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os
APÓSTOLOS
ANTIGOS
Os ApóstqoAntigos
*
3gi PAVIO O. McKay
*
tradução de
MYRIAM B. M. DE CASTRO
*
— JUNTA DA ESCOLA DOMINICAL —
Missão Brasileira da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos últimos Dias
RUA IIENRIQUE MONTEIRO, 215 (Pinheiros) -- SAO PAULO (SP).
CAIXA POSTAL S02 -- TEL . 80-4835
SAO PAULO - 1883
f N D I C E
PRIMEIRA PARTE — PEDRO
1
	
Fontes de Luz . .
	
7
2 — Infância e Meio	 11
3 — Desenvolvimento	 :	 17
4 — Os Doze	 25
5 — Gloriosas Experiências 	 32
6 — O Testemunho de Pedro
	
36
7 — ,Uma Soberba Manifestação	 41
8 — Lições de Verdadeira Liderança
	
46
9 — Na Noite da Traição
	
51
10 — Da Escuridão Para a Luz
	
58
11 — Um Verdadeiro Líder e Valoroso Defensor	 65
12 — Pedro e ,João Aprisionados
	
70
13 — Perseguidos Mas Incansáveis
	
75
14 — Uma Visita Especial a Samaria	 80
15 — Em Lida e'Jope	 83
16 — O Terceiro Aprisionamento
	
89
17 — Cenas Finais de um Grande Ministério	 94
SEGUNDA PARTE — TIAGO
18 — Tiago _ O Filho de Zebedeu	 	 101
TERCEIRA PARTE — JOÃO
19 — Com o Redentor
	
. . 107
20 — Com Pedro e os Doze
	
112
21
	
últimas Cenas do Ministério
	
.
.
	
116
-3—
QUARTA PARTE — PAULO E SEUS COMPANHEIROS
22 Saulo de Tarso	 123
23 A Convenção de Saulo 128
24 Em Outra Escola	 132
25 Mensageiros Especiais a Jerusalém 	 137
26 Primeira Viagem Missionária 	 141
27 A Primeira Viagem Missionária — (continuação)	 146
28 Urna Grande Controvérsia 	 151
29 Paulo Inicia Sua Segunda Viagem Missionária	 156
30 Em Filipos	 161
31 Na Macedônia	 167
32 Em Atenas e Corinto	 172
33 A Terceira Viagem Missionária de Paulo de Antió-
quia a Éfeso	 179
34 Terceira Viagem do Missionário — (continuação) 185
35 Excitantes Experiências em Jerusalém	 190
36 — Dois Anos em Prisão 196
37 — A Viagem a Roma 203
38 O Mundo Enriquecido Por Um Prisioneiro Acor-
rentado	 210
PRIMEIRA PARTE
PEDRO
LIÇÃO I
FONTES DE - LUZ
Todos gostam de ler e ouvir falar sôbre grandes
homens. As crianças e os adultos têm satisfação em sa-
ber como os líderes dos homens no passado fizeram
o mundo melhor e mais feliz com seus atos nobres.
Após passarem-se muitos e muitos anos, ainda se vê o
bem que êsses líderes fizeram ao mundo, despertando
grandes e admiráveis aspirações nos meninos e me-
ninas que hoje em dia desejam imitar êsses heróis do
passado.
Todos os. meninos têm alguém que representa o
seu ideal . Talvez haja mais de uma pessoa represen-
tando êsse ideal — um menino, por exemplo, pode de-
sejar ser como um bom atleta, como um bom violinis-
ta, e também como um músico algum dia . Podem tam-
bém desejarem ser como um bom orador . Mas, algu-
mas vêzeis, as crianças escolhem maus exemplos para
seus ideais . Isto acontece quando leêm maus livros ou
se associam com homens de má índole . Como é infeliz
o menino que lê sôbre um salteador de estradas ou la-
drão ,e vê despertar em sua jovem mente o desejo de
ser como aquele homem mau! Como é infeliz o menino
que escolhe para seu ideal um homem que fuma, bebe
e passa a vida tôda despreocupado e sem trabalhar!
Assim as vidas dos homens são como sinais que
nos indicam os caminhos que levam a existências úteis
e felizes ou a vidas de egoísmo e miséria . É importan-
te, então, que procuremos, tanto na vida como nos li-
-7—
vros, a companhia dos melhores e mais nobres homens
e mulheres.
Carlyle, um grande escritor inglês, diz :
"Os grandes homens são sempre boas companhias,
não importa sob que ponto de vista sejam considera-
dos. Não podemos olhar, ainda que ligeiramente um
grande homem, sem dêle ganhar algo. É a fonte de
luz perto da qual é útil e agradável estar ."
Se você estudar a vida dessas grandes fontes de
luz do mundo, aprenderá pelo menos uma coisa, que
fêz seus nomes imortais . É o seguinte : cada um deu
alguma coisa de sua vida para fazer o mundo melhor.
Não passaram seu tempo procurando prazer, ou diver-
são para si mesmo, mas encontraram sua maior ale-
gria em fazer os outros felizes e mais confortados . To-
dos êsses bons atos vivem para sempre, mesmo que o
mundo jamais tenha conhecimento deles.
Há uma história muito antiga que diz que um
homem de um outro planeta visitou a terra . Do alto
de-uma montanha êle olhou para as movimentadas ci-
dades do mundo. Milhares de homens, como formigas,
estavam ocupados construindo palágios de prazer e
outras coisas que não duram muito . Ao partir de vol-
ta, disse : "Tôda essa gente está gastando seu tempo
para construir frágeis ninhos . Não é de se admirar
•que fracassem e se envergonhem".
Todos os homens verdadeiramente grandes no
mundo ,construiram algo além de frágeis ninhos. Do
fundo de suas mentes e de seus corações, sairam pre-
ciosidades que fizeram o mundo mais rico . Realizaram
feitos ale amor e de sacrifício que inspiraram milhões.
Ao assim fazerem, podem ter sofrido ; muitos, realmen-
te, tiveram morte prematura, mas todos que assim de-
ram suas vidas, as salvaram. O que fazemos por Deus
e nosso próximo, vive para sempre ; aquilo que faze-
mos só para nós não pode durar.
-8—
C1oer10 0011 çaIoes Oameiro
Quando ouvimos qualquer coisa sôbre um grande
homem, logo queremos saber tudo a seu respeito —
onde nasceu, quem eram seus pais, onde viveu, como
brincava, com quem brincava, em ,que espécie de casa
morava, onde ia nadar, onde pescava, etc. Estas coi-
sas ditas a respeito de George Washington e Abraão
Lincoln são sempre interessantes. Qual é o menino que
não gosta de ouvir a história do pequeno Lincoln que
vivia na cabana de troncos no sertão de Indiana? Ima-
giná-lo entre os ursos e outros animais selvagens?
Imaginá-lo sentado ao pé do fogo aprendendo a fazer
contas com auxílio de um pedaço de carvão e uma pá
porque não tinha lousa, nem papel e nem lápis? Abraão
Lincoln foi um homem grande e bom, e queremos sa-
ber tudo a seu respeito, mesmo quando, era menino, em
parte para que isto nos ajude a ser mais ou menos co-
mo êle, pois, como Lincoln escreveu, "os meninos que
se dedicam aos livros, aos poucos se tornarão grandes
homens".
Infelizmente, muito pouco sabemos a respeito da
infância dos apóstolos antigos, sôbre quem leremos
nêste--pequeno livro. Naturalmente, podemos imaginar
que espécie de meninos eram, se considerarmos a es-
pécie de homens que se tornaram mas, os pequenos in-
cidentes de sua infância e mocidade, que tenderam á
modificar seu caráter ,e que poderiam nos interessar
tanto, apesar de se terem passado mil e novecentos
anos, nunca foram escritos e talvez jamais sejam co-
nhecidos. Cresceram e se tornaram adultos antes de te-
rem a oportunidade de prestar ao mundo o trabalho
que os imortalizou.
Sob um aspecto, contudo, eram os homens mais
favorecidos que o mundo conheceu, porque tiveram o
privilégio de estar em contacto diário durante cérea
de dois anos e meio, com o Salvador do mundo . Não é
de se admirar, portanto, que tenham se tornado gran-
des, tendo um exemplo de verdadeira grandeza cons-
-9—
tantemente diante de si . Assim que aprenderam a amar
Jesus, quizeram ser como Êle e guardaram os seus en-
sinamentos e procuraram agir como Êle havia agido.
Sem dúvida, será proveitoso para nós se nos familiari-
zarmos com tais homens.
Pensem bem : o único motivo pelo qual o mundo
ouviu falar dêles foi por terem encontrado o Salvador
e feito Dêle o Guia de suas vidas . Se êles não o tivessem
feito, ninguém saberia hoje que tais homens existiram
um dia. Teriam vivido, morrido, e sido esquecidos da
mesma forma que milhares de outros homens que em
seus dias morreram sem que ninguém tomasse conhe-
cimento de sua existência, da mesma forma como mi-
lhares e milhares vivem hoje, desperdiçando sua vida
e energias numa vida inútil, escolhendo a espécie errada
de homens para seus ideais, dirigindo seus passos àestrada do prazer e indolência, em vez de dirigi-los
it estrada do trabalho. Logo chegarão ao fim de sua
jornada na vida e ninguém poderá dizer que o mundo
se tornou um pouco melhor por êles terem nêle vivido.
Ao fim de cada dia, tais homens deixam o caminho
que palmilharam, tão estéril como o encontraram --
não plantam árvores para dar sombra a outros nem ro-
seiras para fazer o mundo mais doce e belo para aque -
les que virão — nenhum ato nobre e nenhuma realiza-
ção qualquer apenas um caminho infrutífero, esté-
ril, árido, entremeado, talvez, com espinhos e cardos.
Mas o mesmo não aconteceu com os discípulos que
escolheram Jesus para seu guia. Suas vidas- são como
jardins de rosas do qual o mundo pode colher belas
flores para sempre .
LIÇÃO 2
INFÂNCIA E MEIO
"A mocidade é como as plantas : desde os primei-
ros frutos que produzem nos fazem saber o que espe-
rar no futuro".
Correndo ao norte do Lago de Utah, através de
parte da Grande Bacia, e esvasiando-se no Grande La-
gó Salgado, o Mar Morto da América, acha-se o Rio
Jordão. No Lago Utah a água é doce e. há grande abun-
dância de peixes ; no Lago Salgado, como o próprio
nome indica, a água é salgada ; e tão salgada que os
peixes nela, não podem viver. Ao presidente Brigham
Young e aos valorosos pioneiros . que o acompanhavam,
o Vale do Lago Salgado, com o Mar Morto refletindo
os raios gloriosos do sol de Julho, eram sem dúvida a
"terra prometida".
Muito longe, além do Oceano Atlântico, estenden-
do-se na parte oriental do Mar Mediterrâneo, encJn-
tra-se um outro mar salgado, um outro Pio Jordão e
um outro lago dâce, correndo o rio através da "Terra
Prometida" ou a "Terra de Canaan". Contudo, se cone
sultarmos um mapa daquele pais, veremos que as posi-
Iões relativas deste lago, rio e mar, são exatamente
opostas às de Utah . Na Terra Santa, o lago, de água
doce encontra-se ao norte, o Rio Jordão corre piara o
Sul, para dentro do Mar Morto.
A terra que contém 'estes três marcos impor-
tantes na história, tem vários nomes . Como menciona-
mas acima, é chamada a Terra Santa, também a Ter-
- 11 —
ra de Canaan, a Terra dos Hebreus, ou, ainda, a Casa
de Israel, porque os filhos de Jacob um dia lá se esta-
beleceram. É ainda algumas vezes chamada a Terra
de Judá, como se chamava um dos filhos de Jacob na
Palestina, provàvelmente por causa dos Filisteus que
viveram, como sabemos, nos dias do menino pastor
David.
Tamanho de Canaan — 0 Lago Salgado tem cérea
de oitenta milhas de comprimento e quarenta de lar-
gura. A terra de Canaan tem quasi o dôbro do compri-
mento e . da largura, ou cento e setenta milhas de com-
primento e oitenta de largura. A cidade de Dan encon-
trava-se ao Norte e Barshebà ao sul.
O lago de água dôce da Terra Santa, também tem
vários nomes . É geralmente conhecido como o Mar da
Galiléia, mas algumas vezes é chamado Mar de 'Tibe-
riades, Lago de Genezaré, Lago . de Tiberíades e Mar
de Ceneró. Tem cerca de dezesseis milhas de compri-
mento e seis de largura . "As (águas dêste lago se en-
contram numa profunda bacia, rodeada de todos os
lados por colinas, exceto a estreita entrada e saída do
Jordão em cada extremo.
Éste mar visto da cidade de Capernaum, que está
situada perto da extremidade superior da encosta do
lado ocidental, parece extremamente grande ; seu maior
comprimento vai de norte a sul . O aspecto estéril das
montanhas que se vêem em ambos os lados e a com-
pleta ausência de madeira, dão contudo, uma aparên-
cia de tristeza à paisagem que é aumentada com a me-
lancolia da calma morta de suas águas".
No lado ocidental dêste lago encontrava-se uma dás
mais importantes regiões da Palestina, chamada Gali-
léia. Um escritor antigo diz que. em certa ocasião esta
província "continha duzentas e quatro cidades e vila-
rejos, com pelo menos quinze mil habitantes".
Betsaida — Em algum lugar desta província, pro-
vàvelmente muito perto de Capernaum, achava-se uma
— 12 —
cidadezinha chamada Betsaida . Havia uma outra ci-
dade com o mesmo nome na parte noroeste, mas é em
Betsaida, perto de 'Capernaum, que agora estamos mais
interessados . Deve ter sido perto do lago, porque mui-
tas das pessoas .que lá viviam ganhavam a vida pescan-
do, não com anzois e linhas como os meninos pescam
hoje em dia, mas com rêdes, que lançavam ao mar, e
passavam pelo lago até que apanhassem os peixes que
eram então arrastados para a praia.
Simão — Na casa de um desses pescadores, provà-
velmente alguns , anos antes do nascimento do Salva-
dor, nasceu um dia uma criança a quem seus pais cha-
maram Simão ou. Simeão. Tinha um irmão chamado
André (João 1 :42-43) . O nome de seu pai era Jonas ou
Johanas, mas muito pouco se sabe a seu respeito, e na-
da absolutamente a respeito de sua mãe . Nada defi-
nitivo se conhece a respeito da infância ou da mocida-
de de Simão . Contudo, podemos concluir sem medo de
errar, pelo que sabemos dos costumes, crenças e
-
prá-
ticas dos judeus de seu tempo, que êle vivia numa ca-
sa pequena. de telhado chato, contendo pouca ou ne-
nhuma mobilia . Sabemos também que em casa e na
escola êle aprendeu tudo sôbre os profetas no que ho-
je é o nosso Velho Testamento ; que observou estrita-
mente o dia do Sábado, e, o que é mais importante,
aprendeu a esperar pelo dia em que ó Salvador do
mundo viria a Seu povo.
Em fantasia, podemos imaginar Simão, André e
seus companheiros de brinquedos divertindo-se na
praia da Galileia ; mas é sòmente em imaginação que
podemos ver quaisquer dos acontecimentos da infân-
cia . de Simão. "Podemos pensar nele. diz George L.
Weed, "como um menino útil, auxiliando sua . mãe nos
deveres da casa — trazendo cuidadosamente as peque-
nas lâmpadas de argila vermelha para serem enfeita-
das, ou o milho para ser amassado, o peixe que seu
pai havia apanhado, o -carvão para cozinhá-lo, o pão
-13—
do forno, óleo e pães de mel para serem comidos por
êle, ou água do riacho que corria na colina atrás da sua
casa; em direção ao lago, ou enchendo as jarras de
água ià porta. Não foi êle um orgulho para sua mãe
quando pela primeira vez sacudindo a oliveira trouxe
as azeitonas para ela como parte de sua refeição fru-
gal, ou quando esparramava o milho e o cânhamo pa-
ra secarem no telhado chato de sua casa, ao sol 'do
verão? Não foi êle um orgulho para seu pai quando pe-
la primeira vez tomou o remo e mergulhou-o na onda,
ajudou a lançar a rede e contou os peixes que haviam
apanhado? Êle admirava o vôo das pardais e colhia
flores — papoulas, margaridas e anêmonas — como
aquelas das quais o Grande Mestre, a quem êle ainda
não conhecia, ensinaria a êle lições de sabedoria e
amor. Infantilmente êle colhia conchinhas à beira-mar
e fazia buracos na branca areia da praia com um pe-
daço de pau com o mesmo prazer que uma criança mo-
derna brinca na praia com sua pàzinha e seu balde.
Nenhum dois pescadore4s que iram Simão com
seus companheiros brincando com rêdes e barcos, ja-
mais suspeitou que 'quando êle crescesse estaria entre
os maiores homens do mundo!
Alguns escritores nos dizem que os Galileus eram
geralmente 'corajosos, destemidos e amavam a liber-
dade. Os homens davam bons soldados, pois eram "ou-
sados e intrépidos" . O menino Simão, ao se tornar adul-
to, deve ter admirado os homens corajosos que havia
ao seu redor, pois êle também se tornou um homem de
caráter forte, como vemos pelo primeiro incidente de
sua vida que foi registrado.
O NOME DE. SIMÃO É MUDADO
Logo após ter Simão se tornado adulto, veio um
homem do deserto do Jordão, vestido somente com
pêlo de camelo e uma túnica de couro em seus quadris,
-- 14—
Roóerio Oonçalees Qatneira
mas pregando com tal poder que o povo da "Judéia e
de tôdas as regiões ao redor'' vieram ouvi-lo . Êste gran-
de pregador era João, Batista, o precursor de Cristo.
Entre aqueles que vieram ouvi-lo encontrava-se Simão
que, sem dúvida, alegrou-seao ouvir êste pregador do
Arrependimento declarar que o Filho do Homem de-
veria em breve se manifestar na terra . Simão, André
e alguns de seus amigos, creram no que João Batista
pregava.
Um dia, quando juntamente com alguns de seus
seguidores, João se encontrava perto de Betabara (uma
palavra que significa encruzilhada) vendo Jesus que
se dirigia para êle, disse : "Eis aqui o Cordeiro de Deus,
que tira o pecado do mundo . Êste é aquêle do qual eu
disse : Após mim vem um varão que já foi antes de
mim ; porque já era primeiro do que eu " .
No dia seguinte, ',talvez pelas proximidades das
dez da manhã, João estava falando com dois discípu-
los, eram êles André, irmão de Simão, e João. Cami-
nhando a curta distância deles se achava o mesmo ho-
mem a quem João havia apontado no dia anterior, co-
mo o Cordeiro de Deus. "E vendo por ali andar a Je-
sus, disse : Eis aqui o Cordeiro de Deus . E os dois dis-
cípulos ouviram-no dizer isto e seguiram a Jesus".
O Irmão de Simão crê em Jesus — Aceitando o
convite de Jesus para acompanhá-lo até onde estava
morando, êstes dois homens permaneceram com Êle,
ouvindo Suas palavras durante o resto do dia . Ao par-
tirem, acreditavam ,que Jesus fôsse o Rei de Israel, o
Salvador do mundo. Assim foram êles naquele dia, os
primeiros, dois, além de João Batista, a crer em Jesus.
Sempre que temos algo que é muito bom, quere-
mos partilhar com os que amamos . Assim aconteceu
com êstes dois irmãos . Logo que sentiram a influência
divina irradiar do Salvador, encheram-se de grande
vontade de fazer com que os que amavam ficassem
sob a mesma influência . André saiu a procurar . seu
-15
irmão Simão e João seu irmão Tiago . André encontrou
Simão primeiro e disse : "Já achamos o Messias (que,
traduzido, é o Cristo) ".
Simão é chamado Cefas — E êle o trouxe a Jesus
quando Êste o viu, disse : "Tú és Simão, filho de Jonas;
tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)" . Na-
queles dias os judeus falavam a lingua hebraica, mas o
Nôvo Testamento foi escrito em grego . Em hebraico,
Cefas significa "pedra", mas em grego a palavra pe-
dra é "Petras" ou Pedro. Assim, daquele momento em
diante, Simão foi conhecido como Simão Pedro, ou Si-
mão a Rocha.
Quando pensamentos neste mundo maravilhoso no
qual vivemos, em suas grandes divisões de terra cha-
madas continentes, que no continente ocidental se en-
contram os países da Europa, Ásia, África ; que num
cantinho da Ásia, há uma faixa de terra quase só duas
vezes maior do que o Lago Salgado ; que naquela fai-
xa de terra havia uma divisão como um de nossos es-
tados, chamada Galiléia ; que nesta província havia
mais de duzentas cidades e que em cada cidade habita-
vam vários milhares de pessoas, entre as quais um dia
nasceu um menino cujos pais eram desconhecidos, e
que 'este menino cresceu para se tornar um homem de
tal carláter que Jesus o chamou "A Rocha" e que du-
rante mil e novecentos anos êle foi conhecido e honra-
do por milhões e milhões de pessoas, precisamos com-
preender, mesmo em nossa mocidade, que um nasci-
mento humilde não é um impecilho para a grandeza!
LIÇÃO 3
DESENVOLVIMENTO
"Oh, sê meu amigo e ensina-me a ser teu amigo".
SEU LAR EM CAPERNAUM
Desde o momento em que Pedro encontrou Jesus,
seus pontos de vista na vida mudaram . Até aquele
tempo, êle havia esperado a vinda do Rei dos Judeus
como um acontecimento. a se realizar em futuro inde-
finido. Com os outros judeus, êle havia pensado que
a vinda do Salvador seria marcada por maravilhosas
manifestações e que, vestido em trajes púrpura e ser-
vido por muitos anjos êle viria em poder infinito e nu-
ma expressão divina de Sua ira, quebrar as cadeias ro-
manas que prendiam a cativa nação judia.
Mas agora, Pedro havia encontrado o Messias --
um homem solitário nas margens do Jordão . Somente
cerca de cinco homens sabiam então. que Êle clamava
ser o Messias . Não havia legiões de hastes celestes
acompanhando.O! Êle não trazia vestes purpúreas!
Não possuía meios visíveis ao seu alcance com os quais
pudesse quebrar o jugo romano. Seria Êle realmente
o Messias que deveria vir, ou deveria Pedro esperar
outro?
A influência de Jesus sabre Pedro — Êstes pensa-
mentos e centenas de outros sem dúvida assomavam
à mente de Pedro, ao sair êle das proximidades do
Jordão e voltar à sua pesca na Galiléia . André e João,
naquela memorável visita, pareciam ter recebido uni
— 17 —
testemunho da divindade da missão de Jesus e eles le-
varam aquele testemunho aos seus irmãos, ao excla-
marem com alegria : "Já achámos o Messias" . Mas
Pedro, impetuoso e que, como aprenderemos, era na-
turalmente livre para falar o que sentia, até onde sa-
bemos ainda não havia expressado tal segurança . Con-
tudo, êle havia se impressionado profundamente ; pois
não havia Jesus, à primeira vista, lido seu caráter? Não
havia Êle penetrado no mais profundo da sua nature-
za? Não havia Êle irradiado um espírito que tão com-
pletamente envolvia Pedro que êle não mais queria
sair de Sua influência?
O Lar de Pedro — Pedro nessa ocasião era casado,
sendo, talvez, pai de um pequeno menino . Êle havia
mudado de seu antigo lar em Betsaida, e vivia com a
mãe de sua espôsa, ou ela com êle, em Capernaum.
Com ele, achavam-se também André e seus dois fiéis
companheiros e amigos, Tiago e João, os filhos de
Zebedeu.
A casa de Pedro tornou-se conhecida em Caper-
naum e, posteriormente tornou-se, um dos pontos me-
moráveis do mundo . Lá, sem dúvida, Jesus ficava sem-
pre que se achava em Capernaum . Depois ,que Jesus
foi tão impiedosamente rejeitado por seus próprios
conterrâneos em Nazaré, fêz de Capernaum sua cida-
de ; e supõe-se que grande parte do tempo, coube a
Pedro a honra de hospedar em seu lar o Salvador do
mundo . Cada palavra, cada ato de seu grande hóspe-
de deve certamente ter aumentado a confiança de Pe-
dro em Jesus como o Messias!
UMA LIÇÃO DE OBEDIÊNCIA
Nas praias da Galiléia — Numa bela manhã, vá-
rios meses após os acontecimentos narrados na lição
anterior, e pouco tempo, após ter sido renegado em Na-
zaré, Jesus estava pregando a uma multidão nas praias
-18—
da Galiléia . Pedro e André estavam ocupados nas pro-
ximidades, lavando suas redes, após terem passado a
noite tôda no lago em tentativa baldada de apanhar
alguns peixes.
E aconteceu ,que, apertando-o a multidão, para
ouvir a palavra de Deus, estava Êle junto ao lago de
Genezaré. E viu estar dois barcos juntos à praia do
lago ; e ,os pescadores, havendo descido dêles, estavam
lavando suas redes . E, entrando num dos barcos, que
era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco
da terra e, assentando-se, ensinava do barco a
ultidão".
Primeiro caso registrado da obediência de Pedro
— Quando Pedro satisfez o pedida de Jesus "que o
afastasse um pouco da terra", fez o primeiro ato de
obediência à voz de Cristo, que foi registrado . Agora,
contudo, seguiu-se uma obediência que era completa-
mente contrária à maneira de pensar do pescador.
Quando Jesus havia acabado de falar à multidão, disse
à, Pedro : "Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas re-
des para pescar . As folhas e a sujeira haviam sido
tiradas da rede vazia ; estava seca, e os fios arrebenta-
dos haviam sido emendados . Pedro estava cansado e
queria descançar . Estava com fome também, ou talvez
desencorajado . Não é de se espantar, portanto, que
tenha respondido : "Mestre, havendo trabalhado tôda a
noite nada apanhámos" . Era o mesmo que dizer : "Não
adianta nada, pois não há peixes nesta manhã, nesta
parte do lago e também não havia nenhum durante
tôda a noite" . Mas Pedro estava aprendendo a honrar
e obedecer êste Homem entre os homens ; assim, ràpi-
damente acrescentou estas palavras : "mas sôbre tua
palavra lançarei a rede" . Como um pescador expe-
rimentado que era, seu bom senso lhe dizia que uma
outra tentativa seria inútil ; como um seguidor de
Jesus, sua Fé lhe ordenavaque tentasse.
m
-19
Resultado da Obediência — "E fazendo assim, co-
lheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-
se-lhes à rede. E fizeram sinal aos companheiros que
estavam no outro barco, pára que os fôssem ajudar. E
foram, encheram ambos os barcos de maneira tal que
quase iam a pique . É-nós relatado que "o espanto se
apoderara dêles e de todos que com êle estavam, por
causa da pesca de peixe que haviam feito" . Pedro, -o
líder dos quatro e que mais tarde se tornou o chefe
dos Doze, "prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo : Se-
nhor ausenta-te de mim, que sou um pecador".
Teria sido simplesmente a dúvida e hesitação
expressas quando, alguns minutos antes, Jesus havia
pedido a êle que se "fizesse ao alto mar?" ou seria a
compreensão das muitas dúvidas da divindade de Cristo
que agora o abatiam, e lhe faziam sentir sua própria
inferioridade e fraqueza na presença deste Todo Po-
deroso? Jesus havia manifestado seu poder, e assim fa-
zendo havia ensinado a Pedro uma lição que êle e o
mundo todo, mais cedo ou mais tarde deveriam apren-
der : que a obediência às palavras de Cristo traz bên-
çãos, tanto materiais como espirituais . Enquanto a
compreensão desta verdade embalava seus sentimentos
cheios de respeito,. Jesus lhe disse : "Não temas : de ago-
ra em diante serás pescador de homens".
UM SÁBADO MEMORÁVEL
Após ter sido rejeitado em sua própria cidade, Na.
zaré, ele "desceu a Capernaum e ali os ensinava nos
sábados".
Culto na Sinagoga — A última parte do culto na
sinagoga naqueles -tempos, era a exposição das escritu-
ras e a sua pregação ao povo . Isto não era feito sempre
por um oficial mas por uma pessoa distinta que esti-
vesse na congregação . Naturalmente, Jesus era conhe-
cido em todos os lugares naquele tempo como um grau-
20
de mestre, um operador de milagres e um capaz intér-
prete da lei ; "e admiravam a sua doutrina, porque a
sua palavra era com autoridade!'.
	
_
Cura de Um Endemoninhado — Certo sábado,
quando Jesus estava pregando, Pedro e todos os pre-
sentes firam surpresos por ver um homem levantar-se
na audiência e, repentinamente, interromper gritando
em alta voz : "Ah! que temos nós contigo, Jesus Naza-
reno? vieste a destruir-nos? Bem sei quem és ; O
Santo de Deus" . Ao calar-se êste homem, que estava
possuido por um espírito mau, a audiência tôda estava
em suspenso quando Jesus o repreendeu, dizendo : "Ca-
la-te e sai dêle ." E o demônio, lançando-o por terra no
meio do povo, saiu dêle sem lhe fazer mau algum . E
veio espanto sôbre todos, e falavam entre si uns e
outros, dizendo : Que palavra é esta, que até aos espí-
ritos imundos manda com autoridade e poder e êles
saem?"
A Cura da Sogra de Pedro — Ao terminar êste culto,
Jesus foi com Pedro à casa dêste, acompanhado de
André, Tiago e João.
Pedro, André, Tiago e João eram companheiros de
de infância, sócios como pescadores, companheiros co-
mo discípulos de João Batista e agora estavam se tor-
nando inseparáveis e amados elos da Irmandade de
Cristo! Ao entrarem em casa souberam que a mãe da
espôsa de Pedro estava muito doente, com febre . Sem
dúvida, foi Pedro que contou a Jesus as condições de
sua sogra e rogou que Êle a abençoasse . "Inclinando.
se sôbre ela, repreendeu a febre e esta a deixou
. E,
levantando-se 'logo, servia-os" .
É fácil imaginar como tôda Capernaum comentava
como Jesus havia repreendido o espírito mau do ho-
mem aflito, na sinagoga! E que então, alguns minutos
após o culto, Êle havia curado uma mulher instantân-
neamente, de febre! As notícias se esparramaram de
casa em casa e. de grupo em grupo até que "sua fama
21
divulgou-se por todos os lugares em redor daquela co-
marca".
Muitos Curados — Durante tôda a tarde a casa de
Pedro e as ruas ao seu redor estavam cheias de pes-
soas, algumas movidas por curiosidade, mas a maioria
desejando uma bênção . Homens possuidos de demô-
nios eram levados através da multidão até Jesus e eram
curados ; aqueles que durante muitos dias haviam so-
frido de febre escaldante, aqueles que eram afligidos
por várias espécies de moléstias, eram todos trazidos
ú presença deste Grande Médico que impunha suas
mãos sôbre todos e os curava.
O sol desceu, veio a meia luz, e as sombras da noite
começaram a cair, mas os doentes e os sofredores ainda
buscavam aquela cura divina que sòmente Cristo, o Se-
nhor . poderia dar . "Jamais", diz Eidersheim, "jamais,
sem dúvida, foi Éle mais verdadeiramente o Cristo do
que quando, no silêncio daquela noite passou por aquela
multidão sofredora colocando suas mãos sôbre os doen-
tes curando todos os expulsando muitos demônios".
Provavelmente naquele dia Jesus só pôde descan-
çar bem tarde . Depois que o povo havia partido para
os seus lares, agora mais alegres, Pedro e os de sua
casa queriam conversar com o hóspede ilustre, sôbre
os grandes milagres daquele dia. Finalmente, todos
se retiraram e dormiram ao escoarem-se as últimas ho-
ras daquele inesquecível sábado.
OUTRA SEMANA DE PREPARO
A Manhã de Domingo — Antes de surgir a luz, con-
tudo, Jesus levantou-se quietamente, respirando o puro
ar da manhã ; procurou um lugar quieto e solitário e
lá orava . Pedro deve ter se surpreendido quando ao
ir cumprimentar seu hóspede, encontrou seu quarto va-
zio . Talvez tivesse adivinhado onde Jesus havia ido,
pois nos é dito ,que "seguiram-n0 Simão e os que com
-22—
êle estavam . E, achando-o, lhe disseram : " Todos Te
buscam".
Que gloriosa será a situação deste velho mundo
quando puder ser verdadeiramente dito de Cristo, —
"Todos Te buscam".
O egoísmo, a inveja, o ódio, a mentira, o roubo, a
desonestidade, a desobediência aos pais, a crueldade
para com as crianças e animais, a discussão entre os
vizinhos e as lutas entre as nações — tudo desaparece-
rá quando se puder dizer verdadeiramente ao Redentor
da humanidade, — "Todos Te buscam".
Parece que Jesus e Seus amigos sairam de Carper-
naum naquele dia e "pregava nas sinagogas dêles por
tôda Galiléia e expulsava os demônios" . Onde quer que
fôssem, os doentes eram curados e os leprosos eram
limpos . Alguns dias mais tarde, voltaram a Caper-
naum. Assim que o povo soube que Jesus se encon-
trava "na casa" (sem dúvida, na casa de Pedro), "Lo-
go que se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares
junto à porta cabiam ; e anunciava-lhes a palavra".
O Paralítico de Capernaum — Foi nesta ocasião
que quatro homens trouxeram um paralítico . O pobre
infeliz jazia em sua cama que era carregada pelos qua-
tro homens . " E não podendo aproximar-se d'Êle por
causa da multidão", subiram ao telhado . Ali fizeram
uma abertura comunicando com a sala "e baixaram o
leito em que jazia o paralítico".
"E Jesus vendo a fé deles, disse iao paralítico : Filho,
estão perdoados os teus pecados . E levantou-se e, to-
mando logo o leito, saiu em presença de todas, de sorte
que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizen-
do : Nunca tal vimos" . Tôdas estas gloriosas manifes-
tações de poder divino e, sem dúvida muitas e muitas
mais, Jesus havia feito mesmo antes de escolher Seus
Doze Apóstolos .
23
Pedro, como se vê, foi uma testemunha de tôdas
elas . Se êletivesse tido qualquer dúvida alguns meses
antes, quando seu irmão André disse : "Já encontramos
o Messias", certamente elas haviam há muito tempo
sido banidas de sua mente ; e podemos entender porque,
quando Jesus disse : "de agora em diante serás pesca-
dor de homens", Pedro deixando tudo, seguiu após Êle.
Mas, mesmo assim, não obstante tôdas as experi-
ências, a fé de Simão ainda não era a pedra em que
Jesus queria que ela se transformasse .
LIÇÃO 4
OS DOZE
"Os Doze conselheiros viajantes são cha-
-. macios para serem os Doze Apóstolos, ou
testemunhas especiais do nome de Cristo
em todo o mundo".
Provavelmente muitos meses após os acontecimen-
tos narrados no capítulo anterior e um pouco antes da
Festada Páscoa, Jesus foi a uma montanha perto de
Capernaum . Como era de costume dêste tempo de sua
vida, uma grande multidão O seguia . Mas ele afas-
tou-se da multidão, foi ao alto da montanha para que
pudesse estar a sós com Seu Pai nos Céus, ao-qual Fle
orou a noite tôda.
Os Doze Escolhidos — Sem dúvida, muitos de seus
mais ardentes seguidores também permaneceram na
montanha por tôda noite, pois "quando já era dia,
chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dêles,
a quem também nomeou apóstolos".
A palavra apóstolo significa "Enviado" ou "Aque-
le que é enviado" . Um apóstolo é uma "testemunha
especial do nome de Cristo em todo o Mundo".
Em todos os relatos feitos dêste importante acon-
tecimento, o nome de Pedro é mencionado primeiro,
indicando que êle foi escolhido como chefe dos após-
tolos, e foi sem dúvida indicado e abençoado como o
Presidente do Conselho dos Doze . Os nomes dos Doze
a quem Jesús ordenou naquele tempo, são:
-25—
(1) Simão Pedro, e seu irmão ; (2) André; (3) Tia-
go e (4) João, os dois filhos de Zebedeu ; (5) Filipe
de Betsaida e (6) Natanael, também chamado Bar-
tolomeu ; (7) Tomé, também chamado "Dídimos",
nome que significa "gêmeo" ; (8) Mateus, o pubYi-
cano, ou coletor de impostos ; (9) Tiago, filho de
Alfeu ; (10) Lebeu, que era também chamado Ta-
deu e também Judas, mas não o Iscariotes ; (11)
Simão o ",Cananita" ou Simão o "Zelador" e (12)
Judas Iscariotes, que foi o traidor.
Quem Eram os Doze Estes doze homens eram,
em sua maioria, pescadores galileus que trabalhavam
em seu oficio nas praias da Galiléia . Mateus, contudo,
era um publicano e, portanto, desprezado pelos-Judeus;
e Judas era Judeu . Alguns dos líderes dos judeus pen-
saram que êles fôssem "homens sem letras e indoutos",
isto é, sem instrução e ignorantes . Indoutos êles o
eram ; mas não ignorantes, pois pela sua sabedoria e
pregação, sobrepujaram tôda a .estrutura do conheci-
mento humano, e conduziram o mundo à luz e à ver-
dade".
Como um humilde discípulo de Jesus, Pedro havia
sido testemunha de muitas coisas maravilhosas relacio-
nadas com a missão do Salvador ; mas era difícil para
ê.le. compreender o significado do plano do Evangelho.
Ao continuarmos com sua biografia, notaremos que sua
compreensão se desenvolveu vagarosamente, apesar de
ter êle estado, durante um ano mais ou menos, na pre-
sença de seu Senhor . Aqui estão algumas das coisas que
êle testemunhou imediatamente após a sua ordenação
como apóstolo .
NA FESTA DE MATEUS
Atiro — Um dia Jesus e os Doze aceitaram um con-
vite para ir à casa de Mateus, o que muito ofendeu os
-26—
fariseus, pois Jesus comeu com um publicano e os pe-
cadores .Enquanto Jesus e os Doze ainda estavam na
festa, e Jesus estava respondendo à acusação dos fari-
seus, "eis que chegou um dos principais da sinagoga,
por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e
rogava-lhe muito, dizendo : Minha filha está moribun-
da ; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para
que sare e viva".
Jesus imediatamente abandonou os prazeres da
festa de seu amigo e irmão Mateus, e seguiu Jairo à
sua casa.
Á MULHER QUE TINHA UM FLUXO DE SANGUE
„
. . .E seguia-o uma multidão que o apertava” .
Nesta multidão achava-se uma senhora que vinha so-
frendo por doze anos em virtude de uma ferida que
não podia ser curada . O sangue havia corrido por tan-
to tempo que ela estava fraca e era muito pobre, pois
"havia dispendido tudo quanto tinha, tentando curar-
se". Ela havia ouvido falar em Jesus e em seu poder pa-
ra curar os doentes, e tinha tanta fé que havia dito a si
mesma : "Se tão sòmente tocar os seus vestidos, sa-
rarei".
Ao passar Jesus ela esticou suas mãos e tocou a
barra do Seu vestido, "e logo se lhe secou a fonte do
seu sangue e sentiu no seu corpo estar já curada da-
quele açoite" . :
"Quem tocou os meus vestidos"? Jesus, sentindo
imediatamente que havia saído virtude dele, virou-se
e perguntou : "Quem tocou os meus vestidas" . Pedro
respondeu, "Mestre, a multidão te aperta e oprime, e
dizes : "Quem é que me tocou?" (Lucas 8 :45).
Que grande visão deve Pedro ter recebido dos po-
deres divinos de Cristo, ao notar que a mulher que
estava doente vinha através da multidão, atirando-se
— 27 ----
aos pés de Cristo, e confessava tudo a Êle . Que sa-
tisfação deve ter êle experimentado, ao ouvir seu Se-
nhor dizer : "Filha, a tua fé te salvou ; vai em paz e
sê curada dêste teu açoite".
Mas logo Pedro foi testemunha de um milagre
ainda maior .
A FILHA DE JAIRO
Enquanto Jesus ainda estava falando à mulher que
agora havia sido abençoada e estava feliz, e enquanto
Pedro e seus companheiros e a multidão ainda olhavam
com grande admiração, viu um dos principais da sina-
goga, a quem diziam : "A tua filha está morta, não in-
comodes o Mestre".
Pobre Jairo! Êle havia saido apressadamente do
lado da cama de sua filhinha apenas meia hora antes
para pedir a Jesus de Nazaré que viesse salvá-la . O
médico divino havia saído imediatamente para aten-
dê-lo, porém era tarde demais . O coração de Pedro
deve ter se movido de simpatia e pena pelo pobre pai.
Mas então, após o triste anúncio de falecimento, êles
ouviram a voz confortadora de Jesus : "Não temas, crê
sòmente e será salva".
Ao aproximarem-se da casa, ouviram o pranto dos
amigos e os lamentos da mãe infeliz . Mas, Pedro, co-
mo também os outros, ouviram o Mestre dizer "Não
choreis : Não está morta, mas dorme . E riam-se dÊle
sabendo que estava morta" . O Salvador então pediu
que todos deixassem a sala, com exceção de Pedro,
Tiago e João, o pai e a mãe . Então dirigiu-se à cama,
tomou a pequenina e branca mão nas suas e disse:
"Levanta-te menina" . "E o seu _ espírito voltou e ela
logo se levantou ; e Jesus mandou que lhe dessem de
comer" .
Êstes acontecimentos na vida de Pedro são apenas
algumas das gloriosas experiências que êle teve antes
de partir como "uma testemunha especial do nome de
Cristo". Jesus sabia que nem Pedro e nem ninguém
poderia converter outros à verdade antes que êles mes-
mos a conhecessem . Ninguém pode ensinar o que não
sabe . Sem dúvida, por esta ocasião Pedro cria, com
todo o seu coração, que Jesus, o fazedor de maravilhas,
era realmente o Messias que deveria vir ; mas seu teste-
munho ainda não era firme corno uma "pedra".
A PRIMEIRA MISSÃO DE PEDRO
Contudo, chegou o tempo em que êle estava sufi-
cientemente instruido para partir em missão "e Jesus
chamou a si os doze e começou a envirá.los a dois e
dois" (Marcos, 6).
" . . .e lhes ordenou dizendo : Não ireis pelo cami-
nho das gentes, nem entrareis em cidade de samarita-
nos ; mas ide às ovelhas perdidas da casa d'Israel e,
indo, pregai, dizendo : É chegado o reino dos céus.
Curai os enfermos, purificai os leprosos, ressuscitai os
mortos; expulsai os demônios : de graça recebestes, de
graça dai . (Mateus, 1 :5-42).
Êle lhes disse que viajassem sem dinheiro e sem
roupas extras e que levassem bênçãos e paz a todos
que os recebessem . Disse-lhes que seriam perseguidos,
presos e julgados diante de governadores e reis, mas
deu-lhes a certeza de que o Senhor 'os livraria . Disse
ainda que "se ninguém vos receber, nem escutar vos-
sas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o
pó dos vossos pés . Em verdade vos digo que, no dia
do juizo, haverá menos rigor para as cidades de Sodo-
ma e'Gomorra do que para aquela cidade".
"Quem vos recebe, me recebe a mim ; e quem me
recebe a mim, recebe Aquêle que me enviou . E qual-
-29 —
quer que tiver dado só que seja um copo d'água fria a
um dêstes pequeninos na qualidade de discípulos, em
verdade vos digo que de modo nenhum perderá seu
galardão".
Não sabemos quem foi o companheiro de–Pedro
nesta missão mas sabemos que êles foram e pregaram
arrependimento aos homens, ,que expulsaram demônios
e fizeram muitas outras coisas em nome de Jesus de
Nazaré.
Foi enquanto estavamempenhados nesta missão
que João Batista foi decapitado por ordem do perverso
rei Herodes.
Ao voltarem, "Os apóstolos ajuntaram-se a Jesus
(provàvelmente em Capernaum) e contaram-lhe tudo,
tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado.
Mas havia tantos que "iam e vinham" que "não tinham
tempo para comer", assim Jesus, querendo estar sozi-
nho com os Doze, disse : "Vinde vós aqui à parte, a um
lugar deserto, e repousai um pouco" . Assim êles en-
traram num barco "em particular", e navegaram ao
lado de Capernaum para a costa noroeste . Mas algu-
mas das pessoas os viram partir e correram a pé ao
redor da costa noroeste do lago . Outras pessoas as
vendo correr, juntaram-se a elas, e quando Jesus e os
Doze desembarcaram havia centenas, se não milhares
de pessoas lá para cumprimentá-los.
Ao aproximar-se a noite, os discípulos pediram a
Jesus para dispersar a multidão, para que pudessem
ir à cidade e comprar algo que comer.
Foi nesta ocasião que Pedro testemunhou outra
manifestação do poder de Deus e viu repetida a lição
que êle aprendera um ano atrás quando fez a mara-
vilhosa pesca, isto é, que a obediência à palavra, de
Cristo sempre traz. conforto e felicidade . Em lugar de
dispersar a multidão que . estava com fome, Jesus disse:
"Onde compraremos pão para êstes comerem?"
-30—
~aóer¢o Odn
ealaes
Respondeu Filipe : "Duzentos dinheiros de pão
não lhes bastarão, para que cada um dêles tome um
pouco" . (João 6) . Mas de cinco pães de cevada e dois
peixinhos, Jesus, por algum processo que lhe era natu-
ral, mas milagroso para nós, alimentou a vasta multi-
dão em número de quase cinco mil.
Pedro ajudou não só a distribuir os pães e os peixes
entre a multidão, mas também a juntar doze cestas de
sobras . Sem dúvida êle foi um dos que disseram:
" Êste é verdadeiramente o profeta que devia vir ao
mundo" . Vamos esperar, contudo, que êle não tenha
sido um dos que tomariam Jesus pela fôrça para fazê-
lo Rei .
aar eira
LIÇÃO 5
GLORIOSAS EXPERIÊNCIAS
"Os passos da fé caem no nada aparente,
mas sob êles encontram a rocha".
"Tudo o que vi Me ensinou : a confiar no
Criador, pelas coisas que não vi".
-x .x .x .x-
Quanto Jesus chamou Simão "Pedro" ou "A Ro-
cha", sem dúvida expressou com aquele nome uma das.
características que Êle desejava ver na fé de Seus dis-
cípulos, e, particularmente, em Seus Apóstolos . Que-
ria que êles tivessem uma fé inabalável — uma fé que
os faria firmes na verdade, a despeito de milagre ou
milagres de homens — fé no Senhor em todos os tem-
pos e_ sob tôdas as circunstâncias, fôssem elas quais
fôssem . Jesus sabia que os Judeus eram facilmente in-
fluenciáveis, que um milagre feito hoje poderia des-
pertar neles um sentimento de que Êle era o rei pelo
qual êles estavam esperando e que a verdade ensinada
amanhã poderia despertar neles um sentimento de que
Êle era um impostor . Êle queria leva-los a Deus e ao
Seu Evangelho . Queria que compreendessem as ver-
dades da vida para que as vivessem após a sua partida
do meio deles.
Imaginem então qual não foi a sua . dor, quando,
após o milagre mencionado no último capítulo, o povo
se levantou e o aclamou rei e pensou que por lhe ofe-
-32—
recer uma corôa vazia lhe estava prestando hbnras . Êle
não queria que êles o honrassem . Queria apenas que
vissem o poder de Deus e crêssem em sim divina
verdade.
Querendo estar a sós mais uma vez com Seu Pai,.
não querendo a companhia nem mesmo dos três prin-
cipais apóstolos, Pedro, Tiago e João, Jesus (dispersou
a multidão, disse aos Doze que embarcassem e voltas-
sem a Capernaum e Êle se dirigiu a um local solitário
para orar .
O MAR TEMPESTUOSO
Durante a noite, enquanto Jesus ainda orava, caiu
uma grande tempestade, que fazia levantar grandes
ondas no mar . Da montanha, Jesus podia :ver Seus
discípulos lutando, mas incapazes de fazer muito pro -
gresso, embora êles não o vissem.
Quando o barco estava cerca . de trinta estádios da
praia; Jesus decidiu ir a 'ele . Já: passava da meia noite
e os discípulos ainda estavam lutando contra o mar
encapelado.
Jesus anda sôbre o mar — Imagine seu medo quan -
do, na escuridão, viram um objeto dirigindo-se a eles
sôbre as ondas! E quando alguém gritou : "É um fan-
tasma", ficaram mais amedrontados que nunca.
"Jesus, porém, lhe falou logo, dizendo : Tende bom
ânimo, sou eu, não tenhais medo".
Pedro imediatamente falou, dizendo : "Senhor, se
és tu, manda-mè ir ter consigo por cima das águas".
"Vem", disse Jesus.
E Pedro, descendo do barco, andou sôbre as águas
para ir ter com Jesus".
Pedro, firme em crença e forte em determinação
quando seus olhos vêem sòmente a magestade da fé e
a perfeita manifestação de seu poder : Poderoso e des-
-33—
temido, quando vê sòmente a glória de Deus e sua alma
grita para ir ter com Êle:
Mas quando vê "o vento forte" fica com mêdo e,
começando a afundar-se, grita, dizendo : "Senhor, sal-
va-me" (Mateus 14) .
Assim é na vida, quando os ventos da tentação e
as ondas do desespero se abatem sobre nós, o olho da
fé se eleva mais para êstes elementos de que para a
luz da vida, enfraquecendo o poder da fé, como Pedro,
começamos a afundar . Muitos, sim, muitos, afundam-
se sob as vagas ;- poucos gritam corno ele : "Senhor
salva-me".
"E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o e dis-
se-lhe : Homem de pouca fé, porque •duvidaste?".
OUTRA EXPERIÊNCIA
Na manhã seguinte o povo de Capernaum que sa-
bia que Pedro e os outros discípulos haviam partido do
lado oposto sem Jesus, muito se admiraram por vê-10
junto com êles e disseram : "Rabi, quando chegaste
aqui?".
"Vós me buscais, não pelos sinais que vistes, mas
porque comestes do pão e vos saciastes".
"Trabalho, não pela comida que perece, mas pela
comida que permanece para a vida eterna, a qual o
Filho do homem vos dará", (João 6 :25-27) .
Ele então proferiu o famoso sermão sare o Pão
da Vida, parte do qual, como João dele se lembrava,
acha-se registrado no capítulo sexto do -evangelho de
João. Havia tantas coisas que eram faladas e que os
Judeus não podiam compreender, por causa de seu pre-
conceito, que primeiramente ficaram meio confusos,
depois enraivecidos e finalmente muito ofendidos.
Aqueles que tinham pouca fé, influenciaram-se pelos
murmúrios da multidão e disseram : "Não cremos que
-34—
êste homem seja o Filho de Deus . Mesmo alguns de
Seus discipiklos afastaram-se da Verdade "e já não
andavam com Êle".
A massa de homens e mulheres enraivecidos muito
se assemelhava com o mar encapelado que fustigava
os discípulos na noite anterior . Os ventos do ridículo
e as ondas. do descontentamento batiam-se contra os
discípulos inconstantes . Ao olharem para êstes maus
elementos da paixão humana, sua fé em Cristo enfra-
queceu-sé e êles "começaram a afundar".
Em vão, Jesus testificou "Sou Eu, o Filho do Ho-
mem!" Êles não lhe dariam ouvido, pois Êle era para
êles nada mais que o filho de José o carpinteiro . Ao
afastarem-se dêle os vários . grupos, Êle virou-se para
os apóstolos e disse : "Quereis vós também retirar-vos?"
Mais uma vez foi Pedro ,que quebrou o silêncio.
Com os outros êle havia olhado para a barulhenta mul-
tidão, com os outros ouvira as palavras enraivecidas
dirigidas ao seu Mestre . No meio dêste mar de paixão
humana, diria êle, "Senhor, se .és tu, manda-me ir ter .
consigo ?"
Como que um pouco hesitante, como se sua fé não
fôsse tão firme como Jesus queria que se tornasse, êle
respondeu : "Senhor,. para quem iremos nós? Tu tens
as palavras da vida eterna" . (João 6 :68).
Então, sua certeza se fortaleceu e seus pensamen-
tos • se afastaram da multidão apóstata e êle acrescen-
tou : "E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo,
o Filho de Deus". Apesar do não ter vindo dos lábios
de Jesus, nessa ocasião, a palavra "Abençoado", sem
dúvida Êle se sentia satisfeito por ver a fé incerta de
seus discípulosse tornar firme nos corações de seus
Apóstolos .
LIÇÃO 6
O TESTEMUNHO DE PEDRO
Em Tiro e Sidon . — Pouco tempo depois que o
povo de Capernaum negou o Salvador,• como foi nar-
rado no capitulo anterior, Jesus levou seus doze discí-
pulos ao oeste, através da Galiléia, para a terra de Tiro
e Sidon, perto do Mar Mediterrâneo . Éle queria estar
sozinho com os Doze, para que pudesse ensinar-lhes
muitas coisas relacionadas com o reino . de Deus e assim
prepará-los para levar adiante o trabalho, depois que
Êle os deixasse.
A Mulher Cananea - Muitas coisas aconteceram
nesta viagem que deve ter sido memorável para Pedro
e os outros membros dos Doze . Primeiro, houve uma
mulher cananea que procurou Jesus e implorou que
Éle curasse sua filhinha.
Porque ela não pertencia à raça judia, os discípulos
disseram : "Despede-a, que vem gritando após nós".
Naturalmente, êles devem ter pensado então, e por
muito tempo depois, que o Evangelho era sòmente para
os Judeus . Mas Jesus lhes ensinou que Êle amava à
mulher 'cananea tanto quanto aos judeus . Mas Pedro
não compreendeu inteiramente.
Outros milagres — Da Costa de Tiro e Sidon, êles
viajaram ao redor da Galiléia e chegaram ao lado éste
do Mar da Galiléia . Aqui os discípulos testemunharam
outras manifestações do poder de Jesus . Um homem
surdo que não podia falar claramente, foi curado e
ouviu e falou; e quando o povo ouviu sôbre isto, se-
-36—
guio a Jesus e os Doze, fora da cidadezinha, até "um
lugar deserto".
Mais uma vez Pedro viu uma multidão ser ali-
mentada, desta vez, tendo sòmente sete pães e alguns
peixinhos.
Pode parecer-que depois de todos êstes meses jun-
to do Salvador — ouvindo Suas parábolas, vendo Seus
milagres, sentindo Seu espírito e recebendo Seus ensi-
namentos diariamente, os apóstolos compreenderiam
certamente a missão do Redentor.
As palavras de Jesus não são compreendidas . —
Mas lemos que após terem sido alimentados êstes
"quatro mil homens, além de mulheres e crianças" os
discípulos entraram com Jesus num barco e remaram
para o lado oeste do lago . Lá êles encontraram alguns
Fariseus e Saduceus, que começaram a se opor a Jesus.
Quando Êle e os Doze estavam sòzinhos novamen-
te, disse : "Adverti-vos e acautelai-vos do fermento dos
fariseus e saduceus".
Sabemos o que Êle queria dizer com isto, mas os
discípulos disseram entre si : "É porque não nos for-
necemos de pão" .
Quando Jesus viu que êles não o compreenderam,
disse : "Como não entendestes que não vos falei a res-
peito de pão, mas que vos guardásseis do fermento dos'
fariseus e saduceus?"
"Então compreenderam que não dissera que se
guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos
fariseus e dos saduceus" . (Mateus, 16 :1-12) .
Sem dúvida, havia vários, entre êles cujo testemu-
nho estava se tornando firme e inabalável . Sabemos
que apenas alguns dias mais tarde o apóstolo chefe
mostrou em palavras que não poderiam ser mal inter-
pretadas, sua firme convicção de que Cristo era real-
mente o Filho do Deus Vivo.
— 37 —
A inesquecível confissão de Pedro — Êles haviam
se dirigido para o norte, para Cesaréia de Filipo, aos
pés do monte Hermon. Aqui, Jesus, um dia, fez aos
seus discípulos esta pergunta : "Quem dizem os ho-
mens ser o filho do homem?"
"E êles disseram : "Uns João Batista, outros Elias,
e' outros Jeremias ou um dos profetas".
Então Jesus disse : " Mas vós, quem dizeis que eu
sou?
Simão Pedro respondeu : "Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo".
Não havia hesitação agora, nem mêdo, nem incer-
teza, para a expressão direta de uma alma convencida
da verdade : "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".
"Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque t'o
não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está
nos céus", disse-lhe Jesus.
Finalmente Jesus descobre em Pedro a certeza que
estava há muitos meses procurando desenvolver . Êle
agora sabe que o espírito de Pedro recebeu certeza di
vina de que todos êstes milagres e poderosas manifes-
tações haviam sido feitas pelo poder de Deus através
de Seu filho unigênito . Êle sabe que o testemunho de
Pedro não tinha vindo dos homens mas de Deus, e não
importava o que os homens pudessem fazer ou pensar.
Pedro levantar-se-ia firme como uma rocha sôbre êste
testemunho.
"E também te digo", continuou Jesus, "que tu és
Pedro e sôbre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas ,do inferno não prevalecerão contra ela".
A Igreja de Cristo edificada sôbre revelação — Com
isto Jesus queria dizer que, como o nome de Simão era
"Pedro", que significa "pedra", assim também seu tes-
temunho que veio por revelação seria a rocha sôbre a
qual a Igreja de Cristo seria construida . Porque quan-
do alguém recebe certeza divina em sua alma, da vera-
-38—
cidade do evangelho, nem os homens, nem as ondas da
tentação e nem o poder da inferno poderão privá-lo
dela . Logo que Jesus encontrou Simão, fale disse que
êle seria chamado "a Rocha". Parecia que desde então
Jesus havia estado esperando o tempo em que o teste-
munho de Pedro fôsse como seu caráter — expressivo
e firme . Este tempo chegou ; e Pedro estava agora pre-
parado para receber uma responsabilidade maior.
Chaves do reino — "E eu te darei as chaves do
reino dos céus ; e tudo o que ligares na terra será ligado
nos céus, e tudo, o que desligares na terra será desliga-
do nos céus".
Uma chave era para abrir a porta do evangelho aos
gentios, mas levou algum tempo para que Pedro sou_
besse como usiá-la.
Uma coisa é saber que o evangelho é verdadeiro;
mas outra coisa é compreender seu propósito e sig-
nificado.
Jesus prediz sua própria morte — Dêsse tempo em
diante Jesus começou ia dizer aos Apóstolos que êle so-
freria e morreria e que êles precisavam continuar a
pregar o evangelho . Disse-lhes que dentro de alguns
meses Êle seria levado pelos principais sacerdotes, se-
ria morto e ressurgiria novamente no terceiro dia.
Zêlo desnecessário — Quando Pedro ouviu isto,
levou o Salvador para um lado, e ainda esperando que
Jesus um dia viesse a ser roi, disse : "Senhor, tem
compaixão de ti ; de modo nenhum te aconteça isso".
Era o mesmo que dizer, eles não O levarão se puder-
mos evitá-lo.
Pedro é repreendido — Corajoso, mas incompre-
ensível Pedro! Ele não compreendia que era necess`:í-
rio que seu Senhor morresse, antes que Sua missão de
redenção fôsse cumprida . Assim, em seu amor cego,
evitaria que o Senhor completasse' Seu trabalho! O
Salvador, percebendo, isto, virou-se e disse a Pedro:
— 39 —
"Arreda-te e diante de mim, Satanaz, que me serves de
escândalo ; porque não compreendes as coisas que são
de Deus, mas só as que são dos homens" . (Mateus 16:
16-).
Esta era uma reprensão severa, e deve ter causado
profundo efeito em Pedro com o pensamento de que o
seu plano não era o de Deus; sem dúvida êle compre-
endeu que ainda tinha muito o que aprender antes de
poder levar a cabo a grande tarefa que o Senhor lhe ha-
via atribuido naquele dia . Mas em seu zêlo para salvar
Jesus da morte, êle errou, em amor.
De qualquer modo, sabemos que Jesus estava sa-
tisfeito com o testemunho de Pedro e com seu amor, e
que esperaria pacientemente pela sua compreensão do
plano do evangelho.
LIÇÃO 7
UMA SOBERBA MANIFESTAÇÃO
O Monte Santo — Na região de Cesaréia de Filipo,
onde Pedro deu seu testemunho e recebeu bênção e po-
der de seu Mestre, achava-se uma alta montanha da ca-
deia do Líbano, conhecida como Monte Hermon . Pe-
droa chamava Monte Santo . Após sabermos o que acon-
teceulá, todos concordaremos que Pedro deu-lhe um
nome adequado.
Um escritor que visitou esta região nos diz que o
"magnífico esplendor" deste pico "elevando-se como
um gigante sôbre todos os outros picos da cadeia do
Líbano, com sua cabeça coberta de neve, é visível de tô-
das as direções . É provàvelmente o lugar mais alto na
terra sôbre o qual o Senhor jamais se encontrou:e do
qual Éle tinha uma vista das-mais amplas . Do alto, Êle
olhava para baixo sôbre a Galiléia, onde havia ensinado
e trabalhado, onde havia sido recebido por poucos e ne-
gado por muitos".
A renúncia a si mesmo é necessária — Seis dias
(Lucas diz oito) haviam se passado desde que Pedro
havia dado seu grande testemunho — seis dias, sem dú-
vida, de importantes instruções a Pedro e aos outros
onze .
Foi provàvelmente durante aquele tempo que os
Doze aprenderam que para ser um verdadeiro seguidor
de Jesus, é preciso negar a si mesmo muitos desejos e
apetites — controlar os sentimentos de raiva, ciúmes e
outras paixões . Disse &Salvador : "Se alguém quizer vir
após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sôbre si a cruz
— 41 —
e siga-Me. Porque aquele que quizer salvar a sua vida,
perde-la-á e quem perder a sua vida por amor de Mim,
acha-la-á. Pois que aproveita ao homem, se ganhar o
o mundo inteiro e perder a sua alma? ou que dará o
homem em recompensa da sua alma?" (Mateus 16:
24-26) .
Estas e muitas outras verdades gloriosas Pedro, sem
dúvida, ouviu durante aquela memorável semana em
Cesaréia de Filipo.
Mas êle ouvira coisas ainda mais gloriosas.
Ainda perplexo com alguns dos dizeres de Jesus,
ainda imaginando porque era necessário que o Se-
nhor sofresse muitas coisas e fôsse rejeitado e mesmo
morto, Pedro, Tiago e João certamente, acompanharam
Jesus ao lado do Monte Hermon. Parece, pelo breve re-
lato que temos dêste incidente, que êles gastaram Vá-
rias horas em solene conversação, perguntando-lhe os
apóstolos muitas coisas relacionadas com Suas pala-
vras .
A meia-luz transformava-se . em escuridão, e as som-
bras da noite escondiam o Monte Hermon completa-
mente dos vales adormecidos abaixo.
A transfiguração — Talvez os três lideres estives-
sem sonolentos, e ao afastar-se o Senhor para orar,
êles estavam profundamente adormecidos. Mas, seja
como fôr, sabemos que quando seus olhos voltaram-se
para Jesus "transfigurou-se diante dêles ; e os seus ves-
tidos tornaram-se brancos como a neve, tais como ne-
nhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear . E
apareceu-lhes Elias conì: Moisés e falavam com Je-
sus". (Marcos 9 :1-6).
Não Morte mas transformação — Êstes persona-
gens celestes falaram, com Jesus, sôbre a sua aproxi-
mação da morte, e ressurreição, uma das coisas vi-
tais no ministério de Cristo, que Pedro não podia com-
preender. Após esta gloriosa visão de dois seres celes-
-42—
fiais, a Morte perderia muito se não todo o terror pe-
rante Pedro, Tiago e João . Eles saberiam que mesmo se
os homens maus matassem seu Mestre, Ele viveria e
ainda seria seu Senhor e Salvador. A Morte, para êles,
depois disto, seria apenas uma separação . Eles com-
preenderam que "a morte nada tinha de terrível em si
mas o que a vida tinha a fazia assim."
"E bom que nós estejamos aqui" — Pedro, por,ins-
piração, havia recebido certeza de que Jesus era real-
mente o Cristo ; agora êle testemunhava um sinal vi-
sível de seu testemunho . Desejoso de ter um monu-
mento erigido a êste sinal externo, alguma coisa que
outros olhos além do seu pudessem ver, êle gritou, pe-
la impulsividade de seu coração: "Mestre, é bom que
nós .estejamos aqui, e façamos três cabanas, uma para
ti, uma para Moisés e uma para Elias" . Mas repenti-
namente ao desaparecerem Moisés e Elias, uma nuvem
os cobriu e uma voz saiu da nuvem dizendo : "Este é
meu filho amado, a Ele ouvi".
Fontes dé Testemunho — O testemunho de Pedro
estava, neste tempo, fortalecido e a sua fé provada:
(Pedro 1 :7).
(1) Pela confirmação de milagres ; (2) pela visão
de seres celestiais ; (3) por inspiração ; (4) por ouvir
não sòmente o testemunho dêstes anjos mas também
o divino Testemunho do próprio Deus.
Sim, a sua fé estava construida sôbre a pedra e as
portas do inferno não podiam prevalecer contra ela!
Isto é verdade e, de agora em diante podemos con-
cluir com segurança, ao acompanhar sua carreira, que
nem uma sombra de dúvida da divindade da missão
de Cristo jamais atravessou a mente de Pedro.
A Pureza e a sinceridade são essenciais — Quando
pensamos que Pedro esteve em contacto quase diário
com o Salvador dos homens, podemos concluir que seu
testemunho cresceu muito vagarosamente, mas, se as-
-43—
sim aconteceu, como o- carvalho que também cresce
vagarosamente, tornou-se tanto mais durável.
Afinal de contas, a experiência de Pedro é a ex-
periência fique virá a quase todos os meninos é meni-
nas que lerem estas páginas. -O conhecimento - da ver-
dade, e o testemunho do Evangelho podem vir gra-
dualmente a quase todos êles . A grande lição a ser
aprendida mesmo na mocidade é a de pureza de pen-
samento e busca com coração sincero, da orientação
diária do Salvador que conduzirá a um testemunho da
veracidade do Evangelho de Cristo, tão seguro e per-
manente como o que Pedro possuia ao descer do Mon-
te Hermon onde presenciou a transfiguração de Cristo
e ouviu a voz de Deus testificar da Sua divindade.
Mas, o saber que Jesus era o Salvador da Humani-
dade, não deu a Pedro uma compreensão do plano do
Evangelho. Quanto a isto êle ainda tinha muito o que
aprender. E pode ser que a sua força de caráter ou
melhor, seu julgamento, não fôssem tão firmes como
deveriam ter sido num homem cuja vida tôda deveria
ser firme como uma pedra.
Na força de seu testemunho e numa atitude até
certo ponto resignada ao destino que mais cêdo ou
mais tarde levaria o Mestre, Pedro continuou a fazer
muitas perguntas relacionadas aos aspectos vitais da
missão de Cristo. Uma pergunta que os apóstolos fi-
zeram a si mesmos ao descerem à multidão que per-
manecia ao pé da colina, foi : o que o Mestre queria
dizer quando falou que o Filho do Homem se levanta-
ria dentre os mortos?.
Enquanto o Salvador estava respondendo esta
pergunta e explicando as profecias a ela relacionadas,
chegaram ao lugar onde, na noite anterior, êles haviam
deixado os outros discípulos . Uma grande multidão se
reunia ao redor deles, e os escribas lhes faziam per-
guntas .
-44—
0 jovem lunático — Entre esta multidão encon-
trava-se um pequeno garoto que padecia por influên-
cia de um mau espirito . Quando êle estava "possuido"
caia ao chão, espumava pela boca, rangia os dentes . O
pai encontrou Jesus e implorou a Ele que aliviasse seu
pobre filho, e acrescentou que os discípulos haviam
tentado fazê-lo, sem consegui-lo.
"Quanto tempo faz, perguntou Jesus "que lhe su-
cede isto?" "Desde a infância," disse o pai "e muitas
vezes o tem lançado no fogo, e na !água, para o destruir,
mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão
de nós e ajuda-nos ." E Jesus repreendeu o espírito
imundo e o menino foi curado.
Um contraste — Para Pedro, Tiago e João, quão
grande era o contraste entre a cena que eles presencia- -
rani na noite anterior no Monte e esta . Aqui se mani-
festava o poder do mal, causando suspeita, dor, ago-
nia, morte ; lá, havia se manifestado o poder do Senhor,
proclamando felicidade, paz, glória, e imortalidade!
Tais têm sido os resultados destes dois grandes
poderes, influenciando as vidas dos homens em Vidas
as idades . Tal é o resultado hoje em dia . Uma pergun-
ta vital para nós é : Permaneceremos nós ao lado do
pecado onde o mal triunfa, ou mostraremos nós pelo
menos boa vontade para subir ao monte da Santidade
e deixar que Deus transforme nossas vidas?
LIÇÃO 8
LIÇõES DE VERDADEIRA LIDERANÇA
"O caráter é formado pelas circunstâncias.
Com os mesmos materiais, um homem
constroi palácios enquanto outro constroi
cabanas"
—x .x .x .x
Entre a transfiguração e a última semana cheia de
acontecimentos da vida do Salvador na terra, há ape-
nas alguns casos registrados nas escrituras nos quais
Pedro é pessoalmente mencionado. É significativo, con-
tudo, que quase todos êstes confirmam direta ou indi-
retamente, o caráter de Pedro como um líder apostó-
lico. Pedro sabeque Jesus é o Cristo que deveria vir,
mas teria fôrça para defendê-lo com palavras e atos?
Compreende êle os princípios divinos do Evangelho
suficientemente para manifestá-lo em sua vida diária
nas conversações e em tôdas as suas associações com
o seu próximo? Com a excessão provável do incidente
do dinheiro do tributo, que salienta para Pedro a fi-
liação do seu Mestre, tôdas as lições seguintes baseiam-
se diretamente sôbre fôrça de caráter e princípios de
conduta .
TRIBUTO
Uma antiga lei — Naquele tempo existia uma taxa
sôbre todo Judeu homem, de vinte anos ou mais, para
a manutenção do Templo e de seus serviços . Esta lei
havia estado em vigor desde os dias dos filhos de Is-
rael, quando o grande Moisés disse : "a metade dum
siclo é a oferta do Senhor" . (Êxodo 30-13).
Mateus nos relata que "chegando êles a Caper-
naum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as
didracmas . e disseram : O vosso mestre não paga as
didracmas?" "Sim", prontamente respondeu Pedro.
Se êle soubesse quando estava falando com os co-
letores de impostos, que não havia dinheiro disponí-
vel, teria se preocupado sôbre como poderiam pagar o
meio siclo devido como tributo, naquele dia.
Os filhos são livres — Quando Pedro voltou à ca-
sa, Jesus antecipou-se ao que êle ia dizer, e pergun-
tou-lhe : "De quem cobram os reis da terra os tributos,
ou o censo? ' De seus filhos ou dos alheios?"
"Dos alheios", respondeu Pedro.
"Logo, são livres os filhos", disse Jesus, querendo
dizer que desde que esse dinheiro de tributo se desti-
nava à manutenção da casa de Seu Pai, Êle, o Filho,
não teria que pagá-lo ; mas acrescentou:
"Mas para que os não escandalizemos, vai ao mar,
lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrin-
do-lhe a boca encontrarás um státer ; toma-o e dá-o
por mim e por ti :" (Mateus 17 :24-27).
Esta experiência deve ter introduzido na mente
de Pedro de que é melhor sofrer ofensa do que ofen-
der.
UMA LIÇÃO DE PERDÃO
Mais ou menos nessa ocasião, Pedro perguntou:
"Senhor, até quantas vêzes pecará meu irmão con-
tra mim e eu lhe perdoarei? Até sete? (Mateus 18 :21).
Talvez já estivesse sido necessário que Pedro re-
solvesse alguma dificuldade entre os homens em dis-
-47—
puta ou pode ser que êle tenha sido provocado duran-
te _o argumento que surgiu entre os discípulos, sôbre
quem era o maior entre êles . Se algum deles o tivesse
insultado por êle ser o maior, é muito provável que
sua paciência se tivesse esgotado. De qualquer forma, êle
queria saber se h,á um limite no número de vezes que
um homem deveria perdoar seu irmão. Que grande
lição deu a êste impetuoso apóstolo quando respon-
deu : "Não te- digo : Até sete, mas até setenta vêzes se-
te". (Mateus 18 :22) . -
	
-
	
-
Então, para tornar o ensinamento mais firme, o
Senhor lhes contou a parábola do servo impiedoso.
Um certo rei quiz fazer contas com seus servos,
para ver os que lhe deviam e descobriu que um lhe de-
via dez mil talentos. O servo não podia pagar esta di-
vida, e assim o rei ordenou que fôsse vendido, junta-
mente com sua espôsa e filhos e tudo o que tinha . O
servo pediu misericórdia, dizendo : "Senhor sê gene-
roso para comigo e tudo te pagarei ."
	
-
"Então o senhor daquele servo, movido de intima
compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a divida ."
O rei não sòrnente teve piedade do infeliz devedor,
como também o libertou da prisão, deixando que fi-
casse com sua espôsa e filhos e cancelou a divida.
O Servo ingrato — Mas, aquele mesmo servo saiu
e encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem
dinheiros, milhares de vêzes menos do que o primeiro
servo devia a seu mestre .
	
-
Lançando mão do seu conservo, sufocava-o, dizen-
do : "Paga o que me deves".
Então o seu conservo, prostando-se aos seus pés,
rogava-lhe misericórdia, dizendo : "Sê generoso- para
comigo, e tudo te pagarei".
Mas o maldoso servo, recusando-se a ter piedade,
"foi encerra-10 na prisão, até que pagasse a divida".
— 48 —
Assim, quando o seu senhor ouviu como o servo a
quem êle havia perdoado, havia tratado o seu conservo,
chamou-o à sua presença e disse : "Servo malvado, per-
doei-te tôda aquela dívida, porque me suplicaste ; não
devias tu igualmente ter compaixão do teu companhei-
ro, como eu também tive misericórdia de ti?
A êste servo impiedoso foi ordenado que pagasse
os dez mil talentos, é foi entregue aos "atormentado-
res" até que pagasse tudo o que devia.
Então concluiu o Salvador: "Assim vos fará tam-
bém meu (Pai celestial se do coração não perdoardes
cada um a. seu irmão as suas ofensas". (Mateus 18:
23-35).
Será que Pedro se esqueceu da lição?
A RECOMPENSA DO SACRIFÍCIO
O governador jovem e rico — Um dia Pedro e os
outros ouviram uma conversação entre o seu Senhor
e um rico e jóvem governador. Era jóvem e rico e,
como pintado pelos antigos mestres, muito simpático.
Me havia se mantido moralmente limpo e queria con-
seguir a vida eterna . Mas seu coração estava com suas
riquesas ;, assim, quando o Salvador disse : "vende tudo
quanto tens, reparte-o entre os pobres, e terás um te-
souro no céu ; vem e segue-me", o jóvem se afastou
muito triste.
Então Pedro disse : "Eis que nós deixámos tudo e
te seguimos" . Era o mesmo que dizer : Senhor, deixa-
mos tudo por sua causa, agora qual será a recompen-
sa?" Jesus disse:
" . . .ninguém há que tenha deixado casa, ou pais,.
ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, . e
não haja de receber muito mais nêste tempo e no sé-
culo vindouro a vida eterna".
— 49 ----
"Porém", acrescentou Ele, "muitos primeiros se-
rão derradeiros e, muitos derradeiros serão primeiros".
Humildade — Esta última afirmativa deve ter con-
tido, para Pedro, o primeiro entre os Doze, uma im-
portante lição de humildade.
UMA LIÇÃO DE FÉ
Foi provàvelmente na terça-feira da última sema-
na que Jesus passou com os seus apóstolos, que Pedro
chamou a sua atenção para o resultado de uma divina
maldição.
A figueira sêca — Um dia ou dois antes, Jesus ha-
via se afastado de seu caminho para colher alguns fi-
gos de uma figueira que ficava a alguma distância.
Quando descobriu que a árvore não produzia figos, dis-
se que ela jamais produziria frutos novamente. Na
manhã desta têrça-feira, 4o passarem os discípulos,
"viram que a figueira se tinha secado desde as raizes".
"E Pedro, lembrando-se, disse-lhe : Mestre, eis que
a figueira, que tu amaldiçoaste, secou-se".
O Poder da Fé Jesus respondeu : " Tende fé em
Deus. Porque em verdade vos digo que qualquer que
disser a este monte : Ergue-te e lança-te ao, mar ; e não
duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo
que diz, tudo o que disser lhe será feito . (Marcos 11:
21-23).
Naquele mesmo dia, Pedro, sem dúvida, estava
com os Doze no Monte das Oliveiras, quando êles per-
guntaram a Jesus, em particular, sôbre a destruição do
Templo. (Marcos 13; Mateus 24; Lucas 21)
Guardar mandamentos — A Pedro e a todos, Ele
disse: ".Vigiai pois em todo o tempo, orando, para que
sejais havidos por dignos de ,evitar tôdas estas coisas
que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho
do Homem" .
LIÇÃO 9
'NA NOITE. DA TRAIÇÃO
"O ponto mais fraco do homem é o se jul-
gar o mais sábio".
NO CENÁCULO
Na quinta-feira da semana da paixão, Jesus cha-
mou Pedro e João a Êle e disse : "Ide, preparai-nos a
páscoa para que a comamos" . (Lucas, 22-8).
A Páscoa A páscoa, como lembramos, é o nome
dado à festa estabelecida para comemorar o tempo em
que o anjo , destruidor passou sôbre as casas dos he-
breus, que haviam sido marcados pelo sangue do cor-
deiro. Neste festival, era morto um-cordeiro, que era
chamado o cordeiro pascoal . * Foi no dia em que o
cordeiro deveria ser morto, que Pedro e João foram
instruidos para fazer os preparativos.
Um cenáculo é preparado — "Onde queres que a
preparemos?", perguntaram êles.
"Eisque quando entrardes na cidade", disse Êle,
"vos encontrará um homem, levando um cântaro d'á-
gua : segui-o até a casa em que êle entrar. E direis ao
* N. R. — Perfeita analogia entre a morte do Salvador
e a ocasião em que o sangue de • um cordeiro inocente
marcou as portas das casas daquêles que não iriam ter
a visita da morte que ceifaria as vidas dos seus primo-
gênitos .
— 51 —
dono da casa. 0 Mestre te diz : Onde está o aposento
em que hei de comera páscoa com os meus discípulos?
Então êle vos mostrará um grande cenáculo mobilia-
do; aí fazei preparativos".
Os dois apóstolos procederam de acôrdo com as
instruções e fizeram os necessários preparativos.
Na hora determinada Jesus e os Doze se reuniram
neste cenáculo. Alguns pensam que foi em casa de
Marcos, alguns em casa de José de Arimatéia, mas nós
não sabemos e também não tem muita importância.
Estamos mais interessados no que aconteceu lá.
Uma reunião solene — Jesus presidiu a festa. De
um lado, suficientemente perto para reclinar-se sôbre
o peito do Mestre, sentou-se João e do outro lado, Pe-
dro. Foi talvez, a reunião mais solene que os Apósto-
los tiveram, pois o Salvador disse no princípio da mes-
ma :
"Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes
que padeça ; porque vos digo que não a comerei mais
até que ela se cumpra no reino de Deus".
Queria dizer que havia chegado a hora em que
Seus inimigos viriam para levá-lo e matá-lo.
Quase ao terminar a ceia, Jesus levantou-se de
onde estava reclinado, depoz ao lado seus vestidos ex-
teriores ,tomou uma toalha e cingiu-se como criado.
Tomou então uma bacia d'água e começou a lavar os
pés dos discípulos.
Jesus lava os pés, dos discípulos — Talvez o Salva-
dor tenha descoberto nas mentes dos discípulos o mes-
mo pensamento que havia certa vez causado uma
disputa entre êles, isto é, quem era o maior. Talvez
êste pensamento tenha surgido quando êles viram Pe-
dro e João ocupando os lugares de honra . De qualquer
modo, seu Senhor, o maior dentre êlés, assumiu uma
atitude de servo, o menor e mais humilde dentre êles.
-52—
Pedro protesta— Quando Êle se aproximou de Pe-
dro, êste disse : "Senhor, tu lavas-me os pés a mim?"
Pedro serviria seu Mestre, mas seu Mestre jamais ser-
viria a êle! '
— " O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu
o saberás depois", respondeu Jesus .
	
-
- "Nunca me lavarás os pés".
— "Se eu te não lavar, não tens parte . comigo",
continuou Jesus.
Quando Pedro pensou que sua recusa a submeter-
se a ser servido pelo Senhor, podia realmente afastá-lo
de si, êle disse:
"Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos
e a cabeça".
Um Exemplo - "Depois que lhes lavou os pés e
tomou os seus vestidos, tornou a se assentar à mesa e
lhes disse. Entendeis o que vos tenho feito?" Vós me
chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o
sou
. Pois se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós
deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu
vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais
vós também".
Assim, êsses doze homens receberam, de manei-
ra clara e- prática, a divina lição de utilidade ao pró-
ximo. Assim êles aprenderam que aqueles que eram
maiores entre êles, eram em verdade servos de todos.
"Um de vós me há de trair" = Imediatamente após
esta impressionante e sagrada cerimônia, cujo signifi-
cado completo apenas alguns compreendem, o Senhor
disse : — Um de vós me há de trair".
Esta noticia lançou tristeza sôbre todos . O dá-la,
fêz com que perturbação viesse sôbre o "espírito" de
Cristo e o ouvi-la fêz todos muito tristes.
Começaram a perguntar uns aos outros qual dê-
les seria tão infiel; e logo cada um perguntava ao Mes-
tre, "Porventura sou eu, Senhor?"
— 53 —
Judas, o último de todos disse :
	
"Porventura
sou eu, Rabi?"
Jesus respondeu : — "Tu o disseste". A sua respos-
ta entretanto, parece não ter sido ouvida pelos outros,
porque Pedro pediu a João que perguntasse ao Mes-
tre "quem era aquele de quem êle falava" . (João 13).
Jesus respondeu com voz baixa :
	
"É aquele a
quem eu der o bocado molhado".
Judas Iscariotes — E molhando o bocado, deu-o a
Judas Iscariotes . Pedro e João, então souberam quem
era' o traidor ; mas os outros prov.àvelmente não o sa-
biam ; pois não compreenderam Jesus quando disse a
Judas : "O que fazes fá-lo depressa".
LEALDADE COMO PEDRO A SENTIA
Após ter desaparecido na noite o traidor — oh!
que noite para êle! - Jesus continuou a ensinar e a
consolar os Onze.
Amai-vos uns aos outros - "Um nóvo mandamen-
to vos dou : Que vos ameis uns aos outros, como eu vos
amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis".
Entre outras coisas, Éle disse, referindo-se à apro-
ximação da morte : "Para onde eu vou não podes ago-
ra seguir-me".
Isto aumentou o amor de Pedro e êle perguntou :
"Porque não posso seguir-te agora? Por ti darei a mi-
nha vida". (João 13 : 34-37).
Pedro seria experimentado - "Simão, Simão, eis
que Satanaz vos pediu para vos cirandar como trigo;
mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça;
e tu, quando te converteres, (isto ,é, voltar a ser discí-
pulo penitente) conforta a teus irmãos" . (Lucas 22:
31-32).
Isto aborreceu Pedro grandemente . Pensar que
seu Mestre levemente suspeitaria que êle, Pedro, enfra
— 54 —
queceria em sua firmeza nó Senhor (é significativo que
o Senhor o tivesse chamado pelo seu antigo nome, Si-
mão) !
Pedro, protestando, disse "Senhor, estou pronto a
ir contigo até a prisão e à morte" (Lucas 22 :33).
Uma Profecia — Digo-vos Pedro", continuou Je-
sus "que não cantará hoje o galo antes que três vezes
negues que me conheces".
Mas êle falou com grande veemência : "Ainda que
me seja mister morrer contigo, não te negarei . E o mes
-
mo todos os discípulos disseram" (Mateus 26 :35)
Pedro foi sincero em tôdas as palavras que disse e
sentiu-se profundamente a verdade do que disse ; mas
sua força real ainda não tinha vindo a êle e seu Mes-
tre o sabia. Viria, mas nasceria do profundo silêncio
de um coração sofredor.
A LEALDADE COM QUE PEDRO AGIA
Getsemane — Mais tarde naquela noite, o grupo
deixou o cenáculo, atravessou o regato Kedron, e diri-
giu-se ao Jardim Getsemane, ao, oeste do Monte das
Oliveiras.
Mandando que oito dos- Doze permanecessem jun-
tos, ele tomou os outros três, Pedro, Tiago e João apar-
te. Sua alma estava "cheia de tristeza até à morte".
Me disse : "Ficai aqui e velai comigo".
Não como eu quero mas como tu queres Afas-
tando-se um- pouco deles, orou. Os apóstolos puderam
vê-lo e talvez ouvi-lo, ao dizer : "Meu Pai, se . é possí-
vel, passe de mim êste cálice ; porém, não como eu que-
ro, mas como tu queres". (Mateus 26) . -
Ao voltar, encontrou os três dormindo e disse "Si-
mão (chama-o Simão novamente) dormes? Não podes
vigiar uma hora?"
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"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação",
o Espírito na verdade, está pronto, mas a carne é fra-
ca".
A sonolência de Pedro e de seus irmãos — Afas-
tou-se novamente ; novamente voltou e novamente en-
controu-os dormindo, "porque os seus olhos estavam
pesados e não sabiam que responder-lhe".
Ao voltar pela terceira vez, disse com bondade
"Dormi agora e descançai . Basta ; é chegada a hora.
Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos
dos pecadores".
Após um sono um pouco mais longo, os três fo-
ram despertados por Jesus, apenas para ver aproxi-
mando-se "uma grande multidão com espadas e va-
rapaus, da parte dos principais dos sacerdotes e dos
escribas e dos anciãos" ; à frente estava Judas que se
aproximou do Senhor e traiu-o com um beijo.
Pedro defende seu Senhor — Ao aproximarem-se
os soldados para lançarem suas mãos sôbre Jesus, Pe-
dro que agora estava completamente acordado, saltou
para libertar seu Mestre e, tomando "a espada, desem-
bainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-
lhe a orelha

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