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DIREITO ELEITORAL Pontos Conteúdo Responsável Páginas 1 Estado Democrático de Direito. Cidadania. Sistema representativo. Soberania popular. Pluralismo político. Reforma política. PABLO 11 2 Direitos políticos. Perda. Suspensão. Sufrágio universal. Voto. Características do voto. ISABEL 8 3 Partidos políticos. Conceito. História. Representação Político-partidária. Sistemas partidários. Criação, fusão e extinção dos partidos políticos. Órgãos Partidários. Registros dos Partidos Políticos. Fundo Partidário. Fidelidade partidária. Aspectos constitucionais, legais e éticos. MARCELO 23 4 Direito Eleitoral. Conceito. Fundamentos. Fontes e princípios. Interpretação. Aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao processo eleitoral. MARCELO 14 5 Representação. Sufrágio. Natureza. Extensão. Valor do sufrágio. Tipos de sufrágio. Sistemas Eleitorais. Sistema Majoritário. Sistema Proporcional. GABRIEL 11 6 Justiça Eleitoral. Organização. Competência. Classificações. Modelo brasileiro. Outros modelos. A ética do Juiz Eleitoral. ISABEL 15 7 Justiça Eleitoral no Brasil. Evolução histórica. Diversificação funcional das atividades da Justiça Eleitoral e controle de legalidade. A atividade consultiva da Justiça Eleitoral. As Resoluções normativas da Justiça Eleitoral e seus limites. ISABEL 7 8 Capacidade eleitoral: requisitos. Limitações derivadas do não cumprimento do dever eleitoral. Alistamento eleitoral. Fases do alistamento. Efeitos do alistamento. Cancelamento. Exclusão. Revisão do eleitorado. GABRIEL 11 9 Elegibilidade. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais ou legais. Arguição judicial de inelegibilidade. Domicílio Eleitoral. Filiação Partidária. Capacidade eleitoral passiva. PABLO 28 10 Ministério Público Eleitoral. Organização. Atribuições. ISABEL 6 11 Democracia participativa. Institutos de participação popular. Plebiscito. Referendo. ISABELLA 5 12 Processo Eleitoral. Convenções partidárias. Registro de candidatos. Impugnação do registro de candidatura. GUILHERME R. 11 13 Campanha eleitoral. Financiamento dos Partidos Políticos, controle de arrecadação e prestação de contas. Captação ilícita de recursos. Abuso de poder político e econômico. GABRIEL 20 14 Propaganda política. Propaganda eleitoral. Normas legais e regulamentares. Jornalismo, propaganda e mídia no Direito Eleitoral. Pesquisas e testes pré-eleitorais. Propaganda eleitoral no rádio e na televisão e direito de resposta. Propaganda eleitoral na internet. GUILHERME R. 19 15 Garantias Eleitorais: liberdade de escolha. Proteção jurisdicional contra atentado à liberdade de voto. Captação ilícita de sufrágio. Contenção ao poder econômico e ao desvio e abuso do poder político. GABRIEL 9 16 Eleição. Atos preparatórios. Fiscalização. Apuração e diplomação dos eleitos. Recurso contra a expedição de diploma. ISABELLA 12 17 Ações judiciais eleitorais. Recursos Eleitorais. Ação rescisória eleitoral. GUILHERME R. 29 18 Crimes eleitorais. Tipos penais e sanções. Processo penal eleitoral: prisão e período eleitoral. Competência, conexão e continência em matéria eleitoral. Ação penal eleitoral e recursos. MARCELO 29 DIREITO ELEITORAL Estado Democrático de Direito. Cidadania. Sistema representativo. Soberania popular. Pluralismo Político. Reforma Política Sumário 1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...............................................................................................1 2. CIDADANIA.....................................................................................................................................3 2.1. LIGAÇÃO COM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS:............................................................................4 2.2. AQUISIÇÃO DA CIDADANIA (SENTIDO RESTRITO):.......................................................................4 3. SISTEMA REPRESENTATIVO.............................................................................................................5 3.1. CONCEITO...................................................................................................................................5 3.2. ESPÉCIES......................................................................................................................................5 3.2.1. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (INDIRETA)............................................................................5 3.2.1.1. DEMOCRACIA PARTIDÁRIA...................................................................................................6 4. SOBERANIA POPULAR.....................................................................................................................6 5. PLURALISMO POLÍTICO...................................................................................................................7 5.1. POLÍTICA......................................................................................................................................7 5.2. PLURALISMO POLÍTICO...............................................................................................................8 6. REFORMA POLÍTICA........................................................................................................................9 6.1. CONCEITO...................................................................................................................................9 6.1.1. REGIME MILITAR (1965-1985)..................................................................................................9 6.1.2. REDEMOCRATIZAÇÃO............................................................................................................10 6.1.3. OUTRAS REFORMAS...............................................................................................................10 1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO Princípio do Direito Eleitoral. Ser um Estado de Direito – que surgiu no Estado Liberal - significa que as estruturas estatais devem se pautar pelos critérios do Direito – supremacia e império da lei – e não pelos da força, prepotência ou do arbítrio. Caracteriza-se por ser constitucionalmente conformado, pressupondo a existência de uma Constituição e a afirmação inequívoca do princípio da constitucionalidade. 1 DIREITO ELEITORAL Por outro lado, ser um Estado Democrático significa que os cidadãos dele participam, sendo os destinatários principais de suas emanações. Significa, pois, que o governo é formado pelos cidadãos, os quais são escolhidos livremente pelo voto direto e universal. No Estado Democrático de Direito fundado pela Constituição vigente, os direitos fundamentais, sociais e políticos encontram lugar privilegiado, sendo consagrados os princípios da democracia econômica, social e cultural. Características: a) Universalização, sufrágio e ampliação dos mecanismos democráticos de participação política direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular). b) O conceito de democracia passa a abranger uma dimensão material ou substancial (impõe o respeito aos direitos fundamentais de todos, inclusive das minorias), ao lado da dimensão meramente formal (premissa majoritária = vontade da maioria). Democracia como fim e como meio (procedimento). c) Preocupação com a efetividade e com a dimensão material dos direitos fundamentais. d) Fortalecimento do Poder Judiciário - inclusive com o ativismo judicial (“participação mais ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes”, conforme o Min. Barroso). e) Limitação do legislador abrange os aspectos formais e materiais e as condutas comissivas e omissivas. A democracia é “o governo do povo, pelo povo e para o povo” (Abraham Lincoln). Para Robert Dahl, para que haja democracia, são necessários cinco critérios: a) participação efetiva de todos os membros da comunidade; b) igualdade de voto; c) entendimento esclarecido; d) controle do programa de planejamento (membrosda comunidade devem poder decidir as prioridades políticas); e, e) inclusão de adultos (evitar exclusões despropositadas do sistema político). É preferível ver a democracia não como um estado, mas como um processo. O grande trunfo da democracia é ver o cidadão como o melhor juiz do seu próprio interesse. 2. CIDADANIA Nos domínios da ciência social, o termo cidadania apresenta significado bem mais amplo. Denota o próprio direito à vida digna e à plena participação de todos os habitantes 2 DIREITO ELEITORAL do território estatal na sociedade. Nessa perspectiva, a cidadania significa que todos são livres e iguais perante o ordenamento legal. Em sentido amplo, a cidadania enfeixa os direitos civis, políticos, sociais e econômicos, sendo certo que sua aquisição se dá antes mesmo do nascimento do indivíduo, já que o nascituro, também ele, ostenta direitos de personalidade, tendo resguardados os direitos patrimoniais. No entanto, no Direito Eleitoral os termos cidadania e cidadão são empregados em sentido restrito, abarcando tão só os direitos de votar e ser votado. Para José Afonso da Silva, “é atributo das pessoas integradas na sociedade estatal, atributo político decorrente do direito de participar no governo e direito de ser ouvido pela representação política. Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas consequências. Qualifica os participantes da vida do Estado”. Chama-se cidadão o detentor de direitos políticos. A cidadania se adquire com a obtenção da qualidade de eleitor, que documentalmente se manifesta na posse do título de eleitor válido. Cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito (T. H. Marshall): 1. Civis: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à Justiça; (instituídos no século XVIII); 2. Políticos: direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública (constituídos no século XIX); 3. Sociais: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade (conquistas do século XX). 2.1. LIGAÇÃO COM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Cidadania, no conceito moderno, deixa de ser apenas o direito destinado ao indivíduo de participar ativa e passivamente do processo político. É também o dever do 3 DIREITO ELEITORAL Estado para com o cidadão; o dever de ofertar o mínimo existencial para garantir-lhe a dignidade. 2.2. AQUISIÇÃO DA CIDADANIA (SENTIDO RESTRITO): Ocorre mediante alistamento eleitoral. Alistamento é a (1) qualificação e (2) inscrição da pessoa como eleitor perante a Justiça Eleitoral. É obrigatório para maiores de 18 anos. É facultativo para: analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e 18 de dezoito anos (art. 14, § 1º, I e II). É vedado aos: estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório (art. 14, § 2º). O ato de aquisição depende de iniciativa da pessoa, mediante requerimento que obedeça ao modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. A cidadania se manifesta na posse do título de eleitor válido. A cidadania política é atributo jurídico-político que o nacional obtém desde o momento em que se torna eleitor. Ressalte-se que a Lei Federal nº 9.265/1996 trata da gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania (art. 1º). 3. SISTEMA REPRESENTATIVO 3.1. CONCEITO É o regime constitucional no qual a nação escolhe, eletivamente, os seus representantes às assembleias políticas. 3.2. ESPÉCIES Divide-se em democracia direta, democracia semidireta e democracia participativa. A democracia direta é aquela onde os cidadãos decidem diretamente cada assunto por votação. Raro e histórico (sistema grego). 4 DIREITO ELEITORAL A democracia representativa (ou indireta) está abaixo, em tópico próprio. Entrou em colapso após as revoluções sociais do século XIX, a crise econômica de 1929 e as duas grandes guerras mundiais. A democracia semidireta (participativa) mescla instrumentos de participação direta com instrumentos de democracia representativa. Modelo normalmente vigente no mundo contemporâneo, adotado, inclusive, pelo Brasil (já que temos plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis). Recentemente, ao deliberar sobre a constitucionalidade do Decreto 9.759/2019, referente à extinção dos conselhos populares, afirmou o STF: “[...] por instrumentos de democracia participativa, compreende-se mais do que a corriqueira referência aos projetos de lei de iniciativa popular e aos institutos do referendo e do plebiscito. Traduzem-se em toda e qualquer forma legal de controle, pela sociedade, dos atos da Administração, considerada a influência da atuação popular na formulação das decisões políticas e na gestão da coisa pública, fornecendo-lhes a necessária legitimidade democrática” (ADI 6121 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12 e 13/6/2019). ATENÇÃO: o artigo XXI da DUDH (1948) e o art. 25 do PIDCP (1966) elevaram a democracia ao status de direito humano. 4. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (INDIRETA) É um modelo político que implica, genericamente, as deliberações coletivas (isto é, as deliberações que dizem respeito à comunidade política como um todo) são tomadas indiretamente (ou seja, por pessoas especialmente eleitas para este fim e não diretamente por todos aqueles que dela fazem parte), conforme José Álvaro Moisés. É também denominado democracia indireta, caracterizando-se pelo fato de o povo eleger seus representantes para que esses governem em seu nome. Desenvolveu-se, principalmente, a partir da Revolução Francesa. Sob o aspecto formal, divide-se em unicameral e bicameral (há Senado e Câmara dos Deputados) 5 DIREITO ELEITORAL Sob o aspecto da composição do Poder Legislativo, divide-se em individualista (o corpo eleitoral é um só conjunto de indivíduos), corporativo (representantes são eleitos pelas associações de classes, sindicatos ou corporações) e totalitário (poderes concentrados nos governantes, sem espaço para a democracia). Sob o aspecto da composição do Poder Executivo, pode ser diretorial (todo o poder se concentra no Parlamento/Poder Legislativo), presidencialista (Chefe do Executivo eleito através de voto direto) ou parlamentarista (Chefe do Executivo eleito por voto indireto – dos legisladores). 5. DEMOCRACIA PARTIDÁRIA Modelo de democracia indireta (representativa) em que o mandato pertence à agremiação partidária, e não ao eleito, de forma que a implementação da representação passa necessariamente pelos partidos políticos. 6. SOBERANIA POPULAR Prevista no capítulo dos direitos políticos, no art. 14 da CRFB/88: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular.” A soberania popular também é elencada como um dos princípios do Direito Eleitoral, sendo concretizada pelo sufrágio universal, pelo voto direto e secreto, plebiscito, referendo e iniciativa popular (art. 14). É um ideal, que vai servir como princípio orientador ou regulador de nossa prática política. O vocábulo “soberania” designa o poder mais alto, o superpoder, o supremo poder. A soberania é, portanto, uma qualidade do poder. O poder é soberano quando não está sujeito a nenhum outro. Soberano é o poder supremo. Sem ele, não se concebe o Estado, que o enfeixa em nome de seu titular, o povo. Note-se, porém, que o fato de o Estado deter poder soberano não significa que não esteja submetido ao regime jurídico. Soberanianão significa arbítrio. O poder soberano deve ser democrático. 6 DIREITO ELEITORAL O poder soberano emana do povo: todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (CF, art. 1º, parágrafo único). A soberania popular é concretizada pelo sufrágio universal, pelo voto direto e secreto, plebiscito, referendo e iniciativa popular. Associada à filosofia contratualista (Hobbes, Locke e Rousseau). É a doutrina básica da maioria das democracias. 7. PLURALISMO POLÍTICO 7.1. POLÍTICA A palavra “político” apresenta variados significados na cultura ocidental. No dia a dia, é associada à cerimônia, à cortesia ou à urbanidade no trato interpessoal; identifica-se com a habilidade no relacionar-se com o outro. Expressa, ainda, o uso ou emprego de poder para o desenvolvimento de atividades ou a organização de setores da vida social; é nesse sentido que se fala em política econômica, financeira, ambiental, esportiva, de saúde. Em geral, o termo é usado tanto na esfera pública (ex.: política estatal, política pública, política de governo), quanto na privada (e. g.: política de determinada empresa, política de boa vizinhança). Outra, entretanto, é sua conotação técnico-científica, onde encontra-se ligada à ideia de poder. Mas também nesse terreno não é unívoca, apresentando pluralidade de sentidos. Em sua Ética a Nicômaco, Aristóteles (1992, p. 1094a e 1094b) afirma que a ciência política estabelece o que devemos fazer e aquilo de que devemos nos abster. Nesse sentido, o termo político significa o mesmo que ética e moral, conduzindo ao estudo individual da ação e do caráter. Todavia, em outro texto, Política, Aristóteles (1985, p. 1253a–1280b) emprega o termo enfocado com significado diverso. Considera que o homem é um animal social; o único que tem o dom da fala. Sua vida e sua felicidade são condicionadas pelo ambiente, pelos costumes, pelas leis e instituições. Isoladamente, o indivíduo não é autossuficiente, existindo um impulso natural para que participe da comunidade. 7 DIREITO ELEITORAL O poder político é fundado no imperativo de se governar a sociedade, as instituições e organizações sociais – para tanto, nos regimes democráticos, é fundamental a construção de consensos com vistas à criação e execução das regras necessárias ao funcionamento da sociedade. Modernamente, consolidou-se a ligação de “política” com “governo”. Assim, o termo é associado ao que concerne à polis, ao Estado, ao governo, à arte ou ciência de governar, de administrar a res pública, de influenciar o governo, suas ações ou o processo de tomada de decisões. A reforma política é um mecanismo que possibilita a participação popular: tanto na esfera administrativa, jurisdicional, como também na legislativa. Em um Estado Democrático de Direito, a reforma deve visar aumentar a participação popular, melhorar o padrão de probidade e alcançar a moralidade da política. 7.2. PLURALISMO POLÍTICO É um dos fundamentos da República Federativa (art. 1º, da CRFB) e é mais amplo que o pluripartidarismo. Abrange as manifestações de indivíduos e de grupos sociais. Abrange, ainda, o pluralismo artístico, religioso, cultural e de orientações. O pluralismo está diretamente ligado à igualdade. Há famosa frase de Boaventura dos Santos: “temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”. O pluralismo político fundamenta a imunidade tributária sobre o patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos e suas fundações. 8. REFORMA POLÍTICA 8.1. CONCEITO Para Paulo Bonavides, consiste em conjunto de providências de alcance social e político e econômico, mediante as quais, dentro duma “moldura de fundamentos 8 DIREITO ELEITORAL inalteráveis”, se faz a redistribuição das parcelas de participação das distintas classes sociais. Com a reforma, corrigem-se distorções do sistema e do regime, atende-se ao bem comum, propicia-se a paz social, distribui-se mais justiça entre classes ressentidas e carentes. Para Vânia Siciliano Aieta, reformar significa possibilitar as condições para que uma transição possa ocorrer. Em uma reforma política, deve-se buscar a ampliação da democracia representativa para que as legítimas demandas da sociedade possam se sedimentar. A reforma se faz necessária quando as estruturas já estão superadas ou não conseguem se concatenar com as novas exigências da realidade política. A reforma política, pois, é um mecanismo que possibilita a participação popular: tanto na esfera administrativa, jurisdicional, como também na legislativa. É um processo e não um momento. Caso contrário, assemelhar-se-ia a uma propositura totalitária, ditatorial. Em um Estado Democrático de Direito, a reforma deve visar aumentar a participação popular, melhorar o padrão de probidade e alcançar a moralidade da política. Desde a redemocratização, em 1946, a necessidade de reforma política sempre esteve em pauta. Destacam-se, nesse período: a cassação do Partido Comunista, o recadastramento dos eleitores, a introdução da cédula única e a representação proporcional com lista aberta. 9. REGIME MILITAR (1965-1985) Modifica-se a forma a produzir maiorias. Exemplo: eleições indiretas para presidente e governadores via Código Eleitoral, voto vinculado, “senadores biônicos” (eleitos pelo voto indireto das Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, onde os militares ainda tinham poder), cassação de mandatos políticos, fidelidade partidária, proibição de coligações e a fracassada tentativa de implantar o voto “misto” distrital proporcional. 10. REDEMOCRATIZAÇÃO “Diretas Já”: nova fase de redemocratização, volta do poder civil, aprovação da CF. Exemplos na CF desde 88: a abertura para novos partidos políticos, o retorno dos partidos comunistas, os novos recadastramentos de eleitores, a redução facultativa da idade eleitoral de 18 para 16 anos, o critério da maioria absoluta e a reeleição para cargos 9 DIREITO ELEITORAL executivos, as cotas para as candidatas nas eleições proporcionais e os votos brancos contados como inválidos. 11. OUTRAS REFORMAS Reforma de 95: reeditada a nova lei do partido. Reforma de 97: lei geral das eleições. Reforma de 99: a lei contra a compra de votos, foram proibidas a distribuição de brindes, a realização de showmícios e, paralelamente, a Justiça Eleitoral introduziu as urnas eletrônicas e a fidelidade partidária. Reforma de 2013: alteração do recurso contra a expedição de diploma; novas regras para o cancelamento de filiação a partido político; novo prazo para substituição de candidatos; proibição de enquetes; fixação de limites para gastos de campanha com alimentação de pessoal, aluguel de veículos e contratação de cabos eleitorais; restrições à veiculação de propaganda eleitoral; novo critério para distribuição do tempo de rádio e televisão. Reforma de 2015: redução do período de campanha de campanha eleitoral (de 90 para 45 dias), do período de propaganda eleitoral no rádio e na TV (de 45 para 35 minutos), da duração do programa de TV, do prazo para filiação partidária (06 meses), de propagandas cinematográficas (veda utilização de efeitos especiais, montagens, trucagens, computação gráfica, edições e desenhos animados), do debate eleitoral (somente sendo obrigatório o convite a partido com mais de nove representantes na Câmara); a idade para vereador (18 anos) deve ser verificada na data do registro e não mais na posse). Reforma de 2017: (i) redução da anterioridade do registro partidário para concorrer às eleições; (ii) redução do prazo mínimo de domicílio eleitoralpara concorrer (6 meses); (iii) alterações na possibilidade de parcelamento das multas eleitorais; (iv) vedação expressa de candidaturas avulsas; (v) criação do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha); (vi) limites de gastos de campanha passam a ser definidos por lei; (vii) permissão de crowdfunding; (viii) redução da multa para doações acima dos limites permitidos; (ix) criação de exceções nas despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço das candidaturas; (x) permissão expressa de 10 DIREITO ELEITORAL impulsionamento de posts em redes sociais; (xi) permissão expressa de propaganda por meio de bandeiras e adesivos; (xii) redução das exigências para participação em debates (mínimo de 05 parlamentares agora); (xiii) redução do tempo de propaganda eleitoral no segundo turno; (xiv) TSE deverá fazer campanha para incentivar não só a participação feminina, mas também de jovens e negros na política; (xv) novas regras relativas às fundações criadas por partidos políticos; (xvi) fim da propaganda partidária no rádio e na televisão; (xvii) mesmo partidos que não atingiram o quociente eleitoral passam a concorrer à distribuição das cadeiras não preenchidas com a aplicação dos quocientes partidários (art. 109, do CE); (xviii) criação do crime de apropriação indébita eleitoral (art. 354-A, do CE). Alteração da CRFB: Art. 17, par. 1º - Vedação de coligações nas eleições proporcionais (ainda é permitido em majoritárias); limitação dos recursos do fundo partidário e acesso ao rádio e à TV (par. 3 e 5º). 11 DIREITO ELEITORAL Direitos políticos. Perda. Suspensão. Sufrágio universal. Voto. Características do voto. Sumário 1. DIREITOS POLÍTICOS.................................................................................................................................................................1 1.1. CONCEITO...........................................................................................................................................................................1 1.2. CLASSIFICAÇÃO....................................................................................................................................................................2 1.3. PERDA E SUSPENSÃO............................................................................................................................................................2 1.3.1. PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS.............................................................................................................................................2 1.3.2. SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS............................................................................................................................3 1.3.3. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS............................................................................5 1.4. SUFRÁGIO UNIVERSAL...........................................................................................................................................................6 1.5. VOTO.................................................................................................................................................................................7 1.5.1. A QUESTÃO DO VOTO IMPRESSO..........................................................................................................................................8 1. Direitos Polítticos 1.1. CONCEITO Segundo José Jairo, em sentido amplo, “Direito Político” é o ramo do Direito Público cujo objeto são os princípios e as normas que regulam a organização e o funcionamento do Estado e do governo, disciplinando o exercício e o acesso ao poder estatal. Entende-se por “direitos políticos ou cívicos” as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar direta ou indiretamente do governo, da organização e do funcionamento do Estado (José Jairo Gomes). Os direitos políticos são conferidos somente aos nacionais que preencham determinados requisitos expressos na Constituição (o povo). Em linguagem técnico-constitucional, segundo José Jairo, povo constitui um conceito operativo, designando o conjunto dos indivíduos a que se reconhece o direito de participar na formação da vontade estatal, elegendo ou sendo eleitos, ou seja, votando ou sendo votados com vistas a ocupar cargos político-eletivos. Quem possui direitos políticos, portanto? O cidadão. “Cidadania é um atributo jurídico que o nacional obtém desde o momento em que se torna eleitor” (GOMES, 5). Não se confunde com nacionalidade, porque a pessoa pode ser nacional (brasileira), mas não cidadã no sentido eleitoral (como as crianças). A cidadania é status ligado ao regime político, a nacionalidade significa um status do indivíduo perante o Estado. 1 DIREITO ELEITORAL 1.2. CLASSIFICAÇÃO Os direitos políticos são classificados em: (i) ativos/positivos: votar nas eleições, referendos e plebiscitos, bem como participar da iniciativa popular; e (ii) (ii) passivos/negativos: restrições impostas pela lei ou pela CF. Exemplos: inelegibilidade do analfabeto, perda e suspensão dos direitos políticos 1.3. PERDA E SUSPENSÃO José Jairo Gomes refere-se ao termo “privação de direitos políticos”.A Constituição prevê duas formas de privação de direitos políticos: - Perda de direitos políticos: privação definitiva. - Suspensão de direitos políticos: privação temporária. A cassação (retirada arbitrária) dos direitos políticos é expressamente vedada pela CF. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II – incapacidade civil absoluta; III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos; IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º. 1.3.1. PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS A única hipótese de perda dos direitos políticos admitida no ordenamento brasileiro é a decorrente da perda da naturalidade brasileira , já que a nacionalidade é pressuposto para a cidadania. Tal perda pode ocorrer: - Pelo cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 15, I, CF); - Pela perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir voluntariamente outra nacionalidade (CF, art. 12, §4º, I). Todas as demais hipóteses de impedimento pleno ao exercício dos direitos políticos têm caráter temporário. Obs.: parte da doutrina entende que a recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa importa em perda dos direitos políticos. Nada obstante, tendo em vista que é possível o cumprimento 2 DIREITO ELEITORAL da obrigação ou da prestação alternativa, com retomada dos direitos políticos, não se estaria diante de hipótese de perda, mas sim de suspensão. 1.3.2. SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA Com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, apenas os menores de 16 anos são considerados absolutamente incapazes e, portanto, impedidos de exercer os direitos políticos. Por sua vez, aqueles que anteriormente tinham seus direitos políticos suspensos por incapacidade absoluta (aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tivessem o necessário discernimento para a prática desses atos e aqueles que, mesmo por causa transitória, não pudessem exprimir sua vontade) passam a estar aptas, a princípio, ao exercício de tais direitos, podendo, inclusive, disputar eleições, desde que cumpram as condições de elegibilidade e não incorram em causas de inelegibilidade. A propósito, o artigo 76 do EPD prevê expressamente que é dever do poder públicogarantir à pessoa com deficiência o exercício de seus direitos políticos, em igualdade de condições com as demais pessoas, mediante as seguintes ações: - Acessibilidade de procedimentos, instalações, pronunciamentos oficiais, debates e propaganda eleitoral; -Incentivo à candidatura e exercício de funções públicas, inclusive por meio de tecnologias assistivas; - Garantia do livre exercício do direito ao voto, com permissão para que a pessoa com deficiência seja auxiliada por pessoa a sua escolha e a seu pedido– possível conflito com a cláusula pétrea que prevê o voto secreto. Ponderação de princípios: o sigilo do voto serve para garantir a liberdade de voto. Se o sigilo impede o exercício da liberdade, não pode prevalecer sobre ela. Na análise do caso concreto, o auxílio só deve ser permitido quando o exercício do voto for impossível sem ele. CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO É causa de suspensão dos direitos políticos a condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem seus efeitos. Efeito automático da condenação, não depende de declaração expressa. É irrelevante a espécie de crime ou a natureza da pena “Enquanto perdurarem seus efeitos”: existia discussão sobre o não cumprimento dos efeitos subsidiários da condenação (ex.: dever de indenizar a vítima), e que foi superada pela edição da Súmula 9 do TSE: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos.” 3 DIREITO ELEITORAL Condenação criminal sem trânsito em julgado não gera suspensão de direitos políticos, mas pode ser causa de inelegibilidade. Condenação por contravenção penal gera suspensão dos direitos políticos? 1ª corrente – NÃO. Interpretação literal e restrita da CF. 2ª corrente – SIM. Interpretação teleológica da CF. O objetivo do constituinte era proteger a ordem democrática contra a indignidade penal. O TSE aderiu a essa corrente no Ac. 13.027, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 18/09/1996, e no REspE 30.218, Rel. Min. Arnaldo Versiani, 09/10/2008. Na suspensão condicional da pena (sursi) permanece a suspensão dos direitos políticos, pois continua a existir condenação penal com trânsito em julgado. Na revisão penal a suspensão dos direitos políticos permanece até que o pedido seja julgado definitivamente procedente. Suspensão condicional do processo e transação penal: como não houve condenação criminal, o indivíduo permanece no exercício pleno dos direitos políticos. RECUSA DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO A TODOS IMPOSTA OU PRESTAÇÃO ALTERNATIVA Refere-se a obrigações legais, como o serviço militar obrigatório e o voto. É tratada por parte da doutrina como hipótese de perda dos direitos políticos, mas há possibilidade de sua reaquisição, desde que ocorra o cumprimento das obrigações legalmente previstas. A justiça eleitoral não tem competência para restabelecer os direitos políticos de eleitores que deles se encontram privados em razão da negativa de cumprimento do serviço militar obrigatório ou de prestação alternativa. A Justiça Eleitoral apenas promove o registro dessas situações. Todavia, a Justiça Eleitoral deve garantir o pleno exercício dos direitos políticos, quando ultrapassado o prazo previsto no artigo 5º da Lei Federal nº 4.375/1964, que determina a cessação da obrigação do serviço militar ou da prestação alternativa em 31/12 do ano em que a pessoa completar 45 anos. Isso porque são vedadas sanções de caráter perpétuo. (Embargos de Declaração no PA nº 0600307-66, j. em /2/2019, na sessão administrativa do Informativo do ano XXI, nº 3) IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA A suspensão por improbidade administrativa depende de previsão expressa na decisão condenatória. Só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença condenatória (artigo 20, Lei 8.429/92). 4 DIREITO ELEITORAL 1.3.3. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS José Jairo evidencia que a perda ou a suspensão dos direitos políticos acarretam várias consequências jurídicas, dentre elas: Cancelamento do alistamento e a exclusão do corpo de eleitores; Cancelamento da filiação partidária; Perda de mandato eletivo; Perda de cargo ou função pública; Impossibilidade de se ajuizar a ação popular; Impedimento para votar ou ser votado. A exclusão do corpo de eleitores não é automática, devendo ser observado o procedimento do art. 77 do Código Eleitoral. A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador? Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador, haverá a perda automática do mandato ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou do Senado, respectivamente? A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador? 1ª Turma do STF: DEPENDE 2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa é que irá deliberar • Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88. • Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863). STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903). O STF apenas comunica, por meio de ofício, à Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal informando sobre a condenação do parlamentar. A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar (decidir) como entender de direito (como quiser) se o parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo, conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88. Assim, mesmo com a condenação criminal, quem decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal. STF. 2ª Turma. AP 996, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/05/2018 (obs: o Relator Edson Fachin ficou vencido neste ponto). Inelegibilidade e sanção de suspensão dos direitos políticos. Importante diferenciar a sanção de suspensão dos direitos políticos decorrente da improbidade e a inelegibilidade prevista na LC 64/90. A inelegibilidade é menos do que perda ou suspensão dos direitos políticos, somente impedindo que o cidadão seja eleito. 5 DIREITO ELEITORAL 1.4. SUFRÁGIO UNIVERSAL Sufrágio é o direito público subjetivo democrático, pelo qual um conjunto de pessoas – o povo – é admitido a participar, direta e indiretamente, da vida política da sociedade e da soberania do Estado. É concretizado por meio do voto, instrumento que materializa o sufrágio. O escrutínio, por sua vez, é o procedimento por meio do qual o direito ao voto é exercido (ex.: escrutínio secreto). Apresenta duas dimensões, a saber: (i)ativa: diz respeito à capacidade eleitoral ativa, ou cidadania ativa, significando o direito de votar, de eleger representantes; (ii) passiva: capacidade eleitoral passiva, ou seja, o jus honorum ou cidadania passiva, significando o direito de ser votado. No Brasil o sufrágio é universal ou irrestrito, ou seja, é atribuído ao maior número possível de nacionais, mas podem existir, por motivos razoáveis, algumas limitações, como, por exemplo o art. 14, §2º, CF, segundo o qual não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Ao sufrágio universal, contrapõe-se o restrito,do qual são exemplos, o censitário (grau de riqueza, adotado no Brasil Império); o cultural ou capacitário (grau de instrução); racial; de gênero (adotado no Brasil até 1932); religioso. Existe também classificação baseada no peso dos votos: sufrágio igual ou singular (“one man, one vote”), fundado no princípio da isonomia, e o sufrágio desigual ou voto plural, no qual se confere a pessoas qualificadas maior número de votos. 1.5. VOTO Ato pelo qual o eleitorado escolhe o candidato que irá ocupar um cargo ou uma função. Instrumento pelo qual se materializa o sufrágio. Enquanto o sufrágio é um direito, o voto representa seu exercício. Em outras palavras, o voto é a concretização do sufrágio. Características do voto na CF/88: a) Universal (atécnico – universal é o sufrágio); b) Personalíssimo, pois não pode ser exercido por meio de procuração; 6 DIREITO ELEITORAL c) Direto (em regra) ou indireto (situações excepcionais). Será indireto quando confiado o seu exercício aos representantes, na forma do art. 81, §1º, CF, vacância nos últimos 02 anos do Presidente; d) Obrigatório (entre 18 e 70 anos): não é cláusula pétrea; e) Secreto; f) Igual – “one man, one vote”; g) Periódico – decorre do princípio republicano(temporalidade no poder); h) Livre. 1.5.1. A QUESTÃO DO VOTO IMPRESSO O STF declarou a inconstitucionalidade do voto impresso por violar o segredo do voto. “É inconstitucional a lei que determina que, na votação eletrônica, o registro de cada voto deverá ser impresso e depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado (art. 59-A da Lei 9.504/97, incluído pela Lei 13.165/2015). Essa previsão acaba permitindo a identificação de quem votou, ou seja, permite a quebra do sigilo, e, consequentemente, a diminuição da liberdade do voto, violando o art. 14 e o § 4º do art. 60 da Constituição Federal. Cabe ao legislador fazer a opção pelo voto impresso, eletrônico ou híbrido, visto que a CF/88 nada dispõe a esse respeito, observadas, entretanto, as características do voto nela previstas. O modelo híbrido trazido pelo art. 59-A constitui efetivo retrocesso aos avanços democráticos conquistados pelo Brasil para garantir eleições realmente livres, em que as pessoas possam escolher os candidatos que preferirem”. (STF. Plenário. ADI 5889/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018) - Info 905. O voto seria um direito ou um dever? Pode o Estado impor ao povo, verdadeiro titular do poder estatal, a obrigatoriedade do exercício da cidadania mediante a obrigatoriedade do voto? Hoje, prevalece no Brasil que o voto é um poder-dever, resultante de uma função pública reservada ao cidadão.Seu descumprimento implica sanções, tais como: i) não poder se inscrever em concurso ou prova para cargo ou função pública; ii) não poder receber vencimentos, remuneração ou salário de função ou emprego público; iii) não poder participar de concorrência pública ou administrativa; iv) não poder obter empréstimos de entes públicos; 7 DIREITO ELEITORAL v) não poder obter passaporte; vi) não poder se matricular em estabelecimento de ensino, público ou privado; vii) não poder praticar qualquer ato que exija quitação do serviço militar ou imposto de renda. 8 Partidos políticos. Conceito. História. Representação Político-Partidária. Sistemas Partidários. Criação, fusão e extinção dos partidos políticos. Órgãos Partidários. Registros dos Partidos Políticos. Fundo Partidário. Fidelidade Partidária. Aspectos constitucionais, legais e éticos. Sumário 1. PARTIDOS POLÍTICOS................................................................................................................................................................1 1.1. HISTÓRICO..........................................................................................................................................................................1 1.2. CONCEITO...........................................................................................................................................................................1 1.3. DISCIPLINA CONSTITUCIONAL E LEGAL NO DIREITO BRASILEIRO.......................................................................................................3 1.3.1. CRIAÇÃO DE PARTIDOS POLÍTICOS.........................................................................................................................................3 1.3.2. NATUREZA JURÍDICA..........................................................................................................................................................5 1.3.3. LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA..............................................................................................................................6 1.3.4. COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA...................................................................................................................................................11 1.3.5. FINANCIAMENTO PARTIDÁRIO............................................................................................................................................12 1.3.6. FILIAÇÃO, DESFILIAÇÃO, SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA.........................................................................13 1.3.6.1. DISCIPLINA E FIDELIDADE PARTIDÁRIAS (ARTS. 23 A 26, LEI Nº 9.096/95)..............................................14 1.3.7. FUNDAÇÕES E INSTITUTOS PARTIDÁRIOS...............................................................................................................................17 1.3.8. SISTEMAS PARTIDÁRIOS....................................................................................................................................................18 1.3.9. ÓRGÃOS PARTIDÁRIOS......................................................................................................................................................18 1.3.10. FUSÃO, INCORPORAÇÃO E EXTINÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS............................................................................22 1. Partidos polítticos 1.1. HISTÓRICO O embrião dos partidos (inicialmente “facções”) pode ser encontrado na Grécia e Roma antigas. Mas foi só na Inglaterra, no século XVI, que surgiram, pela primeira vez, instituições de direito privado com o objetivo de congregar partidários de uma ideia política. “Só a ilusão ou a hipocrisia pode acreditar que a democracia seja possível sem partidos políticos. A democracia, necessária e inevitavelmente, requer um Estado de partidos” (H. Kelsen). 1.2. CONCEITO Os partidos políticos constituem canais legítimos de atuação política e social. 1 “o nascimento e o desenvolvimento dos partidos está ligado ao problema da participação, ou seja, ao progressivo aumento da demanda de participação no processo de formação das decisões políticas, (...)”. “Com o fim do absolutismo monárquico, fez-se necessário criar meios de realização da soberania popular, DIREITO ELEITORAL José Jairo conceitua “partido político” como a entidade formada pela livre associação de pessoas, com organização estável, cujas finalidades são alcançar e/ou manter de maneira legítima o poder político-estatal e assegurar, no interesse do regime democrático de direito, a autenticidade do sistema representativo , o regular funcionamento do governo e das instituições políticas, bem como implementação dos direitos humanos fundamentais. Possuem base constitucional, instrumentos obrigatórios para o acesso à disputa eleitoral. Definição legal, art. 1º, da Lei nº 9.096/95: Ao acrescentar a previsão de que os partidos não se equiparam às entidades paraestatais, o Congresso objetivou evitar que dirigentes de partidos fossem responsabilizados penalmente como dirigentes de entidades paraestatais1. Não há possibilidade de candidaturas avulsas.Apenas pessoas filiadas a partidos políticos podem disputar as eleições, conforme previsão do art. 14, §2º, V, da CF. Nesse sentido, o art. 11, §14, da Lei 9504 prevê que: “É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha filiação partidária”. (incluído pela minirreforma de 2017). Posição contrária se baseia no art. 23 da Convenção Americana de Direitos Humanos. O STF, até o presente momento, encampa posição quanto à necessidade de filiação partidária: Filiação partidária como condição de elegibilidade prevista na própria Constituição Federal (CF, art. 14, § 3º, inciso V) e nas leis da República. Impossibilidade jurídica de candidaturas avulsas, não obstante o disposto na Convenção 1 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1604928&filename=EMP+45/2017+%3D %3E+PL+8612/2017 2 Art. 1º. O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. Parágrafo único. O partido político não se equipara às entidades paraestatais. DIREITO ELEITORAL Americana de Direitos Humanos (Artigo 23, n. 2), que se qualifica como diploma de caráter infraconstitucional (Mandado de Injunção nº 6.977/2018). Não obstante, há repercussão geral reconhecida quanto ao tema no ARE 1.054.490, de relatoria do Ministro Luis Roberto Barroso, ainda sem data para julgamento. Os partidos são necessários à democracia na medida em que, por meio deles, se processa a formação política do povo, se formulam as opções, escolhendo-se homens capazes de executá-las, reconhecendo-se a incapacidade do indivíduo, de formar, pela força isolada de sua razão, uma concepção do bem comum, de tomar, por si, decisões conscientes e coerentes no plano político (Manoel Gonçalves Ferreira Filho). 1.3. DISCIPLINA CONSTITUCIONAL E LEGAL NO DIREITO BRASILEIRO 1.3.1.CRIAÇÃO DE PARTIDOS POLÍTICOS De início, consigne-se que a Lei Geral dos Partidos Políticos, ao contrário da sua antecessora (Lei nº 5.682/71), conhecida como LOPP, não deve ser considerada como lei orgânica, pois leis orgânicas, dotadas de maior rigidez, impõem critérios de organização e funcionamento, em prejuízo à autonomia. A Lei nº 9.096/95, diversamente, garante autonomia aos partidos políticos. Cuida-se de pessoas jurídicas de direito privado, sendo necessário seu registro no RCPJ da Capital Federal, com estatuto assinado por pelo menos 101 fundadores, com domicílio eleitoral em no mínimo 1/3 dos Estados (art. 8º). A novel instituição deverá contar com o apoiamento mínimo (objetivo de demonstrar o caráter nacional do Partido) – de eleitores não filiados a outros partidos políticos – de 0,5% dos votos válidos da última eleição para a Câmara, distribuídos por pelo menos 1/3 dos Estados, com no mínimo 0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles (art. 7º, §1º). A comprovação do apoiamento mínimo deve ser feita no período de 02 anos, e a prova deve ser feita por meio das assinaturas dos eleitores, com menção ao número do título eleitoral, sendo vedado que o apoiamento se dê por meio de assinaturas via internet (TSE). O período de 02 anos é iniciado a partir da aquisição da personalidade jurídica. Após adquirir personalidade jurídica (registro no RCPJ) e obter o apoiamento mínimo, deve o Partido registrar seus estatutos no TSE. 3 DIREITO ELEITORAL São assegurados aos partidos políticos, após o registro de seu estatuto no TSE, o direito de receber recursos do fundo partidário e de acesso gratuito a rádio e televisão (“direito de antena”). Importante ressaltar que, com o advento da EC nº 97 (“Cláusula de desempenho”), somente terão direito aos recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente (ano de 2030): ou Ao eleito por partido que não preencher os requisitos acima é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. Requisitos para que os partidos políticos possam participar regularmente das eleições. tenham registrado seus estatutos no TSE até 06 meses antes do pleito; tenham constituído órgão de direção na circunscrição eleitoral até a data da convenção, conforme seu estatuto. A Lei 13.107/2015 alterou a Lei 9.096/95 com o objetivo de desestimular a fusão de partidos políticos. Veja duas das mudanças promovidas: 1) A Lei nº 13.107/2015 alterou o § 1º do art. 7º da Lei 9.096/95 ao exigir que as pessoas que assinarem o apoiamento para a criação de novos partidos não poderão fazer parte de outros partidos políticos. 2) A Lei nº 13.107/2015 determinou que somente será admitida a fusão ou incorporação de partidos 4 REGISTRO RCPJ = o Partido passa a ter existência. APOIAMENTO = 0,5% votos CD - 1/3 Estados (0,1% em cada). REGISTRO NO TSE = exclusividade da denominação, sigla e símbolos. i) obtiverem, nas eleições para a CD, no mínimo, 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação, com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada uma delas; ii) tiverem elegido pelo menos 15 Deputados Federais distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação. DIREITO ELEITORAL políticos que hajam obtido o registro definitivo do Tribunal Superior Eleitoral há, pelo menos, 5 anos. Antes não havia essa exigência. Essas duas mudanças foram impugnadas por meio de ADI, mas o STF negou a medida cautelar afirmando que as alterações são compatíveis com a CF/88, não tendo havido violação à autonomia constitucional dos partidos políticos. STF. Plenário. ADI 5311-MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/9/2015 (Info 801). 1.3.2.NATUREZA JURÍDICA. O partido político apresenta natureza de pessoa jurídica de Direito Privado, não se equiparando a “entidades paraestatais”. Desta forma, seu estatuto deverá ser registrado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas da Capital Federal, sendo este de caráter constitutivo. Vale notar que somente é admitido o registro de partido que tenha caráter nacional, isto é, aquele que comprove: no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a outro partido, correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, Distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, Com um mínimo de 0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles. Ainda acerca do registro do partido político no TSE, destaque-se o seguinte julgado: “O procedimento de registro partidário, embora formalmente instaurado perante órgão do Poder Judiciário (Tribunal Superior Eleitoral), reveste-se de natureza materialmente administrativa. (...)”. “Consulta. Criação. Partido político. Prazo. Apoiamento de eleitores [...] 2. O prazo de dois anos para comprovação do apoiamento de eleitores não se aplica aos pedidos de criação de partidos protocolados até a data de publicação da Lei nº 13.165/2015 [...] 4. O prazo de dois anos para a comprovação do apoiamento mínimo, requisito indispensável no procedimento de criação de partido político, é contado a partir do registro da agremiação partidária no cartório competente do registro civil das pessoas jurídicas". (Ac de 11.5.2017, rel. Min. Admar Gonzaga, rel. designado Min. Gilmar Mendes.) “Registro de partido político. Requisitos legais. Apoiamento mínimo do eleitorado brasileiro. Atendimento no ato de formalização do pedido no tse. Imprescindibilidade. Precedentes do tribunal superior eleitoral. Leading case: qo-rpp nº 153-05/df (dje de 16.9.2015). Alteração dalei dos partidos políticos (art. 7º, § 1º). Inovação da lei nº 13.165/2015. Caráter nacional do partido. Comprovação. Período de dois anos. Res.-tse nº 23.465/2015. Exegese sistemática. Protocolo do pedido nesta corte após a alteração normativa. Reafirmação da jurisprudência deste tribunal superior. Pedido do requerente não conhecido. 1. O Tribunal Superior Eleitoral, ao 5 DIREITO ELEITORAL apreciar a QO-RPP nº 153-05/DF, de minha relatoria, DJe de 16.9.2015, assentou, em votação unânime, que 'os requisitos legais para conhecimento e regular processamento do pedido de registro partidário devem estar preenchidos no momento da formalização da peça, reservando-se eventuais diligências (art. 9º, § 3º, da Lei nº 9.096/95) para correção de erros meramente formais, ou seja, de natureza não essencial'. Esse posicionamento foi reafirmado pelo TSE nos RPP nos 345-35 e 428-51, ambos da relatoria do Ministro Henrique Neves, julgados nas sessões de 22.9.2015 e 24.9.2015. 2. A inovação trazida pela Lei nº 13.165/2015, naquilo que alterou o art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.096/95, não afastou o entendimento quanto à imprescindibilidade de que todos os requisitos legais estejam atendidos na data do protocolo nesta Corte. A interpretação desses dispositivos legais há de ser sistemática. 3. A alteração normativa em destaque apenas estabeleceu para o partido uma nova condicionante, qual seja, a de que o apoiamento mínimo do eleitorado brasileiro deverá ser comprovado (e não meramente demonstrado) no prazo máximo de dois anos, estes contados da aquisição da sua personalidade jurídica. Esse prazo veio somente para limitar a validade dessa listagem, sem criar, para a agremiação postulante, qualquer direito subjetivo de complementação da documentação em data posterior à da formalização do pedido na Justiça Eleitoral. 4. In casu, por ser incontroverso que, na data do protocolo do seu pedido, o requerente não preenchia o referido requisito legal, forçoso aplicar - e reafirmar - a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral. 5. Registro de partido político não conhecido”. (Ac de 5.10.2017 na RPP nº 58354, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho.) O prazo de dois anos para a comprovação da obtenção do apoiamento dos eleitores deve ser contado da aquisição da personalidade jurídica do partido em formação. E devem estar preenchidos no momento de formalização do pedido ao TSE. Nesse caso, mesmo que houvesse a concessão de prazo, ainda não completaria os requisitos, razão pela qual o pedido de registro foi indeferido. (Registro de Partido Político nº 0600895-73/DF, DJ em 4/12/2018, no Informativo do ano XXI, nº 1) 1.3.3.LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA O tema encontra previsão do art. 17 da Constituição Federal, o qual anuncia quatro espécies de garantias que regem a disciplina dos partidos: i) liberdade partidária externa; ii) liberdade partidária interna; iii) subvenção pública; iv) intervenção estatal mínima. Autonomia para organização interna. Os estatutos devem estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária, consoante o art. 17, §1º, da CF: 6 DIREITO ELEITORAL “É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária”. Como observado, vedaram-se as coligações proporcionais a partir de 2020, mantida a possibilidade de coligações para eleições majoritárias. Preceitos a serem observados pelos partidos políticos: (i) caráter nacional, sendo vedado partido estadual ou regional; (ii) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; (iii) prestação de contas à Justiça Eleitoral; (iv) funcionamento parlamentar de acordo com a lei. De acordo com o art. 28, da LPP, o TSE, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado: (i) ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; (ii) estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; (iii) não ter prestado as decidas contas à Justiça Eleitoral; (iv) que mantém organização paramilitar. JURISPRUDÊNCIA: “Registro de partido político. Estatuto. Alteração. Anotação. Requerimento. Art. 10 da Lei nº 9.096/95. Parte um: comissões provisórias. Vigência. Prazo elastecido. Emenda constitucional nº 97/2017. Parágrafo 1º do art. 17 da CF. Nova redação. Autonomia partidária. Caput. Resguardo do regime democrático. Previsão expressa. Interpretação sistemática. Condição subordinante sobre parágrafos. Leitura fragmentada do texto. Impossibilidade. Seara administrativa. Ausência de óbice ao emprego das técnicas de hermenêutica que não resultam em invalidação da norma. Autonomia partidária absoluta. Inexistência. Organização interna. Regime democrático. Dever de sujeição. Doutrina e jurisprudência consagradas. Resolução-tse nº 23.465/2015. Higidez reconhecida. Órgãos provisórios. Validade. 120 (cento e vinte) dias ou prazo razoável diverso. Descumprimento. Reiteração. Parte dois: órgãos partidários provisórios. Substituição, alteração e extinção. Interesse partidário. Peculiaridades políticas e partidárias de cada localidade. Balizas que não eximem o partido de observar, no que 7 DIREITO ELEITORAL aplicável, os direitos fundamentais dos filiados. Horizontalidade. Reconhecimento. Devido processo legal. Incidência no trato com os órgãos de hierarquia inferior (sobretudo provisórios). Precedentes do TSE. Ausência de garantias mínimas no texto ora submetido à anotação. Adequação. Imprescindibilidade. Parte três: ajustes pontuais do texto. Possibilidade. Conclusão: indeferimento. Anotação. Arts. 41 e 42. Deferimento. Anotação. Arts. 14, 38, 39, 40, 43, 59 e 72. Providências. O caso 1. Na espécie, com base na ec nº 97/2017, que deu nova redação ao § 1º do art. 17 da CF, o PSD apresentou, para anotação neste tribunal, alteração estatutária aprovada na sua convenção nacional. 2. Na sessão de 19.10.2017, o então relator, Ministro Herman Benjamin, votou pelo deferimento do pedido, tal como formulado, por entender que ‘a análise das alterações estatutárias da agremiação revelou que a única irregularidade consistia no prazo indeterminado de vigência das comissões provisórias’, óbice que teria sido afastado pela superveniência da ec nº 97, de 4.10.2017, com vigência em 5.10.2017, que deu nova redação ao § 1º do artigo 17 da CF, assegurando "aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios". Natureza do feito 3. O pedido de anotação de alteração estatutária deflagra a competência administrativa desta corte e, por conseguinte, dá azo a processo no âmbito do qual não se mostra crível a resolução de incidentes de inconstitucionalidade (precedente do tse: RPP nº 153-05/DF, de minha relatoria, DJE de 16.5.2016). 4. Constitui impropriedade a leitura fragmentada e desconectada do texto constitucional, sobretudo de preceito secundário (parágrafo) em relação à sua norma primária (caput), dada a sua condição de subordinação. Nas palavras do eminente ministro eros grau, em judicioso voto, ‘não se interpreta a constituição em tiras, aos pedaços. A interpretação do direito é interpretação do direito, não de textos isolados, desprendidos do direito. Não se interpretatextos de direito, isoladamente, mas sim o direito a constituição no seu todo’ (STF, ADI nº 3685/DF, DJ de 22.3.2006).5. A natureza administrativa do feito não afasta, portanto, o emprego das técnicas de hermenêutica. Órgão provisório: vigência 6. Não obstante a redação conferida pela EC nº 97/2017 ao § 1º do art. 17 da CF, naquilo que assegura a autonomia dos partidos políticos para estabelecer a duração de seus órgãos provisórios, tem-se que a liberdade conferida não é absoluta, dada a previsão expressa do caput no sentido de que as agremiações partidárias devem resguardar o regime democrático. 7. O TSE, alicerçado na sua competência regulamentar, editou a resolução nº 23.465/2015, a qual prevê, em seu artigo 39, que ‘as anotações relativas aos órgãos provisórios têm validade de 120 (cento e vinte) dias, salvo se o estatuto partidário estabelecer prazo razoável diverso’. 8. Ao analisar o PA n. 750-72/DF, no qual aprovada essa resolução, esta Corte Superior destacou que ‘não há como se conceber que em uma democracia os principais atores da representação popular não sejam, igualmente, democráticos. Este, inclusive, é o comando expresso no art. 17 da Constituição da República que, ao assegurar a autonomia partidária, determina expressamente que sejam 'resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana'" (relator o Min. Henrique Neves). 9. Por repousar precisamente no caput do art. 17 da Constituição Federal, a Res.-TSE nº 23.465/2015 mantém sua higidez, não comportando leitura distinta daquela já adotada neste Tribunal Superior. 10. A alteração estatutária proposta, além de não satisfazer anterior determinação desta corte, ofende a regulamentação contida na citada resolução, pois prevê que a vigência do 8 DIREITO ELEITORAL órgão provisório apenas não poderá ultrapassar a data final de validade do diretório definitivo correspondente, sendo, ademais, passível de prorrogação. É o que se extrai dos §§ 3º e 4º do art. 42 do estatuto, na redação submetida. Órgão provisório: substituição, alteração e extinção requisitos constitucionais 11. No julgamento do ms nº 0601453-16, de relatoria do eminente Ministro Luiz Fux, sessão de 29.9.2016, o Tribunal Superior Eleitoral, ao analisar a legalidade de ato de destituição de comissão provisória pelo órgão central do partido, estabeleceu importante baliza, em tudo aplicável aos estatutos partidários em geral, consubstanciada na vinculação das legendas partidárias aos direitos fundamentais, inclusive em razão da eficácia horizontal desses postulados, com aplicação plena e imediata, havendo que se estabelecer, no trato com os órgãos de hierarquia inferior, roteiros seguros para o exercício do contraditório e da ampla defesa, em homenagem ao princípio do devido processo legal. 12. A redação proposta nos §§ 1º e 2º do art. 42 do estatuto do partido requerente exprime lacunoso campo interpretativo, ao estabelecer, genericamente, que a substituição, alteração e extinção dos órgãos provisórios atenderá unicamente o interesse partidário, consideradas as peculiaridades políticas e partidárias de cada localidade, sem, contudo, salvaguardar instrumentos democráticos mínimos que materializem a garantia do exercício do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF), especialmente quando em curso conflitos internos. 13. De igual forma, a alteração proposta no art. 41 do estatuto, especialmente no inc. III, por fazer remissão à constituição de novas comissões provisórias em decorrência da adoção de decisão sumária de intervenção no órgão provisório anterior. Conclusão 14. Pedido de anotação indeferido no que toca aos arts. 41 e 42 do estatuto, e deferido quanto aos demais, com adoção de providências, nos termos do voto e com encaminhamento de sugestão ao MPE. Estatuto partidário e criação de comissão prévia para seleção de candidatos.” (Ac de 20.2.2018 no RPP nº 141796, rel. Herman Benjamin, rel. designado Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto.) "[...] 1. Os partidos políticos, mercê da proeminência dispensada em nosso arquétipo constitucional, não gozam de imunidade para, a seu talante, praticarem barbáries e arbítrios entre seus Diretórios, máxime porque referidas entidades gozam de elevada envergadura institucional, posto essenciais que são para a tomada de decisões e na própria conformação do regime democrático. 2. A autonomia partidária, postulado fundamental insculpido no art. 17, § 1º, da Lei Fundamental de 1988, manto normativo protetor contra ingerências estatais canhestras em domínios específicos dessas entidades (e.g., estrutura, organização e funcionamento interno), [...] 5. O órgão nacional da grei partidária ostenta a prerrogativa exclusiva de anular as deliberações e atos decorrentes de convenções realizadas pelas instâncias de nível inferior, sempre que se verificar ultraje às diretrizes da direção nacional, ex vi do art. 7º, § 2º, da Lei das Eleições, desde que indigitadas orientações não desbordem dos balizamentos erigidos pelos imperativos constitucionais. 6. A jurisdição mais incisiva se justifica nas hipóteses em que a disposição estatutária, supostamente transgredida, densificar/concretizar diretamente um comando constitucional. [...]" (Ac. de 4.10.2016 no REspe nº 11228, rel. Min. Luiz Fux.) “Direito eleitoral. Registro de partido político. Partido da mulher brasileira - PMB. Anotação de alteração estatutária. Deferimento parcial. Hipótese [...] III. Duração dos mandatos dos integrantes do conselho gestor 9 DIREITO ELEITORAL nacional 9. O estatuto partidário prevê mandato de 10 anos para os dirigentes do Conselho Gestor Nacional, com possibilidade de reeleição, prazo muito superior aos mandatos estabelecidos pela Constituição Federal para os cargos eletivos. Tal previsão afronta os princípios democrático e republicano, uma vez que restringe o exercício do direito de voto e limita, de forma desproporcional, a alternância de poder. [...]” (Ac. de 4.4.2019 no RPP nº 155473, rel. Min. Luís Roberto Barroso.) “Direito eleitoral. Registro de partido político. Partido da mulher brasileira - PMB. Anotação de alteração estatutária. Deferimento parcial. Hipótese [...] IV. Contribuições partidárias obrigatórias 10. As contribuições partidárias constituem ato de mera liberalidade, de modo que sua cobrança não pode ser imposta ao filiado, especialmente em virtude do exercício de cargo político. Precedentes. [...]” (Ac. de 4.4.2019 no RPP nº 155473, rel. Min. Luís Roberto Barroso.) "Requerimento. Partido novo. Registro de alterações estatutárias. Parecer. Ministério público eleitoral. Adequação. Dispositivos. 1. O Partido Novo requer o registro de alterações promovidas em seu estatuto, aprovadas em reunião do Diretório Nacional ocorrida em 28.6.2017. 2. Parecer da d. Procuradoria-Geral Eleitoral pelo deferimento parcial, excluindo-se, porém, dispositivos que criam a Comissão de Seleção de Candidatos, etapa prévia à convenção partidária. Competência. Justiça eleitoral exame. Atos interna corporis. Partidos políticos. Potencial ameaça. Regime democrático. Caso dos autos. Comissão prévia de seleção de candidatos. Inadmissibilidade. Momento próprio. Convenções partidárias. 3. Cabe à Justiça Eleitoral, no exercício de suas funções jurisdicionais e administrativas, o controle de atos interna corporis editados pelos partidos políticos que revelem potenciais ameaças ao regime democrático. 4. O regime democrático manifesta-se pela livre escolha de candidatos, mediante voto universal e secreto, e também é intrínseco ao próprio funcionamento dos partidos, cujos filiados detêm legítimas pretensões políticas. 5. Os novos dispositivos do estatuto do Partido Novo, na parte em que criamcomissão prévia de seleção de candidaturas, representam grave risco de escolha antidemocrática entre seus filiados, haja vista a possibilidade de exigência de requisitos arbitrários e não previstos na legislação eleitoral, o que culminaria no afastamento, de plano, antes mesmo das convenções partidárias, de pré-candidatos que desejam disputar o pleito. 6. O processo seletivo prévio, ademais, esvaziaria sobremaneira o poder deliberativo das convenções partidárias, expressamente previstas na legislação de regência como o procedimento de escolha de aspirantes a cargos eletivos. 7. Em suma, embora em âmbito interno as legendas sejam livres para deliberar acerca dos nomes que melhor representem seus ideais e objetivos políticos, o meio próprio para consolidar tal escolha é a convenção partidária, sendo incabível, com base em processo seletivo prévio, restringir o acesso de filiados que almejem se candidatar. Conclusão. Deferimento parcial. 8. Pedido deferido parcialmente, excluídos os arts. 65, 67, 68, 97, VI, 98, XIX, e 103, caput, do estatuto do Partido Novo, conforme a fundamentação acima”. (Ac. de 26.4.2018 no RPP nº 84368, rel. Min. Jorge Mussi.) 1.3.4.COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA 10 DIREITO ELEITORAL http://inter03.tse.jus.br/sjur-consulta/pages/inteiro-teor-download/decisao.faces?idDecisao=295202&noChache=4185474 http://inter03.tse.jus.br/sjur-consulta/pages/inteiro-teor-download/decisao.faces?idDecisao=305525&noChache=-1614456712 http://inter03.tse.jus.br/sjur-consulta/pages/inteiro-teor-download/decisao.faces?idDecisao=305525&noChache=-1614456712 Coligação é o consórcio de partidos políticos formado com o propósito de atuação conjunta e cooperativa na disputa eleitoral. Referida possibilidade conta com previsão constitucional (art. 17, §1º, EC 97/2017), “(...) e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, (...)”. Pontue-se que, de acordo com o TSE, “o pedido de registro de coligação subscrito pelos presidentes de todos os partidos supre eventual omissão quanto à aprovação (em convenção) da formação da coligação” (TSE – Ac. nº 14.379, de 24.10.1996). De acordo com José Jairo, citando julgado do TSE: “Embora não se confunda com os partidos que a integram, a coligação não possui personalidade jurídica, mas meramente judiciária. Já se disse ser detentora de ‘personalidade jurídica pro tempore’” (TSE – Ag-Respe nº 24.531/BA). De acordo com o art. 6º, §1º, da Lei n 9.504/97, “a coligação terá denominação própria, que poderá ser a junção de todas as siglas de todos os partidos que a integram, sendo a ela atribuída as prerrogativas e obrigações de partido político no que se refere ao processo eleitoral, e devendo funcionar como um só partido no relacionamento com a Justiça Eleitoral e no trato dos interesses interpartidários”. A denominação não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou número de candidato, nem conter pedido de voto para partido político. Diante de seu caráter unitário, não se admite que os partidos políticos integrantes da coligação, isoladamente, venham a praticar atos no processo eleitoral, como requerer registro de candidatura, impugnar pedido de registro, ingressar com representações eleitorais. Neste sentido: “(...) O partido coligado não possui legitimidade para, isoladamente, propor investigação judicial” (TSE – Respe nº 25.015/SP). "Eleições 2016. [...] 1. O partido coligado não possui legitimidade ativa para manejar, isoladamente, ação de impugnação registro de candidatura, tampouco para interpor recurso, nos termos da jurisprudência iterativa deste Tribunal Superior. Precedentes. [...]" (Ac. de 30.09.2016 no REspe nº 20765, rel. Min. Luciana Lóssio.) Exceção: Admite-se que o partido coligado questione a “validade da própria coligação, durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para a impugnação do registro de candidatos” (art. 6º, §4º, da Lei nº 9.504/97). 1.3.5.FINANCIAMENTO PARTIDÁRIO Vige no Brasil um sistema misto de financiamento partidário, recebendo os partidos recursos tanto do Estado quanto de particulares. Podemos citar as seguintes fontes: 11 DIREITO ELEITORAL (i) fundo partidário; (ii) doações privadas; (iii) comercialização de bens; (iv) comercialização de eventos; (v) sobras financeiras da campanha eleitoral; (vi) rendimentos de aplicações financeiras. Há, ainda, o Fundo Especial de Financiamento de Campanha – FEFC, previsto no art. 16-C, da Lei das Eleições. FUNDO PARTIDÁRIO (art. 38, LPP) FUNDO ESPECIAL DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHA (art. 16-C, Lei nº 9.504/97) Fundo especial de assistência financeira aos partidos políticos Fundo especial de financiamento de campanha Multas – recursos destinados por lei – doações de pessoas físicas e jurídica (proibida) – dotações orçamentárias da União É constituído por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral Os recursos ficarão à disposição do partido somente após o seu registro no TSE Os recursos ficarão à disposição do partido somente após a definição de critérios para a sua distribuição Nem todos os partidos terão acesso aos valores depositados no Fundo Partidário, devendo cumprir os seguintes requisitos (“cláusula de desempenho”): Obtenção de votação mínima para a Câmara dos Deputados; Em um terço das unidades da Federação; Mínimo dos votos válidos em cada uma delas, de modo progressivo, até atingir a estabilização do percentual, em 2030. Ao candidato eleito por partido que não obtiver o desempenho mínimo será assegurado o direito de filiar- se, sem perda do mandato, a partido que tenha atingido os requisitos necessários. Acerca da divisão dos valores com origem no Fundo Partidário, 5% serão distribuídos igualitariamente entre os partidos políticos, ao passo que o restante será distribuído conforme o número de votos dados às eleições para a Câmara dos Deputados. 1.3.6.FILIAÇÃO, DESFILIAÇÃO, SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. “É nula a filiação realizada durante o período em que se encontram suspensos os direitos políticos em decorrência de condenação criminal transitada em julgado” (TSE – Respe nº 11.450/MS). 12 DIREITO ELEITORAL Súmula nº 20 do TSE: “A prova da filiação partidária daquele cujo nome não constou da lista de filiados de que trata o art. 19 da Lei n. 9.096/95, pode ser realizada por outros elementos de convicção, salvo quando se tratar de documentos produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública”. A desfiliação é o ato pelo qual desliga-se do partido político, reclamando comunicação escrita ao órgão de direção municipal E ao juiz eleitoral, sendo o vínculo automaticamente extinto ao fim de dois dias. A suspensão da filiação partidária se dá nos casos de suspensão dos direitos políticos. É certo que: “Durante o período em que vigorar a suspensão, o filiado suspenso não pode praticar ato privativo de filiado regular, tampouco exercer cargo político-eletivo ou de direção dentro do organismo partidário; consequentemente, não poderá se candidatar a cargo político-eletivo” (TSE – Ag – Respe nº 11.166/GO). Em se constatando pluralidade de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais (Art. 22, p. único, LPP). Porém, e se houver a sucessividade entre as diversas filiações, ou seja: se ocorrerem na mesma data? Nesse caso, o art. 12 da Res. TSE nº 23.117/2009 determina que o juiz eleitoral expeça ‘notificações ao filiado e aos partidos envolvidos’ para que se manifestem sobre a questão”. Poderá o juiz, então: manter a última filiação, se ficar evidenciado que não houve simultaneidade; cancelar todas as filiações, se ficar confirmada a simultaneidade;
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