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AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA ANESTESIA A anestesia é um termo genérico, pois toda a droga capaz de suprimir temporariamente a dor, quer para fins exploratórios ou cirúrgicos, com ou sem narcose, enquadra-se em anestesia. O paciente anestesiado encontra-se em analgesia, com relaxamento muscular e inconsciente. A anestesia funciona deprimindo o SNC e, em seguida, todos os outros órgãos. A anestesia é feita por uma associação de fármacos, chamado de “protocolo anestésico”, nunca é utilizado um só fármaco. FASES DA ANESTESIA O anestesista deve fazer a “Ficha anestésica” discriminando todas as onze etapas das fases da anestesia. 1 - IDENTIFICAÇÃO Nome, espécie, raça, sexo, idade e peso. 2 - HISTÓRICO E ANAMNESE 3 - EXAME FÍSICO Procurar obesidade, pois o animal obeso tem dificuldade respiratória e, ainda há anestésicos que acumulam em gordura e atrapalham na anestesia. O animal caquético perde temperatura muito facilmente, deve tomar cuidado com hipotermia e tremores pela falta de reserva energética e com formação de radicais livres. Avaliar o grau de desidratação. Nunca anestesiar o animal desidratado pois gera vasoconstrição e camufla os parâmetros. Avaliar a ACP e pulso arterial. Procurar lesões ou afecções superficiais e avaliar as mucosas e sinais e sintomas. 4 - EXAMES COMPLEMENTARES É necessário a realização de exames complementares a partir de: • Sinais e sintomas reportados na anamnese ou exame físico • Procedimento cirúrgico • Fármacos que estão sendo ou serão utilizados • Fatores predisponentes Tipos de exames: • Laboratoriais: hemograma, bioquímico e urinálise • RX e US • ECO • Outros: microbiológico, fezes, TC e RM Apenas é permitido anestesias sem exames quando o paciente está em emergência e em animais jovens, saudáveis e sem queixas em cirurgias pequenas. 5 - PLANEJAMENTO É o preparo para a anestesia, fazendo o checklist do local, ferramentas e medicações. 6 - MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA É a medicação pré-anestésica adequada após a avaliação do paciente. 7 - INDUÇÃO 8 - INTUBAÇÃO Discriminar o número da sonda utilizada na ficha e se houve dificuldade na intubação. 9 - MANUTENÇÃO ANESTÉSICA 10 - MONITORAÇÃO 11 - RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA Relatar os parâmetros após a anestesia, possíveis complicações, sinais ou sintomas. ANESTESIOLOGIA ANIMAL RISCO ANESTÉSICO ASA I Paciente sadio sem doença detectável. São os animais de menor risco para a anestesia. São feitas cirurgias eletivas (castração/plástica) de doenças sem repercussão sistêmica. ASA II Paciente com doença sistêmica leva a moderada, mas completamente controlada. (ex: anemia discreta, diabético controlado). ASA III Paciente com doença sistêmica moderada a grave, porém não incapacitante (hipertenso, doente renal, hepatopata, hipertenso ou glicemia não controlada, mas não insuficiente). ASA IV Paciente com doença incapacitante que oferece risco constante à vida (insuficiência renal ou hepática, edema pulmonar, ICC, hipotenso). ASA V Paciente do qual à associações de doenças incapacitantes, onde está certo o óbito sem cirurgia e tem pequenas chances com a cirurgia (piometra com choque e parada cardíaca). ASA E Paciente em emergência, na qual não é possível avaliar adequadamente o paciente e nem colher exames, pois está correndo risco eminente de vida (atropelamento com hemorragia). Mesmo o paciente estando em emergência é necessário classifica-lo em ASA I, II, III, IV ou V e, por não ter feito uma prévia avaliação e coleta de exames, classifica-lo em ASA E (Ex: ASA IIIE). ESCLARECIMENTO DOS RISCOS AO PROPRIETÁRIO Não existe procedimento anestésico sem riscos. 1- Hipersensibilidade reação alérgica que pode causar choque anafilático é (raro) 2- Idiossincrasia. É uma resposta anormal a uma medicação; o efeito da medicação se mostra exagerado ou de efeito inesperado 3- Erro humano por imprudência, imperícia ou negligência PREPARO DO PACIENTE ESTABILIZAÇÃO DO PACIENTE • Hidratação do paciente mesmo em pacientes hidratados Vol mínimo = 2 x peso x t (privação hídrica) • Cirurgias muito cruentas Vol mínimo = 2 x peso x t (privação hídrica) + 3x de Vol de sangramento perdido JEJUM • Cães de médio e grande porte: 8 a12 h sólido e 4h hídrico • Cães peq. porte e gatos: 6 h sólido e 4h hídrico • Filhotes: 4h sólido e 2h hídrico • Neonatos: não faz jejum • Equinos adultos: 24 h sólido e 6 h hídrico • Potros: 8 a 12 h sólido e 4 hídrico • Bovinos: 48 h sólido e 6 a 12 h hídrico • Novilhos e peq. Ruminantes: 12 a 18 h sólido e 4 a 6 hídrico Risco de o paciente estar sem jejum: • Pneumonia aspirativa • Desconforto intestinal • Alteração do fluxo sanguíneo intestinal (anestésicos são lipofílicos, podendo atingir o SNC ou a gordura mesentérica) ADEQUAÇÃO DE DOSES SOBREDOSE ABSOLUTA É a dose acima dos recomendados para a espécie ou para o efeito desejado. SOBREDOSE RELATIVA Dentro das doses recomendadas na literatura, mas não para pacientes específicos (avaliação pré- anestésica ruim ou idiossincrasia). CÁLCULO DE DOSES MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA (MPA) É o ato que antecede a anestesia, ou seja, preparação do animal para o sono. É essencial o uso de MPA para uma anestesia completa. Os fármacos utilizados na MPA são os (1) anticolinérgicos, (2) tranquilizantes, (3) benzodiazepínicos, (4) α2-agosnistas, (5) opióides e (6) miorrelaxantes de ação central. Finalidades: • Facilita a contenção • Potencializa os fármacos anestésicos • Possibilita tranquilidade e segurança durante a indução, manutenção e recuperação anestésica • Minimiza efeitos indesejáveis de outros fármacos • Modula efeitos do sistema neurovegetativo GRUPO DE FÁRMACOS: 1 - ANTICOLONÉRGICOS Atua inibindo pela competição do receptor colinérgico muscaríneo com a acetilcolina. É um antagonistas competitivo muscaríneo, ou seja, possui ação parassimpatolítica, aumentando o simpático. Esse grupo é composto pela atropina, escopolamina e glicopirrolato. Efeitos sistêmicos: • Cardiovascular: taquicardia e aumento do DC • Respiratório: broncodilatação e diminuição das secreções, mas aumento da viscosidade • Gastrointestinais: redução da motilidade do TGI e das secreções das glândulas salivares INDICAÇÕES • Tratar ou inibir bradiarritmias (bradicardia sinual ou BAVs) • Reduzir motilidade visceral • Inibir efeitos deletérios de fármacos parassimpáticomiméticos CONTRAINDICAÇÕES • Taquirritmias • Hipomotilidade gastrointestinal (timpanismo e íleo-paralítico) • Pneumonia MEDICAÇÕES: 1 - ATROPINA A atropina é um antagonista competitivo as ações da acetilcolina e outros agonistas muscaríneos, ela compete por todos os sítios muscaríneos (M1, M2, M3, M4 e M5). É mais potente e não é específica para nem um subtipo. Possui alta disponibilidade, 50% de metabolização hepática e de excreção renal. É usado em pequenos animais quando a mudança for em órgãos fora do abdômen. Não é utilizado em grandes animais pela taquicardia e hipoestimulação intestinal no equino. 2 - ESCOPOLAMINA É menos potente, porém seletiva para M3. Possui alta biodisponibilidade, de 50% metabolização hepática e de excreção renal. É usado em pequenos animais quando a mudança for em órgãos abdominais. Usado em grandes animais. 3 - GLICOPIRROLATO É a MPA mais segura atualmente, porém não disponível no Brasil. 2 - TRANQUILIZANTES São os neurolépticos. É um medicamento de alta disponibilidade, rápida absorção por VO, metabolização hepática e excreção urinária e biliar. Aceitam-se como tranquilizantes todos os produtos que, além de auferirem tranquilização e sedação, causam acentuada depressão do SNC, agindo a nível de substânciareticular mesocefálica, inferindo assim sobre o ciclo de sono e vigília do paciente. Os tranquilizantes agem bloqueando os receptores dopaminérgicos e/ou serotoninérficos cerebrais centrais e periféricos. Os tranquilizantes são antagonistas de receptores α-1-adrenérgicos. Os α-1-adrenérgicos causam, naturalmente, vasoconstrição, quando eles são inibidos acabam causam vasodilatação. Esse grupo é composto pelos fenotiazínicos e pelas butirofenonas Não é utilizado em pacientes cardiopatas, nefropatas, hepatopatas e neuropatas graves ou em neonatos, idosos e hipotensos. EFEITOS: EFEITOS SISTÊMICOS • Inibidor de receptor H1: tranquilização e anti- alérgico • Inibidor de receptor α1 adrenérgico: hipotensão, redução de hematócrito e esplenomegalia • Inibidor colinérgico: redução do limiar convulsivo, de salivação e secreções EFEITOS DESEJÁVEIS • Tranquilização • Antiemético • Anti-histamínico EFEITOS INDESEJÁVEIS • Hipotensão arterial → aumento de FC e inotropismo (+) • Hipotermia • Reduz limiar convulsivo pela remissão de receptores colinérgicos • Reduz hematócrito • Esplenomegalia → redução de hematócrito e vasodilatação no baço • Priapismo (garanhões) MEDICAÇÕES: 1 - FENOTIAZÍNICOS Os fenotiazínicos são perfeitamente absorvidos por via oral e parentética, difundindo-se rapidamente pelo organismo, atravessando a barreira hematoencefálica e atingindo o cérebro em concentrações superiores ao plasma. Derivados fenotiazínicos deprimem a função do tronco cerebral, bloqueando os receptores de dopamina e aumentando o turnover da dopamina, o que diminui a excitabilidade do SNC. Exercem ação farmacológica bastante extensa, incluindo efeitos sedativos e potencialização dos efeitos de sedativos, narcóticos e anestésicos; ação antiemética, efeitos sobre a regulação da temperatura corporal, efeitos bloqueadores colinérgicos e adrenérgicos (tipo alfa), anti-histamínicos e antisserotonínicos, antipruriginosos, analgésicos e outros. • Acepromazina. É o melhor tranquilizante do grupo e o que mais causa hipotensão. É o único tranquilizante usado em grandes animais • Clorpomazina. É o melhor antiemético • Levomepromazina. É o melhor anti- histamínico 2 - BUTIROFENONAS É um agente antidopaminérgico, derivado das butirofenonas. Altera a ação de dopamina em níveis subcorticais do sistema nervoso central, bloqueando a estimulação de dopamina na zona do gatilho. Tem atividade em receptores alfadrenérgicos e colinérgicos É o grupo mais seguro e mais potente, mas de efeito muito duradouro. Indicado para a prevenção e tratamento de êmese pós-operatória. • Azaperone (suínos) • Droperidol (silvestres) 3 - BENZODIAZEPÍNICOS (BZD) Os BZDs pertencem a uma variedade de substâncias que tem a capacidade de deprimir o SNC provocando calma ou sedação. Eles são classificados como sedativo-hipnóticos. Eles são indicados para: tratamento da ansiedade, miorrelaxantes, anticonvulsivantes, antiemético e mínimas alterações hemodinâmicas. pré-anestésicos e anestésicos. É um grupo amplamente utilizado na medicina humana, mas usado com cautela na medicina veterinária pelo seu efeito paradoxal (ao invés de deprimir ele pode acabar excitando o SNC). Outros efeitos indesejáveis é a depressão respiratória (efeito mais potente em filhotes) MECANISMO DE AÇÃO Os benzodiazepínicos atuam potencializando a ação inibitória do neurotransmissor Ácido Gama Aminobutiírico (GABA). Seus alvos são os receptores do ácido γ- aminobutírico tipo A GABAA, que é o principal neurotransmissor inibitório no SNC, esses receptores do GABA A são compostos de uma combinação, no somatório de cinco subunidades α, β e γ inseridas na membrana pós-sináptica. O complexo formado entre o GABA e o seu receptor (GABA-R) abre o canal de cloreto, aumentando sua condução intracelular e afetando a membrana do neurônio, despolarizando-a. FARMACOCINÉTICA Os BDZs apresentam variações em sua farmacocinética, desde a absorção até sua excreção, mas em aspectos generalizados todos são rapidamente absorvidos, independente da via de administração, por conta da sua alta lipossolubilidade e de metabolização hepática. Presença de metabólitos ativos: • Diazepam (maior duração) • Zolazepam Ausência de matabólitos ativos: • Midazolam (menor duração e hepatotoxicidade) Eliminação pela urina: • Metabólitos inativos MEDICAÇÕES: 1 - DIAZEMPAN É a medicação de melhor efeito anticonvulsivante, de maior tempo de duração, de maior hepatotoxicidade, de menos segurança (causa hipotensão) e menos potente. Utilizar em pacientes epiléticos e em anestesias injetáveis pela maior duração. Não utilizar em hepatopatas. 2 - MIDAZOLAM Não deve ser administrado em animais com hipersensibilidade aos benzodiazepínicos. Usar com cautela em animais com insuficiência pulmonar. É um medicamento de menor duração, mas menos hepatotóxico, pois a biotransformação é hepática e a eliminação é renal de metabólitos inativos. É utilizado em procedimentos rápidos e de boa escolha para nefropatas, cardiopatas e hepatopatas. É mais frequente o surgimento de efeitos paradoxais. ANTAGONISTAS: 3 - FLUMAZENIL É um antagonista dos efeitos hipnóticos, sedativos e da inibição psicomotora provocados pelos benzodiazepínicos. Sua ação após aplicação intravenosa é rápida (1-2 minutos) e os efeitos provocados pelos benzodiazepínicos são neutralizados. É usado como antídoto no tratamento de superdosagens provocados por benzodiazepínicos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Benzodiazepina https://pt.wikipedia.org/wiki/Benzodiazepina https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADdoto https://pt.wikipedia.org/wiki/Benzodiazepina 4 - ALFA2-AGONISTAS Os receptores adrenérgicos são glicoproteínas localizadas na superfície das células efetoras, possuem estruturas moleculares específicas e são responsáveis pela atividade adrenérgica do sistema nervoso autônomo simpático, sendo divididos em três grupos principais: receptores α, receptores e receptores dopaminérgicos. Os receptores α-2 são inibitórios, estão localizados na membrana pré-sináptica de neurônios nos centros superiores e quando ativados induzem efeitos ansiolíticos, sedativos, simpatolíticos e anti- hipertensivos. MECANISMO DE AÇÃO A estimulação por fármacos agonistas de receptores α-2 adrenérgicos promoverá a inibição e liberação de noradrenalina na fenda sináptica, modulando a atividade do sistema nervoso autônomo simpático, proporcionando características como miorrelaxamento, sedação, analgesia, hipose, ataxia e depressão do sistema vasomotor. FARMACOCINÉTICA Após a administração pelas vias parenterais, a xilazina é rapidamente distribuida pelos vários tecidos, em particular o SNC e biotransformada. A principal via de eliminação é a renal. EFEITOS: EFEITOS DESEJÁVEIS • Sedação • Relaxamento muscular • Analgesia visceral discreta EFEITOS INDESEJÁVEIS • ↓ADH, causando poliúria (se precaver com fluidoterapia) • Hiperglicemia (não utilizar em pacientes com DM descompensada) • Aumento e redução da motilidade intestinal (não utilizar em pequenos animais quando houver afecções intestinais) • Ações simpatolíticas: bradicardia, BAVs, inotropismo negativo, hipertensão arterial fugaz, hipotensão arterial, depressão respiratória, salivação e êmese MEDICAÇÕES: 1 - XILAZINA É o anestésico mais empregado no Brasil, mas, em contrapartida, é o medicamento que mais cauda morte anestésicas em pequenos animais. Esse agente farmacológico, sob a forma de cloridrato de xilazina, possui taxa de ligação aos receptores alfa- 2:alfa-1 na proporção de 160:1, sendo caracterizado por possuir propriedades sedativas e analgésicas, além de atuar como relaxante muscular esquelético. Possui receptores α1e α2, porém os receptores α1 agem primeiramente pois são mais específicos causando hipertensão arterial sistólica pela vasoconstrição e, como mecanismo compensatório, bradicardia. O seu segundo efeito é pela ligação com os receptores α2 que são antagonistas aos α1, causando hipotensão sistólica arterial. O alto índice de morte em pequenos animais é por esses efeitos cardiovasculares que muitas vezes podem ser fatais. Utilizado em pequenos e grandes animais animais, mas como última opção comparado com a Dexmedetomidina. 2 - DETOMIDINA Considerado um dos principais medicamentos deste grupo utilizado pela via epidural em equinos, também é capaz de produzir analgesia considerada adequada em bovinos. É um fármaco fracamente básico e lipofílico, possuindo a taxa de ligação alfa-2:alfa-1 na proporção de 260:1. No entanto, não é muito difundido como agente analgésico em cães e gatos, pois, no exterior, a utilização deste fármaco em pequenos animais não é aprovada. Comparando com a Xilazina, a Detomidina é mais segura pois seus efeitos de hiper e hipotensão são menores. É o medicamento eletivo para grandes animais. Não utilizar em pequenos animais pela alta hipotensão causada. 3 - DEXMEDETOMIDINA É derivado imidazol altamente lipofílico com elevada seletividade pelos receptores α2- adrenérgicos e, assim como a medetomidina, possui taxa de ligação alfa-2:alfa-1 na proporção de 1620:1. Comparando com a Xilazina e a Detomidina, a Dexmedetomidina é mais segura porque as suas alterações cardiovasculares são muito discretas. É utilizado na grande maioria das vezes, mas por conta da vasoconstrição não deve utilizar em cardiopatas. Utilizado em pequenos e grandes animais sempre que possível. Medicação cara. ANTAGONISTAS: 4 - IOIMBINA Utilizado como antagonistas da Xilazina. Evitar em ruminantes pois causa morte súbita. 5 - ATIPAMAZOLE Utilizado como antagonista da Detomidina e da Dexmedetomidina. 5 - OPIÓIDES É o grupo principal das MPA pela sua potente analgesia. É utilizada em todas as anestesias. Opióides naturais são encontrados em plantas (morfina) ou produzidos pelo próprio corpo (endorfina), onde são amplamente distribuídos por todo SNC. Esses opióides endógenos são peptídeos que apresentam diferentes potências e afinidades com cada grupo de receptores opioides e suas ações incluem a modulação da dor. Os opióides sintéticos e semi-sintéticos são amplamente utilizados na prática clínica, especialmente pela sua ação analgésica. MECANISMO DE AÇÃO Os receptores de opioides estão presentes em todo o SNC, SNP e na maioria dos órgãos do corpo. Os opioides atuam promovendo a abertura dos canais de potássio e a inibição da abertura de canais de cálcio controlados por voltagem. Causando assim, hiperpolarização e redução da excitabilidade neuronal. Além disso, ocorre redução da liberação de transmissores (pela inibição da entrada de Ca2+). Causando assim, efeito inibitório no nível celular, contudo, os opioides também aumentam a atividade em algumas vias neuronais. Esse efeito ocorre devido a um processo de desinibição, em que acontece excitação dos neurônios de projeção por supressão da atividade de interneurônios inibitórios, causando a inibição dos neurônios de projeção. RECEPTORES DE OPIÓIDES: MOP/MU/MI É o receptor peptídico opióide (μ). Causa analgesia supraespinhal, depressão respiratória, euforia e dependência. KOP/KAPPA É o receptor peptídico opióide kappa (κ). Causa analgesia espinhal, miose, sedação e disforia. DOP/DELTA É o receptor peptídico opióide delta (δ). EFEITOS: EFEITOS DESEJÁVEIS • Analgesia • Sedação • Potencializa anestésicos EFEITOS INDESEJÁVEIS • Depressão respiratória • Excitação, euforia e disforia • Bradicardia por estímulo vagal • Hipotensão por liberação de histamina • Ofegação por estímulo centro termorregulador • Náusea e êmese • Constipação MEDICAÇÕES: Os opioides mais utilizados em medicina veterinária são o: butorfanol, petidina, tramadol, morfina, metadona e fentanil. A preferência de escolha do opioide na MPA é sempre direcionado à potência analgésica, da qual é utilizado a morfina como referência pela sua potência de valor 1. Todo opioide que for <1 é fraco e, todo opioide que for mais >1 é forte. Cirurgias muito dolorosas é utilizado opioides >1, enquanto que as não tão dolorosas <1. AGONISTAS São as medicações que estimulam os receptores de opioides: • MOP e KOP • MOP agonista (forte ou fraco) • KOP agonista (fraco) AGONISTAS FORTES: 1 - MORFINA É um agonista forte que tem boa sedação, grande liberação de histamina e, entre os opioides, é o mais emético. O seu período de latência é curto (rápida ação). 2 - METADONA É um agonista forte, de boa sedação, que raramente produz êmese e de metabolização incerta (mínimo de 8h, mas variante nos animais). É usado em dose única como MPA ou como analgésico resgate (quando não é responsivo a outra anestésico mais fraco). 3 - FENTANIL Agonista extremamente forte que deve ser sempre utilizado em diluição ou infusão contínua em IV ou IM/SC. Causa bradicardia e depressão respiratória. É mais utilizado no transoperatório. AGONISTAS FRACOS: 4 - PETIDINA Tem uma boa sedação com grande liberação de histamina (não pode ser feito IV, em pacientes com histórico de alergia, agrava gastrite e é proibido em mastocitoma). Não deve ser reaplicado pelo seu metabólito tóxico (norpetidina). 5 - TRAMADOL É um MU agonista fraco que também age como antidepressivo (ação mista), por isso, não pode ser administrado em doses altas com outros antidepressivos. É o menos alergênicos dos opioides e com menor poder de sedação. Utilizar em pacientes com histórico de alergia, gastrite, mastocitoma ou em cirurgias de pouca dor e >2h. Ele ainda é mais utilizado como analgésico do que como sedativo. AGONISTAS PARCIAIS Medicações que estimulam opioides mais fracos que as endorfinas. Não são utilizados nem na anestesia e nem na clínica. AGONISTAS-ANTAGONISTAS: Medicações que estimulam um e bloqueiam outro. 6 - BUTORFANOL • Butorfanol (agonista KOP e antagonista MOP) fraco que ceda bem, mas tem dose teto. É o que menos deprime a respiração e um pouco mais forte para cirurgias de cólica equina. É o mais utilizado em procedimentos ambulatoriais. ANTAGONISTAS: Medicações que bloqueiam MOP e KOP. Utilizados para cortar os efeitos dos opioides. Eles deslocam os agonistas dos seus sítios, ligam-se fortemente a cada um dos 3 tipos de receptores e bloqueiam ou revertem o efeito da morfina. 7 - NALOXONA É um antagonista puro que corta todos os efeitos dos agonistas opióies. É utilizado em overdoses por opioides. Sem ausência de efeitos deletérios e analgésicos. 6 - MIORRELAXANTES DE AÇÃO CENTRAL Tem ação seletiva no SNC e são usados principalmente para o alívio de espasmos musculares dolorosos ou a espasticidade que ocorre em distúrbios músculo-esquelético ou neuromusculares. MEDICAÇÕES: 1 - ÉTER GUICERIL GUAIACOL (EGG) OU GUAIFENESINA É praticamente só utilizado em equinos e IV. Administrar em uma concentração de 5-10% com soro glicosado de 5%. Se a concentração estiver >15% pode causar flebite ou hemólise. Na prática, a sua utilização é feita para que o equino caia sem se desestabilizar (aos poucos), sem se defender e pela sua atuação nas células de Renshaw. Efeitos sistêmicos: • Relaxamento muscular • Analgesia discreta • Sedação discreta • Discreta depressão respiratória ANESTÉSICOS GERAIS São as medicações utilizadaspara que ocorra a depressão generalizada do SNC estando capaz de produzir hipnose, relaxamento muscular e analgesia de forma reversível. Essas medicações são de uso essencialmente IV e possuem curta duração (10- 15min). Os anestésicos gerais são divididos em dois grupos: Barbitúricos e não-Barbitúricos. O anestésico geral mais utilizado do grupo é o Propofol (95%), enquanto que o Etomidato (4%) e o Tiopental (1%). BARBITÚRICOS: 1 - TIOPENTAL Também chamado de Tiopentato de sódio (soro da verdade). É um barbitúrico de ação rápida, depressor do sistema nervoso central, utilizado principalmente em anestesia e hipnose. Na Medicina Veterinária a sua administração é essencialmente IV, as injeções perivasculares podem causar inflamação, dor e necrose tecidual. É o anestésico mais potente no mercado. FARMACOCINÉTICA Pela sua estrutura ser altamente lipofílica ele acaba causando alta concentração cerebral em administrações rápidas, o animal acaba ficando excitado, podendo levar à morte e/ou fazer com que ele tenha uma recuperação rápida da anestesia (atrapalhando a cirurgia). A sua administração é bifásica, portanto, deve ser feita nos primeiros 1/3 rápida e nos 2/3 restantes devagar para que o medicamente se distribua igualmente nos tecidos lipofílicos (cérebro > SC > outros órgãos). Esse medicamente possui uma característica da qual, quanto maior a dose inicial, maior a concentração cerebral, fenômeno conhecido como tolerância aguda. Eles conjugam-se com a albumina plasmática e isto depende fundamentalmente da sua lipossolubilidade, que é alta nos casos do tiopental. A absorção máxima se dá em 30 segundos e estabelece-se o sono. A redistribuição pelos órgãos bem vascularizados, tais como os rins, fígado e coração, faz com que ocorra um equilíbrio, tornando esse anestésico de duração ultracurta. Quando se dá a injeção de forma rápida, o paciente também se recupera rapidamente, fenômeno conhecido como dose maciça ou injeção maciça. Por outro lado, quando são dadas doses complementares, todos os barbitúricos apresentam o fenômeno denominado efeito cumulativo, que é prático para o profissional, mas incômodo e arriscado para o paciente, pois retarda a recuperação anestésica, envolvendo-a com todas as características indesejáveis (hipotermia, movimentos de pedalagem, bradicardia, excitação e ganidos). O efeito acumulativo aumenta o tempo de anestesia do paciente por conta da lenta metabolização. A metabolização do Tiopental é feita exclusivamente no fígado, mas apenas 5% da droga é metabolizada em 1h. O primeiro local de penetração do Tiopental é no cérebro, mas, após esse órgão, ele vai em direção ao coração, rins, fígado, músculo, SC e etc, acumulando- se nesses órgãos e, assim, aumentando o tempo de anestesia. Pelo efeito acumulativo do Tiopental não é possível o seu uso em infusão contínua. É um medicamente hepatotóxico e nefrotóxico. https://pt.wikipedia.org/wiki/Barbit%C3%BArico https://pt.wikipedia.org/wiki/Anestesia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipnose MECANISMO DE AÇÃO O tiopental é um fármaco extremamente lipofílico e potencializa o efeito inibitório GABA. Pode levar a inconsciência em 30 segundos, atravessando muito rapidamente a barreira hematoencefálica. Ele ainda causa relaxamento muscular pela redução da ligação da Acetil-CoA nos receptores colinérgicos nicotínicos da musculatura. EFEITOS SISTÊMICOS: SISTEMA CARDIOVASCULAR • Arritmias ventriculares • Redução do retorno venoso • Redução do débito cardíaco Não utilizar em cardiopatas ou em pacientes com qualquer alteração cardiovascular. SISTEMA RESPIRATÓRIO • Depressão dose-dependente • Reduz a taquipnéia compensatória SISTEMA NERVOSO CENTRAL • Reduz ou não afeta a PIC • Reduz o metabolismo cerebral É uma escolha possível para neuroproteção quando não haver Propofol. USOS TERAPÊUTICOS: • Indução anestésica (latência de 10-20s) em animais saudáveis e quando não há Propofol • Anestesia de curta duração (desprovido de efeito analgésico com duração de 10-15min) • Anticonvulsivante de eleição após uso de Diazepan e Propofol • Neuroproteção • Eutanásia (Tiopental + KCl) PROTOCOLO: A • Sem MPA • Tiopental isolado 25mg/Kg/IV B • Com MPA • Acepromazina 0,1mg/Kg/IM • Petidina 2mg/kg/IM C • Com MPA + benzodiazepínico na indução • Acepromazina 0,1mg/Kg/IM • Tramadol 2mg/kg/IM • Tiopental (indução anestésica) 6,25mg/kg/IV • Diazepan 0,2mg/kg ou Midazolan 0,5mg/kg/IV https://pt.wikipedia.org/wiki/GABA NÃO-BARBITÚRICOS: 2 - PROPOFOL A preparação corrente do Diprivan® é 1% de propofol, 10% de óleo de soja, 1,2% de fosfolipideo de ovo purificado (emulsionante), glicerol 2,25% como agente ajustador da tonicidade e hidróxido de sódio para ajustar o pH. O propofol é isotónico e o seu pH varia de 7,0 a 8,5. A emulsão de propofol aparece como um líquido opaco esbranquiçado devido à dispersão luminosa causada pelas pequeníssimas gotículas de gordura que ele contém. É muito sensível à contaminação. FARMACOCINÉTICA É essencialmente administrado por VI, é metabolizado, principalmente à nível hepático, mas os rins, pulmões, intestinos e proteínas plasmáticas também participam da sua metabolização. A sua excreção é através dos rins. A ligação proteica é muito alta (97-98%). A hepato e nefrotoxicidade é bem reduzida em cães, mas moderada hepatotoxicidade em gatos. MECANISMO DE AÇÃO O mecanismo de ação proposto é atividade agonista de receptores do tipo GABA. Sua ligação provocaria a abertura de canais de íons cloreto levando à hiperpolarização neuronal. EFEITOS SISTÊMICOS: SISTEMA CARDIOVASCULAR • Mínima alteração na FC • Hipotensão arterial • Depressão miocárdica É um grande depressor cardiovascular (deprime o miocárdio causando hipotensão, mas sem mudanças na frequência cardíaca). Não utilizar em cardiopatas graves ou em pacientes com qualquer alteração cardiovascular. SISTEMA RESPIRATÓRIO • Dose e velocidade-dependente Ele deprime a função respiratória pela dose (quanto maior a dose mais dificultosa é a respiração) e pela velocidade de aplicação (quanto maior for a velocidade de aplicação maior a probabilidade de apnéia). Aplicar muito vagarosamente. USOS TERAPÊUTICOS: • Indução anestésica • Anestesias ambulatoriais de curta duração • Anestesia intravenosa total (TIVA). É o uso do Propofol em infusão contínua durante a cirurgia inteira. • Retorno tranquilo PROTOCOLO: A Com MPA • Acepromazina 0,1 mg/kg/IM • Petidina 2 mg/kg/IM • Propofol 5-8 mg/kg/IV B Com MPA + Quetamina • Acepromazina 0,1 mg/kg/IM • Tramadol 2 mg/kg/IM • Propofol 2 mg/Kg/IV • Quetamina 2 mg/kg/IV https://pt.wikipedia.org/wiki/GABA https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloro 2 - ETOMIDATO O etomidato é um éster imidazólico. Sua apresentação é geralmente como emulsão lipídica ou como solução cristalina contendo propilenoglicol numa concentração de 2mg/ml. Dor à injeção é comum e a taxa de tromboflebite no período pós- operatório é alta. O Etomidato é o anestésico de indução mais seguro que há, porém, o Propofol ainda é o anestésico de eleição. O uso do Etomidato é para os pacientes cardiopatas ou que apresentam alguma alteração cardiovascular. FARMACOCINÉTICA A administração é essencialmente IV, mas sua aplicação causa dor. Possui ligação proteica de 75% e de metabolização hepática e por proteínas plasmáticas e excreção renal e biliar. MECANISMO DE AÇÃO É um modulador de receptor de GABA. EFEITOS SISTÊMICOS: SISTEMA CARDIOVASCULAR • Não altera FC, PA, resistência vascular periférica, DC ou a contratilidade periférica SISTEMA RESPIRATÓRIO • Em doses terapêuticas: taquipnéia eredução do volume corrente • Em doses elevadas: depressão respiratória por 10min SISTEMA NERVOSO CENTRAL • Reduz o metabolismo em 50% • Reduz a PIC • Reduz o fluxo sanguíneo cerebral SISTEMA ENDÓCRINO • Reduz a cortisolemia por até 6h • Inibe a síntese de cortisol com uso prolongado Não utilizar como infusão contínua pois o paciente pode ocorrer por síndrome de hipoadreno. USO TERAPÊUTICO: Usado para indução anestésica de escolha em cardiopatas ou em pacientes hemodinamicamente comprometidos. Os efeitos adversos comuns são os tremores musculares (em casos graves pode dificultar a intubação), por isso, é administrado junto Midazolam. PROTOCOLO: • Tramadol 2mg/kg/IM • Etomidato 1-2mg/kg/IV • Midazolam 0,5mg/kg/IV ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS São fármacos derivados das ciclohexaminas que interrompem a transmissão ascendente cerebral sem promover depressão generalizada do cérebro, mas produzindo anestesia. Esses anestésicos têm a capacidade de dissociar a junção córtico-medular, deprimir seletivamente várias áreas do córtex cerebral e simpatomiméticas. Anestesia dissociativa é um estado de catalepsia (rigidez muscular, perda do tônus postural e ataxia, amnésia e analgesia somática, com manutenção dos reflexos protetores, como o oculopalpebral e laringotraqueal). Efeitos: • Catalepsia • Analgesia somática superficial (pele, osso e músculo) • Depressão de áreas específicas sem a certeza da perda total da consciência • Manutenção dos reflexos oculopalpebrais e laringotraqueal 1 - CETAMINA A cetamina (cloridrato de 2-(o-clorofenol)-2- (metilamino)-ciclo-hexano) é um derivado da fenilciclidina, classificada como anestésico dissociativo por promover a dissociação dos sistemas talamocortical e límbico. Tal tipo de anestesia promove um estado de catalepsia, onde os olhos permanecem abertos e os reflexos de deglutição inalterados. Formulações: 1) Forma racêmica: é a mistura das isoformas da Cetamina S(+) e Cetamina R(-) 2) Dextrocetamina (Cetamina S+): é mais potente sedativa, analgésica e menor agitação na recuperação FARMACOCINÉTICA A cetamina é altamente lipossolúvel, mas tem pouca capacidade de ligação protéica. Essa característica permite uma rápida passagem pela barreira hematoencefálica, levando a concentrações de 4 a 5 vezes maiores que no plasma. A meiavida de distribuição é de 7 a 11 minutos, aproximadamente. A maior parte da cetamina (80%) é metabolizada multifásica no fígado, produzindo norcetamina, esse processo acaba lesando os hepatócitos (não utilizar em hepatopatas). Esta última também possui propriedades analgésicas, porém fracas (20 a 30% da potência da cetamina). A norcetamina é um metabólito neuro e nefrotóxico e que causa depressão em fetos. A sua metabolização é pouco efetiva em gatos. O pico da concentração sanguínea da norcetamina é atingido cerca de 30 minutos após a administração intravenosa. Em seguida, a norcetamina é primariamente hidrolisada por meio de glucurono-conjugação e excretada pela urina e pela bile. É uma anestesia curta. Em decúbito lateral IV dura- se de 30-90min e IM de 2-5min. Pode ser administrada por: IV, IM, SC, VO, retal e nasal. Pode ocorrer dor à aplicação IM, mas sem edema ou necrose. As várias opções de vias de administração possibilita a anestesia ambulatorial e à campo. MECANISMO DE AÇÃO É um antagonista do receptor NMDA do tipo não competitivo; bloqueia o sítio de ligação de fenciclidina no receptor NMDA o que por sua vez impede a despolarização do neurônio. Os receptores do NMDA são localizados nos níveis espinhal, talâmico, límbico e cortical. Por isso, a cetamina interfere com o input sensorial nos centros superiores do SNC, afetando as respostas de dor, emotivas e da memória. Ela bloqueia os receptores muscaríenos no SNC causando excitação no hipocampo e depressão tálamo-cortical, levando à convulsões. Inibem a recaptação de serotonina, dopamina e noradrenalina possibilitando a sensação de prazer e de hipertonicidade muscular. Inibem os receptores NMDA (N-metil-D-Aspartato) pelos canais de cálcio. A cetamina também apresenta efeitos secundários sobre os receptores de opióides, os quais ajudam a propagar seu efeito analgésico, bem como sobre os receptores alfa, beta e de catecolamina. USO TERAPÊUTICO • Contenção química de animais domésticos bravos ou de animais selvagens • Indução anestésica Sempre que possível devem ser associados a tranquilizantes e, nunca deve ser feita sem sedativos, miorrelaxantes e opioides. EFEITOS SISTÊMICOS: SISTEMA CARDIOVASCULAR • Taquicardia intensa • Aumento da contratilidade cardíaca • Aumento de PA e DC Aumenta-se o consumo de O2 no miocárdio, podendo causar arritmias. SISTEMA RESPIRATÓRIO • Depressão dose-dependente • Inspiração apnêustica • Não deprime o reflexo laringotranqueal OUTROS • Analgesia somática • Hipertonicidade muscular • Preservação dos reflexos protetores • Salivação e excitação • Redução do limiar convulsivo • Aumento de PIC e PIO • Atravessa a barreira HEC e placentária PROTOCOLO: ANESTESIA DISSOCIATIVA • Cetamina 10-15mg/kg IM • Xilazia/Dexmedetomidina 0,5-2mg/kg IM • Diazepam 0,5mg/kg IM • Butorfanol/Petidina/Tramadol 2mg/kg IM ANESTESIA INALATÓRIA • Cetamina 5 mg/kg IV • Diazepam 0,5 mg/kg IV Ou • Cetamina 5 mg/kg IV • Midazolam 0,5 mg/kg IV 2 - TILETAMINA A anestesia dissociativa pode ser empregada na contenção química, na indução da anestesia e na manutenção da anestesia, desde que devidamente associada a outros agentes que possam atenuar seus efeitos excitatórios (Zolazepam). A tiletamina é sempre comerciada em pó com o Zolazepam para mistura. A tiletamina induz efeitos farmacológicos mais potentes e duradouros do que aqueles observados com o uso de outros agentes dissociativos. A sua diferença para a Cetamina é que além de ser mais potente, há mais analgesia e não é necessário o uso de outras medicações. Age pelo antagonismo não competitivo dos receptores do tipo NMDA do sistema nervoso central, envolvidos com a condução dos impulsos sensorial espinhal, talâmico, límbico, subcortical e cortical. São agonistas de receptores α e β adrenérgicos e receptores opioides σ na medula espinhal. O Zolazepam deprime a atividade motora espontânea e tem atividade anticonvulsivante duas vezes maior que o Diazepam. FARMACOCINÉTICA A tiletamina tem potência e duração de ação intermediárias; o período de latênciaé de 2 a 3 minutos após injeção intramuscular, a duração do efeito em torno de 60 minutos, sendo esse efieto dose-dependente. A semivida de eliminação da tiletamina é de 75 minutos nos cães e 150 minutos nos gatos. A do zolazepam é de 60 minutos nos cães e 270 minutos nos gatos. Os estudos metabólicos no gato demonstram que a principal via de excreção dos dois componentes é a via urinária. No gato, 5 a 10 % da dose de tiletamina é excretada através da urina e não se detecta nenhum vestígio da substância nas fezes. Existe excreção biliar. Pode ser administrada por: IV, IM, SC, VO, retal e nasal. Pode ocorrer dor à aplicação IM, mas sem edema ou necrose. PROTOCOLO: ANESTESIA DISSOCIATIVA • Tiletamina e Zolazepam 4-5 ou 4-12mg/kg IV ou IM • Xilazina 1mg/kg IM • Butorfanol 0,2 mg/kg IM AVALIAÇÃO DA ANESTESIA ANESTESIA GERAL INALATÓRIA É aquela obtida através da absorção de um anestésico inalatório pela via respiratória que passa para a corrente sanguínea circulatória e atinge o SNC, assim, produzindo anestesia. A anestesia inalatória consiste na administração por via respiratória de uma mistura de gases ricos em oxigénio que veicula os vapores de agentes anestésicos voláteis. O recursoà anestesia inalatória requer a utilização de aparelho específico, intubação endotraqueal e uma monitorização anestésica contínua. Os anestésicos inalatórios podem ser utilizados para a indução anestésica, mas são essencialmente agentes de manutenção que sucedem à indução intravenosa. Algumas vantagens: tempo não é limitante, uma mesma via de administração e eliminação, pouca sobrecarga hepática, fácil de manter o paciente no plano desejado, facilidade de controle anestésico, obrigatoriedade no fornecimento de O2 e rápida indução e recuperação. Três anestésicos inalatórios podem atualmente ser utilizados em medicina veterinária: Sevoflurano, Isofluorano e Halotano. Características desejáveis: • Pouco metabolizado • Não irritante à mucosa • Não inflamável (éter) ou explosivo (clorofórmio) • Baixo coeficiente de solubilidade no sangue e gordura • Não nefrotóxico e hepatotóxico • Não sensibiliza o miocárdio pela ação das catecolaminas • Odor agradável MECANISMO DE AÇÃO Eles potencializam a atividade de receptores GABA, bloqueiam os receptores nicotínicos, atuam na abertura de canais de K+, ativam receptores de glicina e inibem a fusão das vesículas simpáticas. FARMACOCINÉTICA Quando o gás anestésico é inalado ele não é absorvido em sua totalidade inicialmente, pois além da ventilação estar alterada as concentração do gás anestésico dentro do organismo é diferente. O gás anestésico, primeiramente, vai para os pulmões, de lá, pela circulação sanguínea, ele caminha para os locais menos concentrados. Os primeiros órgãos a serem atingidos pelo gás são aqueles muito vascularizados, mas em especial o cérebro. O próximo órgão atingido são os músculos e, em seguida, os restantes dos órgãos menos vascularizados. Os anestésicos voláteis produzem anestesia quando atingem uma determinada concentração no SNC. Esta concentração é obtida através do aumento dos gradientes de concentração desde o aparelho de anestesia até aos alvéolos e destes para o sangue, através do qual o anestésico é transportado até ao SNC. Quando se alcança o equilíbrio, a concentração de anestésico no SNC é igual à do sangue e a mesma nos alvéolos pulmonares. Portanto, os fatores que influenciam a concentração alveolar influenciam igualmente a concentração no SNC. Quando a concentração do gás anestésico atinge a sua totalidade em todos os órgãos inicia-se a manutenção anestésica. Os níveis do anestésico volátil dependem da eficiência da ventilação alveolar e da concentração anestésica no gás inspirado. Se ambos os parâmetros são elevados, a indução da anestesia é rápida. A passagem do fármaco dos alvéolos para o sangue, depende do débito cardíaco, do coeficiente de solubilidade no sangue e da concentração do anestésico no sangue venoso pulmonar. As concentrações alveolares aumentam rapidamente quando o débito cardíaco é baixo e quando se utilizam agentes insolúveis ou pouco solúveis no sangue (baixo coeficiente de partição gás/sangue). A metabolização dos gases anestésicos é quase que totalmente pulmonar e, em baixo grau, hepática. O gás anestésico que apresenta a maior taxa de metabolização hepático é o Halotano, na qual a taxa mínima de metabolização é de 20% e máxima de 45%. Além da sua alta metabolização hepática, esse gás ainda produz um metabólito altamente tóxico chamado ácido trifluoracético. Esse ácido é expelido pela respiração do paciente anestesiado, se concentrando na sala cirúrgico e fazendo com que a equipe cirúrgica inale o gás. As consequências que o gás traz para o organismo são: hepatopatias, depressão, doenças imunomediadas, artrietereumatóride, infertilidade e câncer. A ordem de metabolização é Halotano > Sevoflurano > Isoflurano. Mesmo o Isoflurano sendo o menos metabolizado ele não é, também, o menos o hepatotóxico. O Sevoflurano é o menos hepatotóxico, pois, em sua metabolização, ele não produz o ácido trifluoracético, diferente do Isoflurano. Em neuropatias recomenda-se o uso do Isoflurano > Sevoflurano > Halotano. Em cardiopatias recomenda-se o uso Sevoflurano (quando há necessidade de não haver vasodilatação exacerbada) e Isoflurano (quando há a necessidade de vasodilatação). Em relação a intensidade de depressão no sistema respiratório Isoflurano/Sevoflurano; o Isoflurano possui um odor pungente (altamente desagradável). Em hepatopatias recomenda-se o uso de Sevoflurano > Isoflurano > Halotano. Em nefropatias recomenda-se o uso de Sevoflurano > Isoflurano (mínima diferença do Iso) > Halotano. Em relação as possíveis desordens causadas no sistema reprodutor, faz-se melhor o uso de Isoflurano/Sevoflurano e nunca Halotano (teratogênico e abortivo). Em relação a velocidade de indução do mais rápido para o mais devagar: Sevoflurano > Isoflurano > Halotano. Situações em que o uso de Sovoflurano é melhor que o Isofluorano: • Hepatopatias • Induções em máscara • Alterações circulatórias que não podem causar vasodilatação (hipotensão, cardiomiopatia hipertrófica, comunicação atrial, tetralogia de fallop...) PROPRIEDADES DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE DO GÁS NO SANGUE O coeficiente de solubilidade do gás no sangue, descreve a capacidade para dissolver o agente no sangue. Os fármacos com baixa solubilidade têm um coeficiente baixo, o que ocasiona induções e recuperações rápidas. As oscilações da profundidade anestésica pela modificação do débito do fluxómetro e/ou concentração anestésica no vaporizador são bastante rápidas. CONCENTRAÇÃO ALVEOLAR MÍNIMA (CAM) A concentração alveolar mínima (CAM), é a concentração alveolar expressa em percentagem que anula a reação a estímulos dolorosos específicos, como pode ser uma incisão na pele, em 50 % dos animais. É uma medida da potência do anestésico. Os agentes que têm um CAM baixo, são, portanto mais potentes do que aqueles que tem um CAM elevado. Existem diversos fatores que influenciam a CAM. Destes o mais importante é a administração conjunta de outros fármacos como por exemplo os analgésicos que se administram MPA. A CAM também é utilizada para saber a dose inicial de gás anestésico. É feito o valor de CAM vezes o valor de cada gás para cada espécie Dose inicial = CAM x Gás-Espécie Fatores que diminuem a CAM: • Hipotermia • Acidose metabólica • Gestação • Idade avançada • PaO2 < 40mmHg ou PaCO2 > 95 mmHg • Fármacos que deprimem o SNC • Uso de opioides no transoperatório Fatores que aumentam a CAM: • Hipertermia • Estimulantes do SNC (cafeína e aminofilina) ESTÁGIOS E PLANOS ANESTÉSICOS PEQUENOS ANIMAIS Os estágios e planos anestésico são um conjunto de sinais associados à parâmetros fisiológicos que tem como objetivo caracterizar a profundida anestésica. Existem 4 estágios. O estágio 3 é longo e, por isso, é subdividido em 4 planos anestésicos. ESTÁGIOS E1 Estágio indesejável. O animal ainda está em alerta e excitado. Há a liberação de adrenalina, ocorrendo taquicardia e midríase. Geralmente ocorre antes da MPA ou logo após a MPA. A solução para esse estágio é feita a partir de uma correta MPA. E2 Estágio indesejável. O animal perde a consciência, mas continua agitado (apresenta delírios e alucinações). O animal tem um aumento da responsividade aos estímulos externos, por isso, eles têm uma reação exacerbada a qualquer estímulo. O animal apresenta incoordenação, hiperalgia, midríase, taquicardia e hiperventilação. A solução para esse estágio é feita a partir de uma correta MPA. E3: P1 Esse é o primeiro estágio da anestesia, pois o animal começa a ficar calmo, iniciando a fase de hipnose. O animal se encontra calmo, mas com todos osreflexos ainda presentes. Ele ainda sente dor, por isso, esse plano não é usado em nenhum procedimento cirúrgico, apenas em procedimentos ambulatoriais e em coletas de exames. Há miose com resposta ao estímulo luminoso, início de projeção de 3° pálpebra em pequenos animais e nistagmo em equinos. Ocorre salivação. A respiração está normal, estabilização hemodinâmica e tônus muscular reduzido. Teste dos reflexos (cão): • Palpebral (+) • Pupilar (+) • Corneal (+) • Laringotraqual (+) • Interdigital (-) P2 No P2 a cirurgia só pode ser feita quando usado anestesia complementar (anestesia local + geral), senão o cão irá sentir dor. Se o cão estiver com apenas MPA a cirurgia só pode ser feita no P3. Esse é o melhor plano para ser feita a cirurgia. Neste plano o bulbo ocular está rotacionado. Agora que o cão perdeu o reflexo laringotraqueal é possível a intubação. A pupila está em miose. Respiração profunda e rítima, com depressão hemodinâmica, miorrelaxamento e ausência de salivação (exceto em grandes animais). Teste dos reflexos (cão): • Palpebral (-) • Pupilar (+) • Corneal (+) • Laringotraqual (-) • Interdigital (-) P3 O P3 representa o limite seguro (profundidade) da anestesia. Após esse plano a vida do animal corre perigo por excesso anestésico. A cirurgia é feita nesse estágio. O bulbo ocular que estava rotacionado começa a centralizar e está em miose. Todos os reflexos estão ausentes. A respiração é abdominotorácica de superficial a apnéia e de ritmo apnêustico, bradiarritmia ou taquicardia e hipotensão. A intubação dos felinos e a cirurgia é feita nesse plano. Como os gatos não perdem totalmente o reflexo laringotraqueal é administrado um 0,2ml de Lidocaína VO. Teste dos reflexos (cão): • Palpebral (-) • Pupilar (-) • Corneal (-) • Laringotraqual (-) • Interdigital (-) P4 Há centralização do bulbo ocular e midríase, paralização da musculatura abdominal e intercostal, apnéia, acidose metabólica, cianose, hipoventilação, depressão hemodinâmica severa, hipotensão e bradicardia. O animal pode ou não estar responsivo à manobras de ressuscitação. E4 Esse plano é mortal, pois o animal entre em colapso anestésico. Não há nenhuma resposta do sistema nervoso autônomo. O animal não responde a nenhuma manobra de ressuscitação. ESCALA DE GUEDEL Cão: Gato: EXAME FÍSICO É feito a cada 5min no decorrer da cirurgia para garantir que o animal está suportando a cirurgia e a anestesia. EQUINOS AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA HIDRATAÇÃO A hidratação de primeira escolha é com o uso de cristalóides, devendo ser lenta, sem edema e com hemodiluição. Animais que estão severamente desidratados é usado soluções hipertônicas junto ao cristalóide. JEJUM Jejum obrigatório de 24h para sólidos e 6h para líquidos. O jejum mínimo é de 4-8h para sólidos. Caso não esteja de jejum é necessário a lavagem estomacal. HIGIENIZAÇÃO E TRICOTOMIA RESPOSTAS À DOR 1º Escopolamina 2º AINEs: Flunixin meglubine ou Dipirona 3º Alfa-2-agonista: Xilazina 4º Opióides: Morfina MPA • Anticolinérgicos: Escopolamina, IM. Risco de diminuição da motilidade intestinal. • Traquilizantes: Acepromazina (0,1 mg/kg IV). Efeito tranquilizante discreto, efeito extrapiramidal por bloqueio de dopamina, priapismo e ataxia. É feito quando não há contraindicações. • Alfa-2-agonistas: Xilazina (0,5 - 1mg/kg IV) ou Detomidina (0,02-0,04mg/kg IV). São os mais utilizados, pois garantem sedação, relaxamento muscular, analgesia visceral e ataxia. Pode ocorrer bradicardia, redução do DC, depressão respiratória e hipertensão seguida de hipotensão. • Opióides: Petidina, Tramadol, Morfina e Metadona. Fentanil não é utilizado em equinos. • Benzodiazepínicos: Diazepam ou Midazolam • EGG INDUÇÃO ANESTÉSICA • Quetamina (2,0-3,0 mg/kg IV). Melhora a PaO2 e o DC. Não utilizar em traumas cranianos e epilepsias. Quando não puder utilizar Quetamina: Tiopental Sódico (6-12 mg/kg), causa queda brusca do animal ou Propofol (2mg/kg), não é t]ao utilizado pois a sua administração deve ser lenta. • Etomidato: nunca utilizar em equinos ANESTESIA INALATÓRIA • Isofluorano: coeficiente de solubilidade (1,4), CAM (1,2) e de recuperação mais brusca • ESTÁGIOS E PLANOS ANESTÉSICOS P1 O cavalo apresenta nistagmo na indução anestésica. P2 Sem nistagmo e com uma leve diminuição no reflexo palpebral. É nesse plano que se faz a intubação. Algumas piscadas bem lentas podem acontecer. P3 Ocorre a perda ou depressão do reflexo palpebral. Ele não pisca mais nesse. P4 Sem reflexo palpebral ou corneal. MONITORIZAÇÃO • ECG (arritmias) • PAM (60-90mmHg). Excesso de anestésico (perda de reflexos e PAM baixa). Pouca anestesia (PAM alta e nistagmo) • Oximetria (92-98%) COMPLICAÇÕES ADJUVANTES DE DOR • Opióides trans-operatórios • Lidocaína HIPOTENSÃO ARTERIAL • Hipertônica (7,5%) a 4ml/kg • Efedrina (0,06 mg/kg) • Dobutamina (0,5-5 mg/kg/min) ANESTESIA À CAMPO ANESTESIA DISSOCIATIVA PROCEDIMENTOS RÁPIDOS Possui período hábil de 15-20min e recuperação em 45min. A reaplicação pode ser feita (apenas metade da dose), não deve ser feito mais de 3 reaplicações pois causa convulsões. • Xilazina 1 mg/kg • Petidina 1 mg/kg • Quetamina 2 mg/kg • Diazepam 0,1 mg/kg PROCEDIMENTOS UM POUCO MAIS LONGOS É um protocolo que dura um pouco mais de tempo (25-35min), mas causa depressão respiratória e faz com que o equino acorde agitado. • Xilazina 1mg/kg • Tramadol 1 mg/kg • Tiletamina/Zolazepam 1,5 mg/kg PARA PROCEDIMENTOS LONGOS (TRIPLE TRIPLE) É o procedimento mais utilizado no mundo. É utilizado um frasco de soro ou a própria bolsa do EGG. Faz o acesso venoso no equino, a infusão é rápida no começo, mas, após que o animal estiver sedado, diminuir a velocidade de infusão. É feito dois frascos, um para a sedação e outro para manutenção. Tem o risco de bradicardia e depressão respiratória. • Xilazina 500mg • EGG 50g • Quetamina 2000 mg/L MONITORIZAÇÃO GLOBO OCULAR • Reflexo ocular (+) • Nistagmo, se houver, o animal está começando a acordar (aumentar a sedação) • Lacrimejamento (+) FC E FR • Mucosas normocoradas • TPC <2s APARELHOS E CIRCUITOS ANESTÉSICOS Os aparelhos anestésicos têm a função de distribuir a concentração adequada e segura de O2 para o paciente, distribuir gases ou vapores anestésicos para o paciente e remover o CO2 exalado pelo paciente. COMPONENTES: CILINDROS COM GASES É necessária uma fonte de O2, essa fonte pode ser em forma de cilindros ou concentradores. A utilização de cilindros não necessita de energia elétrica, ao contrário dos concentradores. Os cilindros podem ser de alumínio (mais leve) ou de ferro (mais pesado). Os cilindros em verde (O2), azul (N2O) e verde/cinza claro (ar comprimido). Os cilindros devem sempre ficar para fora da clínica. VÁLVULA REDUTORA Utilizada para reduzir a pressão de saída dos gases e na monitorização do consumo de gases. A pressão dos gases no cilindro é de 150-250 Kgf/cm², a válvula reduz esse valor para 4 Kgf/cm². MANGUEIRA Ela conecta a válvula redutora ao aparelho. A mangueira de O2 é sempre verde e sua rosca de conexão é única. O chicote é um kit com várias mangueiras usada para diferentes gases. FLUXÔMETRO Determinada a quantidade de O2. Um fluxômetro consiste em uma válvula em agulha e outra de selamento e um tubo sinalizado e calibrado com um indicador (rotâmetro). Todos os fluxômetros e sistemas de controle de fluxo devem ser únicos e independentes, graduados em litros por minuto e com exatidão dentro de um erro aceitável de até 10% do valor indicado. Tem dois tipos de fluxômetro:o simples e o rotâmetro (nesse, há a entrada de vários gases e a possibilidade de mistura dos gases). VAPORIZADOR Responsável por misturar o gás O2 com o gás anestésico, além de controlar a concentração administrada. O valor é dado em porcentagem. Existem dois vaporizadores: o universal é o mais barato e de menor manutenção, porém não é específico para o agente empregado e não demostra a concentração administrada mesmo com a CAM. O calibrado é mais caro e necessita de manutenção, mas é específico para cada agente anestésico e demostra a concentração empregada. SISTEMA RESPIRATÓRIO Possuem a vantagem de economia de anestésicos, baixa poluição do ambiente, aquecimento e umidificação dos gases inspirados e estabilidade na concentração desejada de anestésicos inalatórios. Os sistemas podem ser: semi-aberto, esse sistema não utiliza equipamentos específicos, pode ser usado caixas, algodões embebidos ou máscars. O sem absorvedor de CO2 avalvular (Baraka), esse sistema é ruim porque é mais tóxico para o anestesista, há muito gasto de O2 e gás anestésico e o paciente inala o ar frio e seco, porém é utilizado em animais pequenos (<5kg ou até 10kg). Quando a válvula de alívio está aberta o sistema é chamado de semi-fechado e, quando ela está fechada, de sistema fechado. 1º Válvula unidirecional inspiratória 2º Traqueias corrugadas 3º Válvula unidirecional expiratória 4º Válvula de alívio (pop-off). No começo da anestesia essa válvula tem que estar aberta. Na manutenção a válvula fica semi-aberta. 5º Balão reservatório. Ele reserva o gás anestésico para seu reuso e pode ser utilizado para ventilação. O tamanho mínimo deve ser 3-5x o volume corrente do paciente. O valor para saber o vol corrente = peso (kg) x 15. 6º Canister com cal soldada. A sua cor vai mudando para roxo quando utilizado, a sai troca deve ser feita quando metade do cal está roxeado. ANESTESIA LOCORREGIONAL As anestesias locorregionais (ALs) atuam na a perda temporária da sensibilidade em uma área circunscrita, a perda temporária ocorre por depressão da excitabilidade das terminações nervosas ou pela inibição do processo de condução nos tecidos nervosos. Toda AL é reversível, pode causar inflamação tissular mínima, boa difusibilidade, baixa toxicidade sistêmica e compatível à utilização de vaso constritores (adrenalina). MECANISMO DE AÇÃO Os anestésicos locais bloqueiam a ação de canais iônicos na membrana celular neuronal, impedindo a neurotransmissão do potencial de ação. A forma ionizada do anestésico local liga-se de modo específico aos canais de sódio, inativando-os e impedindo a propagação da despolarização celular. Porém, a ligação específica ocorre no meio intracelular, por isso é necessário que o anestésico local em sua forma molecular ultrapasse a membrana plasmática para então bloquear os canais de sódio. Os ALs não funcionam em tecidos inflamados, pois o tecido inflamado é quase que totalmente ácido, ionizando o anestésico. Os ALs são alcalinos e só funcionam em estruturas alcalinas (tecidos saudáveis são alcalinos). O pKa dos anestésicos locais determina a quantidade de droga existente na forma ionizada em um determinado pH. No pH fisiológico (7,4) todos os anestésicos locais apresentam sua forma ionizada em maior proporção, visto que o pKa de todos os AL é maior que 7,4. A droga deve atravessar a membrana lipídica da célula para no meio intracelular atuar nos canais de sódio. A porção não-ionizada atravessa a membrana mais facilmente que a ionizada. Assim, a droga com maior fração não-ionizada em pH fisiológico alcança seu sítio efetor de forma mais rápida. O pKa explica a falha de bloqueio local em tecidos inflamados. FARMACOCINÉTICA Quanto mais vascularizado for a região de aplicação, mais rápida será a sua absorção, metabolização e tempo de anestesia local. Quando a absorção é rápida, a concentração plasmática chega no seu ápice mais facilmente, possibilitando, assim maior taxa de toxicidade. Regiões de aplicações pouco vascularizadas possuem tempo de anestesia maiores pela absorção-metabolização serem mais demoradas. Para que ocorra maior tempo de anestesia faz-se a associação de vasoconstritores, o mais utilizado é a Adrenalina. Essa associação diminui o risco de intoxicação e possibilita o uso de doses maiores de anestésicos. Deve-se evitar o uso associado da Adrenalina em animais cardiopatas, HAS, DM, em lugares pouco vascularizados como nas extremidades corpóreas, em circulações terminais (bordas de feridas) e feridas extensas. Os anestésicos locais devem ser infiltrados em áreas próximas aos nervos que devem ser bloqueados – incluindo pele, tecido subcutâneo e espaços intraneural e epidural. Parte das drogas será absorvida para a circulação sistêmica: a quantidade dependerá do fluxo sanguíneo no tecido onde foi administrado o anestésico e dos efeitos que a droga ou seus aditivos podem desencadear na circulação local. A duração da ação do anestésico local está relacionada à sua estrutura molecular, principalmente ao comprimento da cadeia intermediária que liga o anel aromático ao grupo amina, e ao grau de ligação protéica da droga. Entre os diferentes anestésicos locais existe uma grande variabilidade de cadeias intermediárias e do grau de ligação protéica. Quanto maior a ligação protéica, maior o tempo de duração do anestésico. MEDICAÇÕES 1 - CLORIDRATO DE TETRACAÍNA É um anestésico extremamente potente e tóxico. É proibida a sua administração IV, IM ou SC; o seu uso é exclusivamente tópico. A sua formulação é em pomadas ou colírios. O seu tempo de ação é demorado (até 20min) e com dose máxima de 1mg/kg. Formas comerciais: Ametocaína®, Pantocaína® e Decicaína®. 2 - CLORIDRATO DE LIDOCAÍNA É o AL mais utilizado no mundo. O seu tempo de latência é baixo, ou seja, o tempo de ação é rápido e com alto poder de difusibilidade. A duração do efeito é de 40-90min. A sua administração pode ser feita em qualquer via. A dose máxima é de 7mg/kg (9mg/kg com Adrenalina). O seu uso é feito em procedimentos que durem o tempo máximo do seu efeito. Formas comerciais: Xilocaína®, Liquocaína® e Anestacon®. 3 - CLORIDRATO DE BUPIVACAÍNA É 3-4x mais potente que a Lidocaína. O seu período de latência é muito longo (demora até 30min para que ocorra o bloqueio anestésico), além da sua difusibilidade ser baixa e cardiotóxica. É utilizado em procedimentos longos pois o seu tempo de ação é de 180-500min, como, por exemplo, cirurgias ortopédicas pelo alto poder miorrelaxante. A dose máxima é de 2-4mg/kg. Pode ser feito a sua diluição para menor tempo de ação. Formas comerciais: Marcaína®, Carbostesin® e Neocaína®. 4 - ROPIVACAÍNA É bem similar ao Cloridrato de Bupivacaína, porém mais segura por produzir baixa toxicidade no SNC. Possui bom bloqueio sensitivo e leve bloqueio motor. É muito utilizado em cesárias, pois deprime muito pouco os fetos. Formas comerciais: Naropin®. PREPARAÇÃO DO PACIENTE É essencial a avaliação pré-anestésica, jejum alimentar e hídrico, antissepsia nos pontos de inserção da agulha, utilização de material estéril, estabelecimento do acesso venoso, sedação adequada e material para pronto-atendimento. TÉCNICAS DE ANESTESIA LOCAL ANESTESIA TÓPICA Utilizar apenas em feridas abertas, olhos, mucosas orais e nasais. • Lidocaína de 4-10% • Tetracaína de 1-2% e colírio 0,5% ANESTESIAS INFILTRATIVAS São aquelas anestesias em que não se busca o bloqueio de um nervo específico. É segura, mas de maior gasto. Essas anestesias podem ser em: • Infiltração em SC (apenas SC). • Infiltração profunda (tudo o que está abaixo do SC) • Infiltração testicular (OSH) ANESTESIASPERINEURAIS Essa anestesia é feita em volta ou dentro de algum nervo específico. Anestesia de cabeça: • Bloqueio de nervo infraorbitário (maxila). Usa-se como referência o forame maxila. • Bloqueio de nervo mentoniano (mandíbula). Usa-se como referência o canino da mandíbula. • Bloqueio do nervo mandibular (procedimentos odontológicos). Usa-se como referência o forame da mandíbula por dentro da boca. Membro torácico: • Bloqueio do plexo braquial (pata). São bloqueados todos os nervos distais do úmero pra baixo (n. radial, n. mediano, n. ulnar e n. músculo-cutâneo). Usa-se como referência a borda da 1° costela, a artéria braquial e a gordura que fica em volta do plexo braquial. ANESTESIAS INTRAVENOSAS (BIER) Mesmo sendo IV essa anestesia não é sistêmica. A técnica consiste, primeiramente, em fazer um garrote bem apertado no local desejado, colocar um acesso venoso, retirar um pouco de sangue e, na mesma hora, injetar Lidocaína. É trocado sangue por anestésico com o garrote. Para essa técnica é necessário que o local e as veias estejam preservados, além disso, há limitação de tempo pelo uso do garrote. O garrote não pode ser solto em menos de 30min. O garrote deve ficar o tempo todo para que o anestésico saia da veia e atinja o local desejado, senão, ocorre intoxicação. Essa técnica é muito utilizada em amputação de dígito. ANESTESIA EPIDURAL A anestesia epidural é uma técnica de anestesia regional, a qual consiste na deposição de anestésico local ao redor da dura-máter, resultando em difusão longitudinal do anestésico no interior do espaço epidural e bloqueio das raízes sensitivas e motoras dos nervos espinhais. Em pequenos animais, a anestesia epidural é indicada para cirurgias ortopédicas e obstétricas em pacientes de alto risco. O cateter epidural é um dispositivo de material biocompatível (náilon poliamida), descartável, resistente, flexível e transparente. Esta última característica permite visibilizarão de refluxo de sangue ou líquor quando seu conteúdo é aspirado. Sua ponta tem formato rombo, com fundo cego, dificultando assim a canalização de vasos sanguíneos ou a perfuração da duramáter. Seu comprimento varia de 90/100 cm, é multiorificial, possui marcas que delimitam cada cinco cm de seu comprimento, facilitando a identificação da profundidade de inserção do cateter dentro do espaço peridural O espaço epidural se encontra fora das meninges, está entre a dura-máter e as vértebras. Na punção não há saída de LCR. A técnica consiste na aplicação de anestésico fora da dura-máter. A aplicação do anestésico é feita no canal vertebral, seguindo para o forame vertebral e bloqueando as raízes nervosas. A punção nos cães é feita entre a L7-S1 (lombossacro) e nos gatos é entre S1-S2 (sacrococcígeo). Na punção, atinge-se as estruturas: pele, SC, ligamento supraespinhose, ligamento interespinhoso e ligamento amarelho (Flevrum). Quando a agulha chega no ligamento amarelho ela crepita, indicando a chegada no local correto para punção. O cloridrato de lidocaína (α-dimetil-aminoacetato- 2,6-xilidina) é o anestésico local mais comumente empregado na medicina veterinária. Na abordagem lombossacra, o animal é posicionado sobre decúbito esternal ou laterolateral, mantendo o eixo longitudinal da coluna vertebral paralelo à mesa. Colocam-se os dedos polegar e médio da mão esquerda sobre as asas do íleo, e com o dedo indicador, localiza-se a depressão situada entre a L7 e S1. A agulha é inserida através da pele e da musculatura até encontrar uma estrutura que oferece maior resistência, o ligamento amarelo. Quando a ponta da agulha vence a resistência oferecida pelo ligamento amarelo, entra no espaço epidural e é possível perceber a perda da resistência tanto à progressão da agulha, quanto à injeção de ar ou da solução contida na seringa A anestesia epidural é usada no tratamento de dor radicular aguda ou crônica, reduz a mortalidade e morbidade, reduz os efeitos sistêmicos dos fármacos, causa analgesia contínua e reduz os custos. Os fármacos administrados pela via epidural produzem poucos efeitos na circulação placentária e fetal, tornando essa técnica anestésica uma boa opção para intervenções cirúrgicas em gestantes. A fêmea se recupera rapidamente da anestesia, estando apta a cuidar dos filhotes no período pósoperatório imediato. As anestesias epidurais causam bloqueio do SN simpático fisiologicamente. As agulhas epidurais são nomeadas de acordo com o desenho de sua ponta. A agulha de Crawford é usada somente para injetar soluções, enquanto que as agulhas Hustead e Tuohy também podem ser usadas para colocação e direcionamento de cateteres epidurais. Estas duas ultimas tem o bisel curvado, o que faz com que, após a punção, fique paralelo à medula espinhal dificultando a punção da dura-máter. Verificação das punções: A verificação da punção é de extremamente importância para se assegurar de que está no local certo. 1) Na punção espinhosa não deve haver sangue, apenas um líquido transparente (LCR) semelhante à água. Essa técnica deve ser sempre a primeira a se fazer, além disso, é possível escutar a crepitação do ligamento Flevrum, indicando que atingiu o lugar correto. 2) Outra técnica usada é pela “perda da resistência”. Utiliza-se uma seringa de vidro estéril, faz-se a punção de 0,5ml de ar conectado na agulha. Se o local da agulha estiver no canal medular o ar é injetado. Essa técnica não é utilizada hoje em dia. 3) Outra técnica empregada. Ela consiste na injeção se soro fisiológico no canal medular. Se a punção estiver no local correto não terá resistência na aplicação do soro fisiológico. Essa técnica não é tão segura, pois a força de aplicação é subjetiva. 4) Um técnica semelhante que mistura as duas técnicas acima é fazer uma bolha de ar de 0,5ml e colocar 0,5ml de soro fisiológico em uma seringa. Se a punção estiver no local correto a bolha, além do soro fisiológico ser injetado, a bolha irá mudar de posição, mas o seu volume não será alterado. 5) A técnica mais empregada e mais segura utilizada hoje em dia é a de “drip infusion”. Ela consiste na aplicação da agulha no espaço medular; junto à agulha, acopla-se um equipo com SF. Se a agulha estiver no local certo a gota de SF cairá no equipo. 6) Outra técnica empregada é a “gota dependente”. Coloca-se SF em todo o embolo da agulha, se o local da aplicação estiver certo será sugado uma parte pequena do SF na aplicação. Essa técnica pode falhar pelo entupimento da agulha pela gordura local. Para pequenos animais, as técnicas mais utilizadas é a 1, 5 e 6. A punção nos cães é feito na região lombossacro (L7-S1) e, nos gatos, é feito na região sacrococcígeo (S1-S2). 7) Em bovinos, verifica-se pelo “assobiar aspirativo”. A pressão negativa encontrada epidural faz com que o conteúdo da seringa seja sugado, fazendo barulho. Essa técnica também é possível em equinos, mas não com tanta precisão. Efeitos sistêmicos: • Cardiovasculares: bradicardia e hipotensão • Respiratórios: depressão respiratória • Gastrointestinais: hiperperistalse intestinal, náuseas e vômitos As anestesias epidurais são contraindicadas em: deformidade da coluna vertebral, infecções no local da punção, hipovolemia, choque circulatório, sepse, doenças neurológicas centrais, coagulopatias e heparinizações plenas com alteração no coagulograma. Cálculo da dose e do volume: Os protocolos mais utilizados em medicina veterinária são: Lidocaína 2% + Morfina 10mg/mL Utiliza-se em cirurgias de até 1:30h, além da menor duração a velocidade de absorção para bloqueio é quase instantânea. É necessário encontrar o “volume total” após a descoberta da dose dos medicamentos. Para cirurgias em região pélvica e membro pélvicoo valor de VT é de 0,66mL/kg. Para cirurgias abdominais o valor é de 0,33mL/kg. Usa-se SF para completar o valor de VT da dose descoberta. VT = peso (kg) x região da cirurgia Bupivacaína 0.5% + Morfina 10mg/mL Utiliza-se em cirurgias > 1:30h, além da maior duração a velocidade de absorção para bloqueio é maior, demora-se até 20min. ANESTESIA LOCORREGIONAL EM GRANDES ANIMAIS EQUINOS CABEÇA: BLOQUEIO SUPRAORBITÁRIO É feito em cirurgias que envolvem a região da testa. É obrigatório o uso de agulhas curtas nesse procedimento, senão o procedimento será intraorbitário. O procedimento é feito no forame supraorbitário. BLOQUEIO INFRAORBITÁRIO É feito em cirurgias que envolvem as regiões de nariz e boca (rostral, mandíbula e maxila), essa técnica é muito utilizada em procedimentos odontológicos. A agulha não necessariamente deve ser curta, mas sim fina. A técnica é feita no forame nasal guiado pela crista nasal. O volume nesse procedimento deve ser um pouco maior que o normal por conta da gravida que expele o fármaco. BLOQUEIO MENTONIANO É feito em cirurgias que envolvem o queixo. A técnica é feita pelo forame mentoniano. BLOQUEIO PALPEBRAL E OCULAR É feito uma sequência de bloqueios e, o primeiro deles, é o bloqueio de supraorbitárias, em seguida, faz-se 3 pontos de injeções de Lidocaína no SC em volta da pálpebra (uma aplicação no canto superior medial, um no canto superior lateral e um na linha média ventral). Após isso ocorrerá a anestesia palpebral, porém o animal continuará piscando, dificultando a cirurgia, por isso, faz-se outro bloqueio chamado de acinesia de pálpebra. Essa técnica é feita por duas aplicações de Lidocaína na linha lateral go globo ocular. Para bloqueio ocular faz-se a aplicação no canto ventral do olho. ANESTESIA EPIDURAL A peridural em equinos é apenas para cirurgias perineais (oncológica, reprodutiva e obstétricas). Faz-se uma aplicação de Lidocaína de 5-10mL, 10mL apenas para cavalos muito musculosos. Há dois acessos ao espaço epidural no equino: um cranial, através do espaço entre a última vértebra lombar e a primeira vértebra sacral (espaço lombossacral) e, um caudal, no último primeiro espaço intercoccígeno, sendo esse o mais comumente utilizado. Para o acesso da epidural caudal, a determinação quando ao local de inserção da agulha é realizado através da palpação do espaço intercoccígeno. O local é identificado como uma depressão logo após a proeminência na linha média correspondente a Co1, esta, por sua vez, encontra-se imeatamente caudal a uma linha imaginária transversal entre as tuberosidades sacrais. O movimento dorsoventral da cauda auxilia o processo de identificação. E ncontrar o local pode ser difícil em animais obesos ou com muita musculatura. ORQUIECTOMIA Faz-se uma incisão no escroto, para assim, fazer uma aplicação de Lidocaína no SC e outra intratesticular. MEMBROS: BLOQUEIO DIGITAL PALMAR OU PLANTAR Ocorre o bloqueio e analgesia anestésico na região dos talões e do navicular. BLOQUEIO DO ABAXIAL DO SESAMÓIDE Ocorre o bloqueio do plexo abaxial. É muito utilizado em neurectomia (doença do navicular). É feito em procedimentos que contemplam os cascos, neurectomia e desmotomia do anular. Dessensibiliza o casco, a falange média, a articulação interfalangiana proximal, as porções palmares distais da falange proximal e o tecido mole associado, ocasionalmente, a porção palmar da articulação metacarpofalangiana. Anestesia também as porções distais dos tendões flexores digitais, profundo e superficial, ligamentos sesamoides distais e ligamento anular digital. Essa técnica pode ser feita em 4 ou em 6 pontos baixos ou em 4 pontos altos. RUMINANTES CABEÇA: DESCORNA Faz-se a aplicação de Lidocaína na região pericornual (em volta dos cornos). ANESTESIA EPIDURAL A aplicação é feita no espaço sacro-coccígeo ou entre a primeira e segunda vértebra coccígea. Esse bloqueio é apenas para a região perineais. ABDÔMEN: ANESTESIA EM “L” INVERTIDO Método onde o agente anestésico é injetado na forma de “L” invertido criando uma área anestesiada no campo cirúrgico. Para laparotomia no flanco, deve- se realizar uma infiltração linear vertical caudal à última costela e uma infiltração linear horizontal ventralmente aos processos transversos das vértebras lombares. Todos os nervos que passam pela região operatória são bloqueados. Utiliza-se em torno de 60 a 100 ml. É uma técnica eficaz, porém custosa, dolorosa e com risco de intoxicação. PARAVERTEBRAL Método bastante eficiente, indicado para laparatomias laterais altas, medias ou baixas, ruminotomia, cesarianas pelo flanco etc. É comum em bovinos leiteiros e menos musculosos. A aplicação é feita 5cm lateralmente ao plano sagital. Aplica-se em torno de 20 ml em cada ponto, num total de aproximadamente 60 ml. Aplica-se entre a última vértebra torácica e a primeira lombar, depois entre L1-2 e, por último, entre a L2-3. A aplicação é entre os processos transversos das vértebras. BLOQUEO DO TETO POR CÂNULA É feito a partir da canulagem do teto, aplica-se o anestésico pela cânula. MEMBROS: ANESTESIA DE BIER A anestesia regional intravenosa ou técnica de Bier é um método simples e seguro para promover analgesia nos dígitos de ruminantes. É indicada para debridar e suturar feridas de extremidades, remoção de neoplasias, tratamento cirúrgico de pododermatite, amputação de terceira falange, tenotomias e neurectomias. A técnica consiste em conter o animal em decúbito lateral, fazer um garrote no membro, acima do local a ser manipulado, canular uma veia calibrosa e retirar uma determinada quantidade de sangue equivalente com a de anestésico local sem vasoconstritor a ser depositada na veia, levando em consideração o peso do animal. A veia de mais fácil acesso é a metacarpiana dorsal comum. O garrote não deverá ser retirado nos primeiros 15 a 20 minutos após injeção, para que haja difusão retrógrada e dessensibilização da área, e não deve permanecer por mais de 60 a 90 minutos, o que poderia predispor a necrose das estruturas distais. Para bloqueios até a região da tíbia, colocar uma compressa na depressão que há entre a tíbia e o calcâneo para evitar que o anestésico se difunda para fora da área que se quer anestesiar.
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