defende a tese de que existe 
hierarquia entre as normas constantes da Constituição. Segundo 
entendem os defensores desta corrente, há normas constantes do 
documento constitucional que podem ser tidas como de importância 
secundária, pois não tratam de assuntos fundamentais ao Estado ou à 
sociedade a que vinculam. Seriam normas apenas formalmente 
constitucionais, porque inseridas na Constituição. 
Há, por outro lado, normas insertas na Constituição que efetivamente 
regulam temas de interesse nuclear para o Estado e a sociedade, como as 
que versam sobre a estrutura e a competência dos órgãos políticos, a 
forma de aquisição e exercício do poder, os direitos fundamentais, entre 
outras. Segundo essa concepção, essas normas formal (porque 
encartadas na Constituição) e materialmente constitucionais (porque 
tratam de temas fundamentais à organização política do Estado) seriam 
superiores àquelas apenas formalmente constitucionais. 
Assim sendo, em caso de conflito entre essas duas espécies de normas, as 
normas formal e materialmente constitucionais, em vista de sua 
superioridade, preponderariam sobre as normas apenas formalmente 
constitucionais, as quais poderiam ser declaradas em descompasso com 
aquelas e expurgadas da Constituição. Esta corrente defende, portanto, a 
possibilidade de reconhecimento do vício de inconstitucionalidade em 
normas constitucionais originárias, elaboradas e postas a vigorar por obra 
do poder constituinte originário. 
No Brasil, esta tese não encontra amparo segundo nessa doutrina e 
jurisprudência predominantes. O Supremo Tribunal Federal, apreciando a 
questão, emitiu o seguinte pronunciamento: 
A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias 
dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face 
de outras é incompossível com o sistema de Constituição rígida. Na 
atual Carta Magna, “Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição” (art. 102, caput), o que 
implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se 
desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação 
a ela, exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a 
fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios do direito 
suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da mesma 
Constituição. Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser 
invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de 
normas constitucionais inferiores, em face de normas 
constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê como 
limites ao Poder Constituinte derivado, ao rever ou ao emendar a 
Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não 
como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio 
Poder Constituinte originário, com relação às outras que não sejam 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 5
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser 
emendadas (ADIn nº 815-3/RS). 
As conclusões acima expostas limitam-se às normas que integram a 
Constituição desde a sua promulgação. Já as normas decorrentes de 
emendas à Constituição sujeitam-se à controle de constitucionalidade, sob 
os aspectos material e formal. 
 
 
5) TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 
Em termos genéricos, como já exposto, inconstitucionalidade é 
incompatibilidade com a Constituição. Neste ponto, cabe procedermos a 
um maior detalhamento da matéria, apresentando os diversos tipos de 
inconstitucionalidade que podem ocorrer em atos normativos. 
 
5.1) Inconstitucionalidade formal e orgânica 
A inconstitucionalidade orgânica (ou subjetiva) verifica-se quando o órgão 
que elaborou o ato normativo não é competente para tanto. Seria o caso, 
por exemplo, de uma medida provisória editada pelo Congresso Nacional, 
ou de um decreto legislativo editado pelo Presidente da República. 
Já a inconstitucionalidade formal corresponde à violação de qualquer dos 
preceitos que comandam o processo de produção das leis 
compreendendo, também, a inconstitucionalidade orgânica. Desse modo, 
um ato normativo que tem seu processo iniciado por órgão ou autoridade 
incompetente, uma lei ordinária federal posta a vigorar sem ter sido 
levada à sanção ou veto do Presidente da República, uma lei 
complementar aprovada por maioria relativa, uma medida provisória 
apreciada pelas Casas do Congresso sem o juízo preliminar acerca da sua 
urgência e relevância, são alguns exemplos de vícios que acarretam a 
inconstitucionalidade formal do diploma legal. Enfim, a violação de 
qualquer dos preceitos constitucionais que comandam o processo 
legislativo configuram vício de inconstitucionalidade formal do diploma 
legal desconforme. 
 
5.2) Inconstitucionalidade material ou substancial 
Configura-se quando o conteúdo da lei é incompatível com o tratamento 
conferido à matéria pela Constituição, podendo o vício resultar de ofensa à 
norma ou a princípio posto na Carta Maior. Assim, por exemplo, uma lei 
ordinária que vede a greve no serviço público é inconstitucional por 
violação do art. 37, IX, da Carta Maior, que reconhece este direito aos 
servidores públicos, remetendo à legislação ordinária dispor sobre as 
condições para o seu exercício. Da mesma forma, é materialmente 
inconstitucional uma lei que, a pretexto de regular certo direito previsto 
na Constituição, o faça de modo tão restritivo que se considere violado o 
princípio da proporcionalidade, previsto implicitamente na Constituição. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 6
O campo de incidência da inconstitucionalidade material é a ofensa à 
norma ou a princípio, explícito ou implícito, da Constituição, ressalvados 
aqueles que tratam do processo legislativo. 
 
5.3) Inconstitucionalidade total 
É aquela que atinge todo o ato, fulminando complementarmente sua 
validade jurídica. 
A inconstitucionalidade orgânica sempre é total, pois, se o ato legislativo 
foi editado por órgão incompetente, todas suas disposições são eivadas de 
nulidade, não havendo o que possa ser aproveitado. 
A inconstitucionalidade formal geralmente é total, embora possa se pensar 
em hipótese de vício parcial, como, por exemplo, no caso de uma lei 
ordinária, em que parte de suas disposições adentrar matéria reservada 
pela Constituição à lei complementar. Apenas estas disposições, que 
adentraram matéria reservada a outra espécie legislativa, padecem de 
inconstitucionalidade formal, não havendo, por tal motivo, defeito no 
restante doato legislativo. 
A inconstitucionalidade material pode ser total ou parcial, predominando 
esta segunda situação, pois dificilmente o conteúdo integral de uma lei é 
incompatível com a Constituição. 
 
5.4) Inconstitucionalidade parcial 
Verifica-se quando apenas uma parte do ato é incompatível com a 
Constituição. Suas disposições viciadas são expurgadas do ordenamento 
jurídico, e as demais têm reconhecida sua validade. Pode ocorrer, todavia, 
que as disposições da lei que não tenham, em si mesmas, qualquer 
defeito, sejam logicamente dependentes das disposições viciadas. Neste 
caso, a declaração de nulidade destas acarretará o mesmo destino 
àquelas. É caso, pois, de nulidade total. 
 
5.5) Inconstitucionalidade antecedente ou imediata 
Ocorre quando a norma viola diretamente a Constituição. O conflito 
instaura-se diretamente entre a norma e a Constituição, acarretando o 
reconhecimento da invalidade daquela. 
 
5.6) Inconstitucionalidade conseqüente ou derivada 
Ocorre quando parte das disposições de uma lei não contém, em si 
mesmas, qualquer defeito de inconstitucionalidade, mas são logicamente 
dependentes de outra, que é reconhecida como inconstitucional. Esta, por 
si mesma, é inválida, e a relação de dependência, por conseqüência, 
acarreta a invalidação da primeira. 
A doutrina também reconhece a inconstitucionalidade conseqüente ou 
derivada quando existem dois atos normativos de hierarquia diferente, 
sendo que um deles é o fundamento imediato da validade do outro. Neste 
caso, a declaração de nulidade do ato hierarquicamente superior acarreta, 
como conseqüência, igual destino ao ato hierarquicamente subordinado. É 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 7
o que ocorre, por exemplo, na hipótese de declaração de 
inconstitucionalidade de uma lei ordinária, que teve suas disposições 
detalhadas por decreto regulamentador. Como o decreto tem por seu 
fundamento primeiro de validade a lei, sendo desta dependente, o 
reconhecimento de sua invalidade contamina-o, expurgando-o, do mesmo 
modo, do ordenamento jurídico. 
 
5.7) Inconstitucionalidade por ação 
É a que decorre de um ato comissivo, de um fazer. O Poder Público ou 
mesmo os particulares produzem algo, e esta produção mostra-se 
contrária a alguma norma ou princípio constitucional. É o caso, por 
exemplo, dos dirigentes de um hospital privado que impedem a saída de 
um paciente internado, violando seu direito de locomoção, ou de uma lei 
ordinária que determine a gratuidade nas desapropriações, violando o 
direito à justa indenização, geralmente prévia e em dinheiro. 
 
5.8) Inconstitucionalidade por omissão 
Neste caso não houve a produção de certo ato em hipótese na qual, nos 
termos da Constituição, esta produção era obrigatória. 
Como ensina Gabriel Dezen Junior, não é qualquer não-fazer que se 
configura como omissão constitucionalmente relevante. Nas palavras do 
Autor "omissão, em sentido jurídico-constitucional, significa não fazer 
aquilo a que, de forma concreta, se estava constitucionalmente obrigado". 
Retornaremos ao ponto quando analisarmos a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão, o instrumento de controle abstrato de 
constitucionalidade voltado especificamente ao combate da inércia do 
Poder Público no cumprimento de seu dever constitucional de legislar. 
 
5.9) Inconstitucionalidade originária 
Aquela presente desde o início da vigência da lei. Esta, desde a sua 
entrada em vigor, já afrontava a Constituição. 
 
5.10) Inconstitucionalidade superveniente 
Quando da sua edição a lei não afrontava qualquer dispositivo 
constitucional, mas passa a fazê-lo num segundo momento, seja porque o 
texto constitucional foi alterado, seja porque, mesmo inexistente alteração 
formal de seus preceitos, modificou-se a sua interpretação. O novo 
dispositivo constitucional, ou a nova interpretação da Constituição, são 
incompatíveis com a lei anterior, configurando-se, pois, a 
inconstitucionalidade superveniente. 
Desde logo, cabe ressaltar que majoritariamente não se admite esta 
figura em nosso sistema jurídico, a partir do raciocínio de que uma lei 
deve ter sua constitucionalidade analisada frente ao texto constitucional 
então em vigor, e com base na interpretação atual de seus dispositivos, 
não se podendo admitir o reconhecimento de defeito na atuação 
legislativa em face de alterações constitucionais posteriores. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 8
Deste modo, as leis anteriores à Constituição de 1988 devem ter sua 
adequação à Carta atual analisada no contexto do fenômeno da recepção. 
Se for constatada sua compatibilidade, tem-se as mesmas por 
recepcionadas; se for verificada sua incompatibilidade, toma-se estas por 
revogadas). 
O mesmo pode-se dizer no caso de uma lei editada após a Constituição de 
1988 que vem a afrontar preceito introduzido na Carta, via emenda. A lei, 
quando da sua entrada em vigor, estava em plena compatibilidade com a 
Constituição, mas veio a tornar-se posteriormente incompatível em 
virtude da alteração promovida pela Emenda. A partir da entrada em vigor 
da Emenda à Constituição, tem-se por revogada a lei agora incompatível. 
Como se trata de revogação e não de inconstitucionalidade, os efeitos, 
nesta hipótese, são pró-ativos, da data em diante, mantendo-se 
incólumes os efeitos que a lei produziu até sua revogação em virtude da 
posterior alteração constitucional. 
 
 
6) SISTEMAS DE CONTROLE 
 
Cada Estado, no exercício pleno de sua soberania, elege o sistema de 
controle de constitucionalidade que reputar mais adequado à sua 
realidade e às suas tradições político-institucionais. 
Em termos teóricos, três são os possíveis sistemas de controle: o 
jurisdicional, o político e o misto. 
No sistema de controle jurisdicional cabe a um ou vários órgãos 
integrantes do Poder Judiciário o exercício do controle de 
constitucionalidade das leis e atos em geral. 
Historicamente, dois foram os modelos de sistema jurisdicional postos a 
vigorar: o sistema norte-americano, no qual todos os órgãos do Poder 
Judiciário, no contexto de um caso concreto posto à sua apreciação, 
gozam de competência para a realização do controle de 
constitucionalidade; e o austríaco, criado em 1920, caracterizado pela 
existência de um só órgão competente para o exame de 
constitucionalidade, o Tribunal Constitucional, que teria por finalidade 
analisar em abstrato a lei ou ato normativo, com o objetivo de proclamá-
lo constitucional ou inconstitucional com efeitos erga omnes, gerais. 
Como veremos à frente, estas duas experiências históricas culminaram 
em duas vias de controle jurisdicional de constitucionalidade, a difusa, que 
é exercida pelos diversos órgãos jurisdicionais integrantes do Poder 
Judiciário; e a concentrada, em que a competência para o controle é 
atribuída a apenas um órgão do Poder Judiciário ou a órgãos 
determinados da sua estrutura. 
No sistema de controle político a tarefa de efetuar o controle de 
constitucionalidade é outorgada a um órgão independente dos Poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário, em regra, composto por membros 
investidos em mandato por prazo certo. Diz-se político esse sistema 
porque esta é a natureza da deliberação realizada pelo órgão, que profere 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 9
um juízo acerca da constitucionalidade ou não do ato apreciado com base 
em critérios extrajurídicos, essencialmente políticos. A doutrina cita a 
França como exemplo de Estado onde vigora o controle político. 
No sistema misto temos uma subdivisão na matéria, cabendo a órgãos 
integrantes doPoder Judiciário a análise da constitucionalidade de 
algumas normas, estando as demais sujeitas à apreciação de um órgão de 
natureza política. A Suíça é exemplo de País onde vigora este sistema, 
pois nela as leis de âmbito nacional têm sua compatibilidade para com a 
Constituição apreciada por um órgão político, cabendo ao Poder Judiciário 
a análise da compatibilidade vertical das leis locais. 
Dentre os três sistemas, o jurisdicional é o predominante na atualidade, 
sendo o adotado no Brasil. 
 
 
7) VIAS DE CONTROLE JURISDICIONAL 
 
Temos duas vias (ou critérios) de controle jurisdicional: o controle difuso, 
ou jurisdição constitucional difusa; e o controle concentrado, ou jurisdição 
constitucional concentrada. 
Ocorre o controle constitucional difuso quando a competência para 
verificar a adequação à Constituição das leis e atos em geral é conferida 
a todos os órgãos com competência jurisdicional integrantes do Poder 
Judiciário. Por esta via todo e qualquer juiz ou Tribunal possui aptidão 
para realizar o controle de constitucionalidade. 
Já o controle concentrado verifica-se quando a competência para a 
realização do controle de constitucionalidade é conferida somente a um 
órgão do Poder Judiciário, ou a determinados órgãos do Poder Judiciário, 
conforme a Constituição-parâmetro do controle (federal ou estadual) 
Temos o controle concentrado quando a competência para realizar o 
controle de constitucionalidade é outorgada somente ao órgão de cúpula 
do Poder Judiciário, ou a apenas alguns órgãos, especificamente 
determinados, conforme a norma-parâmetro de análise (Constituição 
Federal ou Estadual). 
Estas duas vias de controle deságuam em duas possíveis formas de 
exercício do controle jurisdicional de constitucionalidade: a via incidental, 
ou de exceção; e a via abstrata, ou de ação direta. 
O controle incidental ocorre no bojo de um processo judicial qualquer, em 
que a apreciação da constitucionalidade da lei ou do ato normativo não 
corresponde ao pedido da ação, mas à causa de pedir, o fundamento do 
pedido. Neste caso, o litígio tem por objetivo não a invalidação da lei com 
efeitos gerais, mas, a partir do reconhecimento da sua 
inconstitucionalidade (a causa do pedido), busca-se a sua não aplicação a 
um caso em concreto, sendo este o objeto principal da discussão judicial. 
Por exemplo, se ao considerar-se que certa lei, instituidora de certo 
tributo, é inconstitucional, pretende-se, sob a alegação de 
inconstitucionalidade do referido diploma, que o tributo não seja exigido 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 10
(ou seja, que a lei não seja aplicada àquele caso em concreto posto em 
discussão). 
No controle incidental não só o autor da ação, mas também o réu, ou 
mesmo um terceiro interveniente (como o Ministério Público) podem 
propor o debate acerca da constitucionalidade de um ato, normativo ou 
concreto, querendo com isso fazer prevalecer o seu posicionamento na 
questão. Ademais, o magistrado, atuando de ofício, pode realizar o 
controle de constitucionalidade. 
Na via abstrata, um dos legitimados pela Constituição vai a juízo, 
mediante a interposição de uma ação específica, pleitear a invalidação da 
lei com efeitos gerais, buscando expurgá-la do ordenamento jurídico, por 
afronta formal ou material à Constituição. A estrutura, neste caso, é 
diversa: o fundamento, a causa de pedir, identifica-se com a hipótese 
anterior (o fundamento é a inconstitucionalidade da lei); mas o pedido, o 
objeto da ação, não se resume à não aplicação da lei a certo caso em 
concreto. Busca-se, a partir do reconhecimento de sua 
inconstitucionalidade (este é o fundamento, a causa de pedir da ação), a 
declaração de sua invalidade com eficácia geral (este é o pedido da ação), 
com sua conseqüente retirada do ordenamento jurídico. 
Neste controle, pode-se buscar também, mediante uma ação específica, o 
reconhecimento da omissão em editar uma lei exigida pela Constituição. 
Trata-se, aqui, da inconstitucionalidade por omissão legislativa, que 
estudaremos em separado. 
Ademais, tanto o controle incidental como o abstrato podem ser exercidos 
de modo preventivo. No primeiro caso, busca-se evitar a produção de um 
ato que se entende lesivo à Constituição, ou o ingresso no ordenamento 
jurídico de uma lei que se reputa inconstitucional. Sobre este ponto 
falaremos abaixo. 
 
 
8) CONTROLE PREVENTIVO E CONTROLE REPRESSIVO 
 
Quanto ao momento em que pode ser realizado o controle, temos que o 
controle poderá ser preventivo e repressivo. 
O controle preventivo atua durante o processo de elaboração do ato 
legislativo, ou antes que seja produzido o ato contrário à Constituição, 
visando impedir que o ato legislativo ingresse no ordenamento jurídico ou 
que o ato em concreto efetivamente ultime a ofensa à Constituição. 
O controle repressivo incide sobre a norma já em vigor ou sobre o ato já 
produzido, objetivando fazer cessar a lesão à Constituição, pelo expurgo 
da norma ou do ato do nosso universo jurídico. 
 
 
9) SISTEMA BRASILEIRO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 11
Nossa Constituição adotou o sistema de controle jurisdicional de 
constitucionalidade, combinando os métodos de controle difuso e 
concentrado, concreto e abstrato, em regra de atuação repressiva. 
O controle difuso, como já posto, permite que qualquer juiz ou Tribunal 
integrante do Poder judiciário avalie a constitucionalidade das leis e atos 
postos em discussão num caso em concreto que lhes cabe decidir. Já o 
controle concentrado é de incumbência do Supremo Tribunal Federal, se a 
Constituição-parâmetro for a Constituição Federal, ou dos Tribunais de 
Justiça dos Estados ou do Distrito Federal, se a Constituição-parâmetro for 
a Constituição Estadual ou a Lei Orgânica do Distrito Federal. 
Além do Poder Judiciário, o intérprete por excelência do Texto Maior, a 
Constituição admite a participação dos Poderes Legislativo e Executivo, no 
âmbito do controle de constitucionalidade, instituindo algumas hipóteses 
de controle preventivo e outras de controle repressivo. 
Isso não significa, de modo algum, que tenhamos adotado um sistema 
misto de controle de constitucionalidade, pois não há entre nós um órgão 
de natureza política cuja esfera de atuação exclusiva seja o controle de 
constitucionalidade, e nem atos cujo exame de constitucionalidade 
submetam-se somente a ele. Como dito, nosso sistema de controle de 
constitucionalidade tem seu núcleo no Poder Judiciário, admitindo 
somente algumas hipóteses de intervenção dos Poderes Legislativo e 
Executivo, as quais passamos a apresentar. 
 
9.1) Poder Executivo 
A primeira hipótese de atuação do Poder Executivo no âmbito do controle 
de constitucionalidade vem prevista art. 66, § 1º, da CF, e tem por titular 
exclusivo, na esfera federal, o Presidente da República, durante o 
processo legislativo de elaboração das leis ordinárias e complementares. 
Manifesta-se mediante o exercício de seu poder de veto. 
Aprovado um projeto de lei complementar ou ordinária pelas duas Casas 
do Congresso, a Casa em que se deu o encerramento da votação deve 
remetê-lo ao Presidente da República, que deverá sancioná-lo ou vetá-lo, 
no prazo de quinze dias úteis, a contar de seu recebimento (CF, arts. 65 e 
66, caput e § 1º). 
Se decidir pelo veto, pode fazê-lo motivado por razões de interesse 
público (veto político) ou por considerá-lo inconstitucional (veto jurídico). 
Nesta última hipótese, estará o Presidente da República exercendo um 
controle de constitucionalidade do tipo preventivo, pois trata-se, no caso, 
de um projeto de lei, e político, pois esta é a natureza da atuaçãopresidencial (apesar de ter se pacificado a denominação, no caso, de veto 
jurídico). 
De se ressaltar que a negativa presidencial não tem força definitiva, pois o 
veto poder ser superado pelo Congresso Nacional, pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros, e sessão conjunta (CF, art. 66, § 4º). 
Pelo princípio da simetria, incidente no caso, os demais chefes de Poder 
Executivo também possuem o poder de vetar projetos de lei 
complementar ou ordinária, motivados por contrariedade ao interesse 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 12
público ou inconstitucionalidade, cabendo a apreciação do veto à maioria 
absoluta dos membros do Poder Legislativo respectivo. 
Há ainda outra hipótese em que, segundo o STF, admite a participação do 
Poder Executivo em sede de controle de constitucionalidade: quando o 
Chefe do Poder, dentro de cada esfera de Governo, expede um decreto 
determinando que órgãos da Administração não apliquem determina lei ou 
ato normativo a ela equiparado, por considerá-la inconstitucional. No 
caso, é um controle repressivo, pois o ato legislativo já ingressou no 
ordenamento jurídico. 
Trata-se de um poder de autodefesa reconhecido pelo STF aos chefes de 
Poder Executivo (e apenas a eles, não sendo passível de exercício por 
qualquer outra autoridade do Poder Executivo), por meio do qual, com 
discricionariedade, tais autoridades impedem que, na Administração que 
chefiam, seja executada uma lei que reputam inconstitucional. 
Há contudo, um requisito inafastável para o legítimo exercício desta 
prerrogativa: a inexistência de pronunciamento do Poder Judiciário sobre 
a constitucionalidade da lei. Se editada a lei, o Poder judiciário já decidiu 
pela sua constitucionalidade, não pode o chefe do Executivo determinar a 
sua não-aplicacão; se ao contrário a decisão do Judiciário pela 
constitucionalidade foi posterior ao decreto de não-aplicação, deve o 
Chefe do Poder Executivo, uma vez publicada a decisão, imediatamente, 
expedir outro decreto, desfazendo o anterior e tornar a lei novamente 
aplicável no âmbito da Administrativa. O Chefe do Executivo não pode 
ignorar a decisão judicial contrária ao seu entendimento, sob pena de 
crime de responsabilidade e, em se tratando de Governadores de Estado e 
de Prefeitos municipais, da possibilidade de decretação de intervenção. 
É interessante notar que podem ocorrer os dois controles de 
constitucionalidade de forma inter-relacionada: isto ocorre quando o Chefe 
do Executivo, inicialmente, veta um projeto de lei por considerá-lo 
inconstitucional e, posteriormente, tendo em vista a derrubada do veto 
pelo Legislativo e o ingresso da lei no ordenamento jurídico, determina 
aos órgãos da Administração que não dêem aplicação ao diploma 
legislativo. 
Uma terceira possibilidade em que se pode vislumbrar o controle de 
constitucionalidade pelo Presidente da República ou pelos Governadores 
de Estado, conforme o caso, verifica-se na intervenção, medida útlima 
para se recompor a ordem constitucional lesada ou ameaçada de grave 
lesão em certa unidade federada. 
 
9.2) Poder Legislativo 
A primeira hipótese de controle de constitucionalidade pelo Poder 
Legislativo assume o modo preventivo, pois incide sobre projetos de lei, 
sendo realizada pelas Comissões de Constituição e Justiça na Câmara dos 
Deputados e no Senado Federal, bem como pelas suas congêneres nas 
demais unidades federadas. 
Como analisamos durante o estudo do processo legislativo, antes de 
qualquer projeto de lei complementar ou ordinária ser submetido à 
deliberação do Plenário da Casa, é o mesmo apreciado pelas diversas 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 13
Comissões Legislativas, dentre as quais, nesse contexto, sobressaem as 
Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) que, pelo voto da maioria de 
seus membros, se manifestarão acerca da constitucionalidade ou 
inconstitucionalidade do projeto de lei. É um controle preventivo, pois 
incidente sobre projetos de lei, e político, pois efetuado por órgão não 
integrante do Poder Judiciário. De se ressaltar que, este controle de 
constitucionalidade pode ser efetuado pelo próprio Plenário da Casa 
Legislativa, pois lhe é autorizado rejeitar o projeto de lei por 
inconstitucionalidade. 
Outra hipótese de controle, esta, repressiva, está prescrita no art. 49, V, 
da Constituição Federal, onde se prevê que o Congresso Nacional, via 
decreto legislativo, pode sustar os atos normativos editados pelo Poder 
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da 
delegação legislativa. Essa prerrogativa conferida pela Constituição ao 
Congresso é comumente conhecida como veto legislativo, e, como visto, é 
passível de incidir em duas hipóteses: 
a) exorbitância pelo Poder Executivo dos limites do poder regulamentar: 
salvo as hipóteses em que a Constituição autoriza ao Presidente a edição 
de decretos autônomos (CF, art. 84, VI), o Chefe do Poder Executivo 
Federal só pode expedir, com caráter normativo, os decretos 
regulamentadores (decretos executivos ou regulamentos de execução), 
pelo qual a autoridade executiva detalha as normas de leis, a fim de 
conferir-lhes aplicabilidade. É uma competência eminentemente infralegal, 
pois pressupõe lei a ser regulamentada e não pode ultrapassar os seus 
limites, criando diretamente direitos ou obrigações para os administrados. 
Se este limite for ultrapassado, estará o chefe do Executivo 
ilegitimamente inovando na ordem jurídica, o que autoriza o Poder 
Legislativo a sustar o decreto, quanto aos dispositivos que tenham 
extrapolado a função regulamentadora; 
b) exorbitância pelo Poder Executivo dos limites da delegação legislativa: 
estamos, aqui, perante as leis delegadas, passíveis de edição pelo 
Presidente da República após delegação de competência efetivada pelo 
Congresso Nacional mediante resolução, que especificará seu conteúdo e 
os termos de seu exercício (CF, art. 68, § 2º). 
Se o Presidente da República ultrapassar os termos da delegação, poderá 
o Congresso Nacional, por decreto legislativo sustar os efeitos da lei 
delegada, mais uma vez, no que toca aos dispositivos exorbitantes. 
Em contrapartida, segundo entendimento assente do STF, o decreto 
legislativo editado pelo Congresso, sustando os efeitos do decreto 
regulamentador ou da lei delegada, também é passível de apreciação 
jurisdicional, inclusive em sede de ação direta de inconstitucionalidade 
(ADIn) interposta perante o Supremo Tribunal Federal. Importante 
ressaltar que os efeitos do decreto legislativo são meramente ex nunc, 
uma vez que se trata, no caso, de sustação de eficácia, não de pronúncia 
de inconstitucionalidade. 
Uma terceira hipótese de controle de constitucionalidade pelo Poder 
Legislativo vem prescrita no art. 62, § 5°, da Constituição, que, no 
processo legislativo das medidas provisórias, determina que a análise do 
mérito do ato legislativo está condicionada ao prévio juízo acerca de seus 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 14
pressupostos constitucionais. Como a medida provisória produz efeitos 
jurídicos imediatamente após a sua edição, eventual rejeição da MP por 
inconstitucionalidade caracterizará controle de constitucionalidade 
repressivo. 
Sobre a matéria, vale transcrever a lição do Professor Vicente Paulo: 
Essas manifestações do Poder Legislativo – fiscalização da CCJ, 
sustação do ato exorbitante do Executivo e apreciação de medida 
provisória – não são dotadas de força definitiva, vale dizer, não 
impedem a apreciação judicial. 
Por fim, ressalte-se que o STF entende não ser possível ao Poder 
Legislativo editar projeto de lei declarando a inconstitucionalidadede lei 
anterior, com eficácia ex tunc (retroativa), uma vez que, na hipótese, 
estaria havendo usurpação da competência do Poder Judiciário, que goza 
da competência exclusiva para pronunciar-se de modo definitivo sobre a 
constitucionalidade ou não de atos legislativos. Eventual lei com este teor, 
elaborada pelo Poder Legislativo deverá, segundo a Corte, ser considerada 
como mera revogação da lei anterior, produzindo, desse modo, eficácia ex 
nunc (ou pró-ativa). 
 
 
10) TRIBUNAIS DE CONTAS 
 
Os Tribunais de Contas não integram a estrutura do Poder Judiciário, o 
que de pronto afasta qualquer possibilidade de sua atuação no âmbito do 
controle abstrato de constitucionalidade, que objetiva o expurgo da norma 
viciada do ordenamento jurídico. 
Nada impede, entretanto, que os Tribunais de Contas, no exercício de 
suas funções constitucionais de fiscalização externa financeiro-
orçamentária, realizem o controle de constitucionalidade das leis e atos 
normativos nos casos concretos que apreciam, podendo, desse modo, 
negar a aplicação da lei ou do ato ao caso em questão, por motivo de 
inconstitucionalidade. 
Não se trata, no caso, de uma análise com força de definitividade, o que 
implica dizer que a decisão do Tribunal de Contas pode ser levada à 
discussão perante o Poder Judiciário. 
 
 
11) MODALIDADES DE DECISÃO NO ÂMBITO DO CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
O Professor Vicente Paulo apresenta uma síntese na matéria, a partir do 
estudo realizado pelo Ministro do STF, Gilmar Ferreira Mendes. Segundo o 
eminente Autor, são modalidades de decisão do Poder Judiciário, no 
âmbito do controle de constitucionalidade: 
1º) declaração de nulidade total como expressão de unidade 
técnico-legislativa: ocorre quando a norma apresenta vícios em seu 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 15
processo de elaboração (vício de competência, falta do quorum 
constitucional para aprovação etc.). Neste caso, não há outra opção senão 
a declaração de nulidade total da lei; 
2º) declaração de nulidade total: dá-se quando, analisado o 
conteúdo das disposições da lei, verifica-se que todas são 
inconstitucionais (o que é raro), ou que, apesar de apenas algumas 
apresentarem vícios e outras não, há uma forte interdependência entre 
aquelas disposições e as demais, em si mesmas, constitucionais. Neste 
caso, a lei toda é declarada inconstitucional, pois de outra forma adviria 
uma das seguintes conseqüências: (1) ficariam as disposições restantes 
ilógicas, desconexas, sem sentido, em função da retirada do texto das 
disposições inconstitucionais; ou (2) as disposições da lei adquiririam um 
sentido completamente novo, inédito, pela retirada das disposições 
inconstitucionais, o que implicaria a criação de uma nova lei, em 
detrimento das atribuições legiferantes dos demais Poderes. A primeira 
situação é inaceitável, por permitir a existência, no ordenamento, de 
normas inúteis ou sem sentido; bem como a segunda, porque significaria 
a atuação do STF como legislador positivo, inovando na ordem jurídica, 
em ilegítima usurpação das funções do Poder Legislativo; 
3º) declaração de nulidade parcial: ocorre quando as disposições da 
lei são divisíveis, de forma que a inconstitucionalidade de algumas não 
prejudica o sentido lógico e originário das demais, não-viciadas. Nessa 
hipótese, apenas aquelas são anuladas, permanecendo estas integrando o 
ordenamento jurídico. Vale salientar que o Judiciário poderá declarar a 
inconstitucionalidade de apenas uma palavra ou expressão de um 
dispositivo legal (desde que isso não implique a criação de norma nova), 
pois a vedação constitucional à supressão de palavras ou expressões 
isoladas de lei aplica-se tão-somente ao veto do Chefe do Poder Executivo 
(CF, art. 66, § 2º); 
4º) declaração de nulidade parcial sem redução de texto: verifica-
se quando o STF, preservando a integridade literal do texto legal 
originário, apenas declara sua não-aplicação a certas pessoas ou a 
determinados períodos. Por exemplo, uma lei que aumentasse a alíquota 
de uma contribuição social e não respeitasse a anterioridade nonagesimal, 
seria declarada inconstitucional apenas com relação ao período de noventa 
dias, protegido pela anterioridade, permanecendo válida e eficaz a partir 
de seu encerramento, ou seja a inconstitucionalidade, aqui, refere-se 
apenas à exigência do tributo no mesmo exercício financeiro em que 
publicada a lei. A partir do primeiro dia do exercício seguinte, a exigência 
seria legítima, constitucional. Nesta situação, como se percebe, nenhum 
dispositivo da lei foi suprimido, apenas a incidência da lei com relação a 
determinado período foi obstada pelo STF; 
5º) interpretação conforme a Constituição: dá-se quando apenas 
um sentido interpretativo da norma é declarado inconstitucional, ou é 
declarada a sua constitucionalidade, desde que adotada determinada 
interpretação. Assim, a interpretação conforme a Constituição, de acordo 
com o caso, pode redundar em várias interpretações consentâneas com o 
Texto Maior, ou em apenas uma interpretação da norma compatível com a 
Constituição (as demais são declaradas inconstitucionais). Aqui, como na 
modalidade de decisão antes estudada, não há qualquer supressão no 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 16
texto legal, que permanece íntegro; apenas são fixadas as interpretações 
constitucionais ou vedadas as interpretações inconstitucionais. A 
interpretação conforme a Constituição tem alguns limites de utilização, 
pois ela (a) não pode contrariar a literalidade do texto legal; (b) 
pressupõe que exista efetivamente um espaço de interpretação, a partir 
do qual a constitucionalidade da norma possa ser salva; (c) não pode 
implicar dissonância do dispositivo interpretado com o restante dos 
dispositivos constitucionais, de forma a romper a unidade sistemática da 
Constituição; e (d) não pode ofender a vontade do legislador, alterando o 
sentido da norma como originariamente elaborada. Quando qualquer 
destes quatro limites for ultrapassado, não terá aplicação a interpretação 
conforme a Constituição, devendo ser declarada a inconstitucionalidade da 
norma; 
6º) a declaração de “lei ainda constitucional”: esta decisão tem 
lugar frente a situações transitórias, que no momento são ainda 
constitucionais, mas que, em futuro próximo, deixarão de sê-lo. São 
situações em que, perante uma alteração relevante em algum tema de 
caráter constitucional, mesmo que a alteração date da entrada em vigor 
da CF/88, é necessário conferir-se ao Poder Legislativo ou ao Poder 
Executivo, conforme o caso, um período de tempo razoável para a adoção 
das providências requeridas pela Constituição. O STF proferiu decisão 
dessa natureza, por exemplo, quando admitiu a constitucionalidade da 
prestação dos serviços de assistência jurídica aos que têm insuficiência de 
recursos pelo Ministério Público, embora a Constituição tenha previsto que 
tal função é atribuição da Defensoria Pública. Desta forma, considerou 
“ainda constitucional” o art. 68 do Código de Processo Penal, onde consta 
tal atribuição ao MP, apesar do disposto no art. 134 da CF, que outorga tal 
competência à Defensoria Pública. O art. 68 foi declarado “ainda 
constitucional”, o que significa dizer que, por enquanto, os promotores de 
Justiça podem prestar este serviço. Contudo, em futuro próximo, na 
proporção em que forem constituídas as Defensorias Públicas, 
paulatinamente o art. 68 irá perdendo sua constitucionalidade, até que 
todas as Defensorias Públicas estejam em efetivo funcionamento, quando 
então a norma legal passará a ser absolutamente inconstitucional. Por 
isso, tal declaração também pode ser denominada de inconstitucionalidade 
progressiva.II. CONTROLE DIFUSO 
 
 
1) NOÇÕES GERAIS 
 
O controle difuso de constitucionalidade, também conhecido como 
controle por via de exceção ou defesa, é aquele exercido por qualquer 
Tribunal ou magistrado do Poder Judiciário brasileiro, no bojo de um caso 
em concreto posto à sua apreciação. Sua origem histórica remonta ao ano 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 17
de 1803, nos Estados Unidos da América, quando o juiz Marshall, da 
Suprema Corte Americana, ao julgar o caso Madison X Marbury, declarou 
que é inerente ao exercício da função jurisdicional a interpretação e a 
aplicação da lei, e que se, no desencargo desta tarefa, o julgador verificar 
que há conflito entre a Constituição e a lei em questão no caso em 
concreto, deve ser negada aplicação a esta, em virtude da supremacia 
hierárquica da Constituição perante qualquer outro ato normativo que 
integre o ordenamento jurídico estatal. 
Este controle foi definitivamente instituído no Brasil pela Lei nº 221, 
Federal, de 1894, que outorgou aos juízes e tribunais do Poder Judiciário 
competência para a análise da compatibilidade das leis e regulamentos 
perante a Constituição Federal, a partir do que poderiam negar a 
aplicação daquelas aos casos em concreto sob sua jurisdição, quando as 
considerassem inconstitucionais. 
Sobre o tema, transcrevemos lição de Vicente Paulo: 
No controle difuso, quando o autor da ação procura a tutela do 
Poder Judiciário, sua preocupação inicial não é com a 
inconstitucionalidade da lei em si. Seu objetivo é um dado direito 
concreto, exigível em face de alguém (a outra parte na ação). A 
constitucionalidade só é apreciada porque esse direito pretendido 
envolve a aplicação de uma lei, e esta lei é inquinada de 
inconstitucional pela parte que pretende vê-la afastada. 
Então, sendo argüida a inconstitucionalidade da norma, o juiz, para 
reconhecer ou negar o direito do autor, vê-se obrigado a examinar 
a questão de constitucionalidade suscitada. Por isso se diz que, no 
controle difuso, o objeto da ação não é a constitucionalidade em si, 
mas sim uma relação jurídica qualquer. Ou, mais ainda: por isso 
esse controle é também denominado "incidental" (incidenter 
tantum, por via de exceção, por via de defesa, concreto, indireto), 
porque a controvérsia sobre a constitucionalidade representa uma 
questão acessória (um incidente) a decidir, surgida no curso de 
uma demanda judicial que tem como objeto principal o 
reconhecimento ou a proteção de um direito alegado em um caso 
concreto. 
Sobre o mesmo ponto, vale transcrevemos também a lição de Alexandre 
de Moraes: 
Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário, sobre a 
inconstitucionalidade, não é feita enquanto manifestação sobre o 
objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, 
indispensável ao julgamento de mérito. Nesta via, o que é 
outorgado ao interessado é obter a declaração de 
inconstitucionalidade somente para o efeito de isentá-lo, no caso 
concreto, do cumprimento da lei ou ato, produzidos em desacordo 
com a Lei Maior. Entretanto, este ato ou lei permanece válidos no 
que se refere à sua força obrigatória com relação a terceiros. 
A essência do controle difuso não é difícil de ser percebida: todo e 
qualquer órgão jurisdicional, no transcurso de um processo judicial, é 
instado a interpretar a lei a certo caso em concreto. No exercício desta 
função, poderá o julgador verificar que há descompasso entre a lei e a 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 18
Constituição, caso em que, especificamente para aquele caso em concreto 
posto à sua apreciação, deve afastar a aplicação da norma legal destoante 
da Constituição. 
O controle difuso, assim, pode ser instaurado perante qualquer órgão do 
Poder Judiciário, seja monocrático ou colegiado. Desse modo, no Brasil, 
desde os magistrados de primeira instância até o órgão da cúpula do 
Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal, passando pelos Tribunais de 
Justiça, pelos Tribunais Regionais Federais, Eleitorais e do Trabalho, bem 
como os Tribunais Superiores, todos gozam de competência para negar a 
aplicação de certo diploma legal num caso em concreto, tendo por 
fundamento da negativa sua desconformidade para com a Constituição. 
O controle pode ser instaurado pelo autor da ação, pelo réu, por alguns 
dos intervenientes no processo, como o Ministério Público, e pelos 
próprios magistrados, atuando de ofício. O que se busca neste controle 
não é propriamente a declaração de inconstitucionalidade da lei, sendo o 
reconhecimento do vício o pressuposto para o pedido, a causa de pedir 
que justifica a pretensão levada a juízo. Por isso se afirma que, no 
controle difuso, a declaração de inconstitucionalidade da lei não constitui o 
objeto principal do processo, o que é inegavelmente correto neste âmbito, 
uma vez que do controle difuso jamais poderá resultar uma decisão 
declarando a invalidade da lei com eficácia erga omnes, de modo a 
alcançar também todos aqueles que não participaram da relação 
processual. 
Se o Judiciário entender que a lei não se conforma, em termos materiais 
ou formais com a Constituição, limitar-se a afastar sua aplicação no caso 
em concreto, tendo esta decisão eficácia meramente inter partes, ou seja, 
restrita àqueles que participaram do processo. Ademais, a decisão limita-
se, também, àquele específico processo em que foi prolatada, não 
atingindo outros processos, mesmo que envolvam as mesmas partes. 
Enfim, o reconhecimento da inconstitucionalidade da lei alcança apenas o 
objeto daquele processo, vinculando apenas as partes dele integrantes. 
Para ilustrarmos a sistemática do controle difuso, basta pensarmos em 
uma lei instituindo um tributo que dado particular considera 
inconstitucional por violação ao princípio constitucional-tributário do 
não-confisco. O Fisco, em face da criação do tributo por lei, faz o 
necessário lançamento, e exige o pagamento do tributo ao particular. 
Este, inconformado com a exigência, instaura uma ação na qual visa a 
declaração de nulidade do tributo, sob a alegação de que a lei que o 
instituiu é inconstitucional. O pedido da ação, seu objeto, é afastar a 
incidência do tributo; o fundamento, a causa de pedir, a justificativa para 
a sua pretensão, é a nulidade da lei que instituiu o tributo, por ofensa ao 
princípio do não-confisco. 
Se o Judiciário considerar procedente o pedido, determinará o não-
cabimento do tributo, em virtude da inconstitucionalidade da sua lei 
instituidora. Esta decisão só é válida para aquele processo, e para aqueles 
que dele participaram. Assim, se em exercício posterior foi editada uma lei 
com idêntico conteúdo, o particular atingido só afastará sua aplicação se 
instaurar outra ação. Da mesma forma, se outros particulares, também 
inconformados com a primeira lei, quiserem liberar-se do pagamento do 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 19
tributo, devem instaurar uma ação própria, pois não se aproveitam 
minimamente da decisão proferida no processo de que não participaram. 
Mais uma vez destacando, o controle de constitucionalidade pode ser 
instaurado pelo réu da ação ou por um dos terceiros intervenientes, a 
exemplo do Ministério Público. Pode também o magistrado, 
independentemente de qualquer pedido, de ofício determinar a 
não-aplicação da lei por vício de inconstitucionalidade, uma vez que é 
dever primeiro de qualquer membro do Judiciário, antes de aplicar 
qualquer lei a um caso em concreto, preliminarmente, verificar sua 
compatibilidade formal e material com o Texto Maior. 
Como se nota, o interessado em suscitar o debate da constitucionalidade 
da lei em facede certa situação em concreto pode fazê-lo de forma ativa, 
atacando o ato cuja produção é pretendida a partir de uma lei que o 
suscitante reputa inconstitucional; ou de forma passiva, aguardando que 
seja primeiramente praticado o ato contra si e, quando instado 
judicialmente acerca de sua negativa em acatá-lo, justificar sua conduta 
alegando a inconstitucionalidade da lei que fundamenta a produção do 
ato. 
Ademais, o controle difuso de constitucionalidade pode ser acionado no 
bojo de qualquer espécie de ação judicial – penal, civil, trabalhista etc. -, 
inclusive por meio dos remédios constitucionais, individuais ou coletivos – 
habeas corpus, mandado de segurança, ação popular – sempre perante 
um caso concreto cujo deslinde afete diretamente a situação jurídica 
daquele que alegou a inconstitucionalidade do ato legislativo. Podem nele 
ser impugnadas quaisquer espécies legislativas, tenham sido elas editadas 
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. 
 
 
2) EFEITOS DA DECISÃO 
 
A regra geral é que as decisões judiciais no controle difuso só produzam 
eficácia inter partes, ou seja, entre as partes participantes do processo em 
que foram prolatadas. É de todo irrelevante que a decisão provenha de 
um juiz singular, de um Tribunal de Justiça, de um Tribunal Regional, de 
um Tribunal Superior ou do próprio Supremo Tribunal Federal. Se a 
inconstitucionalidade de uma lei é reconhecida no âmbito de certo 
processo instaurado em sede de controle difuso, apenas seus participantes 
são atingidos pela decisão judicial. Para terceiros não integrantes da 
relação processual a lei permanece plenamente válida e eficaz. 
Há, entretanto, uma possibilidade de que o Senado venha a conferir 
eficácia erga omnes a tais decisões, do modo a fazê-las incidir também 
sobre os não-participantes do processo em que proferida. Este será o 
objeto do tópico subseqüente. 
Entre os participantes do processo, a regra geral é que a decisão produz 
efeitos ex tunc ou retroativos, ou seja, alcança todos os efeitos jurídicos 
que a lei viciada produziu com relação ao caso em concreto objeto do 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 20
processo, desde sua entrada em vigor, e não apenas desde a data em 
que foi proferida a decisão judicial. 
Por exemplo, imaginemos que uma lei regulando certos contratos entre 
em vigor em 10-10-2001 e, com base em suas disposições, é celebrado 
um contrato exatamente na mesma data, cujo prazo de duração é 
definido em 05 anos. Um dos signatários do contrato, inconformado com 
certas disposições da lei, que obrigatoriamente tiveram que ser 
observadas no contrato, impugna sua validade, alegando a 
inconstitucionalidade da lei que lhe serviu de fundamento. A decisão 
judicial, que reconhece o vício da lei transita em julgado em 10-04-2006, 
quando restavam apenas 06 meses de vigência do contrato impugnado. 
Como tal decisão produz efeitos retroativos, não se limitará a obstar a 
aplicação das cláusulas contratuais que têm por fundamento a lei apenas 
a partir de 10-04-2006, data em que foi proferida. Ela atingirá o contrato 
desde a sua celebração, uma vez que esta ocorreu exatamente na data 
em que se iniciou a vigência da lei. Logo, a decisão atingirá a aplicação do 
contrato desde 10-10-2001. 
A eficácia ex tunc é, então, a regra geral nas decisões judiciais prolatadas 
no controle difuso. Mas não é, entretanto, a única, pois o STF, em março 
de 2003, reconheceu a possibilidade de proferir decisões com eficácia pro 
futuro no âmbito do controle difuso (no controle abstrato há expressa 
previsão legal neste sentido), desde que existam fundadas razões de 
segurança jurídica que justifiquem que tal efeito seja conferido à decisão. 
O efeito pro futuro permite que a decisão só produza efeitos jurídicos a 
partir da data da sua expedição, ou em outro momento fixado pelo STF, 
na própria decisão. 
Por exemplo, imaginemos uma decisão do STF proferida em 15-12-2006, 
que tenha reconhecido vício de inconstitucionalidade em uma lei que teve 
sua vigência iniciada em 15-08-2003. Aplicando-se a regra geral, seus 
efeitos retroagirão até a data em que entrou em vigor a lei (15-08-2003). 
Se não houver expressa menção da eficácia temporal na decisão, seus 
efeitos são retroativos. 
Poderá o Tribunal, entretanto, conferir eficácia pro futuro à decisão, 
determinando que ela produza efeitos em momento posterior à data em 
que foi proferida (por exemplo, 10-03-2007); ou ex nunc (pró-ativos), a 
partir da data em que proferida (15-12-06); ou ex tunc (retroativos), em 
momento anterior à data proferida (por exemplo, 10-04-2004). 
Ressalte-se que, até o presente momento, o STF só reconheceu à própria 
Corte a possibilidade de proferir decisões no controle difuso com eficácia 
pro futuro ou ex nunc, embora permaneça como regra geral a eficácia 
retroativa. Para os demais órgãos jurisdicionais a eficácia retroativa é a 
única aplicável, em se tratando de controle difuso. 
 
 
3) COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL NO ÂMBITO DO CONTROLE 
DIFUSO 
 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 21
A Constituição estabelece um mecanismo para ampliar os efeitos das 
decisões definitivas proferidas pelo STF que declarem, em sede de recurso 
extraordinário (ou seja, em sede de controle difuso, como veremos 
adiante), a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. 
Como analisamos no tópico anterior, uma decisão dessa espécie, proferida 
no controle difuso, gera efeitos apenas entre os participantes da relação 
processual onde ela foi exarada (eficácia inter partes). Para ampliar esta 
eficácia, o art. 52, X, da CF outorga ao Senado competência para 
suspender, mediante a edição de uma resolução, a execução da lei ou do 
ato normativo objeto da decisão definitiva do STF em controle difuso, 
estendendo a decisão da Corte aos não-participantes da relação 
processual (eficácia erga omnes). 
A sistemática da atuação do Senado é explicitada por Alexandre de 
Moraes nos seguintes termos: 
O Supremo Tribunal Federal, decidindo o caso concreto poderá, 
incidentalmente, declarar, por maioria absoluta de seus membros, a 
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público 
(CF, art. 97; RISTF, arts. 176 e 177). 
A partir disso, poderá oficiar o Senado Federal, para que este, nos 
termos do art. 52, X, da Constituição, através da espécie normativa 
resolução, suspenda a execução, no todo ou em parte, de lei 
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo 
Tribunal Federal. 
O Regimento Interno do Senado Federal prevê, em seu art. 386, 
que o Senado conhecerá da declaração, proferida em decisão 
definitiva pelo Supremo Tribunal Federal, de inconstitucionalidade, 
total ou parcial de lei mediante: comunicação do Presidente do 
Tribunal; representação do Procurador-Geral da República; projeto 
de resolução, de iniciativa da comissão de constituição, justiça e 
cidadania. 
A comunicação, a representação e o projeto acima referidos 
deverão ser instruídos com o texto da lei cuja execução se deva 
suspender, do acórdão do Supremo Tribunal Federal, do parecer do 
Procurador-Geral da República e da versão do registro taquigráfico 
do julgamento. Uma vez lida em plenário, a comunicação ou 
representação será encaminhada à comissão de constituição, justiça 
e cidadania, que formulará projeto de resolução suspendendo a 
execução da lei, no todo ou em parte. 
No exercício desta atribuição, que vale destacar, é discricionária, atua o 
Senado como órgão nacional, e não apenas federal. Isto significa que a 
suspensão pode incidir sobre leis e atos normativos federais, estaduais, 
distritais e municipais, uma vez que todas podem ser declaradas 
inconstitucionaispelo STF, na via do controle difuso. 
Deve-se ressaltar que, o Senado não revoga ou anula a lei ou ato 
normativo, somente suspende sua eficácia. A revogação é a retirada de 
uma lei válida do ordenamento; a suspensão de eficácia incide sobre leis 
declaradas inválidas, porque desconformes à Constituição. A anulação de 
uma lei ou ato normativo, por sua vez, é atribuição do Poder Judiciário, 
não do Poder Legislativo. Assim, o Senado limita-se a suspender a eficácia 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 22
da norma, a partir da constatação pelo STF de sua incompatibilidade com 
a CF. 
A suspensão da execução da norma é ato de natureza política, tendo o 
Senado total autonomia para decidir se edita ou não a resolução 
suspensiva. Se decidir editá-la, contudo, deverá fazê-lo nos estritos 
termos da decisão prolatada pelo STF, atingindo a resolução os mesmos 
dispositivos reconhecidos como inconstitucionais pela Corte, não podendo, 
de qualquer modo, alterar ou restringir o rol de dispositivos. 
A Constituição, ao prever tal competência para o Senado, vale-se dos 
seguintes termos: "suspender a execução, no todo ou em parte, de lei 
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal 
Federal". Pelo que aqui foi afirmado, a interpretação da norma 
constitucional deve ser no sentido de que, quando o STF declarar a 
nulidade de toda a lei, se o Senado decidir suspender a execução, será 
também de toda a lei; se a declaração de nulidade foi parcial, também 
será parcial a suspensão, alcançando exatamente os mesmos dispositivos 
da decisão da Corte. 
Em decorrência do fato se ser uma competência política, não há qualquer 
prazo para a atuação do Senado. Todavia, tendo a Casa decidido pela 
edição da resolução, é seu ato irretratável, não podendo o Senado, 
posteriormente, revogar ou alterar a resolução anteriormente editada. 
A doutrina divide-se quanto à extensão dos efeitos da resolução do 
Senado que suspende a execução de norma declarada inconstitucional 
pelo STF em controle difuso de constitucionalidade 
A primeira corrente, que confere eficácia ex nunc à resolução do Senado, 
baseia seu entendimento na literalidade do preceito constitucional 
(“suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do STF” – CF, art. 52, X). Afirma tal 
corrente que a suspensão da execução de uma norma pressupõe sua 
validade anterior, pois só se suspende a execução de uma norma se até 
então ela era válida e eficaz. A resolução do Senado viria apenas sustar 
seus efeitos, sem atingir sua validade pretérita, o que significa dizer que 
são eles ex nunc. Além disso, sendo a edição de uma norma jurídica 
conseqüência, em regra, da atuação conjunta e autônoma de dois Poderes 
da República (Executivo e Legislativo), não poderia este último, por meio 
da atuação isolada do Senado, declarar o desfazimento de seus efeitos 
com força retroativa (ex tunc), pois tal prerrogativa seria privativa do 
Poder Judiciário. 
A segunda corrente, diferentemente, defende a concessão de eficácia ex 
tunc à resolução do Senado, pois considera que esta Casa Legislativa, ao 
manifestar sua concordância com a decisão do STF, por meio da 
expedição de uma resolução que lhe confere eficácia erga omnes, nada 
mais faz do que estender os efeitos desta decisão, que até então 
vinculava apenas as partes no processo, com eficácia retroativa (ex tunc), 
a todos os demais destinatários da norma. Se menos amplo fosse o 
alcance dos efeitos da resolução (ex nunc), teriam os terceiros com 
relação ao processo, que recorrer ao Judiciário, caso desejassem obter o 
desfazimento dos efeitos jurídicos retroativamente. Tal resolução, 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 23
portanto, também teria efeitos ex tunc, retroativos, ou perderia grande 
parte de sua utilidade. 
No nosso entender, a doutrina majoritária está no sentido de conferir-se à 
suspensão do Senado Federal eficácia pró-ativa (ex nunc). 
Por fim, não cabe qualquer atuação do Senado em sede de controle 
abstrato de constitucionalidade, pois, neste caso, como veremos, a 
própria decisão do Poder Judiciário já é dotada de eficácia erga omnes. 
Em encerramento, trazemos lição de Gabriel Dezen Junior, segundo o 
qual: 
A lei que havia sido revogada pela lei que o Senado veio a 
suspender volta a viger, sem que se trate, aqui, de repristinação. 
Essa volta à vigência começa na data da publicação da resolução do 
Senado que suspender a lei revogadora. 
 
 
4) PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO 
 
Como já exposto, no controle difuso de constitucionalidade a argüição de 
inconstitucionalidade é feita incidentalmente no curso da ação, não como 
pedido, mas como causa de pedir. O sujeito processual que procede a tal 
argüição não tem como interesse principal a declaração de 
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, mas o reconhecimento da 
existência de algum direito ou da inexistência de alguma obrigação, em 
virtude deste vício da norma. 
Pode esta espécie de controle ser exercido por qualquer órgão jurisdicional 
brasileiro Os órgãos jurisdicionais monocráticos (os juízes) não têm que 
observar qualquer procedimento processual especial para declarar 
incidentalmente a inconstitucionalidade de uma norma. 
Todavia, os Tribunais, para decidirem pela declaração de 
inconstitucionalidade da norma jurídica, necessitam da manifestação da 
maioria absoluta de seus membros, pela aplicação do princípio da reserva 
de plenário, previsto no art. 97 da CF. 
Reza o referido dispositivo constitucional: 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros 
ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais 
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder 
Público. 
O dispositivo alcança todos os Tribunais do Poder Judiciário (Tribunais de 
Justiça, Tribunais Regionais Federais, Tribunais Superiores, STF etc). 
Ademais, alcança o controle efetuado em face da Constituição Federal, das 
Constituições Estaduais e das Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito 
Federal. 
A reserva de plenário é, pois, o procedimento especial instituído pela 
Constituição para que os Tribunais do Poder Judiciário reconheçam a 
inconstitucionalidade de certo ato legislativo e declarem isto num processo 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 24
sob sua apreciação. A decisão do Tribunal exarada com a inobservância da 
reserva padece, pois, de vício de nulidade absoluta. 
O princípio em questão se justifica especialmente pelo princípio da 
presunção de constitucionalidade das leis. Se a lei é presumivelmente 
constitucional, exige-se um quorum especial, de maioria absoluta, para 
derrubar tal presunção. Pode-se salientar, também, a maior segurança 
jurídica que a Constituição assegura ao exigir este quorum especial para a 
declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa, seja na 
concentrada. 
Perceba-se que o art. 97 da Constituição menciona a possibilidade de a 
decisão ser proferida não só pelo Plenário, mas também pelo órgão 
especial do Tribunal. O art. 93, XI, da Carta, prevê a possibilidade de os 
Tribunais instituírem este órgão, sendo vazado nos seguintes termos: 
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, 
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o 
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições 
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do 
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a 
outra metade por eleição pelo tribunal pleno. 
Desse modo, nos Tribunais que instituírem o órgãoespecial acima 
referido, a declaração de inconstitucionalidade pode ser proferida pelo 
voto da maioria absoluta dos membros do plenário ou do órgão especial. 
Inexistente o órgão especial, a competência é exclusiva do Plenário. 
Há, assim, uma divisão funcional de competência: aos órgãos fracionários, 
por maioria relativa, cabe a solução do caso concreto posto em 
julgamento e eventual declaração de constitucionalidade da norma posta 
em questão; e ao pleno ou ao órgão especial do tribunal, por maioria 
absoluta, cabe declarar a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo. 
Tal princípio, portanto, veda a possibilidade de os órgãos fracionários dos 
tribunais (turmas, câmaras, seções) procederem à declaração de 
inconstitucionalidade de uma norma jurídica, competência funcional 
privativa do plenário ou do órgão especial do respectivo órgão, mediante o 
voto da maioria absoluta de seus membros. 
Os órgãos fracionários podem apreciar a questão constitucional e, em o 
fazendo, decidir pela constitucionalidade da norma objeto da análise. 
Contudo, se o pronunciamento for pela inconstitucionalidade da norma, 
deve o órgão fracionário suspender o julgamento, sem declarar o vício, e 
remeter os autos do processo ao plenário ou ao órgão especial do tribunal, 
que decidirá a questão constitucional e devolverá os autos processuais ao 
órgão fracionário, a quem caberá aplicar, vinculadamente, a decisão assim 
proferida ao caso posto em julgamento. 
Enfim, o pleno ou o órgão especial julga o incidente de 
constitucionalidade, vinculando neste aspecto o órgão fracionário, a quem 
competirá a aplicação da decisão ao caso específico que lhe cabe julgar. 
A jurisprudência do STF, entretanto, ressalva a aplicação deste princípio 
em duas situações: 
1º) quando o tribunal, através do plenário ou de seu órgão especial, já 
reconheceu em julgamento anterior a inconstitucionalidade da lei ou ato 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 25
normativo, nesta ocasião, manifestando-se a maioria absoluta de seus 
membros pela inconstitucionalidade da norma; 
2º) quando o próprio STF, em controle difuso ou concentrado, já 
declarou da mesma forma a inconstitucionalidade da lei ou do ato 
normativo. 
Segundo o STF, o art. 97 objetiva impedir que os órgãos fracionários do 
Tribunal possam, pela primeira vez, declarar a inconstitucionalidade de 
certo ato legislativo. Portanto, se a lei em questão já teve reconhecida sua 
inconstitucionalidade, seja em controle difuso ou concentrado, pelo STF ou 
pelo plenário ou órgão especial do próprio Tribunal, cessa a necessidade 
de ser observado o art. 97, estando os órgãos fracionários, a partir de 
então, aptos a pronunciar diretamente a inconstitucionalidade da lei. 
A posição do STF, na matéria, foi adotada pela Lei nº 9.756, de 1998, 
que, alterou o parágrafo único do art. 481 do Código de Processo Civil, 
que atualmente vigora com a seguinte redação: 
Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou 
ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já 
houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal 
Federal sobre a questão. 
Em caso de posição divergente entre o Supremo Tribunal Federal e o 
Tribunal em questão, prevalece a posição do STF. 
Observe que não é necessário o quorum de maioria absoluta para a 
declaração de constitucionalidade da lei ou ato normativo, que pode então 
ser pronunciada pelos diretamente pelos órgãos fracionários dos tribunais, 
ou mesmo pelo seu pleno ou órgão especial, por maioria relativa. Conclui-
se isso a partir de uma interpretação a contrario sensu do art. 97 da 
Constituição. 
Como ensina Gabriel Dezen Junior, também não se aplica o princípio da 
reserva de plenário aos órgãos colegiados de primeiro grau, a exemplo 
das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis, os quais, deste modo, 
podem reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei por maioria relativa 
de seus membros. O art. 97 é claro ao circunscrever sua incidência aos 
Tribunais. Da mesma forma, prossegue o Autor, o princípio não alcança 
eventual decisão do Tribunal ou de seus órgãos fracionários pela 
revogação da lei por não-recepção, pois não se trata, no caso, de 
inconstitucionalidade. 
 
 
5) CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE EM AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA 
 
Matéria que já foi objeto de intensa discussão, mas atualmente está 
pacificada no âmbito do STF, concerne à possibilidade de ser exercitado o 
controle de constitucionalidade no âmbito de ações civis públicas. As 
conclusões da Corte sobre o ponto, na verdade, não se afastam das 
considerações já expostas até este momento e que, levadas para a ação 
civil pública, podem ser assim sintetizadas: 
CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 26
a) é cabível exercer o controle de constitucionalidade, quando se busca a 
invalidação de certo ato praticado com base em lei que se reputa 
afrontosa à Constituição, seja a lei federal, distrital, estadual ou 
municipal. Neste caso, o desfazimento do ato será o objeto da ação civil 
pública, e a causa de pedir será a alegação de inconstitucionalidade da lei. 
Por exemplo, pode o Ministério Público Federal interpor a ação buscando a 
anulação de um contrato porque praticado com base em lei que considera 
inconstitucional. Nesta hipótese, se o Judiciário concluir pela existência do 
vício, declarará a inconstitucionalidade da lei, especificamente para aquele 
caso em concreto, e, em função disso, determinará a anulação do contrato 
a partir dela praticado; 
b) não se admite a interposição de ação civil pública cujo pedido, 
principal ou subsidiário, seja pela declaração de inconstitucionalidade da 
lei, pois neste caso, se provida a ação, a decisão implicaria na invalidação 
da lei com eficácia erga omnes, já que estes são os efeitos da decisão 
nesta ação, por força da Lei nº 7.347, de 1985. Isto representaria, 
inegavelmente, usurpação da competência do STF, se a Constituição-
parâmetro for a Federal, ou dos Tribunais de Justiça, se a Constituição-
parâmetro for Estadual, pois apenas tais órgãos jurisdicionais, em sede de 
controle concentrado, gozam de competência para proferir decisões 
declaratórias de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos com 
eficácia erga omnes. Enfim, veda-se a utilização da ação civil pública 
como sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade (ADIn). 
 
 
6) CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE NO TRANSCURSO 
DO PROCESSO LEGISLATIVO 
 
Em regra, o controle de constitucionalidade é exercido com relação a leis e 
atos normativos já prontos e acabados, ou seja, que já se encontrem 
plenamente vigentes. 
Todavia, o STF abre uma exceção a esta regra geral, admitindo que os 
parlamentares possam discutir, no âmbito do controle difuso e em 
sede de mandado de segurança, vícios de inconstitucionalidade que 
entendam presentes no transcurso do projeto legislativo. Trata-se, no 
caso, de um controle incidente sobre um projeto de lei, pois ainda não se 
completou seu processo de formação. 
O fundamento do posicionamento da Corte é que o processo legislativo de 
elaboração de atos normativos primários é minudentemente disciplinado 
na Constituição, e os parlamentares, e apenas eles, têm o direito líquido e 
certo de participar de um processo legislativo em plena conformidade com 
as regras postas no Texto Maior. A existência deste direito justifica o uso, 
no caso, do mandado de segurança. 
Os Ministros do STF, concordes com a possibilidade de os parlamentares 
impugnarem, em mandado de segurança, atos concretos praticados 
durante o trâmite de um processo legislativo, não manifestaram um 
posicionamento uniforme quanto à amplitude deste controle,

Continue navegando