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Suspensão Condicional da Pena e Suspensão Condicional do Processo

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Suspensão Condicional da Pena
1.1 Introdução
 Conhecida como “sursis penal”, a suspensão condicional da pena consiste na suspensão da execução da pena por um período determinado, desde que o sujeito se disponha a cumprir determinados requisitos. Se o condenado cumprir as condições impostas pelo período de tempo pré-determinado, restará extinta a pena. Trata-se de um benefício aplicado pelo Juiz, no momento em que profere a sentença condenatória. Sua previsão legal encontra-se nos artigos 77 a 82 do Código Penal brasileiro.
 Na legislação brasileira, têm-se quatro tipos de sursis penal: simples, especial, etária e humanitária.Vejamos cada uma das espécies de sursis penal isoladamente:
 1.2 Espécies de Sursis
1.2.1 Sursis Simples
 A Sursis Simples é aquela em que impõe ao sujeito a condição de prestação de serviço a comunidade ou limitação de finais de semana durante o primeiro ano.
 Para a concessão da Sursis Simples, faz-se necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:
1.2.1.1 Requisitos para a concessão da suspensão condicional da pena
1.2.1.1.1   Requisitos objetivos
Pena privativa de liberdade;
Que a pena privativa de liberdade não seja superior a 2 anos;
Impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito.
  1.2.1.1.2 Requisitos subjetivos
Não seja reincidente em crime doloso (obs.: a condenação anterior a pena de multa não impede a SURSIS Penal – art. 77, § 1º, do CP)
Circunstâncias judiciais favoráveis
1.2.2 Sursis Especial
 O Sursis especial é aquele que possui as seguintes condições (cumulativas):
Proibição de frequentar determinados lugares;
Proibição de se ausentar da comarca sem autorização do juiz;
Comparecimento mensal em juízo
 Tendo em vista que a Sursis Especial é mais branda que a Sursis Simples para sua concessão, além dos requisitos da Sursis Simples a Sursis Especial possui mais dois requisitos: a reparação do dano e que as condições do art. 59 do CP sejam inteiramente favoráveis.
 1.2.3 Sursis Etário
 É aquela aplicada ao sujeito maior de 70 anos. A posição que prevalece é a de que os demais requisitos da Sursis devem ser preenchidos para que o sujeito tenha direito a Sursis Etário.
 1.2.4 Sursis Humanitário
 É aquela aplicada em razão de problemas de saúde. Assim como na Sursis Etário, entende-se que a posição que prevalece é aquela de serem preenchidos todos os demais requisitos da Sursis Simples.
1.3 Revogação
 A suspensão da pena é condicional e, assim, pode ser revogada se não for obedecida as condições, nos termos em que a lei estabelecer devendo o sentenciado nessa hipótese, cumprir integralmente a pena que lhe foi imposta. Existem causas de revogação obrigatória e de revogação facultativa do sursis.
1.3.1 Revogação obrigatória
 A primeira causa de revogação obrigatória ocorre quando o beneficiário, no curso do prazo, “é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso” (art. 81, I do CP).
 A segunda causa de revogação obrigatória do sursis ocorre quando o beneficiário frustrar, embora solvente a execução da pena de multa (art.81, II – segunda, hipótese do CP). Comprovada a impossibilidade de revogação, por dificuldades econômicas ou outra causa não se pode revogar o benefício.
 Por fim, revoga-se obrigatoriamente o sursis, quando o condenado descumpre a condição do art. 78 §1º do CP: "No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48)".
 Diante da nova redação do art.51 do CP, não há como substituir a frustração da execução da pena de multa como causa obrigatória de revogação da suspensão condicional da pena.
1.3.2 Revogação facultativa
 As causas de revogação facultativa do sursis estão previstas no art. 81 §1º do CP. Pode a suspensão ser revogada, em primeiro lugar se o condenado deixar de cumprir qualquer das condições impostas. .
 Refere-se a lei às condições jurídicas previstas no art. 79 do CP, bem como aquelas escolhidas pelo magistrado entre as do art.78 § 2º do CP quando, de concessão do sursis especial8 .
 A condenação irrecorrível por crime culposo ou contravenção penal e do descumprimento da prestação de serviços, a comunidade ou limitação de fim de semana, acarretam a revogação facultativa do benefício.
1.3.3 Efeitos da revogação
 O condenado deve cumprir as condições durante o período de prova. Se não as cumpre, revoga-se o sursis, devendo cumprir por inteiro a pena privativa de liberdade que se encontrava com a sua execução suspensa8 .
 O sursis é uma forma de execução da pena de modo que durante a sua vigência a sentença penal produz efeitos que perduram até a reabilitação. O período de prova consiste no lapso temporal durante o qual o condenado ficará obrigado ao cumprimento das condições impostas, como garantia de sua liberdade.
1.4 Prorrogação do prazo da suspensão
 Ocorre a prorrogação do prazo da suspensão, prescrito no § 2.º do art. 81, quando o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção. Esta prorrogação será até o julgamento definitivo do processo em andamento. A palavra “processo” nos faz entender que não basta a prática de uma infração penal ou a instauração do inquérito policial, tem que ter havido a abertura do processo judicial (nova ação penal), para que se prorrogue o prazo do sursis. A prorrogação é automática, não dependendo de decisão do juiz.
 Não há impedimento da aplicação do sursis ao condenado por crime hediondo ou equiparado, desde que preencha as condições legais. “ A lei n.º 8.072/90 não veda a concessão do sursis” (TJMG, Súmula n.º 7).
1.5 Pontos controversos
1.5.1 Sursis e indulto
Ambos são tema de controvérsias e divergências doutrinárias no quesito compatibilidade, visto que há uma posição diz não serem compatíveis, já que o indulto é destinado a condenados que cumprem pena em regime carcerário e que quem está em liberdade não necessita de indulto. Já outra posição afirma ter compatibilidade entre ambos, com o argumento de que o indulto é destinado a condenados em cumprimento de pena, uma vez que a suspensão condicional é uma forma alternativa de execução da pena.
Este último posicionamento é o majoritário.
1.5.2 Réu ausente
O fato do réu citado não comparecer para interrogatório ou não acompanhar o processo, mesmo que somente por meio do advogado, não há motivos para impedir a aplicação do sursis ao caso. Por sua vez, pode ocorrer obstáculo ao recebimento do beneficio caso o mesmo não comparecer à audiência admonitória quando a condenação for efetivada, o que faz perder o efeito do sursis.
1.5.3 Sursis para estrangeiros de passagem pelo Brasil
Uma posição afirma não poder ser concedido tal benefício, pois segundo o Decreto-lei 4.865/42 seria proibido, e quando em posse desse benefício, os estrangeiros poderiam simplesmente ir embora do país sem ao menos cumprir as condições. Por outro lado, outra posição afirma que pode sim ser feita tal concessão, baseando-se no caput do art. 5º da CF que afirma que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, se apoiando também no fato do Estatuto do Estrangeiro nada ter disposto sobre esse tema o que faz revogar tacitamente a proibição feita pelo Decreto-lei 4.856/42.
Interessante lembrar que existem decisões jurisprudenciais com as duas posições.
1.5.4 Sursis e habeas corpus
O habeas corpus não é, em regra, o meio adequado para pedir a concessão do sursis. No entanto em casos excepcionais faz-se necessário e viável o uso de tal remédio constitucional, como por exemplo se por alguma arbitrariedade do juiz não for observado e concedido o direito da suspensão condicional da pena, ou então forem impostas condições excessivas a esta.
1.5.5 Sursis para crime hediondo
De primeira parece ser absurda e absolutamente inviável essa combinação, mas pode sim ocorrer, como por exemplo no caso da tentativa de estupro onde o crimetem sua pena mínima fixada em 6 anos, mas se for só tentativa poderá ser diminuída em até 2/3 e aí sim chegará ao limite máximo da condição de aplicação do sursis – 2 anos. Apesar disso este tema também divide opiniões: para uns cabe sursis pois a lei 8.072/90 não fez qualquer referência à vedação de sua aplicação, enquanto para outros não cabe sursis pois mesmo sem a vedação pela lei, o fato de ser crime hediondo já prevê pena inicial em regime fechado.
A posição aceitante é a corrente majoritária sobre o assunto, o que não quer dizer que deverá sempre ser aplicada, visto que deve ser feita a análise de cada caso concreto para assim aplicar ou não o benefício.
1.5.6 Sursis e outros processos em andamento
O fato do réu estar respondendo por outros processos não constitui por si só o impedimento da aplicação do benefício. É certo que outros processos podem configurar maus antecedentes o que vem a influenciar na decisão de conceder a suspensão condicional. NUCCI (2009) diz ser correto a concessão do benefício e, posteriormente, se houver outras condenações, ser o benefício revogado, em sede de execução penal.
2. Suspensão Condicional do Processo
 
Introdução
 A Sursis Processual consiste em beneficio oferecido pelo Ministério Público no momento do oferecimento da denúncia e encontra-se previsto no artigo 89 da Lei 9.099/95. Destarte que apesar de estar na lei 9.099/95, esse instituto não se aplica apenas às infrações de menor potencial ofensivo.
 Aplica-se nas infrações cuja pena mínima não excede 1 ano. Exemplos: Furto (pena 1 a 4 anos) – tem direito a sursis processual; Estelionato (pena de 1 a 5 anos) – tem direito a sursis processual; Apropriação indébita (1 a 4 anos) – tem direito a sursis processual.
1.2 Suspensão Condicional do Processo: o correto momento processual de sua formalização em audiência pelo juiz
 A suspensão condicional do processo consiste em um instituto de natureza híbrida, de direito penal e processual penal, que foi introduzido no ordenamento jurídico pátrio pela Lei nº. 9.099/95, que dispõe essencialmente sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
 Embora esteja prevista na referida Lei, mais precisamente em seu art. 89, a suspensão condicional do processo, também chamada de sursis processual, alcança crimes não sujeitos aos Juizados Especiais Criminais, conforme expressamente dispõe o preceptivo legal em questão.
1.2.1 Os requisitos legais para a concessão do benefício 
 Os requisitos legais para a concessão do benefício são os seguintes: 1) o crime imputado ao réu não pode estar sujeito à jurisdição militar (art. 90-A); 2) a pena mínima cominada ao crime deve ser igual ou inferior a 1 (um) ano; 3) o réu não pode estar sendo processado por outro crime; 4) o réu não pode ter sido condenado por outro crime; e 5) devem estar presentes os requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
 Em relação ao terceiro requisito acima citado, parte da doutrina chegou a afirmar sua inconstitucionalidade, ao argumento de que violaria o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º., LVII, da Constituição), mas prevaleceu a posição doutrinária mais acertada, segundo a qual essa era uma questão de política legislativa e não caberia ao Poder Judiciário nela imiscuir-se.
 No que tange ao quarto requisito supra, prevalece a corrente doutrinária segundo a qual a condenação anterior do réu não impedirá o oferecimento da proposta de sursis processual se houver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, computado o período de prova da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
 Esse é o entendimento retratado no verbete nº. 52 da consolidação dos enunciados jurídicos e administrativos criminais em vigor resultantes das discussões dos encontros de juízes de Juizados Especiais Criminais e Turmas Recursais do Estado do Rio de Janeiro, segundo o qual “nas hipóteses em que a condenação anterior não gera reincidência é cabível a suspensão condicional do processo” (vide art. 64, I, do CP). 
 Assim, em todas as hipóteses em que o acusado satisfizer tais requisitos legais, o Ministério Público deverá oferecer-lhe a proposta de suspensão condicional do processo. Caso não ofereça, deverá justificar fundamentadamente a recusa.
1.2.2 Qual o papel do Poder Judiciário, na hipótese de o Ministério Público recusar-se, injustificadamente, ou, invocando justificativas improcedentes a oferecer a proposta de sursis processual ao réu, que satisfaz os requisitos legais?	
	
 Existem duas correntes a respeito do tema. A primeira defende a idéia de que o Juiz deve aplicar o art. 28 do Código de Processo Penal por analogia e remeter a questão ao Procurador-Geral de Justiça. 
Tal entendimento encontra-se esposado no verbete nº. 696 da súmula da jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual “reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal” (SIC). 
 Data venia, esse não é o melhor entendimento. Está com a razão a segunda corrente, que defende a possibilidade de o Juiz oferecer a proposta de suspensão condicional do processo de ofício ao réu que satisfaz os requisitos legais para tanto e tem o gozo do benefício frustrado por uma atuação ilegal, ilegítima, do órgão de 
acusação. 
De fato, não se pode admitir o Juiz (rectius, o Poder Judiciário) como mero espectador da atuação do Ministério Público, pois, por imposição dos princípios constitucionais da inafastabilidade da jurisdição e do devido processo legal, deve apreciar toda e qualquer questão que se apresentar em um processo judicial criminal, intercedendo em favor do réu quando houver abuso do poder de acusar. 
Realmente, a concessão da suspensão condicional do processo ao réu de ofício nesses casos de recusa ilegítima por parte do Parquet consubstancia-se em ato naturalmente decorrente do Poder Jurisdicional, ato este que constitui garantia fundamental dos cidadãos, cláusula pétrea da Constituição da República prevista nos incisos XXXV e LIV de seu art. 5º. 
Ora, sendo a jurisdição inafastável, não existe, nem pode existir questão que não possa ser apreciada pelo Poder Judiciário, principalmente em matéria criminal. Entender pela aplicação analógica do art. 28 do CPP nessas hipóteses importa em afastar do cidadão a jurisdição, o que é inadmissível e constitucionalmente vedado. 
Além disso, é de se ressaltar que o art. 28 do CPP não tem aplicação analógica às hipóteses sob análise. A analogia consiste em forma de auto-integração da ordem jurídica para suprir lacunas através da qual o intérprete aplica a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante. 
 Assim, um dos requisitos para a utilização da analogia é a semelhança entre a hipótese não prevista em lei e o caso com solução legalmente prevista cujo regramento se aproveitará naquela situação. 
 Na hipótese do art. 28 do CPP, o Juiz remete o processo ao Procurador-Geral de Justiça quando o Promotor de Justiça se recusa a denunciar o réu. Já no caso da recusa indevida do Promotor de Justiça em oferecer a suspensão condicional do processo, ocorre justamente o contrário: o Parquet pretende continuar a persecução penal do réu e o Juiz, verificando que o réu tem direito ao sursis processual, a oferece e, com a aceitação do réu, suspende o processo, impedindo a persecução penal. 
 
 O que se quer dizer é que o Juiz preside o processo e o fato de ter o legislador investido o Ministério Público da possibilidade de formular a proposta de suspensão não deu a este o poder de dispor da ação, tampouco retirou do magistrado a presidência doprocesso. 
Sustenta-se, em síntese, que não há disponibilidade da ação penal, pois em princípio a suspensão atinge tão somente a categoria processo. Tanto é assim que, havendo uma causa de revogação, o processo volta a tramitar e nenhum prejuízo gerou para a ação” .
1.3 Suspensão Condicional do Processo: o correto momento processual de sua formalização em audiência pelo juiz
 “A Lei nº 9.099/95, desde que obedecidos os requisitos autorizadores, permite a suspensão condicional do processo, inclusive nas ações penais de iniciativa exclusivamente privada, sendo que a legitimidade para o oferecimento da proposta é do querelante. (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso)” (STJ, Apn 390/DF, Corte Especial, rel. Min. Felix Fischer, j. 6-3-2006, DJ de 10-4-2006, p. 106).
“Suspensão condicional do processo instaurado mediante ação penal privada: acertada, no caso, a admissibilidade, em tese, da suspensão, a legitimação para propô-la ou nela assentir é do querelante, não, do Ministério Público” (STF, HC 81.720/SP, 1ª T., rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 26-3-2002, DJ de 19-4-2002, p. 49).
 Se, apesar de cabível, a proposta não for oferecida pelo Ministério Público, restará ao juiz aplicar a regra do art. 28 do CPP, por analogia, e determinar a remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça para reapreciação da matéria. Já decidiu o Pleno do STF que:
“O instituto da suspensão condicional do processo constitui importante medida despenalizadora, estabelecida por motivos de política criminal, com o objetivo de possibilitar, em casos previamente especificados, que o processo nem chegue a se iniciar” (STF, AP 512 AgR/BA, Tribunal Pleno, rel. Min. Ayres Britto, j. 15-3-2012, DJe77, de 20-4-2012).
 A propósito desse tema, diz a Súmula 696 do STF que “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”.
 Por outro vértice, não há como suprir validamente eventual recusa injustificada do querelante em propor a suspensão condicional, por falta de disposição expressa e alternativa jurídica viável. Por certo não é caso de se permitir proposta feita por Promotor de Justiça, tampouco aplicar a Súmula 696. De igual modo, não poderá o juiz ultrapassar os limites de sua atuação no processo de modelo acusatório e formular proposta.
 Em homenagem ao princípio da presunção de inocência, oferecida a proposta, na sistemática procedimental vigente o correto é primeiro o juiz apreciar se é caso de rejeição da inicial acusatória, decisão cabível à luz do disposto no art. 395 do CPP, segundo o qual “A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal”.
 Não sendo caso de colocar fim desde logo à pretensão do Estado-acusador, deverá receber a denúncia, designar audiência específica para a formalização da proposta, determinar a citação do acusado para responder à acusação, por escrito (CPP, caput do art. 396), bem como a intimação do acusado, de seu Defensor, e do Ministério Público para comparecimento na audiência especialmente designada.
 O Pleno do STF já se pronunciou sobre o direito do acusado de aguardar eventual rejeição da inicial para só depois se manifestar sobre a proposta de suspensão condicional, assim o fazendo nos seguintes termos:
“Diante da formulação de proposta de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público, o denunciado tem o direito de aguardar a fase de recebimento da denúncia, para declarar se a aceita ou não. A suspensão condicional do processo, embora traga ínsita a ideia de benefício ao denunciado, que se vê afastado da ação penal mediante o cumprimento de certas condições, não deixa de representar constrangimento, caracterizado pela necessidade de submeter-se a condições que, viesse a ser exonerado da acusação, não lhe seriam impostas. Diante da apresentação da acusação pelo Parquet, a interpretação legal que melhor se coaduna com o princípio da presunção de inocência e a garantia da ampla defesa é a que permite ao denunciado decidir se aceita a proposta após o eventual decreto de recebimento da denúncia e do consequente reconhecimento, pelo Poder Judiciário, da aptidão da peça acusatória e da existência de justa causa para a ação penal. Questão de ordem que se resolve no sentido de permitir a manifestação dos denunciados, quanto à proposta de suspensão condicional do processo, após o eventual recebimento da denúncia” (STF, Pet 3.898/DF, Tribunal Pleno, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 27-8-2009, DJe 237, de 18-12-2009).
 Mas é preciso ir além, de maneira que só depois de verificada a absoluta viabilidade da ação penal – o que pressupõe prévia análise judicial a respeito das causas de rejeição da inicial e de absolvição sumária – é que o juiz deverá formalizar a proposta em audiência. Nos precisos termos do art. 397 do CPP, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.
 Contraria o processo guiado por regras democráticas admitir que o juiz possa formalizar a proposta de suspensão condicional sem antes decidir a respeito das graves prejudiciais apontadas no art. 397 do CPP, especialmente quando manifestas ou evidentes. A opção contrária levaria ao extremo de se admitir a suspensão do processo, por exemplo, quando evidente a incidência de causa de extinção da punibilidade.
 Cabe observar, por fim, que a proposta, como ato de disposição do acusador é sempre unilateral, contudo, para surtir efeito deve ser aceita, e sob tal enfoque passa a ser bilateral. Diz a lei que ela deve ser aceita pelo acusado e por seu Defensor. Havendo dissenso entre eles quanto à aceitação, a rigor deveria prevalecer a opção técnica, feita pelo Defensor, que detém melhores condições de avaliar o quadro processual, mas o § 7º do artigo 89 diz que se o acusado não aceitar a proposta, o processo prosseguirá. Em face disso, de nada adianta a aceitação isolada manifestada pelo Defensor.[3]
 Se o acusado aceitar a proposta formalizada pelo juiz, o processo ficará suspenso pelo prazo fixado, e, não ocorrendo descumprimento injustificado das condições acordadas, o juiz declarará extinta a punibilidade do agente (§ 5º do art. 89).
SURSIS DA PENA X SURSIS DO PROCESSO
	
	SURSIS DA PENA
	SURSIS DO PROCESSO
	Previsão legal
	Art. 77, Código Penal
	Art. 89, Lei 9099/95
	Requisitos 
	Objetivos
- Não superiores a 2 anos no sursis simples e especial e não superior a 4 anos no etário ou humanitário;
-Não reincidente em crime doloso;
Subjetivos
- Os antecedentes, a culpabilidade, a personalidade e a conduta social e as circunstancias e motivos que permitam o benefício;
	
Objetivos
- Pena mínima cominada até 1 ano;
- Não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime;
- Não reincidente em crime doloso;
Subjetivos
- Os antecedentes, a culpabilidade, a personalidade e a conduta social e as circunstancias e motivos que permitam o benefício;
	Momento 
	Na sentença;
	No oferecimento da denúncia, no corpo dela ou não;
	Condenação
	Ocorre condenação;
	Não ocorre condenação;
	Culpabilidade
	Há análise da culpabilidade;
	Não há formação do juízo de culpabilidade;
	Consequências 
	Induz reincidência;
	Não induz reincidência 
	Aceitação
	Não depende da aceitação do réu, podendo também ser recusado;
	Depende da aceitação do réu;
	Prescrição
	Não influencia na prescrição;
	Suspende o prazo prescricional;
	Revogação obrigatória- Se houver outra condenação, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
- Se frustrar a execução da pena de multa ou não efetuar a reparação do dano, sem motivo justificado;
- Se no primeiro ano do prazo não prestar serviços à comunidade ou descumprir aos limites de fim de semana;
	- Se vier a ocorrer processo por outro crime;
- Se não efetuar a reparação do dano, sem motivo justificado;
	Revogação facultativa
	- Se descumprir qualquer outra condição imposta;
- Se houver condenação a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, por crime culposo ou contravenção, e irrecorrível;
	- Se vier a correr processo por contravenção, no curso do prazo;
- Se descumprir qualquer outra condição imposta;
	Efeito da revogação
	Cumprimento integral da pena;
	Reestabelecimento do processo;
	Cumprimento
	Extingue a pena privativa de liberdade;
	Extingue a punibilidade;
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 15ª ed., v. 1, São Paulo: Saraiva, 2011.
DELMANTO, Celso e outros. Código Penal Comentado. 5. ed. Rio de Janeiro : Renovar, 2000.
JESUS, Damásio E. de. Direito penal, parte geral 21ª ed. São Paulo: Saraiva,1998.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 17.ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.
NUCCI,Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 6ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
 
 
 
Ação Penal
Introdução
 Ação penal é o direito subjetivo público autônomo e abstrato de invocar a tutela jurisdicional do Estado para que este resolva conflitos provenientes da prática de condutas definidas em lei como crime. A Possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, a legitimidade “ad causam” e a justa causa são as denominadas condições para o exercício da Ação Penal. O pedido será possível juridicamente se a conduta praticada for típica, formal ou materialmente.
 O Interesse de agir é a necessidade e utilidade de ingressar com a ação penal. Terá  a legitimidade ad causam o autor da ação se este for titular do direito ao qual a prestação da atividade jurisdicional protegerá, sendo o réu responsável pela lesão ao direito do autor. A justa causa nada mais é do que materialidade e indícios de autoria do crime em questão.
1.2 Espécies de Ação Penal
 A Ação penal poderá ser de iniciativa Pública ou Privada.
Ação Penal Pública
 Na Ação Penal de iniciativa Pública, o Ministério Público é  obrigado a oferecer a denúncia, desde que estejam presentes as condições da ação, não podendo o mesmo desistir da Ação nem do Recurso interposto; Se obriga Também o Ministério Público a denunciar a todos os autores do crime (para a vedação da vingança); A autoridade oficial do Estado é responsável pela propositura da ação; Nenhum efeito da ação penal poderá afetar terceiros, pois a responsabilidade penal é subjetiva e personalíssima; A Ação Penal de iniciativa Pública se divide em Incondicionada e Condicionada.
Ação Penal Pública Incondicionada
 O art.129, I da Constituição Federal dispõe que é função institucional do Ministério Público, privativamente, promover ação penal pública, na forma da lei. Já o art.24 do Código Processual Penal, preceitua que, nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, dependendo, quando exigido por lei, de requisição do ministro da Justiça ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Daí a distinção a ser feita entre ação penal pública Incondicionada e Condicionada: quando promovida pelo Ministério Público sem que haja necessidade de manifestação de vontade da vítima ou de outra pessoa, a ação pena; é Incondicionada; quando, entretanto, por lei o Órgão Ministerial depende da representação da vítima ou da requisição o Ministro da Justiça para a interposição da ação, esta é classificada como Ação Penal Pública Condicionada.
Ação Penal Pública Condicionada
 Embora continue sendo do Ministério Público a iniciativa para interposição da ação penal pública, neste caso, esta fica condicionada à representação do ofendido ou requisição do ministro da Justiça. “São crimes em que o interesse público fica em segundo plano, dado que a lesão atinge primacialmente o interesse privado”.[3]
 No caso da ação penal pública condicionada, o ofendido autoriza o Estado a promover processualmente a apuração infracionária. A esta autorização dá-se o nome de representação, com a qual o órgão competente, ou seja, o parquet, assume o dominus litis, sendo irrelevante, a partir daí, que venha o ofendido a mudar de idéia.
 Quando a ação penal for condicionada, a lei o dirá expressamente, trazendo, em geral ao fim do artigo, o preceito de que somente proceder-se-á mediante representação.
Ação Penal Privada
 É aquela cuja legitimidade para agir é do ofendido ou de seu representante legal. Manifesta-se através de queixa. No caso de morte do ofendido, ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de formular queixa ou de prosseguir na ação se transfere ao cônjuge, ascendente ou irmão. As hipóteses da ação em epígrafe são expressamente mencionadas na lei.

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