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DIREITO DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO 
IDOSO
UNIDADE DE APRENDIZAGEM - 01
Amanda Coutinho
Evolução histórica do Direito da Criança e 
do Adolescente
• Vivemos um momento sem igual no plano do direito infantojuvenil. O Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8.069/1990) é reconhecido internacionalmente como um dos mais avançados
Diplomas Legais dedicados à garantia dos direitos da população infantojuvenil. Crianças e adolescentes
ultrapassam a esfera de meros objetos de proteção e passam a condição de sujeitos de direito,
beneficiários e destinatários imediatos da doutrina da proteção integral.
• A Teoria da Proteção integral foi o modelo de tratamento da criança e do adolescente adotado pelo Brasil,
que tem como fonte normativa a CF, a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, e o ECA.
• Essa teoria leva em consideração o fato de que criança e adolescente são pessoas em desenvolvimento,
situação que gera um desequilíbrio, corrigido com a previsão de direitos especiais a essas pessoas.
• A doutrina da proteção integral traz como características principais: a) Crianças e adolescentes
são sujeitos de direitos; b) Crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento, ou seja,
encontram-se em situação desigual que precisa ser acertada. Por isso, além dos mesmos direitos dos
adultos, possuem também direitos que lhes são próprios (Dignidade da pessoa humana); e
c) Desjudicialização do Atendimento, pela qual, questões devem ser resolvidas não no âmbito do Poder
Judiciário; e d) Prioridade Absoluta.
a) Idade Antiga
• Nas antigas civilizações (grega e romana) os laços familiares eram estabelecidos pelo culto à religião e não
pelas relações afetivas ou consanguíneas. A família romana fundava-se no poder paterno, ficando a cargo
do chefe da família o cumprimento dos deveres religiosos. O pai era, portanto, a autoridade familiar e
religiosa.
• Como autoridade, o pai exercia poder absoluto sobre os seus. Filhos não eram sujeitos de direitos, mas
sim objeto de relações jurídicas, sobre os quais o pai exercia um direito de proprietário.
• Os gregos mantinham vivas apenas crianças saudáveis e fortes. Em Esparta, cidade grega famosa por
seus guerreiros, o pai transferia para um tribunal do Estado o poder sobre a vida e a criação dos filhos, com
objetivo de preparar novos guerreiros. As crianças eram, portanto, “patrimônio” do Estado. Era corrente,
entre os antigos, sacrificarem crianças doentes, deficientes, jogando-as de despenhadeiros; desfazia-se de
um “peso morto” para a sociedade.
• O tratamento entre os filhos não era isonômico. Os direitos sucessórios limitavam-se ao primogênito e
desde que fosse do sexo masculino. Segundo o Código de Manu, o primogênito era o filho gerado para o
cumprimento do dever religioso, por isso privilegiado.
a) Idade Média
• A idade média foi marcada pelo crescimento da religião cristã com seu grande poder de influência sobre os
sistemas jurídicos da época.
• Os filhos nascidos fora do manto sagrado do matrimônio eram discriminados, pois indiretamente atentavam
contra a instituição sagrada, àquela época única forma de se constituir família, base de toda
sociedade.Segundo doutrina traçada no Concílio de Trento, a filiação adulterina deveria permanecer à margem
do Direito, já que era a prova viva da violação do modelo moral determinado à época.
� O Direito Brasileiro
• No Brasil-Colônia as Ordenações do Reino tiveram larga aplicação. Mantinha-se o respeito ao pai como
autoridade máxima no seio familiar.
• Contudo, em relação aos índios, dada a dificuldade que os jesuítas encontraram para catequisar os índios
adultos e percebendo que era muito mais simples educarem as crianças, utilizaram-nas como forma de atingir
os pais. Em outras palavras, os filhos passaram a educar e adequar os pais à nova ordem moral.
• Filme | O Abraço da serpente: https://www.youtube.com/watch?v=2cHnJr5wzmA
• Já em 1551 foi fundada a primeira casa de recolhimento de crianças do Brasil, gerida pelos jesuítas que
buscavam isolar crianças índias e negras da má influência dos pais, com seus costumes “bárbaros”.
Política de isolamento.
• Durante a fase imperial tem início a preocupação com os infratores, menores ou maiores, e a política
repressiva era fundada no temor ante a crueldade das penas.
• Vigentes as Ordenações Filipinas, a imputabilidade penal era alcançada aos sete anos de idade. Dos sete
aos dezessete anos, o tratamento era similar ao do adulto com certa atenuação na aplicação da pena. Dos
dezessete aos vinte e um anos de idade, eram considerados jovens adultos e, portanto, já poderiam sofrer a
pena de morte natural (por enforcamento).
• No século XVIII aumenta a preocupação do Estado com órfãos e expostos, pois era prática comum o
abandono de crianças (crianças ilegítimas e filhos de escravos, principalmente) nas portas das igrejas,
conventos, residências ou mesmo pelas ruas. Como solução, importa-se da Europa a Roda dos Expostos,
mantidas pelas Santas Casas de Misericórdia - colocação em famílias substitutas.
• O início do período republicano é marcado por um aumento da população do Rio de Janeiro e de São Paulo
- males sociais (doenças, falta de moradia, analfabetismo) e momento de construção da imagem da nova
república. Assim, foram fundadas entidades assistenciais que passaram a adotar práticas de caridade ou
medidas higienistas.
• O pensamento social oscilava entre assegurar direitos ou “se defender” dos “menores”. Casas de
recolhimento são inauguradas em 1906, destinadas a educar “menores” em abandono, escolas de reforma e
colônias correcionais, cujo objetivo era regenerar “menores” em conflito com a lei.
• A influência externa e as discussões internas levaram à construção de uma Doutrina do Direito do Menor,
fundada no binômio carência/delinquência. Era a fase da criminalização da infância pobre.
• A tutela da infância, nesse momento histórico, caracterizava-se pelo regime de internações com quebra dos
vínculos familiares, substituídos por vínculos institucionais. O objetivo era recuperar o menor, adequando-o
ao comportamento ditado pelo Estado, mesmo que o afastasse por completo da família. A preocupação
era correcional e não afetiva.
• Em 1943 foi instalada uma Comissão Revisora do Código Mello Mattos. Diagnosticado que o problema das
crianças era principalmente social, a comissão trabalhou no propósito de elaborar um código misto, com
aspectos social e jurídico. Influência dos movimentos pós-Segunda Grande Guerra em prol dos Direitos
Humanos que levaram a ONU, em 1948, a elaborar a Declaração Universal dos Direitos do Homem e,
em 20 de novembro de 1959, a publicar a Declaração dos Direitos da Criança, cuja evolução originou a
doutrina da Proteção Integral.
• Contudo, após o golpe militar a comissão foi desfeita e os trabalhos interrompidos. Retrocessos... No
auge do regime militar, reduziu-se a responsabilidade penal para dezesseis anos de idade. Durante todo
este período a cultura da internação, para carentes ou delinquentes foi a tônica. A segregação era vista,
na maioria dos casos, como única solução.
� O Período Pós-Constituição de 1988
• A Carta Constitucional de 1988 trouxe e coroou significativas mudanças em nosso ordenamento jurídico,
estabelecendo novos paradigmas / Dignidade da pessoa. Art. 227, CF. A nova ordem rompeu, assim,
com o já consolidado modelo da situação irregular e adotou a doutrina da proteção integral. Crianças e
jovens são sujeitos de direito, titulares de direitos fundamentais, segundo o sistema garantista da doutrina
da proteção integral.
• Objetivando regulamentar e implementar o novo sistema, foi promulgada a Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990. O Estatuto da Criança e do Adolescente resultou da articulação de três vertentes: o movimento
social, os agentes do campo jurídico e as políticas públicas.Trata-se de um verdadeiro microssistema que
cuidade todo o arcabouço necessário para se efetivar o ditame constitucional de ampla tutela do público
infantojuvenil. É norma especial com extenso campo de abrangência, enumerando regras processuais,
instituindo tipos penais, estabelecendo normas de direito administrativo, princípios de interpretação, política
legislativa, em suma, todo o instrumental necessário e indispensável para efetivar a norma constitucional.
• Constrói-se um novo paradigma para o direito infantojuvenil. Formalmente, sai de cena a Doutrina da Situação
Irregular, de caráter filantrópico e assistencial, com gestão centralizadora do Poder Judiciário, a quem cabia a
execução de qualquer medida referente aos menores que integravam o binômio abandono-delinquência.
• Em seu lugar, implanta-se a Doutrina da Proteção Integral, com caráter de política pública. Crianças e
adolescente deixam de ser objeto de proteção assistencial e passam a titulares de direitos subjetivos.
• Trata-se de um novo modelo, democrático e participativo, no qual família, sociedade e estado são co-gestores
do sistema de garantias que não se restringe à infância e juventude pobres, protagonistas da doutrina da
situação irregular, mas sim a todas as crianças e adolescentes.
• Novos atores entram em cena. A comunidade local, através dos Conselhos Municipal e Tutelar. A família,
cumprindo os deveres inerentes ao poder familiar. O Judiciário, exercendo a função judicante. O Ministério
Público como um grande agente garantidor de toda a rede, fiscalizando seu funcionamento. Implantar o sistema
de garantias é o grande desafio.
• Trata-se de uma tarefa árdua, pois exige, conhecer, entender e aplicar uma nova sistemática, completamente
diferente da anterior, entranhada em nossa sociedade.
� Doutrina da Situação Irregular
• A doutrina da proteção integral encontra-se insculpida no art. 227 da CF. Assegura às crianças e adolescentes, com
absoluta prioridade, direitos fundamentais, determinando à família, à sociedade e ao Estado o dever legal e
concorrente de assegurá-los. Cogestão e corresponsabilidade. Descentralização político-administrativa.
• Art. 227, CF: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
• Art 1º do ECA: “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação
de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.
• Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.
• Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente
como pessoas em desenvolvimento.
�Documentos Internacionais
• O primeiro documento internacional que expôs a preocupação em se reconhecer direitos a crianças e
adolescentes foi a Declaração dos Direitos da Criança de Genebra, em 1924, promovida pela Liga das
Nações.
• Contudo, foi a Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU em 1959, o grande
marco no reconhecimento de crianças como sujeitos de direitos, carecedoras de proteção e cuidados
especiais.
• O documento estabeleceu, dentre outros princípios: proteção especial para o desenvolvimento físico,
mental, moral e espiritual; educação gratuita e compulsória; prioridade em proteção e socorro; proteção
contra negligência, crueldade e exploração; proteção contra atos de discriminação.
Princípios Orientadores do Direito da 
Criança e do Adolescente
Três são os princípios gerais e orientadores de todo o ECA:
a) Princípio da prioridade absoluta;
b) Princípio do melhor interesse;
c) Princípio da municipalização.
� PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA
• Trata-se de princípio constitucional estabelecido pelo art. 227, com previsão no art. 4º da Lei nº 8.069/90.
Estabelece primazia em favor das crianças e dos adolescentes em todas as esferas de interesses, seja no
campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar.
• A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c)
preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada
de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (Art. 4º, ECA).
• Ex. Art. 212, CF: “A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”.
� PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE
• Aplica-se a todo público infantojuvenil, inclusive e principalmente nos litígios de natureza familiar. Trata-se de
princípio orientador tanto para o legislador como para o aplicador, determinando a primazia das necessidades
da criança e do adolescente como critério de interpretação da lei, deslinde de conflitos, ou mesmo para
elaboração de futuras regras.
• O destinatário final da doutrina protetiva é a criança e o adolescente e não “o pai, a mãe, os avós, tios etc.”. Ex.
laços de afetividade no caso do filho de Cássia Eller com a companheira Maria Eugênia:
https://www.youtube.com/watch?v=g-z88n8Y9WU
� PRINCÍPIOS DA MUNICIPALIZAÇÃO
• A Constituição da República descentralizou e ampliou a política assistencial. Disciplinou a atribuição concorrente
dos entes da federação, resguardando para a União competência para dispor sobre as normas gerais e
coordenação de programas assistenciais. O legislador constituinte reservou a execução dos programas de
política assistencial à esfera estadual e municipal.
• A cogestão da política assistencial acaba por envolver todos os agentes. Acrescente-se que é mais
simples fiscalizar a implementação e cumprimento das metas determinadas nos programas se o poder
público estiver próximo, até porque reúne melhores condições de cuidar das adaptações necessárias à
realidade local.
Direitos Fundamentais
• São direitos inatos ao ser humano, mas variáveis ao longo da história. Estão atualmente previstos na
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e presentes nos Estados Democráticos de
Direito.
• Bobbio: Três fases no desenvolvimento dos direitos do homem: num primeiro momento, afirmaram-se os
direitos de liberdade, isto é, todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar
para o indivíduo, ou para grupos particulares, uma esfera de liberdade em relação ao Estado.
• Num segundo momento, foram propugnados direitos políticos, os quais – concebendo a liberdade nãoapenas negativamente, como não-impedimento, mas positivamente, como autonomia – tiveram como
consequência a participação cada vez mais ampla, generalizada e frequente dos membros de uma
comunidade no poder político (ou liberdade no Estado).
• Finalmente, foram proclamados os direitos sociais, que expressam o amadurecimento de novas
exigências, como o bem-estar e a igualdade não apenas formal, e que poderíamos chamar de liberdade
através ou por meio do Estado.
• O Brasil tem na proteção dos direitos humanos um dos fundamentos do Estado Democrático de
Direito. Ao longo do texto constitucional, principalmente em seu art. 5º, previu e garantiu direitos
fundamentais.
• No que tange a crianças e adolescentes, o legislador constituinte particularizou dentre os direitos
fundamentais, aqueles que se mostram indispensáveis à formação do indivíduo ainda em desenvolvimento,
elencando-os no caput do artigo 227. São eles: direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar.
� Direito à Vida
• Trata-se de direito fundamental homogêneo considerado como o mais elementar e absoluto dos direitos,
pois indispensável para o exercício de todos os demais. Não se confunde com sobrevivência, pois no atual
estágio evolutivo, implica no reconhecimento do direito de viver com dignidade, direito de viver bem...
• Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.
• A maternidade tem sido, há muito, romantizada como um “estado de graça” na vida da mulher. Para muitas,
realmente o é. Para outras, não. Enquanto algumas gestações ocorrem de forma muito tranquila, na qual a
saúde física e psíquica da mulher não sofre sobressaltos, outras transcorrem com inúmeras dúvidas,
incertezas, sentimentos dúbios, que levam a gravidez a ser uma angústia.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/09/28/A-mobiliza%C3%A7%C3%A3o-das-mulheres-pela-
descriminaliza%C3%A7%C3%A3o-do-aborto-na-Am%C3%A9rica-Latina
• Art. 13, §1: As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
• Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e
de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao
parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único
de Saúde.
• Ação de alimentos gravídicos. Pensão alimentícia.
• O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. Os profissionais de saúde de
referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que
será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
• Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e
a grupos de apoio à amamentação.
• Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-
natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.
• A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas
de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.
• A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
• No pós-parto, o recém-nato e a mãe têm direito ao aleitamento materno, medida econômica e profilática,
que imuniza o bebê quanto a um considerável número de doenças, assegurando o início de uma vida
saudável. Não havendo condições clínicas de aleitamento, caberá ao Poder Público garantir ao recém-nato
leite materno através dos bancos de leite.
• Mesmo mães submetidas à medida privativa de liberdade têm assegurado na lei (art. 9º do ECA) o direito
de amamentar seu filho. A dívida social a ser paga não pode afastar a proteção integral à criança.
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e
particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do
desenvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada,
enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.
� Direito à Saúde
• Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e
social, não apenas ausência de doenças. Estritamente vinculado ao direito à vida.
• Cabem aos pais, como dever inerente ao poder familiar, cuidar do bem estar físico e mental dos filhos, levando-
os regularmente ao médico, principalmente na primeira infância, fase em que a saúde é mais frágil e inspira
maiores cuidados, manter a vacinação em dia etc.
• Mas a garantia da saúde não envolve apenas cuidados médicos. A saúde pela alimentação é uma
realidade. Promover uma nutrição adequada significa prevenir doenças decorrentes de desnutrição,
carência de algum nutriente ou obesidade infantil...
• A atenção a eles dispensada talvez seja a principal garantia de uma vida saudável. No aspecto psíquico por
certo é, já que os filhos acolhidos, amados e ouvidos, terão menor probabilidade de sofrerem abalos
psicológicos.
• Se a família não reúne condições de alimentar adequadamente a prole – muitas vezes numerosa – cabe ao
poder público elaborar políticas sociais executáveis através de programas garantidores de renda mínima
(Programas como Fome Zero e Bolsa Família).
• O artigo 11 do ECA assegura atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio
do SUS, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e
recuperação da saúde.
• A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. Assim, caberá ao Poder Público
oferecer, diretamente ou por parcerias, especialidades médicas que assegurem saúde integral para
deficientes, como fisioterapia, psiquiatria, neurologia, ortopedia, fonoaudiologia.
• Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,
próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
• Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão
formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem
como para o acompanhamento que se fizer necessário.
• Políticas preventivas. Campanhas nacionais e regionais de vacinação, sempre atualizadas com as novas
vacinas postas no mercado, programas educativos sobre saúde bucal e gravidez precoce são exemplos de
medidas preventivas que,se realizadas com seriedade e atenção às peculiaridades de cada região,
apresentam bons resultados.
• A saúde mental nunca foi objeto de grande preocupação de nossas autoridades ou mesmo da nossa
sociedade. Enfermidades psicológicas. Crianças e jovens vítimas de abusos, sexuais, físicos e
psicológicos... Não podemos conceber dignidade da pessoa humana sem pensarmos na proteção do ser
humano de forma integral: integridade física, psíquica e intelectual.
• Os doentes crônicos necessitam de regularidade nos tratamentos a que são submetidos, bem como de
medicação indicada, sem interrupções.
• O art. 12 do ECA dispõe sobre o direito de crianças e adolescentes não ficarem sós, garantindo-lhes durante
a internação hospitalar – período de grande fragilidade emocional, com medos, dúvidas, angústias – que
estejam acompanhados por um dos pais ou responsável > “Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar
condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de
criança ou adolescente”. (Planos de saúde).
• Quanto à crianças e adolescentes em desamparo, que não contam com o apoio de qualquer responsável,
nem ao menos um guardião de fato, é indispensável que os profissionais de saúde busquem humanizar a
internação mantendo não apenas o acompanhamento clínico, mas também o psicológico e afetivo. Para
tanto, poderão ser estabelecidas parcerias com ONGs e entidades da sociedade civil. Como exemplo temos a
Pastoral da Saúde, mantida pela Igreja Católica e a ONG Doutores Alegria.
• O SUS promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades
que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores
e alunos. O SUS promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal,
integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. A atenção
odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê
nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
vida, com orientações sobre saúde bucal.
� Direito à Liberdade
• Segundo De Plácido Silva, liberdade é faculdade ou poder outorgado à pessoa para que possa agir segundo
a sua própria determinação, respeitadas, no entanto, as regras legais instituídas.
• É normalmente traduzido como o direito de ir e vir. Mas não é só. A liberdade preconizada no art. 16 do
ECA é mais ampla.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e
nas leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
• Crianças e adolescentes não têm o direito de abandonar a escola e permanecer em casa, ou frequentar
lugares impróprios à sua condição de pessoa em desenvolvimento, ou assistir programas impróprios, pois a
liberdade não pode ser exercida em seu desfavor.
• Crianças e adolescentes têm assegurada a liberdade de pensar e formar sua opinião sobre os mais
variados assuntos que os circundam. Mas para que não se esteja falando de uma pseudoliberdade,
precisam ter acesso à educação.
• Participação livre não se restringe à órbita familiar. É ampla e compreende a participação na vida
comunitária e política, na forma da lei. Reflexo desta última é o direito de voto assegurado aos
adolescentes a partir dos 16 anos. Participar, opinar, discutir sobre a vida comunitária e sobre a direção do
país é mais uma etapa no desenvolvimento e crescimento pessoal dos adolescentes.
• Crença e culto religioso livres também estão compreendidos no direito à liberdade. Não podem os pais
interferir nesse processo de escolha, mesmo que contrário às suas próprias convicções religiosas.
• A liberdade de brincar, praticar esportes e se divertir com respeito à sua peculiar condição de pessoa
em desenvolvimento é liberdade de ser criança e adolescente. Os esportes são importantes para o
desenvolvimento motor, físico e integração social de crianças e jovens. Atividades lúdicas como brincar e se
divertir integram e permitem experiências que se refletem no amadurecimento paulatino da criança e do
adolescente. https://www.youtube.com/watch?v=u2fGhHGVzDE > Território do brincar. Filme: Tarja Branca.
• Liberdade de gênero: estereótipos de gênero (azul x rosa, brincadeiras de meninos e de meninas, atividades de
meninos e de meninas etc.). Obs. Identidade de gênero é diferente de orientação sexual, que é diferente de
sexo biológico.
-Filme Tomboy: https://www.youtube.com/watch?v=pKRoqzSccMs
-Reportagem Fantástico: https://www.youtube.com/watch?v=qi8Zkr1vHOY
-Filme Meninos não choram: https://www.youtube.com/watch?v=Q39lxQHtr8A
� Direito ao Respeito e à Dignidade
• Respeito é o tratamento atencioso à própria consideração que se deve manter nas relações com as
pessoas.
• A vulnerabilidade infantojuvenil – física e psicológica – tem ensejado um abuso da condição de pessoa em
desenvolvimento.
• A coisificação dos menores, como se fossem “projetos de gente” carecedores de respeito e consideração,
desencadeia atos de violência física e moral.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças,
dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
• Uma das manifestações mais evidentes de ofensa ao direito ao respeito consiste na prática da violência
doméstica, que se manifesta sob modalidades de agressão física, sexual (pelos menos 50 por dia no
Brasil), psicológica ou em razão da negligência, que está presente em todas as classes sociais, sem distinção,
e ocorre de forma intensa como resultado do abuso do poder disciplinados dos adultos, sejam eles pais,
padrastos, responsáveis, que transformam a criança e o adolescente em meros objetos, com consequente
violação de seus direitos fundamentais.
• https://revistanos.org/2017/07/10/o-silencio-dos-inocentes/ A psicóloga e professora da Universidade Federal
de Uberlândia, Anamaria Silva Neves, que é especialista em violência e relações institucionais, afirma que
cerca de 80% dos abusos acontecem no ambiente familiar, sendo realizados principalmente pela figura
paterna. Para ela, é necessário desmistificar a ideia de um lar heteronormativo perfeito. O caráter patriarcal da
cultura do estupro tem raízes nas relações de machismo que desencadeiam o abuso sexual de meninas. O
documentário “Canto de Cicatriz”, de 2005, produzido por Laís Chaffe, é uma das obras que tratam diretamente
dessa questão ao escancarar o perfil das vítimas dessa violência e mostrar que é equivocada a ideia de que
que a agressão acontece em locais distantes, por pessoas estranhas.
• Não existe “prostituição infantil”. Meninos e meninas com menos de 18 anos não fazem “programas
sexuais”. Do ponto de vista legal, em situações como essas o que se configura é a “exploração” ou o
“abuso sexual”. Portanto, crianças e adolescentes são “explorados” – quando existe fim comercial ou
qualquer outra vantagemassociada -, ou “abusados” – quando a violência é cometida sem a relação de
lucro ou troca e pode acontecer de duas formas: intra e extrafamiliar. São violências invisíveis, se não
forem denunciadas. https://ponte.org/criancas-e-adolescentes-despedacados-pela-violencia-sexual/
DISQUE 100
Filme Anjos do Sol - https://www.youtube.com/watch?v=eHJ1gcTAjvw
Filme Festa de Família - https://www.youtube.com/watch?v=eHJ1gcTAjvw
Filme Marcas do silêncio - https://www.youtube.com/watch?v=bLlpl3u2U3w
Filme Cria Cuervos - https://www.youtube.com/watch?v=HpGv5NL3x8A
* Comportamento cada vez mais adulto e sexualizado / erotizado daqueles que ainda não estão
amadurecidos.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
outro pretexto...
Pra os fins do ECA, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança
ou o adolescente que resulte em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao
adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c)ridicularize.
(Incluído pela Lei da Palmada – Lei nº 13.010/2014)
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los,
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
V - advertência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de
outras providências legais.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
� Direito Fundamental à Convivência
Familiar e Comunitária
• Nos primórdios da civilização romana e grega, a família era uma instituição que tinha base política e,
principalmente, religiosa. O afeto natural entre o grupo familiar não era o seu esteio. Desigualdade de
gênero, desigualdade de tratamento, uma única família etc...
• CF de 1988, todos os familiares foram reconhecidos e tratados como sujeitos de direitos, respeitando-se suas
individualidades e seus direitos fundamentais. A partir de então, a conceituação de família foi ampliada,
reconhecendo-se a possibilidade de sua origem na informalidade, na uniparentalidade e, principalmente, no
afeto. Tornou-se irreversível a pluralidade das entidades familiares (art. 226, §§ 1º, 3º e 4º, da CF/88).
• É indispensável, também, mencionar a garantia de toda pessoa humana ter o direito de fundar uma família. A
Declaração Universal dos Direitos do Homem assegura firmemente que este é um direito elementar: “A
família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do
Estado” (art. 16). Família não é somente uma instituição decorrente do matrimônio nem tampouco se limita a
uma função meramente econômica, política ou religiosa. Família é o ambiente de desenvolvimento da
personalidade e da promoção da dignidade de seus membros, sejam adultos ou infantes, o qual pode
apresentar uma pluralidade de formas decorrentes das variadas origens e que possui como elemento nuclear
o afeto.
• A partir do momento em que a CF/88 deslocou o enfoque principal da família do instituto do casamento e passou
a olhar com mais atenção para as relações entre pessoas unidas por laços de afeto, todos os institutos
relacionados aos direitos dos membros de uma entidade familiar tiveram que se amoldar aos novos tempos.
• Diante do modelo familiar remodelado, o Direito da Criança e do Adolescente e de sua família precisou ajustar-se
aos princípios constitucionais de 1988. Os mais destacados destes princípios norteadores das alterações da
família são aqueles que tiveram por base estabelecer a isonomia entre os diversos membros, tratados, até
então, discriminadamente, destacando-se o princípio da isonomia entre os filhos, da igualdade de direitos entre
os gêneros, e entre os cônjuges e companheiros.
• Ainda no âmbito constitucional, embasam a nova ordem familiar o princípio da dignidade humana, o princípio da
prioridade absoluta dos direitos da criança e o princípio da paternidade responsável.
• O ECA, em alteração de sua redação (Lei nº 12.010/2009), passou a enumerar princípios valiosos relacionados
aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Dois desses destacam-se por estarem relacionados
diretamente à importância do papel da família na formação dos filhos menores. Estão eles encerrados nos
incisos IX e X do parágrafo único do art. 100: princípio da responsabilidade parental e princípio da
prevalência da família.
• Representam tais princípios que a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus
deveres com os filhos e na promoção de seus direitos e proteção deve ser dada prevalência às medidas que os
mantenham ou reintegrem na sua família natural ou, se isto não for possível, que promovam a sua integração em
família substituta.
• A família é uma das instituições mais importantes da sociedade e ela vem, ao longo do tempo, passando por
diversas transformações, alterando o seu significado de acordo com o ambiente e com o momento histórico
em que se encontra.
• Até hoje, não seriam poucas as pessoas que, se fossem questionadas sobre o assunto, responderiam que a
família é o resultado do casamento entre um homem e uma mulher e os filhos concebidos dessa união.
Família Matrimonial: aquela formada pelo casamento, tanto entre casais heterossexuais quanto homoafetivos.
Família Informal: formada por uma união estável, tanto entre casais heterossexuais quanto homoafetivos.
Família Monoparental: família formada por qualquer um dos pais e seus descendentes. Ex.: uma mãe solteira e
um filho.
Família Anaparental: Prefixo Ana = sem. Ou seja, família sem pais, formada apenas por irmãos.
Família Unipessoal: Quando nos deparamos com uma família de uma pessoa só. Para visualizar tal situação
devemos pensar em impenhorabilidade de bem de família. O bem de família pode pertencer a uma única
pessoa, uma senhora viúva, por exemplo.
Família Mosaico ou reconstituída: pais que têm filhos e se separam, e eventualmente começam a viver com
outra pessoa que também tem filhos de outros relacionamentos.
Família Simultânea/Paralela: se enquadra naqueles casos em que um indivíduo mantém duas relações ao
mesmo tempo. Ou seja, é casado e mantém uma outra união estável, ou, mantém duas uniões estáveis ao
mesmo tempo.
Família Eudemonista: família afetiva, formada por uma parentalidade socioafetiva.
# Polêmica: Filme “Mãe só há uma” – Anna Muylaert https://www.youtube.com/watch?v=7_JMwcHRv3c
Maria Berenice Dias: http://www.mariaberenice.com.br/uploads/3_-
_fam%EDlias_modernas__inter_sec%E7%F5es_do_afeto_e_da_lei.pdf
As famílias modernas ou contemporâneas constituem-se em um núcleo evoluído a partir do desgastado modelo
clássico, matrimonializado, patriarcal, hierarquizado, patrimonializado e heterossexual, centralizador de prole
numerosa que conferia status ao casal.
Maria Rita Kehl: famíliatentacular: http://www.fronteiras.com/artigos/a-familia-tradicional-e-realmente-o-que-
queremos
De qualquer forma, as entidades familiares devem reproduzir a formação democrática da convivência social e
fundar-se em valores como solidariedade, afeto, respeito, compreensão, carinho e aceitação das
necessidades existenciais de seus integrantes.
• Possuindo uma função instrumental para a melhor realização dos interesses afetivos e existenciais de seus
componentes, a família é, portanto, a formação social, garantida pela Constituição, não como portadora de
um interesse superior e superindividual, mas, sim, em função da realização das exigências humanas, como
lugar onde se desenvolve a pessoa.
• A CF, no art. 227, assegura expressamente, como Direito Fundamental disperso, a convivência familiar para
toda criança e adolescente. Esta garantia constitucional foi integralmente inserida na Lei nº 8.069/90, nos
arts. 4º e 16, V, e, de modo destacado, em todo o Capítulo III do Título II.
• Podemos conceituar a convivência familiar como o direito fundamental de toda pessoa humana de viver junto
à família, em ambiente de afeto e de cuidados mútuos, configurando-se como um direito vital quando se
tratar de pessoa em formação.
• Ao lado da Convivência Familiar, ora em destaque, merece trazer à baila o Direito Fundamental à
Convivência Comunitária, previsto nos mesmos dispositivos legais referidos. A criança e o adolescente, com
o passar dos anos, ampliam os seus relacionamentos e passam a viver experiências próprias fora do âmbito
familiar que lhe auxiliarão no incremento da personalidade e do caráter. Neste ponto, a convivência escolar,
religiosa e recreativa deve ser incentivada e facilitada pelos pais. Estes espaços complementares do
ambiente doméstico constituem pontos de identificação importantes, inclusive para a proteção e o amparo do
infante, mormente quando perdido o referencial familiar.
Art. 19: É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente,
em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu
desenvolvimento integral.
• Um dos princípio que rege a aplicação das medidas específicas de proteção, o princípio da prevalência da
família, significa que na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isto não
for possível, que promovam a sua integração em família substituta.
�Poder Familiar
• Substitui o “pátrio poder” para abraçar a ideia da função conjunta dos pais. Alguns doutrinadores criticam a
manutenção da palavra “poder”. Nesse sentido, “responsabilidade parental” seria mais facilmente
compreendida. O instituto do pátrio poder adquiriu feições modernas e consolidou a extinção definitiva do
modelo de família patriarcal do direito romano, ou da chefia da sociedade conjugal pelo marido.
• O poder familiar impõe divisão igualitária de tarefas entre os pais (art. 21 do ECA) – O poder familiar será
exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil,
assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária
competente para a solução da divergência.
• Os filhos estão sujeitos ao poder familiar até completarem 18 anos, sendo pelos pais representados ou
assistidos, na forma prevista no art. 1.634, V, do CC. Depois de atingidos os 18 anos de idade, os filhos,
apesar de representarem a descendência de seus pais por toda a vida, devido ao vínculo de parentesco, não
estão mais sujeitos à sua autoridade e representatividade. Os filhos que completarem a idade de 18 anos,
mas não tiverem discernimento mental para exercerem a autonomia e a independência (art. 1.767 do CC),
serão representados pelos pais através do instituto da curatela, embora extinto o poder familiar (art. 1.768
do CC).
• O poder familiar, pois, pode ser definido como um complexo de direitos e deveres com relação ao filho menor,
não emancipado, e que deve ser exercido no melhor interesse deste último. Sendo um direito-função, os
genitores biológicos ou adotivos não podem abrir mão dele e não o podem transferir a título gratuito ou
oneroso.
• Ambos os pais (consanguíneos ou adotivos) têm o dever moral e a obrigação jurídica de sustentar, educar
e ter o filho em sua companhia (art. 22 do ECA). Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação
dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.
• A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no
cuidado e na educação da criança
• Compete, ainda, aos genitores exigir que o filho preste obediência e respeito próprios de sua idade e
condição.
• Dever de registrar o filho (direito ao nome) e o direito ao estado de filiação. Com o registro civil, a criança
liga-se a uma determinada família, acrescendo ao prenome o sobrenome dos pais, surgindo daí todos os
direitos decorrentes do parentesco. “Adoção à brasileira”.
• Na hipótese da criança ou do adolescente não ser registrado, por omissão, abuso ou falta dos pais (art. 98, II,
do ECA), a Justiça da Infância e da Juventude determinará a regularização do seu registro civil.
Sustento material e imaterial – Direito ao afeto
- INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS – RELAÇÃO PATERNO-FILIAL – PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA – PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE. A dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o
privou do direito à convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser inde nizável, com fulcro no
princípio da dignidade da pessoa humana.
�Dever de Guarda
• Dever de guarda e o Direito Fundamental do filho de ser cuidado: A guarda como atributo do poder familiar
constitui um direito e um dever. Não é só o direito de manter o filho junto de si, disciplinando-lhe as relações,
mas também representa o dever de resguardar a vida do filho e exercer vigilância sobre ele. Engloba também
o dever de assistência e representação.
• Saliente-se, por oportuno, que os pais são responsáveis também pelos danos causados pelo filho que
estiver sob sua autoridade e em sua companhia.
• Os pais omissos em seu dever de guarda poderão ser acionados judicialmente pela falta no exercício deste
encargo do poder familiar (arts. 129 e 249 do ECA e art. 247 do Código Penal).
• A separação dos pais não altera o poder familiar com relação à sua prole. Pela perspectiva psicológica, o
rompimento da relação afetiva dos pais não pode representar para o filho uma violação à sua integridade
biopsíquica.
• A guarda dos filhos não está vinculada à culpa de qualquer dos pais quanto à falência do relacionamento
amoroso.
• Não convivendo mais o casal sob o mesmo teto, para o êxito do exercício da guarda, ambos os pais devem
apresentar características essenciais de um bom guardião, valorizando a convivência familiar com o filho,
mesmo que distanciada e não tão frequente.
• Dentre as mais importante características do exercício adequado da guarda podemos mencionar três
indispensáveis: amor e laços afetivos com a criança; saber ouvir e acatar a sua preferência, sem induzi-la e
ter a habilidade de encorajar a continuidade de sua relação afetiva com o não-guardião.
• O bom guardião, também, deve conceder ao filho estabilidade emocional, financeira e afetiva, isto é,
garantir a permanência deste no meio em que vive, evitando alterações bruscas em sua rotina; separar tempo
quantitativo e qualitativo para poder dedicar-se exclusivamente a ele; ter disponibilidade para dar ao filho
orientação e atenção.
• Algumas modalidades de guarda podem apresentar-se: a guarda unilateral, a guarda compartilhada ou,
ainda, a guarda em favor de terceiro (familiar, ou não). O melhorpara criança...!
• Guarda compartilhada: Esta espécie de guarda constitui uma prerrogativa de ambos os genitores tomarem as
decisões em conjunto, embora a criança resida unicamente com um dos pais A guarda conjunta é diferente
da guarda alternada, que prejudica a rotina e a segurança psíquica da criança, pois nesta se compartilha
também a custódia. Aquela garante o direito à convivência familiar, porque o poder familiar continua sendo
compartilhado, sem que o filho precise deslocar-se, de uma residência para a outra, com uma frequência
danosa. Para o ideal e eficaz resultado da guarda conjunta, esta depende do amadurecimento do casal, da
estabilidade emocional e do bom relacionamento e diálogo dos pais.
• Guarda litigiosa: Não havendo acordo entre os pais quanto à escolha do guardião e ao sistema de
convivência familiar com o filho, o critério legal é atribuir a guarda a quem revelar melhores condições para
exercê-la, no melhor interesse da criança.
• Para os pais a visitação é um direito e um dever, dever esse que se insere no dever de assistência ao filho.
• Para o filho, a visitação configura um direito irrenunciável, o qual deve ser coativamente imposto aos
pais, quando espontaneamente não quiserem cumpri-lo, inclusive através de advertência (art. 129, VIII, do
ECA), representação por infração administrativa, imposição de multa diária ou, ainda, mediante ação de
indenização por dano moral, se for o caso.
� Suspensão e Perda
• Os legisladores são suficientemente realistas para saberem que os pais nem sempre têm condições para
desempenhar o papel protetor que se espera deles.
* Importante frisar que a Lei nº 8.069/90, ao contrário do Código de Menores, deixou bem claro que a falta ou a
carência de recursos materiais, por si só, não poderá ensejar a suspensão ou a perda do poder familiar
(art. 23).
• Com o advento do ECA, se o pai ou a mãe alega que não tem condições para a mantença do filho e deseja
entregá-lo para que seja criado por uma família substituta, neste caso não poderá fazê-lo, pois,
obrigatoriamente, a criança será incluída em programa oficial de auxílio. Assim sendo, a situação da criança
não deve ser qualificada somente pelas condições financeiras de seus pais, mas o abandono material dos
pais deve ser conjugado com uma série de fatores.
• A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.
• A suspensão e a destituição do poder familiar são as sanções impostas aos pais, devendo ser decretadas
por sentença, em procedimento judicial próprio, garantindo-se-lhes o princípio do contraditório e a da ampla
defesa.
• A distinção entre os dois institutos estabelece-se pela graduação da gravidade das causas que as motivam e
pela duração de seus efeitos.
• Se, por um lado, a suspensão é provisória e fixada ao criterioso arbítrio do Juiz, dependendo do caso
concreto e no interesse do menor, a perda do poder familiar pode revestir-se de caráter irrevogável, como na
situação de transferência do poder familiar pela adoção.
• A suspensão está prevista no art. 1.637 do CC e relaciona-se ao abuso de autoridade, à falta aos deveres
inerentes ao poder familiar, à ruína dos bens dos filhos e, ainda, à condenação por sentença irrecorrível, em
virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
* Se a suspensão do poder familiar for decretada em face de ambos os pais, é mister garantir ao filho um
representante legal.
• Perda do poder familiar: por cessação natural (morte - tutela) ou decretada judicialmente (emancipação,
maioridade civil, adoção e decisão judicial).
• Emancipação: O desejo manifesto pelos pais e pelo filho também pode acarretar a extinção do poder familiar,
desde que preenchidos determinados requisitos legais. É o caso da emancipação, a qual objetiva a
antecipação da maioridade civil do menor de 18 anos, tornando-o apto para os atos da vida civil. Para tanto, o
adolescente, após completar 16 anos, deverá estar capacitado nos termos do art. 5º, I, do CC para lidar
diretamente com sua vida, para, então, os pais concederem esta autorização. A emancipação, também, pode
verificar-se no caso do casamento, do exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de
ensino superior, pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
• Maioridade civil: Como o poder parental tem duração limitada no tempo, atingida a maioridade civil aos 18
anos de idade, o múnus cessa automaticamente. Por vezes, entretanto, apesar de ter atingido a maioridade
civil, a capacidade do filho não é alcançada em razão da presença das causas relativas à interdição (art.
1.767 do CC). Nesta hipótese, não se prorroga o dever de representação dos pais inerente ao poder familiar,
mas, sim, concede-se a curatela aos genitores, querendo e podendo estes, para a representação do filho
maior incapaz.
• Decisão judicial: A perda ou a destituição do poder familiar é uma das formas de extinção do poder familiar
(art. 1.635, V, do CC) que ocorre nos casos de castigos imoderados (violência física, psíquica e moral – tipo
penal: maus tratos), abandono, atos contrários à moral e aos bons costumes (alcoolismo, abuso sexual),
incidência reiterada nas faltas antecedentes e, ainda, quando comprovado o descumprimento injustificado dos
deveres inerentes ao poder familiar (art. 24 do ECA). Estas hipóteses, contudo, dependem de uma decisão
judicial condenatória, a ser proferida em ação própria, que visa aplicar a medida punitiva mais gravosa aos
pais: a destituição do poder familiar (art. 129, X, do ECA).
• ATENÇÃO: Perda do poder familiar na Lei Trabalhista - Outras leis previram hipóteses de perda do poder
familiar e estas normas convivem sem confronto com o CC e com o ECA. A CLT não permite a atividade
laborativa de menores em locais e serviços perigosos, insalubres ou prejudiciais à sua moralidade (art. 405 da
CLT), pune o responsável legal (no caso os genitores) do adolescente empregado que infringir os dispositivos
proibitivos referentes ao trabalho juvenil, o qual, além da multa, poderá ser destituído do poder familiar (art.
437 da CLT).
� Família Substituta
• Medida excepcional, quando não se mostrar possível a criação e a educação destes no seio da sua família
natural.
• Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional,
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá
sua opinião devidamente considerada. Tratando-se de maior de 12 anos de idade, será necessário seu
consentimento, colhido em audiência.
• A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na
modalidade de adoção.
• Aspecto a ser considerado na escolha da família substituta refere-se ao ambiente familiar adequado. A
família deve ser propícia a favorecer o menor em seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social, em condições de liberdade e dignidade (art. 3º do ECA).
• Diante das intensas responsabilidades assumidas pela família substituta no que tange a um ser em formação,
as obrigações decorrentes desta colocação, sob qualquer uma de suas modalidades, são indelegáveis e
irrenunciáveis enquanto não for decretada a sua perda ou destituição.
• A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e
acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar.
• Em se tratando de criança ou adolescente indígenaou proveniente de comunidade remanescente de
quilombo, é ainda obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições;
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que
irá acompanhar o caso.
�Guarda
• A guarda é uma das modalidades de colocação de criança ou adolescente em família substituta, assumindo o
detentor o compromisso de prestar toda a assistência ao menor e o direito de opor-se a terceiros (inclusive
aos pais), regularizando a posse de fato da criança ou adolescente (art. 33). A guarda obriga a prestação de
assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente.
• A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
• Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação
para a prática de atos determinados.
• A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito.
• Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a
terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar
alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.
• Assevere-se que a única autoridade competente para expedir o termo de guarda é a judiciária, jamais o
Conselho Tutelar, o Comissariado de Justiça, nem mesmo a Defensoria Pública. A guarda poderá ser
revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
• Guarda provisória é aquela deferida por um determinado tempo, arbitrado pelo magistrado, normalmente,
pelo período entre 30 e 90 dias, no curso do processo de guarda, podendo ser deferida também nos
procedimentos de tutela e adoção. “Estágio”.
• A guarda de fato ou informal é aquela na qual o menor de 18 anos encontra-se assistido por pessoa que
não detém atribuição legal ou deferimento judicial. Evidentemente, por se tratar de situação ainda a ser
regularizada, o guardião não possui, ainda, nem provisória nem definitivamente, o encargo.
� Tutela
• Tutela: É o instituto recomendado para os casos de órfãos de pais mortos ou declarados ausentes (presunção de
morte) (art. 1.728, I, c/c art. 6º do CC) e, em caso de os pais biológicos ou civis decaírem do poder familiar (art.1.728,
II, c/c art. 1.626 do CC), quando o menor de 18 anos não puder ou não quiser ser adotado.
• O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
necessariamente o dever de guarda.
• A tutela confere a representação ao tutelado, mas prolonga-se até somente os 18 anos de idade deste,
diferentemente da curatela, que visa à proteção do incapaz (art. 1.767 do CC).
• Tutela testamentária: a nomeação do tutor pode ser realizada pelos próprios pais do menor de 18 anos, mediante
testamento ou documento autêntico.
• Tutela legítima: dá-se inexistindo a indicação testamentária pelos pais, sendo, então, deferida aos parentes
consanguíneos do menor de 18 anos.
• Tutela dativa: inexistindo indicação pelos pais ou na falta de outros parentes aos quais possa o magistrado nomear
para o exercício da tutela, a tutela será exercida por tutor idôneo e residente no domicílio da criança ou do
adolescente.
• Tutela provisória: o magistrado poderá de forma temporária, então, conceder a guarda excepcional (art. 33, § 2º, do
ECA) deferindo o direito de representação do menor para a prática de atos determinados, de modo que, até a
finalização da ação e a nomeação definitiva do tutor, a criança ou o adolescente tenha sua situação legal
regularizada.
• Obrigações do tutor: todas as tarefas que caberiam originalmente aos pais. Deveres inerentes ao poder familiar,
quais sejam, guarda, educação, sustento material e assistência imaterial, além da representação do menor até os 16
anos e a assistência dos 16 até os 18 anos de idade.
� Adoção
• De todas as modalidades de colocação em família substituta previstas em nosso ordenamento jurídico, a
adoção é a mais completa, no sentido de que há a inserção da criança/adolescente no seio de um novo
núcleo familiar, enquanto que as demais (guarda e tutela) limitam-se a conceder ao responsável alguns dos
atributos do poder familiar. A adoção transforma a criança/adolescente em membro da família, o que faz com
que a proteção que será dada ao adotando seja muito mais integral.
• Todos os conceitos de adoção confluem para um ponto comum: a criação de vínculo jurídico de filiação.
Ninguém discorda, portanto, de que a adoção confere a alguém o estado de filho. A esta modalidade de
filiação dá-se o nome de parentesco civil, pois desvinculado do laço de consanguinidade.
• Legitimidade para adotar e ser adotado: art. 42, ECA. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
independentemente do estado civil. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. § 2o
Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
estável, comprovada a estabilidade da família. § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
velho do que o adotando [...] Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar
conjuntamente.
• Impedimentos: art. 44, ECA.
• A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os
recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa.
• A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
legítimos.
Consentimentos: A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. Em se
tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.
Estágio de convivência: A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente,
pelo prazo máximo de 90 dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso
(acompanhado por equipe interprofissional). O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já
estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo.
Modificação do prenome: A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles,
poderá determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é
obrigatória a oitiva do adotando.
O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 dias, prorrogável uma única vez por igual
período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica.

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