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Materiais de Construção Mecânica Aplicada 6º SEMESTRE (ENG. MEC) Prof.Luciano de Lima Lopes luciano.lopes@docente.unip.br AULA 6 Tratamentos Térmicos Prof. Luciano de Lima Lopes luciano.lopes@docente.unip.br 3 Tratamentos Térmicos Origem do tratamento térmico Introdução O imperador romano Júlio César já afirmava, no ano 55 a.C., que os guerreiros bretões se defrontavam com o problema de suas armas entortarem após certo tempo de uso. Isso os obrigava a interromper as lutas para consertar suas armas de ferro. Os romanos, por sua vez, já haviam descoberto que o ferro se tornava mais duro quando aquecido durante longo tempo num leito de carvão vegetal e resfriado, em seguida, em salmoura. Esse procedimento pode ser considerado a primeira forma de tratamento térmico, pois permitia a fabricação de armas mais duras e mais resistentes Definição Tratamento térmico é o conjunto de operações de aquecimento e resfriamento a que são submetidos os aços, sob condições controladas de temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de resfriamento, com o objetivo de alterar as suas propriedades ou conferir-lhes características determinadas. Tratamento Térmico durante o processo de fabricação OBJETIVO: Obtenção das propriedades físicas desejadas Ciclo Térmico T e m p e ra tu ra ( ºC ) log tempo (s) a)Velocidade de aquecimento: b)Temperatura de patamar e tempo de permanência na temp. (encharque); c)Velocidade de resfriamento; d) Atmosfera do forno. 727ºC 900ºC (d) Atmosfera do Forno: Oxidante Redutora Neutra (argônio) Vácuo Ac1 Acm Zona crítica O tratamento térmico provoca mudanças nas propriedades mecânicas do aço. Essas mudanças dependem de três fatores: - Temperatura de aquecimento; - Velocidade de resfriamento; - Composição química do material. Estrutura Cristalina de Corpo Centrado - CCC Ciclo Térmico Tratamentos Térmicos e Controle da Microestrutura • Finalidade: Alterar as microestruturas e como consequência as propriedades mecânicas das ligas metálicas. MICROESTRUTURAS PROPRIEDADES MECÂNICAS Principais Objetivos dos Tratamentos Térmicos • Remoção de tensões internas (oriundas de esfriamento desigual, trabalho mecânico ou outra causa); • Aumento ou diminuição da dureza; • Aumento da resistência mecânica; • Melhora da ductilidade; • Melhora da usinabilidade; • Melhora da resistência ao desgaste; • Melhora das propriedades de corte; • Melhora da resistência à corrosão; • Melhora da resistência ao calor; • Modificação das propriedades elétricas e magnéticas. Aquecimento de Um Aço Carbono Com 0,4% De Carbono 300ºc 850ºC 760ºC Tratamentos Térmicos Em geral, a melhora de uma ou mais propriedades, mediante um determinado tratamento térmico, é conseguida com prejuízo de outras. Por exemplo: O aumento da ductilidade provoca: • diminuição da dureza; •diminuição da resistência à tração. Tensão Temperado Revenido Recozido Deformação Grandezas importantes Velocidade de resfriamento define as propriedades finais É necessário saber utilizar os diagramas de fases para que seja possível projetar um tratamento térmico para uma dada liga que possua as características mecânicas desejadas à temperatura ambiente. Na prática, as transformações de fases, em geral, não ocorrem em condições de equilíbrio e não podem ser analisadas através do diagrama de equilíbrio. Para a análise das transformações em condições de não equilíbrio foram desenvolvidos novos diagramas que levam em conta a variável tempo. Diagrama de Transformação de Fases ➢ Tais diagramas são denominados curvas TTT (por representarem as Transformações de fase em função do Tempo e da Temperatura). ➢ Nos diagramas de equilíbrio as variáveis são a temperatura e a composição, com a introdução da variável tempo, no caso das curvas TTT. Diagrama de Transformação de Fases Diagrama de Transformação de Fases As transformações vistas no diagrama Fe-C pressupõem velocidades de resfriamento bastante baixas, de forma que todos os rearranjos atômicos possam se completar. Mudanças importantes podem acontecer se o aço, sob temperatura acima de 727°C, for bruscamente resfriado. As transformações podem não se efetivar totalmente e outras podem ocorrer, afetando sensivelmente as propriedades mecânicas. O gráfico da Figura 01 é um exemplo aproximado para um aço eutetóide, considerado inicialmente em temperatura na região da austenita (acima de 727°C, linha A) e posteriormente resfriado. Têmpera ➢Têmpera é um dos processos utilizados no tratamento térmico de metais para aumentar a dureza e consequentemente a resistência dos mesmos. ➢ O processo da têmpera consiste em duas etapas: Aquecimento e esfriamento rápido ou brusco. O aquecimento visa obter a organização dos cristais do metal, numa fase chamada austenitização. ➢ O nome Austenita deriva do sobrenome, Austen, do descobridor dessa fase, a qual é explicada abaixo. O esfriamento brusco visa obter a estrutura martensita (supersaturada em carbono; nome deriva do sobrenome Martens, de seu descobridor). ➢Na têmpera o aquecimento deve ser superior à temperatura crítica, que é de 727ºC. ➢O objetivo é conduzir o metal a uma fase, na qual se obtém o melhor arranjo possível dos cristais do metal, e portanto, da futura dureza. ➢Severidade de tempera – depende do meio onde o aço é resfriado depois da austenitização. Têmpera ➢ Têmpera por chama: Aquecimento provém de chama direcionada à peça, através de maçarico ou outro instrumento, podendo assim ser parcialmente temperada. O aquecimento é obtido por indução elétrica, seguida de um resfriamento brusco, normalmente em água. ➢ Têmpera superficial: Aquecimento somente da superfície através de indução ou chama até a austenitização, seguida de um resfriamento rápido. ➢ Têmpera total: Aquecimento total da peça até temperatura de austenitização seguida de resfriamento, em meio pré- determinado. Têmpera ➢ Têmpera por indução: O aço é aquecido por um campo magnético gerado por uma corrente alternada de alta frequência que passa através de um indutor (bobina de cobre resfriada a água). Campo gerado depende da resistência da corrente e do número de voltas da bobina. Têmpera • O aumento do teor de C e / ou a adição de elementos de liga (exceto o Co) deslocam as curvas TTT para a direita, possibilitando o uso de meios de têmpera menos severos para a obtenção da microestrutura martensítica. A M P B T Tempo [s] 25 50 75 Têmpera Martêmpera e Austêmpera ➢ Tratamentos para evitar distorções e trincas nos materiais. ➢ Martêmpera => martensita com grãos uniformes. ➢ Austêmpera => bainita O resfriamento é temporariamente interrompido, criando um passo isotérmico, no qual toda a peça atinge a mesma temperatura. A seguir o resfriamento é feito lentamente de forma que a martensita se forma uniformemente através da peça. A ductilidade é conseguida através de um revenimento final. Martêmpera Austêmpera Neste processo o procedimento é análogo à martêmpera. Entretanto a fase isotérmica é prolongada até que ocorra a completa transformação em bainita. Como a microestrutura formada é mais estável (a +Fe3C), o resfriamento subsequente não gera martensita. Não existe a fase de reaquecimento, tornando o processo mais barato. Revenimento ➢ O aço antes deve ser temperado. Elimina tensões internas da têmpera, diminui o limite de escoamento e aumenta em muito a ductilidade. ➢ A têmpera gera grandes tensões no material (aexpansão volumétrica gerada pela martensita é de até 4%), por isso deve ser sempre acompanhada de revenimento. ➢ O revenimento alivia ou remove tensões, corrige a dureza e a fragilidade, aumenta a dureza e a tenacidade do material. ➢ A temperatura do revenimento deve ser escolhida para atender as propriedades especificadas em projeto. Operação de têmpera com posterior revenimento Revenimento Tensão Temperado Revenido Recozido Deformação Recozimento ➢ Tratamento térmico no qual o material é exposto a uma temperatura elevada por um período de tempo prolongado e em seguida resfriado lentamente. ➢ Objetivos: Aliviar tensões, tornar o material mais mole, dúctil e tenaz e produzir uma microestrutura específica. ➢ Qualquer processo de recozimento consiste em três estágios: (1) aquecimento até a temperatura desejada, (2) manutenção da temperatura e (3) resfriamento, geralmente até a temperatura ambiente. ➢ O tempo é um fator importante na condução desse tratamento térmico devido aos gradientes de temperatura. Recozimento Tensão Temperado Revenido Recozido Deformação Austenitizar e resfriar a lentamente (forno desligado). Obtenção de estruturas de equilíbrio T e m p e ra tu ra ° C Tempo (s) Zona Crítica Forno Contínuo Normalização Austenitizar e resfriar ao ar. Reduz o tamanho de grão ➢ O tratamento de normalização é definido como o aquecimento de uma liga ferrosa em uma temperatura adequada acima da temperatura de transformação (zona crítica), seguido por um resfriamento ao ar até a temperatura ambiente. ➢ FINALIDADE: uniformizar e refinar a granulação e estrutura dos aços. ➢ Os aços normalizados apresentam como microconstituintes, perlita fina, ferrita e cementita, conforme o teor de carbono. Normalização Os processos são desenvolvidos por chama ou por indução. Têmpera por chama Antes da têmpera por chama é necessário o fazer uma normalização. Aplicado em peças de tamanho grande ou de formato complexo, que não podem ser temperadas em forno de câmara ou em banho de sal. O aquecimento é feito com maçarico oxiacetilênico a temperatura deve ficar acima da zona crítica. Após o aquecimento, a peça é resfriada por jato d’água ou por imersão em óleo. Um ensaio de dureza mostra a grande diferença de dureza entre a superfície e o núcleo. A têmpera superficial pode ser feita pelos métodos estacionário, progressivo ou combinado. Têmpera superficial Têmpera superficial - por chama Método estacionário Consiste em aplicar a chama na peça, a uma temperatura de 800ºC. A chama move-se sobre a área que será endurecida. O resfriamento é imediato na água ou no óleo. Têmpera superficial Têmpera superficial - por chama Método progressivo A peça se move e o maçarico permanece fixo. O resfriamento é feito logo após a chama ter aquecido a superfície da peça. Têmpera superficial Têmpera superficial - por chama Método combinado A peça e o maçarico movem-se simultaneamente. É aplicado, geralmente, em peças cilíndricas e de grande tamanho. A dureza final obtida varia de 53 a 62 Rockwell C. A espessura da camada endurecida pode atingir até 10mm. Têmpera superficial Por Indução A peça é colocada numa bobina em que circula uma corrente elétrica de alta freqüência. Dentro da bobina indutora, é gerado um forte campo eletromagnético. A resistência que a peça oferece à passagem desse campo provoca o aquecimento da superfície até uma temperatura acima da zona crítica. Imediatamente após o aquecimento, a peça é resfriada por jatos de água ou de óleo. Na superfície, forma-se martensita. Têmpera superficial Têmpera superficial - por Indução Após a têmpera superficial, é necessário revenir a camada endurecida. O revenimento pode ser feito, também, com aquecimento por indução, seguido de resfriamento lento. A vantagem da têmpera por indução é que ela permite um controle bastante preciso da profundidade da camada que recebe o tratamento. É um processo mais preciso e seguro do que o da têmpera por chama. Têmpera superficial ➢ Os tratamentos termoquímicos promovem um endurecimento superficial pela modificação da composição química e microestrutura em regiões superficiais. ➢ Seu objetivo é o aumento de dureza e resistência ao desgaste de uma camada superficial, mantendo-se a microestrutura do núcleo dúctil e tenaz. ➢ Os tratamentos termoquímicos mais importantes industrialmente são: ✓ cementação; ✓ nitretação ✓carbonitretação. Tratamentos Termoquímicos A cementação consiste em introduzir maiores quantidades de carbono em superfícies de aço com baixos teores de carbono. Por isso, é indicada para aços-carbono ou aços-ligas cujo teor original de carbono seja inferior a 0,25%. A cementação aumenta esse teor até valores em torno de 1%, assegurando uma superfície dura e um núcleo tenaz. Cementação Aplicações: eixos e engrenagens de transmissão de componentes automotivos, de turbinas eólicas e de bombas Cementação ➢ Tratamento superficial que consiste em se introduzir carbono na superfície do aço com o objetivo de se aumentar a dureza superficial do material, depois de convenientemente temperado. ➢ Aços de baixo teor de carbono. ➢ Aquecimento em campo austenítico (900-1000ºC) - difusão do C na fase gama. ➢ A cementação é classificada de acordo com o meio empregado para a difusão de carbono: cementação gasosa, cementação líquida e cementação solida. Certas peças que trabalham em atrito permanente correm o risco de se desgastar com facilidade. É o caso, por exemplo, do girabrequim, das camisas de cilindros, dos pinos, dos rotores, que precisam ter alta resistência ao desgaste sob temperatura relativamente elevada. A peça pode adquirir esse nível de resistência por meio da técnica chamada nitretação. A nitretação é indicada na obtenção de peças com superfície de maior dureza, para aumentar a resistência do desgaste, à fadiga, à corrosão e ao calor. Os aços que melhor se prestam a esse tratamento são os nitralloy steels, que são aços que contêm cromo, molibdênio, alumínio e um pouco de níquel. Em geral, a nitretação é feita depois da têmpera e do revenimento. Assim, as peças nitretadas não precisam de qualquer outro tratamento térmico, o que contribui para um baixo índice de distorção ou empenamento Nitretação Nitretação Enriquecimento superficial com nitrogênio, usando-se de um ambiente nitrogenoso à determinada temperatura, buscando o aumento da dureza do aço até certa profundidade. O objetivo é difundir o nitrogênio, para isso, temperaturas abaixo de 720°C são ideais. A nitretação tem menos empenamento em relação a cementação, porem, a camada é muito mais fina, chega a 0,3μm por nitretação gasosa. Esse processo consiste em introduzir carbono e nitrogênio na superfície do aço. O processo pode ser realizado em fornos de banhos de sal ou de atmosfera controlada (a gás). A superfície da camada carbonitretada adquire dureza e resistência ao desgaste. A temperatura do processo varia de 705ºC a 900ºC, com uma duração de duas horas. Após esse tempo, as peças são resfriadas em água ou óleo. Obtém-se uma camada com espessura de 0,07 a 0,7mm. A carbonitretação é usada, geralmente, em peças de pequeno porte, como componentes de máquina de escrever, carburadores, relógios, aparelhos eletrodomésticos. Carbonitretação Procedimentos Procedimento: Ligar o forno, aguardar até que a temperatura fique homogênea. Com os EPI adequado, e o auxilio no manipulador, colocar a peça dentro forno e fechar. Aguardar a temperatura de austenitização da peça. Fazero resfriamento de acordo com o tratamento a ser realizado. Relação dos materiais: - Forno - Peça - Manipulador - EPI - Água/óleo
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