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apostila anestesia equina a campo

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 Curso de Anestesia 
 em Equinos a Campo 
 
 
 REALIZAÇÃO: 
 
 
 
Professores: 
Prof. André Lang 
Mestre em Medicina Veterinária 
Doutorando em Medicina Veterinária (UFV) 
Especialista em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais 
 
Prof Luiz Gonzaga Pompermayer 
Professor associado UFV 
Professor Univiçosa. 
 
 
VIÇOSA-MG 
2010 
 
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Índice 
 
 
 
1 – Indicações de Anestesia Local e Geral ..................................3 
2 – Anestesia Intravenosa Total em Equinos ...............................4 
2.1 – Escolha dos Agentes Injetáveis ..........................................5 
3 – Protocolos Anestésicos .........................................................9 
3.1 – Técnicas para Anestesia Injetável no Campo ....................9 
4 – Localização de Pontos para Anestesia Local ......................15 
5 – Complicações e Cuidados ...................................................17 
6 – Referências Bibliográficas ....................................................19 
Anexo I .......................................................................................20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1- Indicações de Anestesia Local e Geral 
 
 
A anestesia local em eqüinos tem como principais indicações o uso em 
pequenos procedimentos cirúrgicos, complementação da anestesia geral ou 
para diagnóstico de claudicação. 
Uma desvantagem da anestesia local é a movimentação do animal, que 
pode dificultar o procedimento cirúrgico. O uso de um sedativo/tranqüilizante 
auxilia na contenção. Entre as vantagens está a redução no custo e menores 
alterações na homeostasia do organismo em relação à anestesia geral. 
 Entre procedimentos que podem ser realizados com tranqüilização e 
anestesia local estão: orquiectomia, tenotomias, neurectomias, 
miotenectomias, exérese de fregmentos ósseos, enucleação, remoção de 
neoplasias superficiais, suturas de feridas, remoção de corpos estranhos, 
laparotomias pelo flanco, entre outras. Alguns procedimentos devem ser 
preferencialmente realizados com o cavalo sob anestesia geral em virtude da 
melhor aplicação da técnica operatória necessária e segurança do animal e 
pessoal envolvido. 
A anestesia geral é indicada para promover contenção segura em 
procedimentos no cavalo em decúbito, tanto cirúrgicos (ex: orquiectomias) 
como diagnósticos (ex: exames radiográficos) e em casos de procedimentos 
cirúrgicos maiores, quando a anestesia local não é suficiente, mesmo 
associada a tranqüilizantes. 
 Procedimentos que envolvem o acesso a cavidades (ex: laparotomias na 
linha mediana, artrotomias) ou tratamento cirúrgico de fraturas são realizados 
em centros cirúrgicos tanto pela menor contaminação ambiental, como a 
facilidade de manutenção anestésica por via inalatória para oferecer maior 
período hábil. 
 A anestesia geral intravenosa no campo é indicada nos casos de 
cirurgias menos invasivas e que possam ser realizadas em um período entre 
60 e 90 minutos. Dentre elas pode-se citar: orquiectomia, criptorquiectomia, 
herniorrafia umbilical, tenotomias, desmotomias, neurectomias, 
 
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miotenectomias, exérese de fragmantos ósseos (matacarpianos acessórios), 
enucleação, remoção de neoplasias superficiais, sutura de feridas extensas, 
remoção de corpos estranhos, entre outras. 
 
 
 
2 – Anestesia Intravenosa Total em Equinos 
 
 A anestesia intravenosa total (AIVT) é uma anestesia geral e, portanto 
deve promover hipnose, analgesia e relaxamento muscular. Esses efeitos são 
alcançados quando dois ou mais agentes são combinados para produzir os 
efeitos desejados. Em equinos adultos, a anestesia é facilmente induzida com 
os agentes intravenosos disponíveis atualmente, e pode ser mantida por curtos 
períodos, pelas mesmas drogas utilizadas na indução ou com o acréscimo de 
outras. Praticamente todas as associações anestésicas intravenosas utilizadas 
em equinos são baseadas em dois tipos de anestésicos: os dissociativos como 
a cetamina e a tiletamina e os barbitúricos como o tiopental. A indução e a 
manutenção da anestesia intravenosa no equino sofrem grande influência da 
premedicação utilizada e muitas vezes, essa premedicação faz parte também 
da associação preparada para a manutenção anestésica. 
 A anestesia intravenosa em equinos é vantajosa principalmente para os 
profissionais que trabalham no campo, pois não exige equipamentos especiais 
para sua administração e por isso pode ser executada fora do centro cirúrgico. 
É vantajosa também por produzir menor depressão cardiorrespiratória e maior 
analgesia que a anestesia inalatória, além de não poluir o ambiente cirúrgico. 
Entretanto, deve-se considerar que, estando fora do ambiente cirúrgico, as 
possibilidades de se combater uma depressão respiratória são menores. As 
drogas injetáveis ainda dependem exclusivamente do metabolismo para serem 
eliminadas do organismo animal. 
 Um anestésico ideal para anestesia intravenosa deve ter ação curta, 
metabolismo rápido e metabólitos inativos, ser solúvel em água e apresentar 
 
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solução estável, apresentar rápido equilíbrio entre o sangue e o cérebro, não 
causar dor, flebite ou dano perivascular e causar mínima depressão 
cardiorrespiratória. 
 Os métodos de administração das drogas injetáveis por via intravenosa 
podem variar de acordo com a preferência do anestesista, a duração da 
anestesia e os equipamentos disponíveis. 
 a) A administração intermitente ou em "bolus" é a mais simples e é 
satisfatória para anestesias de curta duração, mas, o plano anestésico varia 
muito pela impossibilidade de se manter uma concentração plasmática 
constante. 
 b) Na infusão contínua (gotejamento) os agentes anestésicos são 
adicionados a frascos comerciais de soluções isotônicas e a câmara de 
gotejamento é ajustada para fornecer a velocidade de fluxo desejada. Nesta 
forma de administração ocorre menor oscilação no plano anestésico, mas, há 
tendência do plano ser cada vez mais profundo com o passar do tempo. 
 c) A aplicação de "bolus" seguido de infusão contínua é a forma 
mais adequada pois, permite uma indução rápida pela dose inicial e após o 
decúbito, inicia-se a infusão contínua que, na prática passa a ser uma infusão 
variável, ou seja, a velocidade de infusão é reduzida com o passar do tempo 
para se evitar planos mais profundos ao final da anestesia. A infusão contínua 
é facilitada quando se usa uma bomba de infusão que pode ser programada 
para administrar um volume específico de solução em certo período de tempo. 
 
2.1 - Escolha dos agentes injetáveis 
 
 Nenhum anestésico é capaz de sozinho suprir adequadamente os 
componentes básicos de uma anestesia (hipnose, miorrelaxamento e 
analgesia), sendo necessária a combinação de dois ou mais agentes. A 
escolha das drogas que irão compor o protocolo anestésico para o cavalo 
depende, portanto, das características físico-químicas, farmacológicas e das 
reações adversas que as drogas podem provocar. Deve-se ainda levar em 
 
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consideração as características individuais do animal e do procedimento a ser 
executado (peso, idade, tempo de cirurgia...). O valor do animal os 
equipamentos disponíveis e o local onde a cirurgia vai ser executada podem 
também influenciar na escolha. 
 
Drogas mais importantes: 
 
1- Cetamina (quetamina) 
Classificada como anestésico dissociativo, é largamente utilizada na 
anestesia do cavalo. Seu uso como agente único pode causar convulsões e, 
por isso, deve ser sempre associada com outras drogas ou usada após 
sedativos. Promove boa analgesia e mínima depressãocardiorrespiratória. É 
metabolizada no fígado e excretada pelos rins. Geralmente a cetamina é usada 
após medicação pré-anestésica com α2 agonistas, éter gliceril guaiacol (EGG), 
benzodiazepinas ou combinação de duas ou mais destas. 
 
2- Tiopental 
 Pertence ao grupo dos barbitúricos e vem sendo usado na anestesia de 
equinos há muitos anos. Quando usado em dose única (12 a 15 mg/kg) 
promove anestesia por aproximadamente 10 minutos e na recuperação pode 
ocorrer excitação. A medicação pré-anestésica permite uma recuperação mais 
tranquila e a dose do barbitúrico pode ser reduzida em até 50%. O tiopental 
deprime a respiração e a pressão arterial, sendo esse efeito de poucas 
consequências no equino sadio, mas arriscado em casos de endotoxemia. O 
tiopental é usado em solução a 5% e não deve ser injetado fora da veia, pois é 
muito irritante para os tecidos. 
 
 
 
 
 
 
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3- Propofol 
 É um anestésico intravenoso, não cumulativo, largamente usado na 
medicina humana e em pequenos animais. Até o presente, devido ao seu custo 
elevado, tem sido pouco usado em equinos, entretanto, apresenta 
características farmacológicas adequadas para anestesia intravenosa nessa 
espécie. Combinações do propofol com α2 agonistas e/ou cetamina são as 
mais utilizadas na rotina clínica. 
 
4- Éter Gliceril Guaiacol (EGG) 
É um relaxante muscular de ação central, sem nenhum efeito analgésico 
e pouquíssimo efeito hipnótico, usado para promover ou melhorar o 
miorrelaxamento em combinação com outros agentes (cetamina, tiopental, 
propofol). Após medicação pré-anestésica com α2 agonistas ou fenotiazinas 
pode ser usado sozinho, em solução a 10%, para promover o decúbito lateral. 
 
5- α2 agonistas 
São de grande importância na anestesia de equinos em função de suas 
propriedades sedativas e analgésicas. Atuam nos receptores α2 presentes em 
diversos locais do sistema nervoso central e periférico. São indicados em 
situações variadas como sedação em estação, sedação antes da anestesia 
geral, manutenção da anestesia associados a agentes injetáveis, ou por via 
epidural para obtenção de analgesia. 
 
6- Fenotiazinas 
 Embora ainda utilizados na pré-anestesia de equinos vão sendo, aos 
poucos, substituídos por α2 agonistas. A acepromazina é o fenotiazínico mais 
utilizado, não é um tranquilizante potente, mas, é capaz de potencializar o 
efeito de outros fármacos permitindo redução significativa na dose total da 
droga anestésica. 
 
 
 
 
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7- Benzodiazepinas 
São utilizados na anestesia de equinos, geralmente em combinação com 
cetamina para indução da anestesia, por possuírem acentuado efeito 
miorrelaxante. São pouco utilizados para a sedação do equino adulto, devido à 
ataxia. Os benzodiazepínicos mais utilizados na clínica de equinos são o 
diazepam e o midazolam. O zolazepam é disponível apenas em combinação 
com a tiletamina (associação tiletamina-zolazepam) que é mais utilizada na 
clínica de pequenos animais e animais selvagens. 
 
 8- Tiletamina-zolazepam 
A tiletamina pertence ao mesmo grupo da cetamina e é comercializada, 
em muitos países, apenas em combinação fixa (1:1) com o zolazepam. 
Geralmente é usada juntamente com α2 agonistas (xilazina ou detomidina) 
para produzir anestesia de curta duração. Assim como a cetamina, a tiletamina 
tem ampla margem de segurança, permitindo maior tempo anestésico quando 
a dose é aumentada, entretanto, nessas condições, a recuperação tende a ser 
mais agitada. A premedicação com acepromazina melhora a função 
cardiopulmonar na anestesia pela associação tiletamina-zolazepam. 
 
9- Opióides 
São fármacos utilizados no pré, trans ou pós-operatório, principalmente 
por seus efeitos analgésicos. Embora sozinhos não apresentem efeito sedativo 
apreciável, associados aos sedattivos promovem profunda sedação nos 
equinos. O butorfanol (0,01 a 0,02 mg/kg) é o mais utilizado em combinação 
com a xilazina (1mg/kg) ou com acepromazina (0,05 a 0,1 mg/kg). 
 
10- Lidocaína 
Infusão de lidocaína tem sido usada para reduzir a CAM dos anestésicos 
inalatórios e combinada com os agentes injetáveis, para aumentar a analgesia. 
Dose inicial de 1 a 2 mg/kg seguida de infusão contínua de 0,05 mg/kg/min. 
Paralelamente é indicada na prevenção e tratamento de íleo paralítico, 
 
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principalmente no pós-operatório de cirurgias de cólica que envolvem 
manipulação intensa de alças intestinais. Para este fim utiliza-se a dose inicial 
de 1,3 mg/kg IV lenta seguida de 0,05 mg/kg/min. IV por até 24 horas. 
 
 
 
3 – Protocolos Anestésicos 
 
3.1 - Técnicas para anestesia injetável no campo 
 
Ø Técnica 1 
 
 
 
 
MPA : Xilazina (1 mg/kg) ou Detomidina (0,01 a 0,02 mg/kg) 
 
INDUÇÃO : Cetamina (2 mg/kg, bolus) 
 
MANUTENÇÃO : Cetamina, bolus intermitentes de 1 a 2 mg/kg. 
Indicações: A dose de indução pode anestesiar o animal por até 15 minutos, 
sendo suficiente para pequenos procedimentos (castração). A administração de 
bolus intermitentes de 1 a 2 mg/kg de cetamina, permite prolongar o tempo de 
anestesia para procedimentos maiores. O relaxamento muscular é pobre e se 
várias doses de cetamina forem administradas, durante a recuperação o animal 
pode apresentar-se agitado. 
 
 
α2 agonistas + Cetamina 
 
 
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Ø Técnica 2 
 
 
 
 
MPA: Xilazina (1 mg/kg) ou Detomidina (0,01 a 0,02 mg/kg) 
 
INDUÇÃO: Infusão contínua rápida de solução contendo EGG (100 mg/ml) + 
Cetamina (2 mg/ml) + Xilazina (1 mg/ml), até o decúbito do animal. 
 
MANUTENÇÃO: Após o decúbito, a solução inicial contendo EGG, cetamina, e 
xilazina, passa a ser administrada lentamente (gota a gota), no momento em 
que o animal apresentar sinais indicando superficialização da anestesia, a 
velocidade da infusão é aumentada para aprofundar a anestesia. 
 
PREPARO DA SOLUÇÂO EGG/CETAMINA/XILAZINA: Em um frasco de 500 
ml de soro fisiológico, dissolver 50 gramas de éter gliceril guaiacol, aquecendo 
até a solução ficar translúcida e adicionar 10 ml de cetamina 10% e 5 ml de 
xilazina 10%. 
 
OBS: No preparo da solução deve ser lavado em conta, o tamanho do animal e 
o tempo de anestesia. O consumo inicial, até ocorrer o decúbito, é de 
aproximadamente 1 ml por kg (equivalente a 100mg de EGG, 2 mg de 
cetamina e 1 mg de xilazina), a partir desse momento o consumo será de 
aproximadamente 1 ml/kg/hora. 
 
 
 
α2 agonistas + EGG + Cetamina 
 
 
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Ø Técnica 3 
 
 
 
 
MPA: Xilazina (1 mg/kg,) ou Detomidina (0,01 a 0,02 mg/kg) 
 
INDUÇÃO: Infusão contínua rápida de solução contendo EGG (100 mg/ml) + 
Tiopental (4 mg/ml), até o decúbito do animal. 
 
MANUTENÇÃO: Após o decúbito, a solução inicial contendo EGG e tiopental, 
passa a ser administrada lentamente (gota a gota), no momento em que o 
animal apresentar sinais indicando superficialização da anestesia, a velocidade 
da infusão é aumentada para aprofundar a anestesia. 
 
PREPARO DA SOLUÇÂO EGG/TIOPENTAL: Em um frasco de 500 ml de soro 
fisiológico, dissolver 50 gramas de éter gliceril guaiacol, aquecendo até a 
solução ficar translúcida e adicionar 2 gramas de tiopental. O consumo inicial, 
até ocorrer o decúbito, é de aproximadamente 1 ml por kg (equivalente a 
100mg de EGG e 4 mg de tiopental), e a partir desse momento o consumo será 
de aproximadamente 1 ml/kg/hora. 
 
 
 
 
 
α2 agonistas + EGG + Tiopental 
 
 
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Ø Técnica 4 
 
 
 
 
MPA : Acepromazina (0,1 mg/kg); após 30 minutos, Xilazina (1 mg/kg) 
 
INDUÇÂO : Cetamina (2 mg/kg) 
 
MANUTENÇÃO: EGG (100mg/kg/h)+ Xilazina (2mg/kg/h) + Cetamina 
(4mg/kg/h) 
 
PREPARO DA SOLUÇÃO DE MANUTENÇÃO: Em um frasco de 500 ml de 
soro fisiológico, dissolver 50 gramas de éter gliceril guaiacol, aquecendo até a 
solução ficar translúcida, adicionar 10 ml de xilazina a 10% e 20 ml de 
cetamina a 10%. A velocidade de infusão dessa solução será de 
aproximadamente 1 ml/kg/hora na primeira hora e de 0,6 ml/kg/hora na 
segunda hora. 
 
Ex: Um animal de 300 kg receberá 300 ml na primeira hora e 180 na segunda. 
Considerando que 1 ml equivale a 15 gotas teremos que ajustar a câmara de 
gotejamento do frasco para 75 gotas por minuto na primeira hora e 45 gotas 
por minuto na segunda hora. 
 
Obs: Indicada para cirurgias cruentas 
 
 
 
α2 agonistas + EGG + Tiopental 
 
 
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Ø Técnica 5 
 
 
 
MPA: Xilazina (1 mg/kg) 
 
INDUÇÃO: Cetamina (2 mg/kg) 
 
MANUTENÇÃO: Propofol (0,5 mg/kg - bolus) seguido por infusão contínua de 
propofol (0,15 a 0,2 mg/kg/min) + cetamina (0,05 mg/kg/min). 
 
Ø Técnica 6 
 
 
 
 
MPA: Xilazina (1 mg/kg) 
 
INDUÇÂO: Cetamina (2 mg/kg) + Diazepam (0,01 - 0,05 mg/kg) ou Midazolam 
(0,01 - 0,2 mg/kg) 
 
MANUTENÇÃO: Cetamina (bolus de 2 mg/kg) 
 
OBS: O benzodiazepínico melhora o miorrelaxamento e pode ser administrado 
imediatamente antes, junto ou imediatamente depois da cetamina. 
 
 
Xilazina + Cetamina + Propofol 
 
Xilazina + Diazepam ou Midazolam + Cetamina 
 
 
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Ø Técnica 7 
 
 
 
 
MPA  Xilazina (1mg/kg) 
INDUÇÃO  Tiletamina/zolazepam ( 1 a 2 mg/kg) 
OBS: Anestesia para procedimentos de 20 a 30 minutos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Xilazina + Tiletamina/Zolazepam 
 
 
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4 – Localização de Pontos para Anestesia Local 
 
 
 
 Alguns pontos para anestesia local são de grande importância prática e 
sua identificação deve ser fácil para o profissional treinado. 
 Na cabeça temos quatro pontos especiais para bloqueios perineurais: 
nervo aurículopalpebral, forame supra e infraorbitário e forâme mentoniano 
(fig.1): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O nervo aurículopalpebral, ou o ramo palpebral do nervo 
aurículopalpebral, pode ser palpado em sua trajetória sobre o arco zigomático. 
A anestesia deste nervo promove aquinesia (bloqueio motor) da maior parte da 
pálpebra superior e facilita o exame do globo ocular. 
A 
B 
C 
D 
Fig.1: Pontos de bloqueio anestésico mais freqüentes na cabeça. A) nervo aurículo 
palpebral, B) forame supraorbitário, C) forame infraorbitário e D) forame 
mentoniano. 
 
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 Pelo forame supraorbitário emerge o nervo frontal e sua anestesia, 
dentro ou na abertura do forâme, promove anestesia da pálpebra superior. 
 O bloqueio no forâme infraorbitário possibilita a anestesia da região 
rostral da face, narinas, lábio superior e interior da cavidade oral incluindo 
dentes pré-molares e incisivos superiores. O efeito corresponde ao lado da 
aplicação, e pode ser realizado em ambos os lados. 
 O bloqueio do forâme mentoniano anestesia o lábio inferior e dentes 
incisivos da mandíbula. O efeito também corresponde ao lado da aplicação, e 
pode ser realizado em ambos os lados. 
 Nos membros há vários pontos de bloqueios perineurais de importância 
clínica no diagnóstico de claudicação. Os principais pontos são: digital 
palmar/plantar, abaxial do sesamóide, 4 pontos baixos (palmar/plantar e 
metacarpiano/metatarsiano) e 4 pontos altos (idem ao anterior em região mais 
proximal) (fig.2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
B 
C C’ 
D D’ 
Fig.2: Pontos de bloqueio anestésico mais freqüentes para diagnóstico de 
claudicação. A) digital palmar/plantar, B) abaxial do sesamóide, C, C’) 4 pontos 
baixos e D, D’ 4 pontos altos. 
 
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Para anestesia epidural identifica-se o espaço entre a primeira e segunda 
vértebras coccígeas, com movimentos para cima e para baixo, logo acima dos 
primeiros pelos da cauda. Introduz-se a agulha (40x12) na pele e infiltra-se um 
botão anestésico, em seguida a agulha é inclinada em ângulo de 45° a 60° e 
aprofundada. O anestésico presente no canhão da agulha é succionado 
quando alcança-se o local desejado, em torno da dura-máter. 
 
 
5 – Complicações e Cuidados 
 
 
Em situações de campo, é importante encontrar locais adequados à 
manutenção do cavalo em decúbito em local limpo e macio. Um gramado à 
sombra pode ser uma opção acessível. 
Quando está em decúbito lateral, o cavalo sofre dificuldade na oxigenação 
sangüínea, pois o pulmão que está para baixo recebe mais sangue 
(hiperperfusão) e menos ar (hipoventilação), o contrário acontecendo com o 
pulmão que está para cima, com menos sangue (hipoperfusão) e mais ar 
(hiperventilação). Em poucas palavras, sobra ar onde tem menos sangue para 
hematose. 
Outra alteração do cavalo em decúbito lateral prolongado é o excesso de 
peso sobre regiões específicas que podem levar a lesões musculares ou de 
nervos periféricos. Estas lesões podem causar dificuldade no retorno 
anestésico e transtornos pós-anestésicos. 
Os dois fatores citados são limitantes para o tempo que o cavalo 
permanecerá deitado. 
Cuidados com o cavalo em decúbito lateral sob anestesia geral são: 
proteger a cabeça sobre material macio, evitar traumatismo no globo ocular, 
evitar aspiração de poeira, tracionar cranialmente o membro torácico que 
estiver por baixo para reduzir a pressão pelo peso (fig. 3). 
 
 
 
 
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O cuidado com a avaliação pré-anestésica, atenção nos cálculos e 
aplicação de medicamentos é fundamental para evitar complicações e erros. A 
esperada falta de equipamentos no campo não permitem oxigenação, 
ventilação controlada ou outras técnicas de ressuscitação cardiopulmonar. 
Portanto o treinamento e experiência em técnicas seguras é o melhor caminho 
para a eficiência do procedimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hipoperfusão 
Hiperventilação 
 
 
 
Hipoventilação 
Hiperperfusão 
Fig .3: Complicações e cuidados no posicionamento do cavalo em decúbito lateral. 
 
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6 – Referências Bibliográficas 
 
LUMB, W.V., JONES, W.E. Veterinary anesthesia, Philadelphia, Lea & Febiger, 
1984, 2ed. 
 
MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 
1994, 2.ed. 
MUIR, W.W.; HUBBELL, J.A.E. Equine anesthesia monitoring and emergency 
therapy. St. Louis : Mosby, 1991. 
 
 
 
 
 
 
 
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Anexo I - OUTRAS TÉCNICAS RECOMENDADAS PARA ANESTESIA A CAMPO 
 MPA INDUÇÃO TEMPO DE 
ANESTESIA 
MANUTENÇÃO 
Tec. 
1 
Xilazina 
1 mg/kg 
Cetamina 
2 mg/kg 
10-20 minutos a) Tiopental-1 a 2 mg/kg 
b) Xilazina- 0,5 mg/kg + Cetamina -1 mg/kg 
c) EGG - 100mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml + 
Xilazina -1 mg/ml => 1 ml/kg/hora 
 
Tec. 
2 
Como na Tec. 
1 
Diazepam - 0,01 a 0,05 mg/kg 
junto com Cetamina - 2 mg/kg 
 
15 a 30 minutos Como na Tec. 1 
 
Tec. 
3 
Como na Tec. 
1 
Butorfanol-0,02 mg/kg junto com 
Cetamina - 2 mg/kg 
15 a 30 minutos Como na Tec. 1 
 
Tec. 
4 
Detomidina 
 0,015 a 0,02 
mg/kg 
Cetamina 
2 mg/kg 
10 -25 minutos a) Tiopental - 1 a 2 mg/kg 
b) Cetamina - 1 mg/kg 
c) EGG - 100 mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml + 
Xilazina -1 mg/ml => 1 ml/kg/hora 
 
Tec. 
5 
Xilazina 
1 mg/kg 
Tiopental 
5 mg/kg 
15 - 20 minutos a) Tiopental - 1 a 2 mg /kg 
b) EGG - 100 mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml + 
Xilazina -1 mg/ml => 1 ml/kg/hora 
 
Tec. 
6 
Detomidina 
0,015 a 0,02 
mg/kg 
Tiopental 
5 mg/kg 
15 a 25 minutos a) Tiopental - 1 a 2 mg/kg 
b) EGG - 100 mg/ml + Cetamina - 2 mg/ml + 
Xilazina - 1 mg/ml => 1 ml /kg/hora 
 
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