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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ROTEIRO DE CONSULTA Veridiana Bastos de Sousa Disciplina: Saúde Coletiva – Programas de Saúde - Professora Patricia Alencar Dutra 2 Sumário ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL ................................................................................................................... 3 PUERPÉRIO ............................................................................................................................................ 13 TUBERCULOSE ....................................................................................................................................... 15 HANSENIASE .......................................................................................................................................... 22 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA ..................................................................................................... 25 DIABETES MELLITUS .............................................................................................................................. 31 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 37 3 CONSULTA DE ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL AVALIAÇÃO PRÉ-CONCEPCIONAL Compreendemos por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes de uma gravidez, com a intensão de identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil. 10 PASSOS PARA O PRÉ-NATAL DE QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce) 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes" . 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré- natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do (a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)" 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto". 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. HISTÓRICO CLINICO E IDENTIFICAÇÃO Nome; - Número do Cartão Nacional de Saúde; - Idade; 64 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica - Cor; - Naturalidade; - Procedência; - Endereço atual; - Unidade de referência. 4 DADOS SOCIOECONOMICO Grau de instrução; - Profissão/ocupação (deve-se identificar fatores de risco); - Estado civil/união; - Número e idade de dependentes (deve-se avaliar a sobrecarga de trabalho doméstico); - Renda familiar; - Pessoas da família com renda; - Condições de moradia (tipo, nº de cômodos); - Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo); - Distância da residência até a unidade de saúde. HISTÓRICO FAMÍLIA Hipertensão arterial; - Diabetes mellitus; - Malformações congênitas e anomalias genéticas; - Gemiparidade; - Câncer de mama e/ou do colo uterino; - Hanseníase; - Tuberculose e outros contatos domiciliares (deve-se anotar a doença e o grau de parentesco); - Doença de Chagas; - Parceiro sexual portador de infecção pelo HIV. ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO Anemias e deficiências de nutrientes específicos; - Desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição, sobrepeso, obesidade); - Epilepsia; - Doenças da tireoide e outras endocrinopatias; - Viroses (rubéola, hepatites); - Hanseníase, tuberculose, malária, sífilis ou outras doenças infecciosas; - Portadora de infecção pelo HIV (deve-se anotar se a paciente está em uso de antirretrovirais e especificar o esquema utilizado); - Infecção do trato urinário; - Doenças neurológicas e psiquiátricas; - Cirurgia (tipo e data); - Transfusões de sangue; - Alergias (inclusive medicamentosas); - Doenças neoplásicas; - Vacinação; - Uso de medicamentos; - Uso de drogas, tabagismo e alcoolismo. ANTECEDENTE GINECOLÓGICO Ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade; idade da menarca); - Uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono); - Infertilidade e esterilidade (tratamento); - Doenças sexualmente transmissíveis, inclusive doença inflamatória pélvica (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro); - Cirurgias ginecológicas (idade e motivo); - Malformações uterinas; - Mamas (patologias e tratamento realizado); - Última colpo citologia oncótica (Papanicolau ou “preventivo”, data e resultado). SEXUALIDADE Início da atividade sexual (idade da primeira relação); - Dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual); - Prática sexual na gestação atual ou em gestações anteriores; 66 Ministério da Saúde - Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica - Número de parceiros da gestante e de seu parceiro em época recente ou pregressa; - Uso de preservativos masculinos e/ou femininos (“uso correto” e “uso habitual”). 5 HISTÓRICO OBSTÉTRICO Número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme); - Número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, por fórceps, cesáreas – indicações); - Número de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por infecções, relato de insuficiência istmo-cervical, história de curetagem pós- abortamento); - Número de filhos vivos; - Idade na primeira gestação; - Intervalo entre as gestações (em meses); - Isoimunização Rh; - Número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação); - Número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500g) e com mais de 4.000g; - Número de recém- nascidos prematuros ou pequenos para a idade gestacional; - Mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos); - Mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos); - Natimortos (morte fetal intraútero e idade gestacional em que ocorreu); - Recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia, ex-sanguíneo- transfusões; - Intercorrências ou complicações em gestações anteriores (deve-se especificá-las); - Complicações nos puerpérios (deve-se descrevê-las); - Histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame). GESTAÇÃO ATUAL Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida); - Peso prévio e altura; - Sinais e sintomas na gestação em curso; - Hábitos alimentares; - Medicamentos utilizados na gestação; - Internação durantea gestação atual; - Hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas; 67 ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO - Ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse); - Aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se for adolescente; - Identificar gestantes com fraca rede de suporte social; - Cálculo da idade gestacional e data provável do parto. EXAME FISICO GERAL: − Determinação do peso e avaliação do estado nutricional da gestante; − Medida e estatura; − Determinação da frequência cardíaca; − Medida da temperatura axilar; − Medida da pressão arterial; − Inspeção da pele e das mucosas; − Palpação da tireoide; − Ausculta cardiopulmonar; 6 − Exame do abdome; − Palpação dos gânglios inguinais; − Exame dos membros inferiores; − Pesquisa de edema (face, tronco, membros). ESPECÍFICO GINECO-OBSTÉTRICO − Exame de mamas (orientar, também, para o aleitamento materno); − Medida da altura uterina; manobra de leopold − Ausculta dos batimentos cardiofetais (entre a 7ª e a 10ª semana com auxílio do Sonar Doppler, e após a 24ª semana, com Pinard). 22 − Identificação da situação e apresentação fetal (3º trimestre); − Inspeção dos genitais externos; EXAME ESPECULAR: a) inspeção das paredes vaginais; b) inspeção do conteúdo vaginal; c) inspeção do colo uterino; d)coleta de material para exame colpo citológico (preventivo de câncer), conforme Manual de Prevenção de Câncer Cérvice-uterino e de Mama; − toque vaginal; − outros exames, se necessários; − educação individual (respondendo às dúvidas e inquietações da gestante). EXAMES: Solicitar na primeira consulta os seguintes exames de rotina: − Grupo sanguíneo e fator Rh, quando não realizado anteriormente; É essencial realizar o exame de compatibilidade do sangue negativo e positivo, que verifica justamente a compatibilidade de sangue do casal. Se a mãe for Rh negativo e o pai Rh positivo, por exemplo, a mulher precisa realizar um tratamento para que o corpo dela não rejeite o bebê caso ele seja Rh positivo. Quando deve ser feito: primeiro trimestre. − Sorologia para sífilis (VDRL); − URINA (tipo I); O exame de urina é realizado para detectar sangramento, presença de pus (leucócitos), hemácias ou de proteínas na urina, que podem indicar alguma infecção urinária, incontinência urinária ou inflamação qualquer. É um teste simples e que pode evitar complicações sérias para a gestação. Uma infecção urinária que não é tratada, por exemplo, pode levar ao parto prematuro e a outros problemas de saúde para a própria mãe — Principalmente se a infecção passar para os rins ou outras partes do corpo. 7 Este exame também é conhecido como urocultura, pois identifica a presença de bactérias na urina. QUANDO DEVE SER FEITO: logo na primeira consulta de pré-natal, mas deve ser repetido pelo menos duas vezes ao longo da gestação, ou sempre que o médico solicitar. HEMOGRAMA COMPLETO: O hemograma é como se fosse um conjunto de exames de sangue que analisa a quantidade de glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos e plaquetas. Ele é necessário principalmente para verificar sinais de infecção, anemia ou alterações no número de plaquetas. QUANDO DEVE SER FEITO: geralmente, são pedidos três hemogramas ao longo da gestação – um em cada trimestre. Todavia, podem ser solicitados mais, dependendo do caso. ULTRASSONOGRAFIA: São feitos ultrassom de vários tipos, um em cada trimestre da gestação: O ultrassom transvaginal é feito para verificar a viabilidade da gestação, para confirmar idade gestacional e para afastar qualquer hipótese de gravidez fora do útero; O ultrassom morfológico é feito para verificar como o feto está se formando e afastar a suspeita de má formação e anencefalia; E o ultrassom que mede os batimentos cardíacos, por fim, é realizado para descartar eventuais problemas de saúde conforme o bebê vai se desenvolvendo. Quando deve ser feito: a frequência de ultrassons é determinada pelo médico ao longo da gestação, mas geralmente são solicitadas quatro ultrassonografias: Uma logo na primeira consulta pré-natal; Uma entre as 11ª e 14ª semanas de gestação; Uma entre as 20ª e 24ª semanas de gestação; Uma por volta da 32ª semana de gestação. GLICEMIA DE JEJUM: O exame de glicemia, conhecido popularmente como glicemia em jejum, é solicitado pelo ginecologista para medir a quantidade de glicose presente na corrente sanguínea, o que permite identificar eventuais quadros de intolerância à glicose e diabetes. Se as taxas estiverem muito acima do normal, pode ser que a mulher esteja com diabetes gestacional, que exige cuidado e atenção especial, pois pode comprometer a gravidez. O exame costuma ser feito em jejum de 8 horas, em que é medida a quantidade de glicose quando não houve ingestão recente de alimentos. Ele pode ser feito durante a chamada curva glicêmica — duas horas após a ingestão de alimentos. 8 QUANDO DEVE SER FEITO: geralmente, logo no início da gravidez. Deve ser repetido na 26ª semana, fase em que o corpo da gestante já encontra mais dificuldade em absorver o açúcar. COLPO CITOLOGIA ONCÓTICA (se necessário); O exame de Papanicolau é importantíssimo para prevenir câncer de colo de útero. É conhecido como exame colpocitológico e deve ser feito por todas as mulheres entre 21 e 65 anos – portanto, cobre praticamente toda a vida fértil da mulher. QUANDO DEVE SER FEITO: logo na primeira consulta do pré-natal, a fim de afastar de imediato qualquer suspeita de câncer. Mas o exame deve ser realizado pelo menos uma vez ao ano, independentemente de gravidez ou não. TOXOPLASMOSE E RUBÉOLA: Esses exames indicam se a gestante já teve contato com os agentes causadores de toxoplasmose e rubéola. Eles permitem identificar há quanto tempo a mulher teve esse contato ou se ele aconteceu já durante a gestação. Dependendo do resultado, o tratamento pode evitar as complicações como malformações, problemas neurológicos e até cegueira e surdez no bebê. QUANDO DEVE SER FEITO: no início do pré-natal e repetido no terceiro trimestre de gestação. TESTE ANTI-HIV NA GRAVIDEZ: Deve ser sempre voluntário e acompanhado de aconselhamento pré e pós-teste. NEGATIVO: se a gestante se enquadrar em um dos critérios de risco (portadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido após três meses ou no momento da internação para o parto. POSITIVO: a gestante terá indicação do uso do AZT a partir da 14ª semana, para redução do risco de transmissão vertical, devendo ser encaminhada para unidade de referência para acompanhamento. SOROLOGIA PARA HIV: A transmissão vertical de HIV – ou seja, quando o vírus é transmitido de mãe para filho durante a gestação, no momento do parto ou na hora da amamentação – ainda é uma realidade em muitos países. Por isso, é fundamental que a mulher realize o teste de sorologia para HIV não somente quando está grávida, mas com certa periodicidade. Na gestação, porém, este exame é ainda mais importante, pois não é porque a futura mãe eventualmente seja soropositiva que o bebê também será. Hoje, existem formas de evitar que a transmissão vertical ocorra. Geralmente, fazendo uso dos medicamentos antirretrovirais – indicados para todos e com o objetivo de reduzir a carga viral de HIV na corrente sanguínea – já é possível evitar a transmissão. 9 QUANDO DEVE SER FEITO: pelo menos uma vez a cada 6 ou 12 meses(antes da gravidez) e sempre no início do pré-natal. EXAMES DE ROTINA RESULTADOS CONDUTAS Tipagem sanguínea Rh negativo e parceiro Rh positivo ou fator Rh Solicitar o teste de Coombs indireto; se negativo, repeti-lo a cada quatro semanas, a partir da 24ª semana. Quando o teste de Coombs for positivo, referir ao pré-natal de alto risco. VDRL positivo Sífilis primária - tratar com penicilina benzatina 2.400.000 UI (1.200.000 em cada nádega em dose única, dose total 2.400.000 UI.). Sífilis recente (até 1 ano – tratar com penicilina benzatina, 2.400.000 UI (1.200.000 UI cada nádega em dose única, dose total 2.400.000 UI.). Sífilis recente (até 1 ano) – tratar com penicilina benzatina, 2.400.000 UI (1.200.000 UI cada nádega), repetir em uma semana, dose total 4.800.000 Sífilis tardia (1 ou mais anos de evolução ou de duração desconhecida) tratar com penicilina benzatina 2.400.000 UI (1.200.000 UI em cada nádega), em três aplicações com intervalo de uma semana, dose total 7.200.000 UI, tratar oparceiro sempre. Sorologia para lues VDRL negativo repetir exame no 3º trimestre e no momento do parto, e em caso de abortamento. URINA TIPO I 1. Proteinúria 1a) "traços": repetir em 15 dias 1 b) "traços" + hipertensão e/ou edema: referir ao pré-natal de alto risco 1 c) "maciça": referir ao pré-natal de alto risco. EXAMES DE ROTINA RESULTADOS CONDUTAS: 2. Piúria ou Bacteriúria Solicitar urocultura com antibiograma. Referir à consulta médica, se necessário. 3. Hematúria a) se piúria associada, solicitar urocultura. b) se isolada, excluído sangramento genital, referir à consulta especializada. 4. Cilindrúria Referir ao pré-natal de alto risco. 5. Outros elementos não necessitam condutas especiais. Dosagem de hemoglobina Hemoglobina ≥ 11g/dl Ausência de anemia: suplementação de ferro a partir da 20ª semana: 1 drágea de sulfato ferroso/dia (300 mg), que corresponde a 60 mg de ferro elementar. Recomenda-se ingerir 30 minutos antes das refeições. Hemoglobina < 11g/dl > 8g/dl Anemia leve a moderada: a) solicitar exame parasitológico de fezes e tratar parasitoses, se presentes. b) tratar a anemia com 3 drágeas de sulfato ferroso, via oral/dia. c) repetir dosagem de hemoglobina entre 30 e 60 dias: – se os níveis estiverem subindo, manter o tratamento até a hemoglobina atingir 11 g/dl, quando deverá ser iniciada a dose de suplementação (1 drágea ao dia), e repetir a dosagem no 3º trimestre, –se a Hb permanecer em níveis estacionários ou se "cair", referir a gestante ao pré-natal de alto risco. Hemoglobina 10 VACINAS A vacinação durante a gestação objetiva não somente a proteção da gestante, mas também a proteção do feto. Não há evidências de que, em gestantes, a administração de vacinas de vírus inativados (raiva humana e influenza, por exemplo), de bactérias mortas, toxoides (tetânico e diftérico) e de vacinas constituídas por componentes de agentes infecciosos (hepatite B, por exemplo) acarrete qualquer risco para o feto. A seguir estão as recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, para a vacinação das gestantes. 5.9.12.1 Vacina dupla do tipo adulto – dT (difteria e tétano) A vacina dT é indicada para a proteção da gestante contra o tétano acidental e a prevenção do tétano neonatal. 117 ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO Gestante não vacinada e/ou com situação vacinal desconhecida: Deve-se iniciar o esquema o mais precocemente possível, independentemente da idade gestacional. No esquema recomendado constam três doses, podendo ser adotado um dos esquemas da tabela 7. Para os vacinados anteriormente com 3 (três) doses das vacinas DTP, DT ou dT, deve-se administrar reforço dez anos após a data da última dose. Em caso de gravidez e ferimentos graves, deve-se antecipar a dose de reforço, sendo a última dose administrada a mais de 5 (cinco) anos. A última dose deve ser administrada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Diante de um acaso suspeito de difteria, deve-se avaliar a situação vacinal dos comunicantes. Para os não vacinados, deve-se iniciar esquema com três doses. Nos comunicantes com esquema incompleto de vacinação, este deve ser completado. Nos comunicantes vacinados que receberam a última dose há mais de 5 (cinco) anos, deve-se antecipar o reforço ESQUEMA DE VACINA DT 1º DOSE 2º DOSE 3ºDOSE PRECOCE 30 a 60 dias depois da 1ºdose 30 a 60 dias depois da 2ª dose PRECOCE 60 dias depois da 1º 60 dias depois da 2ª dose Gestante sem nenhuma dose registrada: inicie o esquema vacinal o mais precocemente possível com 3 doses, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias. Gestante com esquema vacinal incompleto (1 ou 2 doses): em qualquer período gestacional, deve-se completar o esquema de três doses o mais precocemente possível, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias entre elas. Gestante com menos de 3 doses registradas: complete as 3 doses o mais precocemente possível, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias. Gestante com esquema vacinal completo (3 doses ou mais) e última dose há menos de cinco anos: não é necessário vaciná-la. Gestante com esquema completo (3 doses ou mais) e última dose administrada há mais de cinco anos e menos de 10 anos: deve-se administrar uma dose de reforço tão logo seja possível, independentemente do período gestacional. Gestante com esquema vacinal completo (3 doses ou mais), sendo a última dose há mais de 10 anos: aplique uma dose de reforço. Contraindicações: A vacina está contraindicada nas seguintes situações: Ocorrência de hipersensibilidade após o recebimento de dose anterior; o 11 História de hipersensibilidade aos componentes de qualquer um dos produtos; 118 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica História de choque anafilático após administração da vacina; Síndrome de Guillain-Barré nas seis semanas após a vacinação anterior contra difteria e/ou tétano. Eventos adversos Manifestações locais: Dor, vermelhidão e edema são frequentes. Manifestação sistêmica: Febre, cefaleia, irritabilidade, sonolência, perda do apetite e vômito. Com menos frequência podem ocorrer anafilaxia e a síndrome de Guillan Barré, que são extremamente raras. Vacina contra influenza (fragmentada) A vacina contra a influenza é recomendada a todas as gestantes em qualquer período gestacional. O PNI disponibiliza esta vacina na rede pública de saúde a todas as gestantes durante a campanha anual contra influenza sazonal. O esquema consta de uma dose no período da campanha. Esta recomendação se deve ao ocorrido anteriormente durante a epidemia de influenza sazonal, no decorrer de pandemias anteriores e quando houve pandemia de influenza A (H1N1), em 2009, ocasiões em que a gravidez representou um risco ampliado para as mulheres saudáveis, sendo as gestantes consideradas de alto risco para a morbidade e a mortalidade, o que reforçou a necessidade de vacinação. CONTRAINDICAÇÕES A vacina contra influenza sazonal não deve ser administrada em: Pessoas com história de alergia severa à proteína do ovo e aos seus derivados, assim como a qualquer componente da vacina; pessoas que apresentaram reações anafiláticas graves a doses anteriores da vacina. Vacinação contra hepatite B (recombinante) considerar os riscos da gestante não vacinada de contrair a doença e de haver transmissão vertical, o PNI reforça a importância de que a gestante receba a vacina contra a hepatite B após o primeiro trimestre de gestação, independentemente da faixa etária. O esquema destavacina deve ser seguido conforme os calendários de vacinação do adolescente e do adulto. A seguir, destaca-se a recomendação de acordo com a situação apresentada: o Gestantes com esquema incompleto (1 ou 2 doses): deve- se completar o esquema. o Gestantes com esquema completo: não se deve vaciná-las. Imunobiológico Recomendação Esquema Vacina dupla do tipo adulto – dT (difteria e tétano) Gestantes em qualquer período gestacional. Três doses com intervalo de 60 dias entre elas. Também é possível considerar o intervalo de 30 dias entre as doses, para não se perder a oportunidade de vacinação. Caso a gestante tenha recebido a última dose há mais de 5 (cinco) anos, deve-se antecipar o reforço tão logo seja possível. A última dose deve ser feita 12 até no máximo 20 dias antes da data provável do parto. Vacina contra influenza (fragmentada) Gestantes em qualquer período gestacional. Dose única durante a Campanha Anual contra Influenza. Gestantes após o primeiro trimestre de gestação. Gestantes após o primeiro trimestre de gestação. Três doses com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda e de 180 dias entre a primeira e a terceira. Na impossibilidade de se realizar a sorologia anti- HBs, deve-se avaliar o estado vacinal da gestante e vaciná-la, se for o caso. AÇÔES COMPLEMENTARES − referência para atendimento odontológico; − referência para vacinação antitetânica, quando a gestante não estiver imunizada ; − referência para serviços especializados na mesma unidade ou unidade de maior complexidade, quando indicado; − agendamento de consultas subsequentes. Roteiro das Consultas Subsequentes − revisão da ficha perinatal e anamnese atual; − cálculo e anotação da idade gestacional; − controle do calendário de vacinação; − exame físico geral e gineco-obstétrico: • determinação do peso; • calcular o ganho de peso – anotar no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do estado nutricional; • medida da pressão arterial; • inspeção da pele e das mucosas; • inspeção das mamas; • palpação obstétrica e medida da altura uterina – anotar no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do crescimento fetal; • ausculta dos batimentos cardiofetais; • pesquisa de edema; • toque vaginal, exame especular e outros, se necessários. 13 – interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, se necessários; − acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos especializados; − realização de ações e práticas educativas (individuais e em grupos); − agendamento de consultas subsequentes. FREQUENCIA DE CONSULTAS DURANTE A GRAVIDEZ Para uma gestante que não apresenta fatores de risco, estabelece-se que sejam realizadas pelo menos duas consultas: uma no início do pré-natal e outra entre as 29ª e 32ª semana de gestação, de acordo com recomendações do Ministério da Saúde. É importante lembrar que o intervalo entre duas consultas não deve ultrapassar oito semanas. É recomendado realizar no mínimo seis consultas, sendo uma mensal até a 28ª semana, depois quinzenal dos sete aos oito meses, e duas semanas antes dos nove meses. PUERPÉRIO Objetivos: • Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido. • Orientar e apoiar a família para a amamentação. • Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido. • Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido. • Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las. • Orientar o planejamento familiar. ATENÇÃO À PUÉRPERA Durante a anamnese, verificar o cartão da gestante e o resumo de alta hospitalar e/ou perguntar à mulher sobre: Condições da gestação; Manual Técnico do Pré-natal e Puerpério - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - 2010 203 Manual Técnico do Pré-natal e Puerpério - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - 2010 13. índice cap. 13 Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido; Dados do parto (data, tipo de parto, se cesárea, qual a indicação); Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto (febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização Rh); Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV durante a gestação e/ou parto; 14 Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, outros) AVALIAÇÃO CLÍNICO-GINECOLÓGICA Verificar dados vitais. Avaliar o estado psíquico da mulher. Observar estado geral – pele, mucosas, presença de edema, cicatriz (parto normal com episiotomia ou laceração/cesárea) e membros inferiores. Examinar mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios, infecciosos ou cicatrizes que dificultem a amamentação. Examinar abdômen, verificando a condição do útero e se há dor à palpação. Examinar períneo e genitais externos (verificar sinais de infecção, presença e características de lóquios). Retirar os pontos da cicatriz cirúrgica, quando necessário, e orientar sobre os cuidados locais. Verificar possíveis intercorrências – alterações emocionais, hipertensão, febre, dor em baixo-ventre ou nas mamas, presença de corrimento com odor fétido, sangramentos 204 Manual Técnico do Pré-natal e Puerpério - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - 2010 13. índice cap. 13. intensos. No caso de detecção de alguma dessas alterações, solicitar avaliação médica imediata, se o atendimento estiver sendo feito por outro profissional da equipe. Observar formação do vínculo entre mãe e filho. Observar e avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da aréola. O posicionamento errado do bebê, além de dificultar a sucção, comprometendo a quantidade de leite ingerido, é uma das causas mais frequentes de problemas nos mamilos. Em caso de ingurgitamento mamário, mais comum entre o 3º e o 5º dia pós-parto, orientar quanto à ordenha manual, armazenamento e doação do leite excedente a um Banco de Leite Humano (caso haja na região). Identificar problemas/necessidades da mulher e do recém-nascido, com base na avaliação realizada. ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA PRIMEIRA CONSULTA Verificar a existência da Caderneta de Saúde da Criança e, caso não haja, providenciar abertura imediata. • Verificar se a Caderneta de Saúde da Criança está preenchida com os dados da maternidade. Caso não esteja, verificar se há alguma informação sobre o peso, comprimento, índice de Apgar, idade gestacional e condições de vitalidade . • Verificar as condições de alta da mulher e do RN. • Observar e orientar a mamada, reforçando as orientações dadas durante o pré-natal e na maternidade, com destaque para a necessidade de aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida do bebê, não havendo necessidade de oferecer água, chá, ou qualquer outro 15 alimento. Manual Técnico do Pré-natal e Puerpério - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - 2010 205 Manual Técnico do Pré-natal e Puerpério - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - 2010 13. índice cap. 13. • Observar e avaliar a mamada para garantir o adequado posicionamento e pega da aréola. • Observar a criança no geral – peso, postura, atividade espontânea, padrão respiratório, estado de hidratação, eliminações e aleitamento materno, características da pele (presença de palidez, icterícia e cianose), crânio, orelhas, olhos, nariz, boca, pescoço, tórax, abdômen (condições do coto umbilical), genitália, extremidades e coluna vertebral. Caso seja detectadaalguma alteração, solicitar avaliação médica imediatamente. • Identificar o RN de risco ao nascer, de acordo com os critérios apresentados a seguir. • Verificar o resultado do teste do pezinho e registrá-lo na Caderneta de Saúde da Criança. • Verificar se foram aplicadas, na maternidade, as vacinas BCG e de hepatite B. Caso não tenham sido, aplicá-las na unidade e registrá-las no prontuário e na Caderneta de Saúde da Criança. • Agendar as próximas consultas de acordo com o calendário previsto para seguimento da criança: 2º; 4º; 6º; 9º; 12º; 18º e 24º mês de vida. AÇÕES NECESSÁRIAS NA CONSULTA PUERPERAL Escutar a mulher, verificando como se sente, suas possíveis queixas e esclarecendo dúvidas. Realizar avaliação clínico-ginecológica, incluindo exame das mamas. Avaliar o aleitamento. Orientar sobre: – higiene, alimentação, atividades físicas; – atividade sexual, informando sobre prevenção de DST/Aids; – cuidado com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento (e considerando a situação das mulheres que não puderem amamentar); – cuidados com o recém-nascido; – direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas); – expectativas reprodutivas, considerando a evolução da gestação e eventuais complicações associadas. Orientar sobre planejamento familiar e uso de método contraceptivo, se for o caso: – informação geral sobre os métodos que podem ser utilizados no pós-parto; – disponibilização do método escolhido pela mulher com instruções para seu uso e para o seguimento. Tratar possíveis intercorrência TUBERCULOSE 16 AGENTE ETIOLÓGICO É uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente os pulmões, mas, também podem ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro) TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE A tuberculose é transmitida por via aérea em praticamente a totalidade dos casos. A infecção ocorre a partir da inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose ativa de vias respiratórias TUBERCULOSE PRIMÁRIA Em 5 % dos casos, entretanto a primo-infecção não é contida, seja pela deficiência no desenvolvimento da imunidade celular, seja pela carga infectante ou pela virulência do bacilo. A tuberculose resultante da progressão do complexo primário e que se desenvolve nos primeiros cinco anos após a primo-infecção denomina-se Tuberculose primária. As formas de tuberculose primária podem ser: ganglionares, pulmonares e miliar que comprometem não apenas os pulmões, mas muitos órgãos como rins, cérebro, meninges, glândula suprarrenal e ossos, resultantes da disseminação linfo hematogênica do bacilo. Por contiguidade, ocorrem as formas pleural (pulmão), pericárdica (gânglios mediastinais) e peritoneal (gânglios mesentéricos). TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose doença em qualquer fase da vida. Isto acontece quando o sistema imunológico não pode mais manter os bacilos “sob controle” e eles se multiplicam rapidamente (reativação endógena). Pode acontecer também, reativação exógena, na qual ocorre uma nova exposição a bacilos mais virulentos e que resistem à forte resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro (reativação exógena). Os doentes bacilíferos, isto é, aqueles cuja baciloscopia de escarro é positiva são a principal fonte de infecção. Portanto, todas as medidas devem ser realizadas no sentido de encontrar precocemente o paciente e oferecer o tratamento adequado, interrompendo assim, a cadeia de transmissão da doença. A má alimentação, a falta de higiene, o tabagismo, o alcoolismo ou qualquer outro fator que gere baixa resistência orgânica, também favorece o estabelecimento da doença. TUBERCULOSE PULMONAR Os sintomas clássicos da TB pulmonar são: tosse persistente por 3 semanas ou mais, produtiva ou não (com muco e eventualmente sangue), febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. 17 Em populações especiais, tais como presidiários, moradores de rua, pacientes HIV positivos, crianças, tosse com 2 semanas ou mais, pode ser sugestivo de tuberculose pulmonar e DEVE ser investigado. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum na criança maior, adolescente e adulto jovem. Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva (com catarro). A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5º C. A sudorese noturna e a anorexia são comuns. O exame físico geralmente mostra “fácies” de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR As apresentações extrapulmonares da TB têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos ou sistemas acometidos. Sua ocorrência aumenta em pacientes coinfectados pelo HIV, especialmente entre aqueles com imunocomprometimento grave. As principais formas diagnosticadas em nosso meio são listadas a seguir: TB pleural – É a forma mais comum de TB extrapulmonar em pessoas não infectadas pelo HIV. Ocorre mais em jovens e cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes, e febre com tosse seca, em 60%. Eventualmente, simula pneumonia bacteriana aguda. Nos pacientes com maior tempo de evolução dos sintomas pode ocorrer dispneia. O líquido pleural tem características de exsudato, predomínio de linfócitos e baixo rendimento tanto da pesquisa de BAAR. TB PLEURAL É a forma mais comum de TB extrapulmonar em pessoas não infectadas pelo HIV. Ocorre mais em jovens e cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes, e febre com tosse seca, em 60%. Eventualmente, simula pneumonia bacteriana aguda. Nos pacientes com maior tempo de evolução dos sintomas pode ocorrer dispneia. O líquido pleural tem características de exsudato, predomínio de linfócitos e baixo rendimento tanto da pesquisa de BAAR (CONDE et al.,2013) EMPIEMA PLEURAL TUBERCULOSO – É consequência da ruptura de uma cavidade tuberculosa para o espaço pleural e, por isso, além de líquido no espaço pleural, muitas vezes ocorre também pneumotórax secundário à fístula bronco pleural. Clinicamente, é indistinguível de um empiema pleural por bactéria comum. Diferentemente do que ocorre na TB pleural, o rendimento da baciloscopia direta e da cultura para TB no líquido do empiema tuberculoso é alto. TB GANGLIONAR PERIFÉRICA É a forma mais frequente de TB extrapulmonar em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) e em crianças, sendo mais comum abaixo dos 40 anos. Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior, além da supra clavicular. Em PVHIV, o acometimento ganglionar tende a ser bilateral, associado com maior comprometimento do estado geral. Ao exame físico, os gânglios podem apresentar-se endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e aos planos profundos, podendo evoluir para 18 flutuação e/ou fistulização espontânea, com a inflamação da pele adjacente. O diagnóstico é obtido por meio de aspirado por agulha e/ou ressecção ganglionar, para realização de exames bacteriológicos e histopatológicos. A biopsia de gânglio pode cursar com fístula no pós- operatório. TB MENINGOENCEFÁLICA É responsável por 3% dos casos de TB em pacientes não infectados pelo HIV e por até 10% em PVHIV. A meningite basal exsudativa é a apresentação clínica mais comum e é mais frequente em crianças abaixodos seis anos de idade. Clinicamente, pode ser Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde 50 subaguda ou crônica (sinais e sintomas com duração superior a quatro semanas). Na forma subaguda, cursa com cefaleia holocraniana, irritabilidade, alterações de comportamento, sonolência, anorexia, vômitos e dor abdominal associados à febre, fotofobia e rigidez de nuca por tempo superior a duas semanas. Eventualmente, apresenta sinais focais relacionados a síndromes isquêmicas locais ou ao envolvimento de pares cranianos (pares II, III, IV, VI e VII), podendo-se evidenciar sinais de hipertensão intracraniana. Na forma crônica, o paciente evolui várias semanas com cefaleia, até que o acometimento de pares cranianos faz o médico suspeitar de meningite crônica. Ocorre doença pulmonar concomitante em até 59% dos casos. Outra forma de TB do sistema nervoso central é a forma localizada (tuberculomas). Nessa apresentação, o quadro clínico é o de um processo expansivo intracraniano de crescimento lento, com sinais e sintomas de hipertensão intracraniana, sendo que a febre pode não estar presente. TB PERICÁDICA Tem apresentação clínica subaguda e geralmente não se associa à TB pulmonar, embora possa ocorrer simultaneamente com a TB pleural. Os principais sintomas são dor torácica, tosse seca e dispneia. Muitas vezes, a dor não se manifesta como a dor pericárdica clássica. Pode haver febre, emagrecimento, astenia, tontura, edema de membros inferiores, dor no hipocôndrio direito (congestão hepática) e aumento do volume abdominal (ascite). Porém, raramente a TB pericárdica evolui com sinais clínicos de tamponamento cardíaco. TB ÓSSEA É mais comum em crianças (10% a 20% das lesões extrapulmonares na infância) ou em pessoas entre a quarta e a quinta década de vida. Atinge mais a coluna vertebral e as articulações coxofemoral e do joelho, embora possa ocorrer em outros locais. A TB de coluna (mal de Pott) é responsável por cerca de 1% de todos os casos de TB e até 50% de todos os casos de TB óssea. Ela afeta mais comumente a coluna torácica baixa e a lombar e seu quadro clínico apresenta-se com a tríade dor lombar, dor à palpação local e sudorese noturna. DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO A pesquisa bacteriológica é de importância fundamental em adultos, tanto para o diagnóstico quanto para o controle de tratamento da TB (BRASIL, 2008). Resultados bacteriológicos positivos confirmam a tuberculose ativa em pacientes com quadro clínico sugestivo de TB e em sintomáticos respiratórios identificados através da busca ativa. A seguir estão descritos os métodos bacteriológicos utilizados no país. 3.1. Exame microscópico direto – baciloscopia direta Por ser um método simples e seguro, deve ser realizado por todo laboratório público de saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente habilitados. A pesquisa 19 do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais utilizada em nosso meio. A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos de TB pulmonar em adultos, o que é importante do ponto de vista epidemiológico, já que os casos com baciloscopia positiva são os maiores responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão. Em crianças, a sensibilidade da baciloscopia é bastante diminuída pela dificuldade de obtenção de uma amostra com boa qualidade. A baciloscopia de escarro é indicada nas seguintes condições: ƒ no sintomático respiratório, durante estratégia de busca ativa; ƒ em caso de suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse; ƒ para acompanhamento e controle de cura em casos pulmonares com confirmação laboratorial. A baciloscopia de escarro deve ser realizada em duas amostras: uma por ocasião do primeiro contato com a pessoa que tosse e outra, independentemente do resultado da primeira, no dia seguinte, com a coleta do material sendo feita preferencialmente ao despertar. Nos casos em que houver indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as duas amostras de diagnóstico apresentarem resultado negativo, podem ser solicitadas amostras adicionais. A baciloscopia de outros materiais biológicos também está indicada na suspeição clínica de TB extrapulmonar Baciloscopia positiva e quadro clínico compatível com TB fecham o diagnóstico e autorizam o início de tratamento da TB. É importante lembrar, contudo, que outros microrganismos podem ser evidenciados na baciloscopia direta e essa possibilidade deve ser considerada na interpretação de casos. CULTURA PARA MICOBACTÉRIA Identificação e teste de sensibilidade A cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB. Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença. Os métodos para cultura de micobactérias utilizam a semeadura da amostra em meios de cultura sólidos e líquidos. Os meios de cultura mais comumente utilizados são os sólidos à base de ovo, Löwenstein-Jensen e Ogawa-Kudoh. Eles têm a vantagem de serem de menor custo e de apresentarem um baixo índice de contaminação. A desvantagem do meio sólido é o tempo de detecção do crescimento bacteriano, que varia de 14 a 30 dias, podendo estenderse por até oito semanas. O meio líquido é utilizado nos métodos automatizados disponíveis no Brasil, entre eles MGIT®, no qual o tempo de resultado varia entre 5 a 12 dias, quando positivo; e 42 dias, quando negativo. A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicas moleculares. Os métodos disponíveis para o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TS) são: o método das proporções que utiliza meio sólido e tem seu resultado em até 42 dias de incubação; e o método automatizado que utiliza o meio líquido, com resultados resistentes disponíveis entre 5 a 13 dias; e sensíveis em 13 dias. Os fármacos testados são: estreptomicina, isoniazida, rifampicina, etambutol e pirazinamida. Para os casos de TB MDR são testados fármacos de segunda linha. O resultado da cultura confirma o diagnóstico de micobacteriose, sendo necessária a identificação de espécie para caracterizar se é um caso de TB ou outra micobactéria COLETA,ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE AMOSTRA DE ESCARRO: A fase inicial do exame bacteriológico – que compreende coleta, conservação e encaminhamento da amostra de escarro – é de responsabilidade da unidade de saúde que identifica o caso com suspeita de TB. Para a coleta da amostra, as seguintes orientações deverão ser observadas: 20 QUALIDADE E QUANTIDADE DA AMOSTRA – Uma boa amostra de escarro é a que provém da árvore brônquica, obtida após esforço de tosse, e não a que se obtém da faringe ou por aspiração de secreções nasais, tampouco a que contém somente saliva. O volume ideal é de 5 ml a 10 ml. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil 63 RECIPIENTER – o escarro deve ser coletado em potes plásticos com as seguintes características: descartáveis, com boca larga (50 mm de diâmetro), transparente, com tampa de rosca, altura de 40 mm, capacidade de 35 ml a 50 ml. A identificação (nome do paciente e data da coleta) deve ser feita no corpo do pote e nunca na tampa, utilizando-se, para tal, esparadrapo, fita crepe ou caneta com tinta permanente. REQUISIÇÃO DE EXAMER – o recipiente com a amostra deverá ser acompanhado por uma requisição de exame preenchida pelo funcionário da unidade de saúde, contendo dados do paciente e da amostra, assim como do requisitante. LOCAL DA COLETA – as amostras devem ser coletadas em local aberto, de preferênciaao ar livre ou em locais que apresentem condições adequadas de biossegurança. MOMENTO DA COLETA E NÚMERO DE AMOSTRA – o diagnóstico deve ser feito a partir de uma ou duas amostras de escarro. Quando na realização de duas amostras, a primeira deve ser coletada no momento da consulta, para aproveitar a presença do doente. Recomenda- se a coleta da segunda amostra no dia seguinte, preferencialmente ao despertar. Esta geralmente é de melhor qualidade, porque provém das secreções acumuladas na árvore brônquica durante a noite. ORIENTAÇÃO AO PACIENTE ao paciente – a unidade de saúde deve ter pessoal capacitado para fornecer informações claras e simples ao paciente quanto à coleta do escarro na unidade de saúde (orientando quanto ao local adequado para coleta e forma de obter-se a melhor amostra) e também na coleta realizada em domicílio. Essa etapa, fundamental para o diagnóstico bacteriológico. CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE – Idealmente, as amostras clínicas devem ser enviadas e processadas no laboratório imediatamente após a coleta. As unidades de saúde deverão receber, a qualquer hora de seu período de funcionamento, as amostras coletadas na unidade ou no domicílio e conservá-las, sob refrigeração, até no máximo 7 dias após o recebimento. Não é recomendada a conservação de amostras em temperatura ambiente por mais de 24 horas. No transporte de amostras, deve-se considerar três condições importantes: ƒ refrigeração; ƒ proteção contra a luz solar; e ƒ acondicionamento adequado para que não haja risco de derramamento. Para transportar potes de escarro da unidade de saúde para o laboratório, recomenda-se a utilização de caixas térmicas com gelo reciclável ou cubos de gelo dentro de um saco plástico. As requisições dos exames devem ser enviadas com o material, fora da caixa de transporte. Radiografia de tórax dentre os métodos de imagem, a radiografia do tórax é o de escolha na avaliação inicial e no acompanhamento da TB pulmonar. Nela podem ser observados vários padrões radiológicos sugestivos de atividade de doença, como cavidades, nódulos, consolidações, massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento de mediastino (BOMBARDA et al., 2001). A radiografia de tórax deve ser solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar. Juntamente com as radiografias de tórax, sempre 21 devem ser realizados exames laboratoriais (baciloscopias, cultura e/ou teste rápido molecular) na tentativa de buscar o diagnóstico bacteriológico. O exame radiológico em pacientes com diagnóstico bacteriológico tem como principais objetivos excluir outra doença pulmonar associada, avaliar a extensão do acometimento e sua evolução radiológica durante o tratamento. PROVA TUBERCULINA Indicações da prova tuberculínica A prova está indicada na investigação da infecção latente pelo M. tuberculoses (ILTB) no adulto e na investigação da infecção latente e de TB doença em crianças. Também, pode ser utilizada em estudos epidemiológicos (BRASIL, 2011a). TECNICAS DE APLICAÇÃO DA PROVA TUBRCULINA: A prova tuberculínica deve ser aplicada por meio de injeção intradérmica, na dose de 0,1 ml (0,04 mcg) de PPD, no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, em ângulo de 5 a 15 graus (CDC, 2003; LUNA, 2003) evitando-se a inoculação em áreas com lesões, veias superficiais (LEE, 1998), cicatrizes ou tatuagens (CRHF, s/d). O local de aplicação da tuberculina pode ser alterado, inclusive para o braço direito, desde que haja registro no formulário de aplicação da prova tuberculínica (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008). A aplicação da tuberculina deve ser precedida de uma identificação da pessoa a ser testada, com preenchimento da Ficha de Prova Tuberculínica e orientação quanto ao retorno para realização da leitura. Deve-se eleger cuidadosamente o local nos serviços de saúde em que será realizada a aplicação da PT. A luz natural ou a artificial deve permitir verificar a escala da seringa para aplicação da PT. Geralmente, quando aplicada adequadamente, a prova tuberculínica provoca a formação de uma pápula de 7 a 8 mm de diâmetro, com limites precisos, pálida e de aspecto pontilhado como casca de laranja (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008) e que persiste por alguns minutos depois da aplicação (LUNA, 2003) CONSERVAÇÃO,ARMAZENAMENTO E VALIDADE DA TUBERCULINA: Conservação, armazenamento e validade da tuberculina A tuberculina deve ser conservada em temperatura entre 2 °C e 8 °C na geladeira. Após a abertura do lacre do frasco da tuberculina, caso não haja contaminação, durante a retirada do produto para a injeção, este poderá ficar estável por no máximo duas a três semanas. Caso a conservação esteja inadequada ou suspeita de contaminação, utilizar no máximo em 24h (Statens Serum Institut Dinamarca/Copenhague/07 de março de 2012). MATERIAL NECESSÁRIO PARA A LEITURA PROVA TUBERCULINA: ■ Régua milimetrada de plástico flexível específica e transparente com 10 cm de comprimento e com escala de cor negra ■ Formulário para registro das respostas da PT. ■ Livro de registro para o controle na unidade de saúde. 6.2 Passo a passo para a leitura da prova tuberculínica 1 Manter o antebraço do indivíduo relaxado e levemente fletido (procedimento com o paciente em pé ou sentado). 2 Identificar o local de aplicação. 3 Palpar cuidadosamente contornando todo o endurado e delimitar as bordas da enduração com o indicador. 4 Segurar a régua e medir o maior diâmetro transverso da enduração, sem considerar 22 eritema ou edema. 5 Colocar a régua sobre a área de enduração no sentido transversal em relação ao eixo longitudinal do antebraço. 6 Medir a área endurada com uma régua após a palpação. Não esticar a pele e nem pressionar a régua no local do endurado. Técnicas de aplicação e leitura da prova tuberculínica 23 7 Registrar a enduração em mm, na Ficha de Prova Tuberculínica, e no Livro de Registro de PT da Unidade de Saúde. 8 Ministrar orientações necessárias, explicar o resultado da PT ao indivíduo testado e encaminhá-lo. INTERPRETAÇÃO DO RESULTADO DA PROVA TUBERCULINA Interpretação do resultado da prova tuberculínica A leitura da PT pode ser realizada 48h após a aplicação, podendo se estender até 96 horas. Nos serviços de saúde, a leitura da PT está recomendada para ser realizada 72h após a aplicação. O resultado da PT deve ser descrito em milímetros. É considerado como infectado pelo M. tuberculosis o paciente que tiver enduração igual ou superior a 5 mm A seguir, apresentam-se os algoritmos Diagnósticos para avaliação da PT e do tratamento da ILTB em diferentes situações clínicas. TRATAMENTO DA TUBERCULOSE FASE DE ATAQUE: São dois meses com 4 droga. Isoniazida, Rifampicina,Pirazinamida e Etambutol FASE DE MANUTENSÃO: São 2 drogas. Rifampicina e Isoniazida HANSENIASE A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente, fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e, mais especificamente, as células de Schwann. A doença acomete principalmente os nervos superficiais da pele e troncos nervosos periféricos (localizados na face, pescoço, terço médio do braço e abaixo do cotovelo e dos joelhos), mas também pode afetar os olhos e órgãos internos (mucosas, testículos, ossos, baço, fígado, etc.). TRANSMISSÃO DA HANSENÍASE A hanseníase é transmitida por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível (com maior probabilidade de adoecer) com um doente com hanseníase que não está sendo tratado. Normalmente, a fonte da doença é um parente próximo que não sabe que está doente, como avós, pais,irmãos, cônjuges, etc. A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae. Portanto, a maior parte das pessoas que entrarem em contato com o bacilo não adoecerão. É sabido que a susceptibilidade ao M. leprae 23 possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase possuem maior chance de adoecer. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao tato; Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas; Diminuiçaõ ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose); Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local. Além dos sinais e sintomas mencionados, pode-se observar: Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos • Diminuiçaõ e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, maõs e pés; • Diminuiçaõ e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras; • Edema de maõs e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele; • Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito; • Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores); • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; PAUCIBACILAR: • Ressecamento e sensação de areia nos olhos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998; c2016), para fins operacionais de tratamento, os doentes são classificados em paucibacilares (PB – presença de até cinco lesões de pele com baciloscopia de raspado intradérmico negativo, quando disponível) MULTIBACILARES: multibacilares (MB – presença de seis ou mais lesões de pele OU baciloscopia de raspado intradérmico positiva). O Brasil também utiliza essa classificação. Entretanto, alguns pacientes não 10 apresentam lesões facilmente visíveis na pele, e podem ter lesões apenas nos nervos (hanseníase primariamente neural), ou as lesões podem se tornar visíveis somente após iniciado o tratamento. Assim, para melhor compreensão e facilidade para o diagnóstico, neste 24 guia utilizamos a classificação de Madri (1953): hanseníase indeterminada (PB), tuberculóide (PB), dimorfa (MB) e virchowiana (MB). EXAMES DERMATONEUROLÓGICO Como a primeira sensibilidade perdida na hanseníase é a das fibras mais finas (sensibilidade ao calor e dor), você vai precisar de dois tubos de ensaio de vidro de 5ml, com a tampa de borracha (utilizado nos laboratórios para coleta de sangue), uma garrafa térmica para água quente (não pode ser apenas morna) e um copo com água e gelo, além de uma agulha de insulina estéril. A agulha deve ser trocada para cada paciente, embora não seja necessário furar a pele. Para fechar o tubo com água quente, retire a pressão introduzindo uma outra agulha na tampa de borracha. Com o paciente de olhos abertos, explique o que vai ser feito até que ele compreenda bem o exame e tenha certeza da sensibilidade a ser testada. Depois, o exame deverá ser feito sempre com o paciente de olhos fechados, ou com um anteparo para que ele não possa ver o local testado. TESTE DA SENSIBILIDADE TÉRMICA Teste da sensibilidade térmica Faça o teste de sensibilidade térmica nas áreas suspeitas: lesões de pele não elevadas (manchas) ou elevadas (placas, nódulos); áreas de pele secas ou áreas referidas pelo paciente como regiões com alteração de sensibilidade; territórios dos nervos ulnar (quarto e quinto dedos da mão), do nervo radial (dorso da mão até o terceiro dedo), do nervo fibular (lateral da perna e dorso do pé), do nervo tibial (região plantar). Evite áreas “calosas” (com calosidades ou queratósicas). Teste os tubos primeiro em você mesmo, e depois na face do paciente para verificar se os tubos estão em temperatura adequada. Pergunte o que ele sente (morno, frio, ou quente). Em seguida, faça o teste nas áreas da pele com lesões. Compare com a área de pele normal contralateral ou adjacente. Se houver diferença na percepção da temperatura nas lesões (hipo ou anestesia) circundada por áreas periféricas de sensibilidade normal (normoestesia) é sinal de alteração da sensibilidade térmica. Confirma-se, então, o diagnóstico, apenas com alteração definida de uma das sensibilidades, não necessitando fazer os testes de sensibilidade dolorosa ou tátil. TESTE DA SENSIBILIDADE DOLOROSA: Faça o teste da sensibilidade dolorosa utilizando uma agulha de insulina. Encoste a ponta nas lesões de pele com uma leve pressão, tendo o cuidado de não perfurar o paciente, nem provocar sangramento. Faça isso alternando área interna e externa à lesão, observando expressão facial e queixa de respostas à picada. Certifique-se de que a sensibilidade sentida é de dor através da manifestação de “ai!” ou retirada imediata da região que é estimulada pela agulha. A insensibilidade (anestesia) ou sensibilidade diminuída (hipoestesia) dentro da área de lesão confirma o diagnóstico. Pode-se ainda avaliar a sensibilidade dolorosa alternando a ponta da agulha e o cabo da agulha (parte plástica). Observe se o paciente percebe a diferença entre a ponta da agulha e o cabo. Do contrário, isso é sinal de alteração da sensibilidade dolorosa naquela área da pele. Esse cenário também confirma o diagnóstico BACILOSCOPIA DE RESPADO INTRADÉMICA: Baciloscopia de raspado intradérmico 5.1.1 Técnica da coleta do material A técnica de coleta do material para baciloscopia de raspado intradérmico está descrita no “Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em hanseníase” (2010). É possível obtê-lo pela internet 25 através do endereço eletrônico: 5.1.2 Interpretação do resultado No paciente paucibacilar (PB), ou seja, com hanseníase indeterminada ou tuberculóide, a baciloscopia é negativa. Caso seja positiva, reclassificar o doente como MB. No paciente MB (hanseníase dimorfa e virchowiana), a baciloscopia normalmente é positiva. Caso seja negativa, levar em consideração o quadro clínico para o diagnóstico e classificação desse doente (manter a classificação MB se o quadro clínico for de hanseníase dimorfa ou virchowiana). Se houver lesões suspeitas de hanseníase dimorfa e o diagnóstico clínico não puder ser confirmado por meio do exame dermatoneurológico (deficientes mentais, 25 pacientes não responsivos, etc.), a coleta da baciloscopia deve ser feita, preferencialmente, na borda da(s) lesão(ões) de pele suspeita(s), e na(s) mais infiltrada(s). Pode ser coletado material também dos lóbulos das orelhas e dos cotovelos (áreas “frias” da pele), quando não houver lesões de pele visíveis. Havendo lesões visíveis, sempre uma lesão de pele, pelo menos, deve ser representada. TRATAMENTO O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico, se não houver contraindicações formais (alergia à sulfa ou à rifampicina). O paciente PB receberá uma dose mensal supervisionada de 600 mg de Rifampicina, e tomará 100 mg de Dapsona diariamente (em casa). O tempo de tratamentoé de 6 meses (6 cartelas). Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Clofazimina 50 mg por dia, e o paciente a tomará também 300 mg uma vez por mês na dose supervisionada. O paciente MB receberá uma dose mensal supervisionada de 600 mg de Rifampicina, 100 mg de Dapsona e de 300 mg de Clofazimina. Em casa, o paciente tomará 100 mg de Dapsona e 50 mg de Clofazimina diariamente. O tempo de tratamento é de 12 meses (12 cartelas). Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Ofloxacina 400 mg (na dose supervisionada e diariamente) ou pela Minociclina 100 mg (na dose supervisionada e diariamente). Caso haja náuseas, administre metoclopramida uma hora antes de tomar o medicamento. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA A hipertensão arterial sistêmica (HAS) apresenta alta morbimortalidade, com perda importante da qualidade de vida, o que reforça a importância do diagnóstico precoce. O diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, e a doença pode ser tratada e controlada com mudanças no estilo de vida, com medicamentos de baixo custo e de poucos efeitos colaterais, comprovadamente eficazes e de fácil aplicabilidade na Atenção Básica (AB). A partir de 115 mmHg de pressão sistólica (PS) e de 75 mmHg de pressão diastólica (PD), o risco para eventos cardiovasculares aumenta de forma constante, dobrando a cada 20 mmHg no primeiro caso e a cada 10 mmHg no segundo caso (LEWINGTON et al., 2002; CHOBANIAN et al., 2003). Os valores de 140 mmHg para a PS e de 90 mmHg para a PD, empregados para diagnóstico de HAS, correspondem ao momento em que a duplicação de risco repercute de forma mais acentuada, pois já parte de riscos anteriores mais elevados (CHOBANIAN et al., 2003). Além do diagnóstico precoce, o acompanhamento efetivo dos casos pelas equipes da AB é fundamental, pois o controle da pressão arterial (PA) reduz complicações cardiovasculares e 26 desfechos como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC), problemas renais, entre outros. ESTATÍSTICA A HAS é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no Brasil varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). ORGANIZAÇÃO DA LINHA DE CUIDADO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA • Partir da situação problema: “atenção à HAS na Unidade Básica de Saúde”, problematizando a história natural da doença e como se dá a realização do cuidado das pessoas (qual o fluxo assistencial que deve ser garantido para pessoas com PA limítrofe e HAS, no sentido de atender às suas necessidades de saúde?). • Identificar quais são os pontos de atenção no município/distrito/região/estado e suas respectivas competências, utilizando uma matriz para sistematizar essa informação e dar visibilidade a ela (que ações esses pontos de atenção devem desenvolver incluindo ações promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas?). • Identificar as necessidades das Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto ao sistema logístico para o cuidado dos usuários (cartão SUS, prontuário eletrônico, centrais de regulação, sistema de transporte sanitário), pontuando o que já existe e o que necessita ser pactuado com a gestão municipal/distrital/regional/estadual. 23 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA • Identificar as necessidades das UBS quanto ao sistema de apoio (diagnóstico, terapêutico, assistência farmacêutica e sistema de informação), pontuando o que já existe e o que necessita ser pactuado com a gestão municipal/distrital/regional/estadual. • Identificar como funciona o sistema de gestão da rede (espaços de pactuação – colegiado de gestão, Programação Pactuada Intergestores – PPI, Comissão Intergestores Regional – CIR, Comissão Intergestores Bipartite – CIB, entre outros). • Desenhar o itinerário terapêutico dos usuários na rede e relacionar as necessidades logísticas e de apoio necessárias. Definir, em parceria com outros pontos de atenção e gestão, os fluxos assistenciais que são necessários para atender às suas necessidades de saúde e as diretrizes ou protocolos assistenciais. • Identificar a população estimada de pessoas com HAS e os diferentes estratos de risco e realizar a programação de cuidado de acordo com as necessidades individuais e os parâmetros para essa doença. • Definir metas e indicadores que serão utilizados para monitoramento e avaliação das Linhas de Cuidado. RASTREAMENTO: 27 Todo adulto com 18 anos ou mais de idade, quando vier à Unidade Básica de Saúde (UBS) para consulta, atividades educativas, procedimentos, entre outros, e não tiver registro no prontuário de ao menos uma verificação da PA nos últimos dois anos, deverá tê-la verificada e registrada [Grau de Recomendação A]. A primeira verificação deve ser realizada em ambos os braços. Caso haja diferença entre os valores, deve ser considerada a medida de maior valor. O braço com o maior valor aferido deve ser utilizado como referência nas próximas medidas. O indivíduo deverá ser investigado para doenças arteriais se apresentar diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para as pressões sistólica/diastólica, respectivamente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Com intervalo de um minuto, no mínimo, uma segunda medida dever ser realizada. De acordo com a média dos dois valores pressóricos obtidos, a PA deverá ser novamente verificada: – a cada dois anos, se PA menor que 120/80 mmHg (BRASIL, 2006); – a cada ano, se PA entre 120 – 139/80 – 89 mmHg nas pessoas sem outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) (CHOBANIAN et al., 2003); 30 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica – em mais dois momentos em um intervalo de 1 – 2 semanas, se PA maior ou igual a 140/90 mmHg ou PA entre 120 – 139/80 – 89 mmHg na presença de outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV). DIAGNÓSTICO O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90mmHg, verificada em pelo menos três dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a média das medidas do primeiro dia mais as duas medidas subsequentes e divide-se por três. A constatação de um valor elevado em apenas um dia, mesmo que em mais do que uma medida, não é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hipertensão. Cabe salientar o cuidado de se fazer o diagnóstico correto da HAS, uma vez que se trata de uma condição crônica que acompanhará o indivíduo por toda a vida. Deve-se evitar verificar a PA em situações de estresse físico (dor) e emocional (luto, ansiedade), pois um valor elevado, muitas vezes, é consequência dessas condições. Classificação da pressão arterial De acordo com os valores pressóricos obtidos no consultório, podemos classificar a pressão arterial em normotensão, PA limítrofe e hipertensão arterial sistêmica . A HAS também pode ser diagnosticada por meio da MRPA ou da Mapa. Classificação Pressão Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 – 139 85 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 NORMOTENSO: 28 A pessoa com PA ótima, menor que 120/80mmHg deverá verificar novamente a PA em até dois anos (BRASIL, 2006). As pessoas que apresentarem PA entre 130/85mmHgsão consideradas normotensas e deverão realizar a aferição anualmente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; 35 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Excetuam-se pacientes portadores de diabetes mellitus, quando a PA deverá ser verificada em todas as consultas de rotina. LIMÍTROFE: PA limítrofe Pessoas com PA entre 130/85 a 139/89mmHg deverão fazer avaliação para identificar a presença de outros fatores de risco (FR) para DCV. Na presença desses fatores, a pessoa deverá ser avaliada pela enfermeira, em consulta individual ou coletiva, com o objetivo de estratificar o risco cardiovascular. A PA deverá ser novamente verificada em mais duas ocasiões em um intervalo de 7 a 14 dias. Na ausência de outros FR para DCV, o indivíduo poderá ser agendado para atendimento com a enfermeira, em consulta coletiva, para mudança de estilo de vida (MEV), sendo que a PA deverá ser novamente verificada em um ano. Pessoas com PA limítrofe possuem um risco aumentado de HAS e devem ser estimuladas pela equipe de Saúde a adotarem hábitos saudáveis de vida. HIPERTENSÃO: Hipertensão arterial sistêmica se a média das três medidas forem iguais ou maiores a 140/90mmHg, está confirmado o diagnóstico de HAS e a pessoa deverá ser agendada para consulta médica para iniciar o tratamento e o acompanhamento. CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA HAS A prevenção primária da HAS pode ser feita mediante controle de seus fatores de risco, como sobrecarga na ingestão de sal, excesso de adiposidade, especialmente na cintura abdominal, abuso de álcool, entre outros. Duas estratégias de prevenção são consideradas: a populacional e a dirigida a grupos de risco. A primeira defende a redução da exposição populacional a fatores de risco, principalmente ao consumo de sal. O profissional poderá atuar nessa estratégia por meio de ações educativas coletivas com a população em geral para orientar a restrição à adição de sal na preparação de alimentos, identificação da quantidade de sal e/ou sódio presente nos alimentos industrializados, entre outros. A consulta de enfermagem faz parte da estratégia dirigida a grupos de risco que propõe intervenção educativa em indivíduos com valores de PA limítrofes, predispostos à hipertensão. As medidas são equivalentes às propostas para tratamento não medicamentoso da HAS, também chamadas de promoção de mudança no estilo de vida (MEV). CONSULTA DE INFERMAGEM INDIVIDUAL E COLETIVA: Consultas individuais ou coletivas para incentivar a MEV para adoção de hábitos saudáveis são recomendadas na prevenção primária da HAS, notadamente nos indivíduos com PA limítrofe, pois reduzem a PA e a mortalidade cardiovascular. Hábitos saudáveis de vida devem ser estimulados para toda a população desde a infância, respeitando-se as características regionais, culturais, sociais e econômicas dos indivíduos HISTÓRICO: 29 Coleta de informações referente à pessoa, à família e à comunidade, com o propósito de identificar suas necessidades, problemas, preocupações ou reações. O profissional deverá estar atento para: • Identificação da pessoa (dados socioeconômicos, ocupação, moradia, trabalho, escolaridade, lazer, religião, rede familiar, vulnerabilidades e potencial para o autocuidado). • Antecedentes familiares e pessoais (agravos à saúde). HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA • Queixas atuais, principalmente as indicativas de lesão de órgão-alvo, tais como: tontura, cefaleia, alterações visuais, dor precordial, dispneia, paresia, parestesias e edema e lesões de membros inferiores . • Percepção da pessoa diante da patologia, do tratamento e do autocuidado. • Medicações em uso e presença de efeitos colaterais. • Hábitos de vida: alimentação; sono e repouso; atividade física, higiene; funções fisiológicas. • Identificação de fatores de risco (diabetes, tabagismo, alcoolismo, obesidade, dislipidemia, sedentarismo e estresse) . • Presença de lesões em órgãos-alvo ou doenças cardiovasculares: – Doenças cardíacas: hipertrofia de ventrículo esquerdo; angina ou infarto prévio do miocárdio; revascularização miocárdica prévia; insuficiência cardíaca. – Episódio isquêmico ou acidente vascular encefálico. – Nefropatia. – Doença vascular arterial periférica. – Retinopatia hipertensiva EXAME FÍSICO: • Altura, peso, circunferência abdominal e IMC. • Pressão arterial com a pessoa sentada e deitada. • Frequência cardíaca e respiratória. • Pulso radial e carotídeo. • Alterações de visão. • Pele (integridade, turgor, coloração e manchas) . • Cavidade oral (dentes, prótese, queixas, dores, desconfortos, data do último exame odontológico). • Tórax (ausculta cardiopulmonar) e abdômen. • Membros superiores e inferiores: unhas, dor, edema, pulsos pediosos e lesões; articulações (capacidade de flexão, extensão, limitações de mobilidade, edemas); pés (bolhas, 30 sensibilidade, ferimentos, calosidades e corte das unhas). 42 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica DIAGNÓSTICODAS NECESSIDADE DE CUIDADO: Diagnóstico das necessidades de cuidado Interpretação e conclusões quanto às necessidades, aos problemas e às preocupações da pessoa para direcionar o plano assistencial. PLANEJAMENTO DE ASSISTÊNCIA São estratégias para prevenir, minimizar ou corrigir os problemas identificados nas etapas anteriores, sempre estabelecendo metas com a pessoa com HAS, pois o ponto mais importante no tratamento é o processo de educação em Saúde e o vínculo com a equipe. Pontos importantes no planejamento da assistência: • Abordar/orientar sobre: 1. A doença e o processo de envelhecimento. 2. Motivação para modificar hábitos de vida não saudáveis (fumo, estresse, bebida alcoólica e sedentarismo). 3. Percepção de presença de complicações. 4. Os medicamentos em uso (indicação, doses, horários, efeitos desejados e colaterais). 5. Solicitar e avaliar os exames previstos no protocolo assistencial local . • Quando pertinente, encaminhar ao médico e, se necessário, aos outros profissionais. É importante que o enfermeiro mantenha a comunicação com toda a equipe durante a implementação da SAE, ampliando o escopo do diagnóstico e do planejamento para além da equipe de enfermagem, envolvendo também o médico, os agentes comunitários de Saúde e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), quando disponível e necessário, nas ações desenvolvidas. IMPLEMENTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA Implementação da assistência A implementação dos cuidados deverá ocorrer de acordo com as necessidades e grau de risco da pessoa e da sua capacidade de adesão e motivação para o autocuidado, em cada consulta. AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CUIDADO Avaliação do processo de cuidado Avaliar com a pessoa e a família o quanto as metas de cuidados foram alcançadas e o seu grau de satisfação em relação ao tratamento. Observar se ocorreu alguma mudança a cada retorno à consulta. Avaliar a necessidade de mudança ou de adaptação no processo de cuidado e reestruturar o plano de acordo com essas necessidades. Registrar em prontuário todo o processo de acompanhamento. EXAMES FÍSICO: 31 O exame físico da pessoa com HAS é muito importante e não somente classifica a PA, como pode detectar lesões de órgão-alvo e identificar outras condições que, associadas, aumentam a morbimortalidade e influenciam no tratamento. Pessoas com cardiopatia hipertensiva muitas vezes se queixam de cansaço ou de dispneia aos esforços, que podem se dever a algum grau de disfunção diastólica de ventrículo esquerdo.
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