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Resumo de Direito Constitucional

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Direito Constitucional 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Limites materiais explícitos (cláusulas pétreas explícitas) ......................................... 2 
1.1. Introdução ............................................................................................................ 2 
1.2. Controle de constitucionalidade de Emenda à Constituição ............................... 5 
1.3. Limites materiais implícitos (cláusulas pétreas implícitas) .................................. 6 
1.4. Poder Reformador e direito adquirido ................................................................ 7 
1.5. Revisão constitucional ......................................................................................... 8 
2. Poder Constituinte decorrente ................................................................................. 11 
2.1. Introdução .......................................................................................................... 11 
2.2. Distrito Federal – Lei Orgânica – art. 32 ............................................................ 12 
2.3. Municípios .......................................................................................................... 14 
3. Poder Constituinte Difuso ......................................................................................... 14 
3.1. Introdução .......................................................................................................... 14 
3.2. Natureza jurídica ................................................................................................ 14 
3.3. Características .................................................................................................... 14 
3.4. Conceito ............................................................................................................. 15 
3.5. Características .................................................................................................... 15 
3.6. Terminologia ...................................................................................................... 15 
3.7. Apresentação da mutação constitucional ......................................................... 15 
3.8. Categorias........................................................................................................... 16 
3.9. Limites à mutação constitucional ...................................................................... 18 
4. Direito Constitucional intertemporal ....................................................................... 19 
4.1. Introdução .......................................................................................................... 19 
4.2. Constituição e Direito Pré-Constitucional ...................................................... 20 
4.2.1. Compatibilidade material ............................................................................ 20 
4.2.2. Compatibilidade formal ............................................................................... 22 
4.3. Constituição anterior como parâmetro ............................................................. 23 
 
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1. Limites materiais explícitos (cláusulas pétreas explícitas) 
1.1. Introdução 
Os limites materiais explícitos encontram-se presentes no art. 60, § 4º, da CF/88. 
Art. 60, §4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I – a forma federativa de Estado; 
II – o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III – a separação dos Poderes; 
IV – as direitos e garantias fundamentais. 
Quando se fala em proposta de emenda tendente a abolir, é certo que a emenda não 
pode abolir uma cláusula pétrea, tal como o direito à vida e a separação de poderes. 
No entanto, questiona-se se a emenda pode restringir alguma cláusula pétrea. 
Como exemplo real, o texto originário da CF estabelecia que o Poder Judiciário, o MP 
e a Defensoria Pública do DF e dos Territórios seriam organizados e mantidos pela União. 
Ocorre que a União nunca criou e organizou a Defensoria Pública do DF. Diante disso, 
o próprio DF criou um serviço de assistência judiciária que fazia as mesmas funções de uma 
Defensoria Pública. 
Ressalta-se que o constituinte originário atribuiu à União a atribuição de organizar a 
Defensoria Pública do DF, tendo em vista o diminuto orçamento da capital federal. 
Diante disso, a EC 69, reconhecendo que o DF já tinha organizado uma “defensoria 
pública”, retirou a competência da União para organizar e manter da Defensoria e transferiu 
a competência para o próprio DF. 
Antes da EC 69 Após a EC 69 
Art. 21. Compete à União 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público e a Defensoria Pública do 
Distrito Federal e dos Territórios; 
Art. 21. Compete à União: 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público do Distrito Federal e dos 
Territórios e a Defensoria Pública dos 
Territórios; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de 
efeito) 
 
Nesse caso, não houve violação do pacto federativo, pois a emenda não atingiu em 
nada o núcleo essencial das atribuições da União Federal e apenas reconheceu uma realidade 
de fato já existente – o DF organizou e mantém sua própria Defensoria 
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Portanto, uma EC pode atingir uma cláusula pétrea, desde que se respeite o núcleo 
essencial da cláusula pétrea. 
Nesse sentido, a intangibilidade é apenas do núcleo essencial, conforme preceitua o 
STF na ADI 20124. 
EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: seu cabimento - sedimentado na 
jurisprudência do Tribunal - para questionar a compatibilidade de emenda constitucional 
com os limites formais ou materiais impostos pela Constituição ao poder constituinte 
derivado: precedentes. II. Previdência social (CF, art. 40, § 13, cf. EC 20/98): submissão 
dos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão, assim como os de outro cargo 
temporário ou de emprego público ao regime geral da previdência social: argüição de 
inconstitucionalidade do preceito por tendente a abolir a "forma federativa do Estado" 
(CF, art. 60, § 4º, I): improcedência. 1. A "forma federativa de Estado" - elevado a princípio 
intangível por todas as Constituições da República - não pode ser conceituada a partir de 
um modelo ideal e apriorístico de Federação, mas, sim, daquele que o constituinte 
originário concretamente adotou e, como o adotou, erigiu em limite material imposto às 
futuras emendas à Constituição; de resto as limitações materiais ao poder constituinte 
de reforma, que o art. 60, § 4º, da Lei Fundamental enumera, não significam a 
intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a 
proteção do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se 
protege. 2. À vista do modelo ainda acentuadamente centralizado do federalismo 
adotado pela versão originária da Constituição de 1988, o preceito questionado da EC 
20/98 nem tende a aboli-lo,nem sequer a afetá-lo. 3. Já assentou o Tribunal (MS 23047-
MC, Pertence), que no novo art. 40 e seus parágrafos da Constituição (cf. EC 20/98), nela, 
pouco inovou "sob a perspectiva da Federação, a explicitação de que aos servidores 
efetivos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, "é assegurado regime de 
previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial", assim como as normas relativas às respectivas aposentadorias e 
pensões, objeto dos seus numerosos parágrafos: afinal, toda a disciplina constitucional 
originária do regime dos servidores públicos - inclusive a do seu regime previdenciário - 
já abrangia os três níveis da organização federativa, impondo-se à observância de todas 
as unidades federadas, ainda quando - com base no art. 149, parág. único - que a proposta 
não altera - organizem sistema previdenciário próprio para os seus servidores": análise da 
evolução do tema, do texto constitucional de 1988, passando pela EC 3/93, até a recente 
reforma previdenciária. 4. A matéria da disposição discutida é previdenciária e, por sua 
natureza, comporta norma geral de âmbito nacional de validade, que à União se facultava 
editar, sem prejuízo da legislação estadual suplementar ou plena, na falta de lei federal 
(CF 88, arts. 24, XII, e 40, § 2º): se já o podia ter feito a lei federal, com base nos preceitos 
recordados do texto constitucional originário, obviamente não afeta ou, menos ainda, 
tende a abolir a autonomia dos Estados-membros que assim agora tenha prescrito 
diretamente a norma constitucional sobrevinda. 5. É da jurisprudência do Supremo 
Tribunal que o princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) - ainda que 
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se discuta a sua aplicabilidade a outros tributos, que não os impostos - não pode ser 
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. 6. A auto-aplicabilidade do novo 
art. 40, § 13 é questão estranha à constitucionalidade do preceito e, portanto, ao âmbito 
próprio da ação direta. (ADI 2024, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, 
julgado em 03/05/2007, DJe-042 DIVULG 21-06-2007 PUBLIC 22-06-2007 DJ 22-06-2007 
PP-00016 EMENT VOL-02281-01 PP-00128 RDDT n. 143, 2007, p. 230-231) 
Vejamos a questão de prova. 
CESPE 
A proteção dos limites materiais ao poder de reforma constitucional não alcança a 
redação do texto constitucional, visando sua existência a evitar a ruptura com princípios 
que expressam o núcleo essencial da CF – CERTO 
 
1) É possível que uma emenda constitucional amplie cláusula pétrea? 
CUIDADO: Rotineiramente, os alunos respondem afirmativamente a essa questão. 
Ocorre que uma emenda à constituição não pode criar uma nova categoria de cláusula pétrea, 
diversa daquelas previstas nos quatro incisos já existentes. 
Quem instituiu, regula e limita o Poder Constituir Reformador é o Poder Originário. 
Nesse sentido, o Poder Reformador não pode criar limitações para ulteriores reformas. 
Portanto, o Poder Reformador atual não poder criar novos limites ao Poder Reformador do 
futuro. Nesse sentido, os limites que o Poder Reformador está sujeito são os limites impostos 
pelo Poder Originário. 
2) Pode uma emenda à constituição inserir um novo direito fundamental? 
Nesse caso, a resposta é positiva. 
3) O novo direito fundamental inserido por emenda constitucional incorpora-se à 
cláusula pétrea? 
Resposta: Existem duas correntes, nenhuma delas é majoritária e não há 
jurisprudência sobre o assunto. 
Uma primeira corrente entende que o novo direito inserido por emenda à 
constitucional vira cláusula pétrea, em razão do princípio da vedação do retrocesso. 
Uma segunda corrente entende que não vira cláusula pétrea, sob o argumento de 
estar-se-ia admitindo uma limitação ao poder de reforma que não é oriundo do Poder 
Constituinte Originário. 
A banca de concurso não pode cobrar essa pergunta em resposta objetiva. 
Questão AGU 2009 – O catálogo dos direitos fundamentais constantes da Carta da 
República pode ser ampliado pelo poder constituinte de reforma desde que os novos 
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direitos estabelecidos não sejam cláusulas pétreas, as quais somente podem ser criadas 
pelo Poder Constituinte Originário. 
Resposta: Gabarito anulado. A doutrina pode ensejar dupla interpretação a respeito 
do tema (Gabarito Preliminar era correto) 
Portanto, conclui-se: 
1 – Uma emenda não pode ampliar o rol das cláusulas pétreas; 
2 – Uma emenda poder aumentar o rol dos direitos fundamentais; 
3 – O novo direito fundamental inserido pela emenda vira ou não cláusula pétrea? 
Nesse caso, há duas correntes, sem posição majoritária. 
 
AGU – Adv. da União – 2012 
A respeito das disposições constitucionais transitórias, da hermenêutica constitucional e 
do poder constituinte, julgue os itens subsequentes. 
29. O poder constituinte de reforma não pode criar cláusulas pétreas, apesar de lhe ser 
facultado ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criados pelo poder constituinte 
originário. 
Resposta: CERTO 
1.2. Controle de constitucionalidade de Emenda à Constituição 
É possível o controle de constitucionalidade das emendas à constituição, sob o aspecto 
formal e material (ocorre quando o conteúdo da emenda viola as cláusulas pétreas). 
Não cabe controle de constitucionalidade de norma constitucional originária em 
relação à norma constitucional originária. 
Por sua vez, no tocante ao controle de constitucionalidade de norma constitucional 
derivada em relação à norma constitucional originária, a norma constitucional originária só 
poderá ser parâmetro se ela for um limite constitucional ao poder de reforma. 
Portanto, só cabe controle de constitucionalidade de norma constitucional derivada se 
o parâmetro for norma constitucional originária que institua limites ao poder de reforma. 
Nessa esteira, deve-se lembrar que o controle de constitucionalidade de uma lei tem 
como parâmetro todo o texto constitucional. Por sua vez, o controle constitucionalidade de 
uma norma constitucional derivada só poderá ser feito em relação às normas constitucionais 
que instituam limites ao poder de reforma. 
2015/CESPE/AGU/Advogado da União 
Acerca do controle de constitucionalidade das normas, julgue o item subsecutivo. 
Considerando-se que a emenda constitucional, como manifestação do poder constituinte 
derivado, introduz no ordenamento jurídico normas de hierarquia constitucional, não é 
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possível a declaração de inconstitucionalidade dessas normas. Assim, eventuais 
incompatibilidades entre o texto da emenda e a CF devem ser resolvidas com base no 
princípio da máxima efetividade constitucional. 
Gabarito: errado. 
O gabarito está errado, pois cabe controle constitucional de emenda no tocante às 
normas constitucionais limitadoras do poder de reforma. 
Se uma emenda à constitucional entrar em confronto com outra norma constitucionalque não é cláusula pétrea, a questões é resolvida pela hermenêutica. 
 
1.3. Limites materiais implícitos (cláusulas pétreas implícitas) 
Os limites materiais implícitos têm lógica no sentido de que não são estabelecidos 
explicitamente, mas existem por uma questão de coerência do sistema. 
O primeiro limite material implícito é a titularidade do poder pelo povo, não sendo 
possível aboli-lo. 
O segundo limite material implícito é a vedação à dupla reforma. A dupla reforma se 
consubstancia em uma alteração ao limite de reforma para permitir uma posterior 
modificação daquilo que outrora era proibido modificar. 
Portanto, não é possível fazer uma emenda para abolir uma cláusula pétrea e, 
posteriormente, com base em sua ausência, fazer outra emenda para modificar o texto. 
Nesse sentido, os limites explícitos ao poder reformador são, eles próprios, limites 
implícitos. 
Limites explícitos: 
(i) Limites Procedimentais; 
(ii) Limites Circunstanciais; 
(iii) Limites Materiais; 
As normas que consagram tais limites explícitos são, por si só, cláusulas pétreas 
implícitas. 
Portanto, o Poder Originário impôs limites ao Poder Reformador e tais limites, 
obviamente, não podem ser alterados pelo Poder Reformador. O ser limitado não pode 
modificar os seus próprios limites, sob pena de não haver limite algum. 
Vejamos a seguinte questão que abordou o tema 
 
 
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AGU 
O sistema constitucional brasileiro não admite a denominada cláusula pétrea implícita, 
estando as limitações materiais ao poder de reforma exaustivamente enumeradas na CF 
Gabarito: Errado. 
 
AGU 
Pelo poder constituinte de reforma, assim como pelo poder constituinte originário, podem 
ser inseridas normas no ADCT, admitindo-se, em ambas as hipóteses, a incidência de 
controle de constitucionalidade. 
Gabarito: Errado. 
Não se admite controle de constitucionalidade de normas inseridas pelo Poder 
Constituinte Originário, não importa se é o texto principal ou se é o ADCT. 
1.4. Poder Reformador e direito adquirido 
Nesse ponto, é necessário citar a ADI 2356 
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º DA 
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 30, DE 13 DE SETEMBRO DE 2000, QUE ACRESCENTOU O 
ART. 78 AO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. PARCELAMENTO DA 
LIQUIDAÇÃO DE PRECATÓRIOS PELA FAZENDA PÚBLICA. 1. O precatório de que trata o 
artigo 100 da Constituição consiste em prerrogativa processual do Poder Público. 
Possibilidade de pagar os seus débitos não à vista, mas num prazo que se estende até 
dezoito meses. Prerrogativa compensada, no entanto, pelo rigor dispensado aos 
responsáveis pelo cumprimento das ordens judiciais, cujo desrespeito constitui, primeiro, 
pressuposto de intervenção federal (inciso VI do art. 34 e inciso V do art. 35, da CF) e, 
segundo, crime de responsabilidade (inciso VII do art. 85 da CF). 2. O sistema de 
precatórios é garantia constitucional do cumprimento de decisão judicial contra a Fazenda 
Pública, que se define em regras de natureza processual conducentes à efetividade da 
sentença condenatória trânsita em julgado por quantia certa contra entidades de direito 
público. Além de homenagear o direito de propriedade (inciso XXII do art. 5º da CF), 
prestigia o acesso à jurisdição e a coisa julgada (incisos XXXV e XXXVI do art. 5º da CF). 3. 
A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder constituinte (redundantemente 
chamado de “originário”) não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de ordem 
material, seja formal, porque provém do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. 
Já as normas produzidas pelo poder reformador, essas têm sua validez e eficácia 
condicionadas à legitimação que recebam da ordem constitucional. Daí a necessária 
obediência das emendas constitucionais às chamadas cláusulas pétreas. 4. O art. 78 do 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, acrescentado pelo art. 2º da Emenda 
Constitucional nº 30/2000, ao admitir a liquidação “em prestações anuais, iguais e 
sucessivas, no prazo máximo de dez anos” dos “precatórios pendentes na data de 
promulgação” da emenda, violou o direito adquirido do beneficiário do precatório, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada. Atentou ainda contra a independência do Poder 
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Judiciário, cuja autoridade é insuscetível de ser negada, máxime no concernente ao 
exercício do poder de julgar os litígios que lhe são submetidos e fazer cumpridas as suas 
decisões, inclusive contra a Fazenda Pública, na forma prevista na Constituição e na lei. 
Pelo que a alteração constitucional pretendida encontra óbice nos incisos III e IV do § 4º 
do art. 60 da Constituição, pois afronta “a separação dos Poderes” e “os direitos e 
garantias individuais”. 5. Quanto aos precatórios “que decorram de ações iniciais 
ajuizadas até 31 de dezembro de 1999”, sua liquidação parcelada não se compatibiliza 
com o caput do art. 5º da Constituição Federal. Não respeita o princípio da igualdade a 
admissão de que um certo número de precatórios, oriundos de ações ajuizadas até 
31.12.1999, fique sujeito ao regime especial do art. 78 do ADCT, com o pagamento a ser 
efetuado em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, 
enquanto os demais créditos sejam beneficiados com o tratamento mais favorável do § 1º 
do art. 100 da Constituição. 6. Medida cautelar deferida para suspender a eficácia do art. 
2º da Emenda Constitucional nº 30/2000, que introduziu o art. 78 no ADCT da Constituição 
de 1988.(ADI 2356 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. 
AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 25/11/2010, DJe-094 DIVULG 18-05-2011 
PUBLIC 19-05-2011 EMENT VOL-02525-01 PP-00054) 
O STF entende que a norma constitucional derivada não pode ferir o direito adquirido. 
Por sua vez, a norma constitucional originária não está sujeita ao respeito ao direito adquirido. 
1.5. Revisão constitucional 
O procedimento está previsto no art. 3º do ADCT. 
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação 
da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em 
sessão unicameral. 
No quadro abaixo, atente-se para as diferenças. 
Reformas Constitucionais 
Revisão Constitucional Emenda à Constituição 
Maioria absoluta Quórum de 3/5 
Sessão Unicameral 2 turnos em cada casa 
5 anos após a promulgação Não há limite temporal 
 
 
 
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As Caraterísticas da revisão constitucional foram explicitadas na ADI-MC 981. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 1 - RCF, DO CONGRESSO 
NACIONAL, DE 18.11.1993, QUE DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS TRABALHOS DE 
REVISÃO CONSTITUCIONAL E ESTABELECE NORMAS COMPLEMENTARES ESPECIFICAS. 
AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO GOVERNADOR DO ESTADO DO 
PARANA. ALEGAÇÕES DE OFENSA AO PARAGRAFO 4. DO ART. 60 DACONSTITUIÇÃO 
FEDERAL, EIS QUE O CONGRESSO NACIONAL, PELO ATO IMPUGNADO, "MANIFESTA O 
SOLENE DESIGNIO DE MODIFICAR O TEXTO CONSTITUCIONAL", MEDIANTE "'QUORUM' DE 
MERA MAIORIA ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO UNICAMERAL". 
SUSTENTA-SE, NA INICIAL, ALÉM DISSO, QUE A REVISÃO DO ART. 3. DO ADCT DA CARTA 
POLITICA DE 1988 NÃO MAIS TEM CABIMENTO, POR QUE ESTARIA INTIMAMENTE 
VINCULADA AOS RESULTADOS DO PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO 
INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL TRANSITORIO. "EMENDA" E "REVISÃO", NA HISTORIA 
CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. EMENDA OU REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA 
NA CONSTITUIÇÃO, SÃO MANIFESTAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE INSTITUIDO E, POR 
SUA NATUREZA, LIMITADO. ESTA A "REVISÃO" PREVISTA NO ART. 3. DO ADCT DE 1988 
SUJEITA AOS LIMITES ESTABELECIDOS NO PARAGRAFO 4. E SEUS INCISOS, DO ART. 60, 
DA CONSTITUIÇÃO. O RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE ABRIL DE 1933 NÃO 
TORNOU SEM OBJETO A REVISÃO A QUE SE REFERE O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE 
OUTUBRO DE 1993, CABIA AO CONGRESSO NACIONAL DELIBERAR NO SENTIDO DA 
OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE DE PROCEDER A ALUDIDA REVISÃO 
CONSTITUCIONAL, A SER FEITA "UMA SÓ VEZ". AS MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, 
DECORRENTES DA "REVISÃO" DO ART. 3. DO ADCT, ESTAO SUJEITAS AO CONTROLE 
JUDICIAL, DIANTE DAS "CLAUSULAS PETREAS" CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E 
SEUS INCISOS, DA LEI MAGNA DE 1988. NÃO SE FAZEM, ASSIM, CONFIGURADOS OS 
PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, SUSPENDENDO A EFICACIA DA 
RESOLUÇÃO N. 01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, ATÉ O JULGAMENTO FINAL 
DA AÇÃO. MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA. 
 
(ADI 981 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/1993, 
DJ 05-08-1994 PP-19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030) 
A revisão constitucional está sujeita aos limites materiais (cláusulas pétreas). 
A revisão constitucional está desvinculada do plebiscito do art. 2º do ADCT. Algumas 
pessoas defendiam que a revisão só seria cabível se houvesse modificação do sistema de 
governo. 
A revisão constitucional gerou 6 emendas constitucionais, com numeração paralela. 
A revisão constitucional é de realização única, não cabendo outra. Nesse sentido, 
confira-se o posicionamento do STF na ADI 1722. 
 
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REVISÃO CONSTITUCIONAL - CARTAS ESTADUAIS. Ao primeiro exame concorrem o sinal do 
bom direito, o risco de manter-se com plena eficácia o ato normativo estadual e a 
conveniência de suspensão no que, mediante emenda constitucional aprovada por 
assembléia legislativa, previu-se a revisão da Carta local, estipulando-se mecanismo 
suficiente a torná-la flexível, ou seja, jungindo-se a aprovação de emendas a votação em 
turno único e por maioria absoluta. Ao Poder Legislativo, Federal ou Estadual, não está 
aberta a via da introdução, no cenário jurídico, do instituto da revisão constitucional 
 
(ADI 1722 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 10/12/1997, 
DJ 19-09-2003 PP-00014 EMENT VOL-02124-02 PP-00401) 
 
 
CESPE 
Acerca do poder de reforma e de revisão constitucionais e dos limites ao poder constituinte 
derivado, assinale a opção correta. 
 
 a) Além dos limites explícitos presentes no texto constitucional, o poder de reforma da 
CF possui limites implícitos; assim, por exemplo, as normas que dispõem sobre o 
processo de tramitação e votação das propostas de emenda não podem ser suprimidas, 
embora inexista disposição expressa a esse respeito. [correto] 
 
 b) Emendas à CF somente podem ser apresentadas por proposta de um terço, no mínimo, 
dos membros do Congresso Nacional. 
 
 c) Emenda e revisão constitucionais são espécies do gênero reforma constitucional, não 
havendo, nesse sentido, à luz da CF, traços diferenciadores entre uma e outra. 
 
 d) Não se insere no âmbito das atribuições do presidente da República sancionar as 
emendas à CF, mas apenas promulgá-las e encaminhá-las à publicação. 
 
 e) Se uma proposta de emenda à CF for considerada prejudicada por vício de natureza 
formal, ela poderá ser reapresentada após o interstício mínimo de dez sessões legislativas 
e ser apreciada em dois turnos de discussão e votação. 
 
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2. Poder Constituinte decorrente 
2.1. Introdução 
O Poder Constituinte decorrente é aquele que elabora a constituição do Estado. 
Portanto, pode-se falar em poder constituinte decorrente institucionalizador e reformador. 
Limites ao Poder Constituinte Decorrente: 
(i) Princípios Constitucionais Sensíveis – art. 34, VII 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
 
b) direitos da pessoa humana; 
 
c) autonomia municipal; 
 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida 
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações 
e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
(ii) Princípios Constitucionais Extensíveis 
São os princípios impostos à Constituição da República à União, mas que, por simetria, 
também vale para os Estados. 
(iii) Princípios Constitucionais Estabelecidos 
São os princípios que a CF/88 estabelece diretamente para os estados membros. 
Os princípios extensíveis e os estabelecidos estão difundidos ao logo de todo o texto 
constitucional. 
O rol dos princípios sensíveis estabelecidos na CF/88 é menor do que os limites 
sensíveis das outras constitucionais. 
Por sua vez, os princípios extensíveis e os estabelecidos aumentaram muito. No final 
das contas, a autonomia dos Estados diminui com a Constituição. 
O poder constituinte derivado decorrente deve observar, entre outros, os princípios 
constitucionais estabelecidos, que integram a estrutura da Federação brasileira, como, 
Direito Constitucional 
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por exemplo, a forma de investidura em cargos eletivos, o processo legislativo e os 
orçamentos. (item errado) 
O erro da questão está em confundir os princípios constitucionais extensíveis com os 
princípios constitucionais estabelecidos. No caso, os princípios citados pela questão são 
extensíveis, e não estabelecidos. 
2.2. Distrito Federal – Lei Orgânica – art. 32 
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, 
votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da 
Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. 
 
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados 
e Municípios. 
 
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos 
Deputados Distritais coincidirácom a dos Governadores e Deputados Estaduais, para 
mandato de igual duração. 
 
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27. 
 
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias 
civil e militar e do corpo de bombeiros militar. 
Questiona-se se o DF exerce o poder constituinte decorrente. 
Para o STF, a lei orgânica do DF é decorrente do poder constituinte derivado. 
AD1167 MC/DF 
EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Artigo 24 da Lei Orgânica do Distrito 
Federal. Determinação de participação de representantes dos servidores na direção 
superior dos entes da administração indireta do Distrito Federal. Vício de iniciativa. 
Ausência. Empresas públicas e sociedades de economia mista. Ausência de violação da 
competência privativa da União para legislar sobre direito comercial (art. 22, I, CF/88). 
Diretriz constitucional voltada à realização da ideia de gestão democrática (art. 7º, inciso 
XI, da CF/88). Improcedência. 1. As regras de iniciativa reservada previstas na Carta da 
República não se aplicam às normas originárias das constituições estaduais ou da Lei 
Orgânica do Distrito Federal. Precedente. 2. O Estado pode, na qualidade de acionista 
majoritário – ou seja, como Estado-acionista –, dispor sobre norma estatutária que 
preveja a participação de empregados na diretoria de empresas públicas ou de sociedades 
de economia mista, desde que tal norma não destoe da disciplina atribuída ao tema no 
âmbito federal. O art. 24 da Lei Orgânica do Distrito Federal determina, de forma genérica, 
a participação, na direção superior das empresas públicas e das sociedades de economia 
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mista, de representantes dos servidores de tais empresas. Em nenhum momento a norma 
entra em minúcias, de modo que nem sequer especifica o número de representantes dos 
empregados, o órgão de direção superior no qual deve ocorrer essa participação ou o 
mecanismo de escolha desses servidores, deixando essas e outras questões para serem 
previstas nos estatutos dos referidos entes, na forma da legislação. 3. O preceito 
impugnado constitui diretriz constitucional voltada à realização da ideia de gestão 
democrática (art. 7º, inciso XI, da CF/88) no âmbito das empresas públicas e das 
sociedades de economia mista do Distrito Federal. A forma como a diretriz instituída pela 
norma impugnada se materializará dependerá de norma estatutária, a qual, conforme 
assinalado no julgamento da ADI nº 1.229/SC-MC, não poderá contrariar a normatividade 
federal sobre o tema, notadamente a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/1976), a 
qual, inclusive, faculta a participação dos empregados nos conselhos de administração 
das empresas, sendo, portanto, aplicável às empresas estatais, em razão da sua estrutura 
acionária. 4. Ação direta julgada improcedente. 
 
(ADI 1167, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 19/11/2014, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 09-02-2015 PUBLIC 10-02-2015) 
ADI 980 
EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Artigos 46, § 1º, e 53, parágrafo único, da 
Lei Orgânica do Distrito Federal. Exigência de concurso público. Artigo 37, II, da 
Constituição Federal. Ausência de prejudicialidade. Iniciativa do Poder Executivo. 
Precedentes da Corte. 1. A inteira modificação do art. 39 da Constituição Federal não 
autoriza o exame do tema constitucional sob sua regência. 2. Não há alteração substancial 
do art. 37, II, da Constituição Federal quando mantida em toda linha a exigência de 
concurso público como modalidade de acesso ao serviço público. 3. É inconstitucional a lei 
que autoriza o sistema de opção ou de aproveitamento de servidores federais, estaduais 
e municipais sem que seja cumprida a exigência de concurso público. 4. A Lei Orgânica 
tem força e autoridade equivalentes a um verdadeiro estatuto constitucional, podendo 
ser equiparada às Constituições promulgadas pelos Estados-Membros, como assentado 
no julgamento que deferiu a medida cautelar nesta ação direta. 5. Tratando-se de 
criação de funções, cargos e empregos públicos ou de regime jurídico de servidores 
públicos impõe-se a iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo nos termos do art. 61, 
º 1º, II, da Constituição Federal, o que, evidentemente, não se dá com a Lei Orgânica. 6. 
Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 
 
(ADI 980, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em 06/03/2008, 
DJe-142 DIVULG 31-07-2008 PUBLIC 01-08-2008 EMENT VOL-02326-01 PP-00122 RTJ VOL-
00205-03 PP-01041 LEXSTF v. 30, n. 356, 2008, p. 38-67) 
 
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2.3. Municípios 
Os Municípios não dispõe de poder constituinte decorrente. 
CESPE 
E segundo disposição literal da CF, os estado e os municípios dispõe do chamado poder 
constituinte derivado decorrente, que deve ser exercido de acordo com os príncíops e 
regras dessa carta. (item errado). 
 
3. Poder Constituinte Difuso 
3.1. Introdução 
É o poder que atua na realização das mutações constitucionais. Em outras palavras, 
atua no processo informal de alteração da Constituição. 
O Poder Constituinte difuso é a força invisível que altera a constituição sem alteração 
de seu texto. 
3.2. Natureza jurídica 
É um poder de fato por força do estado de latência em que se encontra. Surge do fato 
social, político e econômico. 
As transformações sociais e as evoluções do próprio direito podem levar a uma 
mudança de interpretação do próprio sentido do texto constitucional. 
Como exemplo, o CP, na década de 40, falava em mulher honesta, que tinha conotação 
relacionada ao comportamento sexual da mulher. Atualmente, a concepção de mulher 
honesta perdeu totalmente o sentido. 
Portanto, as transformações sociais e a evolução do direito fomentam o poder 
constituinte difuso. 
3.3. Características 
(i) Latência 
(ii) Permanência 
(iii) Informalidade: O Poder Constituinte difuso não é exercido por apenas um órgão, 
mas sim por toda a sociedade. Portanto, não é certo dizer que o STF promove mutação 
constitucional. O STF pode reconhecer a existência da modificação de sentido do texto 
constitucional, mas não é ele que promove. 
 
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(iv) continuidade 
3.4. Conceito 
É a revisão informal do compromisso político formalmente plasmado na Constituição 
sem alteração do texto. Em termos incisivos, muda-se o sentido sem modificar o texto. 
Tal possibilidade se verifica por haver dissociação do texto normativo da norma. 
É muito comum a doutrina clássica afirmar que interpretar é extrair da norma um 
sentido. Por sua vez, a doutrina moderna entende que o sentido é atribuído pelo intérprete 
às palavras. 
O sentido atribuído às palavras se modifica com o tempo e, dessa forma, um texto 
normativo também pode ser seus signos linguísticos modificados. 
O texto dissocia-se da norma, pois a norma é quese extrai do texto. 
3.5. Características 
As mesmas características do Poder Constituinte difuso: latência, permanência, 
informalidade e continuidade. 
3.6. Terminologia 
Existem outras nomenclaturas que podem ser dadas ao Poder Constituinte Difuso 
(Mutação Constitucional), tais como: 
(i) vicissitude constitucional tácita; 
(ii) mudança constitucional silenciosa; 
(iii) transições constitucionais 
(iv) processos de fato 
(v) mudança material 
(vi) processos indiretos; 
(vii) processos não formais 
(viii) processos informais 
(ix) processos oblíquos 
3.7. Apresentação da mutação constitucional 
A mutação constitucional é um processo lento, em que não há “deformações 
maliciosas nem subversões traumatizantes”. 
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Não há uma ruptura, mas sim um processo lento. 
Ocorre em momentos distintos. 
Há possibilidade de mutação constitucional em constituições rígidas e flexíveis. Como 
exemplo, pode haver mutação constitucional nos EUA e na Inglaterra. 
3.8. Categorias 
(I) Interpretação 
Exemplo: Conceito de domicílio, passando a abranger também a inviolabilidade do 
escritório profissional. 
 (II) Construção Constitucional 
Como exemplo, temos a doutrina do Habeas Corpus, em que Rui Barbosa defendia que 
esse remédio constitucional poderia ser usado para qualquer violação do direito. 
(III) Praxes Constitucionais 
Como exemplo, temos a prática parlamentar no Brasil Império, chamado de 
Parlamentarismo às avessas, em que o primeiro ministro se sujeitava, na prática, ao 
Imperador, que exercia o Poder Moderador. Por sua vez, não haveria previsão na 
constitucional sobre esse parlamentarismo, sendo uma prática constitucional. 
(IV) Grupos de Pressão 
ONGs, Grupos Religiosos e Trabalhadores. 
HC 94.695 – Caso da prisão civil do depositário infiel – foi uma mudança interpretativa, 
decorrente da modificação da interpretação do texto constitucional. 
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - DENEGAÇÃO DE MEDIDA LIMINAR - SÚMULA 691/STF - 
SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS QUE AFASTAM A RESTRIÇÃO SUMULAR - PRISÃO CIVIL - 
DEPOSITÁRIO JUDICIAL - A QUESTÃO DA INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA - CONVENÇÃO 
AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (ARTIGO 7º, n. 7) - HIERARQUIA CONSTITUCIONAL 
DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS - "HABEAS CORPUS" 
CONCEDIDO "EX OFFICIO". DENEGAÇÃO DE MEDIDA LIMINAR - SÚMULA 691/STF - 
SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS QUE AFASTAM A RESTRIÇÃO SUMULAR. - A jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal, sempre em caráter extraordinário, tem admitido o 
afastamento, "hic et nunc", da Súmula 691/STF, em hipóteses nas quais a decisão 
questionada divirja da jurisprudência predominante nesta Corte ou, então, veicule 
situações configuradoras de abuso de poder ou de manifesta ilegalidade. Precedentes. 
Hipótese ocorrente na espécie. ILEGITIMIDADE JURÍDICA DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO 
CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL. - Não mais subsiste, no sistema normativo brasileiro, a 
prisão civil por infidelidade depositária, independentemente da modalidade de depósito, 
trate-se de depósito voluntário (convencional) ou cuide-se de depósito necessário, como o 
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é o depósito judicial. Precedentes. TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS: 
AS SUAS RELAÇÕES COM O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E A QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO 
HIERÁRQUICA. - A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, n. 7). Caráter 
subordinante dos tratados internacionais em matéria de direitos humanos e o sistema de 
proteção dos direitos básicos da pessoa humana. - Relações entre o direito interno 
brasileiro e as convenções internacionais de direitos humanos (CF, art. 5º e §§ 2º e 3º). 
Precedentes. - Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos no 
ordenamento positivo interno do Brasil: natureza constitucional ou caráter de 
supralegalidade? - Entendimento do Relator, Min. CELSO DE MELLO, que atribui hierarquia 
constitucional às convenções internacionais em matéria de direitos humanos. A 
INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA 
CONSTITUIÇÃO. - A questão dos processos informais de mutação constitucional e o 
papel do Poder Judiciário: a interpretação judicial como instrumento juridicamente 
idôneo de mudança informal da Constituição. A legitimidade da adequação, mediante 
interpretação do Poder Judiciário, da própria Constituição da República, se e quando 
imperioso compatibilizá-la, mediante exegese atualizadora, com as novas exigências, 
necessidades e transformações resultantes dos processos sociais, econômicos e políticos 
que caracterizam, em seus múltiplos e complexos aspectos, a sociedade 
contemporânea. HERMENÊUTICA E DIREITOS HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL 
COMO CRITÉRIO QUE DEVE REGER A INTERPRETAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. - Os 
magistrados e Tribunais, no exercício de sua atividade interpretativa, especialmente no 
âmbito dos tratados internacionais de direitos humanos, devem observar um princípio 
hermenêutico básico (tal como aquele proclamado no Artigo 29 da Convenção 
Americana de Direitos Humanos), consistente em atribuir primazia à norma que se 
revele mais favorável à pessoa humana, em ordem a dispensar-lhe a mais ampla 
proteção jurídica. - O Poder Judiciário, nesse processo hermenêutico que prestigia o 
critério da norma mais favorável (que tanto pode ser aquela prevista no tratado 
internacional como a que se acha positivada no próprio direito interno do Estado), 
deverá extrair a máxima eficácia das declarações internacionais e das proclamações 
constitucionais de direitos, como forma de viabilizar o acesso dos indivíduos e dos 
grupos sociais, notadamente os mais vulneráveis, a sistemas institucionalizados de 
proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana, sob pena de a liberdade, a 
tolerância e o respeito à alteridade humana tornarem-se palavras vãs. - Aplicação, ao 
caso, do Artigo 7º, n. 7, c/c o Artigo 29, ambos da Convenção Americana de Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): um caso típico de primazia da regra mais 
favorável à proteção efetiva do ser humano. 
 
(HC 94695, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 23/09/2008, 
DJe-025 DIVULG 05-02-2009 PUBLIC 06-02-2009 EMENT VOL-02347-04 PP-00658 RTJ VOL-
00209-03 PP-01265) 
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3.9. Limites à mutação constitucional 
A mutação constitucional se dá pelo impacto da evolução da realidade constitucional, 
pois a mudança de sentido decorre da necessidade de permanente “adequação dialética entre 
o programa normativo (texto normativo) e a esfera normativa (campo de incidência da 
norma). 
No entanto, não se aceitará a mutação gerada por uma realidade constitucional 
inconstitucional, em que o novo sentido mostra-se incompatível com o programa normativo. 
Nesse caso, há a necessidade de observância do texto, de Ponderação do Intérprete e 
de respeito aos princípios estruturantes. 
Nesse contexto, como exemplo, não é possível aceitarmosas práticas governamentais 
consolidadas ilegais, tais como o “caixa dois” e o fisiologismo. 
É certo que a omissão legislativa pode conduzir a uma mudança do sentido da 
constituição, na medida em que a norma sem efetivação deixa de ter apelo social e poderá 
levar a uma mudança informal indevida do sentido da norma. 
CESPE 
Com relação ao neoconstitucionalismo, às normas constitucionais e a o poder constituinte, 
assinale a opção correta. 
 
a) O fenômeno da mutação constitucional é um processo informal de alteração do 
significado da CF, decorrente de nova interpretação, mas não de alteração, do texto 
constitucional. [certo] 
 
 b) As normas constitucionais de eficácia contida, apesar de ter aplicabilidade imediata, 
somente produzem efeitos após edição de norma infraconstitucional integrativa. 
 
 c)Decorre do poder constituinte derivado reformador a possibilidade de estruturação dos 
estados-membros, por meio de suas próprias constituições. 
 
 d)O neoconstitucionalismo desenvolvido pelo modelo neoliberal de Estado revisita a 
concepção de liberdade de mercado,resultando no enfraquecimento dos direitos sociais. 
 
 e)A norma constitucional que trata da ação direta de inconstitucionalidade constitui 
elemento formal de aplicabilidade da CF. 
 
CESPE 
A mutação constitucional é fruto do poder constituinte derivado reformador 
Resposta: ERRADO 
 
CESPE 
Direito Constitucional 
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A mutação constitucional ocorre quando, em virtude de evolução de fato da situação sobre 
a qual incide a norma ou por força de nova visão jurídica, altera-se a interpretação dada 
à constituição, mas não ao seu texto. 
Resposta: CORRETO 
 
CESPE 
V. A Constituição pode ganhar novos sentidos tanto por processo formal legislativo, como 
por processo informal de mudança de suas normas 
Resposta: CORRETO 
 
4. Direito Constitucional intertemporal 
4.1. Introdução 
O direito constitucional intertemporal é a relação da Constituição nova com o direito 
pretérito (constituição anterior e todas as leis em sentido amplo). 
O primeiro ponto a ser trabalhado é o conflito entre constituições no tempo, ou seja, 
a constituição nova e a Constituição anterior 
Existem três consequências dessa relação. 
O primeiro fenômeno é a revogação, que é a regra e não precisa ser expressa. A 
entrada em vigor de uma nova constituição revoga a constituição anterior. 
O segundo fenômeno é o da desconstitucionalização, que somente pode ocorrer de 
forma expressa. As normas da constituição poderão ser mantidas, se foram compatíveis com 
a nova constituição, com status infraconstitucional. 
Portanto, a norma da constituição anterior é mantida, mas com status 
infraconstitucional, seja de lei ordinária ou lei complementar. 
O fenômeno da desconstitucionalização não ocorreu no Brasil. 
O terceiro fenômeno é a vacatio constituitonis 
A constituição nova é promulgada, mas ela própria afirma que só entrará em vigor após 
um determinado período. Nesse sentido, esse período de 6 meses é um período de vacatio 
que vale ainda a constituição passada. 
No Brasil, esse fenômeno ocorreu de forma parcial, conforme art. 34, do ADCT. 
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto 
mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição 
de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores. 
Direito Constitucional 
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A CF contempla hipótese configuradora do denominado fenômeno da recepção material 
das normas constitucionais, que consiste na possiblidade de a norma de uma constituição 
anterior ser recepcionada pela nova constituição, com status de norma constitucional 
Gabarito: CERTO 
 
O Poder Constituinte pode autorizar a incidência do fenômeno da desconstitucionalização, 
segundo o qual as normas da constituição anterior, desde que compatíveis com a nova 
ordem constitucional, permaneçam em vigor com status infraconstitucional 
Gabarito: CERTO 
 
4.2. Constituição e Direito Pré-Constitucional 
O direito pré-constitucional inclui todas as normas (em sentido amplo) anteriores à 
Constituição. 
Nesse sentido, deve-se verificar a compatibilidade formal e material do direito pré-
constitucional com a nova constitucional. 
4.2.1. Compatibilidade material 
A compatibilidade material verifica-se quando o conteúdo da lei anterior é compatível 
com a nova constituição. 
Se o conteúdo for compatível, a norma pré-constitucional será recepcionada pela nova 
constituição. 
Essa recepção tem duas consequências: 
(i) a norma recepcionada assume novo fundamento de validade. 
(ii) a norma recepcionada assume o status da legislação exigida pela atual 
constituição. 
Como exemplo, o CP foi recepcionado e tem como fundamento a CF/88. Por sua vez, 
o CTN foi elaborado na forma de lei ordinária e a CF/67 e a CF/88 exigiram lei complementar, 
sendo recepcionado por ambas como lei complementar. Dessa forma, o CTN foi editado como 
lei ordinária e, atualmente, tem status de lei complementar. 
Essa dinâmica da recepção deriva do princípio da continuidade do ordenamento 
jurídico, ou seja, tanto quanto possível o intérprete tentará manter as normas vigentes, para 
evitar o vazio normativo. 
Por sua vez, se não há compatibilidade material, dirá que a norma não foi 
recepcionada, não podendo, destarte, ser mantida. 
Para uma primeira corrente, a norma não recepcionada é uma norma revogada. Para 
essa corrente, a inconstitucionalidade só pode ser aferida em relação à constituição vigente 
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no momento da elaboração da lei. Ademais, dizer que apenas uma lei pode revogar outra lei 
significaria dizer que a constituição passa a ser mais fraca do que a própria lei nesse sentido. 
Para uma segunda corrente, a norma não recepcionada fundamenta-se na 
inconstitucionalidade superveniente. Para essa corrente, uma constituição não pode revogar 
uma lei, havendo, na verdade, inconstitucionalidade superveniente. 
No fim das contas, o STF adotou a teoria da revogação. 
Se eu admitir a inconstitucionalidade superveniente, eu poderia admitir controle de 
constitucionalidade de lei anterior em relação à constituição nova e, portanto, poderia haver 
ADI em relação à lei anterior. Por sua vez, conforme entende o STF, não cabe ADI em relação 
a leis anteriores à CF/88. 
Por sua vez, na ADPF de uma lei anterior à CF/88, o STF não dirá que a lei anterior é 
inconstitucional, mas apenas que é incompatível e não foi recepcionada. 
Atente-se que se a lei é inconstitucional em relação ao seu parâmetro de validade 
(constituição vigente à época da promulgação da lei), ela será nula. Nesse sentido, se a lei for 
originariamente inconstitucional, mesmo que ela seja compatível com a nova constituição, ela 
não poderá ser recepcionada, pois o vício de inconstitucionalidade não se convalida. Portanto, 
a constituição nova não convalidada normas quejá nasceram inconstitucionais. 
Portanto, discutir recepção/não recepção parte do pressuposto de que a lei é 
originariamente constitucional. Conclui-se, portanto, que inconstitucionalidade não se 
convalida. 
CESPE 
O STF admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente de ato normativo editado 
antes da nova constituição e perante o novo paradigma estabelecido. 
Gabarito: errado 
 
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4.2.2. Compatibilidade formal 
A compatibilidade formal é dividida em dois cenários. 
(i) Compatibilidade formal procedimental 
Nesse caso, compara-se o processo legislativo da época da elaboração da lei com o 
processo legislativo da nova CF. 
Constituição Anterior Constituição Nova Recepção 
Exigência de lei ordinária Exigência de lei complementar Sim, como exemplo 
temos o CTN 
Exigência de LC, mas é feita LO Exigência de lei complementar Não. 
 Portanto, se a lei foi elaborada de acordo com o processo legislativo vigente e está em 
contrariedade ao novo processo legislativo, não há problema, podendo ser recepcionada e 
recebendo o status constitucional que a nova CF exige. 
(ii) Compatibilidade formal orgânica 
A compatibilidade formal orgânica tem relação com a repartição de competência dos 
entes da federação. 
Constituição anterior Constituição nova Recepção 
Exigência de lei federal Exigência de lei estadual Sim 
Exigência de lei estadual Exigência de lei federal Não 
Se a Constituição anterior exigia lei federal e a nova constituição dispôs que se exige 
lei estadual, a lei federal continua vigendo até o advento das respectivas leis estaduais. 
Por sua vez, se a constituição anterior exigia lei estadual e a nova constituição exigir lei 
federal, não caberá recepção. 
Portanto, se a competência era do ente maior e passou para o ente menor, poderá 
haver recepção. Por sua vez, se a competência era do ente menor e passou para o ente maior, 
não poderá haver recepção. 
Nesse ponto, confira-se as questões abaixo: 
 
Direito Constitucional 
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Considere que lei editada sob a égide de determinada Constituição apresentasse 
inconstitucionalidade formal, apesar de nunca ter sido declara inconstitucional. Nessa 
situação, com o advento de nova ordem constitucional, a referida lei não poderá ser 
recepcionada pela nova constituição, ainda que lhe seja materialmente compatível, dado 
o vício insanável de inconstitucionalidade. 
Gabarito: CERTO 
 
Na hipótese de alteração, por uma nova Constituição Federal, do rol de competência 
legislativa dos entes da Federação, para inserir na competência federal matéria até então 
da competência legislativa estadual ou municipal, ocorre o fenômeno da federalização da 
lei estadual ou municipal, a qual permanecerá em vigor como se lei federal fosse, em 
atenção ao princípio da continuidade do ordenamento jurídico. 
Gabarito: ERRADO 
 
4.3. Constituição anterior como parâmetro 
A Constituição pode servir como parâmetro para o controle de constitucionalidade, 
formal ou material, das normas editadas sob a sua vigência, mesmo após a promulgação da 
nova constituição. 
Nesse caso, se a norma nasceu incompatível com a constituição vigente quando de sua 
edição, não poderá ser recepcionada pela nova constituição, mesmo que com ela compatível. 
Em outros termos, inconstitucionalidade não se convalida com o advento de nova norma 
constitucional (não há constitucionalidade superveniente). 
Como exemplo, se uma lei é promulgada em 1985 e é incompatível com a Constituição 
de 1967/69, e apesar disso não é declarada inconstitucional até o advento da Constituição de 
1988, um Juiz, em 1992, poderá realizar controle de constitucionalidade difuso dessa lei de 
1985, tendo como parâmetro a Constituição de 1967/69. 
Portanto, uma constituição já revogada pode servir como parâmetro de controle de 
constitucionalidade difuso, em relação a leis promulgadas durante sua vigência. 
CESPE 
É possível a declaração de inconstitucionalidade de norma editada antes da atual 
Constituição, que tenha desrespeitado, sob o ponto de vista formal, a Constituição em 
vigor na época de sua edição, ainda que referida lei seja materialmente compatível com 
a vigente CF. 
Gabarito: Correto. 
 
 
Direito Constitucional 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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ESAF 
2) (ESAF/PFN/2006) considerando o Direito Brasileiro, assinale a opção correta, no que 
diz respeito às conseqüências da ação do poder constituinte originário. 
 
a) uma lei federal sobre assunto que a nova Constituição entrega à competência privativa 
dos Municípios fica imediatamente revogada com o advento da nova Carta. 
ERRADO, porque se a competência era do ente maior e passou para o ente maior, a lei 
do ente maior ficará preservada até ulterior edição da lei do ente menor. 
 
b) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi 
editada, mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora objeto de controle de 
constitucionalidade, não é considerada recebida por esta, mesmo que com ela guarde 
plena compatibilidade material e esteja de acordo com o novo processo legislativo. 
CERTO 
 
 
c) Para que a lei anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister 
que seja compatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como do 
conteúdo dos seus preceitos. 
 
ERRADO, porque não é necessário respeito formal com a nova constituição. O mais 
importante é a compatibilidade material 
 
d) Normas não recebidas pela nova Constituição são consideradas, ordinariamente, como 
sofrendo de inconstitucionalidade superveniente. 
 
ERRADO, pois são consideras revogadas. 
 
e) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal convergem para 
afirmar que normas da Constituição anterior ao novo diploma constitucional, que com 
este não sejam materialmente incompatíveis, são recebidas como normas 
infraconstitucionais. 
 
ERRADO, pois o fenômeno da desconsticuonalização não ocorreu no Brasil. 
 
 
 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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CESPE 
Suponha que uma lei infraconstitucional tenha sido revogada pelo advento de uma nova 
ordem constitucional, por ser com ela incompatível. Nessa situação, com a entrada em 
vigor de uma terceira ordem constitucional, ainda que seja compatível com ela, a referida 
lei infraconstitucional não poder ser restaurada, salvo se houver disposição constitucional 
expressa nesse sentido. 
Gabarito: CERTO 
 
ATENÇÃO: Os fenômenos da revogação e da não-recepção são fenômenos distintos. 
Se uma lei “A” revoga uma lei “B”, ocorre o fenômeno da revogação. Por sua vez, se uma lei 
“A” não é compatívelcom uma nova constituição, ocorre o fenômeno da não recepção, que 
terá como consequência a revogação da lei “A”. 
Portanto, revogação e não recepção não são sinônimos. A não recepção significa que 
a norma não é compatível com a nova ordem constitucional e, por isso, não poder ser mantida. 
Por sua vez, a revogação significa a perda da vigência da norma, por norma ulterior. A não 
recepção, no entanto, leva à revogação da norma. 
Na sequência do curso, iremos começar o tema “Controle de Constitucionalidade”.

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