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AULA 01 recursos

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL RECURSOS
Prof. Ms. LUCIANO ALVES
E-MAIL: proflucianoalves10@gmail.com
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
INTRODUÇÃO
Para falarmos sobre a Teoria Geral dos Recursos, passaremos a relembrar que já foram vistos o procedimento comum até a sentença.
É comum que, contra elas, os litigantes, o Ministério Público ou terceiros interessados possam se insurgir, manifestando o seu inconformismo.
O tema desta segunda parte do livro X são os recursos, que pressupõem inconformismo, insatisfação com as decisões judiciais, e que buscam outro pronunciamento do Poder Judiciário a respeito das questões a ele submetidas.
CONCEITO
Recursos são os remédios processuais de que se podem valer as partes, o
Ministério Público e eventuais terceiros prejudicados para submeter uma decisão judicial a nova apreciação, em regra por um órgão diferente daquele que a proferiu, e que têm por finalidade modificar, invalidar, esclarecer ou complementar a decisão.
CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS 
1ª Interposição na mesma relação processual
Quer dizer que os recursos não têm natureza jurídica de ação, nem criam um novo processo. Eles são interpostos na mesma relação processual e têm o condão de prolongá-la. Essa característica pode servir para distingui-los de outros remédios, que têm natureza de ação e implicam a formação de um novo processo, como a ação rescisória, a reclamação, o mandado de segurança e o habeas corpus.
2ª A aptidão para retardar ou impedir a preclusão ou a coisa julgada
Enquanto há recurso pendente, a decisão impugnada não se terá tornado definitiva. Quando se tratar de decisão interlocutória, não haverá preclusão; quando se tratar de sentença, inexistirá a coisa julgada. As decisões judiciais não se tornam definitivas, enquanto houver a possibilidade de interposição de recurso, ou enquanto os recursos pendentes não tiverem sido examinados.
Com essa Segunda Característica, surge o questionamento sobre os efeitos que os recursos impõe nas relações jurídicas, tais quais, o que é os efeitos Jurídicos dos Recursos?
	Efeito	devolutivo	e	suspensivo	dos
Efeito suspensivo. Ocorre quando recursos.	Como	o	próprio	nome
a sentença proferida em 1ª diz, efeito devolutivo é aquele que
Instância não pode ser executada
“devolve” algo, ou seja, quando um até o julgamento do recurso. recurso é recebido com o efeito
Mesmo	que	se	autorize, devolutivo,	ele	devolve	toda	matéria excepcionalmente,	a	execução, para reexame em instância superior, para esta	será	provisória	enquanto que sentença seja anulada, reformada,
pendente o recurso. ou, também, mantida
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
- tutelas provisórias;
- mérito do processo;
- rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
- incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
- rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
- exibição ou posse de documento ou coisa;
- exclusão de litisconsorte;
- rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
- admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
- concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
- redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
- (VETADO);
- outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
Provido o agravo, todos os atos processuais supervenientes, incompatíveis com a nova decisão, ficarão prejudicados, até mesmo a sentença.
Por exemplo: se o autor requereu a redistribuição do ônus da prova, nos termos do art. 373, § 1º, do CPC, e o juiz a deferiu, tendo sido interposto agravo de instrumento pelo réu, o provimento do recurso fará com que o processo retroaja à fase em que foi proferida a decisão, ficando prejudicados todos os atos supervenientes, incluindoa sentença.
"EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRATO DE LOCAÇÃO CONTROVÉRSIA ENVOLVENDO OS LIMITES DA RESPONSABILIDADE DOS FIADORES PRORROGAÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO VERIFICADA PREVISÃO CONTRATUAL QUANTO À NECESSIDADE DE CONSTITUIÇÃO DE NOVO INSTRUMENTO MOSTRA-SE INÓCUA SUBSUNÇÃO ENTRE OS FATOS APRESENTADOS E A PREVISÃO EXPRESSA DO ART. 46, §1º, DA LEI NO 8.245/91 PRECEDENTES DO E. STJ EXTINÇÃO À EXECUÇÃO AFASTADA PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS EXAME DE QUESTÕES FÁTICAS NECESSÁRIO CONCEDER ÀS PARTES A FACULDADE DE PRODUZIR PROVAS RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM RECURSO PROVIDO". (fonte STJ/2018, AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL Nº 1.331.913 - SP (2018/0164945-3))
HÁ TAMBÉM O EFEITO EXPANSIVO 
Será gerado sempre que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada ou quando atingir sujeitos que não participaram como partes no recurso, apesar de serem partes na demanda. Na primeira hipótese, haverá efeito expansivo objetivo, que ainda poderá ser interno ou externo, dependendo da matéria atingida pelo julgamento do recurso estar localizada dentro ou fora da decisão impugnada. Na segunda hipótese tem-se o efeito expansivo subjetivo. Com efeito, o efeito expansivo objetivo interno refere-se a capítulos não impugnados da decisão recorrida que serão atingidos pelo julgamento do recurso. Já o efeito expansivo objetivo externo se verifica sempre que o julgamento do recurso atinge outros atos processuais que não a decisão recorrida. Por fim, o efeito expansivo subjetivo, que parcela da doutrina chama de “dimensão subjetiva do efeito devolutivo”, é a possibilidade de um recurso atingir um sujeito processual que não tenha feito parte do recurso. Significa dizer que, havendo um litisconsórcio, nem todos os litisconsortes recorrem, e ainda assim o recurso beneficia a todos.
O QUE É O EFEITO TRANSLATIVO
Entende-se por efeito translativo a capacidade que tem o tribunal de avaliar matérias que não tenham sido objeto do conteúdo do recurso, por se tratar de assunto que se encontra superior à vontade das partes. Em outras palavras, o efeito translativo independe da manifestação da parte, eis que a matéria tratada vai além da vontade do particular, por ser de ordem pública.
E POR FIM, O QUE É EFEITO SUBSTITUTIVO?
Efeito substitutivo. Segundo o artigo 1.008 do CPC o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites da impugnação. ... Caso não seja recebido ou conhecido o recurso, não há que falar em efeito substitutivo
3ª Correção de erros de forma ou de conteúdo
Ao fundamentar o seu recurso, o interessado poderá postular a anulação ou a substituição da decisão por outra. Deverá expor quais as razões de sua pretensão, que podem ser de fundo ou de forma, tendo por objeto vícios de conteúdo ou processuais.
Os primeiros são denominados errores in procedendo; e os
segundos, errores in judicando
ERRORES IN PROCEDENDO
São vícios processuais, decorrentes do descompasso entre a decisão judicial e as regras de processo civil, a respeito do processo ou do
procedimento
ERRORES IN JUDICANDO
São vícios de conteúdo, de fundo, em que se alega a injustiça da decisão, o descompasso com as normas de direito material.
Obs: Os embargos de declaração fogem à regra geral, porque sua finalidade é apenas aclarar ou integrar a decisão, e não propriamente reformá-la ou anulála.
4ª IMPOSSIBILIDADE, EM REGRA, DE INOVAÇÃO
Quer dizer que, em regra, não se pode	invocar,	em	recurso, matérias que não tenham sido arguidas	e	discutidas anteriormente. Ou seja, não se pode inovar no recurso.ARTIGO 493 DO CPC
ARTIGO 1.014 DO CPC
Então, pode ter exceções? 
Se tiver quais são?
5ª O SISTEMA DE INTERPOSIÇÃO
Isso quer dizer que os recursos são interpostos perante o órgão aquo, e não perante o órgão adquem. A exceção é o agravo de instrumento, interpostodiretamente perante o Tribunal.
OBS: embargos de declaração, embargos infringentes da Lei de 
Execução Fiscal
O QUE É JUÍZO OU EXAME DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS?
Exame: examinar, verificar as condições.Admissibilidade: felicidade: feliz; agilidade: ágil; realidade: real. Admissibilidade: admissível (deriva de admissão, aceitação)= possível, aceitável. Exame de admissibilidade é o ato de verificar, examinar se o recurso preenche os requisitos legais para seu julgamento: 1. Tempestividade; 2. Legitimidade; 3. Competência; Depois, a resposta ao recurso será:
Dado provimento ou provido: o recorrente (quem recorreu) ganhou tudo o que pediu;
Dado provimento parcial ou provido parcialmente: o recorrente ganhou parte do que pediu;
Negado o provimento ou improvido: o recorrente não ganhou nada do que pediu
NÃOESQUECERQUE, não haverá prévio exame de admissibilidade pelo órgão a quo, nem na apelação (art. 1.009, § 3º), nem no recurso ordinário (art. 1.028, § 3º). Haverá apenas no recurso extraordinário e especial (art. 1.030, V). Antes de examinar a pretensão recursal, o órgão ad quem fará o juízo de admissibilidade, verificando se o recurso está ou não em condições de ser conhecido. Em caso negativo, não conhecerá do recurso; em caso afirmativo, conhecerá, podendo dar-lhe ou negar-lhe provimento, conforme acolha ou não a pretensão recursal.
No caso do RE e do REsp, caberá ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido realizar o prévio juízo de admissibilidade. Se o recurso for recebido, o processo será encaminhado ao órgão ad quem, a quem competirá, antes do exame da pretensão recursal, realizar um novo e definitivo juízo de admissibilidade; se não, da decisão de inadmissão proferida no órgão a quo caberá agravo, na forma do art. 1.042 do CPC.
6ª A decisão do órgão ad quem em regra substitui a do a quo 
Quando o órgão ad quem examina o recurso, são várias as alternativas, assim resumidas: ■ Pode não conhecer do recurso. Nesse caso, a decisão do órgão a quo prevalece, e não é substituída por uma nova; ■ Pode conhecer do recurso, apenas para anular ou declarar a nulidade da decisão anterior, determinando o retorno dos autos para que seja proferida outra; ■ Pode conhecer do recurso, negando-lhe provimento, caso em que a decisão anterior está mantida; ou dando-lhe provimento, para reformá-la. No caso de mantença ou reforma, a decisão proferida pelo órgão ad quem substitui a do órgão a quo, ainda que aquela tenha se limitado a manter, na íntegra, a anterior. O que deverá ser cumprido e executado é o acórdão, e não mais a decisão ou sentença.
7ª O NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO E O TRÂNSITO EM JULGADO Em razão disso, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que o recurso, ainda que não venha a ser conhecido, impede o trânsito em julgado, salvo em caso de má-fé. Ele só ocorrerá daí para diante, e não mais retroagirá, salvo má-fé. Nesse sentido: “Segundo entendimento que veio a prevalecer no Tribunal, o termo inicial para o prazo decadencial da ação rescisória é o primeiro dia após o trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, salvo se provar-se que o recurso foi interposto por má-fé do recorrente” (RSTJ 102/330). Esse entendimento acabou pacificando-se com a edição da Súmula 401 do STJ, que assim estabelece: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. O entendimento da súmula, que é anterior ao CPC atual, foi acolhido pelo seu art. 975, caput, que assim estabelece: “O direito à rescisão se extingue em dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo”
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS
Há vários critérios de classificação dos requisitos de admissibilidade dos recursos. Parece-nos que o mais completo é aquele sugerido por Barbosa Moreira, que os divide em duas grandes categorias: os intrínsecos e os extrínsecos, sendo os primeiros aqueles que dizem respeito à relação entre a natureza e o conteúdo da decisão recorrida e o recurso interposto, e os segundos, os que levam em conta fatores que não dizem respeito à decisão impugnada, mas que são externos a ela.
A) Requisitos de admissibilidade intrínsecos
A.1) Cabimento
Os recursos são apenas aqueles criados por lei. O rol legal é numerus clausus, taxativo. Recurso cabível é aquele previsto no ordenamento jurídico e, nos termos da lei, adequado contra a decisão. Esse requisito aproxima-se da possibilidade jurídica do pedido, que integra o interesse de agir. O art. 994 do CPC enumera os recursos: apelação, agravo de instrumento, agravo interno, embargos de declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário e embargos de divergência. Nada impede que lei especial crie outros, como os embargos infringentes na Lei de Execução Fiscal, ou o recurso inominado contra a sentença no Juizado
Especial Cível.
A.2) Legitimidade recursal
As partes e intervenientes: As partes — o autor e o réu — são os legitimados por excelência. Além deles, podem interpor recurso aqueles que tenham sido admitidos por força de intervenção de terceiros
Outros não adquirem essa condição, mas têm a faculdade de recorrer, como o assistente simples. No entanto, a participação deste é subordinada à parte, e lhe será vedada a utilização de recurso, se o assistido manifestar o desejo de que a decisão seja mantida. O único terceiro interveniente que não tem legitimidade recursal é o amicus curiae, exceto para opor embargos de declaração e para recorrer da decisão que julga o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 138, §§ 1º e 3º).
O Ministério Público: O Ministério Público pode atuar no processo como parte ou fiscal da ordem jurídica. O primeiro caso recai no item anterior; mas o Promotor pode recorrer ainda quando atue como fiscal da ordem jurídica. Nem é preciso que ele já esteja intervindo no processo, pois ele pode recorrer exatamente porque lhe foi negada a intervenção. Em qualquer condição em que recorra, o Ministério Público terá prazo em dobro, na forma do art. 180, caput, do CPC.
O recurso de terceiro prejudicado: O art. 996 do CPC, que cuida da legitimidade para recorrer, menciona, entre os legitimados, o terceiro prejudicado.
Quem é ele? Aquele que tenha interesse jurídico de que a sentença seja favorável a uma das partes, porque tem com ela uma relação jurídica que, conquanto distinta daquela discutida em juízo, poderá ser atingida pelos efeitos reflexos da sentença. Em suma, aquele mesmo que pode ingressar no processo como assistente simples: os requisitos para ingressar nessa condição são os mesmos que para recorrer como terceiro prejudicado. Mas a figura do assistente simples não pode se confundir com a do terceiro que recorre.
Uma pergunta aparece nesse momento, o advogado tem legitimidadeem recorrer em nome próprio?
Superior Tribunal de Justiça entende que, “têm legitimidade, para recorrer da sentença, no ponto alusivo aos honorários advocatícios, tanto a parte como o seu patrono” (STJ — 4ª Turma, REsp 361.713/RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, j.
17/02/2004).
Quem não tem legitimidade recursal
Não tem legitimidade recursal o próprio juiz, já que a ninguém é dado recorrer da própria decisão. A remessa necessária, como condição de eficácia da sua sentença, não tem natureza recursal. Também não têm os funcionários da justiça. Há controvérsia sobre a possibilidade de haver recurso do perito, especificamente no que concerne ao valor dos seus honorários fixados judicialmente. A resposta há de ser negativa, podendo o perito, se assim desejar, discutir os seus honorários em ação própria, mas não por meio de recurso, dada a sua posição, no processo, de auxiliar do juízo.
REFERENCIAL TEÓRICO
MARCUS VINÍCIUS RIOS GONÇALVES
DIREITO PROCESSUAL CIVIL –
ESQUEMATIZADO
9ª EDIÇÃO – EDITORA SARAÍVA - 2018

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