Buscar

Organossolos: Conceito, Características e Formação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ORGANOSSOLOS
1. CONCEITO
Os Organossolos são conceituados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS)como "solos pouco evoluídos, constituídos por material orgânico de coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada, resultantes de acumulação de restos vegetais, em graus variáveis de decomposição, em condições de drenagem restrita (ambientes mal a muito mal drenados), ou em ambientes úmidos de altitudes elevadas, saturados com água por apenas poucos dias durante o período chuvoso" (Embrapa, 1999).
Solos pouco evoluídos, com preponderância de características devidas ao material orgânico, resultantes deacumulações de restos vegetais em graus variáveis de decomposição, em ambientes de drenagem restrita ou em locais úmidos de altitudes elevadas, que estão saturados com água por poucos dias no período chuvoso.
Embrapa (2006)
O material do solo é considerado como orgânico quando o teor de C for maior ou igual a 80 g kg-1, avaliado na fração terra fina seca ao ar (TFSA), tendo por base valores de determinação analítica, conforme método adotado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Solos."
Apresentam horizonte hístico, satisfazendo aos seguintes critérios:
a. 60 cm ou mais de espessura se 75% (expresso em volume) ou mais do material orgânico consiste em tecido vegetal na forma de restos de ramos finos, raízes finas, cascas de árvores, etc., excluindo as partes vivas; ou
 
b. Saturação com água no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante o período mais chuvoso, com horizonte O hístico apresentando as seguintes espessuras: 
 
1. 20 cm ou mais, quando sobrejacente a um contato lítico ou lítico fragmentário ou a um horizonte e/ou camada constituído por 90% ou mais (em volume) de material mineral com diâmetro maior que 2 mm (cascalhos, calhaus e matacões); ou
 
2. 40 cm ou mais quando sobrejacente a horizontes A, B e/ou C; ou
 
c. Saturação com água durante a maior parte do ano, na maioria dos anos, a menos que artificialmente drenados, apresentando horizonte H hístico com espessura de 40 cm ou mais, quer se estendendo em seção única a partir da superfície do solo, quer tomados cumulativamente dentro dos 80 cm a partir da superfície.
 2. CARACTERÍSICAS PRINCIPAIS
Usualmente são solos fortemente ácidos PH ENTRE 3.5 E 5.0
 apresentando alta capacidade de troca de cátions e baixa saturação por bases (distróficos), apresentando, por vezes, teor de alumínio elevado. Verificam-se, no entanto, esporádicas ocorrências de saturação média ou alta (eutróficos).
Ds < 1 g cm-3; • Alta retenção de água (10x); • Subsidência • Contraem-se quando secos e são de difícil reumidecimento (hidrofobicidade).
3. FORMAÇÃO
Diferentemente das demais classes de solos, a gênese dos Organossolos se dá a partir de materiais orgânicos de solo, com menor influência de materiais minerais derivados de rochas ou sedimentos.
Segundo Driessen (2001), a acumulação de materiais orgânicos se dá em condições onde há produção de material vegetal, em uma situação 'clímax' com constante deposição de serapilheira, troncos, galhos, folhas, raízes, etc. e onde a decomposição dos restos vegetais é retardada por:
- baixas temperaturas;
- persistência de saturação por água no perfil de solo;
- extrema acidez ou escassez de nutrientes (oligotrofismo); e, ou,
- altas concentrações de sais ou toxinas orgânicas.
A formação dos Organossolos envolve diferentes subprocessos e reações:
Acumulação de llteira - em condições tropicais, predomina no ambiente altimontano, com a formação de um horizonte O, de menor espessura, sobre a rocha ou material fragmentar parcialmente intemperizado. Neste caso, o principa-l mecanismo de formação é a adição de restos vegetais, sendo fatores determinantes a composição florística (organismos) e o clima úmido com temperaturas mais baixas, influenciadas pela condição de elevada altitude.
Humificação - ocorre em ambientes com drenagem livre ou onde houve drenagem superficial dos materiais orgânicos depositados em condições de hidromorfismo. O principal mecanismo é a transformação de matéria orgânica bruta em húmus, e os fatores determinantes na intensidade de transformação são a qualidade da matéria orgânica, a composição vegetal e o clima, com temperaturas altas, favorecendo o processo de humificação.
Decomposição - associada ao processo anterior, envolve um conjunto de reações químicas, biológicas e físicas na matéria orgânica do solo, uma vez que ocorre entrada de ar em maior profundidade, favorecendo a atividade de microrganismos do solo e intensificando o mecanismo de transformação. São fatores determinantes a composição vegetal, a oferta de nutrientes e a temperatura do solo.
Paludização - considerado por muitos autores como um processo geogênico, mais que pedogênico, relacionado à deposição e acumulação de turfas, que resulta na gênese de solos. Constitui-se na acumulação de camadas espessas de material orgânico, pela progressiva colonização por grupos de plantas e adição de restos vegetais em ambiente dominantemente anaeróbio, com a formação de turfas do tipo 'muck' ou 'peat', pouco transformadas. No processo de paludização, o relevo é fator determinante, bem como a composição florística.
Em ambiente tropical, o acúmulo de materiais orgânicos se dá, principalmente, sob condições de insuficiente oxigenação, em áreas planas e baixas, como em planícies costeiras, deltas, meandros abandonados, ambiente lagunar, áreas de surgência e depressões no terreno. O relevo tem forte influência na acumulação de resíduos vegetais, determinando a colonização por plantas adaptadas a ambientes saturados por água, várzeas alagadiças ou depressões pantanosas (banhados, brejos). Em um processo de sucessão vegetal, grupos de plantas adaptadas a graus distintos de umidade se estabelecem nas margens e na parte central de corpos d'água, submergem e morrem, em razão de variações no nível da água. Às massas vegetais depositadas nos fundos das depressões juntam-se também os esqueletos e demais restos de animais, suas dejeções e partes quitinosas de insetos, bem como sedimentos de materiais minerais oriundos dos terrenos a montante ou depósitos fluviais. Diferentes seqüências de plantas depositadas com o decorrer do tempo fazem com que a constituição das sucessivas camadas se modifique com a profundidade. A insuficiente circulação de O2 resulta na lenta decomposição da matéria orgânica, fazendo com que esta se acumule (Brady, 1989; Driessen, 2001).
4. OCORRENCIA
São identificados em diversos climas, estando normalmente associados a ambientes mal a muito mal drenados, como áreas baixas de várzeas, depressões e locais de surgentes, sob vegetação hidrófila ou higrófila, quer do tipo campestre ou florestal, ou a ambientes úmidos de altitudes elevadas (úmidas durante todo o ano), saturados com água por apenas poucos dias (menos de 30 dias consecutivos) durante o período chuvoso.
De acordo com os dados apresentados por Lopes (1984), no Simpósio Nacional de Solos Orgânicos, existem cerca de 200 milhões de ha de Organossolos no mundo. No Brasil, segundo o mesmo autor, existe cerca de 1 milhão de ha com Organossolos, pouco mais de 0,1 % do território nacionaL
A partir de levantamento bibliográfico de relatórios e boletins de mapeamento de solos no Brasil (levantamentos pedológicos realizados principalmente pela Embrapa e pelo IAC), foi estimada uma área de cerca de 611.883 ha de Organossolos no território brasileiro. Estes solos constituem unidades de mapeamento simples, ou são componentes de associações e complexos, correspondendo a cerca de 0,07 % do território nacional (Valladares, 2003).
5. CLASSIFICAÇÃO
O grau de decomposição das turfas tem implicações diretas no manejo dos Organossolos, sendo um critério importante para a sua classificação taxonômica. Turfas identificadas como sápricas possuem menos que 1/6 de material onde é possível identificar o tecido vegetal, após esfregar a amostra de solo suavemente entre os dedos. Este tipode turfa, quase totalmente ou totalmente decomposta, constitui o principal material de origem de muitos Organossolos. Turfas fíbricas caracterizam-se pela presença de mais de 2/3 do material reconhecível quanto à estrutura do tecido vegetal (após esfregar entre os dedos), sendo freqüentes em ambiente de florestas altimontanas, embora sejam também observadas em áreas costeiras com formação de manguezais. As turfas identificadas como hêmicas constituem-se de tipos intermediários entre as duas anteriores (Driessen, 2001).
A diferenciação de subordens no Organossolos se dá em função da presença de horizonte sulfúrico e, ou, materiais sulfídricos, indicando o ambiente de formação em áreas costeiras, sob influência de adições de sedimentos marinhos e de sais pela oscilação das marés, ou ambientes úmidos de clima altimontano, além de pedons formados em condições de hidromorfismo em áreas lacustres e de depressões
6. MOS
Para a quantificação dos teores de compostos orgânicos (CO) e da matéria orgânica do solo 
(MOS), existem diferentes métodos.
Para obter o teor de MOS são aplicados fatores multiplicativos. Segundo Embrapa (1997), o C participa com 58 % da composição média do húmus. Portanto, o teor de MOS é calculado pelo produto do teor de C multiplicado pelo fator 1,724.
7.  POTENCIAL E LIMITAÇÕES AO USO AGRÍCOLA
Apresentam limitações ou mesmo restrições ao uso agrícola, associadas à presença de teores elevados de materiais sulfídricos, de sais e de enxofre responsáveis por toxidez à maioria das culturas. Os solos de média a alta saturação por bases (eutróficos) indicam fertilidade natural mais alta, o que aumenta o potencial de uso agrícola destes solos.
Com relação às características físicas, apresentam restrições causadas por drenagem deficiente relacionadas aos ambientes de ocorrência destas classes de solos. Também, em função da tendência à subsidência (abaixamento do nível da superfície do solo causada pela retração do material) típica destes solos, apresentam forte restrição à mecanização.
Dentre as classes de Organossolos, as que apresentam maior fragilidade e menor potencial agrícola são aquelas formadas em ambiente costeiro, onde a deposição e o acúmulo do material orgânico estão associados à influência das marés, com ocorrência de horizonte sulfúrico e, ou, presença de altos teores de sais, devendo-se constituir, até pela própria localização na paisagem, em áreas de preservação ambienta!.
Apesar do potencial agrícola e da importância ecológica, ainda são poucos os estudos feitos para a caracterização adequada dos Organossolos, bem como para soluções para seu manejo agrícola. 
8. MANEJO
Estes solos são muito suscetíveis ao cultivo. Embora sejam adotados uso e manejo adequados, estes podem ser muito lentamente modificados. Seu manejo requer cuidados quando drenados. Os solos orgânicos podem ter seu potencial de uso afetado por drenagem excessiva ou mal conduzida.
A maior parte das culturas agrícolas requer um solo profundo, úmido, não saturado, com boa aeração e fertilidade elevada para o desenvolvimento de um sistema radicular adequado. Isso significa que na maioria das áreas de turfas e Organossolos a primeira prática agrícola realizada é a drenagem, a qual, segundo Oriessen (2001), afeta o solo de várias maneiras:
- Nos materiais orgânicos depositados em ambiente hidromórfico, uma vez removido o excesso de água, eles irão se consolidar, aumentando a densidade do material, compactado pelo seu próprio peso.
- A aeração das camadas orgânicas acelera a sua velocidade de decomposição biológica. Em contraste com a consolidação, a mineralização conduz a perdas de volume e de massa do material orgânico.
Nos Organossolos recentemente drenados, a acessibilidade e traficabilidade são baixas, bem como a capacidade de suporte mecânico para as culturas.
Forte dessecação de material de solo orgânico pode, drasticamente e de forma irreversível, alterar as suas propriedades coloidais.
O manejo de Organossolos para fins agrícolas envolve práticas de manejo do excesso de água. Dessa maneira, um dos problemas mais sérios que esses solos apresentam é a facilidade com que eles subsidem ou decrescem em volume, quando o lençol freático é mantido abaixo da superfície.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As áreas de turfa e Organossolos ainda não exploradas devem ser protegidas e conservadas, em razão do seu valor intrínseco e das reduzidas perspectivas de uso agrícola sustentável. Se forem usadas para agricultura formas adequadas de uso florestal, pastagens naturais ou lavouras permanentes são preferíveis a culturas anuais, olericultura ou - o uso ainda mais impróprio - a extração da turfa para geração de energia ou substrato para jardinagem. Solos orgânicos que são convertidos em terras aráveis podem ser mineralizados e degradados, pois as lavouras exigem a sua drenagem, calagem e adubação mineral para garantir produtividade satisfatória. O maior risco ainda é para Organossolos Tiomórficos, onde o substrato mineral, ou o próprio horizonte hístico, contém sais solúveis e materiais sulfídricos, potencialmente ácidos, e Organossolos Fólicos; os últimos, em ambiente altimontano com contato lítico, podem representar o único meio de sustentação para ecossistemas especialmente frágeis.

Continue navegando