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CONTROLE VETORIAL E ESCALAR PARA MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS Alexandre Baratella Lugli, Fábio Martins Araújo , Giovanni Henrique F.Floriano, João Paulo da Silva , Joao Paulo Henriques, Romulo Mota Volpato, e Yvo Marcelo Chiaradia Masselli Abstract - The control of three phase induction motors by means of frequency inverters can be used in several applications. In this article, a comparison between two these controls: scalar control and sensorless vector control. Will also be presented, compared and analyzed the results of the implementation of sensorless vector control to replace a control system climb a real load handling. Keywords - Frequency Inverters, motors, control vector, scalar control. Resumo - O controle do motor de indução trifásico através de inversor frequência pode ser utilizado em diversos tipos de aplicações. Neste artigo será apresentado um comparativo entre dois desses controles: o controle escalar e o controle vetorial sensorless. Serão também apresentados, comparados e analisados os resultados da aplicação de controle vetorial sensorless em substituição a um sistema de controle escalar numa carga real de comportamento dinâmico. Palavras chave – Inversores de Frequência, motores, controle vetorial, controle escalar. I. INTRODUÇÃO Algumas cargas necessitam de acionamentos que permitam um controle de velocidade preciso e eficiente. Por décadas os Motores de Corrente Continua (MCC) foram aplicados nesses casos, apesar de apresentarem um alto custo de aquisição e manutenção. O grande avanço da eletrônica de potência tornou viável a aplicação de técnicas de controle de velocidade em Motores de Indução Trifásicos (MIT) através da variação da frequência, e do valor eficaz da tensão estatórica aplicada no MIT por um Inversor de Frequência. Essa técnica proporciona um controle preciso e eficiente da rotação do MIT. O aumento das aplicações alavancou o desenvolvimento de novas técnicas de controle e o aprimoramento das técnicas já existentes de modo a obter controles com respostas rápidas e de alta precisão. Dentre essas técnicas temos o controle escalar, o controle vetorial sensorless e o controle vetorial com realimentação. Nesse artigo apresentamos uma comparação do controle de velocidade via inversor de frequência no modo escalar com o do modo vetorial sensorless, buscando estabelecer qual deles proporciona maior eficiência energética e melhor resposta às variações do comportamento da carga. Artigo apresentado no II Seminário de Automação Industrial e Sistemas Eletro-Eletrônicos – SAISEE (ISSN 2319-0280), ocorrido em 04 de Março de 2015 na cidade de Santa Rita do Sapucaí-MG II. MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO (MIT) Os motores de indução trifásicos apresentam vantagens em relação aos motores de corrente continua, dentre as quais: - menor custo de aquisição; - melhor rendimento; - O menor aquecimento; - menor custo de manutenção devido a maior simplicidade e menor quantidade de componentes; - menor tamanho e volume que o motor de corrente continua (MCC) com a mesma potência. [1] No que se refere ao controle de velocidade, os motores de indução trifásicos, através da alimentação via inversores de frequência, possui menor consumo, produz menos harmônicos e tem maior quantidade de recursos, permitindo operar a máquina de diversas maneiras. [1] [4] Os motores de indução trifásicos possuem construção simplificada, onde se destacam duas partes principais: o estator e o rotor. O estator é parte fixa do motor, é composto de chapas ferromagnéticas empilhadas e isoladas eletricamente entre si. As bobinas ou enrolamentos, são ligadas no estator, e recebem a tensão trifásica da rede elétrica, produzindo um campo magnético girante com velocidade dependente da frequência da rede e do número de par de polos do MIT, denominada velocidade síncrona, conforme indicado na equação (1). [1] 𝑛1 = 60.𝑓 𝑝 Onde: n1 é a velocidade síncrona [rpm]; f é a frequência da tensão estórica [Hz]. p é o número de par de polos. 1 Outra parte importante é o rotor, que possui um núcleo ferromagnético onde se localiza um enrolamento ou um conjunto de condutores paralelos. O rotor fica imerso no campo girante produzido pelas correntes que circulam nas bobinas do estator e seus condutores paralelos são cortados pelas linhas de força desse campo. Essa interação induz uma diferença de potencial e consequentemente uma corrente induzida que produz um torque eletromagnético que faz com que o rotor gire. [1] A Figura 1 mostra a composição de um motor onde pode-se destacar o rotor e o estator. (1) Figura 1- Motor de Indução trifásico [1] A. Escorregamento do motor de indução trifásico O escorregamento é a diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor. [2] Quanto maior a carga a ser acionada pelo motor, maior terá que ser o seu conjugado, para isso a diferença de velocidade entre o campo girante e o rotor terá que ser maior para que as correntes induzidas e o campo magnético produzido sejam maiores. Na proporção que a carga aumenta, temos a diminuição da rotação do motor. [1] Quando o motor está vazio, ou seja, sem carga acoplada em seu eixo, o rotor gira com velocidade próxima da velocidade síncrona. [1] A equação (2) apresenta o cálculo do escorregamento em porcentagem. 𝑠 = 𝑛1 − 𝑛 𝑛1 𝑥 100% (2) Onde: s é o escorregamento; n1 é a velocidade síncrona; n é a velocidade do rotor. B. Variação da velocidade de rotação do motor A variação de números de rotações de um MIT para uma determinada carga pode ser obtida atuando-se nos seguintes fatores: Frequência de rede; Número de par de polos; Valor eficaz da tensão estatórica; Resistência rotórica (rotor bobinado). Tendo em vista que a frequência da rede é constante e que o número de par de polos de cada motor ser invariável, com exceção dos motores Dahlander, a maneira mais simples e eficiente que temos atualmente para variarmos a velocidade dos motores de indução trifásicos é através do controle do valor eficaz ou da frequência da tensão estatórica. Para tanto pode-se utilizar dispositivos eletrônicos de acionamento, tais como os inversores de frequência. III. INVERSOR DE FREQUÊNCIA Inversores de frequência são dispositivos destinados ao controle e variação da velocidade de motores, são utilizados em indústrias de diversos segmentos, pois além da facilidade de aplicação, possuem flexibilidade de controle de velocidade sem grande perda de torque do motor, aceleração suave através de programação, frenagem direta no motor sem a necessidade de freios mecânicos, além de diversas formas de controle. [1] Seu funcionamento está baseado no recebimento da tensão da rede elétrica e processamento dessa tensão através dos seguintes blocos: Retificador: formado por ponte de diodo ou SCR´s, é o bloco responsável pela retificação da tensão, transformando a tensão alternada da rede em tensão continua; Link CC (filtro): responsável pela regulação da tensão retificada e armazenamento através de bancos de capacitores; Inversor: formado por transistores IGBT, é responsável pela inversão da tensão continua em um sinal alternado com tensão e frequência variáveis. [3] Na Figura 2 pode-se verificar esses blocos. Figura 2 – Diagrama em blocos do inversor. [2]A. Variação da velocidade de rotação através de inversores de frequência Os inversores de frequência transformam a tensão da rede que possui amplitude e frequência constante, em uma tensão com amplitudes e frequências variáveis. De acordo com a equação (1), quando varia-se a frequência da tensão de alimentação do motor, varia-se também a velocidade do campo girante no estator, e consequentemente varia-se a velocidade de rotação do rotor. [3] Afirma-se, que alterando a frequência e a amplitude da tensão de alimentação do motor, o campo magnético induzido pelo estator no rotor será alterado, consequentemente se alterará a velocidade de giro do campo magnético do estator, e a velocidade de giro do rotor, por consequência a velocidade de rotação do motor. B. Relação de torque em um inversor de frequência Os motores de indução podem ser comparados aos transformadores, onde o estator é o primário e o rotor o secundário. [1] Através do conjugado do motor assíncrono podemos chegar a equação (3), onde temos o torque desenvolvido pelo motor. [1] 2 2cosmT K I (3) Onde: T é o torque do motor; m é o fluxo magnetizante; 2 2cosI é a parcela ativa da corrente no rotor O fluxo magnetizante, desconsiderando as quedas de tensão provenientes da resistência e da reatância dos enrolamentos estatóricos, é diretamente proporcional a razão do valor eficaz da tensão estatórica e da sua frequência, conforme indicado na equação (4). [3] m U K f (4) Onde: U é ovalor eficaz da tensão estatórica; Ф𝑚 é o fluxo magnetizante; f é a frequência da tensão estatórica. Se for considerado que a corrente depende da carga e que esta será constante, verifica-se que, variando o valor eficaz e frequência da tensão de forma proporcional, o fluxo magnetizante e seu torque também se manterão constantes. Assim o motor fornecerá um ajuste continuo de velocidade e conjugado em relação a carga mecânica. [3] Pode-se minimizar as perdas de acordo com as condições da carga, mantendo-se o escorregamento constante em qualquer velocidade para a mesma carga. [3] De acordo com as equações (3) e (4), pode-se obter os gráficos das Figuras 3 e 4. Figura – 3 Gráfico proporcional da tensão e frequência [3] A variação da relação do valor eficaz e da frequência da tensão no estator mostrada através da equação (4), é feita linearmente até a frequência nominal do motor (fN). Acima da frequência nominal, o motor operará na região de enfraquecimento de campo, pois nessa região o fluxo magnético decresce com o aumento da frequência o que ocasiona perda de torque. Isso ocorre, porque a variação da tensão não acompanhará a variação da frequência não se mantendo a relação U/f constante. Na Figura 4 pode-se verificar a curva característica do torque versus a velocidade. [3] Figura - 4 Gráfico proporcional do torque e frequência [3] Portanto, verifica-se que o torque será constante até a frequência base, acima desta entra na região de enfraquecimento do campo, onde o torque diminuirá gradativamente. [3] IV. CONTROLE ESCALAR O controle escalar tem como principal característica, a relação entre o valor eficaz da tensão e a sua frequência constante, ou seja, sempre que se altera um dos fatores o outro também é alterado de forma proporcional, afim de manter a relação Volts/Hertz sempre constante. [1] Percebe-se através da equação (4), que alterando-se o valor eficaz da tensão e frequência de modo proporcional, o fluxo magnetizante se mantém, mantendo assim o torque do motor. Esse tipo de controle é realizado em malha aberta e a precisão da velocidade é em função do escorregamento do motor. É aplicado em sistemas que não requerem controles dinâmicos e precisão de torque e velocidade. É recomendado para aplicações onde há necessidade de ligação de diversos motores em um único inversor. [1] [2] O controle escalar não é recomendado para aplicações que requerem baixas velocidades, pois a queda de tensão em baixas frequências é alta, e afeta significativamente a magnitude da corrente de produção de fluxo. Alguns inversores possuem funções especiais como Boost de partida, compensação de escorregamento, torque extra de partida e outros. Mesmo com as limitações em baixas frequências, esse controle é largamente utilizado devido a simplicidade e custo benefício, pois na maioria das aplicações não requer alta precisão e rapidez no controle da velocidade. [1] A Figura 5 mostra o gráfico da tensão em relação a frequência Figura - 5 Tensão e Corrente vs Frequência [3] Abaixo podemos citar algumas características do controle escalar: Menor custo se comparador ao controle vetorial; É utilizado em aplicações onde não requer alta precisão no controle do torque e da velocidade; Precisão na faixa de 0,5% da rotação nominal sem que a carga seja variada, e de 3% a 5% em caso de variação na carga; O controle é realizado em malha aberta, ou seja, sem leitura da velocidade através de sensor; A precisão da velocidade é em função do escorregamento. V. CONTROLE VETORIAL O controle vetorial tem seu uso recomendado quando se há necessidade de ter performance dinâmica, com respostas rápidas e alta precisão de velocidade. Com esse controle, consegue-se trabalhar com torque preciso em uma extensa faixa de operação, em especial onde-se é necessário manter o torque com baixas frequências. O controle vetorial, faz com que o motor de indução trifásico opere de forma parecida com o motor de corrente continua (MCC), onde o controle da velocidade e do torque são controlados de maneira independente. Esse tipo de controle pode ser realizado em malha aberta “sensorless” ou em malha fechada com realimentação. O controle em malha fechada com realimentação, requer o uso de sensores de velocidade como por exemplo encoder, resolver, taco geradores de pulso e outros. [1] [2] A Figura 6 ilustra os vetores de corrente para diferentes condições de carga. Figura – 6 vetores de corrente para diferentes cargas [1] No motor vazio, quase toda corrente no estator (IS) é formada pela corrente magnetizante (Im), nesse caso a corrente de torque é necessária somente para compensar os atritos e as perdas por ventilação. O escorregamento estará próximo de zero, ou seja, a velocidade síncrona está bem próxima a velocidade do rotor. A corrente no estator estará atrasada em relação a tensão em aproximadamente 90° e o fator de potência será aproximadamente 0. [1] Já no motor acoplado a uma grande carga, a corrente (IS) é a soma vetorial da corrente (Im), com a corrente de produção de torque (Ir), que aumentará na mesma proporção do torque da carga. [1] O atraso da corrente em relação a tensão aplicada será dado pelo ângulo φ, nesse caso o fator de potência torna-se maior, chegando próximo ao fator de potência da carga nominal. [1] O controle vetorial pode ser dividido em dois tipos, em malha aberta (sensorless) e com realimentação. [1] A. Controle Vetorial malha aberta (sensorless) Esse tipo de controle é mais simples que o com realimentação, apresenta limitações quando há a necessidade de operar em baixas frequências (próxima de zero). Em rotações maiores é considerado tão bomquanto o vetorial com realimentação. Apresenta vantagens em relação ao controle escalar, pois trabalha com a magnitude e ângulo entre tensão e corrente, enquanto o escalar trabalha somente na magnitude. É de fácil operação, pois possui configuração de auto sintonia, onde o operador insere os dados de placa do motor e executa a rotina que configura o inversor de forma a trabalhar de acordo com os dados de placa inseridos. [1] Abaixo podemos citar algumas características do controle vetorial sensorlees: Regulagem de velocidade de 0,1%; Torque de partida de 250%; Torque máximo não continuo de 250%; Auto sintonia dos parâmetros de acordo com os parâmetros do motor. [1] B. Controle Vetorial com Realimentação O controle vetorial com realimentação permite uma maior precisão principalmente e frequências próximas de zero. Apresenta vantagens em relação ao vetorial sensorless quando se há necessidade de trabalhar em frequências baixíssimas. Requer a utilização de sensores acoplados em seu eixo, possui um custo relativamente maior que os controles escalar e vetorial sensorless. Abaixo podemos citar algumas características do controle vetorial com realimentação: Elevada precisão na regulagem de velocidade; Alta performance dinâmica; Controle de torque linear em aplicações de posição ou de tração, como por exemplo pontes rolantes; Operação com baixa velocidade sem oscilação de torque mesmo com alteração de carga; Regulação de velocidade de 0,01%; Regulação de torque de 5%; Torque de partida de 400% máx; Torque máximo não contínuo de 400%. [1] VI. APLICAÇÃO PRÁTICA Para realizar o comparativo entre o controle escalar e o controle vetorial sensorless, será utilizado um equipamento denominado AE45 (amassadeira espiral de 45 litros). Esse equipamento é utilizado na fabricação de massas de confeitaria em geral. Atualmente o equipamento utiliza um inversor de frequência operando em modo escalar, que controla a velocidade de rotação do motor. Esse motor, por sua vez, está acoplado a um eixo espiral que rotaciona amassando a massa até seu ponto ideal. Como são feitos diversos tipos de massas e em diversas regiões do país, tem-se variações de porcentagem de água utilizada nas receitas, e variação de insumos em geral, tornando o produto a ser feito muito diverso, mudando constantemente as características da carga. Verificamos em uma empresa fabricante desse tipo de equipamento, que dependendo da porcentagem de água utilizada na receita, o equipamento apresenta deficiência de torque, que em muitas vezes causa a diminuição da rotação do motor bruscamente. Isso ocorre quando é utilizada na massa porcentagem de água inferior a 55%. Assim sendo, neste estudo procuramos melhorar a performance do equipamento AE45 (conjunto inversor e motor) fazendo a aplicação do controle vetorial sensorless e comparando-o com o controle escalar. Na Figura 7 é apresentado o equipamento utilizado para realizar o comparativo. Figura 7 – AE45 Amassadeira Espiral 45 litros [5] A. Equipamento de Medição Foi utilizado um analisador de qualidade de energia TRUE RMS para medição do comportamento da corrente e tensão durante o processo. As medições foram realizadas com intervalos de 1 segundo e cada processo de teste teve duração de 17 minutos, com uma amostragem de 1020 medições para cada teste. A Figura 8 mostra o equipamento utilizado para realizar essas medições. Figura 8 – Analisador de energia TRUE RMS [6] B. Processo de operação do equipamento Para os testes práticos deste trabalho, serão processadas receitas de pão francês, tendo em vista ser a receita mais utilizada no equipamento. A colocação dos insumos no equipamento é dividida em duas partes, colocação dos ingredientes sólidos: farinha, fermento e sal; e após a mistura desses ingredientes, a inserção de água através de um dosador, que tem por finalidade colocar a quantidade correta de água padronizando a receita. Em cada processamento da receita foi utilizado 25Kg de farinha, 250g de fermento, 500g de sal, e porcentagem de água com variação de 55% e 40%. VII. TESTES REALIZADOS Os testes práticos foram realizados com duas porcentagens de água distintas, o primeiro com 55% de água, onde a carga imposta ao motor fica mais leve, e o segundo com 40%, onde a carga imposta ao motor fica mais pesada. O processo de confecção da massa dura 17 minutos, sendo 11 com frequência de 25,3Hz e 6 minutos com frequência de 53,2Hz. Os gráficos que serão apresentados nos comparativos deste capitulo foram retirados do analisador de energia apresentado na Figura 8. A. Comparativo entre controle Escalar e Vetorial com 55% de água Através do gráfico da Figura 9, verifica-se que o comportamento das tensões ao longo do processo. No modo vetorial, a tensão sofre variação em sua amplitude na medida em que a carga exige do motor a manutenção da velocidade de rotação e do torque. Pode-se perceber essa alteração no momento em que a água é misturada aos insumos, período de maior esforço do motor. Já o controle escalar, tem como base de controle a relação Volts e frequência constante, ou seja, como a frequência continua sempre a mesma, a tensão também continuará a mesma, não percebendo o inversor a necessidade de se aumentar o fluxo magnetizante no motor e consequentemente o torque. Figura 9 – Gráfico comparativo da tensão Escalar/Vetorial Afirma-se através do gráfico da Figura 10, que o controle escalar para 55% de água, embora mantenha o motor trabalhando em correntes menores que no controle vetorial, apresentou perda de rotação e aumento do barulho do motor demonstrando um esforço maior. Percebe-se ainda que os dois tipos de controle trabalham por período igual (3 minutos), com picos de corrente acima da corrente nominal. Após esse período voltam a trabalhar normalmente abaixo dessa corrente. O pico máximo de corrente no modo escalar foi de 14,3A e no modo vetorial de 15,1A, diferença de 0,8A entre os dois controles. Figura 10 – Gráfico comparativo da corrente Escalar / Vetorial B. Comparativo entre controle Escalar e Vetorial com 40% de água A metodologia para o comparativo com 40% de água foi a mesma aplicada para os testes com 55% de água, porém o teste com 40% de água muda a característica da carga, deixando-a mais seca e mais pesada, impondo ao motor um esforço muito maior durante o processo. O gráfico da Figura 11, demostra que a tensão segue o mesmo comportamento no comparativo com 55% de água, pois os princípios de controle são os mesmos, mudando apenas a característica da carga. Mais uma vez podemos ver a tensão no modo vetorial variando de acordo com a variação de esforço imposto ao motor pela da carga, e a tensão no modo escalar permanecendo constante durante todo o processo. Pode-se perceber que a medida que esforço aumenta, a diferença entre as tensões em modo e escalar e modo vetorial também aumenta na mesma proporção. Isto ocorre pois no modo escalar a tensão se mantem, e no modo vetorial a tensão aumenta na mesma proporção que o esforço imposto pela a carga ao motor aumenta, aumentando o fluxo magnetizante no estator e consequentemente o torque desenvolvido pelo motor. 109,06 128,53 113,54 221,88 97,0 [VALOR] 96,36 190,7 90 110 130 150 170 190 210 230 Te n sã o e m V o lt sPeríodo em tempo Comparativo de tensão 55% de água Vetorial Escalar 9,3 15,1 9,9 7,6 14,3 8,2 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 C o rr en te e m A m p er es Período em tempo Comparativo de corrente 55% de água Vetorial Escalar Figura 11 – Gráfico comparativo da tensão Escalar vs Vetorial Conforme apresentado no gráfico da figura 12, pode-se perceber, que para o teste com 40% de água, o controle vetorial possui uma resposta melhor que o controle escalar. Embora trabalhe também por período igual com picos de corrente fora do valor da corrente nominal, o valor dos picos de corrente no modo escalar, é maior que quando trabalhando em modo vetorial, sendo o pico máximo de 25,3A para o modo escalar e 20,4A para o modo vetorial, cerca de 5A de diferença. Outro fator importante, se refere a perda de velocidade do motor quando operando no modo escalar, ocorrendo em alguns momentos a parada do motor, causando picos grandes de corrente. Figura 12 – Gráfico comparativo da corrente Escalar vs Vetorial A. Consumo de energia Através do analisador de energia foi medido o consumo nos dois modos, vetorial e escalar. Através das Figuras 13 e 14, afirma-se que o consumo de energia se manteve praticamente o mesmo, sendo para o controle escalar um consumo de 0,462 kWh por processo, e para controle vetorial um consumo de 0,467 kWh, sendo de 0.005kWh de consumo a mais quando operando em modo vetorial. Figura 13 – Consumo de energia no modo escalar Figura 14 – Consumo de energia no modo vetorial VII. CONCLUSÕES Através dos resultados dos testes realizados, pode-se afirmar que o controle vetorial apresentou um desempenho melhor que o controle escalar. Essa constatação era esperada já que a carga utilizada apresenta comportamento dinâmico variando em função do ponto da massa e da porcentagem de água inserida na receita. Para a porcentagem de 55% de água, pode-se observar que o período de trabalho com picos de corrente acima da corrente nominal foi pequeno: aproximadamente 3 minutos. Nesse período foi detectado um pico máximo de 14,3A para o modo escalar e de 15,1A para o modo vetorial o que representa uma diferença de 0,8A entre os controles. A média de corrente considerando o processo como um todo, foi de 9A para o modo escalar e de 10A para o modo vetorial. Considerando a informação fornecida pelo fabricante, que o motor poderá trabalhar por períodos pequenos com a corrente 1,3 vezes o valor da corrente nominal do motor, que é de 16,25A, pode-se considerar que os picos apresentados durante o período de 111,5 126,3 129,6 225,8 98,2 96,7 96,9 189,7 0 50 100 150 200 250 1 3 :3 0 1 3 :3 1 1 3 :3 2 1 3 :3 3 1 3 :3 4 1 3 :3 5 1 3 :3 6 1 3 :3 7 1 3 :3 8 1 3 :3 9 1 3 :4 0 1 3 :4 1 1 3 :4 2 1 3 :4 3 1 3 :4 4 1 3 :4 5 1 3 :4 6 Te n sã o e m V o lt s Período em tempo Comparativo da tensão 40% de água Vetorial Escalar [VALOR] 8,1 25,3 20,4 25,3 22,6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 C o rr en te e m A m p er es Período em tempo Comparativo da corrente 40% de água Vetorial Escalar maior esforço (mistura da água aos insumos) não prejudicarão a vida útil do motor. Para a porcentagem de 40% de água a característica da carga muda significativamente e, nesse caso, o controle vetorial apresenta uma maior vantagem sobre o controle escalar. Pode- se perceber, que o período dos picos de corrente e os valores desses picos se tornam maiores se compararmos aos testes realizados com 55% de água. Os períodos desses picos são de aproximadamente 13 minutos, e o maior pico apresentado para o modo escalar foi de 25,3A, e para o modo vetorial 20,4A, diferença de 4,9A entre os controles. A média de corrente durante o processo para o modo escalar foi de 15,5A e para o modo vetorial 14A. É importante ressaltar, que com 40% de água, e operando no modo escalar, o motor apresentou diminuição brusca na velocidade de rotação, e em alguns momentos e perda excessiva de torque que acarretou travamento do motor durante o processo. Já para o modo vetorial, o motor manteve o torque e a rotação até a finalização da receita, não tendo parada do equipamento durante o processo. No modo vetorial, pode-se perceber que tanto a média da corrente quanto os seus picos possuem valores menores que no modo escalar, o que pode proporcionar um menor desgaste do motor pelo ponto de vista térmico. Outro ponto observado é que o motor controlado vetorialmente não foi submetido a paradas e retomadas de rotação por deficiência de torque, processo esse que acelera o desgaste dos rolamentos, mancais e outras partes mecânicas do motor. Mesmo sendo mais eficiente que o controle escalar nos dois testes realizados, o controle vetorial, quando trabalhando com porcentagem de 40% de água, trabalhou por um período grande fora do valor de 1.3 vezes a corrente nominal, e nesse caso a vida útil do motor poderá ser diminuída ao longo do tempo. O consumo de energia foi medido para porcentagem de 40% de água, afim de verificar a eficiência energética nos dois tipos de controle. O controle escalar teve um consumo menor de 0,005 kWh por processo comparado ao controle vetorial, diferença irrelevante diante do melhor desempenho mostrado pelo controle vetorial. Por fim, conclui-se através dos dados apresentados neste artigo, que o controle vetorial se mostra mais eficiente que o controle escalar em acionamentos onde carga apresenta grande variação e/ou necessidade de maior controle de torque e rotação do motor. E isso pode ser conseguido realizando somente a alteração de parâmetros e realização da auto– sintonia através da função própria do inversor. Diante de análise feita neste artigo, a empresa fabricante do equipamento implementou o controle vetorial para toda a linha de amassadeiras. Essa ação melhorou o desempenho dos equipamentos, principalmente no caso dos clientes que trabalham com uma porcentagem de água na receita abaixo de 55%. REFERÊNCIAS [1] FRANCHI, C. M., Inversores de Frequência: Teoria e Aplicações, 2ª Edição, São Paulo, Érica, 2009, 192p. [2] WEG – Guia de Aplicação de Inversores de Frequência [Online]. Disponível: http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-aplicacao-de-motores- de-media-tensao-dedicados-acionados-por-inversor-de-frequencia-artigo- tecnico-portugues-br.pdf, acesso: 03/10/2014. [3] WEG - Guia técnico motores de indução alimentados por inversores de frequência pwm [Online]. Disponível: http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-motores-de-inducao-alimentados- por-inversores-de-frequencia-pwm-027-artigo-tecnico-portugues-br.pdf, acesso: 03/10/2014. [4] FRANCHI, C. M, Acionamentos elétricos. 2. ed. São Paulo: Érica, 2007. 250 p. [5] Prática Produtos S/A – disponível em: http://www.praticafornos.com.br/, acessado em 21/10/2014. [6] Minipa – disponível em: http://www.minipa.com.br/produtos, acessado em 03/10/2014.
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