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2 Efeitos da posse (material e processual)

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EFEITOS DA POSSE
EFEITOS MATERIAIS DA POSSE
- A percepção dos frutos e suas consequências
Os frutos, quanto à origem, podem ser assim classificados:
– Frutos naturais – são aqueles decorrentes da essência da coisa principal como, por exemplo, as frutas produzidas por uma árvore.
– Frutos industriais – são os que se originam de uma atividade humana, caso de um material produzido por uma fábrica.
– Frutos civis – são os que têm origem em uma relação jurídica ou econômica, de natureza privada, como, por exemplo, valores decorrentes do aluguel de um imóvel, juros de capital, dividendos de ações.
Relativamente ao estado em que eventualmente se encontrarem, os frutos podem ser classificados da seguinte forma, o que remonta a Clóvis Beviláqua:
– Frutos pendentes – são aqueles que estão ligados à coisa principal, e que não foram colhidos. Exemplo: maçãs que ainda estão presas à macieira.
– Frutos percebidos – são os já colhidos do principal e separados. Exemplo: maçãs que foram colhidas pelo produtor.
– Frutos estantes – são os frutos que foram colhidos e encontram-se armazenados. Exemplo: maçãs colhidas e colocadas em caixas em um armazém.
– Frutos percipiendos – são os que deveriam ter sido colhidos, mas não foram. Exemplo: maçãs maduras que deveriam ter sido colhidas e que estão apodrecendo.
– Frutos consumidos – são os que foram colhidos e não existem mais. São as maçãs que foram colhidas pelo produtor e vendidas a terceiros.
Estabelece o art. 1.214 do CC/2002 que o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Complementando, determina o parágrafo único do art. 1.214 do CC/2002 que os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio. 
Devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Enuncia o art. 1.215 do CC/2002 que os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados. 
Por outro turno, os frutos civis reputam-se percebidos dia por dia. 
No que concerne ao possuidor de má-fé, nos termos do art. 1.216 do CC/2002, responde ele por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé. 
Todavia, esse possuidor tem direito às despesas da produção e de custeio. 
A título de exemplo, se um invasor de um imóvel colhe as mangas da mangueira do terreno, deverá indenizá-las, mas será ressarcido pelas despesas realizadas com a colheita. 
Por outra via, se deixaram de ser colhidas e, em razão disso, vieram a apodrecer, o possuidor também será responsabilizado. 
- A indenização e a retenção das benfeitorias
É fundamental aqui relembrar a antiga classificação das benfeitorias, que remonta ao Direito Romano, e que consta do art. 96 do CC/2002:
a) Benfeitorias necessárias – sendo essenciais ao bem principal, são as que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore.
b) Benfeitorias úteis – são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a mais útil.
c) Benfeitorias voluptuárias – são as de mero deleite, luxo, que não facilitam a utilidade da coisa, mas apenas tornam mais agradável o seu uso. 
Enuncia o art. 1.219 do CC/2002 que o possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa. 
Assim, o possuidor de boa-fé tem direito à indenização por benfeitorias necessárias e úteis. 
Tal regra é inspiradas no princípio que veda o enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886 CC/202).
Nos termos do art. 1.219 do Código Privado, o possuidor de boa-fé tem direito ao seu levantamento, se não forem pagas, desde que isso não gere prejuízo à coisa. 
Pertinente a transcrição do seguinte precedente a respeito das benfeitorias realizadas por possuidor de boa-fé:
“Processual civil e civil. Reintegração de posse. Comodato verbal. Notificação para desocupação. Descumprimento. Esbulho. Configuração. Procedência do pedido. Benfeitorias. Indenização devida. Direito de retenção. Sentença mantida. Recurso conhecido e não provido. 
É possível a resilição do contrato de comodato, por tempo indeterminado, em caso de desinteresse do comodante na sua continuidade, sendo que o descumprimento do prazo indicado na notificação de desocupação do imóvel consubstancia esbulho possessório, autorizando o manejo da ação de reintegração de posse. 
É devida a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias que edificar o comodatário de boa-fé, podendo sobre elas exercer o direito de retenção. Recurso conhecido e provido” (TJMG, Apelação Cível 1.0137.06.000354-8/0031, Carlos Chagas, 17.ª Câmara Cível, Rel.ª Des.ª Márcia de Paoli Balbino).
 “Comodato. Benfeitorias necessárias. Indenização e direito de retenção assegurados diante da boa-fé da comodatária. Aluguéis devidos desde o esbulho aos comodantes. Recurso parcialmente provido” (TJSP, Apelação 7083646-9, Acórdão 3405745, São Paulo, 15.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Hamid Charaf Bdine Junior)
No tocante à locação de imóvel urbano, como outrora assinalado, há regras específicas relativas às benfeitorias previstas nos arts. 35 e 36 da Lei 8.245/1991.
Prescreve o art. 35 da Lei de Locação que, salvo expressa disposição em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, estas desde que autorizadas, são indenizáveis e permitem o direito de retenção. Já as benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que a sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel (art. 36 da Lei 8.245/1991).
Súmula 335 do Superior Tribunal de Justiça reconhece a possibilidade de renúncia a tais benfeitorias na locação: 
“Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção”.
No que toca ao possuidor de má-fé, é clara a regra do art. 1.220 do CC/2002, nos seguintes termos: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias”. 
O que se percebe é que o possuidor de má-fé não tem qualquer direito de retenção ou de levantamento. 
Com relação à indenização, assiste-lhe somente direito quanto às necessárias.
- As responsabilidades
O Código Civil registrar as responsabilidades do possuidor, considerando-o como de boa ou de má-fé.
Preceitua o art. 1.217 do CC/2002 que o possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Assim sendo, a responsabilidade do possuidor de boa-fé, quanto à coisa, depende da comprovação da culpa em sentido amplo (responsabilidade subjetiva), o que engloba o dolo (intenção de prejudicar, ação ou omissão voluntária) e a culpa em sentido estrito (desrespeito a um dever preexistente, por imprudência, negligência ou imperícia).
Por outro lado, segundo o art. 1.218, o possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. 
A responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva, independentemente de culpa, a não ser que prove que a coisa se perderia mesmo se estivesse com o reivindicante. 
- O direito à usucapião
O Código Civil, em relação à propriedade imóvel, consagra as seguintes modalidades de usucapião de bem imóvel: a) usucapião ordinária (art. 1.242 do CC); b) usucapião extraordinária (art. 1.238 do CC); c) usucapião especial rural (art. 1.239 do CC, já prevista anteriormente na Constituição Federal); e d) usucapião especial urbana (art. 1.240 do CC, também constante do Texto Maior). 
Além dessas formas de usucapião, serão analisadas a usucapião indígena (Lei 6.001/1973 – Estatuto do Índio) e a usucapião coletiva (Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade). 
Quanto à propriedademóvel, o Código de 2002 continua tratando das formas ordinária e extraordinária, nos arts. 1.260 e 1.261. 
Há ainda tratamento específico da usucapião de servidões, no polêmico art. 1.376 do Código Civil. 
EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE
Não obstante a existência de efeitos materiais, a posse ainda gera efeitos instrumentais ou processuais. 
- A faculdade de invocar os interditos possessórios
Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas. 
O possuidor tem a faculdade de propor essas demandas objetivando manter-se na posse ou que esta lhe seja restituída. 
O que se percebe, na prática, são três situações concretas que possibilitam a propositura de três ações correspondentes, apesar da falta de rigidez processual em relação às medidas judiciais cabíveis:
– No caso de ameaça à posse (risco de atentado à posse) = caberá ação de interdito proibitório.
– No caso de turbação (atentados fracionados à posse) = caberá ação de manutenção de posse.
– No caso de esbulho (atentado consolidado à posse) = caberá ação de reintegração de posse.
- A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
Além das ações possessórias diretas é preciso ainda
analisar outras ações em que a posse é discutida, e que também traduzem efeitos processuais do instituto em estudo. 
Da ação de nunciação de obra nova ou embargo de obra nova
Essa ação visa a impedir a continuação de obras no terreno vizinho que lhe prejudiquem ou que estejam em desacordo com os regulamentos civis e administrativos. 
- Da ação de dano infecto
A ação de dano infecto é muito rara atualmente, tratando-se de uma medida preventiva, baseada no receio de que o vizinho, em demolição ou vício de construção, lhe cause prejuízos. 
Essa ação, em regra, é fundada no domínio, mas igualmente pode o possuidor obter do vizinho a caução por eventuais futuros danos. 
- Dos embargos de terceiro
Trata-se de remédio processual para a defesa da posse, ou mesmo da propriedade, por aquele que for turbado ou esbulhado por atos de apreensão judicial. 
- Da ação publiciana
A ação publiciana é uma ação petitória, fundada no domínio e visa proteger a posse daquele que adquiriu o bem por usucapião. 
- As faculdades da legítima defesa da posse e do desforço imediato
As faculdades de utilização da legítima defesa da posse e do desforço imediato sempre geraram polêmicas e estão previstas no art. 1.210, § 1.º, do CC/2002, cuja redação é a seguinte: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa ou de desforço não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”.

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