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12/05/2014 1 MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS Dr. Silvio Carvalho Marinho Introdução ao estudo dos vírus: características gerais 12/05/2014 2 Objetivos Descrever as características gerais dos vírus. Definir virion. Descrever a biossíntese viral. Descrever e categorizar os bacteriófagos. São organismos acelulares São parasitas intracelulares obrigatórios Não possuem metabolismo próprio: portanto não fazem síntese proteica nem respiração celular Material genético pode ser DNA ou RNA; Material genético possui apenas a informação para produzir o RNAm (mensageiro) RNAr (ribossômico) e RNAt (transportador) que participam da construção de proteínas virais, são da própria célula hospedeira Visão geral sobre os vírus 12/05/2014 3 Vírion: Partícula viral completa que está fora da célula hospedeira. Constituída por DNA ou RNA cercado por proteínas (capsídeo: invólucro de origem proteica dos vírus, que protege e facilita sua proliferação). Institui a forma infectiva do vírus. Cada família de vírus apresenta vírions de formatos diferentes Visão geral sobre os vírus Bacteriófagos: vírus que infectam apenas bactérias os que infectam apenas fungos, são denominados micófagos os que infectam as plantas e os que infectam os animais, denominados, respectivamente, vírus de plantas e vírus de animais. Visão geral sobre os vírus 12/05/2014 4 Tamanho Estrutura dos vírus Estrutura dos vírus 12/05/2014 5 Biossíntese viral Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira: eles não podem captar nutrientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade biossintética. Obviamente se reproduzem, mas diferentemente de células, que crescem, duplicam seu conteúdo para então dividir-se em duas células filhas, os vírus replicam-se através de uma estratégia completamente diferente: eles invadem células, o que causa a dissociação dos componentes da partícula viral; esses componentes então interagem com o aparato metabólico da célula hospedeira, subvertendo o metabolismo celular para a produção de mais vírus. Introdução ao estudo dos vírus: vírus contaminantes de alimentos 12/05/2014 6 Objetivos Explicar como ocorre a contaminação dos alimentos por vírus. Descrever: • vírus da hepatite A • vírus da hepatite E • rotavírus • norovírus Incidência pouco conhecida: parasitas obrigatórios, não se desenvolvem em meio de cultura como bactérias e fungos não se replicam nos alimentos, são necessários métodos para extração e concentração técnicas virológicas convencionais não são utilizadas na rotina da maioria dos laboratórios de alimentos aplicabilidade de métodos para monitorar a contaminação viral em alimentos é desconhecida Qualquer alimento pode servir de veículo de transmissão Contaminação dos alimentos por vírus 12/05/2014 7 Água: uma das vias de transmissão mais importantes dos enterovírus para o homem Gastrenterites virais: extremamente frequentes (segunda colocação na incidência de viroses – perdendo apenas para o resfriado comum!) DTAs - Vírus mais importantes: Norovírus (antigo Norwalk) HAV (hepatite A) Produtos marinhos: fontes mais comuns de gastrenterites Contaminação dos alimentos por vírus De modo geral, são resistentes à maioria das condições adversas para bactérias (tempo e temperatura) Estáveis na faixa de pH de 2 a 9 Toleram 65°C por 30 minutos Resistem a 1mg/L de cloro livre Norovírus e HAV são altamente infecciosos e apresentam níveis variáveis de resistência ao calor e a desinfetantes – ambos são inativados a 100°C Contaminação dos alimentos por vírus 12/05/2014 8 Contaminação dos alimentos por vírus Historicamente é reconhecida como a mais importante virose transmitida por alimentos Picornaviridae, por um RNA vírus, grupo dos enterovírus Transmissão: via oral-fecal Incubação: média de 30 dias (variando de 15-45 dias) Sinais e sintomas: mal-estar, seguido de fadiga, febre, perda de apetite e náuseas; dores abdominais na área do fígado, vômitos e fezes de cor mais clara do que a habitual (em fase mais adiantada: icterícia e escurecimento da urina) Hepatite A (HAV) 12/05/2014 9 Alimentos envolvidos: pratos à base de ostras, saladas, sanduíches, frutas e sucos, leite e produtos lácteos e doces confeitados Água, moluscos e saladas são as vias de transmissão mais comuns; manipuladores infectados: maiores fontes de infecção O HAV apresenta distribuição mundial: relatos de surtos em todo o mundo Hepatite A (HAV) Hepatite A (HAV) 12/05/2014 10 Hepatite A (HAV) Caliciviridae, RNA vírus Doença muito importante nas áreas menos favorecidas do mundo e com saneamento de má qualidade: Índia e sudeste da Ásia, África, Américas Central e do Sul Água contaminada por esgoto: transmite com maior frequência o vírus que propriamente os alimentos Sintomalogia semelhante à HAV Período de incubação: 15 a 62 dias (média de 26-42 dias) Infecção pode ser letal para gestantes (mortalidade superior a 20% – infecção nos últimos 3 meses de gestação) Hepatite E (HEV) 12/05/2014 11 Hepatite E (HEV) Reovírus, RNA vírus (1973, Austrália) Principal forma de transmissão: oral-fecal Período de incubação: 2 a 4 dias Sintomas: vômitos durante 3 dias, diarreia aquosa que pode persistir de 3 a 8 dias, dores abdominais e febre (alguns casos graves podem levar crianças ao óbito: diarreia e alto grau de desidratação – 1 milhão de mortes/ano no mundo) Surtos estão relacionados primordialmente à água, alimentos não têm participação muito grande na transmissão Rotavírus 12/05/2014 12 Rotavírus Rotavírus 12/05/2014 13 Caliciviridae, RNA vírus Antiga denominação: Norwalk (Norwalk, Ohio-EUA - 1972) Distribuição mundial e incidência relacionada a grandes aglomerações de pessoas (acampamentos, escolas, instituições de desabrigados) Manifestações digestivas 1 a 2 dias após ingestão de alimentos ou água contaminada com fezes de humanos infectados Sintomas: náuseas, vômitos, diarreia e gastralgia Casos graves ou hospitalizações: raros Norovírus Norovírus 12/05/2014 14 Partículas virais permanecem nos alimentos após o processamento e continuarão infecciosas por vários dias ou semanas Adoção de BPA, BPF e APPCC a fim de evitar a introdução de vírus nos alimentos crus e no ambiente da fábrica ou da cozinha, assegurando a adequada manipulação Água: deve-se estar atento ao nível de potabilidade Higiene é FUNDAMENTAL no controle das contaminações: treinamento de manipuladores deve ser reforçado! Controle da contaminação por vírus GERMANO, P.M.L.; GERMANO, M.I.S. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. 3.ed. São Paulo: Manole, 2008. MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. São Paulo: Prentice Hall, 2004. Referências