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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 1 AULÃO 21: ASSUNTOS DIVERSOS DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 1) INTRODUÇÃO Os arts. 136 a 141 da Constituição Federal tratam do que doutrinariamente denomina-se sistema constitucional de crises ou estado de legalidade extraordinária, expressões que compreendem o estado de sítio ou o estado de defesa. O estado de defesa é objeto do art. 136 da Constituição, o estado de sítio, dos arts. 137 a 139. Os arts. 140 e 141 da Carta contêm normas aplicáveis a ambas as situações. O estado de defesa e o estado de sítio são decretados em situações nas quais a normalidade constitucional encontra-se sob severa ameaça, o que autoriza a adoção de medidas excepcionais, que afastam temporariamente os parâmetros regulares de legalidade constitucional, substituídos por uma legalidade extraordinária, necessária para fazer cessar a ameaça. Como ensina Gabriel Dezen Junior, a partir da lição de Moacyr Amaral dos Santos, dois são os princípios que norteiam as medidas a serem adotadas no estado de defesa ou no estado de sítio: a necessidade e a temporariedade. Sem que haja necessidade, qualquer das medidas de exceção que discriminaremos a seguir caracteriza golpe de Estado; sem que se verifique sua temporariedade, ditadura. Isto posto, passemos à apresentação desses dois estados de legalidade extraordinária. 2) ESTADO DE DEFESA Reza o art. 136 da Constituição, em seu caput: Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Pelo dispositivo constitucional, podemos sintetizar como características do estado de defesa: a) competência privativa para a decretação: Presidente da República, após a oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional; b) abrangência: locais restritos e determinados; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 2 c) objetivo: preservação ou pronto restabelecimento da ordem pública ou da paz social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. O estado de defesa será instaurado por decreto editado pelo Presidente da República, o qual deverá especificar o tempo de sua duração e as áreas por ele abrangidas, bem como as medidas de exceção que serão aplicadas (art. 136, § 1°). Uma vez editado o decreto, será o mesmo submetido à aprovação do Congresso Nacional, sendo eventual rejeição causa imediata de cessação de sua vigência. A Constituição arrola, em rol taxativo, as medidas passíveis de aplicação no estado de defesa, a saber: a) restrições aos direitos de: - reunião, ainda que exercida no seio das associações; - sigilo de correspondência; - sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; b) ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. O prazo de duração do estado de defesa é de trinta dias, prorrogável uma única vez por igual período, quando persistirem as razões que fundamentaram sua decretação (art. 136, § 2°). Se, ao final desses sessenta dias, a situação ainda não tiver sido contornada, não cabe nova prorrogação do estado de defesa, mas decretação do estado de sítio. O § 3° do art. 136 autoriza a efetivação de prisões por ordem direta de autoridade administrativa, sem necessidade de autorização judicial. Nesta hipótese, as regras aplicáveis são as seguintes: a) a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial: b) a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação; c) a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; d) é vedada a incomunicabilidade do preso. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República deverá, em vinte e quatro horas, submeter o ato, acompanhados das justificativas para sua produção, ao Congresso Nacional, o qual deverá sobre ele deliberar, para fins de aprovação ou rejeição, sendo necessário, para a aprovação, maioria absoluta em cada uma das Casas Legislativas. Eventual aprovação será formalizada mediante decreto legislativo (§ 4°). Já a rejeição acarreta a cessação imediata do estado de defesa, sob pena de crime de responsabilidade do Presidente da República (§ 7°). O prazo máximo para o Congresso apreciar o decreto é de dez dias, a contar do recebimento, devendo continuar funcionando enquanto CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 3 permanecer em vigor o estado de defesa. Se eventualmente o Congresso estiver em recesso, deverá haver sua convocação extraordinária, no prazo de cinco dias, por ato do Presidente do Senado (art. 136, § § 5° e 6°). Gabriel Dezen Junior considera que a não-apreciação do decreto no prazo de dez dias equivale à aprovação tácita do estado de defesa. 3) ESTADO DE SÍTIO O estado de sítio é instrumento passível de aplicação nas hipóteses de: a) comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa: nesta hipótese, o estado de sítio pode ser decretado por até trinta dias, admitindo-se sucessivas prorrogações, cada uma pelo período máximo de trinta dias (CF, art. 137, I c/c art. 138, § 1°); b) declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira: nessa hipótese o estado de sítio pode ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada (Cf, art. 137, II c/c art. 138, § 1°). Ao contrário do que ocorre no estado de defesa, em que a atuação do Congresso se dá a posteriori, no estado de sítio o Presidente da República, após a oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, solicita ao Congresso a autorização para a decretação da medida (CF, art. 137, caput c/c art. 49, IV). Se o Congresso Nacional aprová-la, por maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas legislativas, deverá editar um decreto legislativo, a partir do que o Presidente instituirá o estado de sítio, por decreto. No ato de solicitação deve o Presidente indicar os motivos determinantes do pedido (CF, art. 137, caput e § 1°). O decreto, além de instituir o estado de legalidade excepcional, indicará sua duração, as normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput). Se o Congresso, quando da solicitação da autorização pelo Presidente, encontrar-se em recesso, deverá haver, de imediato, sua convocação extraordinária pelo Presidente do Senado Federal, para se reunir no prazo de cinco dias, a fim de decidir sobre o pedido de autorização. Se for autorizada a decretação do estado de sítio, o Congresso deverá permanecer em funcionamento até a cessação das medidas coercitivas (CF, art. 138, § § 2º e 3º). O art. 139 da Constituição prevê as medidas passíveis de aplicação contra as pessoas noestado de sítio decretado, em virtude de comoção grave de repercussão nacional ou da ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa. A saber, tais medidas são as seguintes: a) obrigação de permanência em localidade determinada; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 4 b) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; c) restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei: o parágrafo único do mesmo artigo ressalva dessas restrições a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que a manifestação seja liberada pela respectiva Mesa; d) suspensão da liberdade de reunião; e) busca e apreensão em domicílio; f) intervenção nas empresas de serviços públicos; g) requisição de bens. De se destacar que a Constituição não traz um rol das medidas passíveis de adoção no estado de sítio decretado em virtude de estado de guerra ou de resposta a agressão armada estrangeira, implicitamente outorgando ao Presidente da República competência para a determinação das medidas necessárias ao combate da situação. Os arts. 140 e 141 encerram regramento constitucional da matéria, trazendo disposições de cunho geral, aplicáveis tanto ao estado de sítio como ao estado de defesa. Pelo art. 140, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio. E, nos termos do art. 141, cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. O parágrafo único do artigo complementa a regra inicial determinando que, logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. Com base neste dispositivo e nas regras anteriores estudadas, podemos concluir que no estado de defesa há controle concomitante e posterior das medidas determinadas pelo Presidente, ao passo que no estado de sítio há controle prévio, concomitante e posterior. 4) FORÇAS ARMADAS O art. 142 da Carta Magna dispõe sobre as Forças Armadas: define seus princípios e objetivos institucionais, traça as normas gerais sobre o regime jurídico de seus membros, e institui regras acerca do serviço militar obrigatório. Reza o caput do dispositivo que as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 5 disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Segundo o art. 84, XIII, o Presidente da República titulariza a Chefia-geral das Forcas Armadas, estando seus três ramos – Exército, Marinha e Aeronáutica – sujeitos às suas determinações, o que não impede que cada um deles tenha sua chefia própria, a qual, nos termos da EC nº 23, de 1999, é titularizada, respectivamente, pelos Comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O § 1° do art. 142 reserva à lei complementar a competência para estabelecer as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. As normas específicas, por sua vez, serão veiculadas em regulamentos militares editados por cada uma das três Forças. O § 2° trata de tema já abordado neste Curso, asseverando que não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Como destacado anteriormente, o STF entende que a vedação abrange apenas o mérito da punição, não impedindo que o Poder Judiciário examine, em sede de habeas corpus, os aspectos legais da aplicação da penalidade, como vícios processuais, competência para a punição, cerceamento do direito de defesa, análise das razões que justificaram a punição, entre outros. O § 3° do art. 142 acrescentado pela EC nº 18, de 1998, retirou a expressão servidor público militar do texto constitucional, passando a referir-se aos membros das Forças Armadas sob o designativo militares. Esta singela alteração teve consideráveis repercussões jurídicas, uma vez que os dispositivos da Constituição que se referem a servidor público só se aplicam aos militares se houver expressa prescrição da Carta nesse sentido. O dispositivo em comento traça as principais regras do regime jurídico dos militares das Forças Armadas, remetendo o restante da matéria à lei ordinária. Nestes termos, reza que: a) as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; b) o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente será transferido para a reserva, nos termos da lei; c) O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não transferido para a reserva, nos termos da lei; d) ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 6 e) o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos: como analisado em aula anterior, o STF, em vista desta vedação constitucional, entende que a filiação partidária não é requisito para que o militar candidate-se a mandatos eletivos, excepcionando, assim, a regra do art. 14, § 3°, V; f) o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra. Em tempo de paz, o oficial condenado, na justiça comum ou militar, à pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento para fins de definição da perda do posto e da patente; g) aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV: esta previsão estende aos militares os direitos ao décimo terceiro salário, ao salário- família, às férias anuais remuneradas, à licença-gestante, à licença- paternidade, à assistência gratuita aos filhos e dependentes em creches e pré-escolas. Além disso, impõe como limite remuneratório o subsídio percebido pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, veda a equiparação e a vinculação de remuneração, proíbe que vantagens pecuniárias já concedidas sejam consideradas no cálculo de outras vantagens pecuniárias, e assegura o direito à irredutibilidade de vencimentos;h) a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra: vale relembrar, aqui, que a fixação e o aumento dos efetivos militares, bem como seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva são matérias cuja iniciativa legislativa é privativa do Presidente da República, a teor do art. 61, § 1°, da Constituição. O art. 143 da Carta, em seu caput, assevera que o serviço militar é obrigatório, nos termos da lei. Esta regra, contudo, deve ser analisada conjuntamente com a prescrita no § 2° do mesmo artigo, que isenta as mulheres e os eclesiásticos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, ressalvando que eles podem sujeitar-se a outros encargos que a lei lhes atribuir. Podemos, então, concluir que, em tempo de paz, o serviço militar obrigatório, nos termos da lei, alcança os homens que não tenham optado pela carreira eclesiástica. Em cumprimento ao art. 5°, VIII, da CF, o § 1° do art. 142 contempla o imperativo de consciência no âmbito do serviço militar obrigatório, asseverando que Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 7 crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. 5) SEGURANÇA PÚBLICA Segundo Gabriel Dezen Junior, "a segurança pública consiste numa atuação de preservação ou restabelecimento de convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem ser perturbados por outrem. Nos termos do art. 144 da Constituição Federal, a segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de toda a coletividade, sendo exercida com vistas à preservação da ordem pública e à incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio dos seguintes órgãos: a) polícia federal; b) polícia rodoviária federal; c) polícia ferroviária federal; d) polícias civis; e) polícias militares e corpos de bombeiros militares. O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional lei estadual que criava taxas de exercício do poder de polícia e de utilização de serviços prestados pelos órgãos de segurança pública e de defesa da cidadania, sob o fundamento de que, como se trata de dever do Estado e de direito de toda a coletividade, seu custeio deve-se dar mediante a arrecadação de impostos, não podendo ser instituída taxa para tal finalidade (ADI 2424, de 1°/4/2004). O primeiro dos órgãos de segurança pública tratado na Constituição é a Polícia Federal, definida pelo § 1° do art. 144 como órgão permanente, instituído por lei, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, competindo-lhe exercer as seguintes atividades: a) apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei. De se destacar que não se insere na competência da Polícia Federal apurar infrações perpetradas contra as sociedades de economia mista federais, sendo tal tarefa de atribuição das Polícias Civis; É oportuno chamar a atenção para o fato de que a atribuição da Polícia Federal engloba as infrações penais, ou seja, os crimes e contravenções praticados contra as pessoas jurídicas acima arroladas, enquanto a competência da Justiça Federal é restrita ao julgamento dos crimes, cabendo à Justiça Estadual o julgamento das contravenções (art. 109, IV). b) prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência: pela redação do dispositivo resta evidenciado que a prevenção e a repressão ao tráfico de CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 8 drogas, ao contrabando e ao descaminho devem ser efetuadas pela Polícia Federal, mas não só por esta, pois a Receita Federal, a Polícia Civil, a Polícia Militar, entre outros órgãos, também detêm competências nesta área. Na área de prevenção e repressão do tráfico de drogas, a atuação da Polícia Federal é voltada principalmente para o tráfico internacional e interestadual, restando a repressão local a cargo das polícias militar e civil; c) exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras: a EC nº 19, de 1998, modificou o dispositivo, substituindo a expressão "polícia aérea" por "polícia aeroportuária", mais adequada à Polícia Federal, uma vez que a atividade de policiamento das aeronaves em vôo é atribuição do Ministério da Aeronáutica, ao passo que à Polícia Federal compete assegurar a manutenção da ordem pública nos aeroportos. Trata-se, pois, de um policiamento aeroportuário, não aéreo, como corretamente consta atualmente no dispositivo; d) exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União: a Polícia Federal exerce, em caráter exclusivo, a função de polícia judiciária da União, atividade que tem por objetivo investigar a ocorrência e a autoria das infrações penais de sua competência, fornecendo subsídios para que o órgão do Ministério Público possa ajuizar a ação penal pública (CF, art. 129, I). É uma função de caráter administrativo, mas que vai surtir efeitos na esfera judiciária, não podendo, de forma alguma, ser confundida com a atividade de polícia administrativa da União. Esta – a atividade de polícia administrativa –, por sua vez, consiste na prerrogativa conferida aos órgãos e entidades da Administração Pública de condicionar e limitar o uso e o gozo dos bens, direitos e interesses individuais em prol da coletividade. É atividade de cunho essencialmente fiscalizatório, que se distingue da polícia judiciária principalmente pelos seguintes aspectos: - sua atuação restringe-se à esfera administrativa, enquanto a atividade de polícia judiciária vai ter repercussão na esfera judiciária; - é exercida por órgãos de fiscalização, enquanto a outra é executada por órgãos de segurança; - atua com relação a bens, direitos e atividades, enquanto a judiciária dirige-se aos indivíduos. Sobre essa última área de atuação da Policia Federal transcrevemos lição de Gabriel Dezen Junior: A Polícia Federal, como polícia judiciária da União, tem por funções precípuas atuar repressivamente nos casos de crimes contra a ordem política e social (como difusão de ideais racistas, incentivo à desobediência civil, tentativas de secessão e a divulgação de ideais secessionistas, contestações das autoridades constitucionais), na investigação de quaisquer infrações criminais contra qualquer bem, serviço ou interesse da União, suas autarquias e empresas públicas (como furto em um órgão público federal, crimes praticados contra agentes públicos federais). CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 9 O § 2° do art. 144 trata da Polícia Rodoviária Federal, definindo-a como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, que tem por objetivo,na forma da lei, o patrulhamento ostensivo das rodovias federais. O § 3° do mesmo artigo, por sua vez, dispõe sobre a Polícia Ferroviária Federal. Da mesma forma que a Polícia Rodoviária Federal, é um órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, mas sua finalidade é diversa, pois se destina, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. À Polícia Civil incumbe o exercício da função de polícia judiciária do respectivo Estado-membro, excetuando-se a apuração das infrações militares cometidas pelos membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, que caberá aos órgãos próprios (CF, art. 144, § 4º). São dirigidas por delegados de polícia de carreira, os quais devem ser bacharéis de direito aprovados no concurso próprio, não sendo admissível o exercício das funções por bacharéis de direito ou por agentes da instituição que não tenham logrado êxito no concurso para o ingresso na carreira, por violação ao inc. II do art. 37 da CF, que institui a regra do concurso público. As Polícias Civis são subordinadas aos Governadores dos Estados, do DF ou dos Territórios. A organização, as garantias, os direitos e os deveres da polícia civil são matérias de competência legislativa concorrente entre União, Estados e Distrito Federal (CF, art. 24, XVI). A Polícia Civil do Distrito Federal é organizada e mantida pela União, a teor do inc. XIV do art. 21. As polícias militares e os corpos de bombeiros militares vêm contemplados nos §§ 5º e 6º do art. 144. O primeiro dispositivo trata das suas atribuições, asseverando que às polícias militares incumbe o policiamento ostensivo e a manutenção da ordem pública; e aos corpos de bombeiros militares, além de outras funções previstas em lei, a execução de atividades de defesa civil. Pelo segundo, ambos os órgãos constituem forças auxiliares e reserva do Exército, estando subordinadas aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, conforme o caso. Cabe à União legislar sobre normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares (CF, art. 22, XXI). Ainda, no Distrito Federal a polícia militar e o corpo de bombeiros militar pertencem à União, logo, seu regramento é proveniente de legislação federal (CF, art. 21, XIV), sendo sua utilização pelo governo do Distrito Federal também definida em lei federal (CF, art. 32, § 4°). As Guardas Municipais podem ser criadas pelos Municípios para protegerem seus bens, serviços e instalações, nos termos da lei. (CF, art. 144, § 8º). Apesar da colocação topológica do parágrafo, as Guardas Municipais - cuja criação é facultativa – não integram o sistema de segurança pública, uma vez que não são citas no caput do art. 144. Não podem, portanto, exercer funções de polícia judiciária, ou quaisquer outras privativas dos órgãos de segurança. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 10 O § 7° do art. 144 traz norma programática, prevendo que a lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. E o § 9° completa o artigo, determinando que todos os servidores policiais nele mencionados sejam remunerados pelo regime de subsídio. De se notar que a regra não alcança os membros das Guardas Municipais, que não são servidores policiais. FINANÇAS PÚBLICAS O Título VI da Constituição Federal – Da Tributação e do Orçamento – é composto por dois capítulos. O primeiro trata do Sistema Tributário Nacional; o segundo, das Finanças Públicas. Este segundo capítulo, que transcorre dos arts. 163 a 169 da Constituição, trata das normas gerais sobre finanças públicas, emissão de moeda, sistema orçamentário, limites de despesas com pessoal ativo e inativo, entre outras matérias. Este será nosso objeto de estudo nessa unidade 1) RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR O art. 163 da Carta apresenta diversas matérias relacionadas às Finanças Públicas, reservando à lei complementar a competência para a sua normatização. Devemos analisar esta competência com a enunciada no art. 24, I, da Carta, pelo qual cabe à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre Direito Financeiro. Desse modo, à União caberá, por lei complementar, estabelecer as normas gerais nas matérias referidas no art. 163 da CF, e aos Estados e ao DF dispor sobre normas específicas, aplicáveis em seus respectivos territórios (sem esquecer-se de que a União poderá também editar normas específicas, de incidência restrita à esfera federal). Nos termos do dispositivo em apreço, caberá à lei complementar dispor sobre : a) finanças públicas: que pode ser definida como a disciplina jurídica que se volta à regulação e estudo das despesas, das receitas, dos orçamentos e dos créditos públicos; b) dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; c) concessão de garantias pelas entidades públicas: relembrando que a concessão de garantia pela União depende de autorização do Senado Federal, nos termos do art. 52, VIII; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 11 d) emissão e resgate de títulos da dívida pública: os títulos da dívida pública são as emissões realizadas pelas entidades políticas com o objetivo de captação de recursos; e) fiscalização financeira da administração pública direta e indireta: este dispositivo foi alterado pela EC nº 40, de 2003, tendo sido ampliada sua abrangência. Na redação anterior, a lei complementar trataria apenas da fiscalização das instituições financeiras; atualmente, seu conteúdo possível é a fiscalização financeira de todos os órgãos e entidades que compõem a Administração Pública; f) operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; g) compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. 2) COMPETÊNCIA PARA A EMISSÃO DE MOEDA O art. 164 da Constituição, em seu caput, confere ao Banco Central do Brasil, com exclusividade, a competência para a emissão de moeda em nosso País. O Banco Central (BACEN) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, que titulariza parcela da competência da União na esfera financeira, por expressa disposição constitucional. A Constituição não menciona a Casa da Moeda, do que pode-se concluir que, na vigente normatização constitucional, a Casa da Moeda é um órgão integrante da estrutura do Banco Central. O § 1º, do art. 164, da CF proíbe ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. Analisando a norma por outra perspectiva, podemos concluir que a Constituição autoriza o BACEN a conceder empréstimos somente a instituições financeiras. Em continuidade, seu § 2º autoriza ao BACEN comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. No exercício dessa competência caberá à entidade controlar a liquidez do sistema financeiro, aumentando-a ou reduzindo-a, conforme as necessidades do momento. O art. 164 da CF é finalizado com o § 3º, segundo o qual as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresaspor ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. É clara a disciplina constitucional: as disponibilidades de caixa da União serão obrigatoriamente depositadas no BACEN, e as das demais entidades referidas no dispositivo em instituições financeiras oficiais (a exemplo dos bancos federais e estaduais), ressalvadas as hipóteses a serem previstas em lei ordinária editada pela União. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 12 3) LEIS ORÇAMENTÁRIAS O art. 165 da Constituição enumera as três modalidades de lei orçamentária existentes em nosso ordenamento jurídico, a saber: a lei do plano plurianual (LPP), a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual (LOA), três diplomas legais de natureza transitória, como veremos abaixo. Em termos mais amplos, o dispositivo consagra o princípio da legalidade orçamentária. Nos seus termos, compete privativamente aos chefes de Poder Executivo, nas suas respectivas esferas de Governo, a iniciativa das três leis orçamentárias, tendo o STF decidido que é inconstitucional norma de Constituição Estadual que reserve parcela da receita tributária para fins pré-determinados, por suprimir a competência do chefe do Executivo na elaboração da lei orçamentária, ao obrigar-lhe a destinar dotações orçamentárias a finalidades já estabelecidas (ADIMC 780, de 1993). Pelos mesmos fundamentos, o STF decidiu pela inconstitucionalidade de artigo de Constituição Estadual que reservou recursos orçamentários para certa Universidade estadual (ADIMC 2447, de 2002). Antes de prosseguirmos, cabe destacar que o § 9º do art. 165 traz duas hipóteses de reserva de lei complementar, sendo obrigatório o uso desta espécie legislativa para: (a) dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; (b) estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. Ao contrário das leis orçamentárias propriamente ditas (LPP, LDO e LOA), neste caso, não estamos perante hipótese de iniciativa legislativa privativa, de modo que o projeto de lei complementar tratando das matérias aqui referidas pode ser apresentado também pelos membros do Poder Legislativo, além de ser possível a iniciativa popular, nos termos da Constituição. Ainda, cabe ressaltar que a duração do exercício financeiro é de 12 meses, atualmente coincidindo com o ano civil (de modo que se inicia em 1° de janeiro e se encerra em 31 de dezembro de cada ano). A doutrina admite que seja alterada a data de início e de término do exercício financeiro, desde que seja respeitado o período de 12 meses. O plano plurianual é a lei orçamentária que estabelece as diretrizes administrativas a médio e longo prazo. Segundo Ricardo Lobo Torres, citado por Gabriel Dezen Junior, a lei que contém o plano plurianual "é lei formal, dependendo do orçamento anual para que possa ter eficácia quanto à realização das despesas, constituindo-se em mera programação ou orientação que deve ser respeitada pelo Poder Executivo na execução dos orçamentos anuais, mas que não vincula o Poder Legislativo na feitura das leis orçamentárias". O § 1º do art. 165 da CF estabelece o conteúdo da LPP, ao dispor que o diploma estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada (que ultrapassam o exercício financeiro e, portanto, o orçamento em que foram iniciados). Nos termos do § 4º, os planos e CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 13 programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição, além de serem de apreciação obrigatória pelo Congresso Nacional, deverão ser elaborados em estrita conformidade com o plano plurianual. A doutrina entende que esta regra consagra o princípio da programação. A lei de diretrizes orçamentárias, prevista genericamente no caput do art. 165, tem seu conteúdo definido no § 2º do mesmo artigo, nos termos do qual a LDO compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. O objetivo principal da LDO é a fixação das metas e prioridades da Administração para o exercício financeiro subseqüente, servindo de parâmetro para a elaboração da lei orçamentária. Podemos, concluir, portanto, que ela, a exemplo da LPP, ultrapassa o exercício financeiro em que é elaborada. Mais uma vez nos valemos de Gabriel Dezen Junior, o qual cita Ricardo Lobo Torres ao esclarecer que a LDO: (...) é, como o próprio orçamento, mera lei em sentido formal, apenas, constituindo-se em simples orientação ou sinalização, de caráter anual, para a feitura do orçamento, devendo ser elaborada no primeiro semestre. Não cria direitos subjetivos para terceiros nem tem eficácia fora da relação entre os Poderes do Estado. Não vincula o Congresso Nacional na feitura da lei orçamentária anual. O art. 57, § 2°, da Constituição Federal condiciona a interrupção do primeiro período legislativo, em julho, à aprovação da lei de diretrizes orçamentárias. E, temos, como terceira lei orçamentária, a lei orçamentária anual (LOA), o diploma legal que contém a previsão das receitas e a fixação de despesas para o exercício financeiro subseqüente. Em outros termos, a LOA traz a previsão da receita que ingressará nos cofres públicos no exercício financeiro posterior ao da sua aprovação, e a autorização para a realização de despesas, também no exercício financeiro posterior, não podendo dispor sobre outras matérias, de natureza não-orçamentária. A natureza da LOA é explicitamente definida pelo § 8° do art. 165, segundo o qual a lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. A doutrina entende que essa disposição constitucional contém o princípio da exclusividade, ao vedar a inclusão de matérias de natureza não-orçamentária na LOA. Observe-se que a Constituição não impede que a LOA contenha autorização para a abertura de créditos suplementares, bem como para a contratação de operações de crédito, mesmo que por antecipação de receita. As operações de crédito por antecipação de receita são empréstimos que o Poder Público realiza e liquida no mesmo exercício financeiro, vinculando ao pagamento receitas que ainda ingressarão nos cofres públicos. Por isso que se diz antecipação de receita: a receita não CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 14 ingressou nos cofres públicos, mas ingressará, o que justifica sua utilização para a realização do empréstimo. O § 5º do art. 165 estabelece as três espécies de orçamento existentes em nosso ordenamento, estatuindo que a lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. A doutrina aponta, como um dos princípios orçamentários, o da unidade, o que deve ser interpretado em consonância com a Constituição, no sentido de que não se exige que a lei orçamentária esteja contida em um documento, já que a Carta prevê três, mas que eles sejam harmônicos entre si. Os estudiosos afirmam que o § 5º contempla, também, o princípio da anualidade orçamentária, uma vez que a lei orçamentária vige por um período de 12 meses, correspondente ao exercício financeiro em que se dará a sua execução; e o princípio da universalidade, no sentido de que a lei orçamentária deve obrigatoriamente conter todas as despesas e receitas referidas no dispositivo, por seus valores brutos. O § 6°, do art. 165, da Carta consagra o princípio da transparência orçamentária, ao dispor que o projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. O § 7°, por sua vez, determina que o orçamento fiscal e o orçamento de investimento das estatais (art. 165, § 5°, I e II), elaborados em conformidade com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. E o § 3° estabelece o princípio da publicidade orçamentária, ao determinar que o Poder Executivo proceda à publicação, em até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, de um relatório resumido sobre a execução orçamentária. 4) PROCESSO LEGISLATIVO DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS O art. 166 da Constituição é reservado ao tratamento do processo legislativo federal das leis orçamentárias. Este, por sua vez, apresenta peculiaridades com relação ao processo legislativo ordinário, o que justifica seu detalhamento em separado na Constituição. As regras próprias deste processo legislativo serão a seguir apresentadas, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 15 aplicando-se, no mais, as normas do processo legislativo ordinário que forem com ele compatíveis (CF, art. 166, § 7º). No art. 165 da Carta consta ser de competência privativa do Chefe do Poder Executivo a apresentação dos projetos de lei orçamentária. O § 6º do art. 166 traz regra análoga asseverando que, na esfera federal, os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. O dispositivo consagra um princípio extensível, logo, de observância obrigatória pelos demais entes federados. Desse modo, caberá privativamente aos Governadores e aos Prefeitos, nas suas respectivas esferas de Governo, iniciar os projetos relativos ao plano plurianual, à lei de diretrizes orçamentárias e ao orçamento anual. Uma vez apresentado o projeto pelo Presidente, caberá ao Congresso Nacional a sua apreciação. Nestes termos dispõe o caput do art. 166: os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. Desse modo, após a apresentação do projeto, caberá a cada uma das Casas do Congresso deliberar sobre o mesmo e pô-lo em votação, sendo necessário, para a aprovação, o voto da maioria dos membros de cada Casa, uma vez que a Constituição não estabeleceu, no caso, quorum especial. Antes de o projeto ir a Plenário, em cada uma das Casas Legislativas, caberá a uma comissão mista permanente de Senadores e Deputados examiná-lo e sobre o mesmo emitir um parecer. Trata-se da Comissão Mista de orçamento, de caráter permanente e formada paritariamente por Deputados Federais e Senadores. O art. 166, em seu § 1º, regula as competências desta Comissão, determinando que lhe cabe: a) examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos no seu caput, e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República: relembrando, nos termos do art. 84, XXIV, da CF, o Presidente tem o prazo de sessenta dias, a contar do início da sessão legislativa ordinária, para apresentar suas contas diretas ao Congresso Nacional; b) examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas: o dispositivo ressalva a atuação de outras Comissões Legislativas, pois ambas as Casas do Congresso têm comissões, também de caráter permanente, que tratam de temas relacionados à administração, finanças públicas e orçamento, e que, portanto, também analisarão os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição; Outra competência da Comissão Mista do Orçamento vem descrita § 2º do art. 166, pois é perante esta Comissão que deverão ser apresentadas as emendas aos projetos de lei orçamentária ou de créditos adicionais. Caberá á Comissão emitir parecer sobre as emendas, após o que elas CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 16 serão apreciadas, na forma regimental, pelo plenário das duas Casas do Congresso Nacional. O art. 72 da Constituição prevê, ainda, mais uma competência para a Comissão Mista, de caráter fiscalizatório, pois o órgão, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal de Contas da União pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. Entendendo irregular a despesa, o Tribunal cientificará deste fato a Comissão, e esta, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. Uma regra bastante peculiar deste processo legislativo encontra-se no § 5º do art. 166, segundo o qual o Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. O Presidente, portanto, além de ter competência privativa para a apresentação dos projetos, tem a possibilidade de, mediante mensagem à Comissão Mista, propor alterações em seu texto, desde que a Comissão ainda não tenha iniciado a votação da parte do projeto cuja alteração é proposta pelo Presidente. Caso a votação já tenha sido iniciada, cessa a possibilidade de o Presidente propor alterações ao projeto de sua autoria. Ressalte-se que a votação referida no dispositivo não tem caráter terminativo, pois caberá ao Congresso Nacional, pelas suas duas Casas, decidir a respeito do projeto e das alterações propostas. O § 3º do art. 166 estabelece as condições de admissibilidade das emendas ao projeto de lei orçamentária anual ou aos projetos que o modifiquem, determinando que elas somente poderão ser aprovadas quando: a) sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; b) indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os decorrentes de anulaçãode despesa, excluídas as que incidam sobre: (1) dotações para pessoal e seus encargos, (2) serviço da dívida, (3) transferências tributárias constitucionais para Estados, Distrito Federal e Municípios; ou c) sejam relacionadas: (1) com a correção de erros ou omissões, ou (2) com os dispositivos do texto do projeto de lei. O § 4°, por sua vez, impõe como condição para a aprovação de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias sua compatibilidade com o plano plurianual. Já o projeto de lei relativo ao plano plurianual, na lição de Alexandre de Moraes, não poderá ser objeto de emendas que impliquem aumento da despesa nele prevista. O § 8° encerra o regramento do art. 166 da Carta, determinando que os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 17 ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Esses créditos – especiais e suplementares – são autorizados pelo Legislativo em lei ordinária, cuja tramitação segue as regras do processo legislativo ordinário. Analisando esta regra em conjunção com a que está contida no art. 57, § 2º, da Carta (a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias), podemos concluir que não há possibilidade de o Congresso Nacional rejeitar o projeto de LDO, uma vez que, enquanto não aprová-lo, a sessão legislativa não será interrompida. O mesmo não se aplica ao projeto da lei orçamentária anual, em que a aplicação do § 8° do art. 166, na lição de Alexandre de Moraes, "permite concluir pela possibilidade de rejeição total ou parcial ou projeto", hipótese na qual os recursos que ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. O Autor sustenta, portanto, a possibilidade de rejeição total do projeto de lei orçamentária anual. Mas, também, apresenta a posição do Professor Adilson Abreu Dallari, que não admite a rejeição total do projeto, entendendo que o Poder Legislativo pode legitimamente alterá-lo por meio de emendas, mas jamais rejeitá-lo totalmente. Por fim, Alexandre de Moraes ressalta que, apesar do posicionamento doutrinário pela impossibilidade de aprovação do projeto de lei orçamentário no mesmo exercício financeiro a que se refere, na prática não é raro que isto ocorra, sendo a lei orçamentária promulgada e publicada no mesmo exercício financeiro em que será executada. 5) VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS O art. 167, caput, da Constituição contempla uma série de vedações de ordem financeiro-orçamentária. Numa análise agregada de suas disposições, podemos enumerar, como vedações impostas pela Constituição: a) o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual: a regra representa a expressa previsão do princípio da legalidade em matéria orçamentária; b) a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais: crédito orçamentário é aquele previsto na lei orçamentária para custear as despesas nela especificadas; crédito adicional, por sua vez, é aquele não previsto ou insuficientemente previsto na lei orçamentária; Há três espécies de créditos adicionais: (a) os suplementares, que se destinam a complementar os créditos previstos na lei orçamentária que, durante o exercício, se mostraram insuficientes para cobrir a despesa a eles vinculada; (b) os especiais, que se destinam ao atendimento de despesas para as quais não haja dotação específica na lei orçamentária; e (c) os extraordinários, que visam ao atendimento de despesas imprevisíveis e urgentes, não previstas na lei orçamentária, a exemplo CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 18 das decorrentes de guerra externa, comoção interna ou de calamidade pública (CF, art. 167, § 3º). Os créditos suplementares e os créditos especiais são abertos por decreto do Poder Executivo, mas exigem autorização legislativa para sua abertura; os créditos extraordinários, em função da despesa inusitada que objetivam custear, não exigem autorização do Poder Legislativo, sendo abertos diretamente por decreto do Poder Executivo. c) a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; Sobre os conceitos contidos nesta regra, transcrevemos lição de Gabriel Dezen Junior: Despesas de capital: São classificadas em investimentos, inversões financeiras e transferências de capital. Investimentos são dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive aquisição de imóveis. Inversões financeiras são dotações destinadas à aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização ou à aquisição de títulos representativos de capital de empresa ou entidade. Transferências de capital são dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar. d) a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º do artigo em comento (redação dada pela EC nº 42, de 2003): o dispositivo veda, como regra geral, a vinculação da receita oriunda da arrecadação de impostos a órgão, fundo ou despesa, à exceção das hipóteses nele próprio enumeradas; e) a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes: a autorização do Poder Legislativa é dada por lei ordinária; f) a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa: também aqui a autorização legislativa deve constar de lei ordinária; g) a concessão ou utilização de créditos ilimitados; h) a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 19 i) a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa: nesta hipótese, bem como na anterior, autorização mais uma vez é veiculada em lei ordinária; j) a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: esta regra foi incluída pela EC nº 19, de 1998, e busca, precipuamente, a obtenção de um equilíbrio nas contas de pessoal dos entes federados, nos termos do art. 169 da Constituição, adiante apresentado; l) a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de quetrata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201: a regra, inserida pela EC nº 20, de 1998, visa nitidamente a evitar o desvio dos recursos oriundos do recolhimento das contribuições para a seguridade social a que se refere, a saber: (a) as contribuições do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (b) as contribuições do trabalhador e dos demais segurados da previdência social; As disposições do caput do art. 167 são complementadas pelos seus §§ 1º a 4º. O primeiro desses dispositivos determina que nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de o infrator responder por de crime de responsabilidade. O § 2º dispõe sobre a duração temporal dos créditos especiais e extraordinários, estipulando que tais créditos vigorarão, em regra, apenas durante o exercício financeiro em que tiver sido autorizada sua abertura, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. O § 3º determina que apenas despesas imprevisíveis e urgentes podem justificar a abertura de um crédito extraordinário, como exposto acima. E o § 4º contém uma das regras que excepcionam a vedação da vinculação da receita de impostos, asseverando que é permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, todos da Constituição, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. 6) DUODÉCIMO DOS PODERES LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO, DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA DEFENSORIA PÚBLICA. O art. 168 da Constituição teve sua redação alterada pela EC nº 45, de 2004, com o objetivo de fortalecer a autonomia orçamentário-financeira CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 20 dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública. A norma determina que o Poder Executivo, responsável pela execução orçamentária, repasse aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública os recursos correspondentes às suas dotações orçamentárias, compreendidos eventuais créditos suplementares e especiais, até o dia 20 de cada mês, sob a forma de duodécimos, observada a lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, da Constituição. Os duodécimos correspondem a 1/12 avos da dotação orçamentária anual. 7) DESPESAS COM PESSOAL ATIVO E INATIVO O art. 169 da Constituição determina que a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. O legislador ordinário, a fim de conferir aplicabilidade ao dispositivo constitucional, editou a Lei Complementar nº 101, de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), que fixa em 50% da receita corrente líquida o limite para a União, e em 60% o limite para Estados, Municípios e Distrito Federal. São estes, portanto, os limites a serem respeitados pelos entes federados no tocante às suas despesas com pessoal ativo e inativo. Os entes federados terão um prazo, também definido na lei complementar, para se adaptar a estes limites, dentro do qual deverão adotar algumas medidas com essa finalidade. Decorrido este prazo sem a adaptação aos parâmetros previstos na lei complementar, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites (CF, art. 169, § 2º). O § 3º, do art. 169, da Constituição enumera as medidas a serem adotadas pelos entes federados para fins de enquadramento nos limites com despesa de pessoal. Por primeiro, deverão reduzir em ao menos 20% suas despesas com cargos em comissão e funções de confiança. Se, ainda assim, o limite estiver sendo ultrapassado, deverão os entes federados exonerar seus servidores não-estáveis, bem como os servidores que adquiriram estabilidade sem concurso (art. 33 da EC nº 19/98, combinado com o inc. II, do § 3º do art. 169, da CF). Adotadas tais medidas e estando ainda as despesas de pessoal superiores ao limite legal, poderão os servidores estáveis (mediante concurso) ser exonerados, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal (CF, art. 169, § 4º). Observe-se que as três primeiras medidas são obrigatórias, mas a exoneração dos estáveis por concurso é facultativa. O servidor estável por concurso que perder seu cargo por excesso de despesa com pessoal fará jus a uma indenização equivalente a um mês de CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 21 remuneração por ano de serviço (CF, art. 169, § 5º). Ademais , os cargos atingidos pela redução serão tidos por extintos, sendo vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos (CF, art. 169, § 6º). É indiferente, para a aplicação desta última regra, que o cargo tenha até então sido ocupado por um servidor estável ou não-estável. O § 7º do art. 169 determina que caberá à lei federal dispor sobre as normas gerais a serem obedecidas na exoneração dos servidores estáveis mediante concurso. Este comando constitucional resultou na edição da Lei nº 9.801/99, aplicável a todos os entes federados. O art. 2º da Lei elenca os requisitos que o ato normativo extintivo dos cargos deve especificar, devendo-se, dentre eles, ressaltar a necessidade de indicação do critério geral impessoal escolhido para a definição dos servidores estáveis que serão atingidos pela medida. Poderá ser o menor tempo de serviço público, a maior remuneração ou a menor idade. Escolhido o critério geral, poderá ele ser combinado com o critério complementar de menor número de dependentes, para fins de classificação. Segundo o art. 3º da Lei, os servidores que exercem atividade exclusiva de Estado só poderão ser exonerados se a exoneração dos demais servidores da unidade ou órgão objeto da redução atingir pelo menos 30% do total dos cargos, e cada ato de redução só poderá atingir 30% do número desses servidores. Este dispositivo da lei obedece à determinação do art. 247 da Constituição, segundo o qual as leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 (exoneração por insuficiência de desempenho) e no § 7º do art. 169 (exoneração por excesso de despesa com pessoal) deverão prever “critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições do seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado”. Por fim, resta-nos, nesse momento, apenas transcrever o § 1º, do art. 169, da CF, que não trata das regras atinentes aos limites de despesas com pessoal, motivo pelo qual só agora é apresentado. Reza o citado dispositivo que: § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusivefundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 22 ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA O Título VII de nossa Carta destina-se ao regramento da ordem econômica e financeira, sendo subdivido em quatro capítulos: - Dos princípios gerais da atividade econômica (art. 170 a 181); - Da política urbana (art. 182 e 183); - Da política agrícola e fundiária (art. 184 a 191) - Do sistema financeiro nacional (art. 192) 1) PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA O art. 170 da Carta lança as bases da ordem econômica, define seus objetivos precípuos e os princípios que devem ser respeitados em seu âmbito. Iniciando, em seu caput assevera que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, e tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. A seguir, enumera, como seus princípios: I - soberania nacional: este princípio complementa o contido no inc. I do artigo primeiro de nossa Constituição. Enquanto lá se impõe que o nosso Estado seja politicamente soberano, aqui, se exige que esta soberania englobe também a esfera econômica, não no sentido de se excluir a atividade econômica estrangeira no território nacional, o que é atualmente inviável e contrário aos mais básicos postulados de coexistência das nações, mas no sentido de se fortalecer a economia interna, fazendo-a preponderar sobre os investimentos estrangeiros, na atividade econômica desenvolvida em nosso Estado; II - propriedade privada: o respeito à propriedade privada é princípio basilar de qualquer Estado capitalista. A Constituição, por um lado, assegura a propriedade, inclusive como direito fundamental, mas, por outro, impõe que ela seja utilizada em conformidade com sua função social, como se observa a seguir; III - função social da propriedade: a função social da propriedade urbana é disciplinada no art. 182, § 2°, e a da propriedade rural no art. 186, ambos da Constituição; IV - livre concorrência: a livre concorrência decorre diretamente da liberdade de iniciativa, considerada, como consta acima, um dos fundamentos da ordem econômica brasileira; V - defesa do consumidor: a defesa do consumidor, além de ser princípio da ordem econômica, é também direito fundamental individual, nos termos do art. 5°, XXXII, o que autoriza a intervenção do Estado no domínio econômico amparado por tal finalidade; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação: este dispositivo foi alterado pela EC CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 23 nº 42, de 2003, justamente pata autorizar um tratamento mais benéfico, inclusive tributário, conforme o impacto ambiental da atividade econômica; VII - redução das desigualdades regionais e sociais: a redução das desigualdades, mais que princípio da ordem econômica, é dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (CF, art. 3°, III); VIII - busca do pleno emprego: princípio que decorre diretamente de outro fundamento da ordem econômica, o trabalho humano, além de constituir um direito fundamental de segunda geração; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País: o dispositivo foi alterado pela EC n° 6/95. Na sua redação original, era assegurado tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte; o art. 171, I, revogado pela mesma emenda, conceituava como brasileira a empresa constituída sobre nossas leis e com sede e administração no País. Com a alteração constitucional, o tratamento favorecido permanece, mas agora ele é dirigido a todas as empresas de pequeno porte, seja seu capital nacional ou estrangeiro, desde que sejam constituídas sob as nossas leis e tenham sua sede e administração no País. Não se encontra mais expressa no texto constitucional a conceituação de empresa brasileira, mas os critérios que serviam para a sua definição – constituição sob a lei pátria e sede e administração no Brasil – são agora requisitos para a obtenção do tratamento favorecido, de acordo com a nova redação do art. 170, IX. O parágrafo único do art. 170 assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização do Poder Público, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. Como vimos, o caput do art. 170 alça à condição de fundamentos da ordem econômica o trabalho humano e a livre iniciativa, ambos gozando de mesmo valor, sem qualquer espécie de prevalência. A existência de dois fundamentos já aponta sua relativização, uma vez que deverão incidir de forma harmônica na esfera econômica. O parágrafo único também deve ser considerado na sua interpretação, uma vez que ressalva, na sua parte final, a possibilidade de intervenção estatal, impondo limites e condicionamentos, desde que sejam os mesmos veiculados em lei. O art. 170 determina que a lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. Os conceitos de investimento, reinvestimento e remessa de lucros são explicitados por Tupinambá Miguel Castro do Nascimento, citado por Gabriel Dezen Junior: Investir capital estrangeiro é se aportar para a atividade econômica brasileira dinheiro estrangeiro, ou o que possa ser avaliado em dinheiro. É o ingresso na economia nacional de recursos financeiros, monetários ou de outros bens avaliáveis em dinheiro, pertencentes às pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede em outro País. O capital estrangeiro investido produz, ou deve produzir, rendas em benefício do investidor. Três caminhos tem, em tese, o investidor quanto à renda. Remetê-la de volta para o CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 24 exterior, reaplicá-la na empresa que gerou o rendimento ou alimentar o desenvolvimento nacional, fazendo ingressar em outra empresa nacional. As duas últimas situações, ambas significando novos recursos para o desenvolvimento do País, retratam a figura do reinvestimento. A remessa de lucros, nessa linha, é o retomo dos frutos do capital ao exterior, para o titular do capital, que tem sobre isso direito subjetivo, embora restringível por lei brasileira, no interesse nacional. Caberá à União, por lei ordinária, dispor sobre as três operações acima referidas. O art. 173 da Constituição trata das hipóteses em que se autoriza ao Estado atuar diretamente na área econômica, em atividades comerciais ou industriais. Deve-se perceber a atuação do Estado nessa esfera sempre como excepcional, uma vez que o domínio econômico é o reino da iniciativa privada, sendo a atuação típica do Estado, nesse contexto, regulatória e fiscalizatória, como esclarece o art. 174. A Constituição encampa totalmente esta orientação, ao asseverar que, ressalvados os casos previstos no seu próprio texto (por exemplo, art. 21, XI e XII, e art. 177), a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,conforme definidos em lei. Quando o Estado se valer dos permissivos constitucionais, em regra não exercerá atividade econômica por meio dos órgãos integrantes de sua Administração Direta. Para tal finalidade, criará entidades administrativas, as empresas públicas e sociedades de economia mista, e a estas outorgará, por lei, competência para tanto. Em vista disso, o § 1º do art. 173 determina que lei estabeleça um estatuto jurídico próprio para as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, devendo referido diploma dispor, no mínimo sobre: a) sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade: b) a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários: como a área de atuação dessas entidades será tipicamente privada, desta natureza será também seu regime jurídico, a fim de evitar que seja instaurado um desequilíbrio a seu favor, em detrimento da iniciativa privada, uma vez que elas estarão competindo entre si. São ressalvadas as hipóteses em que a Constituição, explícita ou implicitamente, impõe a aplicação de regras próprias do regime jurídico de direito público, a exemplo do art. 37, II, que obriga às entidades administrativas promoverem concursos públicos para o preenchimento de seu quadro de pessoal; c) licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da Administração Pública: atualmente todas as empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como suas subsidiárias, estão sujeitas à Lei nº 8.666, de 1993, nossa Lei de normas gerais sobre licitação e contratos da Administração Pública. Esse dispositivo foi alterado pela EC nº 19 justamente para possibilitar a CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 25 instituição de um regime licitatório próprio para essas entidades estatais, com menores formalidades que o instituído na Lei nº 8.666, a fim de possibilitar-lhes um funcionamento mais célere, em conformidade com as exigências da área em que atuam; d) a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; e) os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. O § 2° do art. 173 contém importante regra, prescrevendo que as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. Esse dispositivo é uma aplicação específica da regra apresentada acima, que impõe às entidades administrativas exploradoras de atividade econômica o mesmo regime jurídico das empresas da iniciativa privada. Tanto aqui como lá, o que se busca é evitar uma concorrência desleal por parte das entidades administrativas, o que inegavelmente ocorreria se tais entidades pudessem ser agraciadas com benefícios e privilégios fiscais exclusivos, não passíveis de fruição pela iniciativa privada. É válida a concessão de benefícios e privilégios fiscais, mas desde que eles tenham caráter geral, no sentido de serem extensíveis à iniciativa. Com isso, não há risco de concorrência desleal. O § 3° do art. 173 traz norma programática, asseverando que caberá a lei regulamentar as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. Segundo Gabriel Dezen Junior, a lei em questão será federal, estadual, distrital ou municipal, conforme a qualidade da pessoa federativa instituidora. o § 4° do mesmo artigo determina que a caberá à lei reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Sobre ele falaremos mais adiante. O § 5°, fechando o art. 173 da CF, traz regra bastante peculiar, dispondo que a lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Sempre foi axioma do Direito Penal que apenas pessoas físicas, porque detentoras de vontade própria, poderiam ser responsabilizadas criminalmente. Com a inserção dessa regra na Constituição, abre-se a possibilidade de que lei, editada pela União, venha instituir penalidades de natureza penal aplicáveis às pessoas jurídicas, desde que, à evidência, sejam elas compatíveis com a sua natureza (por exemplo, a pena de multa). Temos assim, que por condutas atentatórias à ordem econômica e financeira ou à economia popular, são passíveis de incidência duas esferas de responsabilização penal: uma, que recai sobre os dirigentes da pessoa jurídica, e demais pessoas físicas envolvidas no ilícito penal; e outra que recai diretamente sobre a pessoa jurídica. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 26 O art. 174 versa sobre as funções próprias do Estado na esfera econômica. Anteriormente destacamos que o Estado, em caráter excepcional, pode atuar diretamente no domínio econômico, por meio de entidades da Administração Indireta, quando sua intervenção for necessária, em função de imperativos de segurança nacional ou relevante interesse público. Mas, suas funções precípuas na esfera econômica são a normatizadora e a reguladora, quando, então, age o Estado regulamentando, fiscalizando, incentivando ou planejando a atividade econômica do nosso país, nos termos do caput do art. 174 da CF. As diretrizes e bases instituídas pelo Estado na sua função de planejamento são vinculantes para o setor público, que obrigatoriamente deverá determinar sua atuação por elas, mas são meramente indicativas para o setor privado, que as adotará ou não, segundo sua conveniência, pois, de outra forma, estaria sendo violado o princípio da livre iniciativa. Nos termos do § 1º, a lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. Esta lei, porque de caráter nacional, é de competência da União, mas as matérias de Direito Econômico, genericamente falando, situam-se na competência legislativa concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal (CF, art. 24, I). Neste, ponto, em que se enfatiza a função regulatória e normativa do Estado no domínio econômico, é útil ressaltarmos a possibilidade de estipulação, pelo ente estatal, de preços máximos e mínimos em certos setores da economia, não obstante nossa Constituição considere a livre iniciativa como um dos fundamentos da ordem econômica. Para isso, nos valemos do seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça (MS nº 2.887-1 – DF): A Constituição Federal, no seu art. 170, preceitua que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa, tendo por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios que indica. No seu art. 174 pontifica que, como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento. Desses dispositivos resulta claro que o Estado pode atuar como agente regulador nas atividades econômicas em geral, sobretudo nas de que cuidam as empresas que atuam em um setor absolutamente estratégico daí ser-lhe lícito estipular os preços que devem ser por elas praticados. Os demais parágrafos do art. 174 tratam de temas conexos. O segundo, de caráter programático, determina que a lei apoiará e estimulará o
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