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ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 1 CURSO TÉCNICO DE AUTOMOBILÍSTICA ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS 2004 CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 2 © 2004. SENAI-SP Ensaios Dinamométricos Publicação organizada e editorada pela Escola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo”. Coordenação geral Luiz Carlos Emanuelli Coordenador do projeto José Antonio Messas Planejamento e Alberto Otero Costoya organização de conteúdo Elaboração Alberto Otero Costoya Regina Célia Roland Novaes Teresa Candolo Editoração Teresa Cristina Maíno de Azevedo SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Escola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo” Rua Moreira de Godói, 226 - Ipiranga - São Paulo-SP - CEP. 04266-060 Telefone (011) 6166-1988 Telefax (011) 6160-0219 E-mail senaiautomobilistica@sp.senai.br Home page http://www.sp.senai.br/automobilistica ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA: OBTENÇÃO DE TORQUE 7 • Motor: forças e reações 7 DINAMÔMETROS 9 • Finalidade 9 • Dinamômetro de Prony 10 • Dinamômetro hidráulico 14 • Dinamômetro de correntes de Foucault (Parasitas) 15 • Dinamômetro de corrente contínua 15 • Resultados dos ensaios em dinamômetros 16 CONCEITOS BÁSICOS DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA 19 • Rendimento térmico do motor 19 • Rendimento mecânico do motor 20 • Rendimento global do motor 21 • Rendimento volumétrico 22 • Cilindrada total do motor 26 • Taxa de compressão teórica ou volumétrica 27 • Taxa de compressão real ou dinâmica 28 • Velocidade e aceleração do êmbolo 31 COMBUSTÃO NOS MOTORES 34 • Relação ar-combustível 34 • Relação combustível-ar 35 • Relação lambda ou fração relativa ar-combustível 35 • Poder calorífico do combustível 36 • Volatilidade 37 DETONAÇÃO, AUTO-IGNIÇÃO E PRÉ-IGNIÇÃO 39 • Retardamento da combustão 39 • Principais causas para surgimento da detonação nos motores Otto 43 • Índice de Octanas 43 CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 4 • Influência da estrutura química dos combustíveis fósseis no 45 surgimento da detonação • Determinação do ponto de ignição dos motores Otto 46 • Combustão nos motores Diesel 49 • Causas da detonação nos motores Diesel 50 • Consumo específico de combustível 50 POTÊNCIA ESPECÍFICA 52 • Aumento da potência específica 52 • Influência de variáveis na potência do motor 53 • Cálculo da pressão média utilizando unidades coerentes 57 NORMALIZAÇÃO DOS ENSAIOS DE MOTORES DE COMBUSTÃO 59 • Fator de redução da potência 59 • Condições atmosféricas de referência 60 • Cálculo para determinação do fator de redução 61 • Fator fm 62 • Curvas características dos motores 63 UNIDADES DE MEDIDAS 68 • Principais unidades de comprimento 68 • Principais unidades de massa 68 • Principais unidades de velocidade 68 • Principais unidades de força 68 • Principais unidades de pressão 69 • Principais unidades de energia e trabalho 69 • Principais unidades de potência 69 • Principais unidades de velocidade angular 70 • Prefixos do Sistema Internacional 70 QUESTÕES PARA AVALIAÇÃO 72 REFERÊNCIAS PARA A REALIZAÇÃO DOS CÁLCULOS DOS ENSAIOS 111 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114 ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 5 INTRODUÇÃO Esta apostila é destinada ao futuro Técnico de Automobilística e pretende demonstrar alguns conceitos e características de motores de combustão interna que são utilizados, principalmente, na área de desenvolvimento de motores e ensaios dinamométricos. Devido ao grande universo de informações nesta área, não serão mencionados detalhes de todos os ensaios dinamométricos existentes, sendo dada maior ênfase a aspectos referentes aos cálculos e resultados que são comumente utilizados na área de desenvolvimento de motores. É de suma importância que o aluno tenha absorvido os conhecimentos das disciplinas ministradas anteriormente sobre o funcionamento do motor, seus componentes, termodinâmica, física e sistema de unidades. Os itens aqui abordados, de maneira geral, são válidos para os motores ciclo Otto e Diesel, porém, caso o aluno tenha interesse em aprofundar-se, deve consultar obras especializadas principalmente quanto aos itens de combustão, combustíveis e gerenciamento eletrônico do sistema formador de mistura desses motores. Durante as aulas, serão abordadas algumas situações dos ensaios dinamométricos que não se encontram nesta apostila. Diante disto, o aluno deve fazer as anotações que, porventura, forem necessárias. Este trabalho é dedicado às pessoas mais especiais e importantes na minha vida, as minhas irmãs Ana e Paloma, a meus pais Jose e Célia que são os principais responsáveis pela minha formação como homem e profissional e a minha maravilhosa esposa Rita que tanto me compreende e amo. Não poderia deixar de agradecer ao colega Fábio Gonçalves que através de suas sugestões contribuiu na melhoria da qualidade técnica desta apostila. Desde já também agradeço a todos por críticas, correções e sugestões visando a melhora desta apostila e por conseqüência disto o crescimento do profissional brasileiro. Bom Curso! Junho 2005 Alberto Otero Costoya CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 6 ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 7 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA: OBTENÇÃO DE TORQUE Nos motores de combustão interna ciclo Otto ou ciclo Diesel quando ocorre a combustão surgem forças as quais serão responsáveis pelo desempenho do mesmo. Neste capítulo, serão apresentadas as forças que atuam quando o motor está em movimento e por conseqüência a obtenção de torque do motor. MOTOR: FORÇAS E REAÇÕES Nos motores de combustão interna, a força devida à combustão, ao ser aplicada na parte superior do êmbolo, gera uma série de outras forças e reações no pino do êmbolo, na biela, na árvore de manivelas e nos mancais. Comentaremos aqui uma parcela dessas forças, demonstradas na ilustração abaixo: FB FG Ft Torque no eixo devido a Força tangencial (Ft) multiplicada pela distância r (lembrar que r vale metade do curso do êmbolo) Força Fc devido à combustão FN FL FB r CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICAESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 8 O êmbolo exerce uma força FG no pino devido à força da combustão Fc. A força FG no pino é decomposta na força FL lateral (no êmbolo) e na força FB (na biela). A força FB (na biela) é transmitida à árvore de manivelas através da decomposição de outras duas forças: FN e Ft . Como a força Fc não é constante, pois varia entre o início e o final da combustão (ou seja ao longo de um ângulo α da árvore de manivelas), temos que FN e Ft também serão variáveis (em função do próprio ângulo α). Com o motor em operação, obtém-se o momento torsor efetivo médio, conjugado efetivo médio ou simplesmente torque efetivo médio do motor (Tm), devido à multiplicação da força Ft tangencial na árvore de manivelas pela distância r entre os centros do munhão e do moente. OBSERVAÇÃO A distância r nada mais é do que a metade do curso do êmbolo. Veremos adiante que a força Fc de combustão é, entre outros itens, função da rotação do motor e da posição do acelerador (ou carga do motor). Com isso, pode-se, a partir de agora, deduzir que o torque do motor (Tm) também é função de rotação e carga de trabalho. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 9 DINAMÔMETROS FINALIDADE Um motor de combustão interna apresenta características específicas tais como torque, potência, rendimento, etc. Todas essas propriedades podem ser comprovadas e medidas, mediante a realização de ensaios, chamados de dinamométricos. Esses são realizados em equipamentos chamados, por sua vez, de dinamômetros. Dinamômetro é um instrumento utilizado para medir o torque do motor, equilibrando-se a rotação do motor por meio da aplicação de um torque externo. Torque do motor é o esforço de torção médio exercido sobre a árvore de manivelas, através da força devido à combustão recebida dos êmbolos. Essa torção é destinada a movimentar o motor. O torque é calculado multiplicando-se a força tangencial exercida no contato entre o moente da árvore de manivelas e a biela pela distância do braço da manivela, que nada mais é do que a metade do curso do pistão. Existem vários tipos de dinamômetros, tais como: • Dinamômetro de Prony; • Dinamômetro hidráulico; • Dinamômetro de correntes de Foucault (ou Parasitas) etc. Neste capítulo inicial, serão apresentados alguns tipos de dinamômetros, seu modo de funcionamento e utilização. Vejamos mais detalhadamente os tipos mais utilizados. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 10 DINAMÔMETRO DE PRONY O dinamômetro de Prony (também chamado de freio de Prony) é um dinamômetro de fricção no qual o atrito (frenagem) de um volante é medida por uma balança de mola ou uma alavanca com pesos. No freio de Prony, um disco de raio r, fixo no eixo de um motor, operando em uma rotação conhecida, é circundado por uma cinta. Esta cinta gera uma força de atrito fat com o disco. Ela está conectada a um braço cuja extremidade se apóia sobre a plataforma de uma balança. O movimento do eixo do motor é restringido pela pressão aplicada pela cinta. Esta, por sua vez, transmite o esforço ao braço apoiado sobre a balança. A leitura obtida na balança (que nada mais é que a força F), multiplicada pelo comprimento R do braço, fornece o torque no eixo. Observe a representação esquemática a seguir: Distância R Regulagem da tensão da correia (força de atrito fat) Motor em funcionamento gerando um torque Tm, com disco de raio r acoplado submetido a uma força de atrito fat Balança fat r Tm Força F ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 11 Esse dinamômetro funciona sob o princípio que estabelece que, ao se aplicar uma força F em um braço de comprimento R rigidamente apoiado, surgirá um momento M calculado como sendo M = F x R , conforme a figura a seguir: Para obter os dados fornecidos pela aplicação do freio de Prony, é preciso saber que: • Trabalho é definido pela multiplicação da força aplicada em um ponto material pela distância percorrida pelo mesmo mediante a aplicação da força: (1) T = F x d • Perímetro de uma circunferência é calculado como sendo 2 × π × raio da circunferência: (2) P= 2πr • Potência é a relação entre um trabalho realizado e o tempo despendido nessa realização: (3) Potência N = Trabalho T Tempo t Com os elementos acima e sabendo-se que a periferia do volante percorre, no intervalo de uma rotação, a distância 2 × π × r (perímetro) contra a força de atrito fat (aplicada pela cinta), teremos, a cada rotação: (4) Trabalho T = 2 × π × r × fat O torque resistente ao atrito é formado pelo produto da leitura P da balança e do valor do comprimento do braço de alavanca R. Esse torque será exatamente igual ao produto resultante de r vezes fat. É útil notar que tal torque tende a mover o braço de alavanca. Então, temos que: (5) r x fat = F x R Apoio Fixo Força F aplicada Braço de comprimento R Momento Torsor M gerado CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 12 Fazendo a substituição de r x fat = F x R em 2 × π × r × fat (equação 5 na equação 4), teremos: Trabalho (em uma rotação do motor) = 2 x π x F x R Se o motor funcionar a n rotações, o trabalho desenvolvido no tempo (ou potência) será dado por: (6) N= 2 x π x F x R x n Ou seja, mantendo-se constante a rotação do motor e conhecendo-se o braço R do dinamômetro associado à leitura F da balança, pode-se obter o torque no eixo do motor. Uma vez tendo-se obtido o torque no eixo do motor (F x R), pode-se calcular a potência do motor, utilizando unidades coerentes. Assim, pode-se calcular: a) Potência do motor ( simbolizada por “N”) em quilowatts (kW). A potência em quilowatts é dada pela expressão: (7) 1000 60 2 nxFxRxx N π = ou simplificando => (7a) xFxRxnN 00010472,0= ou ainda (7b) xTmxnN 00010472,0= Onde: - F é dado em newton (N) – Representando a força lida na balança - R é dado em metros (m) – Braço do dinamômetro - n é dado em rpm (rotações por minuto do motor) - Tm é dado em newton metro (Nm) – Representando o torque obtido pelo dinamômetro ATENÇÃO! 1. As expressões acima já fornecem o valor da potência do motor em quilowatts, pois o valor de 2 x π x F x R x n é dividido por 1000. 2. O torque no eixo do motor (Tm) é dado em Newton x metro (Nm), e é obtido através da multiplicação F x R. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 13 b) Potência em cavalo vapor (cv). A potência em cv é dada pela expressão: (8) 4500 2 xFxRxnxN π= ou simplificando => (8a) xFxRxnN 001396,0= ou ainda (8b) xTmxnN 001396,0= Onde: - F é dado em quilograma-força (kgf) – Representando a força lida na balança - R é dado em metros (m) – Braço do dinamômetro - n é dado em rpm (rotações por minuto do motor) - Tm é dado em metro-quilograma-força (mkgf) – Representando o torque obtido pelo dinamômetro ATENÇÃO! 1. A expressão acima já fornece o valor em cavalo vapor, pois o valor de 2 x π x F x R x né dividido por 4500 (fator de conversão). 2. O torque no eixo do motor (Tm) é dado em metro x quilograma x força (mkgf), e é obtido através da multiplicação F x R. OBSERVAÇÕES • A potência calculada sem a utilização do fator de conversão é obtida na unidade (mkgf/min). A constante 4500 é resultante da definição de cv, que é a potência necessária para elevar uma carga de 75 quilogramas à altura de um metro no intervalo de um segundo, o que corresponde a 75 x 60 = 4500. • É comum encontrar-se dinamômetros em que a leitura do instrumento de medição já é o próprio torque, ou seja, já são levados em conta o comprimento do braço e a força aplicada. Nestes casos, a potência é calculada diretamente sem a preocupação com F e R. INCONVENIENTES DO DINAMÔMETRO DE PRONY CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 14 O Freio de Prony apresenta vários inconvenientes operacionais, destacando-se o fato de manter a carga constante independentemente da rotação empregada. Assim, se a rotação cai em virtude de o motor não suportá-la, teremos o início de uma queda contínua até a parada total do motor. Por causa disso, essas máquinas foram substituídas por dinamômetros mais versáteis, com a predominância dos dinamômetros hidráulicos, nos quais a carga aplicada varia em razão diretamente proporcional ao cubo da rotação. Se a rotação cair, a carga imposta pelo dinamômetro diminuirá, dando tempo ao operador de reajustar a carga e corrigir a rotação para o valor desejado. DINAMÔMETRO HIDRÁULICO O dinamômetro hidráulico é constituído de uma carcaça metálica estanque apoiada em dois mancais coaxiais com os mancais do eixo. Duas séries de conchas, uma montada sobre o eixo e outra na carcaça, encontram-se em contraposição. O espaço interno entre ambas as séries de conchas é preenchido com água que, ao ser impulsionada pelas conchas do rotor, aplica uma força nas conchas da carcaça. Essa força, ao ser medida, possibilita a leitura do torque gerado pelo motor. Nos dinamômetros hidráulicos, o freio é exercido pela ação de um rotor que, pressionando água contra aletas fixas na carcaça, produz o mesmo efeito físico presente no Freio de Prony. O braço e a balança, embora possam ser empregados neste tipo de equipamento, foram substituídos por uma célula de carga as quais já fornecem o valor de torque do motor (Tm). As células de carga, muitas vezes, são constituídas de um cristal de quartzo. A compressão exercida pela extremidade do braço do dinamômetro gera um efeito piezelétrico no cristal de quartzo, que se transforma em leitura para o instrumento. Em alguns casos, em vez de cristal de quartzo, utiliza-se uma câmara de pressão acoplada a um transdutor que executa a mesma função. OUTROS DINAMÔMETROS A título de informação, lembramos que existem outros tipos de dinamômetros, comentados resumidamente a seguir. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 15 DINAMÔMETRO DE CORRENTES DE FOUCAULT (PARASITAS) É constituído por um rotor acionado pelo motor em prova, girando imerso em um campo magnético. A intensidade do campo é controlada através de uma bobina alimentada por corrente contínua, podendo-se, assim, variar a carga aplicada. Em um circuito de arrefecimento, a água dissipa o calor gerado pelas correntes parasitas. Como nos demais dinamômetros, o esforço que tende a transmitir movimento à carcaça é medido, e então podem-se conhecer os valores de potência e torque. DINAMÔMETRO DE CORRENTE CONTÍNUA Este dinamômetro é o mais utilizado nos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de motores, admitindo as seguintes configurações: • passiva (o dinamômetro é movimentado pelo motor de combustão interna); • ativa (o dinamômetro movimenta o motor de combustão interna). O dinamômetro de corrente contínua é composto por um gerador elétrico que, ao ser acionado pelo motor em prova, produz energia elétrica. Tal energia será consumida por uma carga variável (cuba eletrolítica ou resistores). A medição do torque exige correção dos instrumentos elétricos para compensar o rendimento do gerador. Esse dinamômetro tem a vantagem de poder ser utilizado como motor elétrico para medição da potência de atrito do motor que está sendo testado; pode-se também, com ele, simular as condições de freio motor. OBSERVAÇÃO Lembre-se de que os detalhes técnicos de cada dinamômetro devem ser pesquisados, sempre, em consulta a catálogos do próprio fabricante. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 16 RESULTADOS DOS ENSAIOS EM DINAMÔMETROS Dependendo do local onde a medição é realizada, obtém-se um valor determinado pelas circunstâncias da medição: as características de pressão, umidade e temperatura. Outro fator que influi no resultado é o ponto do motor onde é feita a medição: se na câmara de combustão ou no eixo do motor. Assim, quando são efetuados os ensaios, deve-se levar em conta os seguintes conceitos: • Valores observados: valores obtidos nas condições de temperatura, pressão e umidade no instante do ensaio. • Valores corrigidos ou reduzidos: valores obtidos devido à correção dos valores observados. Esta correção refere-se às condições padrão de temperatura, pressão e umidade da norma (no nosso caso a ABNT ISO1585). Note que o termo redução NÃO se refere somente à diminuição de valores e sim a alteração dos valores para mais ou menos, referente aos valores observados. • Valores indicados: valores obtidos na câmara de combustão. • Valores efetivos: valores obtidos no eixo do motor, ou seja, são considerados os atritos internos e externos devido à movimentação dos componentes do motor. • Valores Líquidos: Valores obtidos com todos os periféricos do motor acoplados escapamento, filtro de ar, alternador, bomba de água etc. • Valores Brutos: Valores obtidos quando do ensaio de desempenho do motor sem os periféricos escapamentos, direção hidráulica, ar condicionado e filtro de ar (opcional). Com a associação dos valores listados acima aos conceitos de torque e potência, obtém-se uma nomenclatura dos resultados obtidos nos ensaios dinamométricos. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 17 Isto é, quando são realizados esses ensaios, é possível obter valores referentes a: • Torque efetivo observado líquido: é o torque obtido no eixo do motor com todos os seus periféricos e consumidores acoplados nas condições de temperatura, pressão e umidade no instante do ensaio. • Torque efetivo observado bruto: é o torque obtido com o motor operando sem escapamento, ventilador e filtro de ar (opcionalmente) nas condições de temperatura, pressão e umidade no instante do ensaio. Geralmente, dependendo da rotação de trabalho do motor, o torque efetivo bruto fornece valores maiores quando comparado ao torque efetivo líquido. • Torque efetivo reduzido líquido: é o torque obtido no eixo do motor com todos os seus periféricos e consumidores acoplados nas condições de temperatura, pressão e umidade corrigidas conforme a norma NBR ISO1585. • Torque efetivo reduzido bruto: é o torque obtido com o motor operando sem escapamento, ventilador e filtro de ar (opcionalmente) nas condições de temperatura, pressão e umidade, corrigidas conforme a norma NBR ISO1585. • Torque de atrito: é o torque consumido internamente pelo motor devido às partes móveis do mesmo e à compressão (ou bombeamento) do gás. O torque de atrito também é chamadode torque de perdas. Em alguns casos, o torque devido à compressão é considerado à parte. • Potência efetiva observada líquida: é a potência obtida no eixo do motor com todos os seus periféricos e consumidores acoplados nas condições de temperatura, pressão e umidade no instante do ensaio. • Potência efetiva observada bruta: é a potência obtida com o motor operando sem escapamento, ventilador e filtro de ar (opcionalmente) nas condições de temperatura, pressão e umidade no instante do ensaio. Comumente a potência efetiva bruta fornece valores maiores quando comparada à potência efetiva líquida. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 18 • Potência efetiva reduzida líquida: é a potência obtida no eixo do motor com todos os seus periféricos e consumidores acoplados nas condições de temperatura, pressão e umidade, corrigidas conforme a norma NBR ISO1585. • Potência efetiva reduzida bruta: é a potência obtida com o motor operando sem escapamento, ventilador e filtro de ar (opcionalmente) nas condições de temperatura, pressão e umidade corrigidas, conforme a norma NBR ISO1585. • Potência indicada observada líquida: é a potência desenvolvida pelo motor devido ao trabalho de combustão gerado na parte superior dos êmbolos, com todos os seus periféricos e consumidores acoplados, nas condições de temperatura, pressão e umidade no instante do ensaio. • Potência indicada reduzida líquida: é a potência desenvolvida pelo motor devido ao trabalho de combustão gerado na parte superior dos êmbolos, com todos os seus periféricos e consumidores acoplados, nas condições de temperatura, pressão e umidade corrigidas conforme a norma NBR ISO1585. • Potência de atrito: é a potência consumida internamente pelo motor devido às partes móveis do mesmo e à compressão (ou bombeamento) do gás. A potência de atrito também é chamada de potência de perdas. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 19 CONCEITOS BÁSICOS DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA Para estudar as características dos motores, é necessário conhecer alguns conceitos que descrevem a qualidade dos motores. São elas: • Rendimento térmico; • Rendimento mecânico; • Rendimento global; • Rendimento volumétrico; • Cilindrada total do motor; • Taxa de compressão teórica ou volumétrica; • Taxa de compressão real ou dinâmica; • Velocidade e aceleração do êmbolo. Este é o assunto deste capítulo. RENDIMENTO TÉRMICO DO MOTOR O rendimento térmico é a relação entre a potência indicada (ou seja, obtida na câmara de combustão) e o fluxo de calor (ou energia) fornecido pelo combustível. Vejamos por quê. Como o motor de combustão interna é uma máquina térmica, a produção da potência e do torque indicados decorre do fornecimento de calor proveniente do combustível, ou seja: (9) xpcimcQ .. = Onde: - . Q é o calor fornecido pelo combustível por unidade de tempo ou fluxo de calor ( kcal/s; kcal/h; kW etc.). - . mc é o consumo ou o fluxo em massa do combustível (kg/s; kg/h etc.) - pci é o poder calorífico inferior do combustível (kcal/kg etc.). CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 20 A energia . Q disponível pelo combustível não é totalmente aproveitada na transformação da potência e do torque do motor devido às perdas que ocorrem nas trocas de calor com o fluido de arrefecimento e o ambiente externo; além disso, em algumas situações, a combustão não é completa. Diante desses fatos, pode-se definir o rendimento térmico como sendo a relação entre a potência indicada (ou seja, obtida na câmara de combustão) e o fluxo de energia (ou calor) fornecido pelo combustível. A representação matemática dessa relação é a seguinte: (10) . Q Nit =η Onde: - ηt é o rendimento térmico (adimensional) - Ni é a potência indicada (kcal/s; kcal/h; kW; cv etc.). - . Q é o calor fornecido pelo combustível por unidade de tempo ou fluxo de calor (kcal/s; kcal/h; J/s; kW etc.) OBSERVAÇÃO: Os valores referenciais de rendimento térmico dos motores de combustão interna estão na ordem de 32%. Os motores que operam sob o ciclo Diesel têm valores de rendimento térmico comumente maiores que os motores que operam sob o ciclo Otto. RENDIMENTO MECÂNICO DO MOTOR Levando-se em consideração as definições e conceitos apresentados no capítulo anterior, pode-se verificar que os valores indicados são normalmente superiores aos valores efetivos. Isso se deve, principalmente, às perdas da energia necessária para a movimentação do motor. Com isso, pode-se definir o rendimento mecânico como sendo: (11) Ni Ne η =m ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 21 Onde: - ηm é o rendimento mecânico (adimensional) - Ni é a potência indicada (kcal/s; kcal/h; kW; cv etc.). - Ne é a potência efetiva (kcal/s; kcal/h; kW; cv etc.). OBSERVAÇÃO: Os valores referenciais de rendimento mecânico dos motores de combustão interna estão na ordem de 82% dependendo da rotação de trabalho, quantidade de válvulas, tipo de acionamento etc. RENDIMENTO GLOBAL DO MOTOR Rendimento global do motor ou rendimento térmico efetivo do motor é o rendimento total do motor considerando-se todas as perdas envolvidas. Pode ser calculado das seguintes maneiras: (12) . Q Ne η =g Ou, ainda, (13) ηg = ηt x ηm Onde: - ηg é o rendimento global (adimensional) - ηt é o rendimento térmico (adimensional) - ηm é o rendimento mecânico (adimensional) - Ne é a potência efetiva (kcal/s; kcal/h; kW; cv etc.). - . Q é a energia fornecida pelo combustível por unidade de tempo ou fluxo de calor (kcal/s; kcal/h; J/s; kW etc.). A seguir, apresentamos uma representação esquemática das relações entre os rendimentos e potências resultantes. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 22 Verifique através do esquema as seguintes relações: (14) Ni = Ne + Na (15) Ne = Ni – Na (16) Na = Ni – Ne RENDIMENTO VOLUMÉTRICO Rendimento volumétrico é a relação entre a massa de ar que o motor admite e a massa de ar que o motor poderia admitir nas condições de entrada, ou seja, considerando-se a temperatura e a pressão externas. ηg ηt ηm Q (calor fornecido) Ni (potência indicada) Na (potência de atrito) Ne (potência efetiva) Te, mae, Pe, ρe Tc, mac, Pc, ρc ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 23 (17) Onde: • ηv é o rendimento volumétrico (adimensional) • . mac é o fluxo em massa de ar no cilindro do motor, ou seja, o fluxo de ar efetivamente admitido (kg/h; kg/s etc.) • . mae é o fluxo em massa de ar na entrada do motor (kg/h; kg/s etc.). • Tc é a temperatura do ar dentro do cilindro na fase de admissão (K) • Te é a temperatura do ar na entrada do motor (K) • Pe é a pressão do gás na entrada do motor (kgf/cm² ;bar etc.). • Pc é a pressão do gás no cilindro do motor na fase de admissão (kgf/cm² ;bar etc.). • ρe é a densidade do ar na entrada do motor (kg/dm³; g/cm³ etc.). • ρc é a densidade do ar no cilindro do motor na fase de admissão (kg/dm³; g/cm³ etc.). Considerando o ar como gás perfeito e lembrando da equaçãode Clapeyron, temos: (18) P x V = m x R x T Onde: • P é a pressão do gás (kgf/cm² ;bar; etc.). • V é o volume específico do gás (dm³; cm³; etc.). • m é a massa do gás (kg; g; etc.). • R é a constante universal do ar (29,3kgfm/kgK ou 8,31 J/molK ou 0,082 atml /molK) • T é a temperatura do gás (K) Também sabemos que a densidade equivale à relação entre a massa e o volume, ou seja: (19) v m=ρ ou (20) ρ x v = m Onde: • ρ é a densidade do gás (kg/dm³; g/cm³; etc.). • v é o volume do gás (dm³; cm³; etc.). • m é a massa do gás (kg; g; etc.). . . mae macv η = CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 24 Fazendo ρ x v em P x v = m x R x T , teremos : P x v = ρ x v x R x T Resultando em: 21) T R ρ P ×= 22) TR P ρ = Lembremos que, durante a fase de admissão, o ar entra nos cilindros devido à diferença de pressão entre a região da entrada e a câmara de combustão. Além disso, o ar sofre um aumento de temperatura. Ou seja: Tc > Te Pc < Pe Considerando o que já foi dito e a expressão (22) TR P ρ = , teremos que a densidade do ar na câmara de combustão é menor que a densidade do ar na entrada do motor, ou seja: ρc < ρe Onde: • ρc é a densidade do ar na câmara de combustão (kg/dm³; g/cm³ etc.). • ρe é a densidade do ar na entrada do motor (kg/dm³; g/cm³ etc.). Com isso, verificamos que o “enchimento do motor” dá-se com o ar mais rarefeito em relação ao ar na entrada. Pode-se calcular a massa de ar na entrada do motor como sendo: • Para motores 4 tempos: (23) 2 n Ct ρe mae . ××= ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 25 • Para motores 2 tempos: (23a) n Ct ρe mae . ××= Pode-se calcular, também, a massa de ar no cilindro como sendo: • Para motores 4 tempos: (24) v 2 n Ct ρe mac . η×××= • Para motores 2 tempos: (24a) v n Ct ρe mac . η×××= Onde: • mae. = é o fluxo em massa de ar na entrada do motor (kg/s; kg/h etc.). • mac. = é o fluxo em massa de ar no cilindro (kg/s; kg/h etc.). • ρe é a densidade do ar na entrada o motor (kg/dm³; g/cm³ etc.). • Ct é a cilindrada do motor (dm³; cm³; etc.). • n é a rotação do motor (rpm; rps etc.). • ηv é o rendimento volumétrico do motor (adimensional) OBSERVAÇÃO REFERENTE A TURBOCOMPRESSORES Normalmente denominada turbina, turbocompressor, sobre-alimentador, supercarregador, ou simplesmente turbo, o turbo alimentador é um dos responsáveis pelo aumento do rendimento volumétrico do motor. No caso dos motores Diesel, o turbo alimentador tem a finalidade de elevar acima da pressão atmosférica a pressão do ar no coletor de admissão. Isso torna possível depositar maior massa de ar no mesmo volume; conseqüentemente, a quantidade de combustível é aumentada, resultando em mais potência para o motor. Para melhorar os efeitos do turbo alimentador, adiciona-se ao sistema de admissão de ar um processo de arrefecimento do ar admitido, normalmente denominado de aftercooler ou intercooler (dependendo da posição em que se encontra instalado). Esse processo tem a CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 26 finalidade de reduzir a temperatura do ar, contribuindo para aumentar, ainda mais, a massa de ar no interior dos cilindros. A tendência, para o futuro, é que todos os motores Diesel sejam turbo-alimentados. Nos motores turbo-alimentados, o rendimento volumétrico pode chegar a ser maior que 100%. CILINDRADA TOTAL DO MOTOR A cilindrada é definida como sendo a soma dos volumes dos cilindros do motor, sendo este volume caracterizado pelo diâmetro do êmbolo e pelo espaço que ele percorre entre o PMS (ponto morto superior) e PMI (ponto morto inferior), ou seja, o curso do êmbolo. Pode-se calcular a cilindrada total do motor com o auxílio da seguinte fórmula: (25) 4 nc h D Ct 2 ×××= π Onde: • Ct é a cilindrada total do motor (dm³; cm³; l etc.) • π é a constante 3,1416 • D é o diâmetro do êmbolo (mm; cm etc.). • h é o curso do êmbolo (cm; mm etc.). • nc é o número de cilindros do motor Analogamente, pode-se definir a cilindrada unitária do motor utilizando a mesma fórmula e considerando nc = 1. OBSERVAÇÕES 1. O curso do êmbolo não leva em consideração o volume da câmara de combustão. 2. Câmara de combustão é a região onde a mistura ar-combustível é comprimida. O volume da câmara de combustão é definido como sendo o volume entre a parte superior do êmbolo (quando este encontra-se no PMS) e a superfície do cabeçote. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 27 TAXA DE COMPRESSÃO TEÓRICA OU VOLUMÉTRICA Quando o êmbolo encontra-se no PMI, o volume ocupado pelos gases é caracterizado pela soma do volume referente à cilindrada unitária e o volume da câmara de combustão. A lei de Boyle-Mariotte sobre a compressibilidade dos gases estabelece que, mantendo-se a temperatura constante (reação isotérmica), os volumes de uma massa de gás estão na razão inversa das pressões que são exercidas. Por causa disso, quando o volume de uma massa gasosa é diminuída em x vezes, aumenta-se a pressão na mesma proporção. Como no motor de combustão interna o volume da mistura ar-combustível é comprimido na razão do volume referente à cilindrada unitária, e do volume da câmara de combustão, é de se esperar que a pressão aumente conforme aumente a relação desses volumes. Assim sendo, o significado de um motor ter taxa de compressão (ou relação de compressão) de 10,0:1 é que, entre o início da fase de compressão (êmbolo no PMI) e final da fase de compressão (êmbolo no PMS), o volume da mistura será reduzido em 10 vezes; conseqüentemente, a pressão aumentará em 10 vezes em relação às condições iniciais. Da lei de Boyle-Mariotte, pode-se obter a seguinte relação: Pi Pf Vf Vi = Onde: • Vi é o volume inicial da massa gasosa • Vf é o volume final da massa gasosa • Pi é a pressão inicial da massa gasosa • Pf é a pressão final da massa gasosa Estabelecendo a relação acima com o motor de quatro tempos, iremos obter: (26) Tct Pi Pf Vc Cu Vc ==+ CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 28 Onde: • Vc é o volume total da câmara de combustão (dm³; cm³; l etc.). • Cu é a cilindrada unitária (dm³; cm³; l etc.). • Tct é a taxa de compressão teórica (adimensional) TAXA DE COMPRESSÃO REAL OU DINÂMICA Na sessão anterior, verificamos que a relação de compressão pode ser definida através da lei de Boyle-Mariotte. Porém, isso só vale para condições de temperatura constante. No motor de combustão interna, durante a fase de compressão, ocorre um aumento de temperatura com conseqüente aumento da pressão interna. Em conseqüência disso, a taxa de compressão teórica sofrerá correções. O novo valor obtido é denominado de relação ou taxa de compressão real ou dinâmica. Retornando à definição de taxa de compressão teórica, temos: (26) Tct Pi Pf Vc Cu Vc ==+ Isolando a pressão final, teremos: (27) Pf Pi xTct Vc Pi x Cu) (Vc ==+ Considerando-se agora a temperatura inicial absoluta (Tiabs) e a temperatura final absoluta (Tfabs), teremos que a taxa de compressão real (ou dinâmica) é: (28) Tiabs Tfabs Vc Cu Vc Tcr ×+=Ou seja, a taxa de compressão real (ou dinâmica) é dada por: (29) Tiabs Tfabs xTct Tcr = ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 29 Podemos ainda determinar a pressão final dinâmica (Pfd) como sendo: (30) Pfd = Pi x Tcr Onde: • Vc é o volume da câmara de combustão (dm³; cm³; l etc.). • Cu é a cilindrada unitária (dm³; cm³; l etc.). • Tct é a taxa de compressão teórica (adimensional) • Pi é a pressão inicial (bar; kgf/cm² etc.). • Pf é a pressão final (bar; kgf/cm² etc.). • Pfd é a pressão final dinâmica (bar; kgf/cm² etc.). • Tcr é a taxa de compressão real (adimensional) • Tiabs é a temperatura inicial absoluta (K) • Tfabs é a temperatura final absoluta (K) EXEMPLO DE CÁLCULO DE TAXA DE COMPRESSÃO TEÓRICA Os componentes de um motor de combustão interna ciclo Otto 4 tempos foram medidos conforme os valores fornecidos abaixo. Determine a taxa de compressão teórica desse motor. • Volume da câmara no cabeçote = 30cm³ • Diâmetro do êmbolo = 81mm • Curso do êmbolo = 85mm • Espessura da junta do cabeçote = 2,0mm • Volume entre a face superior do êmbolo e a face do cabeçote = 8,5cm³ Resolução Para verificar a taxa de compressão teórica do motor, calcula-se inicialmente: • A cilindrada unitária; • O volume da junta do cabeçote; • O volume da câmara de combustão (volume da junta do cabeçote + volume da face superior do êmbolo + volume da câmara no cabeçote). CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 30 A cilindrada unitária é calculada através da expressão: 33 2 cm 437,78 ou mm 437782 4 18581 Cu =×××π= O cálculo do volume referente à junta do cabeçote é realizado com a expressão: 33 2 cm 10,3 ou mm 10300 4 2,0 81 junta da Volume =××π= O volume total da câmara de combustão é: Vc = 10,3 + 30 + 8,5 = 48,8 cm³ De posse desses valores, pode-se calcular a taxa de compressão teórica como sendo: Tct = 48,8 + 437,78 = 9,97 :1 48,8 EXEMPLO DE CÁLCULO DE TAXA DE COMPRESSÃO DINÂMICA Após ter sido determinada a taxa de compressão teórica, o motor foi enviado para um dinamômetro a fim de que fossem efetuados alguns levantamentos acerca de seu desempenho (performance). Ao ser submetido a uma determinada condição de rotação e carga, os seguintes valores médios foram obtidos: • Temperatura no início da compressão = 37ºC • Temperatura no final da compressão = 190ºC Determine a taxa de compressão dinâmica do motor nas condições indicadas acima. Resolução Para determinar a taxa de compressão dinâmica do motor, é necessário, primeiramente, converter os valores das temperaturas inicial e final de compressão para valores absolutos (ou seja converter graus Celsius para Kelvin): 37ºC = 37 + 273 K = 310 K 190ºC = 190 + 273 K = 463 K ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 31 A expressão usada para o cálculo é a seguinte: Tiabs Tfabs x Tct Tcr = 1 :14,89 310 463 x 9,97 Tcr == VELOCIDADE E ACELERAÇÃO DO ÊMBOLO Os motores de combustão interna possuem uma cinemática que parte de um movimento de translação alternativo, gerando um movimento rotativo através da árvore de manivelas. Os esforços decorrentes dos movimentos dos componentes precisam ser conhecidos para que com isto sejam efetuados os dimensionamentos necessários. É preciso lembrar, inicialmente, que uma rotação do motor equivale ao movimento de subida e descida do êmbolo, ou seja, o curso do êmbolo multiplicado por 2. A velocidade média do êmbolo pode ser calculada conhecendo-se os valores referentes ao curso e à rotação do motor. Para isso, usa-se a seguinte expressão: 31) 60 n 2 h Vme ××= ou 31a) nxhx0,033Vme = Onde: • Vme é a velocidade média do êmbolo (m/s; mm/s etc.). • h é o curso do êmbolo (m; mm etc.). • n é a rotação do motor (rpm) • 2 é uma constante, porque o espaço percorrido pelo êmbolo é considerado quando da sua subida e descida em uma rotação do motor. • 60 é uma constante relativa à conversão de rotações por minuto do motor para rotações por segundo. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 32 EXEMPLO DE CÁLCULO DE VELOCIDADE MÉDIA DO ÊMBOLO O motor dos nossos exemplos 1 e 2, quando do ensaio em dinamômetro, estava a 6000 rpm. Qual a velocidade média do êmbolo? Resolução De posse dos valores do curso do êmbolo (fornecidos anteriormente) e da rotação do motor, pode-se calcular a velocidade média como sendo: m/s 17,0 mm/s 17000 60 6000 2 85Vme ==××= De modo extremamente resumido, iremos definir a velocidade instantânea e a aceleração instantânea do êmbolo. Observe o esquema a seguir: r r+l x PMS rcosα lcosβ l β α ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 33 A determinação da posição instantânea do êmbolo a partir do PMS será dada por: (32) Xins = (r + l) – ( rcosα + lcosβ) Denominando ∆ como sendo a relação entre r e l, ou seja, ∆ = l r , a determinação da velocidade instantânea do êmbolo a partir do PMS será dada por: (33) )α∆α sen2 2 (sen r Vins ×+××=ϖ A determinação da aceleração instantânea do êmbolo a partir do PMS será dada por: (34) )α∆α∆ ∆α cos6 x 0,703 cos4 - 4 - cos2a (cos r Ains 5 3 2 ++××= ϖ Onde: • Xins é a posição instantânea do êmbolo (m; cm; mm etc.) • Vins é a velocidade instantânea do êmbolo (m/s; mm/s etc.). • Ains é a aceleração instantânea do êmbolo (m/s²; mm/s² etc.). • ϖ é a velocidade angular (rad/s). OBSERVAÇÃO As expressões anteriores são simplificadas e são válidas para relações r/l menores que 0,33. Recomenda-se que seja consultada literatura especializada, caso se queira aprofundar nos métodos para obtenção das expressões. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 34 COMBUSTÃO NOS MOTORES Como sabemos, nos motores a álcool ou gasolina, a produção de movimento começa pela queima de combustível na câmara de combustão. O desempenho do motor depende fundamentalmente da maneira como essa queima se processa, ou seja, se todo o combustível utilizado se transforma realmente em trabalho. Em um ciclo completo do pistão, o trabalho só é realizado quando ocorre a explosão do combustível. Isso depende de uma série de fatores como, por exemplo, o poder calorífico do combustível, a temperatura da câmara de combustão, a quantidade de combustível fornecida, o instante da ignição etc. Neste capítulo, estudaremos o processo de combustão nos motores e todas as variáveis que influem nesse processo. RELAÇÃO AR-COMBUSTÍVEL A relação ar-combustível é a relação entre a massa de ar (ma) e a massa de combustível (mc), ou seus respectivos consumos. Matematicamente, essa relação é representada por: mc ma real F A = Onde: (35) motor do real lcombustíve-ar relação real F A = ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 35 RELAÇÃO COMBUSTÍVEL-AR A relação combustível-ar é exatamente o inverso da relação ar-combustível, ou seja: (36) ma mc real A F = Onde: (37) motor do real arlcombustíve relação real A F −= RELAÇÃOLAMBDA (λ) OU FRAÇÃO RELATIVA AR-COMBUSTÍVEL A relação Lambda (λ) é a relação entre as relações ar-combustível reais e as relações ar- combustível ideais ou estequiométricas, ou seja: (38) ideal A/F real A/F (λ Lambda =) Onde: • Lambda (λ) é a fração relativa Ar-Combustível (adimensional) OBSERVAÇÃO Quando λ = 1,000 a mistura denomina-se estequiométrica. Quando λ > 1,000 a mistura denomina-se pobre. Quando λ < 1,000 a mistura denomina-se rica. • A/F Real é a relação ar-combustível real do motor (adimensional) • A/F Ideal é a relação ar-combustível estequiométrica do motor, ou seja, a quantidade de ar fornecida é exatamente a quantidade necessária para a queima total do combustível (relação teórica). CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 36 OBSERVAÇÕES • Para a gasolina brasileira, que contém álcool em sua composição, a relação estequiométrica em peso vale aproximadamente 13,3:1 (gasolina com 22% de álcool anidro comumente denominada E22% ou B22%). Isso significa que são necessárias 13,3 partes de ar para cada parte de combustível. • Para o álcool hidratado, a relação estequiométrica em peso vale aproximadamente 8,4:1, ou seja, seriam necessárias 8,4 partes de ar para cada parte de combustível. • Para o álcool anidro, a relação estequiométrica em peso vale aproximadamente 9:1. Assim, são necessárias 9 partes de ar para cada parte de combustível. OBSERVAÇÃO No caso do álcool hidratado verifica-se que a água presente não participa da combustão, devido a isto dependendo do estudo que está sendo efetuado considera-se a relação estequiométrica do álcool hidratado igual a 9:1 PODER CALORÍFICO DO COMBUSTÍVEL É a quantidade de energia por unidade de massa que se desprende durante a combustão completa do combustível. O poder calorífico pode ser classificado em poder calorífico superior ou poder calorífico inferior. Tem-se o poder calorífico superior (PCS) quando a água proveniente da combustão é obtida na forma líquida. O poder calorífico inferior (PCI) é obtido quando a água proveniente da combustão é obtida na forma de vapor. O poder calorífico utilizado nos cálculos de calor em motores de combustão interna deve ser o inferior (PCI). Carbono (C) e hidrogênio (H) são os elementos que mais contribuem para o poder calorífico dos combustíveis. O oxigênio (O) está geralmente presente em combustíveis vegetais (como o álcool) e sua presença diminui o poder calorífico além das exigências teóricas (ou estequiométricas) de ar na combustão, conforme descrito no item anterior. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 37 Diante dessas duas observações, é possível entender algumas das razões da diferença de consumo entre motores álcool e gasolina. Como curiosidade, observe a tabela a seguir: TIPO DE COMBUSTÍVEL GASOLINA PURA – E0% (EUROPA) GASOLINA COM 22% ÁLCOOL ANIDRO – E22% (BRASIL) ÁLCOOL ETÍLICO HIDRATADO COMBUSTÍVEL- E100% (AEHC) FÓRMULA QUÍMICA (CORRELACIONANDO OS VOLUMES DAS MISTURAS ENVOLVIDAS) C8H18(ISOOCTANA) 0,78C8H17 + 0,22C2H5OH 0,956C2H5OH + 0,014H2O + 0,03C8H17 RELAÇÃO ESTEQUIOMÉTRICA 14,6:1 em peso 13,3:1 em peso 8,4:1 à 8,98:1 em peso (dependendo da quantidade de água e do estudo a ser efetuado conforme observação anterior) pci (kcal/kg) 10311 9458 6496 OBSERVAÇÕES • Os dados da tabela podem sofrer pequenas alterações dependendo do combustível utilizado. • O álcool combustível utilizado no Brasil pode ser acrescido de até 3% de gasolina. • O álcool hidratado possui 6,4% de água em sua composição. VOLATILIDADE A volatilidade é a tendência que o combustível tem de se evaporar. Os ensaios de destilação demonstram a parcela evaporada do combustível em função da temperatura para gasolina brasileira (E22%). Destilação Ponto Inicial Ebulição (°C) 30-45 Destilação 10% Evaporado (°C) 45-70 Destilação 50% Evaporado (°C) 70-140 Destilação 90% Evaporado (°C) 140-200 Destilação Ponto Final Ebulição (°C) 220 CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 38 Por se tratar de substância “pura”, o álcool tem seu ponto de ebulição em torno de 79°C a pressão de 1 bar. Por ser menos volátil, o álcool tem maior dificuldade de combustão, dificuldade esta aumentada devido à maior massa utilizada. Em função do baixo poder calorífico do álcool, torna-se necessário o aumento da massa de combustível para obter a mesma energia (quando comparado com a gasolina). Diante disso, é possível entender algumas das razões da necessidade de implementação de novas tecnologias ou da adoção de sistemas auxiliares para otimização do funcionamento de motores a álcool devido a diferença de funcionamento quando comparado com motores a gasolina: • Durante a fase de partida do motor, quando a temperatura ambiente encontra-se entre 13°C e 25°C, acontecem às dificuldades de partida (tempos prolongados), com conseqüente aumento das emissões de escapamento (hidrocarbonetos). • Em temperaturas abaixo de 10°C, surge à necessidade de várias partidas ou até a impossibilidade de funcionamento do motor, pois, à medida que a temperatura diminui, aumenta a diferença em relação ao ponto de ebulição. Desenvolvimentos constantes são efetuados visando a definição de novos componentes ou sistemas de partida que possibilitem a partida do motor nestas temperaturas. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 39 DETONAÇÃO, AUTO-IGNIÇÃO E PRÉ-IGNIÇÃO Nos motores de ignição por faísca (sem injeção direta), ocorre a alimentação de uma mistura ar-combustível durante a fase de admissão. Durante a fase de compressão, ocorre a faísca proveniente dos eletrodos da vela provocando, com isto, o início de reações de oxidação do combustível. Tais reações, por sua vez, geram a propagação da chama na câmara de combustão. Neste capítulo, estudaremos os fenômenos físico-químicos que resultam na detonação, auto-ignição e pré-ignição. RETARDAMENTO DA COMBUSTÃO O processo que provoca as reações de oxidação ocorre sob pressão constante (transformação isobárica) demandando um tempo que é denominado de retardamento químico da combustão. Esse “atraso” implica a necessidade de que a faísca ocorra antes do êmbolo estar no PMS, pois, para que sejam obtidos os melhores resultados de potência, é desejável que a máxima pressão provocada pela combustão ocorra quando o êmbolo encontra-se ainda muito próximo do PMS. Após terminada a fase do retardamento químico, ocorre a propagação da chama, em velocidade que é determinada pelas seguintes variáveis: • Relação ar-combustível: condições onde verifica-se misturas ricas provocam maior velocidade de propagação da chama. • Turbulências na câmara: as turbulências tendem a aumentar conforme aumenta a rotação do motor ou até mesmo conforme alterações nos projetos de sistemas de indução de ar. Com isso, cresce também a ação de contato entre as partículas em combustão e as que devem reagir na frente da chama, gerando uma maior velocidade na reação. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 40 • Temperatura e pressão: a elevação dessas duas variáveis tende a aumentar a velocidade da chama. • Gases de escape residuais (efeito EGR): os gases residuais tendem a diminuir a velocidade da chama.O retardamento da combustão e a propagação da chama podem ser verificados através de sensores de pressão na câmara de combustão dos motores ciclo Otto através da evolução da variação da pressão. Os exemplos a seguir mostram o comportamento da evolução da pressão em função do instante da faísca. Neles, pode-se verificar que o retardamento da combustão é dado pela diferença em graus entre o instante da faísca e a ocorrência da variação da pressão em uma taxa de acréscimo diferenciada da taxa de acréscimo devida somente à compressão. A velocidade da combustão pode ser obtida através da tangente do ângulo formado pela inclinação da curva de variação de pressão em função do ângulo da árvore de manivelas. Ou seja, a velocidade da chama pode ser obtida através de dp/dα. EXEMPLO DE IGNIÇÃO ATRASADA (APÓS O PONTO IDEAL) Trabalho gerado > 0 Ocorrência da faísca muito atrasada gerando um pequeno trabalho positivo e com isto pouca potência Pressão na câmara de combustão (p) Avanço de ignição (α) PMS Variação de pressão devido à compressão Variação de pressão devido à combustão (início após o PMS) ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 41 EXEMPLO DE IGNIÇÃO ADIANTADA (ANTES DO PONTO IDEAL) OBSERVAÇÕES • A região 1 indica a ocorrência de trabalho negativo. Este se deve ao início da elevação da pressão, uma vez que a faísca inicia-se muito antes do PMS. • A região 2 indica a ocorrência de trabalho positivo. Ocorrência da faísca muito adiantada gerando um trabalho negativo e um aumento de pressão Pressão na câmara de combustão (p) Avanço de ignição (α) PMS Variação de pressão devido à compressão Variação de pressão devido à combustão (início antes do PMS) 2 1 CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 42 EXEMPLO DE IGNIÇÃO NO PONTO IDEAL Nos motores ciclo Otto, após o fornecimento da faísca, ocorre o avanço da chama a partir da vela. Nesse momento, a mistura ainda não queimada é comprimida pela fase queimada, sofrendo com isso um aquecimento. Esse aquecimento pode ser suficiente para que ocorra a auto-ignição do combustível (ignição espontânea), provocando um aumento brusco de pressão e a propagação de ondas de choque. Essas ondas geram um ruído metálico com freqüências superiores a 5kHz (normalmente na faixa de 7kHz a 15kHz). Esse fenômeno é denominado de detonação e é comumente chamado pelos mecânicos de “batida de pino”, devido à correlação com o ruído metálico gerado. A detonação gera um aumento da pressão, da temperatura e das tensões nos êmbolos, válvulas, cabeçotes, velas e junta, podendo gerar danos irreversíveis a esses componentes quando da sua ocorrência em grande intensidade ou em tempo contínuo. Ocorrência da faísca no ponto ideal de funcionamento Pressão na câmara de combustão (p) Avanço de ignição (α) PMS Variação de pressão devido à compressão Variação de pressão devido a combustão ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 43 Detonações seguidas irão provocar o aparecimento de pontos quentes na câmara de combustão, os quais podem provocar a ignição espontânea da mistura sem que ocorra a faísca por parte da vela. Esse fenômeno é denominado pré-ignição (ignição espontânea antes da faísca). Da mesma maneira que a detonação a pré-ignição trará sérios danos ao motor PRINCIPAIS CAUSAS PARA SURGIMENTO DA DETONAÇÃO NOS MOTORES OTTO Os principais fatores que geram a detonação nos motores ciclo Otto são os seguintes: • Temperatura elevada do ar de admissão ou da mistura na câmara; • Temperatura elevada do líquido de arrefecimento; • Temperatura elevada do óleo lubrificante; • Aumento da pressão do ar de admissão; • Ignição adiantada; • Baixa turbulência da mistura; • Aumento da carga do motor; • “Empobrecimento” da mistura; • Elevadas taxas de compressão; • Baixo índice de octanas do combustível. ÍNDICE DE OCTANAS O índice de octanas do combustível, geralmente chamado de octanagem, refere-se ao poder antidetonante do combustível. O índice de octanas do combustível é obtido por meio de ensaios em um motor especial monocilíndrico denominado CFR (Cooperative Fuel Research). É necessário observar que o CFR tem sua taxa de compressão variável. Dois combustíveis padrões de referência são utilizados nos ensaios: • a isooctana, que é um combustível com alta resistência à detonação; • a heptana normal, que tem baixa resistência à detonação. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 44 O método de ensaio consiste em operar o motor com o combustível a ser conhecido em condições padrão, ajustando-se a relação de compressão do motor CFR até que ocorra a detonação, em uma intensidade também padronizada. Depois disso, a relação de compressão é mantida e são testadas misturas de heptana normal e isooctana em proporções em que se obtém detonação com intensidade igual à do combustível previamente testado. O percentual de isooctana na mistura heptana-isooctana é denominado índice de octanas do combustível em questão. Existem alguns padrões de ensaio com motor CFR de referência para determinação do número de octanas; tais padrões, devido às diferenças que apresentam de operação do motor, fornecem resultados próprios. Os padrões mais usuais são denominados de RON (Research Octane Number) - comumente chamado de método pesquisa e MON (Motor Octane Number) - comumente chamado de método motor. Segue abaixo uma tabela comparativa de algumas condições padrão de ensaio do índice de octanas pelos padrões RON e MON: MÉTODO MON RON Rotação do motor 900rpm 600rpm Temperatura do coletor 149ºC 52ºC Temperatura do líquido de arrefecimento 100ºC 100ºC Em geral, o padrão de medição MON referencia-se a condições de rotação elevadas e o padrão RON a condições de baixa rotação, ou seja, quando para o mesmo motor efetuamos uma comparação de combustíveis A e B em baixa rotação e observamos que para amostra A de combustível surge a detonação com menores taxas de compressão ou avanço de ignição teremos um indicativo que o índice RON da amostra A é menor que o índice RON da amostra B. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 45 OBSERVAÇÃO Em alguns países é comum definir-se o índice de octanas através da média aritmética entre o padrão MON e o padrão RON, ou seja, o índice antidetonante (IAD) do combustível é calculado como sendo (MON + RON) / 2, o IAD (índice antidetonante) também é chamado de AKI (antiknock index). Sensibilidade do combustível é a diferença entre o índice de octanas obtido no método pesquisa menos o índice de octanas obtido no método motor, ou seja: Sensibilidade = RON - MON Para a gasolina brasileira com 22% de álcool anidro, o número de octanas é especificado como mínimo 82MON o qual equivale a aproximadamente 92RON. Para o álcool, o número de octanas varia entre 104RON e 106RON. A determinação do índice de octanas do álcool (maior que 100) é verificada com a adição de chumbo tetraetila (que é agenteantidetonante) no combustível isooctana pura, efetuando-se o seguinte cálculo: 20,505T5,57T12,78T1 107T −+++ Onde T são os mililitros de chumbo tetraetila por litro de isooctana. OBSERVAÇÃO Esse cálculo é válido somente quando o número de octanas for maior que 100. INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA QUÍMICA DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS NO SURGIMENTO DA DETONAÇÃO A composição química dos combustíveis varia em função da fonte de origem e dos processos utilizados para sua refinação. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 46 Como a gasolina é normalmente uma associação de hidrogênio e carbono (hidrocarbonetos ou, simplesmente, HxCy), obtém-se gasolina com diferentes tipos de estrutura química. A maneira como a cadeia de hidrogênio e carbono é formada tem influência na tendência de surgimento da detonação. Por exemplo: a cadeia a seguir tem sete átomos de carbono alinhados em uma seqüência direta ou parafinas normais denominada de heptana normal. H H H H H H H HC-C-C-C-C-C-CH H H H H H H H Já a cadeia abaixo tem quatro átomos de carbono em uma estrutura em anel (nafteno): H H HC CH HC CH H H A detonação é influenciada tanto pela quantidade de carbono presente no átomo quanto pela sua estrutura, em termos gerais: • Quanto menor a quantidade de carbono, menor a tendência de detonação. • Quanto mais ramificada a cadeia de átomos, menor a tendência de detonação. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE IGNIÇÃO IDEAL PARA MOTORES OTTO O ponto de ignição ideal dos motores Otto é definido em bancos dinamométricos conforme o descrito abaixo: • Fixam-se as condições de rotação, carga do motor, temperatura do ar de admissão, líquido de arrefecimento, óleo lubrificante e relação ar-combustível, de acordo com as situações requeridas de funcionamento do motor. • Regula-se o valor de avanço de ignição em condição na qual o motor não opere em regime de detonação; a seguir, verifica-se o torque fornecido pelo motor. • Altera-se o avanço de ignição aumentando-o em intervalos de 0,5º e obtém-se o novo valor de torque. ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 47 • Com isso, são levantados os requisitos de ignição do motor conforme o exemplo abaixo: No exemplo acima, verifica-se que, conforme o avanço de ignição é aumentado, também aumenta o torque do motor, pois a tendência é de gerar trabalho após o PMS – confira no exemplo de ignição no ponto ideal ilustrado anteriormente. A partir de um determinado ponto, verifica-se que ocorre um patamar nos valores de torque, mesmo quando o avanço de ignição é aumentado. Após o patamar ser atingido, ocorre uma queda progressiva do torque, iniciada devido ao excesso de avanço, pois isso gera trabalho antes do PMS. Em virtude disso, há perda de performance, conforme mostrado no exemplo da ignição adiantada. No gráfico também é possível verificar os pontos denominados como MBT e LDI. Esses pontos correspondem respectivamente ao menor avanço para o maior torque fornecido e ao ponto onde se inicia o processo da detonação. No exemplo dado, o responsável pela definição do mapa de avanço do sistema de injeção eletrônica ou da curva do distribuidor deveria estabelecer o ponto de avanço de 27º APMS para condição específica de funcionamento do motor conforme item “1”, pois é neste ponto que se obtém o melhor torque do motor. Acima desse ponto, além de não haver ganho de torque, pode-se ter vibrações indesejáveis, aumento das emissões de NOx e até mesmo detonação, dependendo do valor aplicado. Requisito de Ignição 15 20 25 30 0 5 10 15 20 º APMS To rq ue [N m ] MBT LDI CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 48 Após ser levantado este ponto, prossegue-se com o levantamento de outros tantos em outras cargas e rotações efetuando-se, com isso, o mapeamento geral do motor. O exemplo mostrado pode variar de acordo com as condições de funcionamento do motor (carga, rotação, temperatura, pressão, relação ar-combustível), o tipo de combustível empregado e a taxa de compressão do motor, podendo ocorrer condições em que o patamar é maior ou menor, a taxa de crescimento do torque em função do avanço é diferenciada, o LDI encontra-se muito distante do MBT, já na região de queda de torque ou, até mesmo, o LDI encontrar-se antes do MBT. Esta última situação é indesejável, porém muitas vezes obtida nos motores atuais, pois implica em limitações da performance do motor. Por causa disso, podem ocorrer modificações no projeto de maneira a elevar o LDI para valores acima do MBT ou até mesmo para valores próximos, de maneira que o compromisso entre as várias situações de funcionamento do motor ainda seja compensador. EXEMPLO DE CÁLCULO DE TEMPO DE RETARDO DA COMBUSTÃO A seguir, é apresentado um diagrama de pressão na câmara de combustão em função do ângulo do virabrequim durante um ensaio de desempenho em um motor de quatro tempos, ciclo Otto, operando a 2000 rpm Sabendo-se que, no instante considerado, a faísca ocorre a 20º APMS, deseja-se saber qual é o tempo de retardo da combustão. PMS Variação de pressão devido à compressão 12º 20º 30º 10º 20º P (bar) Avanço de ignição Variação de pressão devido à combustão 30 20 10 ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 49 Resposta: A ignição se dá a 20º APMS. No gráfico, verifica-se que ocorre um aumento brusco de pressão a partir de 12º APMS, devido ao início da combustão, o que ocasiona um atraso de 8º (20º – 12º = 8º) na árvore de manivelas para o início a combustão. É necessário identificar o que representa esse deslocamento de 8º no tempo. Na situação apresentada, sabe-se que se trata de um motor de quatro tempos, operando a 2000 rpm. Assim, tem-se: 2000 rpm = 2000 voltas por minuto, ou seja: 2000 x 360º = 720000º/min ou 12000 º/s 12000º = 1 segundo 8º = X ms 0,6 12000 8 12000 18X ==×= COMBUSTÃO NOS MOTORES DIESEL Diferentemente dos motores ciclo Otto, a ignição do combustível nos motores Diesel ocorre devido à auto-ignição, quando do contato do combustível injetado com o ar aquecido pela compressão provocada pelo êmbolo. A injeção de combustível deve ser programada considerando-se o retardamento devido ao tempo necessário para que o combustível misture-se com o ar, absorva o calor, sofra os processos das reações químicas preliminares e gere novas reações, contribuindo para o surgimento do trabalho da combustão. A esta programação do tempo de injeção dá-se o nome de avanço de injeção. Se o retardamento for superior ao esperado, teremos um acúmulo de combustível na câmara que, ao inflamar-se, irá gerar um aumento muito brusco da pressão, denominado detonação, no motor Diesel. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 50 CAUSAS DA DETONAÇÃO NOS MOTORES DIESEL Os principais fatores que geram a detonação nos motores ciclo Diesel são similares aos do ciclo Otto. Porém, nos motores que operam com combustível Diesel, a expressão índice de octanas deve ser substituída por índice de cetanas. O método para a determinação do índice de cetanas é similar ao método para a determinação do índice de octanas; porém, no primeiro, são utilizados os combustíveispadrão cetano (com índice de cetanas igual a 100), de fácil auto-ignição (condição ideal ao combustível de um motor operando em ciclo Diesel) e o alfametilnaftaleno, que tem índice de cetanas igual a 0 (zero). Podem ser utilizados, também, o heptametilnonano, que tem índice de cetanas igual a 15, obtendo-se, quando da mistura com a cetana, o índice de cetanas interpolado; e o óleo Diesel brasileiro, que tem especificação de índice de cetanas mínimo de 45. CONSUMO ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL O consumo específico de combustível é a relação entre o consumo de combustível e a potência efetiva do motor, ou seja: (39) Neo mc Ce . = O consumo específico também está ligado diretamente ao rendimento global do motor através de: (40) mtpcimc mc Ce . . ηη ××× = Ou ainda: ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 51 (41) ηgpci 1 Ce ×= Onde: • Ce é o consumo específico (g/kWh ou g/cvh etc.); • . mc é o consumo ou fluxo em massa de combustível (kg/h; kg/s etc.); • Neo é a potência efetiva observada do motor (kW; cv etc.); • pci é o poder calorífico inferior do combustível (kcal/kg etc.); • ηg é o rendimento global (adimensional); • ηt é o rendimento térmico (adimensional); • ηm é o rendimento mecânico (adimensional). Durante os ensaios em dinamômetros é possível definir qual será o consumo de um determinado veículo através da seguinte fórmula: (42) CexNeo cvvVFC ρ×= ou (43) . mc cvvVFC ρ×= Sendo: VFC = Consumo do Veículo em km/l (Vehicle Fuel Consumption) vv = Velocidade do veículo em km/h ρc = densidade do combustível utilizado em g/l Ce = Consumo Específico em g/cvh ou g/kWh Neo = Potência Efetiva Observada do Motor em cv ou kW . mc = Consumo ou fluxo em massa ou consumo mássico de combustível (g/h) OBSERVAÇÃO Como já visto anteriormente na disciplina de TAB a potência efetiva observada para manter o veículo em determinada condição de velocidade será função de variáveis tais como: Características do piso, tipo de pneu, relação de transmissão, rendimento da transmissão, inclinação da pista, massa do veículo, coeficiente de penetração aerodinâmica, área frontal da carroceria, densidade do ar, velocidade do vento, etc. CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 52 POTÊNCIA ESPECÍFICA A potência específica é a relação entre a potência efetiva reduzida líquida e a cilindrada do motor. Os desenvolvimentos efetuados principalmente nos motores de competição visam o aumento da potência específica. Aumenta-se a potência mantendo-se a cilindrada. AUMENTO DA POTÊNCIA ESPECÍFICA A potência específica que, como já vimos acima, é a relação entre a potência efetiva reduzida líquida e a cilindrada do motor, pode ser representada matematicamente por meio da seguinte expressão: (44) Ct Ner Pe = Onde: • Pe é a potência específica do motor (kW/l; cv/l etc.) • Ner é a potência efetiva reduzida líquida do motor (kW; cv etc.). • Ct é a cilindrada total do motor (cm³; l etc.). As técnicas e mecanismos que contribuem para o aumento da potência específica visam basicamente melhorar os rendimentos térmicos, mecânico e volumétrico do motor. Visando tal resultado, pode-se otimizar a performance dos motores através dos exemplos a seguir: • Adoção de maior número de válvulas, modificação de coletores de admissão, adoção de turbo-compressores – tais procedimentos resultarão em melhorias no rendimento volumétrico; • Otimização de folgas entre componentes, adoção de defletores de óleo, alteração das características dos elementos sob fricção (tribologia) – essas ações trarão melhorias no rendimento mecânico; ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 53 • Melhoria do gerenciamento eletrônico do motor, adoção de técnicas que aumentem a eficiência da queima (motores de injeção direta a gasolina), otimização da taxa de compressão com auxílio do próprio gerenciamento eletrônico do motor e/ou alteração das características dos combustíveis utilizados, otimização da câmara de combustão - essas alterações produzirão melhorias no rendimento térmico. INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS ESTUDADAS NA POTÊNCIA DO MOTOR Nos capítulos anteriores foram apresentados alguns conceitos sobre motores tais como: • Rendimento térmico; • Rendimento mecânico; • Rendimento global; • Rendimento volumétrico; • Cilindrada total do motor; • Taxa de compressão teórica ou volumétrica; • Taxa de compressão real dinâmica; • Velocidade e aceleração do êmbolo. Estes conceitos, como vimos, podem ser representados matematicamente por uma série de expressões. Além da sua própria importância isolada, essas expressões podem, quando agrupadas, estabelecer a potência do motor como função. Se efetuarmos uma associação entre as equações estudadas anteriormente e mostradas abaixo: xpcimcQ .. = η . Q Ni t = η Ni Ne m = CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 54 η . Q Ne g = ηg = ηt x ηm Ni = Ne + Na 4 nc h D Ct 2 ×××= π ma mcreal A F = ( ) ideal A/F real A/F λ Lambda = η mae mac v = 2 n Ct ρe mae . ××= v 2 n Ct ρe mac . η×××= Teremos: (45) v m xt pci A F mae Ne . ηηη ××××= Ou ainda: (46) v m t pci A F i n Ct pe Ne ηηη ×××××××= (47) m t pci A F mac Ne . ηη ××××= ENSAIOS DINAMOMÉTRICOS ESCOLA SENAI “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 55 Onde: • Ne é a potência efetiva do motor (kW; cv etc.). • mae é o fluxo em massa de ar na entrada do motor (kg/h; kg/s etc.). • F/A é a relação combustível-ar do motor (adimensional) • pci é o poder calorífico inferior do combustível (kcal/kg; MJ/kg etc.). • ηt é o rendimento térmico do motor (adimensional) • ηm é o rendimento mecânico do motor (adimensional) • ηv é o rendimento volumétrico do motor (adimensional) • ρe é a densidade do ar na entrada do motor • Ct é a cilindrada total do motor (cm³; l, etc.). • n é a rotação do motor (rpm) • i é o índice definido em função do tempo do motor: i =1 para motores 2 tempos ; i = 2 para motores 4 tempos • mac é o fluxo em massa de ar no cilindro (kg/h; kg/s etc.). Agora, verifique através das equações do que depende a potência no eixo de um motor! PRESSÃO MÉDIA INDICADA (PMI) Pressão média indicada é a pressão constante que, aplicada no topo do êmbolo, produziria o mesmo trabalho no ciclo termodinâmico. Portanto, a pressão média não é uma grandeza medida com instrumento (por exemplo, manômetro) e, sim, uma analogia. (48) n Ct Ni i Pmi × ×= Onde: • Pmi é a pressão média indicada (bar; kgf/cm² etc.). • i é o índice definido em função do tempo do motor: i =1 para motores 2 tempos ; i = 2 para motores 4 tempos • Ni é a potência indicada do motor (kW; cv etc.). • Ct é a cilindrada total do motor (cm³; dm³ etc.). • n é a rotação do motor (rpm) CURSO TÉCNICO EM AUTOMOBILÍSTICA ESCOLA “CONDE JOSÉ VICENTE DE AZEVEDO” 56 PRESSÃO MÉDIA EFETIVA (PME) A pressão média efetiva é uma variável muito expressiva no julgamento da eficácia com que um motor tira proveito do seu tamanho (cilindrada), sendo, por isso, muito usada para fins de comparação entre motores. O torque, por exemplo, não se presta muito para comparar motores porque depende das dimensões
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