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Características dos Signos Em um sentido amplo, considera-se signo um elemento (uma palavra, um objeto, um som, uma imagem etc.) que representa outro elemento ou que lhe serve de substituto. Assim, uma foto de seu pai pode representá-lo. No entanto, essa representação ou substituição pode ou não implicar uma intenção de comunicação. Essa distinção – intenção de comunicar/ausência dessa intenção – já permite uma primeira classificação dos signos: signo natural × signo artificial. Signos naturais: Alguns estudiosos não consideram o signo natural um verdadeiro signo, uma vez que a intenção da comunicação é inexistente. A função do signo, em princípio, é a de comunicar alguma coisa a alguém, ou seja, criar comunicação. Observe esta foto com legenda: Nuvens negras são prenúncio de chuva no Rio de Janeiro. Nesse caso, não há comunicação no sentido estrito da palavra porque, num dos polos desse processo (o do remetente dos signos), está ausente a mente humana com o seu propósito de comunicar. As nuvens negras não têm a intenção de comunicar ao meteorologista ou às pessoas em geral a iminência da chuva; entretanto, são índices de chuva. A única relação existente nos processos indiciais é a que se estabelece entre o signo natural (nuvem negra) e o referente extralinguístico (chuva). 2. Signos artificiais: Os signos artificiais são os signos propriamente ditos, já que são utilizados conscientemente para estabelecer comunicação. O signo artificial é um artifício, algo elaborado, criado pelo homem, de acordo com um código convencional, para atender ao objetivo da comunicação social. Os signos artificiais são compostos por duas partes: o significante e o significado. Apesar de diferentes noções para essas partes, pode-se considerar o significante como a parte que expressa formalmente o conteúdo, e o significado, o conteúdo expresso. O signo será, portanto, a soma do significante com o significado e, dependendo da relação estabelecida entre eles, teremos um determinado tipo de signo. Existem dois tipos de signos artificiais: o não linguístico e o linguístico. 2.1 Signo do não linguístico 2.1.1. Símbolo Pode-se entender símbolo como um elemento concreto que representa uma noção abstrata. A relação entre o símbolo e o conteúdo simbolizado, segundo o linguista Ferdinand de Saussure, é parcialmente motivada, ou seja, a relação entre significante e significado é analógica. A associação do signo ao objeto geralmente é instituída ao longo do tempo, por meio de uma assimilação cultural. Em outras palavras, o significante marca uma relação de semelhança, constante numa dada cultura, com o elemento que ele representa – o significado. SIGNIFICANTE SIGNIFICADO JUSTIÇA É necessário destacar, contudo, que a representação do símbolo não é totalmente abrangente, porque o símbolo é uma parte de um todo (o conteúdo abstrato com o qual se relaciona). O significado de justiça é muito mais amplo que o conteúdo abrangido pela balança (significante), a qual recorda apenas um dos atributos da justiça: a igualdade. Assim, a representação simbólica é, de certo modo, deficiente. Há duas características inerentes ao símbolo: a polissemia e a sinonímia. A polissemia é a propriedade de um significante ter vários significados, enquanto a sinonímia é a propriedade de um significado ser simbolizado por diversos significantes. Polissemia SIGNIFICANTE SIGNIFICADO CRISTIANISMO MORTE HOSPITAL (...) Sinonímia SIGNIFICADO SIGNIFICANTE MORTE 2.1.2. ÍCONES O ícone (ou imagem) não é considerado um signo verdadeiro por todos os estudiosos, uma vez que a relação entre o significante e o significado do ícone não é convencional, mas necessária. SIGNIFICANTE SIGNIFICADO BRASIL Entre o mapa (significante) e o nosso país (significado), assim como acontece entre uma foto ou uma impressão digital e a pessoa a quem se referem, há certa similitude visual. A parte que expressa formalmente o conteúdo (significante) estabelece uma relação necessária com o conteúdo expressado (significado). Assim, não há nenhum tipo de relação convencional ou arbitrária: o mapa do Brasil só pode representar o Brasil, nunca outro país. 2.2. Signo linguístico Se há diversas teorias a respeito do signo, com o signo linguístico não é diferente; pelo contrário, ele é motivo de amplas discussões e análises, visto sob as mais diversas ópticas. Aqui será vista a teoria de Saussure, considerado o pai da Linguística. Segundo ele, “o signo linguístico é, pois, uma entidade psíquica de duas faces”, e “a combinação do conceito e da imagem acústica”. Essas “duas faces” (“o conceito” e a “imagem acústica”) são o significado e o significante, respectivamente. SIGNO LINGUÍSTICO CONCEITO IMAGEM ACÚSTICA SIGNIFICANTE SIGNIFICADO /pato/ /PATO/ A relação entre significante e significado é, no signo linguístico, ao mesmo tempo arbitrária, convencional e necessária. É arbitrária porque não existe nenhum vínculo interno entre o conceito representado e a série de fonemas que o representa. Prova disso está na variedade de denominações utilizadas de língua para língua a uma mesma realidade significada. É convencional porque o conceito é igual para todos. E é necessária porque, apesar de o significante ser arbitrário, ou seja, livremente escolhido, do ponto de vista da comunidade linguística ele não é livre, mas imposto. Não é possível dissociar o significante do seu significado; uma pessoa não pode escolher o significante que quiser para associá-lo ao seu significado. DUCK CANARD ENTE ANATRA PATO Outra característica do signo linguístico é o fato de ele se realizar no tempo e ser linear: duas unidades nunca se encontram num mesmo ponto da cadeia falada. As unidades valem, portanto, pela sua sucessão, pelo seu contraste e também por sua posição nessa cadeia. Essa posição pode, também, ser distintiva. PATO ≠ APTO ≠ TOPA O signo linguístico pertence ao sistema que constitui a língua; cada signo tem valor por oposição aos outros signos do sistema. O que importa é o seu caráter diferencial. A visão dicotômica do signo saussuriano encontra complementações, ressalvas, resistências e discordâncias por parte de muitos outros estudiosos, como Peirce, Hjelmslev, Guiraud, Greimas, Barthes, Bakhtin, Vigotsky, entre outros. Um bom exemplo que contesta tal visão são as palavras homônimas, que apresentam vários significados para um único significante, como o vocábulo banco, por exemplo. Além disso, o conceito de Bakhtin é mais abrangente. Segundo sua teoria, nenhum signo tem valor absoluto fora da interação social, ou seja, fora de um contexto, seja ele o contexto do próprio signo ou dos interlocutores que o utilizam. O fundamental aqui é mostrar a importância maior do signo linguístico em detrimento dos demais signos artificiais. Basta lembrar que todo signo não linguístico só pode ser traduzido por um signo linguístico, nunca por si mesmo.
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