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TERMODINÂMICA ESTUDO DE GASES Gases Gases são fluidos no estado gasoso, a característica que o difere dos fluidos líquidos é que, quando colocado em um recipiente, este tem a capacidade de ocupa-lo totalmente. A maior parte dos elementos químicos não-monádicos conhecidos são encontrados no seu estado gasoso, em temperatura ambiente. As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as outras moléculas e com as paredes do recipiente onde se encontram, exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás. Esta pressão tem relação com o volume do gás e à temperatura absoluta. Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás aumentam sua agitação, provocando mais colisões. Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo a pressão. Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível estabelecer a seguinte relação: Onde: 𝑃 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑀 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑔á𝑠 �̅� ≡ 𝑣 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑉 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑔á𝑠. Gás perfeito ou ideal É considerado um gás perfeito quando são presentes as seguintes características: • O movimento das moléculas é regido pelos princípios da mecânica Newtoniana; • Os choques entre as moléculas são perfeitamente elásticos, ou seja, a quantidade de movimento é conservada; • Não há atracção, nem repulsão entre as moléculas; • O volume de cada molécula é desprezível quando comparado com o volume total do gás. Energia cinética de um gás Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, as moléculas mudam a sua velocidade e direcção, ocasionando uma variação de energia cinética de cada uma delas. No entanto, a energia cinética média do gás permanece a mesma. Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtoniana estabelece-se: Onde: 𝑛 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑜 𝑔á𝑠 (𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠) 𝑅 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜𝑠 (𝑅 = 8,31 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾) 𝑇 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 (𝑒𝑚 𝐾𝑒𝑙𝑣𝑖𝑛) O número de mole do gás é calculado utilizando-se sua massa molar, encontrado em tabelas periódicas e através da constante de Avogadro. Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma substância há moléculas desta substância. 1.2. PROCESSO TERMODINÂMICO 1.2.1. Transformação Isotérmica A palavra isotérmica se refere a mesma temperatura, logo, uma transformação isotérmica de um gás, ocorre quando a temperatura inicial é conservada. A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de Boyle e é matematicamente expressa por: Onde: 𝑃 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑉 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = Constante que depende da massa, temperatura e natureza do gás. Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser transformado, é válida a relação: Exemplo: Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exerce uma pressão de 250 Pa. Ao ser comprimido isotérmicamente a um volume de 0,6 m³ qual será a pressão exercida pelo gás? 1.2.2. Transformação Isobárica Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma transformação isobárica, a pressão é conservada. Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação pode ser expressa por: Onde: 𝑉 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒; 𝑇 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎; = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜, 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒 𝑛𝑎𝑡𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎 𝑑𝑜 𝑔á𝑠. Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou volume, é válida a relação: Exemplo: Um gás de volume 0,5 m³ à temperatura de 20 ºC é aquecido até a temperatura de 70 ºC. Qual será o volume ocupado por ele, se esta transformação acontecer sob pressão constante? É importante lembrarmos que a temperatura considerada deve ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim, o primeiro passo para a resolução do exercício é a conversão de escalas termométricas: Lembrando que: Então: 1.2.3. Transformação Isométrica A transformação isométrica também pode ser chamada isocórica e assim como nas outras transformações vistas, a isométrica se baseia em uma relação em que, para este caso, o volume se mantém. Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é matematicamente expressa por: Onde: P = pressão; T = temperatura absoluta do gás; = Constante que depende do volume, massa e da natureza do gás; Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mesma, garantindo a validade da relação: Exemplo: Um gás que se encontra à temperatura de 200 K é aquecido até 300 K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final do processo de aquecimento é 1000 Pa, qual era a pressão inicial? Equação de Clapeyron Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles é possível estabelecer uma equação que relacione as variáveis de estado: pressão (p), volume (V) e temperatura absoluta (T) de um gás. Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em homenagem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a estabeleceu. Onde: 𝑃 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜; 𝑉 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒; 𝑁 = 𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑜 𝑔á𝑠; 𝑅 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜𝑠; 𝑇 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎. Exemplo: (1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito submetido à pressão de 5000 N/m², a uma temperatura igual a 50 °C? Dado: 1atm = 10000 N/m² e Substituindo os valores na equação de Clapeyron: Energia Interna As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sistema. Para que este somatório seja calculado, são consideradas as energias cinéticas de agitação, potencial de agregação, de ligação e nuclear entre as partículas. Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os princípios da termodinâmica. Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Joule: Onde: 𝑈: 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 𝑑𝑜 𝑔á𝑠; 𝑛: 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑜 𝑔á𝑠; 𝑅: 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜𝑠; 𝑇: 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 (𝐾𝑒𝑙𝑣𝑖𝑛). Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a variação da energia interna dependerá da variação da temperatura absoluta do gás, ou seja, • Quando houver aumento da temperatura absoluta ocorrerá uma variação positiva da energia interna . • Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há uma variação negativa de energia interna . • E quando não houver variação na temperatura do gás, a variação da energia interna será igual a zero . Conhecendo a equação de Clapeyron, é possível compará-la a equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos: Trabalho de um gás Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área de base A, provido de um êmbolo. Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado. Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o deslocamento do êmbolo no cilindro: Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma transformação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pressão e a variação do volume do gás. Quando: • o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exemplo empurrando o êmbolocontra seu próprio peso); • o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio externo; • o volume não é alterado, não há realização de trabalho pelo sistema. Exemplo: (1) Um gás ideal de volume 12 m³ sofre uma transformação, permanecendo sob pressão constante igual a 250 Pa. Qual é o volume do gás quando o trabalho realizado por ele for 2 kJ? 1ª Lei da Termodinâmica Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica, o princípio da conservação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma transformação termodinâmica. Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto da termodinâmica: Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como trabalho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando matematicamente: Sendo todas as unidades medidas em Joule (J). Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas: Calor (Q) Trabalho (𝝉) Energia Interna (ΔU) Q/ /ΔU Recebe Realiza Aumenta ΔU >0 Cede Recebe Diminui ΔU <0 não troca não realiza e nem recebe não varia ΔU =0 Exemplo: (1) Ao receber uma quantidade de calor Q = 50 J, um gás realiza um trabalho igual a 12 J, sabendo que a Energia interna do sistema antes de receber calor era U = 100J, qual será esta energia após o recebimento? 2ª Lei da Termodinâmica Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indústria, pois trata directamente do rendimento das máquinas térmicas. Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck: • Enunciado de Clausius: O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta. Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que o fluxo seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este sistema. • Enunciado de Kelvin-Planck: É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor recebido em trabalho. Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efectivo. Máquinas térmicas As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do século XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que por sua vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica utilizável para as indústrias da época. Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em energia mecânica (trabalho). A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no dispositivo transforma-se em trabalho , mais uma quantidade de calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho . Assim é válido que: Utiliza-se o valor absoluto da quantidade de calor pois, em uma máquina que tem como objectivo o resfriamento, por exemplo, estes valores serão negativos. Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este fluxo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um trabalho externo, assim: Ciclo de Carnot Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a construção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento total (100%). Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês Nicolas Carnot (1796- 1832) propôs uma máquina térmica teórica que se comportava como uma máquina de rendimento total, estabelecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou a ser chamado Ciclo de Carnot. Este ciclo seria composto de quatro processos, independente da substância: • Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M) • Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca calor com as fontes térmicas (M-N) • Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede calor para a fonte de resfriamento (N-O) • Uma compressão adiabática reversível. O sistema não troca calor com as fontes térmicas (O-L) Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é fornecida pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de resfriamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim: Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é: e Logo: Sendo: = Temperatura absoluta da fonte de resfriamento = Temperatura absoluta da fonte de aquecimento Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transformado em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfriamento deverá ser 0K. Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para um sistema físico. Exemplo: Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, cujo fluido entra a 560 ºC e abandona o ciclo a 200 ºC? Entropia Em termodinâmica, entropia é a medida de desordem das partículas em um sistema físico. Utiliza-se a letra S para representar esta grandeza. Comparando este conceito ao quotidiano, podemos pensar que, uma pessoa ao iniciar uma actividade tem seus objectos organizados, e a medida que ela vai os utilizando e desenvolvendo suas actividades, seus objectos tendem a ficar cada vez mais desorganizados. Voltando ao contexto das partículas, como sabemos, ao sofrem mudança de temperatura, os corpos alteram o estado de agitação de suas moléculas. Então ao considerarmos esta agitação como a desordem do sistema, podemos concluir que: • Quando um sistema recebe calor Q> 0, sua entropia aumenta; • Quando um sistema cede calor Q <0, sua entropia diminui; • Se o sistema não troca calor Q = 0, sua entropia permanece constante. Segundo Rudolf Clausius, que utilizou a ideia de entropia pela primeira vez em 1865, para o estudo da entropia como grandeza física é mais útil conhecer sua variação do que seu valor absoluto. Assim, Clausius definiu que a variação de entropia (ΔS) em um sistema como: Para processos onde as temperaturas absolutas (T) são constantes. Para o caso onde a temperatura absoluta se altera durante este processo, o cálculo da variação de entropia envolve cálculo integral, sendo que sua resolução é dada por: Observando a natureza como um sistema, podemos dizer que o Universo está constantemente recebendo energia, mas não tem capacidade de cedê-la, concluindo então que a entropia do Universo está aumentando com o passar do tempo. Dilatação da água Certamente você já deve ter visto, em desenhos animados ou documentários, pessoas pescando em buracos feitos no gelo. Mas como vimos, os líquidos sofrem dilatação da mesma forma que os sólidos, ou seja, de maneira uniforme, então como são possível que haja água em estado líquido sob as camadas de gelo com temperatura igual ou inferior a 0 °C? Este fenómeno ocorre devido ao que chamamos de dilatação anómala da água, pois em uma temperatura entre 0 °C e 4 °C há um fenómeno inverso ao natural e esperado. Neste intervalo de temperatura a água, ao ser resfriada, sofre uma expansão no seu volume, e ao ser aquecida, uma redução. É isto que permitea existência de vida dentro da água em lugares extremamente gelados, como o Pólo Norte. A camada mais acima da água dos lagos, mares e rios se resfria devido ao ar gelado, aumentando sua massa específica e tornando-o mais pesado, então ocorre um processo de convecção até que toda a água atinja uma temperatura igual a 4°C, após isso o congelamento ocorre no sentido da superfície para o fundo. Podemos representar o comportamento do volume da água em função da temperatura: Como é possível perceber, o menor volume para a água acontece em 4 °C. EXERCÍCIOS II TERMODINÂMICA TÉCNICA MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA Introdução ao estudo dos motores de combustão Interna 1.1. Introdução As máquinas térmicas são dispositivos que permitem transformar calor em trabalho. O calor pode ser obtido de diferentes fontes: combustão, energia eléctrica, energia atómica, etc. O nosso estudo preocupa-se apenas com o caso em que o calor é obtido pela queima do combustível, isto é, energia química em trabalho mecânico. Fig. 1: Fluxo de massa e energia em um motor de combustão interna A obtenção de calor é ocasionada por uma sequência de processo realizados numa substancia que será denominada fluido activo (FA). Pela fig.1, o FA é a mistura ar e combustível na entrada do volume de controlo e produtos da combustão na saída. Quanto ao comportamento do FA, as maquinas térmicas são classificadas em: • Motores de combustão externa (MCE), quando a combustão se processa externamente ao FA, que será apenas o veículo da energia térmica a ser transformada em trabalho, como, por exemplo, uma máquina a vapor, é de o motor de Stiling. • Motores de combustão interna (MCI), quando o FA participa directamente da combustão. Ao longo de estudo, serão focados os motores de combustão interna, dos quais à forma de se obter trabalho mecânico, são classificados em: • Motores alternativos: quando o trabalho é obtido pelo movimento de vaivém de um pistão, transformado em rotação continua por um sistema biele-manivela. • Motores rotativos: quando o trabalho é obtido directamente por um movimento de rotação. São exemplos: turbina a gás e o motor Wankel. • Motores de impulso: quando o trabalho é obtido pela força de reacção dos gases expelidos em alta velocidade pelo motor. Neste caso são exemplos: motor a jato e foguetes. Ar Combustível Motor Calor Perda de Calor Gases queimados Trabalho 1.2. Motores alternativos 1.2.1 A nomenclatura dos motores alternativos têm os principais elementos o pistão nas posições externas dentro do cilindro, denominadas respectivamente de ponto morto superior (PMS) e ponto morto inferior (PMI). Quanto ao virabrequim, não existe uma padronização, podendo ser chamado de girabrequim, eixo de manivelas de cambotas, entre outros. Quanto à posição do pistão no interior do cilindro: PMS: Ponto Morto Superior é a posição na qual o pistão está o mais próximo do cabeçote. PMI: Ponto Morto Inferior é a posição na qual o pistão está o mais afastado possível do cabeçote. Na prática, utilizamos: S: Curso do pistão é a distância percorrida pelo pistão quando se desloca de um ponto morto para outro e vice-versa. S1: Volume total compreendido entre a cabeça do pistão e o cabeçote, quando o pistão está no PMI. V2: Volume morto ou volume da câmara de combustão, é o volume compreendido entre a cabeça do pistão e o cabeçote, quando o pistão está no PMS, também indicado com Vm. Vdu: Cilindrada unitária, conhecida como volume deslocado útil ou deslocamento volumétrico, é o volume deslocado pelo pistão de um ponto morto a outro. Z: Número de cilindros no motor. D: Diâmetro dos cilindros do motor. Vd: Volume deslocado do motor, deslocamento volumétrico do motor ou cilindrada total. Fig.2: Posição do pistão Desta figura, podemos deduzir: Vdu = V1 − V2 = πD2 4 S V2 V1 Vdu S Para um motor multicilindro (z), a cilindrada total será; Vd = Vdu . z = V1 − V2 = πD2 4 S. z Devemos saber calcular a relação volumétrica ou a taxa de compressão que é a relação entre o volume total e o volume morto, e representa em quantas vezes o volume total é reduzido. 𝑟𝑉 = 𝑉1 𝑉2 Portanto, 𝑉𝑑𝑢 + 𝑉2 = 𝑉1 ⟹ 𝑉𝑑𝑢 = 𝑉1 − 𝑉2 Assim, 𝑟𝑉 = 𝑉1 𝑉2 = 𝑉𝑑𝑢 + 𝑉2 𝑉2 = 𝑉𝑑𝑢 𝑉2 + 1 1.2.2 Nomenclatura cinemática Para bem descrever algumas características referentes à cinemática dos motores, tomamos em consideração a seguinte figura; Fig.3: cinemática do pistão Sendo os elementos cinemáticos; V.E: Válvula de escapamento V.A: Válvula de admissão r: raio da manivela n: frequência da árvore de manivela 𝜔: Velocidade angular da árvore de manivela V.E PMS r x V.A Vp PMI S 𝛼 n 𝜔 L Vela Vp: velocidade média do pistão Segundo o movimento que se efectue, analisamos que; 𝑆 = 2. 𝑟 e 𝜔 = 2𝜋 𝑛 𝑉𝑝 = 2 𝑆 𝑛 Como 𝜔 forma um ângulo entre a manivela e o eixo vertical de referencia, se ele vale zero grau, o pistão está no PMS. E quanto o ângulo é de 180º, o pistão estará no PMI. L: comprimento da biela e x a distancia para o pistão atingir o PMS, isto, será; 𝑥 = 𝑟(1 − 𝑐𝑜𝑠𝛼) + 𝐿(1 − ( 𝑟 𝐿 ) 2 . 𝑠𝑒𝑛2𝛼 e 𝑉𝑑 = 𝑉2 + 𝑥 𝜋 4 𝐷𝑝2 1.2.3 Classificação dos motores alternativos quanto à ignição A combustão é um processo químico exotérmico de oxidação de um combustível. Para que o combustível reage com o oxigénio do ar necessita-se de algum agente que provoque o inicio da reacção. Denomina-se ignição o processo que provoca o inicio da combustão. Quanto a ignição, os motores alternativos são divididos em dois tipos fundamentais: ✓ MIF: Motores de Ignição por Faísca ou OTTO Nesses motores, a mistura combustível-ar é admitida, previamente dosada ou formada no interior dos cilindros quando há injecção directa de combustível (𝐺𝐷𝐼) que significa gasoline direct injection, e inflamada por uma faísca que ocorre entre os eléctrodos de uma vela. ✓ MIE: Motores de Ignição espontânea ou DIESEL Nesses motores, o pistão comprime somente ar, até que o mesmo atinja uma temperatura suficientemente elevada. Quando o pistão aproxima-se do PMS, injecta- se o combustível que reage espontaneamente com o oxigénio presente no ar quente, sem a necessidade de uma faísca. A temperatura do ar necessária para que aconteça a reacção espontânea do combustível denomina-se temperatura de auto ignição (TAI). Exemplo dos valores típicos de TAI Temperatura de Auto Ignição TAI (ºC) Diesel Etanol Hidratado Metano Gasolina E22 250 420 478 400 N.B: As diferentes formas de funcionamento dos dois tipos de motores criam características distintas. Os valores praticados da taxa de compressão para os diferentes combustíveis são: Relação ou Taxa de Compressão (rv) MIF MIE Etanol Hidratado Gasolina E22 Diesel 10,0:1 até 14,0:1 8,51:1 até 13,0:1 15,0:1 até 24,0:1 Classificação dos motores alternativos quanto ao número de tempo do ciclo de operação Ciclo de operação ou ciclo, é a sequência de processos sofridos pelo FA, processos estes que se repetem periodicamente para a obtenção de trabalho útil. O tempo é o curso do pistão ao longo de um tempo onde poderão acontecer diversos processos. O número de tempos, os motores alternativos, sejam do tipo MIF ou MIE, são divididos em dois grupos: MOTORES ALTERNATIVOS A QUATROS TEMPOS (4T) Para que seja completando um ciclo, o pistãodeve percorrer quatro cursos, correspondendo a duas voltas da manivela do motor. Os quatro tempos são: ➢ Admissão: o pistão desloca-se do PMS ao PMI. Neste movimento o pistão dá origem a uma sucção (depressão) que causa um fluxo de gases através da válvula de admissão (VA), que se encontra aberta. O cilindro é preenchido com mistura combustível-ar ou somente ar nos motores de injecção directa de combustível (GDI), se for de ignição por faísca, ou por ar nos MIE. ➢ Compressão: fecha-se a válvula de admissão e o pistão se desloca do PMI ao PMS, comprimindo a mistura ou apenas ar, dependendo respectivamente se o motor é um MIF ou MIE. Aqui, a compressão deverá ser suficientemente elevada para que seja ultrapassada a TAI do combustível. ➢ Expansão: No MIF, nas proximidades do PMS, salta a faísca que provoca a ignição da mistura, enquanto no MIE é injectado o combustível no ar quente, iniciando-se uma combustão espontânea. A combustão provoca um grande aumento da pressão, o que permite empurrar o pistão para o PMI, de tal forma que o FA sofre um processo de expansão. Esse é o processo que realiza o trabalho possível (útil) do motor. ➢ Escape: Com a válvula de escape aberta, o pistão desloca-se do PMI ao PMS, empurrando os gases queimados para fora do cilindro, para reiniciar o ciclo pelo tempo de admissão. Durante o ciclo, o pistão percorreu o curso quatro vezes e o eixo do motor realizou duas voltas num motor de 4 T. MOTORES ALTERNATIVOS A DOIS TEMPOS (2T) DE IGNIÇÃO POR FAÍSCA Nesse motor o ciclo completa-se com apenas dois cursos do pistão, correspondente a uma única volta do eixo do motor. Os processos indicados no motor a 4T são aqui realizados da mesma maneira, entretanto, alguns deles se sobrepõem num mesmo curso. Diferenças fundamentais entre os motores de 2T e 4T A tabela abaixo apresenta de forma resumida as principais diferenças entre os motores de 2T e 4T. Diferenças 4T 2T Tempo x Ciclo útil 2 Voltas manivela 1 Volta manivela Factor de tempos 𝜘 = 2 𝜘 = 1 Sistema mecânico Mais complexo Mais simples Ausência de Válvulas Eixo comando Alimentação Boa Ruim Perda de mistura no escape Presença de combustível Lubrificação Boa Ruim Presença de combustível Diferenças fundamentais entre os motores ciclos Otto e Diesel a 4T Do ponto de vista mecânico, não existem grandes diferenças entre os dois tempos de motores, a não ser a maior robustez do motor Diesel (decorrente da taxa de compressão necessária). INTRODUÇÃO DO COMBUSTÍVEL Nos motores Otto a mistura é introduzida, em geral, já homogeneizada e dosada. A exceção se faz para os motores de ignição por centelha de 𝑖𝑛𝑗𝑒𝑐çã𝑜 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 (GDI), nos quais somente ar é admitido e a injecção de combustível é realizada directamente no interior do cilindro. Nos motores ciclo Diesel (MIE) admite-se apenas ar, e o combustível é injectado finamente pulverizado ao final do curso de compressão, pelo qual, em pouquíssimo tempo, deverá se espalhar e encontrar o oxigénio do ar. Esse facto faz com que nos MIE seja necessário um sistema de injecção de alta pressão. Por outro lado, torna-se difícil obter rotações elevadas nesses motores, pois, ao aumentar o ritmo do pistão, torna- se improvável a combustão completa do combustível, introduzido na última hora. IGNIÇÃO Nos MIF a ignição é provocada por uma faísca, necessitando de um sistema eléctrico para produzi-la. Nos motores ciclo Diesel a combustão ocorre por auto ignição, pelo contacto do combustível com o ar quente, (TAI). TAXA DE COMPRESSÃO Nos MIF a taxa de compressão será relativamente baixa para não provocar auto ignição, já que o instante apropriado da combustão será comandado pela faísca. Nos MIE a taxa de compressão deve ser suficientemente elevada, para ultrapassar a temperatura de auto ignição do combustível (TAI). Outras classificações Quantos ao sistema de alimentação de combustível Os motores ciclo Otto são alimentados por combustível por meio de um carburador ou de um sistema de injecção de combustível. O carburador ainda é utilizado em aplicações de baixa potência nas quais as limitações de emissão de poluentes são menos restritivas do que em aplicações auto motivas. A injecção de combustível, alem de mais precisa permite melhores resultados no controle de emissões podendo ocorrer no colector de admissão ou directamente na câmara de combustão (GDI.) Quanto à disposição dos órgãos internos Esta classificação está relacionada com a dimensão possível do conjunto. Temos cilindros em linhas, em V e opostos ou boxer. Mais para motores aeronáuticos apresentam o sistema também boxer e outro radial, este com cilindros dispostos radialmente em torno do virabrequim. Quanto ao sistema de arrefecimento O trabalho gerado da combustão resulta uma parcela significativa de atrito e calor. Para a manutenção da vida dos componentes faz-se necessário o arrefecimento de algumas áreas e componentes. O arrefecimento pode ser realizado com ar (geralmente em motores pequenos) ou com água. A seguir são apresentadas as vantagens e desvantagens de cada sistema. Sistema de arrefecimento com o ar: • Vantagem: mais simples; • Desvantagem: menos eficiente e menos homogénea. Sistema de arrefecimento com a água: • Vantagem: mais eficiente, reduzindo o ruído do motor. • Desvantagem: complexidade. Quanto às válvulas A abertura e o fechamento das válvulas são usualmente realizados pelo eixo comando de válvulas, assim acaba gerando uma classificação relativa à posição desse no sistema. O eixo comando está fixo ao trem de engrenagem que movimenta as válvulas, formando por: tuchos, hastes e balancins, hastes de válvulas, válvulas. Esse sistema, alem de complexo, permite folgas que acabam por comprometer o desempenho dos motores. Alem dessa classificação quanto à posição do eixo comando, os motores também podem apresentar mais que uma válvula na admissão e/ou escapamento. Quanto à relação entre diâmetro e curso do pistão Outra forma de classificar os MICs é por meio da relação diâmetro-curso do pistão. Com essa classificação tem-se: • Motor quadrado: quando o diâmetro do pistão é igual ao curso (D = s). Esses motores apresentam bom desempenho em todas as rotações. • Motor subquadrado: quando o diâmetro é menor que o curso (D < s). Esses motores apresentam torque e potencia em baixas rotações, sendo um exemplo o motor VW AP-2000 – 827 (82,5 mm x 92,8 mm). • Motor superquadrado: quando o diâmetro é maior que o curso (D > s), Caracterizando motores de veículo desportivos com torque e potencia em altas rotações. O expediente de usar o mesmo bloco em motores de diversas cilindradas é bastante comum nos alguns mercados no mundo. Exemplos de diâmetro e curso de diferentes motores: Motor Vd (cm3) S (cm) D (cm) Potência@Rotação (kW@rpm) Torque@Rotação (Nm@rpm) Classificação vw 1.6 1596 81,0 77,4 66@5600 132@2600 Vw 2.0 1984 82,5 92,8 92@5800 191@3000 Subquadrado Fiat 1.6 1590 86,4 67,4 62@5700 129@3250 GM 2.5 2471 101,6 76,2 60@4400 168@2500 Ford1.8 1781 81,0 86,4 68@5200 152@2800 GM 2.0 1988 86,0 86,0 81@5600 170@3000 Quadrado vw 1.8 1781 81,0 86,4 71@5200 153@3400 Superquadrado Fiat 1.5 1498 86,4 63,9 60@5200 125@3500 Ford1.6 1555 77,0 83,5 54@5200 123@2400 GM 1.8 1796 84.8 79,5 95@5600 148@3000 Quanta à rotação Quanto à rotação, os MICs são classificados em: • Rápidos: n> 1500 rpm • Médios: 600 <n <1500 • Lentos: n <600 rpm. Quanto à fase do combustível Esta classificação divide os motores entre aqueles que utilizam combustíveis, líquidos ou os gases. Quanto à potência específica As exigências impostas às emissões de poluentes têm tornado antieconómica a aplicação de motores ciclo Diesel em automóveis de passeio. Com isso, o mercado está retomandoa utilização de motores ciclo Otto, mas maior potência específica. 𝑁𝑒𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎 = 𝑁𝑒 𝑉𝑇 𝑁𝑒𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎: Potência efectiva específica 𝑁𝑒: Potência efectiva 𝑉𝑇:Cilindrada total ou Vd Observa-se nestes motores: • Aumento da potência e torque sem aumentar a cilindrara total via de regra obtido por meio de sobrealimentação. • Redução da cilindrada total mantendo a mesma potência • Redução do número de cilindros (z) Seja qual for o caso, o objectivo principal está na redução do consumo de combustível e emissão de gases poluentes, graças à: • Redução das perdas por bombeamento em decorrência do menor volume varrido pelos pistões a cada revolução do motor e da maior pressão no interior da câmara de combustão. • Redução da transferência de calor devida a redução de área de superfície interna e, consequentemente, maior aproveitamento da energia térmica na realização de trabalho de expansão. Este último ponto é fundamental, pois a redução é mas eficiente quando a energia específica não representa um aumento na rotação do motor, mas o aumento do torque em toda a faixa de rotação por meio de melhoria enchimento dos cilindros, também chamada de eficiência ou rendimento volumétrico. Motor Wankel O motor Wankel é constituído fundamentalmente de um rotor, aproximadamente triangular e de um estator, cujo formato geométrico é gerado pela posição dos três vértices do rotor durante o seu movimento. Apesar de ser considerado um motor rotativo, o motor sofre movimentos de translação associados à rotação. Para bem saber o funcionamento do sistema, você deve acompanhar uma das faces do rotor (ver figura depois) e verificará que esta realiza todos os processos observados no motor alternativo de pistão. Nota-se que, em razão da relação das engrenagens, uma das faces completará uma volta somente após três voltas do eixo do motor, portanto, para cada face do rotor, será realizado trabalho positivo somente a cada três voltas do eixo. Entretanto, como a cada volta do rotor as três faces realizam trabalho positivo, conclui-se que se realiza trabalho positivo a cada volta do eixo do motor, o que é equivalente a um motor alternativo MIF a 2T. A ausência de válvulas e a simplicidade do motor tornam seu uso interessante, nas mesmas aplicações do motor alternativo. As desvantagens básicas que apresentam são: • Necessidade de lubrificante misturado com o combustível, como no motor a 2T, • Desgaste prematuro das lâminas de vedação dos vértices do rotor (fig1,34) • Grande diferença de temperaturas entre o lado quente e o lado frio, provocando deformação da pista do estator sobre a qual gira o rotor. N.B: para a produção de maiores potências, podem-se utilizar dois ou mais rotores em série sobre o mesmo eixo, com posições defasadas, o que auxilia no balanceamento. (fig1,35) Para correlação da cilindrada dos rotativos Wankel com os convencionais alternativos, desenvolveu-se a seguinte equação: 𝑉𝑑 = 𝐵. 𝑒. 𝑅 4𝐾 𝐾 − 1 𝑠𝑒𝑛 180 𝑘 Onde: 𝑩 : largura do rotor; 𝒆 : excentricidade do rotor; 𝑹: raio da circunferência circunscrita pelo rotor; 𝑲: número de câmaras; 𝒛 = 𝐾 − 1 EXERCÍCIOS PROPÓSTOS. 1. Um motor alternativo tem 4 cilindros de diâmetro 8,2 cm; curso 7,8 cm e uma taxa de compressão 8,5. Pede-se: a) A cilindrada ou deslocamento volumétrico do motor em cm3; b) O volume total de um cilindro; c) O volume morto. 2. Um motor de 6 cilindros tem uma cilindrada de 5,2 litros. O diâmetro dos cilindros é 10,2 cm e o volume morto é 54,2 cm3. Pede-se: a) O curso, b) A taxa de compressão, c) O volume total de um cilindro 3. Um motor de 4 cilindros tem taxa de compressão 8,0:1. O diâmetro dos cilindros é 7,8 cm e curso de 8,2 cm. Deseja-se aumentar a taxa de compressão para 12,0:1. De que espessura deve ser rebaixado o cabeçote, sem preocupar com possíveis interferências. 4. Um motor de 6 cilindros tem uma cilindrada de 4,8 litros. O diâmetro dos cilindros é 10 cm. Deseja-se alterar a cilindrada para 5400 cm3, sem se alterar o virabrequim. Qual deverá ser o novo diâmetro dos cilindros. 5. Num motor troca-se a junta do cabeçote original por outra alternativa. A original tem 5 mm de espessura e, ao apertar os parafusos com o torque correcto, reduz-se para 4 mm. A junta alternativa após o aperto fica com 3 mm de espessura. Sendo o motor de cilindrada 1,6 litros, de 4 cilindros, com curso 9 cm, qual a nova taxa de compressão se a original era 8,5. 6. Um motor a 4T, 4 cilindros, com cilindrada total de 2 litros, funciona a 3200 rpm. A relação de compressão é 9,4:1 e a relação curso-diametro é 0,9. Pede- se: a) O volume morto b) O diâmetro do cilindro c) A velocidade média do pistão em m/s (a velocidade media do pistão é obtida por: vp = 2. s. n). 7. O motor da Ferrari F1-2000 possui 10 cilindros montados em V, 40 válvulas, cilindrada total de 2997 cm3 e potência de 574 kW (770 HP). Os cilindros têm diâmetro de 96 mm, motor a 4T, diâmetro dos pistões de 10 cm, raio do virabrequim de 4,5 cm; volume da câmara de combustão de 78,5 cm3 e rotação de 14500 rpm. Pede-se: a) O curso (mm); b) A cilindrada unitária (m3); c) A taxa de compressão; d) A velocidade média do pistão (m/s); e) A velocidade angular da árvore comando de válvulas (rad/s); f) Se na rotação dada, a combustão se realize para ∆𝛼 = 20°, qual o tempo de duração da combustão (s); g) O numero de vezes que a válvula de escape abre em 1 minuto. 8. Um motor a 4T tem 4 cilindros, diâmetros de 8,6 cm, curso de 8,6 cm e taxa de compressão 9:1. A rotação é de 5400 rpm. Pede-se: a) A cilindrada unitária (cm3); b) A cilindrada do motor (cm3); c) O volume morto (cm3); d) O volume total (cm3); e) O raio da manivela (cm); f) A nova taxa de compressão ao trocar a junta por outra com 1 mm a menos de espessura; g) O numero de cursos de um pistão, por segundo; h) O número de vezes que a válvula de admissão abre em 1 minuto. 9. Porque os motores Otto 2T têm seu campo de aplicação limitado a baixas potências. 10. Para um motor rotativo Wankel, são conhecidas as seguintes dimensões: Excentricidade do rotor de 11 mm; Raio da circunferência circunscrita pelo rotor igual 84 mm; Largura do rotor de 52 mm; Números de câmaras = 3; Determinar: a) O número de cilindros do motor alternativo correspondente; b) A cilindrada total do motor alternativo correspondente (m3): 11. Um motor a 4T, 4 cilindros, com cilindrada total de 2,4 litros, funciona a 3200 rpm. A relação de compressão é 9,4 e a relação curso-diametro é 1,06. Pede- se: a) O volume morto; b) O diâmetro do cilindro; c) A velocidade média do pistão em m/s. 12. Um motor de 8 cilindros de 5 litros de cilindrada tem taxa de compressão 9:1. Qual o volume total de um cilindro em cm3. 13. Um motor a álcool de taxa de compressão 12 deve ser transformado para o uso de gasolina com taxa de compressão 9. A transformação será realizada colocando-se uma nova junta entre o bloco e o cabeçote. O motor tem 4 cilindros, uma cilindrada de 1800 cm3 e o diâmetro dos cilindros 80 mm. Qual a variação da espessura da junta necessária, sabendo-se que depois do aperto reduz-se 10%. 14. Num motor Diesel de injecção direita (câmara aberta), de 6 cilindros, cilindrada 11 litros e curso 17 cm, supõe-se que, quando o pistão estiver no PMS, a folga entre o mesmo e o cabeçote seja nula. Qual o volume da cavidade na cabeça do pistão para se obter uma taxa de compressão 17:1. 15. Num motor coloca-se o pistão no PMS e pelo orifício da vela introduz-se glicerina líquida no cilindro até preencher o espaço entre a cabeça do pistão e o cabeçote. O volume de glicerina introduzido foi 50 cm3. Em seguida repete-se a operação com o pistão no PMI e verifica-se queo volume de glicerina é 450 cm3. Sendo o motor de 4 cilindros: a) Qual a cilindrada do motor; b) Qual a taxa de compressão. 16. Um motor de 1 cilindro tem uma cilindrada de 500 cm3 e diâmetro do cilindro de 8 cm. O comprimento da biela é 15 cm. Quando o ângulo de manivela é 30º e a rotação do motor está a 3600 rpm, a força de pressão é 11780 N (1200 kgf). As massas com movimento alternativo valem 0,8 kg. Qual o torque instantâneo no eixo do motor (despreze a inércia das partes rotativas). 17. Um motor de 8 cilindros de 5 litros de cilindrada tem taxa de compressão 9. Qual o volume total de um cilindro em cm3. 18. Um motor de 6 cilindros tem uma cilindrada de 4200 cm3. O diâmetro dos cilindros é 10 cm. Deseja-se alterar a cilindrada para 4800 cm3 sem alterar o virabrequim. Qual deverá ser o novo diâmetro dos cilindros. 19. Num motor troca-se a junta do cabeçote original por outra alternativa. A original tem 5 mm de espessura e, ao apertar os parafusos com o torque correcto, reduz-se para 3 mm. A junta alternativa, após o aperto fica com 4 mm de espessura. Sendo o motor de cilindrada 1600 cm3, de 4 cilindros, com curso 8 cm, qual a nova taxa de compressão se a original era 8,5. 20. Um motor à gasolina de 4 cilindros, de cilindrada 2 litros, tem um raio de v = 1,70 do virabrequim de 4,5 cm e uma taxa de compressão 10. Deseja-se transformar o motor para álcool e se alterar a taxa de compressão para 12. Não havendo nenhum problema geométrico, resolve-se fazer isso trocando os pistões por outros mais altos. Quanto deverá ser o aumento a altura dos pistões, em mm, supondo a sua cabeça plana nos dois casos. Propriedades e curvas características dos motores Para o estudo experimental dos motores de combustão interna, buscando conhecer suas características de desempenho para posterior aplicação ou a fim de desenvolvê- lo de forma a torná-lo mais eficiente, é utilizado um conjunto de propriedades que, além de fornecer informações relevantes sobre suas condições de funcionamento, pode gerar curvas que irão caracterizá-los individualmente. II. Propriedades dos motores Alem do torque, que já foi definido e cuja medição exige o uso de um freio, existem outras propriedades que descrevem as características do motor, seja quanto ao desempenho, seja quanto à eficiência. 1. Potência efectiva (𝑵𝒆) É uma potência medida no eixo do motor. Obtemos que: 𝑵𝒆 = 𝑻 . 𝝎 = 𝑻. 𝟐𝝅. 𝒏 onde 𝝎 é a velocidade angular do eixo dado, em (rad/s); 𝒏 é a rotação. Portanto, temos que saber que; 𝑁𝑒 = 2𝜋. 𝑏. 𝐹. 𝑛 𝑜𝑢 𝑁𝑒 = 𝐾. 𝐹. 𝑛 Com 𝐾 = 2𝜋. 𝑏 onde 𝑭 é a força resultante no pistão composta pela força normal e pela força tangencial no sistema que transmite-se à biela e a manivela; 𝒃 é o braço do dinamómetro ou braço do freio sobre o medidor de força que fornece a leitura da mesma. 𝑲 é uma constante do dinamómetro dada por 𝟐𝝅. 𝒃; cujo valor é função das unidades de F, de 𝒏 e da unidade desejada para Ne. As unidades utilizadas e suas equivalências são: 1 CV = 0,735 kW 1 HP = 1,014 CV ✓ Se 𝒏 em rpm e Ne em CV, neste caso, 𝑁𝑒 = 2𝜋. 𝑇 .𝑛 75 . 60 ou 𝑁𝑒 = 𝑇 .𝑛 716,2 ✓ Se 𝑇 em Nm; 𝒏 em rpm e Ne em kW, neste caso, 𝑁𝑒 = 2𝜋. 𝑇 .𝑛 60 . 1000 ou 𝑁𝑒 = 𝑇 .𝑛 9549 2. Potência indicada (𝑵𝒊) É a potência desenvolvida pelo ciclo termodinâmico do fluido activo (FA). Essa potência pode ser medida com um indicador de pressões, que permita traçar o ciclo do fluido activo. Como a potência é o trabalho por unidade de tempo, dado o trabalho, a potência pode ser obtida multiplicando o mesmo pela frequência com que é realizado. 𝑵𝒊 = 𝑾𝒊 𝒏 𝒙 𝒛 com 𝑊𝑖 = ∫ 𝑝 𝑑𝑉 2 1 Aqui, 𝒙 = 1 ou 2, dependendo do motor ser respectivamente 2T ou 4T e 𝒛 número de cilindros do motor. 3. Relações entre as potências Como o motor de combustão é uma máquina térmica, a produção de potência provém do fornecimento de calor proveniente da combustão da mistura ar- combustivel. Relacionamento entre o calor fornecido ao fluido activo e as potências definidas para o motor: • No caso, �̇� = 𝑚𝑐̇ . 𝑝𝑐𝑖 onde: �̇� é o calor fornecido por unidade de tempo (fluxo de calor) pela combustão do combustível (kcal/s, kcal/h, CV, MJ/s, kW, etc.); 𝑚𝑐̇ é o consumo, fluxo ou vazão em massa (kg/s, kg/h, etc.); 𝑝𝑐𝑖 é o poder calorífico inferior do combustível (kcal/kg, MJ/kg, etc.). Relação entre algumas unidades: 1 kcal = 427 kgm = 4185 J = 4,185 . 10-3 MJ 1 kcal/s = 427 kgm/s = 5,69 CV = 4185 J/s Alguns valores típicos de pci para combustíveis usuais no mercado. Propriedades Combustível Diesel Hidrato de Etanol Metanol Gasolina E22 Massa específica (kg/L) 0,84 0,81 0,80 0,74 pci Kcal/kg 10200 5970 4760 9400 Kcal/L 8568 4836 3808 6956 TAI (ºC) 250 420 478 400 TAI = a temperatura de auto-igniçao do combustível. De forma como exige a segunda lei da termodinâmica, 𝑵𝒊 < �̇�, e define-se a eficiência térmica ou rendimento térmico indicado (𝜂𝑡) como sendo; 𝜂𝑡 = 𝑁𝑖 �̇� Como se observa que 𝑁𝑖 = 𝑁𝑒 + 𝑁𝑎 Essa expressão mostra claramente que o método mais simples de se obter a potência de atrito (𝑁𝑎) é por meio do conhecimento de potência efectiva (𝑁𝑒) e de potência indicada (𝑁𝑖). De forma geral, podemos definir que; ▪ Eficiência global ou eficiência térmica efectiva para; 𝜂𝑔 = 𝑁𝑒 �̇� ▪ Eficiência mecânica para; ▪ 𝜂𝑚 = 𝑁𝑒 𝑁𝑖 Comparando as expressões das potências, obtemos; 𝜂𝑔 = 𝜂𝑡. 𝜂𝑚 Destas, a potência efectiva torna-se; 𝑁𝑒 = 𝑚𝑐̇ . 𝑝𝑐𝑖. 𝜂𝑡. 𝜂𝑚 Definimos a relação combustível-ar como sendo uma relação entre a massa de combustível (𝒎𝒄) e a massa de ar (𝒎𝒂), ou os respectivos consumos, que compõem a mistura, ou: 𝐹 = 𝑚𝑐 𝑚𝑎 = 𝑚𝑐̇ 𝑚𝑎̇ Usando a expressão acima da potência indicada e da eficiência global, a potência efectiva torna-se; 𝑁𝑒 = �̇�𝑎. 𝐹. 𝑝𝑐𝑖. 𝜂𝑡. 𝜂𝑚. 𝜂𝑉 Onde: �̇�𝒂 é o consumo do ar e 𝜼𝑽 a eficiência volumétrica. Observamos que a eficiência mecânica é uma proporcionalidade entre a potência efectiva do motor e o consumo de ar �̇�𝑎 o que torna esse factor extremamente importante. Para o estudo da admissão de ar para o motor, em lugar do �̇�𝑎 prefere-se o termo adimensional denominado eficiência volumétrica (𝜼𝑽), assim definido: Eficiência volumétrica é a relação entre a massa de ar realmente admitida no motor e a massa de ar que poderia preencher o mesmo volume com propriedades iguais da atmosfera local onde o motor funciona. 𝜼𝑽 = 𝒎𝒂 𝒎𝒂𝒆 = �̇�𝑎 �̇�𝑎𝑒 N.B: para as finalidades de estudo, será suposto desprezível o efeito da presença do combustível no fluxo de ar para motores carburados ou injecção nas proximidades da válvula de admissão PFI (Port Fuel injection). Sejam 𝑇𝑖 e 𝑇𝑒 como também 𝑝𝑖 e 𝑝𝑒 respectivamente as temperaturas de admissão e atmosférica, como também as pressões de admissão e do ar atmosférico. Podemos concluir que: 𝑇𝑖 > 𝑇𝑒 e 𝑝𝑖 < 𝑝𝑒, logo, considerando o ar como gás perfeito: 𝑝 𝜌 = 𝑅. 𝑇 ou 𝜌 = 𝑝 𝑅 𝑇 , isto, verifica-se imediatamente que; 𝜌𝑖 < 𝜌𝑒 onde 𝜌𝑖 é a massa especifica do ar de admissão e 𝜌𝑒 é a massa especifica do ar atmosférica local. Logo. O enchimento dos cilindros se faz com um ar mais rarefeito do que aquele que forma o ambiente que envolve o motor. A eficiência volumétrica irá representar a eficiência do enchimento dos cilindros, em relação àquilo que poderia ser admitido com a mesma massa específica do ambiente circundante. Normalmente, para motores de aspiração natural, o termo assim definido é menor que a unidade, ou seja: �̇�𝑎𝑒 = 𝜌𝑒.𝑉.𝑛 𝑥 e, �̇�𝑎 = 𝜌𝑒.𝑉.𝑛 𝑥 𝜂𝑉Isto, verifique; 𝑁𝑒 = �̇�𝑎𝑒 . 𝐹. 𝑝𝑐𝑖. 𝜂𝑡 . 𝜂𝑚. 𝜂𝑉 Ou 𝑁𝑒 = 𝜌𝑒.𝑉.𝑛 𝑥 . 𝐹. 𝑝𝑐𝑖. 𝜂𝑡 . 𝜂𝑚. 𝜂𝑉 Como a variação da potência pode ser obtida também a rotação constante, mantidas as hipóteses de 𝜂𝑡 . 𝜂𝑚 Constantes por comodidade; 𝑁𝑒 = �̇�𝑎. 𝐹. 𝑝𝑐𝑖. 𝜂𝑡. 𝜂𝑚 Ou 𝑁𝑒 = 𝐾. �̇�𝑎. 𝐹 Onde 𝐾 = 𝑝𝑐𝑖. 𝜂𝑡 . 𝜂𝑚 Para o motor Otto, opta-se pelo controle do �̇�𝑎, mantido F praticamente constante, já que nesse motor a mistura combustível-ar deve manter certa qualidade para que seja possível a propagação da chama na câmara de combustão, a partir da faísca da vela. Assim a admissão do motor Otto é dotada de uma válvula borboleta que controla a vazão de ar e indirectamente a potência no eixo do motor e algum dispositivo, mais frequentemente um sistema de injecção que a cada variação de �̇�𝑎 causada pela borboleta (corpo de borboleta), varia o �̇�𝑐, para manter 𝐹 = �̇�𝑎 �̇�𝑐 ⁄ constante. Para o motor Diesel, não há problemas quanto à propagação da chama, já que a combustão, sendo por autoignição, realiza-se igualmente em qualquer ponto da câmara. Dessa forma, mantida a rotação constante, mantém-se �̇�𝑎 constante e a potência pode ser variada pela variação de F dosando-se mais ou menos combustível no mesmo ar, por meio de uma bomba injectora. Consumo específico (Ce) O consumo específico é uma relação entre o consumo de combustível e a potência efectiva. 𝐶𝑒 = �̇�𝑐 𝑁𝑒 (kg/CVh; kg/kwh; etc.) O consumo pode ser ligado à eficiência global, tal que; 𝐶𝑒 = �̇�𝑐 �̇�𝑐 . 𝑝𝑐𝑖 .𝜂𝑡 .𝜂𝑚 ou 𝐶𝑒 = 1 𝑝𝑐𝑖 . 𝜂𝑔 N.B: se pci estiver em kcal/kg e Ce em kg/CVh, 𝐶𝑒 = 632 𝑝𝑐𝑖 . 𝜂𝑔 A potência efectiva é medida no dinamómetro e o consumo de combustível é medido de diferentes maneiras, gravimetrica ou volumetricamente: a) Medição volumétrica: �̇�𝑐 = 𝑉𝑐 𝑡 Como 𝜌𝑐 é a massa especifica do combustível, �̇�𝑐 = 𝜌𝑐 . 𝑉𝑐 𝑡 b) Medição gravimetrica A medição mássica é mais vantajosa, pois considera a variação na massa específica do combustível medido (decorrente da variação da temperatura). �̇�𝑐 = 𝑚𝑐 𝑡 Relações envolvendo pressão média Durante o ciclo termodinâmico desenvolvido no fluido activo de um motor de combustão interna, o trabalho pode ser obtido por: 𝑊𝑖 = ∮ 𝑝 𝑑𝑉 onde 𝑊𝑖 é o trabalho indicado e corresponde à área do ciclo desenhada pelo diagrama p-V. Define-se pressão média do ciclo ou pressão média indicada, como sendo uma pressão que aplicada constantemente na cabeça do pistão ao longo do curso de expressão, produziria o mesmo trabalho do ciclo. 𝑊𝑖 = ∮ 𝑝 𝑑𝑉 = 𝑝𝑚𝑖 . 𝐴 . 𝑠 = 𝑝𝑚𝑖 . 𝑉 𝑝𝑚𝑖 = 𝑊𝑖 𝑉 Da equação do consumo específico 𝐶𝑒 = �̇�𝑐 𝑁𝑒 a pressão 𝑝𝑚𝑖 representa o trabalho por unidade de cilindrada e que, em princípio, os motores de grande cilindrada devem produzir uma grande quantidade de trabalho, enquanto motores de pequena cilindrada devem produzir uma quantidade pequena. É de se esperar que motores de desempenho semelhante devam ter pressões médias próximas, dentro de uma pequena faixa de variação. Como a 𝑝𝑚𝑖 é no fundo uma média das pressões do gás ao longo do ciclo, pressões médias mais altas significam que o motor está sujeito a maiores esforços e maiores cargas térmicas. Os motores de alimentação natural, a pressão indicada em potência máxima esta em torno de 10 bar quando à máxima potência. Valores muito abaixo disso significam que o motor, por razoes que não vêm ao caso neste estudo, poderia alcançar um melhor desempenho. Valores acima disso representam uma carga excessiva para o motor, que poderá ter a sua vida útil diminuída. Assim, por exemplo, os motores de Fórmula 1, de aspiração natural, podem atingir pressões médias indicadas da ordem de 20 bar e os sobrealimentados cerca de 40 bar; no entanto, sua duração é de apenas algumas horas por conta das excessivas cargas térmicas e mecânicas. Para os motores monocilíndricos estacionários, de arrefecimento a ar, com válvulas laterais e cujo objectivo fundamental é um baixo custo inicial, podem ter pressões médias indicadas da ordem de 7 bar. Pela definição, vimos que; 𝑁𝑖 = 𝑊𝑖 𝑛 𝑥 que pode ser escrito: 𝑁𝑖 = 𝑝𝑚𝑖 .𝑉 .𝑛 𝑥 ou 𝑝𝑚𝑖 = 𝑥 . 𝑁𝑖 𝑉 . 𝑛 O que mostra que a busca de maiores potências para uma dada cilindrada visa a pressões médias e rotações mais elevadas, compatíveis com uma vida razoável do motor, dentro dos padrões estabelecidos pela sua aplicação e pelo mercado. Os mesmos conceitos são utilizados para a definição de: a) Pressão média efectiva (𝒑𝒎𝒆) 𝑝 𝑚𝑒 = 𝑥 . 𝑁𝑒 𝑉 .𝑛 ou 𝑁𝑒 = 𝑝𝑚𝑒 .𝑉 .𝑛 𝑥 b) Pressão média atrito (𝒑𝒎𝒂) 𝑝𝑚𝑎 = 𝑥 . 𝑁𝑎 𝑉 .𝑛 ou 𝑁𝑎 = 𝑝𝑚𝑎 .𝑉 .𝑛 𝑥 c) Pressão média calorífica (𝒑𝒎𝒒) 𝑝𝑚𝑞 = 𝑥 .𝑄 ̇ 𝑉 .𝑛 ou 𝑄 ̇ = 𝑝𝑚𝑞 .𝑉 .𝑛 𝑥 As relações que podem ser escritas com potências, também podem ser efectuadas com pressão média, como; 𝑝𝑚𝑖 = 𝑝𝑚𝑒+𝑝𝑚𝑎 Portanto que, 𝜂𝑚 = 𝑝𝑚𝑒 𝑝𝑚𝑖 e 𝜂𝑡 = 𝑝𝑚𝑖 𝑝𝑚𝑞 com a vantagem de poder comparar directamente motores, mesmo diferentes, quanto ao seu desempenho. Como 𝑁𝑒 = 𝑝𝑚𝑒 .𝑉 .𝑛 𝑥 e 𝑁𝑒 = 2𝜋 . 𝑛 . 𝑇; o torque será; 𝑇 = 𝑝𝑚𝑒 .𝑉 2𝜋 . 𝑥 = 𝑘 . 𝑝𝑚𝑒 o que mostra que o torque é proporcional a 𝑝𝑚𝑒, ou seja, tem-se 𝑝𝑚𝑒 máxima na condição de T (Torque) máximo. Redução da potência do motor a condições atmosféricas padrão. A potência desenvolvida pelo motor é função da pressão, da temperatura e da humidade do ambiente. O mesmo motor, ensaiado em locais ou dias diferentes, não ira produzir os mesmos resultados, dependendo das condições do ambiente naquele local e data. Torna-se necessário, para efeito de padronização e para eliminar o efeito num local padronizado. Para que isso seja possível, existem normas para a redução da potência do motor a condições atmosféricas padrão. Essas condições atmosféricas de referências adoptadas são: ▪ 𝑡𝑎 = 25 º𝐶, 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎; ▪ 𝑝𝑎𝑠 = 99 𝑘𝑃𝑎, 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑎𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑎𝑟 𝑠𝑒𝑐𝑜, 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎; ▪ 𝑝𝑉 = 1𝑘𝑃𝑎, 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑎𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑎 ℎ𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎; ▪ 𝑝𝑎𝑡𝑚 = 𝑝𝑎 + 𝑝𝑉 = 99 + 1 = 100 𝑘𝑃𝑎, 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑎𝑡𝑚𝑜𝑠𝑓𝑒𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑜𝑢 𝑏𝑎𝑟𝑜𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎; A aplicação da redução é valida quando o ensaio do motor é realizado com as seguintes condições: ▪ 𝑡𝑎𝑑𝑚 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠𝑎𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 10° 𝐶 < 𝑇𝑎𝑑𝑚 < 40°𝐶 ▪ 𝑝𝑎𝑑𝑚 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 80 𝑘𝑃𝑎 < 𝑝𝑎𝑑𝑚 < 110 𝑘𝑃𝑎. A admissão é considerada junto ao filtro de entrada. Cálculo do factor de redução (K) 1. Motor Otto 𝐾0 = ( 99 𝑝𝑎𝑠 ) 1,2 . ( 273 + 𝑡𝑒 298 ) 0,6 onde 𝑝𝑎𝑠 é a pressão do ar seco na entrada do motor, no local do ensaio; 𝑡𝑒 é a temperatura na entrada do motor, no local do ensaio; 𝑝𝑎𝑠 = 𝑝𝑎𝑡𝑚 − 1 7,5 {𝑒 [21,106− 5345,5 𝑡𝐵𝑈+273 ] − 0,49(𝑡𝐵𝑆 − 𝑡𝐵𝑈) 𝑝𝑎𝑡𝑚 100 } onde 𝑝𝑎𝑡𝑚 a pressão atmosférica local em kPa; 𝑡𝐵𝑈 a temperatura de bulbo húmido local em ºC; 𝑡𝐵𝑆 a temperatura de bulbo seco local em ºC; N.B: 0,93 < 𝐾0 < 1,07 Se esses limites forem excedidos, o valor reduzido deve ser destacado e as condições do ensaio bem evidenciadas nas planilhas de apresentação. 2. Motor Diesel 𝑲𝑫 = 𝒇𝒂 𝒇𝒎 𝒇𝒂 é o factor que, como nos motores Otto, depende das condições atmosféricas do local do ensaio do motor. 𝒇𝒎 é o factor do motor, que depende basicamente da quantidade de combustível injectado no ar admitido pelo motor.0,9 < 𝐾𝐷 < 1,1 Isto é validas as mesmas observações dos motores Otto. a) Motores Diesel de aspiração Natural ou sobrealimentados por compressores volumétricos: 𝑓𝑎 = ( 99 𝑝𝑎𝑠 ) ( 273 + 𝑡𝑒 298 ) 0,7 b) Motores alimentados por turbocompressores com ou sem Resfriador de ar: c) 𝑓𝑎 = ( 99 𝑝𝑎𝑠 ) 0,7 ( 273+𝑡𝑒 298 ) 1,5 O factor do motor 𝑓𝑚 é característico da regulagem da bomba injectora; 𝑓𝑚 = 𝑓(𝑞𝑐) ; Onde: 𝑞𝑐 = 𝑞 𝑟 Sendo: q a razão específica de combustível em mg por injecção, por unidade de volume, em litros, do cilindro. Isto é, a quantidade de combustível em mg injectada num ciclo, por unidade de volume do cilindro em litro. r a razão de pressões ou pressão absoluta na saída do compressor, dividida pela pressão atmosférica do local. Para aspiração natural 𝑟 = 1. O valor de q pode ser calculado como segue: 𝑞 = �̇�𝑐 𝑛 𝑥 𝑉𝑑 onde: �̇�𝑐= consumo da combustível do motor; 𝑛 𝑥 = frequência das injecções; 𝑉𝑑= cilindrada do motor. Se, como é normal: �̇�𝑐 em kg/h, 𝑛 em rpm e 𝑉𝑑 em litro; teremos: 𝑞 = 𝑥�̇�𝑐 3,6⁄ 𝑛 60 𝑉𝑑 . 1000 = 16667 𝑥 �̇�𝑐 𝑛 𝑉𝑑 𝒒 = 𝟏𝟔𝟔𝟔𝟕 𝒙 �̇�𝒄 𝒏 𝑽𝒅 Nestas condições, se: 40 < 𝑞𝑐 < 60 então 𝑓𝑚= 0,039 𝑞𝑐 − 1,14 𝑞𝑐 < 40 então 𝑓𝑚= 0,3 𝑞𝑐 > 60 então 𝑓𝑚= 1,2 Uma vez calculados o 𝐾0 e 𝐾𝐷, a potência efectiva reduzida será calculada por: 𝑁𝑒𝑅 = 𝐾. 𝑁𝑒𝑜 onde 𝑁𝑒𝑜é a potência efectiva observada, isto é, determinada directamente no ensaio. No caso dos motores Otto, o consumo específico devera ser calculado com a potência efectiva observada, isto é: 𝐶𝑒 = �̇�𝑐 𝑁𝑒𝑜 No caso de motores Diesel, o consumo específico é obtido a partir da potência efectiva reduzida, isto é: 𝐶𝑒 = �̇�𝑐 𝑁𝑒𝑅 EXERCÍCIOS 1. Um motor de 6 cilindros e 4 tempos, com diâmetro de 89 mm e curso de 95 mm, foi testado num dinamómetro eléctrico cujo braço mede 0,716 m. O ensaio a 3300 rpm indicou na balança 27,3 kgf (268 N). Após o teste, o motor de combustão interna foi accionado pelo dinamómetro, mantendo as mesmas condições e a mesma rotação anterior, sendo a leitura na balança 11 kgf (108 N). Pede-se: a) A constante de dinamómetro; b) A potência efectiva; c) A potência de atrito; d) O rendimento mecânico; e) O torque; f) A cilindrada; g) A pressão média efectiva; h) A pressão média indicada. 2. Um motor de 4 tempos ensaiado em dinamómetro a 4000 rpm forneceu a indicação de uma força de 34 kgf (333 N) e apresentou um consumo específico de 0,240 kg/CV.h (0,326 kg/kW.h). O braço do dinamómetro mede 0,8 m. Na mesma rotação, o motor de combustão, acciona pelo dinamómetro, apresentou a indicação de uma força de 9,0 kgf (88,3 N). A cilindrada do motor é de 4 litros e a relação combustível-ar medida foi 0,08. Determinar: a) A potência efectiva b) A potência indicada c) Eficiência mecânica d) Eficiência global e) Eficiência térmica f) Massa de ar consumida por hora g) Eficiência volumétrica, sabendo-se que as condições de entrada do ar no purificador foram p = 1 kgf/cm2, t = 27 ºC. Dado pci = 10000 kcal/kg (42 MJ/kg). 3. Um motor de 2500 cm3 de cilindrada, de 4 cilindros, 4 tempos, é testado num dinamómetro hidráulico à rotação de 2000 rpm e o torque lido é 11,9 m.kgf. No teste de consumo pelo método das pesagens, verificou-se que 145 g de combustível de pci = 10600 kcal/kg são consumidos em 66 segundos. A relação combustível-ar é 0,06. Deslocando-se sucessivamente as velas de cada cilindro, uma de cada vez, os torques lidos são: 8,1; 7,8; 7,9 e 8,6 m.kgf, mantida a rotação de 2000 rpm. Pede-se: a) A potência indicada em CV; b) A eficiência volumétrica se a densidade do ar ambiente é 1,1 kg/m3; c) A eficiência global; d) A leitura na balança (torque) se o motor de combustão desligado fosse accionado pelo motor eléctrico de um dinamómetro eléctrico. e) A quantidade de calor perdida globalmente nos gases de escape, água de resfriamento, irradiação para o ambiente e combustão incompleta (kcal/s). 4. Um motor de 4 cilindros e 4 T de 2,4 litros de cilindrada, foi ensaiado num dinamómetro hidráulico acusando 80 CV à rotação de 3800 rpm. No ensaio de potência de atrito, supôs-se que todos os cilindros estivessem bem balanceados e, ao desligar uma vela, o dinamómetro hidráulico indicou 55 CV (40,4 kW). Com gasolina de pci = 10000 kcal/kg (42 MJ/kg) e relação combustível-ar F = 0,07 o consumo especifico do motor foi 0,24 kg/CVh (0,33 kg/kWh). Pede-se: a) A potência indicada; b) O tempo de consumo esperado de um frasco de 0,25 litro de volume, se a massa especifica da gasolina é 𝜌𝑔 = 0,74 𝑘𝑔 𝐿 (𝑠); c) A pressão média efectiva; d) A eficiência térmica (%); e) A eficiência volumétrica se a massa especifica do ar ambiente é de 1,1 kg/m3; f) Utilizando etanol com pci de 6000 kcal/kg (25,1 MJ/kg) e p = 0,8 kg/L, mantida a eficiência, qual o tempo de consumo esperado no mesmo frasco, na mesma rotação, para produzir a mesma potência. 5. Um motor Otto a 4 tempos, experimental, funciona com benzeno (𝐶6𝐻6) de pci de 9590 kcal/kg (40,1 MJ/kg), com uma fracção relativa combustível-ar FR = 0,96 (fixa). No dinamómetro é feito um levantamento a plena carga. Pede-se: a) A máxima eficiência global; b) No ponto de torque máximo, a pme é de 8 kgf/cm2 (7,85 bar). Se o ensaio foi realizado num local de pressão 0,92 kgf/cm2 (0,9 bar) e temperatura 30 ºC, qual a eficiência volumétrica nessa condição. 6. Um motor Otto foi ensaiado a patm = 93,24 kPa; tBU =25 ºC; tBS = 30 ºC. Nessas condições a potência observada foi 49,4 CV (36,3 kW) e o consumo de combustível 14,88 kg/h. Qual a potência reduzida e o consumo especifico. 7. No caso de um motor ciclo Diesel cuja cilindrada é de 6,8 litros, foi ensaiado a p = 94,14 kPa, tBU =30 ºC; tBS= 33 ºC: a potência observada 132 CV e o consumo 24,4 kg/h a 2600 rpm. A pressão do compressor é 93,24 kPa. Determine a potência reduzida e o consumo específico reduzido. 8. Um motor de cilindrada 1,5 litro a 4T, tem no ponto de potência máxima, a 5800 rpm, uma pme de 8,5 kgf/cm2 (8,34 kg/kW.h). Nesse ponto o consumo específico de gasolina é 0,24 kg/CV.h (0,33 kg/kW.h). A fracção relativa combustível-ar é de 1,2 e a gasolina tem uma estequiométrica 0,067. Qual a eficiência volumétrica num local em que 𝜌𝑎𝑟 = 1,2 𝑘𝑔/𝑚 3. 9. Num motor de 6 cilindros a 4T, foi levantado o diagrama p-V a 2200 rpm, instalando-se um transdutor de pressões num dos cilindros. Medida a área do diagrama, verificou-se que o trabalho realizado é 150 kgf.m (1471 N.m). Ao accionar o motor com o dinamómetro eléctrico, na mesma rotação, obteve-se uma potência de 33 CV (24,3 kW). Qual a potência efectiva do motor. 10. Um motor de 6 cilindros a 4T, na rotação de potência máxima de 5600 rpm, tem uma potência de 100 CV (73,6 kW) e um consumo específico de 0,23 kg/CV.h (0,31 kg/kW.h). a) Qual o braço de um dinamómetro cuja balança indica 18 kgf (176,5 N); b) Qual a cilindrada do motor se a relação combustível-ar é 0,08 a eficiência volumétrica é 0,9; num local onde a massa especifica do ar atmosférico é 1,2 kg/m3. 11. Num motor de 6 cilindros a 4T, verificou-se que a 5000 rpm, a potência efectiva é 100 CV (73,6 kW), accionando-se o motor na mesma rotação com um dinamómetro eléctrico foi obtida uma potência de 17,6 CV (12,9 kW). Qual a potência que seria medida no eixo, na mesma rotação, se uma das velas falhasse, supondo todos os cilindros iguais. 12. Na tecnologia actual os motores Otto a 4T, no ponto de potência máxima, podem atingir uma pressão média efectiva de 9 kgf/cm2 (8,83 bar), uma rotação de 6000 rpm e um consumo específico, a plena carga, de 0,32 kg/CV.h (0,44 kg/kW.h) de etanol de pci = 5800kcal/kg (24,3 MJ/kg) e 𝜌 = 0,8𝑘𝑔/𝐿. a) Qual a cilindrada em cm3 para se obter uma potência de 120 CV (88,3 kW) b) Se um automóvel nesta condição alcança uma velocidade de 160 km/h, quantos km poderá percorrer com um litro de etanol. 13. Num motor de 4 cilindros a 4T, a potência medida no dinamómetro, a 5000 rpm, é 100 CV, o consumo específico é 0,23 kg/CV.h (0,31 kg/kW.h) e a relação combustível/ar é 0,08. Supondo a eficiência volumétrica 0,9 e que o ar local tenha uma massa específica de 1,2 kg/m3, qual o raio da manivela do virabrequim, se o diâmetro dos pistões for 80 mm. 14. Um motor Otto de 4 cilindros a 4T a plena carga, na rotação de potência máxima de 5600 rpm, tem uma potência de 100 CV e um consumo específico de 0,23 kg/CV.h. a) Qual o braço de um dinamómetro cuja balança indica 18 kgf b) Qual a cilindrada do motor se a relação combustível-ar F = 0,08 e 𝜂𝑉= 0,9; num local onde a massa específica do ar atmosférico é 1,2 kg/m3. 15. Tem-se um motor a 4T de cilindrada 2 litros. Esse motor tem a marcha lenta a 900 rpm e sabe-se que na curva característica do motor em relação à mistura, nessa situação, a fracção relativa combustível-ar é 1,3. O combustível é gasolina de relação estequiométrica 0,07; massa específica 0,74 kg/L e pci = 9600 kcal/kg. Admite-se que em marcha lenta o rendimento volumétrico seja 0,3 e o térmico 0,2 e no local a massa específica do ar seja 1,12 kg/m3. a) Qual o consumo do combustível em L/h indicado pelo computador a bordo. b) Qual a potência indicada na situação de marcha lenta. 16. O computador de bordo de um automóvel, em marcha lenta, indica um consumo de 1,3 kg/h de gasolina de pci = 9600 kcal/kg (40,2 MJ/kg). Supondo um rendimento térmico de 20 %, calcular: a) Qual a potência de atrito do motor em marcha lenta. b) Qual o valor da eficiência mecânica. Ciclos Introdução Durante o funcionamento de um motor, o fluido activo (FA) é submetido a uma serie de processos físicos e químicos, que se repetem periodicamente, dando origem ao chamado ciclo do motor. Esse ciclo pode ser visualizado num diagrama p-V, traçado com aparelho chamado de Indicador de pressões. Tais ciclos simplificados são introduzidos, dentro de hipóteses que os afastam mais ou menos da realidade, mas que possibilitam aplicações numéricas baseadas na teoria da Termodinâmica. Ciclos padrão a ar Introdução O estudo dos ciclos reais torna-se difícil em razão da complexidade do FA, cuja composição varia durante os processos, e da complexidade dos próprios processos. Para facilitar o estudo e para poder tirar conclusões qualitativas e, às vezes, ate quantitativas, associa-se a cada ciclo real um ciclo padrão, dentro de algumas hipóteses simplificadoras que, de alguma forma, tenham semelhança com o ciclo real correspondente e permita uma aplicação da Termodinâmica. Uma dessas hipóteses considera que o FA seja ar puro, derivando daí o nome de ciclos a ar. As hipóteses são as seguintes: 1. O fluido activo é ar, 2. O ar é um gás perfeito, ideal; 3. Não há admissão nem escape (não há necessidade de se trocar os gases queimados por mistura nova). Essa hipótese permite a utilização da primeira lei da Termodinâmica para sistemas em lugar da primeira lei para volume de controlo. 4. Os processos de compressão e expansão são isoentrópicos ou seja, adiabáticos e reversíveis. 5. A combustão é substituída por um fornecimento de calor ao FA a partir de uma fonte quente, esse fornecimento de calor poderá ser num processo isocórico, ou em um processo isobárico, ou em uma combinação destes, dependendo do ciclo. 6. Para voltar às condições iniciais, será retirado calor por uma fonte fria, num processo isocórico. 7. Todos os processos são considerados reversíveis. Ciclo Otto (padrão a ar do ciclo do motor de ignição por faísca, a 4 tempos ou Otto). Esse ciclo pretende representar o ciclo real do motor Otto, adoptadas as hipóteses apresentadas acima. A B Diagramas p-V e T-S do ciclo Otto Nos diagrama A e B, os eixos das abcissas trazem propriedades termodinâmicas extensivas (volume e entropia), propriedades estas que dependem da massa do FA (sistema) e, portanto, do tamanho do motor. As propriedades termodinâmicas podem ser classificadas em dois tipos: a) Propriedades extensivas → são as que dependem da quantidade de matéria do sistema: ex.: massa (m); volume (V); energia interna (U); entalpia (H) e entropia (S). b) Propriedades intensivas → são as que não dependem da quantidade de matéria do sistema: ex.: pressão (p); temperatura (T). Verifica-se da seguinte maneira: O volume é uma propriedade extensiva A temperatura é uma propriedade intensiva As propriedades extensivas, quando divididas pela massa do sistema, são chamadas de propriedades específicas e se transformam em propriedades intensivas (obviamente fica excluída a própria massa). 𝝆 = 𝑽 𝒎 (volume específico) Exemplo: As propriedades específicas são indicadas pela letra minúscula correspondente à maiúscula da extensiva da qual são derivadas. Exemplos P V 3 1 V1 2 Q2-3 Q4-1 V2 PMS 2 PMI Volume 4 1 3 4 s S1 S2 Q4-1 Q2-3 T V=cte s=cte Entropia patm Qliq s=cte wliq V=4m3 2m3 2m3 T=60°C T=60°C T=60°C V=4m3 M=8kg ρ= V:m=0,5m3/kg V=2m3 m=4kg ρ= V:m=0,5m3/kg V=2m3 m=4kg ρ= V:m=0,5m 3/kg Volume específico: 𝑣 = 𝑉 𝑚 ; Energia interna específica: 𝑢 = 𝑈 𝑚 ; Entropia específica: 𝑠 = 𝑆 𝑚 ; O calor e o trabalho, apesar de não serem propriedades do sistema, seguem a mesma nomenclatura, isto é, se forem especificados por unidade de massa serão representados por letra maiúscula. Calor por unidade de massa: 𝑞 = 𝑄 𝑚 ; Trabalho por unidade de massa: 𝑤 = 𝑊 𝑚 ; Convertendo as grandezas extensivas acima para as respectivas específicas, obtêm- se os seguintes diagramas: A B Diagramas p-V e T-S do ciclo Otto correspondente aos específicos Voltando à figura de Diagramas p-V e T-S do ciclo Otto, o ciclo, ao se eliminar a admissão e o escape pela hipótese 3, compõe-se de quatro processos: ▪ 1 – 2: Compressão isoentrópica: no diagrama p-V é uma curva cuja expressão é p.Vk = cte (onde k é a razão entre os calores específicos Cp e Cv do FA), enquanto no T-S é uma vertical. Lembrar que, sendo por hipótese todos os processos reversíveis, no diagrama p-V as áreas contidas entre o processo e o eixo dos volumes, são proporcionais ao trabalho realizado, enquanto no diagrama T-S são proporcionais ao calor trocado. Por causa disso, no p-V a área 1-2-V2-V1 corresponde ao trabalho de compressão (𝑊compr) que, pela Termodinâmica, por ser realizado sobre o sistema constituído pelo FA, é um trabalho negativo. No T-S, a área contido abaixo da curva que representa o P V 3 1 v1 2 q2-3 q4-1 v2 PMS 2 PMI Volume 4 1 3 4 s s1 s2 q4-1 q2-3 T v=cte s=cte Entropia patm qliq s=cte wliq processo 1-2 é nula já que, sendo o processo considerado isoentrópico, será adiabático e, portanto, não haverá calor trocado. ▪ 2 – 3: Fornecimento de calor Q2-3 num processo considerado isocórico que simula o calor liberado na combustão, admitindo-se que seja totalmente fornecido quando o pistão se encontra no PMS. No T-S a área 2-3-S4-S1 é proporcional ao calor fornecido ao sistema e, portanto, positivo. ▪ 3 – 4: Expansão Isoentrópica. A área 3-4-V1-V2 é o trabalho positivo de expansão (𝑊exp). ▪ 4 – 1: Retirada do calor do sistema Q4-1. Simula o calor rejeitado nosgases ao abrir a válvula de escape, imaginando-se uma queda brusca da pressão. No diagrama T-S a área 4-1-S1-S4 é proporcional ao calor rejeitado. Podemos definir o trabalho útil do ciclo como sendo o trabalho do ciclo por 𝑊𝑐, que representa a área interna 1-2-3-4 do ciclo. Os parâmetros definidos são: 𝑊𝑐 = 𝑊exp − 𝑊compr = Área 1-2-3-4 no diagrama p-V; e o trabalho útil será representado por 𝑄𝑢 e dado por: 𝑄𝑢 = 𝑄2−3 − 𝑄4−1 = Área 1-2-3-4 no diagrama T – S; Como por hipótese não há admissão nem escape, a Primeira lei da Termodinâmica refere-se a um sistema e não a um volume de controlo e, portanto, para um processo, desprezando variações de energia cinética e potencial, será dada por: 𝑄 − 𝑊 = 𝑈𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑈𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 E como para um ciclo: 𝑈𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑈𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 → 𝑄𝑢 = 𝑊𝑐 = 𝑄2−3 − 𝑄4−1 Esse resultado está de acordo cm a 2ª lei da Termodinâmica. O enunciado dessa Lei para motores térmicos, segundo Kelvin-Planck diz que: É impossível construir um motor térmico cíclico que transforme em trabalho todo o calor recebido de uma fonte quente, Para segunda lei verifica-se a impossibilidade de se aproveitar todo o calor fornecido pela fonte quente e esse facto leva à definição da eficiência térmica de um motor térmico cíclico, Fonte quente Fonte fria 𝑄𝑞 𝑄𝑓 𝑊 𝜂𝑡 = 1 − 𝑄𝑞 𝑄𝑓
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