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Sistema Parlamentarista
O Parlamentarismo nada mais é que um sistema de governo, um modo de se governar. Leva esse nome exatamente porque quem governa nesse sistema é o parlamento, composto de representantes escolhidos pelo povo para deliberar e votar as leis de um País. Fazendo contraponto ao sistema presidencialista, regime este que quem governa é apenas o presidente.
É uma inspiração do principio da separação de poderes, é aquela forma que assenta fundamentalmente na igualdade e colaboração entre o executivo e o legislativo;
O sistema de governo baseia-se de forma onde o poder legislativo (parlamento) oferece sustentação política (seja o apoio de forma direta ou indireta) para o poder executivo. Logo, é fácil entender o quanto o poder executivo necessita do poder do parlamento para ser formado e também para governar. No parlamentarismo, o poder executivo é, geralmente, exercido por um primeiro ministro (chanceler).
A História do Parlamentarismo
O sistema parlamentarista teve sua origem nos tempos antigos. Há autores que dizem que sua primeira manifestação foi no período da Antiguidade, ao povo hitita (ali o rei só poderia escolher seu sucessor se a assembléia ratificasse sua decisão, caso contrário não). Já outros autores vêem o sistema na Espanha e Portugal do período medieval a origem do parlamentarismo. Contudo foi na Inglaterra onde o sistema de fato se enraizou e evoluiu para chegar aos dias de hoje.
Segundo Dallari a Inglaterra é considerada o berço deste sistema, deixa claro sua colocação no seguinte trecho de seu livro:
“A Inglaterra pode ser considerada o berço do governo representativo. Já no século XIII, o mesmo que assistiu à elaboração da Carta Magna, numa rebelião dos barões e do clero contra o monarca, irá ganhar forma de parlamento. No ano de 1265 um nobre francês, Simom de Montefort, neto de inglesa e grande amigo de barões e eclesiásticos ingleses, chefiou uma revolta contra o rei da Inglaterra, Henrique III, promovendo uma reunião que muitos apontam como a verdadeira criação do parlamento. (DALLARI, 1995, p.195).”		
Na Inglaterra o parlamentarismo teve origem no século XIII, quando o povo e os barões se uniram em insurreição para atacar de fato os poderes, privilégios e prerrogativas do rei, que naquele tempo era absoluto, por meio da assinatura da Magna Carta conseguiram acabar com o poder absoluto que este detinha sobre o Estado, fazendo com que o rei agora tivesse que respeitar seus cidadãos e consultar seu parlamento para modificar alguma coisa como fosse de interesse.
Assim podemos notar claramente a importância do sistema parlamentarista, no que tange a Declaração de Direitos dos cidadãos, visto que, com este instaurado o rei deveria respeitar o direito da população inglesa da época. Paulo Bonavides em seu livro nos mostra isso, nos fazendo chegar a conclusão que tal declaração assegura à liberdade, a vida, a propriedade privade e outros direitos fundamentais.
“Bill of Rights se tem o verdadeiro documento constitucional que 	 afiança as liberdades públicas, as liberdades de opinião de ação política e consciência.(BONAVIDES, 1995, p.237)”
No século XVI, numa tentativa fracassada de Jaime II de acabar com o sistema parlamentarista na Inglaterra e assim recuperar o absolutismo que seus antepassados perderam, acaba vindo a ser deposto. O Parlamento e o parlamentarismo assim se consolidam, até mesmo por causa das novas tendências que estavam surgindo na época, muito em parte constantes na Declaração de Direito dos Estados Unidos, o que fez com que a monarquia enfraquece-se de vez. Colocando um ponto final em sua pretensão de recuperar o poder.
A partir desse momento era claro: a monarquia não teria mais como governar de forma absoluta. Passando assim a ter que aderir de maneira extremamente significativa o parlamento para ter a possibilidade de governar. Nesta circunstância o rei passou a se organizar com a base majoritária do parlamento. Das reuniões entre o rei e líderes influentes do parlamento que formou-se o conselho, que acabou dando origem ao gabinete como conhecemos no regime parlamentarista.
Como o tempo foi passando mudanças significativas começaram a ser claramente observadas: no império da Dinastia Hannover, representada primeiramente pela figura de Jorge I, a participação da monarquia nas reuniões do gabinete foi sendo deixada de lado, uma vez que o rei, por ser alemão, não sabia falar a língua local (inglês), assim não conseguia se comunicar, e por via de consequência tinha desinteresse nas reuniões de gabinete. Assim o rei foi obrigado a nomear um dentre os ministros para que lhe servisse de intérprete e auxiliar, a fim de conseguir entender o que se deliberava no conselho e poder governar de forma correta. Este personagem tornou-se assim o Primeiro-Ministro (chanceler) que conhecemos nos dias de hoje.
É notório que com a instalação do sistema parlamentarista este se difundiu por vários outros, alastrando praticamente por toda Europa, começando pela França. Como relata Maluf em seu livro:
“Empolgou-se com as maravilhas do sistema inglês e passou a adaptá-lo às suas instituições, por meio de reformas parciais desde a primeira metade do século XIX (MALUF, 1999, p.259)”
Posteriormente alastrou-se pelos países da Europa como: Bélgica, Prússia, Alemanha, Polônia, Checoslováquia, Áustria, Grécia, Iugoslávia, Finlândia, Espanha e outros o adotaram.
Em suma podemos observar três tipos de sistemas parlamentaristas: o clássico, o dualista e o monista.
Parlamentarismo Clássico, Dualista e Monista
O parlamentarismo clássico foi o construído na Inglaterra durante o século XVII. O dualista ou racionalizado por sua vez decorre devido às constituições formuladas, após a Primeira Guerra mundial. E por fim o parlamentarismo Monista ou misto que deriva da racionalização de outros setores parlamentar, cristalizando-se nas modalidades de tendências da época em que fora implantado; diretorial, presidencialista e de equilíbrio. Como deixa claro o autor Soares em seu livro.
Características do Sistema Parlamentarista
De forma bem direta o teórico Mário Lúcio Quintão Soares vem nos mostrar o que é o sistema parlamentarista. 
		"É uma forma de regime representativo dentro do qual a direção 			do qual a direção dos negócios públicos pertence ao parlamento e 		ao chefe do Estado, por intermédio de um gabinete responsável 			perante a representação nacional.(SOARES, 2001p.510)"
Assim, percebemos claramente, que o sistema parlamentarista nada mais é que um sistema político representativo, onde o Executivo representa a sociedade em si, e que tal sistema é extremamente baseado no princípio da distribuição dos poderes. Sendo claramente notado que o Gabinete (poder Executivo que nós conhecemos) dirige a política geral do país. E o órgão dinâmico e responsável, sendo o eixo de todo mecanismo, como relata Maluf em sua obra.
Para entendermos melhor sobre esse sistema tão curioso e diferente do qual estamos acostumados é necessário conhecer e entender as "peças essenciais" que o estruturam e mantém sua estrutura firme, com aspectos tão fortes que facilmente identificamos;
Organização dualística do poder Executivo;
Colegialidade do órgão governamental;
Responsabilidade política do Ministério perante o Parlamento;
Responsabilidade política do Parlamento perante o Corpo Eleitoral;
Interdependência dos Poderes Legislativo e Executivo; 
O sistema é típico das Monarquias Constitucionais, porém suas características marcantes fizeram com que as repúblicas européia se rendessem ao sistema, disseminando assim o parlamentarismo por toda a Europa.
Uma de suas características mais marcantes, se não a principal, é a divisão do poder Executivo, que se divide em duas partes:
Chefe de Estado - que nada mais é que a pessoa jurídica de direcionamento público externo - normalmente exercido pelo Monarca ou pelo Presidente;
		"Chefe de Estado (...) não participa das decisões políticas, 				exercendo preponderantemente uma função de representação do 			Estado. Sendo secundáriasua posição. (DALLARI,1995, p.198)"
Chefe de Governo que é exercido por um Primeiro Ministro ou Presidente do Conselho de Ministros. 
	" Figura central do parlamentarismo, pois é ele que exerce o 		poder executivo, (...) ele é apontado pelo Chefe de Estado para 		compor o Governo. (DALLARI,1995, p.198)"
	Este é indicado ou mesmo nomeado pelo presidente ou monarca, mas 	sua investidura definitiva, assim como sua permanência, depende da 	confiança da Câmara dos Deputados e às vezes até do próprio Senado. 
	A aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de Ministro, se faz pelo seu plano de governo apresentado de modo que a Câmara assume a responsabilidade de governo aprovando o plano e empenhando-se na concretização do mesmo perante o povo.
 O governo é assim exercido por um corpo coletivo e orgânico de modo que as medidas governamentais implicam na atividade de todos os Ministros e seus ministérios. Podendo ser destituído de seus cargos em qualquer tempo de seu governo, caso não cumpra seu plano de governo.
O Poder Legislativo por sua vez assume no Parlamentarismo funções político governamentais mais amplas, na medida em que compreende também os membros do governo, significando, assim que o governo depende do apoio e confiança do Parlamento para governar. Pois este é responsável perante eleitores, de sorte que a responsabilidade política se realiza do governo para com o Parlamento e deste para com o povo, assim, se o Parlamento perder a confiança no governo, este cai, exonera-se, porque não tem mandato, apenas investidura de confiança. Assim caso ocorra a perda de confiança convoca as eleições extraordinárias para formação de outro Parlamento.
Assim visivelmente o parlamentarismo, se funda sobre poucos requisitos. Klaus Stern, citado por Paulo Bonavides, que os enumera.
		" A presença em exercício do governo, enquanto a maioria do 			Parlamento não dispuser o contrário retirando-lhe o apoio; a 			repartição entre o governo e o parlamento da função de 				estabelecer as decisões políticas fundamentais; e finalmente , a 			posse recíproca de meios de controle por parte do governo e do 			Parlamento, de primeiro, sendo responsável perante o segundo, 			possa ser destituído de suas funções mediante um voto de 				desconfiança da maioria parlamentar.( BONAVIDES,1995,p.277)"
Como podemos observar na doutrina de Maluf nos mostra que o Sistema Parlamentarista possuía um caráter democrático que se baseava na existência de partidos fortemente organizados, caracterizando, por um profundo respeito à opinião da maioria em si e por constante subordinação dos corpos que representam a soberana vontade de seu povo. 
Parlamentarismo no Brasil
Verificado primeiramente o panorama histórico sobre o parlamentarismo vemos que: tem por início na Inglaterra e se alastra por praticamente toda a Europa. É extremamente interessante, já que estamos falando sobre o tema ao longo deste trabalho, dissertar sobre o parlamentarismo no território brasileiro. 
Podemos notar três momentos diferentes na história brasileira que apresentam o parlamentarismo, ou característica deste na composição política, que veremos a seguir:
Monarquia Constitucional do Império;
	Não resta duvida que o período da monarquia constitucional, ou período 	regencial, o sistema parlamentarista dominou o cenário político 	brasileiro, mais propriamente no 
		“segundo Império (...), desenvolvendo-se como uma manifestação 		espontânea das consciências. (MALUF, 1999, p. 273)"
	Verificamos sendo o ponto de partida, a Carta de 1824, esta que 	consagrou uma monarquia constitucional.
		“outorgada por D. Pedro I, seguiu a trilha de outras constituições 			monárquicas européias do século XIX .(SOARES, 2001, p, 515)"
		 “tendo como legítimos detentores da soberania nacional o 				imperador e o parlamento, denominado de Assembléia 				Geral. (SOARES, 2001, 515) "
	A constituição imperial de 1824, outorgada por D. Pedro I, já afirmado 	por nós, defendia uma forma de governo de constitucionalidade 	representativa, não se trava de uma Constituição Parlamentarista, mas 	acabou, por conta de seu conteúdo surgindo e evoluindo o 	parlamentarismo brasileiro.
Sistema Parlamentar de 1961 a 1963
O primeiro motivo que fora constatado para a instauração de um sistema parlamentarista no governo brasileiro foi a renúncia de Jânio Quadros e a investidura de seu vice, João Goulart . Sabemos que este homem tinha ideários reformistas e que estava verificado o primeiro momento da História do Brasil que se instalou o parlamentarismo.
	“foram presidentes do Conselho de Ministros neste breve período, 	Tancredo Neves, Brochardo da Rocha Santiago Dantas. 	(SOARES, 2001, p 518)"
Porém esta experiência semi-parlamentar foi falha por falta de elementos humanos para levar esta a um bom termo.
Constituição de 1988
Esta alimentou o ideário parlamentarista. Raul Pilla defendia sempre de forma extremamente honrosa o sistema parlamentarista como a melhor forma de governo.
		“Esteve em pauta, embora rejeitado pela maioria sob 				fundamentos de que o povo brasileiro não atingiu o estágio 				político cultural propício a este sistema de governo. (MALUF, 			1999, p.277)"
	Sobre o Terceiro momento, este, apenas de tentativa de inserir o 	parlamentarismo novamente. 	Miguel Reale citado por Sahid Maluf fez 	uma análise cronologia do que concerne à nova tentativa de adoção do 	parlamentarismo e o seu fim total.
		“Durante os debates estabelecidos na Constituinte de 1986, que 			resultaram na promulgação da atual Constituição de 1988, 				destacou-se um forte movimento favorável à adoção do 				Parlamentarismo como sistema de governo. Embora derrotado, 			esse movimento conseguiu inserir no ‘ato das Disposições 				Transitórias’ o art. 2º que convocou para 7 de setembro de 193 			um plebiscito, através do qual o eleitorado brasileiro deveria 			escolher a forma (republica ou Monarquia constitucional) e o 			sistema de governo (Parlamentarismo ou Presidencialismo). 			Realizado o plebiscito, por considerável maioria foi mantida a 			forma republicana e confirmado o sistema presidencialista.				(Miguel Reale citado por MALUF 1999, p.277)"      
Hoje como bem sabemos, prevalece o sistema presidencialista com a forma de governo republicano.
Referências Bibliográficas
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.
SILVA, Hélio et all. História Brasileira da República Federativa Brasileira – AS CRISES E AS REFORMAS – 1962-1964. 1ª edição. ed. Três. São Paulo. 1975.
MALUF, Sahid.Teoria Geral do Estado. 25ª edição, atualizada. ed. Saraiva. São Paulo. 1999.
AQUAVIVA, Marcus Cláudio.Teoria Geral do Estado . 2ª edição, revista e aumentada. Ed. Saraiva. São Paulo. 2000.
CALMON, Pedro. Curso de teoria Geral do Estado. 4ª edição revista. Rio de Janeiro. 1954.
DALLARI, Dalmo de Abreu,  Elementos da Teoria Geral do Estado, Saraiva, 19º edição, São Paulo, 1995.
SOARES, Mário Lúcio Quintão, Teoria do Estado, O substrato clássico e os novos paradigmas como pré-compreensão para o Direito Constitucional, Del Rey, Belo Horizonte/MG 2001
BONAVIDES, Paulo, Teoria do Estado, Melhores Editores Ltda, 5º edição, São Paulo 1995
MALUF, Sahid, Teoria do Estado, Saraiva, 25º edição atualizada, São Paulo.1999
CHAGAS, Carmo, D. Pedro II, Grandes Personagens da Nossa História, Nova Cultural
PAUPERIO, A. Machado. Teoria Geral do Estado, 3ª edição (revista e aumentada). Rio de Janeiro. 1958.

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