Buscar

200854TEMA_5_PARTIDOS_POLITICOS

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
2 
TEMA 5 
PARTIDOS POLÍTICOS 
 
CONCEITO 
 
Os partidos políticos são associações de pessoas com ideologias ou interesses comuns, que mediante 
uma organização estável, influenciam a orientação política de um país. Segundo definição legal o partido é pes-
soa jurídica de direito privado (art. 17, § 2o, da CF/88 e artigos 1º e 7o, caput, da Lei no 9.096/95). 
A Constituição Federal assegura aos partidos políticos no seu art. 17 autonomia para definir sua estrutura 
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e 
sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações 
nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais (de acordo com a emenda 
97/2017), sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou 
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. 
Importante ressaltar que essa liberdade de organização partidária não é absoluta, pois devem ser resguar-
dados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa hu-
mana e observados os preceitos a seguir apresentados, de acordo com o art. 17, I a IV, da CF/88. 
 
PRECEITOS FUNDAMENTAIS 
 
a) caráter nacional: somente será reconhecido como partido político aquele que tiver repercussão no país 
inteiro, protegendo o Estado Democrático de Direito, com isso, partido de caráter estadual ou municipal 
não será aceito; 
b) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo estrangeiros ou de 
subordinação a estes: este preceito visa proteger a soberania popular. O partido que receber tais 
recursos terá o seu registro cassado; 
c) prestação de contas à Justiça Eleitoral: é uma espécie de controle ou fiscalização financeira que se 
justifica em face da moralidade pública; 
d) funcionamento parlamentar de acordo com a lei: derivado do princípio da legalidade. 
 
A CRIAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS 
 
Na forma do art. 8o da Lei no 9.096/95, o requerimento do registro de partido político deverá ser dirigido ao 
cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas, da Capital Federal, deve ser subscrito pelos seus 
fundadores, em número nunca inferior a cento e um, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos Esta-
dos, e será acompanhado de: I – cópia autêntica da ata da reunião de fundação do partido; II – exemplares do 
Diário Oficial que publicou, no seu inteiro teor, o programa e o estatuto; III – relação de todos os fundadores 
com o nome completo, naturalidade, número do título eleitoral com a Zona, Seção, Município e Estado, profis-
são e endereço da residência. 
Adquirida a personalidade jurídica na forma do artigo supracitado, o partido promove a obtenção do apoia-
mento mínimo de eleitores a que se refere o § 1o do art. 7o da Lei no 9.096/95 1 e realiza os atos necessários 
para a constituição definitiva de seus órgãos e designação dos dirigentes, na forma do seu estatuto. Feita a 
constituição e designação dos seus dirigentes, estes promoverão o registro do estatuto do partido junto ao Tri-
bunal Superior Eleitoral. As alterações programáticas ou estatutárias, após registradas no Ofício Civil compe-
tente, devem ser encaminhadas, para o mesmo fim, ao Tribunal Superior Eleitoral (art. 10 da Lei no 9.096/95). 
 
 
 
 
 
 
1 Art. 7o, § 1o da Lei no 9.096/95: “Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter naci-
onal, considerando-se como tal aquele que comprove o apoiamento de eleitores correspondente a, pelo menos, 
meio por cento dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos 
em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de um décimo por cento 
do eleitorado que haja votado em cada um deles”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
3 
O FIM DAS COLIGAÇÕES NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS E A CLÁUSULA DE BARREIRA 
 
A Emenda Constitucional 97/2017, alterou a Constituição Federal para proibir as coligações partidárias 
nas eleições proporcionais, estabelecer normas sobre acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo partidá-
rio e ao tempo de propaganda gratuito no rádio e na televisão e dispor sobre regras de transição. 
Tal alteração, no direito constitucional, merece atenção no que tange a vedação de coligações partidárias 
nas eleições proporcionais, pois o art. 17, § 1º da CRFB/88, ficou com a seguinte redação: 
‘É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabe-
lecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisó-
rios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o 
regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas elei-
ções proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito 
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de 
disciplina e fidelidade partidária.” 
 
Dessa forma, nas eleições que adotam o sistema proporcional (Vereador, Deputado Estadual, Deputado 
Distrital e Deputado Federal) não é mais possível formar coligações partidárias, ou seja, criar alianças entre dois 
ou mais partidos para trabalharem juntos em determinada eleição apresentando o mesmo candidato, o que só é 
possível, após a citada Emenda Constitucional, nas eleições pelo sistema majoritário (Prefeito, Governador, Se-
nador e Presidente da República|). 
Importante ressaltar que a vedação à celebração de coligações nas eleições proporcionais, aplicar-se-á a 
partir das eleições de 2020, conforme estabelece o art. 2º da Emenda Constitucional 97/ 2017. 
Sobre o acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuito 
no rádio e na televisão, a emenda trouxe regramento específico no art. 17 da CRFB/88, dispondo que: 
“§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à 
televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) 
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com 
um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou 
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos 
um terço das unidades da Federação. 
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é 
assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que 
os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recur-
sos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.” 
 Podemos sustentar, da análise dos dispositivos supra descritos, que a Reforma trouxe uma cláusula de 
barreira ou de desempenho, ao estabelecer que os partidos políticos só terão acesso aos recursos do fundo par-
tidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão se atingirem um patamar mínimo de candidatos 
eleitos. 
 Ademais, preceitua, através de regramento peculiar, que se determinado candidato for eleito por um parti-
do que não tenha preenchido os requisitos para obter o fundo partidário e o tempo de rádio e televisão, tal candi-
dato tem o direito de mudar de partido, sem que se configure a perda do mandato por infidelidade partidária. 
 Vale destacar que o disposto no § 3º do art. 17 da CRFB/88 quanto ao acesso dos partidos políticos aos 
recursosdo fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão aplicar-se-á a partir das eleições de 
2030, de acordo com o art. 3º da Emenda Constitucional 97 de 2017, que traz, ainda, regras de transição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
4

Continue navegando