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1 HABILIDADES MÉDICAS II TEMAS: A)Roteiro geral para anamnese (pág. 2) B)Caracteres propedêuticos dos principais sintomas (pág. 3) C)Interrogatório Complementar (IC): -Elementos gerais (pág.7) -Sentidos (pág.7) -Aparelho Respiratório (pág.8) -Aparelho Cardiovascular (pág.9) -Aparelho Vascular (pág.9) -Aparelho Digestório (pág.12) -Aparelho Urinário (pág.14) -Aparelho Genital Masculino (pág.15) -Aparelho Genital Feminino (pág.15) -Pele (pág.17) -Aparelho Hemolinfopoiético (pág.17) -Aparelho Endocrinológico (pág.16) -Aparelho Mio-óstio-articular (pág.18) -Aparelho Neurológico (pág.10) -Aparelho Psíquico (pág.10) D)Dor (pág.18) E)Febre (pág. 39) F)Tosse (pág. 47) G)Expectoração (pág. 49) H)Dispnéia (pág.51) I)Palpitação (pág. 56) J)Cianose (pág.57) K)Síncope/Lipotímia (pág. 61) L)Vertigem/Tontura (pág. 64) M)Vômito (pág. 65) N)Diarréia (pág.66) O)Disfagia (pág.68) P)Emagrecimento (pág.70) Q)Icterícia (pág.70) R)Edema (pág.73) S)Hematúria (pág.79) Letícia Valquer Trevisol 3º semestre – 2014 2 A) Roteiro geral para anamnese 1 – IDENTIFICAÇÃO 2 – QUEIXA E DURAÇÃO 3 – HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL 4 – INTERROGATÓRIO COMPLEMENTAR: Elementos Gerais: Febre, calafrios, sudorese, prurido, alterações de peso, fadiga, astenia. Sentidos: Aparelho Ocular: (dor, secreção, acuidade visual, fotofobia, escotomas, diplopia, turvação visual, lacrimejamento, xantopsia, amaurose) Aparelho Auditivo: (otalgia, otorragia, acuidade auditiva, zumbidos, secreção, vertigem) Nariz e Seios Paranasais: (dor, esternutos, obstrução nasal, coriza, secreções, epistaxe, rinolalia, alterações do oltato – cacosmia, anosmia, hiposmia, hiperosmia, parosmia) Aparelho Respiratório: Laringe/Faringe: afonia, disfonia, rouquidão, rinolalia. Dor, dispnéia, tosse, expectoração, hemoptise, chiado no peito, cianose. Aparelho Cardiovascular: Dor, palpitação, dispnéia, ortopnéia, dispnéia paroxística noturna, cansaço/ fadiga, edema, cianose, tosse e expectoração. Vascular: Claudicação intermitente, palidez, cianose, alteração de temperatura, varizes. Aparelho Digestório: Dentes, disfagia, odinofagia, sialorréia, sialoquiese, dor abdominal, pirose, regurgitação, eructação, halitose, vômitos, náuseas, hábito intestinal normal, diarréia, flatulência, obstipação intestinal, sangramentos: (hematêmese, melena, enterorragia, hematoquesia, proctorragia), icterícia, incontinência fecal, acolia fecal. Aparelho Urinário: Dor (abdominal/lombar), aspecto da urina (cor, odor, urina turva, hematúria, colúria), alteração do volume e do ritmo urinário (oligúria, anúria, poliúria, disúria, noctúria, nictúria, polaciúria, incontinência), edema, algúria. Aparelho Genital Masculino: Alterações do jato urinário, dor, secreção uretral, priapismo, disfunção erétil, ejaculação precoce, diminuição de libido, andropausa. Aparelho Genital Feminino: Ciclo menstrual, menarca, coitarca, telarca, menopausa/ climatério, leucorréia, prurido, hemorragias, disfunções sexuais (dispareunia, diminuição de libido), distúrbios menstruais (dismenorréia, oligomenorréia, polimenorréia, amenorréia, metrorragia, menorragia, hipermenorréia, hipomenorréia), mamas (aspecto, dor, secreção, nódulos, alterações da pele). Pele: Dor, prurido, edema, nódulos, nevos, lesões, pêlos, unhas, cabelos. 3 Aparelho Hemolinfopoiético: Astenia, linfonodomegalias (localização e sinais flogísticos), hemorragias (petéquia, equimose, hematoma, hematúria, gengivorragia, enterorragia). Dor, icterícia, palidez, nódulos, edema. Aparelho Endocrinológico: Bócio, rouquidão, dor, hipersensibilidade ao calor ou ao frio, tremor, irritabilidade, insônia/sonolência, taquicardia, apatia, astenia, exoftalmia, perda ou aumento de peso, poliúria, polidipsia, polifagia, hirsutismo. Aparelho Mio-óstio-articular: Dor (ossos, músculos, articulações, coluna vertebral), rigidez, creptação, nódulos, sinais flogísticos, deformidades, limitações funcionais. Aparelho Neurológico: Cefaléia, tontura ou vertigem, nistagmo, lipotímia, síncope, distúrbios da consciência (obnubilação, coma), distúrbios da motricidade voluntária e da sensibilidade (paresias, paralisias, parestesias, anestesias), movimentos involuntários, convulsões, distúrbios das funções cerebrais superiores (dislalia, disartria, disritmolalia, dislexia, disgrafia, afasias), transtornos de memória. Aparelho Psíquico: Alterações de humor, labilidade emocional, tristeza, síndrome depressiva, euforia, ansiedade. 6 – ANTECEDENTES PESSOAIS Fisiológicos Patológicos Traumáticos Cirúrgicos / Internações Anteriores Alérgicos 7 – ANTECEDENTES FAMILIARES (Doenças Hereditárias) 8 – ANAMNESE PSICOSSOCIAL – História pessoal. B) Caracteres propedêuticos dos principais sintomas DOR - Tipo - Intensidade - Duração - Irradiação - Fenômenos que acompanham - Fatores de melhora e piora - Fatores desencadeantes - Dor referida / Dor irradiada - Dor superficial / Dor profunda - Cefaléias/ dor torácica/ dor abdominal, dores faciais/ lombalgias FEBRE - Início - Intensidade - Término (crise e lise) – Crise: quando a febre desaparece subitamente, neste caso costuma ocorrer sudorese profusa e prostração; como exemplo temos a malária. Lise: significa que a hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, até alcançar níveis normais; observado em várias doenças, é mais bem reconhecido pela análise da curva térmica. - Horário e evolução - Fenômenos que acompanham 4 - Fatores de melhora e piora - Local da verificação - Definições / Valores normais TOSSE - Início / duração / evolução - Horário - Freqüência - Intensidade - Fatores desencadeantes - Fenômenos que acompanham - Fatores de melhora e piora - Relação com o decúbito - Seca ou produtiva EXPECTORAÇÃO - Volume - Horário - Aspecto (composição e cor) - Odor - Consistência e viscosidade DISPNÉIA - Início / horário de aparecimento - Esforços (grandes, médios, pequenos, repouso) - Decúbito - Duração - Evolução - Intensidade - Fenômenos que acompanham - Fatores de melhora e piora PALPITAÇÃO - Início e término - Duração - Ritmo - Condições de aparecimento - Freqüência/Evolução - Fatores de melhora e piora - Fenômenos que acompanham - Definições - Causas CIANOSE - Início - Fatores desencadeantes - Localização - Intensidade - Duração - Fenômenos que acompanham - Fatores de melhora e piora - Definições - Tipos: central, periférica 5 SÍNCOPE / LIPOTÍMIA - Início - Tempo e duração - Sintomas que precedem - Fatores desencadeantes (emocionais, posição do corpo, esforços, temperatura do ambiente) - Fenômenos que acompanham (sudorese, palpitações, incontinência fecal / urinária, convulsões, palidez) - Sintomas após a recuperação da consciência - Tempo decorrido após o último episódio - Evolução - Definições: diferenciar síncope de lipotímia - Causas VERTIGEM / TONTURA - Início - Freqüência - Posição que melhora e piora - Fenômenos que acompanham - Tipo (turvação visual, rotatória) - Evolução - Fatores desencadeantes - Definições - Vertigem objetiva / subjetiva VÔMITO - Causas - Fatores desencadeantes - Freqüência - Composição - Tempo de aparecimento - Fatores que acompanham - Fatores de melhora e piora - Evolução - Em jato ou não - Precedido de náusea DIARRÉIA - Definição - Diferenciar de disenteria - Início - Freqüência - Consistência - Duração / Evolução - Aspecto (odor, cor) - Fenômenos que acompanham - Fatores desencadeantes - Fatores que melhorame pioram DISFAGIA - Definição - Causas - Progressão (sólidos...líquidos) - Evolução (intermitente, progressiva) - Duração - Fatores que acompanham - Início 6 - Fatores desencadeantes - Fatores de melhora e piora EMAGRECIMENTO - Detalhes sobre a alimentação (apetite, hábitos, qualidade e quantidade, tipos e horário das refeições) - Fatores desencadeantes do emagrecimento - Evolução - Fatores de melhora ou piora - Fenômenos que acompanham - A partir de quanto a perda de peso é significativa? ICTERÍCIA - Definições - Tipos - Metabolismo do Heme - Início / Duração/ Evolução - Cor da urina - Cor das fezes - Acolia / Colúria - Intensidade - Fatores desencadeantes (contágio) - Fenômenos que acompanham (dor, prurido, astenia, febre, calafrios) - Fatores de melhora e piora EDEMA - Conceitos - Causas - Localização (localizado ou generalizado) - Início - Horário de aparecimento - Coloração - Consistência - Temperatura - Evolução - Fenômenos que acompanham (dor) - Distúrbios tróficos da pele - Alterações bruscas de peso - Fatores de melhora e piora - Intensidade HEMATÚRIA - Definição - Tipos (macroscópica / microscópica) - Fenômenos que acompanham - Causas - Tempo de aparecimento (inicial, final, total) - Fatores desencadeantes (trauma, medicamentos) - Fatores de piora e melhora - Início - Freqüência / Evolução 7 C) Interrogatório complementar ELEMENTOS GERAIS Febre: Temperatura corporal acima da faixa da normalidade Calafrios: Sensação momentânea de frio com ereção de pelos e arrepiamento da pele. Relação com febre. Sudorese: Eliminação abundante de suor. Generalizada ou predominantemente nas mãos e pés. Prurido: Sensação de coceira Alterações de peso: Especificar perda ou ganho de peso, quantos quilos, intervalo de tempo e motivo (dieta, estresse, outros fatores) Fadiga: Cansaço Astenia: sensação de fraqueza generalizada SENTIDOS APARELHO OCULAR: Dor: bem localizada pelo paciente ou de localização imprecisa no globo ocular Secreção: líquido purulento que recobre as estruturas externas do olho Acuidade visual: grau de aptidão do olho Fotofobia: hipersensibilidade à luz Escotomas: manchas ou pontos escuros no campo visual, descritos como manchas, moscas que voam diante dos olhos ou pontos luminosos. Diplopia: visão dupla, constante ou intermitente Turvação visual Lacrimejamento: eliminação de lágrimas, independentemente de choro Xantopsia: visão amarelada Amaurose: perda da visão em um ou em ambos os olhos APARELHO AUDITIVO: Otalgia: dor no ouvido Otorragia: perda de sangue pelo canal auditivo, relação com traumatismos Acuidade auditiva: grau de aptidão do aparelho auditivo Zumbidos: sensação subjetiva de diferentes tipos de ruídos (campainha, grilos, apito, chiado, cachoeira, jato de vapor, zunido) Secreção Vertigem: sensação de estar girando em torno dos objetos (vertigem subjetiva) ou os objetos girando em torno de si (vertigem objetiva). 8 NARIZ E SEIOS PARANASAIS: Dor: localizada no nariz ou na face Esternutos: espirros Obstrução nasal: rinorreia; aspecto do corrimento (aquosa, purulento, sanguinolento); cheiro Coriza Secreções: observar aspecto do corrimento (aquosa, purulento, sanguinolento) Epistaxe: hemorragia nasal Rinolalia: voz anasalada Cacosmia: consiste em sentir mau cheiro, sem razão para tal. Anosmia: perda total do olfato (abolição do olfato) Hiposmia: diminuição do olfato Hiperosmia: aumento do olfato Parosmia: perversão do olfato (sentir cheiro que não existe). APARELHO RESPIRATÓRIO LARINGE E FARINGE (afonia, rouquidão, disfonia, rinolalia) Afonia: perda da voz. Pode resultar também de doenças infecciosas, faringites, tumores da laringe e cordas vocais etc; Disfonia: toda e qualquer dificuldade na emissão vocal. Rouquidão: Alteração no timbre da voz por modificações na dinâmica das cordas vocais. As agudas, de curta duração, não tem maior significado clínico, ocorrendo nas laringites virais comuns. Em contrapartida, desde que tal sintoma se prolongue, é necessária investigação detalhada. Rinolalia: Distúrbio de fonação que resulta em uma voz anasalada. Decorrente da ressonância das fossas nasais. (obstrução nasal aguda ou crônica. Fenda palatina, destruição do septo nasal); Dor: Descrever os caracteres propedêuticos. Dependendo do local de afecção ela é superficial ou profunda (queimação). Dor profunda: gripes, resfriados, bronquite aguda, fibroses, câncer brônquico; queimação retro- esternal e na região anterior do pescoço; comprometimento de estruturas adjacentes (músculos, costelas, aponeuroses). Dor superficial: pneumonia, embolia pulmonar, pleurite. Irradiação para ombro, mmss, epigástrio e abdome. Fatores de piora: ventilação. Fatores de melhora: diminuição da movimentação da região pleural. Dispnéia: dficuldade para respirar; falta de ar Tosse: seca ou produtiva; tosse rouca; tosse bitonal Expectoração: volume, cor, odor, aspecto e consistência. Tipos de expectoração: mucoide, serosa, purulenta, mucopurulenta, hemoptoica. 9 Hemoptise: Eliminação de sangue pela boca, passando pela glote, proveniente de brônquios ou pulmões. Podem estar ligadas às hemorragias brônquicas (ruptura de vasos sãos, casos de ca) ou alveolares. Brônquicas: ruptura de vasos sãos, casos de ca; ruptura de vasos anormais nas bronquiectasias (dilatação irreversível) e tuberculose; alveolar: prejuízo aos capilares. Chiado no peito: ruído sibilante percebido pelo paciente durante a respiração; relação com tosse e dispneia; uni ou bilateral; horário em que predomina. Comum na asma (sibilos) Cianose: coloração azulada da pele. APARELHO CARDIOVASCULAR Dor: localização e outras características semiológicas; dor isquêmica (angina do peito e infarto do miocárdio); dor da pericardite; dor de origem aórtica; dor de origem psicogênica. Palpitação: percepção incômoda dos batimentos cardíacos;; Dispnéia: dificuldade de respirar; relação com esforço e decúbito Ortopnéia: dificuldade para respirar quando está deitado. Dispnéia paroxística noturna (Cheyne-Stokes): ocorre a noite, com intensa dispnéia, acompanhada de sufocação, tosse seca e opressão torácica. Cansaço/ fadiga: pode ser indicativo de insuficiência cardíaca; Edema: é o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou dentro das próprias células. Do ponto de vista semiológico interessa-se apenas o edema cutâneo, ou seja, a infiltração de líquido no espaço intersticial dos tecidos que constituem a pele e a tela subcutânea. Cianose Tosse e expectoração APARELHO VASCULAR Claudicação intermitente: Claudicação intermitente é uma sensação de DOR (em queimação) nas pernas que se torna presente durante exercícios físicos. Ocorre como resultado do suprimento de oxigênio diminuído (isquemia). Essa dor geralmente ocorre nas panturrilhas, mas também pode ocorrer nas coxas, nádegas ou pés. A claudicação intermitente geralmente indica uma oclusão arterial (NÃO É VENOSA) crônica grave (doença arterial periférica), geralmente por aterosclerose; Palidez: Significa atenuação ou desaparecimento da cor rósea da pele. Nos pardos e negros só se consegue identificar palidez nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Cianose: Significa cor azulada da pele e das mucosas. Alteração de temperatura Varizes: Dilatação permanente das veias 10 APARELHO PSÍQUICO Alteração de humor Labilidade emocional ou Instabilidade Afetiva: é um estado especial em que se produz a mudança rápida e imotivada do humor ou estado de ânimo. Tristeza Síndrome depressiva: O paciente mostra-selúcido, orientado (pode haver pseudodesorientação por desinteresse); atenção diminuída e dificuldade de concentração; memória prejudicada (sobretudo de fixação); pensamento alentecido e incoerente; humor lábil; dificuldade de raciocínio; psicomotricidade exaltada, com inquietação ou agitação, diminuída, com alentecimento motor; a sensopercepção pode estar comprometida, com alucinações (geralmente visuais) e ilusões. Euforia: estado de bem-estar físico e emocional exagerado Ansiedade: inquietação interna, sentimento negativo em relação ao futuro, sensação de medo inexplicável, “contagiosa” e envolvente, que passa facilmente para os familiare, causando, por meio de um ciclo vicioso, maior aflição no paciente. É reconhecida pelas manifestações psíquicas e somáticas que a acompanham> inquietude, voz embargada, mãos frias e suadas, taquicardia, boca seca. APARELHO NEUROLÓGICO Cefaléia: Dor de cabeça Tontura ou vertigem Nistagmo: São movimentos rítmicos e repetitivos dos olhos. Pode ser caracterizado pela sua frequência (rápido ou lento), amplitude (amplo ou estreito), pela direção (horizontal, vertical e rotacional) e pelo tipo de movimento (pendular – igual em todas as direções ou jerk – lento em uma direção e rápido em outra). Lipotímia/Síncope: desmaio é a perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular postural (síncope). Nem sempre, contudo, o sintoma ocorre de maneira completa, podendo ser parcial a perda da consciência (lipotímia). Distúrbios de consciência: obnubilação e coma Obnubilação: A obnubilação é uma alteração da consciência e se caracteriza pela diminuição da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das impressões sensoriais. Há ainda lentificação no ritmo e alteração no curso do pensamento, prejuízo da fixação e da evocação da memória, algum grau de desorientação e sonolência mais ou menos acentuada. Coma: É um estado de inconsciência, habitualmente prolongado (com duração de horas, semanas ou meses), do qual o paciente pode ou não emergir. Esse estado de inconsciência não pode ser revertido pelos estímulos externos comuns, critério que torna possível distinguir o coma do estado de inconsciência do sono fisiológico. Distúrbios da motricidade voluntária e da sensibilidade: (paresias, paralisias, parestesias, anestesias) Paresia: A paresia é a disfunção ou interrupção dos movimentos de um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos e conforme o grau do comprometimento ou tipo de acometimento fala-se em paralisia ou paresia. O termo paresia refere-se quando o movimento está apenas limitado ou fraco. O termo paresia vem do grego PARESIS e significa relaxação, debilidade. Nos casos de paresias, a motricidade se apresenta apenas num padrão abaixo do 11 normal, no que se refere à força muscular, precisão do movimento, amplitude do movimento e a resistência muscular localizada, ou seja, refere-se a um comprometimento parcial, a uma semiparalisia. Paralisia: A paralisia é o estado ou situação de imobilidade. A poliomielite (vulgarmente tratada por paralisia infantil) caracteriza-se por ser uma doença que paralisa completamente os músculos das pernas, impedindo a pessoa de andar. A paralisia é causada pelo mal funcionamento de algumas áreas do sistema nervoso central, que deixa de transmitir impulsos para a ativação muscular. A sede do distúrbio pode estar nas células do encéfalo ou da medula, ou nos nervos que vão ao músculo. A poliomielite é um tipo de paralisia em que os músculos mostram-se relaxados e fracos e a sede da perturbação está nos nervos ligado ao músculo. Parestesia: Parestesias são sensações cutâneas subjetivas de formigamento que são vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação. Podem ocorrer caso algum nervo sensorial seja afetado, seja por contato ou pelo rompimento das terminações nervosas. Responde por alteração na sensibilidade. Anestesia: significa a condição de ter a sensibilidade (incluindo a dor) bloqueada ou temporariamente removida. Isso permite que os pacientes passem por cirurgias e outros procedimentos sem a angústia e a dor que experienciariam de outra maneira. Movimentos involuntários: tremores, movimentos coreicos, movimentos atetósicos, hemibalismo, mioclonias, mioquinias, Asterix, tiques, convulsões, tetania, fasciculações, discinesias orofaciais e distonias. Tremores: movimentos alternantes, mais ou menos rápidos e regulares, de pequena ou média amplitude, que afetam principalmente as partes distais dos membros. Movimentos coreicos: Movimentos involuntários, amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, multiformes e sem finalidade. Localizam-se na face, membros inferiores e superiores. Movimentos atetósicos: Movimentos involuntários que ocorrem nas extremidades e apresentam características muito próprias: são lentos e esteriotipados, lembrando um movimento reptiforme ou os movimentos dos tntáculos do polvo. Pode ser uni ou bilateral. Hemibalismo: São movimentos abruptos, violentos, de grande amplitude, rápidos e geralmente limitados a uma metade do corpo. São extremamente raros e decorrem de lesões extrapiramidais. Mioclonias: São contrações musculares breves, rítmicas ou arrítmicas, localizadas ou difusas, que acometem um músculo ou um grupo muscular. Geralmente são relatadas como abalos, choques, sacudidas ou trancos. Mioquinias: São contrações fibrilares de tipo ondulatório que surgem em músculos íntegros, principalmente no orbicular das pálpebras, quadríceps e gêmeos. Não apresentam signifcado patológico, são mais comuns em pacientes neuróticos e em pessoas fatigadas. Asterix: São movimentos rápidos, de amplitude variável, que ocorrem nos segmentos distais e apresentam certa semelhança com o bater das asas das aves. Tiques: São movimentos involuntários que aparecem em determinado grupo muscular, repetindo-se sucessivamente. São domináveis pela vontade, e podem ser funcionais ou orgânicos. Convulsões: movimentos musculares súbitos e não coordenados, paroxísticos e involuntários, que ocorrem de maneira localizada ou generalizada. Podem ser divididas em 3: - Tônicas: são sustentadas e têm imobilização das articulações. - Clônicas: são rítmicas e alternam relaxamento com contração. 12 - Tônica-Clônicas: mistura de ambas. Tetania: É uma forma particular de movimento involuntário e caracteriza-se por crises exclusivamente tônicas quase sempre localizadas nas mãos e pés. Fasciculações: contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Distúrbio de funções cerebrais superiores (dislalia, disartria, disritmolalia, dislexia, disgrafia, afasias): Dislalia: É a perturbação da articulação da palavra falada, sem qua as causas estejam localizadas no sistema nervoso. Existem tipos diversos de dislalia. A fisiológica observa-se na criança até 4 anos de idade e consiste na troca de sílabas ou letras (“papato” por “sapato”); a que é acompanhada de retardo psicomotor, prolongando-se, em geral, até os 10 anos de idade; a secundária a lesões do palato, língua, dentes, lábios e mandíbula, de interesse da fonoaudiologia. Disartria: Caracteriza pela alteração da articulação da palavra falada ou da fala, decorrente de uma neuropatia central ou periférica. Disritmolalia: Perturbação no ritmo da fala, destacando-se a taquilalia e a gagueira. Dislexia: Dificuldade de capacitar-se para a leitura ensinada normalmente. Comum estar associada com retardo na fala e aprendizagem. Causas psíquicas e neurológicas estão atreladas. Condição de natureza genética. Disgrafia: A grafia é basicamente irregular, fragmentada, a ponto de, muitas vezes, tornar-se ilegível. Existem a disgrafia espacial ou de evolução, na qual não se observam distúrbiosneurológicos, e a disgrafia secundária a problemas orgânicos, com parkinsonismo e cerebelopatia. Afasia: Perda total da linguagem Transtorno de memória APARELHO DIGESTÓRIO Dentes Disfagia: pode ser definida como dificuldade de deglutição. Caracteres propedêuticos: Definição, Causas, Progressão (sólidos/líquidos), Evolução (intermitente, progressiva), Duração, Fatores que acompanham, Início, Fatores desencadeantes e Fatores de melhora e piora. Define-se disfagia como dificuldade à deglutição. A disfagia que ocorre nas duas primeiras fases da deglutição é chamada de bucofaríngea, alta ou de transferência, e a disfagia da terceira fase da deglutição, de disfagia esofágica, baixa ou de transporte. A disfagia bucofaríngea pode ser facilmente reconhecida: o alimento permanece no todo ou em parte na cavidade bucal após a tentativa de deglutição, podendo haver aspiração para a árvore traqueobrônquica, seguida de tosse, ou regurgitação nasal. Na disfagia esofágica, o paciente tem a sensação de parada do bolo alimentar no esôfago, embora não possa localizar precisamente o nível da obstrução. Ela pode ocorrer tanto devido a uma obstrução de natureza orgânica, como a alterações motoras. A análise das características da disfagia conduz o médico a uma aproximação diagnóstica na maioria dos casos. De modo geral, a disfagia que se manifesta somente para sólidos é sugestiva de obstáculo mecânico, ao passo que a disfagia que ocorre tanto com alimentos sólidos como líquidos indica alteração da motilidade esofágica. É importante considerar a evolução da disfagia. Nas obstruções de natureza orgânica, a disfagia é intermitente nas 13 membranas e anéis, e progressiva nas neoplasias e nas estenoses pépticas. Nos distúrbios motores do esôfago, a disfagia é intermitente no espasmo difuso e progressiva no megaesôfago ou acalasia. Quando a disfagia tem longa duração, de anos, com pouco comprometimento do estado geral do paciente, trata-se, provavelmente, de doença benigna. Quando, ao contrário, a história clínica registra início recente, com acentuada perda de peso, o diagnóstico que se impõe é o de doença maligna, sobretudo se o paciente tiver mais de 40 anos de idade. Odinofagia: condição caracterizada por deglutição dolorosa Sialorréia: secreção abundante de saliva. Sialoquiese: diminuição ou ausência de saliva. Dor abdominal Pirose: Sensação de queimação retroesternal; relação com a ingestão de alimentos ou medicamentos Regurgitação: Volta a cavidade bucal de alimento ou de secreções contidas no esôfago ou estômago. Eructação: som característico que ocorre quando gases do estômago são expelidos através da boca. É causada, em geral, pela liberação do ar engolido ou de dióxido de carbono. Halitose: odores desagradáveis vindos da cavidade bucal. Vômitos e náuseas Hábitos intestinais normais Diarréia Flatulência: O ar engolido ou os gases formados no aparelho digestivo podem ser expelidos por via oral (eructação) ou via anal (gases intestinais ou flatos). Obstipação intestinal: Quando as fezes fcam retidas por mais de 48 horas, diz-se que há obstipação ou constipação intestinal, fato designado na linguagem leiga como prisão de ventre. O ritmo intestinal normal varia de um indivíduo para o outro. Considera-se normal desde três evacuações por dia até uma evacuação a cada dois dias, ou seja, podem ser normais intervalos de 8 a 48 horas entre uma exoneração intestinal intestinal e a seguinte. Sangramentos: Hematêmese: Vômito com sangue. Caracteriza a hemorragia digestiva alta, assim entendida aquela em que a sede do sangramento se localiza desde a boca até o ângulo de Treitz (transição duodenojejunal). Melena: fezes enegrecidas decorrentes de hemorragia digestiva alta ou de lesões neoplásicas de alças de intestino delgado. No entanto, o sangue com aspecto de melena pode, também, advir de sangramento no colo direito, e, não raro, de neoplasias. Enterorragia: Eliminação de sangue vivo pelo ânus, em maior volume, e que muitas vezes é a própria evacuação, indicando sangramento intestinal (geralmente intestino delgado). Hematoquesia: Sangue vermelho vivo, em pequena quantidade, de origem proctológica. Proctorragia: hemorragia retal. 14 Icterícia Incontinência fecal Acolia fecal: Caracterização das fezes claras. Sem estercobilogênio. APARELHO URINÁRIO Dor: A dor originada no sistema urinário pode assumir características diversas. Os tipos principais são: dor lombar e no flanco, cólica renal, dor vesical, estrangúria e dor perineal. Aspecto da urina: Cor: transparente, amarelo claro, escuro ou preto Odor: decorrente da liberação de uréia. Pode ser fétido em processos infecciosos. Urina turva: depósito esbranquiçado e quase sempre com odor desagradável. Está associada à infecção urinária. Hematúria: ocorrência de sangue na urina, podendo ser macro ou microscópica. Colúria: é um termo para descrever uma urina escura, com cor parecida com café e apresentando espuma amarela. Esta coloração é causada por uma acumulação de bilirrubina direta no sangue e a sua consequente excreção pela urina. Alteração do volume e do ritmo urinário: Oligúria: Caracteriza-se por excreção de um volume de urina inferior às necessidades de excreção de solutos. Clinicamente, convencionou-se chamar de oligúria uma diurese inferior a 400 ml/dia ou menos de 20 ml/h. A oligúria costuma decorrer de redução do fluxo sanguíneo renal (desidratação, hemorragia, insuficiência cardíaca) ou por lesões renais (glomerulonefrite aguda, necrose tubular aguda). Anúria: Caracteriza-se por volume urinário inferior a 100 ml/24 h. Anúria ocorre na obstrução bilateral das artérias renais ou dos ureteres, na necrose cortical bilateral einsuficiência renal aguda (IRA) grave. Poliúria: Corresponde a um volume urinário superior a 2.500 ml/dia. Como o volume de cada micção está limitado pela capacidade vesical, verifica-se maior número de micções, inclusive à noite. A medida do volume urinário de 24 h é importante para confirmar a ocorrência de poliúria. Existem 2 mecanismos básicos de poliúria: por diurese osmótica, decorrente da excreção de um volume aumentado de solutos, determinando maior excreção de água (p. ex., diabetes melito descompensado), ou por incapacidade de concentração urinária (p. ex., diabetes insípido, hipopotassemia). Na insuficiência renal crônica, quando o comprometimento renal ainda é moderado, também ocorre poliúria, seja por diurese osmótica (em razão de uremia) ou por incapacidade de concentração urinária, quando as lesões comprometem medula renal, como ocorre na pielonefrite crônica. Disúria: É a nomenclatura dada à micção associada à desconforto (dificuldade ao urinar). Ocorre na cistite, prostatite, uretrite, traumatismo geniturinário, irritantes uretrais e reação alérgica. Noctúria ou nictúria: é a necessidade de se levantar durante a noite para esvaziar a bexiga, interrompendo assim o sono. Polaciúria: Caracteriza-se pelo aumento da frequência miccional, com intervalo entre as micções inferior a 2 h e sem que haja concomitante aumento do volume urinário; traduz irritação vesical. Esses sintomas são provocados por redução da capacidade da bexiga, dor à distensão vesical ou por comprometimento da uretra posterior. Decorrem 15 de várias causas, tais como infecção, cálculo, obstrução, alterações neurológicas e em várias condições psicológicas e fisiológicas, principalmente o frio e a ansiedade. Incontinência: eliminação involuntária de urina. Algúria: sensação dolorosa durante o ato de urinar. APARELHO GENITAL MASCULINO Alterações do jato urinário: Pode estar presente em diversas situações. Na hiperplasia prostática, por exemplo há diminuiçãodo canal uretral e redução do jato urinário. Dor: Pode ser no próprio genital ou na região próxima. Secreção uretral: Corrimento uretral. Pode ser purulento, protuso, amarelado ou sanguinolento. Priapismo: Ereção persistente, prolongada, dolorosa e sem desejo sexual. É essencialmente vascular. Disfunção erétil: Dificuldade de atingir ou de manter a ereção peniana em uma relação sexual. Ejaculação precoce: Incapacidade de controlar o processo de ejaculação. Diminuição de libido:diminuição do desejo sexual Andropausa: redução dos níveis de testosterona APARELHO GENITAL FEMININO Ciclo menstrual Menarca: primeira menstruação. Coitarca: primeira relação sexual. Telarca: desenvolvimento do tecido mamário. Menopausa: A menopausa é a data do último fluxo menstrual; só pode ser datada após 1 ano sem menstruações e representa a falta da ovulação e a falência ovariana. A idade média em que ocorre a menopausa é entre 48 e 52 anos; quando ocorre antes dos 40 anos é chamada de precoce e acima dos 52 anos é chamada de tardia. Climatério: Climatério é a fase de transição entre a menacme (período reprodutivo) e a senectude (período não reprodutivo). Inicia-se com a queda da capacidade reprodutiva ao redor dos 40 anos. O fenômeno básico que ocorre no climatério é a diminuição dos folículos primordiais com posterior atresia. Essa falência ovariana está associada a queda na produção de estrogênio e de androgênio, principalmente, acarretando a elevação do FSH. Leucorréia: corrimento vaginal. Alteração das características da secreção normal, que tem o aspecto de "clara de ovo". Nos corrimentos patológicos, suas características variam conforme a etiologia. Assim, um corrimento aquoso, abundante, como se fosse o descrito como normal, mas em grande quantidade (hidrorreia), pode significar varicocele pélvica, retroversão uterina fixa ou uso de pílulas anticoncepcionais; quando for amarelo, espesso, fétido e espumoso, a causa costuma ser tricomonase/ou gonococos; o corrimento branco, em grumos, como nata de leite ou coco ralado, indica a presença de fungos tipo Candida; o corrimento com aspecto de água de carne é próprio das neoplasias e das inflamações mais graves. Prurido: sensação de coceira 16 Hemorragias Disfunções sexuais: É a impossibilidade de alcançar o orgasmo durante o coito. Em sentido mais amplo, é a impossibilidade de alcançar o orgasmo durante qualquer tipo de atividade sexual. Dispareunia: Compreende os distúrbios dolorosos do coito, que incluem o vaginismo e a contratura dolorosa da musculatura vaginal, podendo inclusive impossibilitar a penetração do pênis. Diminuição de libido Distúrbios menstruais: Dismenorréia: menstruação dolorosa. Tipo cólica. Oligomenorréia: quando a menstruação ocorre com intervalos maiores que 35 dias. Polimenorréia: quando a menstruação ocorre com intervalos menores que 21 dias. Amenorréia: é a falta de menstruação por um período de tempo maior do que três ciclos prévios. Metrorragia: hemorragia não menstrual entre os períodos de menstruação. Menorragia: hemorragia menstrual excessiva e prolongada. Hipermenorréia: sangramento prolongado, maior que 8 dias Hipomenorréia: Fluxo menstrual menor que 2 dias Mamas: Aspecto, Dor, Secreção, Nódulos, Alterações da pele. APARELHO ENDOCRINOLÓGICO Bócio Rouquidão Dor Hipersensibilidade ao calor ou ao frio Tremor Irritabilidade Insônia/sonolência Taquicardia Apatia: falta de emoção, motivação ou entusiasmo. Astenia: fraqueza orgânica generalizada, porém sem perda real da capacidade muscular. Exoftalmia: protrusão do globo ocular. Comum no hipertireoidismo. Perda ou ganho de peso Poliúria: Corresponde a um volume urinário superior a 2.500 ml/dia 17 Polidipsia: sede excessiva Polifagia: fome excessiva Hirsutismo: aumento de quantidade de pelos na mulher em locais usuais ao homem, como queixo, buço, abdome inferior, ao redor de mamilos, entre os seios, glúteos e parte interna das coxas. APARELHO HEMOLINFOPOIÉTICO Astenia: fraqueza generalizada; Linfonodomegalias: localização e sinais flogísticos; Hemorragias: Petéquia: pequenos pontos avermelhados ou discretamente arroxeados na pele ou mucosas; podem ocorrer devido a alterações de pequenos vasos ou do número das plaquetas circulantes. Essas manifestações hemorrágicas,observadas melhor na pele do que nas mucosas. São puntiformes e tem até 1 cm de diâmetro Equimose: manchas hemorrágicas maiores (equimoses ou sufusões hemorrágicas), cujo aparecimento pode ser espontâneo ou após pequenos traumatismos. São em placas e maiores que 1 cm de diâmetro. Hematoma: Se o extravasamento sanguíneo for suficiente para produzir elevação da pele, é designado hematoma. Equimose e hematoma se associam frequentemente. Hematúria: significa ocorrência de sangue na urina, podendo ser macro ou microscópica. Gengivorragia: hemorragia da gengiva; Enterorragia: Eliminação de sangue vivo pelo ânus, em maior volume, e que muitas vezes é a própria evacuação, indicando sangramento intestinal (geralmente intestino delgado). Outros: Dor; Icterícia; Palidez; Nódulos; Edema. PELE Dor Prurido Edema: extravasamento de líquido para o interstício Nódulos Nevos: (é o termo médico que descreve uma lesão na pele popularmente conhecida como mancha, pinta ou sinal) Lesões Pêlos: alterações Unhas: fracas ou quebradiças Cabelos: secos ou quebradiços 18 APARELHO MIO-OSTIO-ARTICULAR Dor (ossos, músculos, articulações, coluna vertebral); Rigidez; Nódulos; Deformidades; Limitações funcionais Crepitação: Estalido provocado por ossos fraturados. Crepitação articular é sinal característico de comprometimento da cartilagem articular e está presente em todos os processos com degeneração daquele elemento, como ocorre nas artroses e nas artropatias neurogênicas. Sinais flogísticos: sinais de inflamação D) Dor CONCEITO Dor é uma desagradável experiência sensorial e emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou potencial, ou relatada como se uma lesão existisse. A parte final da definição, ou seja, “relatada como se uma lesão existisse”, refere-se a alterações mais sutis do sistema nervoso central, como distúrbios bioquímicos ou psíquicos. Nessa situação, o paciente descreve a sensação dolorosa como se houvesse uma lesão tecidual, dizendo, por exemplo: "Parece que tenho uma ferida no peito". Desse modo, a dor passa a ser definida de maneira mais abrangente, nos termos de uma experiência humana. Além disso, tal conceituação evita a ligação restrita da dor a um estímulo. Ao mesmo tempo, reforça o fato biológico de que o estímulo que a causa provavelmente lesiona os tecidos, especialmente se ele é mantido. É também nosso mecanismo básico de defesa. Em primeiro lugar, porque surge antes que ocorra uma lesão grave, como quando se percebe um calor excessivo, a pressão de um objeto cortante ou outras formas de objetos potencialmente lesivos. A sensação dolorosa provoca o imediato afastamento do objeto que provocou o estímulo ou alguma ação que impeça uma lesão posterior. Segundo, porque a dor serve como base para se aprender a evitar objetos ou situações com os quais ou nas quais uma lesão possa ocorrer posteriormente. Em terceiro lugar, a dor causada por lesões de articulações, infecções abdominais, além de outras doenças, impõe limites na atividade ou provoca a inatividade e o repouso, essenciais para a recuperação natural do organismo doente. Entretanto, há dores como as que surgem após lesão do sistema nervoso periférico, como na avulsão do plexo braquial ou pela amputação de um membro, que não servem a nenhum propósito útil. Uma pessoa que teve amputação traumática de um braçoou de uma perna pode vir a sofrer dor do "membro fantasma”: que se torna crônica e acompanha o paciente por toda sua vida. Nesse caso, deixa de ser um sintoma de doença para se tornar uma síndrome clínica que requer atenção especial. Uma dor crônica pode ser tão terrível, intensa e temida, que alguns pacientes chegam a cometer suicídio para se verem livres de tal sofrimento. Nestes casos, ela não serve a nenhum propósito útil de defesa ou o que quer que seja para o organismo. O oposto à dor, ou seja, a falta de sensibilidade dolorosa que também pode ocorrer, é um fator limitante de sobrevida. Pessoas que nascem sem a capacidade de sentir dor testemunham o valor da dor. Há relatos sobre extensas queimaduras, ferimentos graves e contusões sérias ocorridas durante a infância devido à ausência de sensação dolorosa. Estes pacientes mordem a língua enquanto mastigam e aprendem com dificuldade a evitar lesões; além disso, morrem mais precocemente em função de múltiplas lesões, principalmente osteoarticulares, complicadas por infecção, e apresentam grandes escaras de decúbito. CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA: Do ponto de vista fisiopatológico, a dor pode ser classificada em nociceptiva, neuropática, mista e psicogênica. Dor nociceptiva É causada pela ativação dos nociceptores e pela transmissão dos impulsos gerados, que percorrem as vias nociceptivas até as regiões do sistema nervoso central, onde são interpretados. A dor secundária a agressões 19 externas (picada de um inseto, fratura de um osso, corte da pele), a dor visceral (cólica nefrótica, apendicite), a neuralgia do trigêmeo, a dor da artrite e da invasão neoplásica dos ossos são exemplos de dor nociceptiva. Características: A dor nociceptiva começa simultaneamente ao início da atividade do fator causal, o qual pode ser, em geral, identificado. Sua remoção frequentemente culmina com o alívio da sensação dolorosa. Nenhum déficit sensorial é identificado nesses pacientes, e a distribuição da dor corresponde à das fibras nociceptivas estimuladas. Quanto menor é o número de segmentos medulares envolvidos na inervação de uma estru tura, mais localizada é a dor (somática superficial). Em contrapartida, quanto maior o número de segmentos medulares, mais difusa é a dor (visceral e somática profunda). A dor nociceptiva pode ser espontânea ou evocada. A espontânea pode ser expressa com as mais variadas designações: pontada, facada, agulhada, aguda, rasgando, latejante, surda, contínua, profunda, vaga, dolorimento. Todas essas denominações sugerem lesão tissular. A evocada pode ser desencadeada por algumas manobras como: manobra de Lasegue na ciatalgia, a dor provocada pelo estiramento da raiz nervosa, obtida pela elevação do membro inferior afetado, estando o indivíduo em decúbito dorsal, e lavar o rosto e escovar os dentes, nos pacientes com neuralgia do trigêmeo. Esse tipo de dor reproduz a sentida pelo paciente. Dor neuropática Também denominada dor por lesão neural, por desaferentação (privação de um neurônio de suas aferências), ou central (quando secundária às lesões do sistema nervoso central). Decorre de lesão de qualquer tipo infligida ao sistema nervoso periférico ou central, e pode apresentar-se de três formas: constante, intermitente e evocada. Ainda não há certeza sobre quais mecanismos fisiopatológicos estão envolvidos, mas a lesão do trato neoespinotalâmico (ou neotrigeminotalâmico, para a dor facial) parece ser condição sine qua non para o seu aparecimento. Sabe-se também que esse tipo de dor é gerado dentro do sistema nervoso, independentemente de qualquer estímulo externo ou interno (componente constante). A secção do trato neoespinotalâmico, tão eficaz em eliminar a dor nociceptiva, agrava a neuropática (componente constante). Embora haja várias hipóteses sobre essa questão, este último fato sugere que o mecanismo mais provavelmente envolvido em sua gênese é o da desaferentação. Quando um neurônio é privado de suas aferências (desaferentação), aparecem diversas alterações: degeneração dos terminais pré-sinápticos, reinervação do sítio desaferentado por axônios vizinhos (brotamento ou sprouting), substituição de sinapses inibitórias por outras excitatórias, ativação de sinapses anteriormente inativas e aumento da eficácia de sinapses antes pouco eficazes. A ocorrência dessas alterações acaba por tornar as células desaferentadas hipersensíveis (células explosivas ou bursting cells). Sua hiperatividade espontânea, visto que são integrantes das vias nociceptivas, seria o substrato fisiopatológico para a dor constante (descrita como em queimação ou formigamento) da qual se queixam esses pacientes. A dor neuropática apresenta mais dois componentes, podendo ser intermitente ou evocada (alodínia e hiperpatia): A intermitente decorre da ativação das vias nociceptivas pela cicatriz formada no foco lesional ou por efapse (impulsos motores descendentes cruzam para as vias nociceptivas no sítio de lesão do sistema nervoso). A secção cirúrgica completa da via neoespinotalâmica (ou neotrigeminotalâmica, na dor facial) elimina essa modalidade de dor. A dor evocada, por sua vez, se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes da desaferentação. A reinervação de células nociceptivas desaferentadas por aferentes táteis, por exemplo, faria com que a estimulação tátil, ao ativar neurônios nociceptivos, produzisse uma sensação dolorosa, desagradável (alodínia). A substituição de sinapses inibitórias por excitatórias, o aumento da eficácia de sinapses outrora pouco efetivas e a ativação das anteriormente inativas, por outro lado, poderiam tomar tais células hiper-responsivas aos estímulos dolorosos, manifestando-se clinicamente sob a forma de hiperpatia. Como a dor evocada depende da estimulação dos receptores e do tráfego dos impulsos pelas vias nociceptivas, ela pode ser aliviada pela secção cirúrgica da via neoespinotalâmica (ou neotrigeminotalâmica, na dor facial). 20 São exemplos de dores neuropática as que ocorrem: (1) nas polineuropatias (em sua forma diabética, na qual há acometimento predominante de fibras mielínicas finas e arnielínicas, na alcoólica, que compromete indistintamente qualquer tipo de fibra, e na causada por carência de vitamina B12), (2) na neuralgia pós-herpética (acomete preferencialmente fibras mielínicas grossas do ramo oftálmico do nervo trigêmeo ou dos nervos intercostais, manifestando-se, em geral, como uma mononeuropatia dolorosa), (3) no membro fantasma, (4) por avulsão do plexo braquial, (5) pós-trauma raquimedular e (6) pós-acidente vascular encefálico ("dor talâmica"). Características da dor neuropática: Sua etiologia é variada, incluindo afecções traumáticas, inflamatórias, vasculares, infecciosas, neoplásicas, degenerativas, desmielinizantes e iatrogênicas. Seu início pode coincidir com a atuação do fator causal, porém, mais comumente, ocorre após dias, semanas, meses ou até anos. Em geral, o fator causal não pode ser removido, por ter deixado de agir ou por ser impossível interrompê-lo. A maioria dos pacientes apresenta déficit sensorial clinicamente detectável. A distribuição da dor tende a sobrepor-se, pelo menos parcialmente, à perda sensorial. A dor neuropática apresenta-se pelo menos em uma das seguintes formas: constante, intermitente (ambas são espontâneas) e evocada. A dor constante ocorre em praticamente 100% dos casos, sendo, em geral, descrita como dor em queimação ou dormente ou em formigamento, ou como um mero dolorimento. Trata-se de uma disestesia (sensação anormal desagradável) normalmente nunca experimentada pelo paciente. A dor intermitente é mais frequente nas lesões nervosas periféricas e da medula espinal, sendo rara nas lesões encefálicas, e relatada como dor em choque, aguda. Lembra a dor da ciatalgia, mas, diferentemente desta, seu trajeto não segueo de qualquer nervo. A dor evocada, presente em mais da metade dos casos, conquanto mais comum nas lesões encefálicas, é também frequente nas lesões medulares e do sistema nervoso periférico, podendo manifestar-se sob a forma de alodínia ou de hiperpatia. A forma constante da dor neuropática, ao contrário da dor nociceptiva, tende a ser agravada pela interrupção cirúrgica das vias da dor, pois tais procedimentos acentuam a desaferentação. Dor mista É aquela que decorre dos dois mecanismos anteriores. Ocorre, por exemplo, em certos casos de dor por neoplasia maligna, quando ela se deve tanto ao excessivo estímulo dos nociceptores quanto à destruição das fibras nociceptivas. Dor psicogênica Toda dor tem um componente emocional associado, o que varia é sua magnitude. A dor psicogênica, porém, é uma condição inteiramente distinta, para a qual não há qualquer substrato orgânico, sendo gerada por mecanismos puramente psíquicos. Características da dor psicogênica: Tende a ser difusa, generalizada, imprecisa. Algumas vezes, pode ser localizada e, nesse caso, em geral, sua topografia corresponde à da imagem corporal que o paciente tem da estrutura que julga doente. Assim, se imagina ter um infarto do miocárdio, a área dolorida corresponderá à do mamilo esquerdo e não à região retroesternal ou à face medial do braço esquerdo. Se a doença imaginada é uma colelitíase, a área da dor será a do hipocôndrio direito e não o ombro ou a área escapular direita. Isso ocorre porque o paciente desconhece a dor referida em sua imagem corporal. Se ele acreditar erroneamente que o fígado está localizado no hipocôndrio esquerdo, ao imaginar-se com uma dor de origem hepática, relatará uma sensação dolorosa no hipocôndrio esquerdo e não no direito. A dor psicogênica muda de localização sem qualquer razão aparente. Quando irradiada, não segue o trajeto de qualquer nervo. Sua intensidade é variável, sendo agravada pelas condições emocionais do paciente, o que, em geral, é contestado por ele. Pode ser relatada como muito intensa, excruciante, lancinante, incapacitante. Costuma ser descrita de maneira dramática ("como um canivete introduzido no corpo", 'como tendo a pele arrancada''). 21 Não infrequentemente é possível estabelecer-se a concomitância de um evento negativo relevante na vida do paciente e o início da dor. Sinais e sintomas de depressão e ansiedade crônicas são com frequência identificáveis. Estes pacientes são neuroticamente fixados em sua dor, trazendo à consulta uma lista interminável de medicamentos já usados e de centros de tratamento e especialistas já procurados. A utilização inadequada e abusiva de medicamentos é comumente observada. Se questionados, podem referir um sem-número de cirurgias prévias de indicação duvidosa, sugerindo uma hiper-reatividade a desconfortos relativamente leves. TIPOS DE DOR Considerando-se o seu sítio de origem, a dor pode ser classificada em: somática (superficial e profunda), visceral e irradiada. Dor somática superficial. É a forma de dor nociceptiva decorrente da estimulação de nociceptores do tegumento. Tende a ser bem localizada e se apresentar de maneira bem distinta (picada, pontada, rasgando, queimor), de acordo com o estímulo aplicado. Sua intensidade é variável e, de certa maneira, proporcional à intensidade do estímulo. Decorre, em geral, de trauma, queimadura e processo inflamatório. Dor somática profunda. É a modalidade de dor nociceptiva consequente à ativação de nociceptores dos músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações. Suas principais causas são: estiramento muscular, contração muscular isquêmica (exercício exaustivo prolongado), contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, síndrome miofascial, artrite e artrose. É mais difusa que a dor somática superficial, apresenta localização imprecisa, sendo em geral descrita como dolorimento (aching pain), dor surda, dor profunda e, no caso da contração muscular isquêmica, como cãibra. Sua intensidade é proporcional à do estímulo causal, mas comumente vai de leve à moderada. Às vezes, pode manifestar-se como dor referida. Dor visceral. É a dor nociceptiva decorrente da estimulação dos nociceptores viscerais. É profunda, e tem características similares às da dor somática profunda, ou seja, é difusa, de difícil localização e descrita como um dolorimento ou uma dor surda, vaga, contínua, profunda, que tende a acentuar-se com a solicitação funcional do órgão acometido. Tais características se devem às peculiaridades da inervação nociceptiva visceral. De um modo geral, a dor visceral pode ser relacionada com quatro condições: (a) comprometimento da própria víscera (dor visceral verdadeira); (b) comprometimento secundário do peritônio ou pleura parietal (dor somática profunda); (c) irritação do diafragma ou do nervo frênico; (d) reflexo viscerocutâneo (dor referida). Embora a dor visceral verdadeira, em geral, apresente as características mencionadas anteriormente, ela tende a se localizar próximo ao órgão que a origina. A dor cardíaca, por exemplo, tem localização retroesternal ou precordial; a pleural, na parede do hemitórax correspondente; a esofágica é retroesternal ou epigástrica; a gastroduodenal localiza-se no epigástrio e no hipocôndrio direito; a ileojejunal e dos cólons, embora difusa, é predominantemente periumbilical; a do sigmoide e do reto é pélvica e perineal; a hepática e biliar localiza-se no hipocôndrio direito e epigástrio; a esplênica, no hipocôndrio esquerdo; a pancreática, no epigástrio, hipocôndrio esquerdo e meio do dorso; a renal, nos flancos; a ureteral, nos flancos com irradiação para o baixo ventre e genitália; a vesical e uretral 22 proximal é pélvica e se localiza no baixo ventre; a uterina, no baixo ventre, pélvica, perineal e lombar baixa; a ovárica é pélvica, perineal, lombar baixa e ocorre também nas fossas ilíacas. Pode-se dizer ainda que determinadas qualidades de dor são mais específicas para certo tipo de víscera. Assim, a dor das vísceras maciças e dos processos não obstrutivos das vísceras ocas é descrita como surda; a dos processos obstrutivos das vísceras ocas é do tipo cólica; a por comprometimento da pleura parietal (dor somática profunda e não visceral) é em pontada ou fincada; a por isquemia miocárdica é constritiva ou em aperto; e a por aumento da secreção do ácido clorídrico (gastrite, úlcera gástrica ou duodenal) é do tipo em queimação ou ardor . Dor referida. Pode ser definida como uma sensação dolorosa superficial, que está distante da estrutura profunda (visceral ou somática) cuja estimulação nóxica é a responsável pela dor. Obedece à distribuição metamérica . A explicação mais aceita para esse fenômeno é a convergência de impulsos dolorosos viscerais e somáticos superficiais e profundos para neurônios nociceptivos comuns localizados no corno dorsal da medula espinal. Visto que o tegumento apresenta um suprimento nervoso nociceptivo muito mais exuberante do que o das estruturas profundas somáticas e viscerais, a representação talâmica e cortical destas é muito menor do que a daquela. Por conseguinte, os impulsos dolorosos provenientes das estruturas profundas seriam interpretados pelo cérebro como oriundos do tegumento e o paciente apontaria a dor neste local. São exemplos de dor referida: dor na face medial do braço (dermátomo de T1) em pacientes com infarto agudo do miocárdio, epigástrica ou periumbilical ( dermátomos de T6-T1 O) na apendicite, no ombro ( dermátomo de C4) em indivíduos com doença diafragmática ou irritação do nervo frênico. O apêndice parece não ser sede de dor visceral verdadeira. Na apendicite, a dor começa na região epigástrica ou periumbilical (dor referida) e, posteriormente, por irritação do peritônioparietal suprajacente, passa a ser sentida na fossa ilíaca direita (dor somática profunda). A irritação do diafragma ou do nervo frênico não é incomum nas doenças de órgãos torácicos e do andar superior do abdome. Quando ocorre, o paciente apresenta dor referida no ombro (dermátomo de C4) porque o nervo frênico, responsável pela inervação do diafragma, origina-se predominantemente do quarto segmento medular cervical. Porém, as afecções da vesícula biliar (colecistite, colelitíase), que não têm qualquer relação com o diafragma, também podem cursar com dor referida no ombro. Neste caso, ela é explicada pela participação do nervo frênico na inervação nociceptiva da vesícula biliar. Dor irradiada. Caracteriza-se por ser sentida a distância de sua origem, porém ocorre obrigatoriamente em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou em nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Um exemplo clássico é a ciatalgia, provocada pela compressão de uma raiz nervosa por uma hérnia de disco lombar. 23 CLASSIFICAÇÂO TEMPORAL Dor aguda e crônica. Em conformidade com sua distribuição temporal, a dor pode ser classificada em aguda ou crônica. Dor aguda É uma importantíssima modalidade sensorial, desempenhando, entre outros, o papel de alerta, comunicando ao cérebro que algo está errado. Acompanha-se de manifestações neurovegetativas e desaparece com a remoção do fator causal e resolução do processo patológico. Dor crônica É a que persiste por um período superior ao necessário para a cura de um processo mórbido ou que está associada a afecções crônicas (câncer, artrite reumatoide, alterações degenerativas da coluna), ou, ainda, a que decorre de lesão do sistema nervoso. Não tem qualquer função de alerta e determina acentuado estresse, sofrimento e perda na qualidade de vida. É a maior causa de afastamento do trabalho, gerando um enorme ônus para o país. 24 CARACTERES PROPEDÊUTICOS DA DOR Todo paciente deve ser sistematicamente avaliado, levando-se em consideração as 10 características semiológicas da dor (decálogo da dor): Localização, irradiação, qualidade ou caráter, intensidade, duração, evolução, relação com funções orgânicas, fatores desencadeantes ou agravantes, fatores atenuantes e manifestações concomitantes. 1-Localização. Refere-se à região onde o paciente sente a dor. Descrições como "dor na vesícula" carecem de valor semiótico e devem ser desencorajadas, pois dependem da imagem corporal que o paciente tem, a qual pode ser completamente equivocada. Deve-se solicitar ao paciente que aponte com um dedo a área dolorida, que deve ser registrada de acordo com a nomenclatura das regiões da superfície corporal Caso o paciente refira dor em mais de um local, é importante que todos sejam devidamente registrados no mapa corporal, devendo ser estudados semiologicamente em separado, inclusive para saber se a sensação dolorosa é irradiada ou referida. Dores diferentes, sem relação entre si, podem indicar uma doença apenas (exemplo: dor em múltiplas articulações, como nas afecções reumáticas), processos patológicos independentes ou dor psicogênica. Também é relevante a avaliação da sensibilidade na área de distribuição da dor e adjacências. A hipoestesia é evoca tiva de dor neuropática, sobretudo se for descrita como em queimação ou formigamento. Por vezes, porém, a sensibilidade parece estar aumentada, o que pode indicar hiperestesia (hipersensibilidade aos estímulos táteis) e hiperalgesia (hipersensibilidade aos estímulos álgicos) - reações que ocorrem em uma área sem comprometimento da inervação sensorial – ou alodínia e hiperpatia. Alodínia e hiperpatia ocorrem em uma área de hipoestesia e são excelentes indicadores da dor neuropática. Sua verificação é particularmente útil nos casos em que o déficit sensorial é subclínico, ou seja, quando é mais difícil de confirmar o diagnóstico de dor neuropática. Naturalmente, uma história adequada concernente à etiologia da dor (lesão do sistema nervoso) facilita o diagnóstico. Dessa maneira, conclui-se que a localização é fator de extrema importância para a determinação de sua etiologia. Vale lembrar que a dor somática superficial tende a ser mais localizada, enquanto a somática profunda e a visceral, assim como a neuropática, tendem a ser mais difusas. 25 Para a localização dos achados semióticos na superfície corporal, é de toda conveniência empregar uma nomenclatura padronizada. Para isso adotamos a divisão proposta pela Terminologia Anatômica Internacional. A superfície do corpo humano pode ser dividida da seguinte maneira: A. Regiões da cabeça 1. Frontal 2. Parietal 3. Occipital 4. Temporal 5. Infratemporal B. Regiões da face 6. Nasal 7. Bucal 8. Mentual 9. Orbital 10. Infraorbital 11. Da bochecha 12. Zigomática 13. Parotideomassetérica C. Regiões cervicais 14. Cervical anterior 15. Estemocleidomastóidea 16. Cervical lateral 17. Cervical posterior D. Regiões torácicas 18. Infraclavicular 19. Mamária 20. Axilar 21. Esternal E. Regiões do abdome 22. Hipocôndrio 23. Epigástrio 24. Lateral (flanco) 25. Umbilical 26. Inguinal (fossa ilíaca) 27. Púbica ou hipogástrico F. Regiões dorsais 28. Vertebral 29. Sacral 30. Escapular 31. lnfraescapular 32. Lombar 33. Supraescapular 34. Interescapulovertebral G. Região perineal 35. Anal 36. Urogenital H. Regiões do membro superior 3 7. Deltóidea 38. Braquial anterior 39. Braquial posterior 40. Cubital anterior 41. Cubital posterior 42. Antebraquial anterior 43. Antebraquial posterior 44. Dorso da mão 45. Palma da mão I. Regiões do membro inferior 46. Glútea 4 7. Femoral anterior 48. Femoral posterior 49. Genicular anterior 50. Genicular posterior 51. Crural anterior 52. Crural posterior 53. Calcânea 54. Dorso do pé 55. Planta do pé 26 2-Irradiação. A dor pode ser localizada, irradiada (segue o trajeto de uma raiz nervosa ou nervo conhecido) ou referida. O reconhecimento da localização inicial da dor e de sua irradiação pode indicar a estrutura nervosa comprometida. Assim: • Radiculopatia de S1 (lombociatalgia): dor lombar com irradiação para a nádega e face posterior da coxa e da perna, até a região do calcanhar. 27 • Radiculopatia de L5 (lombociatalgia): dor lombar com irradiação para a nádega e face posterolateral da coxa e da perna, até a região maleolar lateral. • Radiculopatia de L4 (lombociatalgia): dor lombar com irradiação para a virilha, face anterior da coxa e borda anterior da canela (também face medial da perna), até a região maleolar medial • Radiculopatia de L1: dor dorsal na transição toracolombar, com irradiação anterior e inferior para a virilha • Radiculopatia de T4: dor dorsal com irradiação anterior, passando pela escápula, para a área mamilar • Radiculopatia de C6 ( cervicobraquialgia): dor cervical com irradiação para a face lateral do braço e antebraço • Neuralgia occipital (radiculopatia de C2 e/ou C3): dor na transição occipitocervical, com irradiação superior, anterior e lateral, podendo atingir vértex, globos oculares, ouvidos e, às vezes, até a face. A dor irradiada pode surgir em decorrência do comprometimento de praticamente qualquer raiz nervosa, podendo ser o território de irradiação predito pelo exame do mapa dermatomérico. Exemplos de dor referida: • Apêndice: dor na região epigástrica • Vesícula, fígado: dor na escápula e no ombro • Ureter: dor na virilha e genitália externa • Coração: dorna face medial do braço. É interessante mencionar que processos patológicos anteriores ou concomitantes, que afetam estruturas inervadas por segmentos medulares adjacentes, aumentam a possibilidade de que a dor seja sentida em uma região servida por ambos os segmentos medulares, fazendo com que esta esteja localizada de maneira atípica. Assim, a dor da insuficiência coronária (angina do peito) pode irradiar-se para o epigástrio, em portadores de úlcera duodenal, e para o membro superior direito em indivíduos com fratura recente dessa região. 3-Qualidade ou caráter. Para que seja definida a qualidade ou o caráter da dor, o paciente é solicitado a descrevê-la ou dizer que tipo de sensação e emoção ela lhe traz. Vários termos são utilizados para descrever sua qualidade. Tal variabilidade pode indicar diferentes processos fisiopatológicos subjacentes ou apenas características socioculturais. Não raro o paciente experimenta extrema dificuldade em qualificar sua dor. Quando isso ocorre, o médico deve oferecer a ele uma relação de termos "descritores" mais comumente usados e solicitar que escolha aquele ou aqueles que caracterizam sua dor de maneira mais adequada. Primeiramente, deve-se definir se esta é espontânea e/ou evocada. Dor evocada é aquela que ocorre apenas mediante algum tipo de provocação. São exemplos a alodínia e a hiperpatia, presentes na dor neuropática, e a hiperalgesia primária e secundária, presentes na dor nociceptiva. Alodínia é uma sensação desagradável, dolorosa, provocada pela estimulação tátil, sobretudo se repetitiva, de uma área com limiar aumentado de excitabilidade (região parcialmente desaferentada, hipoestésica). Muitas vezes, os pacientes trazem o seguinte relato sobre esta sensação: "O mero contato da roupa ou do lençol é extremamente doloroso”. 28 Hiperpatia é uma sensação desagradável, mais dolorosa que a comum, provocada pela estimulação nóxica, sobretudo a repetitiva, de uma área com limiar de excitabilidade aumentado (região parcialmente desaferentada, hipoestésica). Hiperalgesia é a resposta exagerada aos estímulos aplicados em uma região que está com reduzido limiar de excitabilidade, que pode se manifestar sob a forma de dor a estímulos inócuos ou de dor intensa a estímulos leves ou moderadamente nóxicos. Dois tipos de hiperalgesia têm sido descritos: primária, que ocorre em uma área lesionada e se deve à sensibilização local dos nociceptores, e secundária, que se dá no entorno da área lesada e parece ocorrer após a sensibilização dos neurônios do corno dorsal, que decorre da estimulação repetitiva e prolongada das fibras C. A dor espontânea, por sua vez, pode ser constante ou intermitente. Dor constante é aquela que ocorre continuamente, podendo variar de intensidade, sem nunca desaparecer completamente. O indivíduo dorme e acorda com dor. Quando é neuropática, a dor constante é mais comumente descrita como em queimação ou dormência, formigamento (disestesia). Quando é nociceptiva, são utilizados diversos termos para qualificá-la. A dor intermitente é aquela que ocorre episodicamente, sendo sua frequência e duração bastante variáveis. É em geral descrita como dor em choque, aguda, pontada, facada, fisgada. Deve ser diferenciada das exacerbações da dor constante. O caráter da dor ajuda a definir o processo patológico subjacente. Assim: dor latejante ou pulsátil ocorre na enxaqueca, abscesso e odontalgia; em choque, na neuralgia do trigêmeo, na lombociatalgia, na cervicobraquialgia e na dor neuropática (componente intermitente); em cólica ou em torcedura, na cólica nefrética, biliar, intestinal ou menstrual; em queimação, se visceral, na úlcera péptica e esofagite de refluxo e, se superficial, na dor neuropática (constante); constritiva ou em aperto, na angina do peito e infarto do miocárdio; em pontada, nos processos pleurais; dor surda, nas doenças de vísceras maciças; dor "doída" ou dolorimento, ocore mais comumente nas doenças das vísceras maciças e musculares, como a lombalgia, e também na dor neuropática (constante); e em cãibra, em afecções medulares, musculares e metabólicas. 4-Intensidade. É um componente extremamente relevante da dor, aliás é o que apresenta maior importância para o paciente. Resulta da interpretação global dos seus aspectos sensoriais, emocionais e culturais. Sua magnitude é o principal determinante do esquema terapêutico a ser instituído ou modificado. Por se tratar de uma experiência basicamente subjetiva, é fundamental que sua quantificação se baseie em critérios bastante rígidos, para que possamos minimizar os erros em sua avaliação. As escalas com expressões, como sem dor, dor leve, dor moderada, dor intensa, dor muito intensa e pior dor possível, simples, prática e de amplo uso, têm a desvantagem de serem muito subjetivas e de conter apenas um pequeno número de opções, o que pode comprometer sua sensibilidade como instrumento de aferição. Atualmente, prefere-se, para o adulto, a utilização de uma escala analógica visual para avaliar a intensidade da dor, a qual consiste em uma linha reta com um comprimento de 10 centímetros, tendo em seus extremos as designações sem dor e pior dor possível. É pedido que o paciente indique a intensidade da dor em algum ponto dessa linha. O resultado é descrito pelo examinador como intensidade "x" em uma escala de zero a dez. Para adultos com baixa escolaridade, crianças e idosos, para os quais a compreensão da escala analógica visual pode ser difícil, é possível utilizar as escalas de representação gráfica não numérica, como a de expressões faciais de sofrimento. 29 5-Duração. Inicialmente, determina-se com a máxima precisão possível a data de início da dor. Quando ela é contínua, calcula-se sua duração de acordo com o tempo transcorrido entre seu início e o momento da anamnese. Se é cíclica, interessa registrar a data e a duração de cada episódio doloroso. Se é intermitente e ocorre várias vezes ao dia, é suficiente que sejam registrados a data de seu início, a duração média dos episódios dolorosos, o número médio de crises por dia e de dias por mês em que se sente dor. Dependendo de sua duração, a dor pode ser classificada como aguda ou crônica. Aguda é aquela que dura menos de 1 mês (ou 3 meses, conforme outros autores), e desaparece dias ou semanas após a cura de uma doença ou lesão. Dor crônica é a que persiste por 1 mês além do necessário para a cura da doença ou lesão causal, durando, habitualmente, mais de 3 meses (1 mês ou 6 meses, segundo outros autores). 6-Evolução. Trata-se de uma característica semiológica de extrema relevância, que nos revela a maneira como a dor evoluiu, desde o seu início até o momento da anamnese. Sua investigação é iniciada por seu modo de instalação: se súbito ou insidioso. Se é súbita, em cólica, e está localizada no hipocôndrio direito, por exemplo, sugere colelitíase, ao passo que uma dor de início insidioso, surda, na mesma área, traduz, mais provavelmente, colecistite ou hepatopatia. Em ambos os casos pode haver irradiação da dor para a área escapular e/ou ombro direito. Durante sua evolução, pode haver as mais variadas modificações na dor. Devido ao uso abusivo e inadequado de analgésicos, pacientes com enxaqueca ou cefaleia tensional crônica podem evoluir para uma forma diferente de cefaleia, designada cefaleia crônica diária, de tratamento muito mais difícil. Assim, devemos nos interessar não somente pelas características da dor na fase inicial ou no momento atual, mas por todas as alterações ocorridas no transcurso de sua evolução. Tais dados fornecem valiosas pistas para o esclarecimento diagnóstico . 7-Relação com funções orgânicas. Essa relação é avaliada de acordo com a localizaçãoda dor e os órgãos e estruturas situados na mesma área. Assim, se a dor for cervical, dorsal ou lombar, pesquisa-se sua relação com os movimentos da coluna (flexão, extensão, 30 rotação e inclinação); se for torácica, com a respiração, movimentos do tórax, tosse, espirro e esforços físicos; se tiver localização retroestemal, com a deglutição, posição e esforço físico; se for periumbilical ou epigástrica, com a ingestão de alimentos; se no hipocôndrio direito, com a ingestão de alimentos gordurosos; se no baixo ventre, com a micção, evacuação e menstruação; se articular ou muscular, com a movimentação daquela articulação ou músculo; se nos membros inferiores, com a deambulação, e assim por diante. Como regra geral, pode-se dizer que a dor é acentuada pela solicitação funcional da estrutura em que se origina. Assim, na insuficiência arterial mesentérica (dor surda periumbilical) esta é intensificada pela alimentação por provocar aumento do peristaltismo intestinal. Na colecistite (dor surda no hipocôndrio direito), ela é exacerbada por substâncias que estimulam a liberação de colecistoquinina (a vesícula contrai e o esfíncter de Oddi relaxa, fazendo com que a bile, tão importante para a digestão dos lipídios, seja lançada no tubo digestivo) pela mucosa intestinal (alimentos gordurosos). A dor em uma articulação ou músculo é acentuada pela movimentação daquela articulação ou a contração do músculo. A retroesternal que é acentuada pela deglutição, pelo decúbito dorsal horizontal ou pela flexão do tronco (essas duas posturas favorecem o refluxo de suco gástrico para o esôfago em indivíduos com esfíncter cárdico hipoativo, como na hérnia hiatal), é sugestiva de esofagite de refluxo, ao passo que a retroesternal acentuada pelo esforço físico é mais indicativa de insuficiência coronária (o exercício determina um aumento do trabalho do miocárdio e quando seu suprimento arterial está comprometido, ocorre isquemia, fazendo com que haja a sensação dolorosa). Uma exceção a essa regra é o alívio da dor da úlcera péptica duodenal pela ingestão de alimentos; isso ocorre porque ela se deve à hipercloridria e não à atividade duodenal propriamente. 8-Fatores desencadeantes ou agravantes. São os fatores que desencadeiam a dor, em sua ausência, ou que a agravam, se estiverem presentes. As funções orgânicas estão entre eles, porém uma série de outros fatores pode ser determinada. Devem ser procurados ativamente, pois, além de nos ajudarem a esclarecer a enfermidade subjacente, seu afastamento constitui parte importante da terapêutica a ser instituída. São exemplos: os alimentos ácidos e picantes, bebidas alcoólicas e anti- inflamatórios hormonais ou não hormonais, na esofagite, gastrite e úlcera péptica; alimentos gordurosos, na doença biliar; chocolate, queijos, bebida alcoólica (sobretudo o vinho), barulho, luminosidade excessiva, esforço físico e menstruação, em um significativo número de enxaquecosos; decúbito dorsal prolongado, tosse e espirro (todos esses fatores determinam elevação da pressão intracraniana), na cefaleia por hipertensão intracraniana (tumor cerebral, hematoma intracraniano); flexão da nuca (estira a meninge inflamada), na meningite e hemorragia subaracnóidea; qualquer movimento que estire a raiz nervosa (elevação do membro inferior estendido, flexão do tronco) ou que aumente a pressão intrarraquidiana (tosse, espirro), na hérnia discai lombossacra; lavar o rosto, escovar os dentes, conversar, mastigar ou deglutir (essas atividades estimulam as terminações nervosas trigeminais), no paciente com neuralgia do trigêmeo; qualquer fator que determine aumento da pressão intra-abdominal, nas doenças de vísceras abdominais; deambulação, na estenose do canal lombar e na insuficiência arterial dos membros inferiores; esforço físico, na coronariopatia, dores musculares, articulares e da coluna; estresse, barulho, vibrações, mudanças climáticas, água fria e atividade física (nesse caso, a dor é acentuada durante algum tempo e não imediatamente após a atividade física), na dor neuropática; emoção e estresse, em qualquer tipo de sensação dolorosa. 9-Fatores atenuantes. São aqueles que aliviam a dor, como algumas funções orgânicas, posturas ou atitudes que resguardam a estrutura ou órgão onde esta é originada (atitudes antálgicas), distração, ambientes apropriados, medicamentos (analgésicos opioides e não opioides, anti-inflamatórios hormonais e não hormonais, relaxantes musculares, antidepressivos, anticonvulsivantes, neurolépticos, anestésicos locais), fisioterapia, acupuntura, bloqueios anestésicos e procedimentos cirúrgicos. O paciente deve ser interrogado sobre quais desses fatores aliviaram sua dor. No caso dos medicamentos, os nomes, as doses e o período em que foram usados devem ser anotados. 31 A distração tende a diminuir qualquer dor. Locais escuros e sem barulho costumam aliviar a enxaqueca. Dormir também costuma produzir esse efeito. A ingestão de alimentos é adequada para as dores provocadas pela diminuição do pH ( esofagite, gastrite e úlcera péptica). O peristaltismo tende a intensificar a sensação dolorosa no aparelho digestivo; por isso, pode ser diminuída com o jejum ou o esvaziamento do estômago (vômito). O repouso melhora a dor muscular, articular e da insuficiência coronária. A distensão das vísceras abdominais maciças (distensão da cápsula hepática, esplênica e renal, da serosa pancreática e pelve renal) ou ocas é causa de dor, que é acentuada pelo aumento da pressão intra-abdominal. Assim, o paciente tende a assumir posturas que reduzam a pressão sobre o órgão lesado e que diminuam esta pressão: na colecistite, flete o tronco e sustenta o hipocôndrio direito com a mão; na nefropatia, o paciente fixa o tronco e inclina-se para o lado oposto àquele afetado; na dor pancreática, o indivíduo senta-se ou deita-se com as coxas e pernas fletidas, de modo a encostar os joelhos no peito. Os pacientes com causalgia, dada a pronunciada alodínia, assumem uma postura de extremo zelo para com o segmento afetado: tornam-se praticamente reclusos, na tentativa de evitar qualquer estímulo sensorial, causa de dor excruciante; mantêm o membro comprometido imóvel, só com muita dificuldade permitindo o seu exame. Na lombociatalgia, para evitar o estiramento da raiz nervosa (causa de dor), o membro comprometido é mantido em atitude antálgica de semiflexão; ao deambular, essa atitude permanece e o tronco é inclinado para a frente, como se fosse uma saudação (marcha saudatória). A dor nociceptiva costuma ser responsiva aos anti-inflamatórios, analgésicos opioides e não opioides, acupuntura, fisioterapia, bloqueios anestésicos proximais à região dolorosa, à interrupção cirúrgica da via neoespinotalâmica (ou neotrigeminotalâmica, na dor facial) e a certos procedimentos ditos modulatórios, como a estimulação elétrica crônica de PVG-PAG (substância cinzenta periventricular e periaquedutal) e à administração intratecal (subaracnóidea) de opioides. Os componentes intermitente e evocado da dor neuropática respondem às mesmas estratégias adotadas para a dor nociceptiva. Além disso, a intermitente responde aos anticonvulsivantes e, aparentemente, aos anestésicos locais (mexiletina). O componente constante da dor neuropática, excetuando-se os bloqueios anestésicos proximais, costuma ser resistente às demais terapêuticas mencionadas, podendo, inclusive, ser agravado pela interrupção cirúrgica da via neoespinotalâmica ou neotrigeminotalâmica. É, por outro lado, responsivo aos antidepressivos ( tricíclicos e inibi dores da recaptação de serotonina e norepinefrina), neurolépticos (quando associados aos antidepressivos), anestésicos locais (em alguns casos, como na polineuropatia diabética), à destruição cirúrgica
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