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Resumo - Política e Teoria do Estado II (PTE II) - Professor Valin

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Prévia do material em texto

1	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	
	 	
POLÍTICA E 
TEORIA DE 
ESTADO II 
Fernanda Magni Berthier 	
Professor Valin	
2018/2	
	
2	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
SUMÁRIO	
1.	A	SEPARAÇÃO	DE	PODERES	................................................................................................................................	3	
1.	1.	FÓRMULA	DE	MONTESQUIEU	...............................................................................................................................	3	
1.	1.	1.	INTRODUÇÃO	................................................................................................................................................	3	
1.	1.	2.	MONTESQUIEU	.............................................................................................................................................	3	
1.	2.	O	PROBLEMA	DO	ALCANCE	DA	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	..................................................................................	7	
1.	2.	1.	VERTENTES	DOUTRINÁRIAS	DA	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	........................................................................	7	
1.	2.	2.	A	FEDERAÇÃO:	OS	ESTADOS	UNIDOS	E	A	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	.........................................................	7	
1.	2.	3.	SISTEMA	DE	FREIOS	E	CONTRAPESOS	.........................................................................................................	10	
1.	3.	A	RIGIDEZ	DA	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	...........................................................................................................	11	
1.	4.	COMISSÕES	PARLAMENTARES	DE	INQUÉRITO	...................................................................................................	11	
1.	5.	PERSPECTIVAS	DO	STF	.........................................................................................................................................	13	
2.	TEORIAS	DO	MANDATO	.....................................................................................................................................	16	
2.	1.	TEORIA	DO	MANDATO	IMPERATIVO	...................................................................................................................	16	
2.	2.	TEORIA	DO	MANDATO	IMPUTATIVO	..................................................................................................................	17	
2.	3.	TEORIA	DO	MANDATO	PARTIDÁRIO	...................................................................................................................	18	
2.	4.	RESUMO	TEORIAS	DO	MANDATO	.......................................................................................................................	18	
3.	SISTEMAS	DE	GOVERNO	....................................................................................................................................	19	
3.	1.	PARLAMENTARISMO	...........................................................................................................................................	19	
3.	1.	1.	CARACTERÍSTICAS	BÁSICAS	.........................................................................................................................	19	
3.	1.	2.	HEXAPARTIÇÃO	DOS	PODERES	APLICADA	AO	PARLAMENTARISMO	..........................................................	24	
3.	1.	3.	SÍNTESE	.......................................................................................................................................................	25	
3.	1.	4.	CASOS	DE	PARLAMENTARISMO	..................................................................................................................	26	
3.	2.	PRESIDENCIALISMO	............................................................................................................................................	27	
3.	2.	1.	CARACTERÍSTICAS	BÁSICAS	.........................................................................................................................	28	
3.	2.	2.	TRIPARTIÇÃO	DOS	PODERES	APLICADA	AO	PRESIDENCIALISMO	................................................................	29	
3.	2.	3.	SÍNTESE	.......................................................................................................................................................	30	
3.	3.	SEMIPRESIDENCIALISMO	....................................................................................................................................	31	
3.	3.	1.	CARACTERÍSTICAS	BÁSICAS	.........................................................................................................................	31	
3.	3.	2.	HEXAPARTIÇÃO	DOS	PODERES	APLICADA	AO	SEMIPARLAMENTARISMO	..................................................	32	
3.	3.	3.	OBSERVAÇÕES	............................................................................................................................................	33	
3.	3.	4.	SÍNTESE	.......................................................................................................................................................	36	
4.	PARTIDOS	POLÍTICOS	E	SISTEMAS	PARTIDÁRIOS	................................................................................................	37	
4.	1.	PARTIDOS	POLÍTICOS	..........................................................................................................................................	37	
4.	1.	1.	CARACTERIZAÇÃO	DOS	PARTIDOS	POLÍTICOS	............................................................................................	37	
4.	1.	2.	DIFERENCIAÇÃO	EM	RELAÇÃO	A	OUTRAS	FORÇAS	POLÍTICAS	...................................................................	38	
4.	1.	3.	FUNÇÕES	DOS	PARTIDOS	POLÍTICOS	..........................................................................................................	38	
4.	1.	4.	TIPOLOGIA	DOS	PARTIDOS	POLÍTICOS	........................................................................................................	39	
4.	1.	5.	PARTIDOS	ANTISSISTEMA	...........................................................................................................................	41	
4.	2.	SISTEMAS	PARTIDÁRIOS	......................................................................................................................................	42	
4.	2.	1.	SISTEMAS	UNIPARTIDÁRIOS	.......................................................................................................................	42	
4.	2.	2.	SISTEMAS	BIPARTIDÁRIOS	..........................................................................................................................	42	
4.	2.	3.	SISTEMAS	PLURIPARTIDÁRIOS	....................................................................................................................	43	
5.	SISTEMAS	ELEITORAIS	........................................................................................................................................	45	
5.	1.	SISTEMAS	MAJORITÁRIOS	...................................................................................................................................	45	
5.	1.	1.	PATOLOGIAS	DO	SISTEMA	MAJORITÁRIO	...................................................................................................	45	
5.	1.	2.	VARIAÇÕES	DO	SISTEMA	MAJORITÁRIO	.....................................................................................................	46	
5.	2.	SISTEMAS	PROPORCIONAIS	................................................................................................................................	48	
5.	2.	1.	TEORIAS	DE	SUSTENTAÇÃO	........................................................................................................................	48	
5.	2.	2.	COMO	FUNCIONA	NO	BRASIL	.....................................................................................................................	48	
	
3	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
RESUMO PTE II 
FERNANDA MAGNI BERTHIER – 2018/2 
	
	
	
	
	
	
	
	
1.	A	SEPARAÇÃO	DE	PODERES	
1.	1.	FÓRMULA	DE	MONTESQUIEU	
1.	1.	1.	INTRODUÇÃO	
• Considerações:	
Embora	seja	clássica	a	expressão	“separação	de	poderes”,o	Estado	é	uno	 indivisível.	Assim,	ainda	que	haja	
muitos	órgãos	exercendo	o	poder	soberano	do	Estado,	a	unidade	do	poder	se	mantém.		
Na	atualidade,	a	importância	prática	dessa	polêmica	está	intimamente	relacionada	com	a	concepção	do	papel	
do	Estado	na	vida	social.	De	fato,	quando	se	pretende	desconcentrar	o	poder,	atribuindo	o	seu	exercício	a	vários	órgãos,	
a	preocupação	maior	é	a	defesa	da	liberdade	dos	indivíduos,	pois,	quanto	maior	for	a	concentração	do	poder,	maior	
será	o	risco	de	um	governo	ditatorial.	Diferentemente,	quando	se	ignora	o	aspecto	do	poder	para	se	cuidar	das	funções,	
o	que	se	procura	é	aumentar	a	eficácia	do	Estado,	organizando-o	da	maneira	mais	adequada	para	o	desempenho	de	
suas	atribuições1.	
	
• Aristóteles:	
	 Aristóteles	foi	o	antecedente	mais	remoto	da	separação	de	poderes.	Ele	considerava	injusto	e	perigoso	atribuir	
a	um	 só	 indivíduo	o	exercício	do	poder.	Além	disso,	há	 a	questão	da	eficiência,	 quando,	 em	 sua	obra,	menciona	a	
impossibilidade	prática	de	que	1	só	homem	previsse	tudo	o	que	nem	a	lei	pode	especificar.	Dessa	forma,	ainda	que,	
com	Aristóteles	e	outros	autores,	já	houvesse	uma	semente	da	separação	dos	poderes,	Montesquieu	é	o	grande	teórico.	
1.	1.	2.	MONTESQUIEU	
	 Com	Montesquieu,	a	teoria	da	separação	dos	poderem	é	concebida	como	um	sistema	em	que	se	conjugam	um	
legislativo,	um	executivo	e	um	judiciário,	harmônicos	e	independentes	entre	si,	tomando,	praticamente,	a	configuração	
que	iria	aparecer	na	maioria	das	Constituições.	
	
																																																													
1	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	215. 
Política e Teoria de Estado 11 
	 O	que	se	verifica	é	que	Montesquieu,	já	adotando	a	orientação	que	seria	seguida	pelo	liberalismo,	não	dá	ao	
Estado	qualquer	atribuição	interna,	a	não	ser	o	poder	de	julgar	e	punir.	Assim,	as	 leis,	elaboradas	pelo	Legislativo,	
deveriam	ser	cumpridas	pelos	indivíduos,	e	só	haveria	interferência	do	Executivo	para	punir	quem	não	as	cumprisse.	
	
	
4	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	 Como	é	óbvio,	dando	atribuições	tão	restritas	ao	Estado,	Montesquieu	não	estaria	tão	preocupado	com	a	sua	
eficiência.	A	tripartição	seria	um	instrumento	para	garantir	a	liberdade	individual.	2	
	
• 3	Poderes:		
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
																																																													
2	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	217	
	
	 PODER	EXECUTIVO	
GENTES	
PODER	EXECUTIVO	
DIREITO	CIVIL	
PODER		
LEGISLATIVO	
FUNÇÕES	 Manter	a	ordem	
interna	e	garantir	a	
segurança	externa	
Punir	os	crimes	e	
resolver	os	conflitos	
entre	particulares	
Deliberar	e	estatuir	(Câmara	
Baixa)	/	moderar	e	julgar	
nobres	(Câmara	Alta)	
TITULARIDADE	 Monarca	 Juízes	 Eletiva	(CB)/Hereditária	(CA)	
FILOSOFIA DE MONTESQUIEU:	
• Filósofo	da	moderação,	dos	limites.	
• “Todo	homem	que	tem	poder	é	levado	a	abusar	dele”,	assim,	a	chave	do	equilíbrio	é	a	Eurritmia	do	desejo,	
pois	somos	infelizes	por	desejarmos	muito	ou	pouco.	A	solução	seria	dividir/	separar	o	poder.	Cada	Estado	
teria	3	tipos	de	poder.	
• Liberdade:	como	finalidade	e	meio:		
o Meio	para	que	os	indivíduos	possam	trabalhar	e	enriquecer	moderadamente	(produz	segurança).	
o Fim	supremo	do	direito	da	política.	
•=	Poder	Executivo	atual;
•O	titular	é	o	monarca,	e	a	função	é	manter	a	ordem	interna	e	a	segurança	externa.
•Submisso	à	lei.
•Feição	liberal,	não	intervencionista.	Direito	e	política	existiriam	para	garantir	a	liberdade.	
Não	é	trabalho	do	Estado	tornar	os	indivíduos	felizes,	isso	seria	função	do	próprio	indivíduo.
PODER	EXECUTIVO	DAS	COISAS	QUE	DEPENDEM	DO	DIREITO	DAS	GENTES
•=	Poder	Judiciário	atual
•Não	utilizar	o	termo	“Poder	Judiciário”!
•A	função	é	punir	os	crimes	e	resolver	os	conflitos	entre	particulares.
•Juízes:
•Não	são	juízes	de	carreira.	Ideia	próxima	à	do	júri	dos	anglos-saxões.
•Eram	recrutados,	de	tempos	em	tempos,	pelo	Estado,	de	forma	que	diferem	do	
conceito	atual	de	“juiz”.
•Deviam	ser	submissos	à	lei	(La	Bouche	de	La	Lei),	contra	qualquer	ativismo	judicial.	É	o	
poder	mais	submisso.
•Positivistas:	legalistas,	submissos,	amigos	da	aplicação	da	lei.
•“A	potência	de	julgar	é	de	alguma	forma	nula,	ela	não	é	criativa.	“
•Não	podem	modificar	a	essência	das	normas	do	Legislativo,	nem	criar	regras	primárias	
de	direitos	e	deveres.
PODER	EXECUTIVO	DAS	COISAS	QUE	DEPENDEM	DO	DIREITO	CIVIL
	
5	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
• Poder	Legislativo	Bicameral:	
	
O	 bicameralismo	 surge	 da	 ideia	 da	 necessidade	 de	 moderar	 –	 Montesquieu	 é	 considerado	 o	 filósofo	 da	
moderação	e	dos	limites.	De	todos	os	poderes	do	Estado	democrático,	o	Legislativo	é,	sem	dúvidas,	o	maior.	Confiá-lo	
a	uma	câmara	única	é	criar	circunstâncias	favoráveis	ao	despotismo.	Dessa	forma,	o	bicameralismo	é	uma	expressão	
conservadora:	a	segunda	câmara	teria	um	papel	moderador	sobre	a	câmara	popular.	3	
O	Senado,	por	ter	um	mandato	mais	longo	e	por	ser	composto	de	homens	mais	velhos,	com	mais	experiência,	
seria	estável	por	não	se	deixar	transformar	facilmente	em	joguete	das	paixões	do	momento.	É	mais	ponderado,	mais	
conservador	 e	 representa	 melhor	 a	 força	 inibitória	 necessária	 para	 o	 progresso.	 Como	 a	 câmara	 popular	 –	 mais	
impulsiva	e	ligada	a	interesses	partidários	–	por	vezes	vota	em	leis	prejudiciais,	inoportunas	e	perigosas,	o	exame	pelo	
Senado	pode	corrigir	esses	defeitos.4	
Em	 suma,	 na	 chamada	 Câmara	 popular	 (Baixa),	 representa-se	 a	 nação	 como	 entidade	 política,	 com	
representação	proporcional	à	população	de	cada	estado.	Já	no	Senado,	representam-se,	igualmente,	os	estados	como	
órgãos	formadores	da	União	Federal	–	por	isso,	independentemente	da	quantidade	de	população,	assegura-se	a	todos	
o	mesmo	número	de	representantes.	Se	não	houvesse	esse	segundo	órgão,	com	os	estados	representados	a	pé	de	
igualdade,	se	teria	apenas	uma	relação	de	subordinação,	na	qual	a	vontade	dos	mais	fortes	se	impusesse	à	dos	mais	
fracos.5	
																																																													
3	AZAMBUJA,	Darcy.	Teoria	geral	do	Estado.	São	Paulo:	Globo,	2008.	p.	208-209.	
4	Ibidem.	p.	209-210.	
5	Ibidem.	p.	212.	
CÂMARA	BAIXA
• Eletiva	- comuns;
• Elemento	democrático;
• Poder	de	deliberar/	estatuir;
• Mais	atingida	pelas	agitações	
populares;
• Mais	numerosa;
• Mandato	mais	curto.
CÂMARA	ALTA
• Hereditária	- lordes;
• Controla	e	modera	os	excessos	
da	câmara	baixa;
• Possui	o	poder	de	julgar nobres;
• Mais	estável;
• Menos	numerosa;
• Mandato	mais	longo.
•A	função	é	fazer	e	revogar	leis.
•É	o	poder	mais	relevante.
•Sistema bicamaral:	Câmara	Alta	e	Câmara	Baixa.
•Observação:	na	passagem	do	Estado	Liberal	para	o	Estado	Social	houve	uma	alteração	
paradigma	dos	poderes:	enquanto	para	o	Liberalismo	Clássico	o	Poder	Legislativo	e	a	
sua	função	de	controlar	a	autoridade	tinham	destaque,	no	Estado	Social,	em	razão	das	
novas	necessidades	e	responsabilidades	do	Estado,	o	Poder	Executivo	ganhou	a	
relevância	que	o	Legislativo	tinha	anteriormente
PODER	LEGISLATIVO
	
6	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
Essa	divisão	é	acusada	pelos	críticos	de	tornar	excessivamente	lento	o	processo	legislativo,	em	decorrência	da	
necessidade	da	deliberação	em	duas	assembleias.	Darcy	Azambuja	responde,	argumentando	que	a	demora	legislativa	
era	também	fruto	do	regime	de	ampla	discussão	nas	democracias,	e	que	essa	demora	não	era	um	mal,	mas	um	bem:	
não	se	precisa	de	muitas	leis,	mas	de	boas	leis.	Com	a	demora,	tem-se	tempo	de	estudo	entre	a	apresentação	do	projeto	
e	a	sua	decisão,	permitindo	boa	reflexão	e	ponderação.6	
No	Brasil	atual,	o	Poder	Legislativo	Federal	é	bicameral,	ou	seja,	composto	por	2	casas:	a	Câmara	dos	Deputados	
e	o	Senado	Federal.	Nesse	sistema,	cada	uma	das	Casas	Legislativas	inicia	o	processo	legislativo	e	a	outra	o	revisa.	Assim,	
ambas	devem	se	manifestar	sobre	a	elaboraçãodas	leis,	com	raras	exceções.	O	objetivo	desse	sistema	é	fazer	com	que	
as	 leis	 sejam	 mais	 debatidas,	 e,	 seguindo	 a	 ideia	 do	 sistema	 de	 freios	 e	 contrapesos,	 evitar	 excessos	 e	 decisões	
precipitadas	na	produção	das	leis.	
	
• Observações	Importantes:	
	
o Veto	absoluto:	
§ Rei	dispõe	poder	de	veto	que	não	pode	ser	derrubado.	
§ Participação	do	Poder	Executivo	no	Legislativo.	
	
o Nobres	não	estariam	submetidos	ao	poder	de	julgar.	
§ Para	Montesquieu,	nobres	deveriam	ser	julgados	pelos	seus	pares,	ou	seja,	pela	Câmara	Alta.	
§ Participação	do	Legislativo	(Câmara	Alta)	na	função	Judiciária.	
	
• Comparação	Senado	brasileiro	e	Câmara	Alta	de	Montesquieu:		
	
	
	
	
																																																													
6	AZAMBUJA,	Darcy.	Teoria	geral	do	Estado.	São	Paulo:	Globo,	2008.	p.	213-214.	
SEMELHANÇAS DO PAPEL MODERADOR:	
• Idade	Mínima:	35	anos.	Se	acredita	que	os	mais	velhos	tenham	mais	experiência	e	pudor.	
• Mandato	 dos	 senadores:	 8	 anos	 (2	 legislaturas).	 O	 tempo	 mais	 longo	 favoreceria	 o	
esquecimento	das	decisões	impopulares	tomadas	por	eles.	
O	Senado	Brasileiro,	além	de	controlar	as	decisões	do	legislativo,	tem	outro	poder:	manter	o	
equilíbrio	 entre	 os	 estados.	 Por	 isso	 todos	 os	 estados	 possuem	 o	 mesmo	 número	 de	 senadores,	
independentemente	 de	 seu	 tamanho	 territorial	 e	 populacional.	 Os	 senadores	 são,	 além	 de	
representantes	dos	estados,	representantes	do	povo,	uma	vez	que	votam	em	todos	os	projetos	de	lei.	
As	semelhanças	apontadas	acima	demonstram	a	expressão	conservadora.	
OBS: SENADO X CÂMARA DOS DEPUTADOS:		
A	Câmara,	diferentemente	do	Senado,	representa	o	povo,	não	os	estados,	sendo	análoga	à	
Câmara	Baixa	inglesa.	Assim,	a	quantidade	de	deputados	por	estado	não	é	fixa.	Além	disso,	ela	é	eleita	
por	voto	proporcional,	enquanto	o	Senado	é	majoritário.	A	união	da	Câmara	com	o	Senado	forma	o	
Congresso	Nacional,	que	também	se	reúne	em	sessões	conjuntas	para	algumas	atividades	específicas.	
	
7	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
1.	2.	O	PROBLEMA	DO	ALCANCE	DA	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	
• Definição	do	problema	do	alcance:	procura	estabelecer	de	que	maneira	se	deve	interpretar	a	separação	de	poderes	
e	o	quão	separados	os	poderes	devem	estar.	
	
1.	2.	1.	VERTENTES	DOUTRINÁRIAS	DA	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
1.	2.	2.	A	FEDERAÇÃO:	OS	ESTADOS	UNIDOS	E	A	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
CONFEDERAÇÃO	 FEDERAÇÃO	
Estados	Soberanos	 Estados	Autônomos	
Direito	de	secessão	existente	 Direito	de	secessão	inexistente	
Poder	central	não	legisla	diretamente	aos	
indivíduos	(ratificação	Estados-Membros)	
Poder	central	legisla	diretamente	aos	
indivíduos	
1776	 1787	
REVOLUÇÃO AMERICANA/ 
INDEPENDÊNCIA EUA 
CONVENÇÃO DA FILADÉLFIA/ 
CONSTITUIÇÃO DOS EUA 
• Exclusividade	do	poder	na	esfera	de	ação	- domínio	total;
• Padrão	ultra	ortodoxo	(além de	Montesquieu),	muito	rigoroso;
• Qualquer	interferência	entre	os	poderes	seria	inconstitucional, pois	violaria	a	
separação	dos	poderes;
• Exemplo:	somente o	Legislativo	poderia	legislar.
CORRENTE	DA	EXCLUSIVIDADE
• É	a	mais	utilizada.
• Predomínio,	não	exclusividade,	do	poder	na	sua	esfera	de	ação	- quem	tem	
predomínio	não	tem	tudo!
• Padrão	menos	rigoroso;
• Interferências	poderiam	ser	aceitáveis	e,	até	mesmo,	desejáveis;
• Exemplo:	poder	de	veto	do	rei.
CORRENTE	DO	PREDOMÍNIO
“Ou os poderes se trancam, ou eles marcham em 
conjunto harmonicamente.” 
	
8	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	 Após	a	colonização	 inglesa,	os	colonos	passaram	a	associar	diretamente	“poder	central”	à	 “exploração”,	de	
forma	que	o	primeiro	era	sempre	visto	com	desconfiança.	Por	isso,	foi	adotada	a	Confederação	como	forma	de	Estado,	
pois	ela	coibia	os	abusos	do	poder	central,	garantindo	certa	liberdade.	Neste	modelo,	cada	uma	das	13	colônias	adquiriu	
soberania	e	o	direito	de	secessão.	Ainda	nesse	modelo,	para	a	 lei	do	poder	central	ser	aprovada,	seria	necessária	a	
ratificação	pelos	Estados-membros.		
A	experiência	demonstrou,	em	pouco	tempo,	que	os	laços	estabelecidos	pela	confederação	eram	demasiados	
frágeis,	e	que	a	união	dela	resultante	era	pouco	eficaz.	Embora	houvesse	um	sentimento	de	solidariedade	generalizado,	
havia	 também	 conflitos	 de	 interesses,	 que	 prejudicavam	 a	 ação	 conjunta	 e	 ameaçavam	 a	 própria	 subsistência	 da	
confederação.	7	
	 Em	1787,	na	Convenção	da	Filadélfia,	foi	aprovada	a	Constituição	dos	EUA,	adotando	o	federalismo	como	forma	
de	Estado.	A	partir	disso,	os	membros	não	eram	mais	soberanos,	apenas	autônomos,	e	sem	o	direito	de	secessão,	ou	
seja,	o	vínculo	seria	praticamente	indissolúvel.	Além	disso,	o	poder	central	passaria	a	legislar	diretamente	aos	indivíduos	
dentro	de	suas	competências.	Essa	constituição	foi	ratificada	por	cada	um	dos	Estados-membros.	
Vários	críticos	argumentaram	que	a	Constituição	violava	o	princípio	da	Separação	de	Poderes,	uma	vez	que	o	
presidente	teria	poder	de	veto.	A	resposta	para	essas	críticas	foi	a	alegação	de	que	a	separação	de	poderes	não	proibia	
que	 um	 departamento	 interferisse	 na	 esfera	 de	 ação	 de	 outro	 departamento,	 o	 que	 era	 proibido	 era	 que	 um	
departamento	tomasse	completamente	o	lugar	de	outro.	
Fortemente	 influenciados	por	Montesquieu,	os	constituintes	norte-americanos	acreditavam	fervorosamente	
no	princípio	da	separação	dos	poderes,	orientando-se	por	ele	para	a	composição	do	governo	da	federação.	Elaborou-
se,	então,	o	sistema	chamado	freios	e	contrapesos,	com	os	3	poderes,	Legislativo,	Executivo	e	Judiciário,	independentes	
e	harmônicos	entre	si,	não	se	admitindo	que	qualquer	deles	seja	mais	importante	que	os	demais.	Foi	também	preciso	
conciliar	a	necessidade	de	um	governo	central	com	a	intransigência	dos	Estados	que	não	abriam	mão	de	sua	autonomia	
política.	8	
	
• Características	da	Federação:	
	
o As	atribuições	da	União	e	das	unidades	federadas	são	fixadas	na	Constituição.	
Não	existe	hierarquia	na	organização	federal,	porque	cada	esfera	de	poder	corresponde	a	uma	competência	
determinada.	Assim	sendo,	quando	se	tratar	de	assuntos	de	competências	de	uma	unidade	federada,	esta	é	que	pode	
legislar	sobre	o	assunto,	não	a	União,	e	vice-versa.9		
	
o Não	há	direito	de	secessão.	
Uma	vez	efetivada	a	adesão	de	um	Estado,	este	não	pode	mais	se	retirar	por	meios	legais.	Em	algumas	Constituições,	
é	expressa	tal	proibição,	mais	ainda	que	não	o	seja,	ela	é	implícita.	A	Constituição	da	ex-União	Soviética	era	uma	exceção	a	
essa	regra,	pois,	embora	se	tratasse	de	um	Estado	Federal,	pela	Constituição,	era	conservado	a	cada	República	federada	o	
direito	de	sair	livremente	da	URSS.	A	partir	da	Constituição	da	Federação	Russa,	de	1993,	o	desligamento	de	um	membro	da	
Federação	foi	condicionado	à	concordância	da	Federação	Russa.	
10	
	
																																																													
7	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	253.	
8	Ibidem.	p.	254.	
9	Ibidem.	p.	255.	
10	Ibidem.	p.	255.	
	
9	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
o A	base	de	uma	Federação	é	uma	Constituição	rígida:	
Baseando-se	a	união	numa	Constituição,	todos	os	assuntos	que	possam	interessar	a	qualquer	dos	componentes	da	
federação	 devem	 ser	 conduzidos	 de	 acordo	 com	 as	 normas	 constitucionais.	
11
	Como	 características	 da	 federação,	 a	
intervenção	federal	ocorre	nas	hipóteses	taxativas	da	Constituição	e	os	estados-membros	podem	propor	mudanças	na	
Constituição.		
Quanto	à	nomenclatura	utilizada,	“Rígida”	diz	respeito	ao	fato	de	que	só	pode	ser	alterada	por	processos	mais	
rígidos	e	solenes	do	que	os	das	leis	ordinárias.	Assim,	enquanto,	para	as	leis	ordinárias,	bastam	1	turno	em	cada	casa	
para	serem	aprovadas,	as	PECs	necessitam	2.	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
		
o Cada	ente	da	Federação	tem	tributos	e	rendas	próprios.	
Dar-se	competência	é	o	mesmo	que	atribuir	encargos.	É	indispensável,	portanto,	que	se	assegure	a	quem	tem	osencargos	uma	fonte	de	renda	suficiente,	pois,	do	contrário,	a	autonomia	política	se	torna	apenas	nominal,	pois	não	pode	agir	
com	independência	quem	não	dispõe	de	recursos	próprios.
12	
	
	
o Só	o	Estado	Federal	tem	soberania.	
Soberania	é	diferente	de	autonomia!	A	primeira	é	a	qualidade	do	poder	de	supremacia,	enquanto	a	segunda	é	
a	 capacidade	 de	 criar	 as	 próprias	 normas	 dentro	 dos	 limites	 da	 constituição.	 No	 caso	 norte-americano,	 como	 no	
brasileiro	e	em	vários	outros,	foi	dado	o	nome	de	Estado	a	cada	unidade	federada,	mas	apenas	como	artifício	político,	
porquanto	na	verdade	não	são	Estados.	13		
																																																													
11	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	254.	
12	Ibidem.	p.	255.	
13	Ibidem.	
	
10	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
Os	 Estados	 que	 ingressarem	 na	 federação	 perdem	 sua	 soberania	 no	 momento	 mesmo	 do	 ingresso,	
preservando,	contudo,	uma	autonomia	política	limitada.	Pelo	próprio	conceito	de	soberania	se	verifica	ser	impossível	a	
coexistência	de	mais	de	uma	soberania	no	mesmo	Estado,	não	tendo,	portanto,	qualquer	consistência	a	pretensão	de	
que	as	unidades	federadas	tenham	soberania	limitada	ou	parcial.	14	
	
• Crítica	ao	Processo	de	Ratificação:	
Cada	colônia	precisava	ratificar	a	constituição	para	ela	se	tornar	válida	–	processo	que	levou	alguns	anos	pois	sofreu	
resistências.	Foi	criticada	a	Constituição	com	base	no	argumento	de	que	ela	violava	a	separação	dos	poderes,	visto	que	previa	
o	poder	de	veto	do	presidente	em	 relação	às	 leis	do	Congresso.	Assim,	Hamilton,	 Jay	e	Madison,	usando	o	pseudônimo	
“Publius”,	escrevem	os	Federalist	Papers,	artigos	em	jornais	para	defender	a	Constituição	Federalista.	Para	isso,	se	baseiam	
na	corrente	do	predomínio,	afirmando	“a	separação	dos	poderes	não	impede	que	um	poder	invada	parcialmente	o	campo	
de	ação	de	outro,	apenas	que	um	tome	o	lugar	do	outro”.		
1.	2.	3.	SISTEMA	DE	FREIOS	E	CONTRAPESOS	
O	sistema	de	separação	dos	poderes,	consagrado	nas	Constituições	de	quase	todo	o	mundo,	foi	associado	à	ideia	de	
Estado	Democrático,	e	deu	origem	a	uma	engenhosa	construção	doutrinaria,	conhecida	como	sistema	de	freios	e	contrapesos	
–	 “Checks	 and	 Balances”.	 Essa	 era	 uma	 compreensão	 de	 um	 poder	 atuando	 nos	 outros:	 nessa	 lógica,	 as	 interferências	
parciais	 são	admissíveis	 –	 inclusive,	 desejáveis	 –	 entre	os	poderes,	 para	que	eles	 controlem	uns	 aos	outros,	 com	a	
possibilidade	 de	 fiscalização.	 Caso	 não	 houvesse	 tais	 interferências	 exercendo	 controle	 recíproco,	 a	 finalidade	 da	
separação	de	poderes	não	se	realizaria.	
Nessa	teoria,	há	os	atos	gerias	e	os	atos	especiais.15	
	
Dessa	forma,	consoante	a	doutrina	de	Darcy	Azambuja,	cada	órgão	exerce	principalmente	sua	função	peculiar,	
porém	 não	 exclusivamente,	 pois	 pratica	 atos	 que,	 por	 sua	 natureza,	 pertencem	 à	 função	 diversa.	 Assim,	 a	 função	
legislativa	é	desempenhada	principalmente	pelo	órgão	legislativo,	o	Parlamento,	mas	o	órgão	executivo	coopera	nessa	
função,	propondo	leis	e	limitando	o	órgão	legislativo	por	meio	da	negação	a	sanções	ou	do	veto	às	leis.	O	órgão	judiciário	
igualmente	tem	função	legislativa,	porque	pode	declarar	a	inconstitucionalidade	de	uma	lei.	Por	sua	vez,	o	Legislativo	
colabora	com	o	Executivo	e	limita-o,	pois	muitos	atos	do	segundo	dependem	da	aprovação	do	primeiro.	16	
	
	
																																																													
14	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	255.	
15	Ibidem.	p.	218.	
16	AZAMBUJA,	Darcy.	Teoria	geral	do	Estado.	São	Paulo:	Globo,	2008.	p.	206.	
•Consistem	na	emissão	de	regras	gerais	e	abstratas.
ATOS	GERAIS
•Depois	de	emitida	a	norma	geral,	se	abre	a	possibilidade	de	atuação	dos	demais	poderes,	por	
meio	de	atos	especiais.
ATOS	ESPECIAIS
“Os 3 poderes não podem ser 3 retas paralelas, que 
nunca se encontram: eles devem se intercruzar.” 
	
11	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
1.	3.	A	RIGIDEZ	DA	SEPARAÇÃO	DOS	PODERES	
• Separação	de	órgãos	e	de	funções:	
A	separação	de	poderes	não	é	só	uma	separação	de	órgãos,	mas	também	de	funções	e	atividades.	O	órgão	e	as	
atividades	 nem	 sempre	 coincidem,	 mas	 o	 órgão	 deve	 sempre	 ter	 o	 predomínio	 sobre	 sua	 respectiva	 função.	 Um	
exemplo	é	a	atividade	de	legislar:	embora	a	criação	de	leis	caiba	tipicamente	ao	legislativo	e	aos	seus	órgãos	(Câmara	
dos	Deputados,	Senado	Federal,	Câmara	de	Vereadores,	Assembleia	Legislativa),	em	um	maior	ou	menor	grau	os	órgãos	
dos	outros	poderes	acabam	participando	de	uma	certa	forma	da	atividade	legislativa.	O	Executivo,	quando	o	presidente	
da	República	veta	uma	lei,	o	Judiciário	ao	editar	súmulas	vinculantes.	
	
• Consequências	da	rigidez	da	separação	dos	poderes:	
Se	a	separação	é	rigorosíssima,	qualquer	mínima	interferência	acaba	gerando	uma	inconstitucionalidade.	Assim,	
ao	se	admitir	interferências	parciais,	fica	mais	difícil	declarar	que	os	atos	são	inconstitucionais.		
	
• Do	poder	de	veto:	
Na	origem	do	poder	de	vetar,	ou	seja,	de	negar	a	validade	de	uma	lei	criada	pelo	poder	legislativo,	cabia	ao	
monarca	exercer	essa	função	–	nesse	primeiro	momento,	adjetivava-se	o	veto	como	"absoluto",	uma	vez	que	ele	não	
poderia	ser	contestado,	tornando	inválido	por	definitivo	a	legislação	vetada.	Paulatinamente,	observou-se	a	passagem	
do	veto	absoluto	para	o	veto	suspensivo,	sendo	esse	último	o	mais	adotado	na	atualidade,	estando	ele	previsto	no	
ordenamento	jurídico	brasileiro.	Dessa	forma,	após	o	titular	do	poder	executivo	vetar	em	caráter	suspensivo	uma	lei	
aprovada	pelas	casas	legislativas,	poderão	elas	derrubar	o	veto	dado,	tornando	válido	o	diploma	previamente	vetado.					
1.	4.	COMISSÕES	PARLAMENTARES	DE	INQUÉRITO	
	
• Caracterização:		
	
a) São	expressamente	previstas:		
“§	3º	As	comissões	parlamentares	de	inquérito,	que	terão	poderes	de	investigação	próprios	das	autoridades	judiciais,	
além	de	outros	previstos	nos	regimentos	das	respectivas	Casas,	serão	criadas	pela	Câmara	dos	Deputados	e	pelo	Senado	
Federal,	em	conjunto	ou	separadamente,	mediante	requerimento	de	um	terço	de	seus	membros,	para	a	apuração	de	
fato	determinado	e	por	prazo	certo,	sendo	suas	conclusões,	se	for	o	caso,	encaminhadas	ao	Ministério	Público,	para	
que	promova	a	responsabilidade	civil	ou	criminal	dos	infratores.	”	
o As	CPI	podem	ser	da	Câmara,	do	Senado	ou	de	ambos,	conjuntamente;	
o Para	a	abertura	de	uma	CPI	é	necessário	1/3	das	assinaturas	dos	membros	da	casa;	
o As	CPI	terão	poderes	de	investigação	próprios	de	autoridade	judicial.		
	
	
12	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	
b) São	órgãos	extraordinários:		
o A	CPI	necessariamente	é	temporária	e	tem	um	prazo	de	duração	determinado.	
§ Pelo	 Artigo	 35	 do	 regimento	 interno	 da	 Câmara	 dos	 Deputados,	 a	 CPI	 dura	 120	 dias,	 podendo	 ser	
prorrogada	por	mais	60	dias.	Já	no	Senado,	o	requerimento	do	pedido	deve	conter	o	prazo	de	duração.	
§ Não	existe	CPI	que	ocorra	indefinidamente.	
	
c) São	órgãos	colegiados:	
o É	uma	parte	dos	parlamentares	que	comporá	a	CPI;	
o Devem-se	levar	em	conta	as	relações	de	forças	que	há	no	plenário;	
o A	composição	da	CPI	respeitará	o	quanto	possível	a	proporção	dos	partidos/	blocos	parlamentares.	
	
• Objeto	da	CPI:	
o A	Constituição	exige	fato	determinado;	o	fato	que	gera	uma	CPI	deve	ser	relevante	para	a	vida	pública,	deve	
estar	bem	caracterizado	no	requerimento	da	CPI,	ou	seja,	deve	ser	um	fato	com	certo	grau	de	verossimilitude;	
o As	circunstâncias	do	fato	devem	estar	marcadas	de	um	forte	matiz	de	ilicitude;	
o A	investigação	não	é	um	fim	em	si	mesmo;	
	
• Poderes	da	CPI:	
o Convocar	ministros;		
o Recolher	depoimentos	de	quaisquer	autoridades,	sejam	elas	federais,	estaduais	ou	municipais;		
o Ouvir	os	indiciados;		
§ Há	um	precedente	em	relação	aos	indígenas:	eles	só	podem	ser	ouvidos	em	território	indígena	em	presença	
de	antropólogo,	tradutor	etc.			
o Inquirirtestemunhas;	
o Requisitar	informações	ou	documentos	de	órgãos	públicos;		
o Transportar-se	a	qualquer	lugar	em	que	se	fizer	necessária	sua	presença;	
o Quebrar	sigilo	bancário,	fiscal	ou	telefônico		
§ Quebra	 apenas	 de	 dados,	 não	 de	 conteúdo	 das	 ligações	 telefônicas.	 Sem	 necessidade	 de	 autorização	
judicial,	mas	é	necessário	que	se	motive	o	ato	de	quebra.		
	
• Imunidades	da	CPI:	
o As	ditas	imunidades	da	CPI	não	são	direitos	objetivos,	mas	prerrogativas	do	Parlamento	para	proteção.	
o Material:		
§ Inviolabilidade	por	opiniões,	palavras,	votos	etc.	É	civil	e	penal	e	possui	natureza	de	exclusão	do	delito.	
§ Inarrestabilidade:	os	congressistas	não	podem	ser	presos,	salvo	em	flagrante	delito	de	crime	inafiançável.	
o Formal:		
§ Improcessabilidade:	imunidade	processual	penal.	É	causa	de	suspensão	do	processo.	
PUNIBILIDADE CPIs: 
	 A	 CPI	 não	 pune	 penalmente	 ou	 administrativamente,	 ela	 apenas	 elabora	 um	 relatório,	
apurando	fatos	determinados.	Suas	conclusões,	se	for	o	caso,	são	encaminhadas	ao	Ministério	Público,	
a	quem	cabe	prosseguir	com	as	investigações	da	denúncia	e	promover	a	adequada	responsabilização	
civil	ou	criminal	dos	infratores.		
	 A	CPI	não	existe	para	provocar	escândalos.	Em	si,	ela	não	pune	ou	condena	ninguém,	mas	pode	
acabar	resultando	em	consequências	graves	para	os	investigados.	
	
13	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
1.	5.	PERSPECTIVAS	DO	STF	
• Habeas	Corpus	92628	
 
	
	
	
Habeas	Corpus	é	um	remédio	constitucional	para	garantir	a	liberdade	de	ir	e	vir,	de	locomoção,	servindo,	por	
exemplo	para	o	réu	solicitar	a	sua	saída	da	prisão.	Qualquer	um	pode	impetrar	um	HC	sem	necessidade	de	formalidades,	
não	sendo	necessário	um	advogado,	justamente	para	ajudar	a	garantir	a	liberdade	do	réu.	
	
Enquanto,	no	furto	com	concurso	de	pessoas,	a	pena	dobra,	no	roubo,	a	pena	aumenta	de	1/3	a	½.	A	Defensoria	
Pública	alegou	nesse	caso	que	esse	tratamento	viola	o	princípio	da	proporcionalidade,	que	está	implícito	na	Constituição	
-	uma	vez	que	o	furto	em	concurso	de	pessoas	teria	um	tratamento	jurídico	mais	rigoroso	do	que	o	roubo,	crime	que	
envolve	a	utilização	de	violência,	podendo	ser,	portanto,	considerado	como	mais	grave,	e,	consequentemente,	podendo	
ser	esperado	que	ele	tivesse	um	agravante	mais	severo	do	que	o	de	um	simples	furto.	Assim,	o	réu	pediu	que	o	caso	de	
furto	fosse	julgado	com	o	agravante	do	roubo.	
	
O	STF	julgou	improcedente	o	pedido,	afirmando	que	se	prolatasse	uma	sentença	em	sentido	diverso,	estaria	
criando	uma	terceira	espécie	normativa.	A	separação	dos	poderes	diz	que	o	juiz	não	pode	alterar	a	essência	da	norma	
criada	 pelo	 legislativo	 e	 tampouco	 pode	 criar	 normas	 jurídicas	 primárias.	 Ademais,	 enquanto	 o	 princípio	 da	
proporcionalidade	não	é	explícito	na	Constituição,	o	princípio	da	separação	de	poderes	está	explícito.	
	
	
FURTO 
1	PESSOA	=	1	a	4	anos	de	prisão	
CONCURSO	DE	PESSOAS	=	2	a	8	anos	de	prisão	
	
ROUBO 
1	PESSOA	=	4	a	10	anos	de	prisão	
CONCURSO	DE	PESSOAS	=	aumenta	de	1/3	a	1/2	
	
DESPROPORCIONAL!!! 
	
MOTIVAÇÕES LEGAIS: 
	
Furto	–	Art.	155	Código	Penal	-	Subtrair,	para	si	ou	para	outrem,	coisa	alheia	móvel:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	quatro	anos,	e	multa.	
	
Furto	qualificado	
§	4º	-	A	pena	é	de	reclusão	de	dois	a	oito	anos,	e	multa,	se	o	crime	é	cometido:	
IV	-	mediante	concurso	de	duas	ou	mais	pessoas.	
	
Roubo	–	Art.	157	Código	Penal	-	Subtrair	coisa	móvel	alheia,	para	si	ou	para	outrem,	mediante	grave	ameaça	ou	
violência	a	pessoa,	ou	depois	de	havê-la,	por	qualquer	meio,	reduzido	à	impossibilidade	de	resistência:	
Pena	-	reclusão,	de	quatro	a	dez	anos,	e	multa.		
	
§	2º	-	A	pena	aumenta-se	de	um	terço	até	metade:	
II	-	se	há	o	concurso	de	duas	ou	mais	pessoas;		
	
14	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
• Ação	Direta	de	Inconstitucionalidade	2911	
 
	
Enquanto	a	CF	do	Brasil		se	restringe	a	permitir	a	convocação	exclusiva	de	membros	do	poder	executivo	(sendo	
ainda	impossível	chamar	o	chefe	desse	poder),	a	CE	do	Espírito	Santo	autoriza	o	chamamento	de	membros	do	poder	
judiciário	e,	inclusive,	do	chefe	desse	poder	em	nível	estadual,	a	saber,	o	Presidente	do	Tribunal	de	Justiça.		
O	princípio	de	freios	e	contrapesos	é	materialmente	inelástico,	ou	seja,	só	se	aplica	às	hipóteses	previstas	pela	
Constituição	 Federal,	 e,	 no	 seu	 Art.	 50,	 só	 é	 prevista	 a	 convocação	 de	Ministros	 de	 Estado	 e	 titulares	 de	 órgãos	
subordinados	à	presidência	da	 república.	Apenas	a	Constituição	Federal	 tem	o	poder	de	criar	o	sistema	de	pesos	e	
contrapesos,	um	estado	não	pode	criar	hipóteses	que	não	estejam	previstas,	de	forma	que	uma	Constituição	Estadual	
não	 pode	 inovar,	 pois	 uma	 norma	 hierarquicamente	 inferior	 não	 pode	 estar	 em	 contradição	 com	 uma	 norma	
hierarquicamente	superior.	
	
Poder-se-ia	afirmar,	contudo,	que	a	Constituição	Capixaba	está	em	consonância	com	a	Constituição	Federal,	
uma	vez	que	nela	está	prevista	a	possibilidade	de	membros	do	poder	legislativo	chamar	membros	de	outro	poder	para	
prestar	 esclarecimento.	 Entretanto,	 ensina	 a	hermenêutica	 jurídica	que	normas	 restritivas	devem	ser	 interpretadas	
restritamente.	Nesse	caso,	não	cabe	o	uso	de	analogias	ou	de	uma	interpretação	extensiva.	Sendo	a	norma	expressa	no	
art.	50	da	Constituição	Federal	eminentemente	uma	norma	restritiva,	a	interpretação	a	ela	adequada	é	que	somente	
poderá	 ser	 convocado	 para	 prestar	 esclarecimentos	 os	 Ministros	 de	 Estados,	 correspondentes	 aos	 Secretários	 de	
Estados	na	órbita	estadual.	Consequentemente,	por	questão	de	da	necessidade	de	simetria	da	Constituição	Estadual	
com	a	Federal,	essas	somente	poderão	autorizar	o	chamamento	dos	Secretários	de	Estado,	não	cabendo	a	autorização	
para	que	membros	de	outros	poderes	sejam	convocados	a	prestar	esclarecimentos.		
	
• Mandato	de	Segurança	23452	
	
A	Comissão	Parlamentar	de	 Inquérito,	enquanto	projeção	orgânica	do	Poder	Legislativo	da	União,	é	a	 longa	
manus	do	próprio	Congresso	Nacional	ou	das	Casas	que	o	compõem.	Nesse	caso	de	Mandato	de	Segurança,	particulares	
tiveram	seu	sigilo	quebrado,	sem	a	apresentação	de	justificativas.	
	
O	 controle	 da	 separação	 dos	 poderes	 salvaguarda	 as	 liberdades	 dos	 cidadãos,	 visto	 que	 controla	 excessos	
cometidos	por	esferas	governamentais,	sendo,	assim,	essencial	ao	regime	democrático.	Cabe	ao	Poder	Judiciário	essa	
função	de	 controle,	 inclusive,	 dos	 atos	 praticados	 por	 CPIs	 –	 quando	 incidirem	em	abuso	 de	 poder	 ou	 em	desvios	
inconstitucionais,	no	desempenho	de	sua	competência	investigatória.	Assim,	os	poderes	das	comissões	parlamentares	
de	inquérito,	embora	amplos,	não	são	ilimitados	e	nem	absolutos,	e	o	controle	jurisdicional	de	abusos	praticados	por	
comissão	parlamentar	de	inquérito	não	ofende	o	princípio	da	separação	de	poderes.	
MOTIVAÇÕES LEGAIS: 
Constituição	do	estado	do	Espírito	Santo	Art.	57.	A	Assembleia	Legislativa	ou	qualquer	de	suas	comissões,	através	
da	Mesa,	poderá	convocar	Secretário	de	Estado,	Presidente	do	Tribunal	de	Justiça,	Presidente	do	Tribunal	de	
Contas	 e	 o	 Procurador-Geral	 da	 Justiça,	 para	 prestarem,	 pessoalmente,	 as	 informações	 sobre	 assunto	
previamente	determinado,	importando	a	ausência	sem	justificação	adequada,	crime	de	responsabilidade.		
Constituição	 Federal	 Art.	 50.	A	 Câmara	 dos	 Deputados	 e	 o	 Senado	 Federal,	 ou	 qualquer	 de	 suas	 Comissões,	
poderão	convocar	Ministro	de	Estado	ou	quaisquer	titulares	de	órgãos	diretamente	subordinados	à	Presidência	
da	República	para	prestarem,	pessoalmente,	informações	sobre	assunto	previamente	determinado,	importando	
crime	de	responsabilidade	a	ausência	sem	justificação	adequada.	
	
15	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
Os	direitos	e	garantias	individuais	não	têm	caráter	absoluto.	É	permitido	que	sejam	limitados	visando	a	proteger	
a	 integridade	 do	 interesse	 social	 e	 a	 assegurar	 a	 coexistência	 harmoniosa	 das	 liberdades,	 pois	 nenhum	 direito	 ou	
garantia	pode	ser	exercido	em	detrimento	daordem	pública	ou	com	desrespeito	aos	direitos	e	garantias	de	terceiros.	
A	quebra	do	sigilo	constitui	poder	inerente	à	competência	investigatória	das	comissões	parlamentares	de	inquérito,	que	
podem	quebrar	o	sigilo	bancário,	o	sigilo	fiscal	e	o	sigilo	telefônico	(dados/registros)	com	a	finalidade	de	investigação.	
No	entanto,	para	decretarem,	 legitimamente,	a	quebra	do	sigilo,	devem	demonstrar	a	existência	concreta	de	causa	
provável	que	legitime	a	medida	excepcional	da	ruptura	da	esfera	de	intimidade	de	quem	se	acha	sob	investigação.			
	
Nessa	 lógica,	quando	as	deliberações	de	qualquer	Comissão	Parlamentar	de	 Inquérito	 forem	destituídas	de	
motivação,	elas	mostram-se	írritas	e	despojadas	de	eficácia	jurídica,	pois	nenhuma	medida	restritiva	de	direitos	pode	
ser	adotada	pelo	Poder	Público,	 sem	que	o	ato	que	a	decreta	 seja	adequadamente	 fundamentado	pela	autoridade	
estatal.	Não	é	viável	indicar,	a	posteriori,	a	fundamentação	da	quebra,	pois	a	existência	contemporânea	da	motivação	
constitui	pressuposto	de	legitimação.		
	
	
• Mandato	de	Segurança	25510	–	“CPI	dos	Bingos”	
	
A	CPI	dos	Bingos	foi	instalada	no	final	de	junho	de	2005	para	investigar	a	atuação	do	ex-assessor	da	Casa	Civil	
Waldomiro	Diniz,	 flagrado	em	vídeo	negociando	propina	com	um	empresário	do	 ramo	de	 jogos.	Entre	as	principais	
reclamações	dos	integrantes	da	CPI	estão	as	decisões	concedidas	pelo	STF	(Supremo	Tribunal	Federal),	que	impediram	
a	quebra	dos	sigilos	bancário,	fiscal	e	telefônico	de	uma	série	de	suspeitos.	O	presidente	do	Sebrae,	Paulo	Okamotto,	
foi	um	dos	beneficiados	pelas	decisões	do	STF.	A	CPI	suspeita	que	Okamotto	tenha	liderado	um	esquema	de	arrecadação	
de	recursos	entre	prefeituras	petistas	para	as	campanhas	eleitorais	do	partido.	
A	CPI	dos	Bingos	realizava	suas	investigações	quando	se	deu	conta	de	que	uma	juíza	federal	havia	concedido	
várias	liminares	em	favor	de	uma	empresa	contra	a	Caixa	Econômica	Federal.	A	CPI	decreta	a	quebra	dos	sigilos	fiscal,	
bancário	e	 telefônico	da	 juíza	em	questão.	O	supremo	 fornece	dois	argumentos	que	chegam	à	conclusão	de	que	a	
quebra	havia	sido	indevida:	(1)	a	quebra	pela	CPI	não	foi	bem	fundamentada,	ou	seja,	a	CPI	não	teria	fundamentado	
adequadamente	a	decisão	de	quebra,	por	isso	ela	não	seria	aceita	do	ponto	de	vista	constitucional.	(2)	o	princípio	da	
intangibilidade	da	prestação	jurisdicional,	sendo	que	esse	argumento	é	de	que	os	juízes,	quando	exercem	sua	atividade	
típica,	 são	 invioláveis,	 intocáveis.	Não	é	possível	que	outro	poder	viole	a	prestação	 jurisdicional,	uma	vez	que	ela	é	
intangível.		
	
• Mandato	de	Segurança	24831	
	
Para	um	inquérito	parlamentar	ser	instaurado,	é	necessária	a	satisfação	de	três	exigências:	(1)	subscrição	do	
requerimento	 da	 constituição	 da	 CPI	 por,	 no	mínimo,	 1/3	 dos	membros	 da	 Casa	 Legislativa,	 (2)	 indicação	 do	 fato	
determinado	 a	 ser	 objeto	 de	 apuração	 e	 (3)	 temporariedade	 da	 comissão	 parlamentar	 de	 inquérito.	 Após	 o	
preenchimento	dos	requisitos,	impõe-se	a	criação	da	CPI	–	que	independe	da	vontade	da	maioria	legislativa.	
Pelo	Estatuto	Constitucional	das	Minorias	Parlamentares,	é	prevista	a	participação	ativa	no	Congresso	de	grupos	
minoritários,	 que	 teriam	 o	 direito	 de	 fiscalizar	 o	 exercício	 do	 poder.	 Essa	 prerrogativa	 institucional	 não	 pode	 ser	
comprometida	pelo	bloco	majoritário,	pois,	dessa	forma,	o	direito	de	oposição	não	seria	efetivo	e	o	poder	de	fiscalização	
seria	frustrado.	Ninguém,	nem	mesmo	os	grupos	majoritários,	pode	se	sobrepor	aos	princípios	da	Constituição.		
No	caso	desse	Mandato,	relativo	à	abertura	da	CPI	dos	Bingos,	a	oposição	tinha	satisfeito	as	exigências	para	
abertura	 e	 foi	 deferida	 pela	 mesa.	 No	 entanto,	 foi	 proposta	 uma	 questão	 de	 ordem	 contra	 a	 mesa,	 desejando	 o	
fechamento	da	CPI	 por	 irregularidades	 formais	 no	 requerimento	 –	 o	 que	 foi	 indeferido	pela	mesa,	 que	manteve	 a	
decisão	original.	Depois	de	recorrer	ao	plenário,	a	questão	de	ordem	foi	deferida,	e	o	fechamento	da	CPI	foi	declarado.	
A	decisão	final	foi	a	concessão	do	mandato	de	segurança,	para	assegurar	o	direito	à	efetiva	composição	da	CPI.	
	
	
16	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
2.	TEORIAS	DO	MANDATO	
As	teorias	do	mandato	visam	a	compreender	a	natureza	da	relação	existente	entre	quem	vota	e	quem	é	votado,	
constituindo	o	estudo	de	uma	relação	político-jurídica.	Existem	três	 teorias	 (principais)	existem	sobre	o	mandato:	a	
Teoria	do	Mandato	Imperativo,	Teoria	do	Mandato	Imputativo	e	Teoria	do	Mandato	Partidário		
2.	1.	TEORIA	DO	MANDATO	IMPERATIVO	
Tendo	raízes	medievais,	é	a	mais	antiga	entre	as	3	teorias	analisadas.	É	fruto	de	um	eleitorado	reduzido	(sufrágio	
restrito),	em	que	os	eleitores	têm	maiores	possibilidade	de	contato	com	eleito.	Quanto	maior	a	população,	maior	a	
pluralidade	de	pensamento,	tornando	mais	difícil	a	efetivação	do	proposto	por	essa	teoria.	
	
Considera	o	mandato	como	uma	espécie	de	contrato	entre	o	eleitor	e	seu	representante,	aplicando	uma	lógica	
do	Direito	Privado	no	Direito	Público.	O	contrato	de	mandato	supõe	que	alguém	atribua	poderes	a	outrem,	assim,	os	
eleitores	confeririam	ao	eleito	o	poder	e	junto	com	ele	uma	lista	de	demandas	para	serem	cumpridas.	Caso	o	eleito	não	
realizar	o	prometido,	ou	seja,	as	tarefas	dadas	pelos	eleitores,	seu	mandato	pode	ser	revogado	(finalizado	antes	do	
tempo	previsto).	 Embora	 alguns	países	 proíbam	esse	 tipo	de	mandato	 (a	 constituição	 francesa,	 por	 exemplo,	 veda	
expressamente	o	mandato	imperativo),	em	outros,	é	possível	perceber	algumas	reminiscências,	por	exemplo,	o	Recall.	
	
	
• Recall		
o É	a	possibilidade,	por	meio	de	um	plebiscito,	de	interromper	o	mandato	de	um	oficial	eleito	mediante	consulta	
popular,	seja	ele	do	Legislativo,	do	Judiciário	ou	do	Executivo.	Por	meio	dele,	é	possível	retirar	um	indivíduo	
eleito	de	um	cargo	público,	membro	de	qualquer	um	dos	poderes	
o Supõe	certo	número	de	assinaturas	e	por	último	uma	consulta	popular	
o É	 uma	 prática	 do	 que	 conhecemos	 como	 democracia	 participativa	 ou	 democracia	 semidireta.	 É	 um	 apelo	
essencialmente	 político	 ao	 eleitorado,	 não	 sendo	 um	 julgamento,	 nem	 um	 processo	 legal,	 é	 comum,	
especialmente	na	tradição	anglo-saxã,	alguém	perder	o	seu	cargo	conferido	pelo	voto	popular	caso	não	esteja	
cumprindo	satisfatoriamente	as	funções	para	as	quais	ele	fora	designado	
	
	
o Fases	do	Recall:	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
• Exige-se	uma	proposta	para	a	realização	do	Recall	de	alguém	que	teve	o	seu	cargo	
conferido	mediante	um	processo	eleitoral.	Em	seguida,	desenrola-se	a	coleta	de	
assinaturas	e	o	depósito	de	certa	quantia	em	dinheiro.
FASE	DA	PETIÇÃO
• Existe	uma	confrontação	eleitoral,	assemelhada	a	uma	campanha	eleitoral,	inclusive	com	
horário	político	na	mídia.
• São	escutados	os	argumentos,	tanto	daqueles	favoráveis	ao	recall	quanto	aos	contrários.
FASE	DA	CAMPANHA
• Ocorre	a	consulta	às	urnas,	o	momento	em	que	se	decide	pela	interrupção	do	mandato	
ou	não.	
• Se	o	eleitorado	vota	favoravelmente	ao	Recall,	o	dinheiro	recolhido	na	primeira	fase	do	
recall	é	devolvido,	e	o	sujeito	perde	seu	cargo.
• Caso	a	opção	seja	pela	manutenção	do	mandato	e	o	recall	seja	derrotado,	o	montante	
arrecadado	é	retido	pelos	cofres	públicos,	e	o	sujeito	permanece	em	seu	cargo.	
FASE	PLEBISCITÁRIA
	
17	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
• Comparativo	entre	Impeachment	e	Recall:		
	
	 RECALL	 IMPEACHMENT	
CAUSA	 Funcionário	eleito	ruim	 Crime	de	responsabilidade	
PROCESSO	 Eleitoral	 Jurídico	(legal,	com	ampla	defesa	e	contraditório)	
NATUREZA	 Política	 Híbrida	(política	e	jurídica)	
CONSEQUÊNCIA	 Perda	de	cargo	 Perda	de	cargo	e	inabilitação	para	serviço	público	
	
2.	2.	TEORIA	DO	MANDATO	IMPUTATIVO	
Próprio	do	Estado	Liberal	Clássico	 (que	abominava	a	Teoria	do	Mandato	 Imperativo),	é	avesso	aos	partidos	
políticos,	rejeitando-os	e	combatendo-os.	Ao	contrário	disso,	se	pregava	que	deveria	ser	escolhidoum	indivíduo	que	se	
destacasse	–	nos	EUA,	por	exemplo,	ainda	existe	a	possibilidade	de	alguém	se	candidatar	sem	se	filiar	a	um	partido.		
	
A	Teoria	do	Mandato	Imputativo	prega	que,	a	partir	do	voto,	imputa-se	aos	eleitores	a	vontade	que	é	originária	
do	eleito,	ou	seja,	presume-se	que	a	vontade	dos	eleitores	é	 igual	à	do	eleito.	Assim,	se	o	eleito	pensa	ou	fala	“X”,	
presume-se	que	o	eleitorado	pensa	“X”	também	–	raciocínio	“de	cima	para	baixo”.		
	
Nessa	teoria,	o	eleitor	só	tem	o	papel	de	voto,	não	tendo	mais	poder	de	interferência	sobre	o	eleito.	Além	disso,	
o	representante	representa	a	nação	como	um	todo,	não	somente	aqueles	que	votaram	nele.	Lembrar	que	nação	é	uma	
comunidade	histórico-cultural,	com	valores	permanentes.	
	
Essa	visão	reduz	a	participação	política	dos	eleitores	apenas	ao	voto.	Conforme	Rousseau,	“os	ingleses	pensam	
que	 são	 livres,	 mas	 são	 livres	 apenas	 a	 cada	 cinco	 anos,	 durante	 um	 dia,	 quando	 votam”.	 Esse	 modelo	 previa	 a	
despolitização	dos	indivíduos:	quanto	mais	livre	de	influências	de	pressões	de	grupos,	melhor	seria	o	parlamentar.	
	
Ainda	no	liberalismo,	a	lei	é	a	expressão	da	vontade	geral.	Dessa	forma,	o	inimigo	do	Parlamento	e	dos	seus	
representantes	 são	as	 facções/	 interesses	parciais,	ou	 seja,	pensamentos	que	não	visam	ao	bem	comum	da	nação.	
Exemplo	 disso	 é	 quando	 parlamentares	 privilegiam	 determinados	 setores	 da	 economia,	 regiões,	 classes	 sociais.	 É	
preciso	 trabalhar	 para	 o	 bem	 comum,	 de	 forma	 que	 se	 faz	 necessário	 que	 o	 Parlamento	 combata	 essas	 facções/	
interesses	parciais.		
	
A	concepção	é	de	uma	política	que	funcionaria	em	dois	níveis:	PARLAMENTO	e	INDIVÍDUO.	Entre	eles,	haveria	
os	chamados	grupos	intermediários,	como	sindicatos,	partidos	e	corporações.	A	partir	do	liberalismo,	se	prega	que	o	
representante	só	será	um	ser	realmente	racional	se	estiver	totalmente	livre	de	influências.	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
O	Parlamento	seria	um	“órgão	de	notáveis”,	os	quais,	usando	sua	razão,	baseados	em	informações	e	livres	de	
influências	externas,	produziria	a	vontade	geral.	
	
1	
2	
PARLAMENTO	
INDIVÍDUOS	
GRUPOS	
INTERMEDIÁRIOS	
SINDICATOS	
PARTIDOS	
CORPORAÇÕES	
	
18	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
2.	3.	TEORIA	DO	MANDATO	PARTIDÁRIO	
	
	
A	Teoria	do	Mandato	Partidário	surge	a	partir	da	metade	do	século	XIX,	com	a	quebra	do	consenso	da	ideologia	
liberal,	sobretudo,	do	liberalismo	econômico.	Para	que	se	evitasse	um	conflito	violento,	devido	à	presença	de	muitas	
ideologias	diferentes,	concedeu-se	a	racionalização	do	poder.		
	
Isso	acontece	notavelmente	 com	a	Constituição	de	Weimar	 (1919,	Alemanha):	nela,	há	a	 racionalização	do	
poder.	 Racionalizar	 é	 organizar	 o	 convívio	 entre	 as	 diferentes	 ideologias.	 Assim,	 o	 objetivo	 era	 enquadrar,	 na	
Constituição,	todas	as	correntes	ideológicas,	de	modo	a	promover	uma	alternância	entre	as	mesmas,	cujo	árbitro	seria	
o	eleitor.	
	
O	eleitor,	ao	votar,	escolheria	mais	do	que	um	candidato,	escolheria	um	membro	de	um	partido,	que	estaria	
vinculado	ao	programa	desse	partido.	Dessa	forma,	o	eleitor	decide	qual	a	corrente	ideológica,	qual	o	programa	político,	
que	ele	irá	conferir	poder.	Não	se	vota	em	um	candidato	pelas	suas	virtudes,	mas	pelo	seu	programa	político.	O	eleitor	
seria	como	um	consumidor,	“vende-se”	a	ele	a	proposta	do	partido,	tentando	o	convencer	de	que	esta	seria	a	melhor.	
Nesse	contexto,	tem	grande	peso	o	marketing	eleitoral.	
	
	
	
	
	
	
2.	4.	RESUMO	TEORIAS	DO	MANDATO		
	
	 TEORIA	DO	MANDATO	
IMPERATIVO	
TEORIA	DO	MANDATO	
IMPUTATIVO	
TEORIA	DO	MANDATO	
PARTIDÁRIO	
	
PERÍODO	
Idade	Média	/	Idade	
Moderna	
Modernidade		
Estado	Liberal	
Século	XX	
Estado	Social	
	
PARADIGMA	
Relação	eleitores-eleito	
com	natureza	contratual	
(direito	civil)	
	
Imputa-se	aos	eleitores	
a	vontade	do	eleito	
Eleitor	escolhe	um	
partido/	indivíduo		que	o	
represente	
ELEITO	REPRESENTA	 Seus	eleitores	 Toda	a	nação	 Projetos	do	partido	
	
INFLUÊNCIA		
Intensa:	“lista	de	tarefas”	
dos	eleitores	para	o	eleito,	
que	deve	cumprir	
Fraca:	eleitores	só	tem	
força	quando	vão	às	
urnas	
Média:	partidos	políticos	
abrem-se	à	participação	
das	massas	
	
INTERRUPÇÃO	
Possibilidade	de	
interrupção	prematura	do	
mandato	
Ingerências	são	
desestimuladas	ou	
combatidas	
Há	canais	de	democracia	
participativa	e	controle	de	
constitucionalidade	
	
ADVERSÁRIO	
O	monarca	(contexto	da	
bipartição)	
Os	interesses	parciais	
no	Parlamento	
Os	extremismos	
ideológicos	
	
	
FIM	DA	
HEGEMONIA	
LIBERAL
NECESSIDADE	
DE	NOVA	
TEORIA	DO	
MANDATO
TEORIA	DO	
MANDATO	
PARTIDÁRIO
	
19	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
3.	SISTEMAS	DE	GOVERNO	
3.	1.	PARLAMENTARISMO	
O	parlamentarismo	foi	produto	de	uma	longa	evolução	histórica,	não	tendo	sido	previsto	por	qualquer	teórico,	
nem	se	tendo	constituído	em	objeto	de	um	movimento	político	determinado.	Suas	características	foram	se	definindo	
paulatinamente,	 durante	 muitos	 séculos,	 até	 que	 se	 chegasse,	 no	 final	 do	 século	 XIX,	 à	 forma	 precisa	 e	 bem	
sistematizada	que	a	doutrina	batizou	de	parlamentarismo.	Assim,	ele	não	foi	planejado,	racionalizado,	mas	surgiu	aos	
poucos,	com	a	presença	de	fatos	acidentados	e	de	várias	influências	ideológicas	diferentes.	17	
	
Através	 de	 uma	 longa	 sequência	 de	 acontecimentos,	 foram	 sendo,	 gradualmente,	 estabelecidas	 as	
características	do	parlamentarismo.	É	preciso	lembrar	que,	não	obstante	ter	nascido	na	Inglaterra,	onde	coexistem	a	
monarquia	e	o	sistema	partidário,	o	parlamentarismo	foi	implantado	também	em	Estados	que	têm	governo	republicano	
e	 sistema	 pluripartidário,	 o	 que	 obrigou	 a	 certas	 adaptações,	 indispensáveis	 para	 possibilitar	 o	 funcionamento	 do	
sistema.	18	
	
3.	1.	1.	CARACTERÍSTICAS	BÁSICAS	
• Distinção	entre	Chefia	de	Estado	e	Chefia	de	Governo:	
	
	
																																																													
17	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	229.	
18	Ibidem.	p.	232.	
• É	o	Presidente	da	República	ou	o	Monarca.
• Se	caracteriza	por	ser	o	defensor	político	da	constituição	e	defender	os	
valores	do	país.
•Não	participa	das	decisões	políticas,	exercendo,	preponderantemente, uma	
função	de	representação	do	Estado.
• Além	de		atuar	como	vínculo	moral	do	Estado,	colocado	acima	das	disputas
políticas,	ele	desempenha	um	papel	de	especial	relevância	nos	momentos	
de	crise,	quando	é	necessário	indicar	um	novo	Primeiro-Ministro	à	
aprovação	do	Parlamento.	Essa	indicação	é	extremamente	difícil,	pois	deve	
ser	escolhido	alguém	que	revele	estar	em	condições	de	compor	um	
Gabinete	que	obtenha	a	aprovação	da	maioria	parlamentar.
CHEFIA	DE	ESTADO
• É	o	Primeiro	Ministro.
• Papel	ativo:	é	ele	quem	exerce	o	Poder	Executivo.
• Primeiro	Ministro	só	pode	assumir	a	chefia	do	governo	e	se	manter	nela	
com	a	aprovação	da	maioria	parlamentar.
• Realizador	de	políticas	públicas	do	governo:	"governar	é	formular	políticas	e	
concretizá-las".
CHEFIA	DE	GOVERNO
	
20	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	
	
	
• Responsabilidade	coletiva	do	Governo:			
	
Se	o	gabinete	cair,	caem	todos	os	membros	que	o	constituem.	Nota	que	o	Gabinete	é	diferente	do	Ministério:	
o	Gabinete	é	o	órgão	composto	por	alguns	ministros	(1o	Ministro	e	outros	mais	importantes),	enquanto	o	Ministério	é	
o	conjunto	de	todos	os	ministros	(os	do	gabinete	e	os	outros	da	administração	pública).	
	
	
• Responsabilidade	do	Governo	perante	o	Parlamento:		
	
A	 responsabilidade	 do	 governo	 é	 perante	 a	maioria	 parlamentar,	 pois	 ela	 faz	 –	 ou,	 se	 desejar,	 desfaz	 –	 	 o	
governo.	Ainda	que	o	ato	formal	de	designar	o	governo	seja	do	Chefe	de	Estado,	ele	é,	na	verdade,	o	reflexo	da	maioria	
parlamentar.	O	fato	de	a	maioria	parlamentar	escolher	e	demitir	o	governo	posiciona	a	mesma	no	centro	das	atenções,	
juntamente	com	o	Gabinete.	Assim,	o	sistema	partidário	tende	a	amadurecer.	
	
Dessaforma,	 o	 Chefe	 de	 governo,	 aprovado	 pelo	 Parlamento,	 não	 tem	mandato	 com	 prazo	 determinado,	
podendo	permanecer	no	cargo	por	alguns	dias	ou	por	muitos	anos,	ambas	as	hipóteses	já	tendo	ocorrido	na	prática.	Há	
dois	fatores	que	podem	determinar	a	demissão	do	Primeiro-Ministro	e	de	seu	Gabinete:	a	perda	da	maioria	parlamentar	
ou	o	voto	de	desconfiança.19	
	
																																																													
19	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	233.	
	
CHEFE DE 
ESTADO 
CHEFE DE 
GOVERNO 
CONSTITUIÇÃO 
DESRESPEITADA 
ADVERTÊNCIA 
	
21	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	
	
	
o Tipos	de	Moção	de	Desconfiança:	
	
§ Moção	de	Desconfiança	Simples:		
⇒ Mais	 frequente,	 é	 a	 reunião	 dos	 votos	 necessários	 para	 derrubar	 o	 gabinete.	 As	 exigências	 de	
conteúdo	e	de	quórum	variam	de	país	para	país.	
	
§ Moção	de	Desconfiança	Construtiva:		
⇒ Criada	pelos	alemães;		
⇒ Deve	reunir	votos	para,	além	de	derrubar	o	gabinete,	já	apresentar	a	nominata	de	outro,	o	que	evita	
a	instabilidade	dos	gabinetes.		
• OBS:	 quando	 o	 novo	 gabinete	 demora	 para	 ser	 escolhido,	 2	 fatores	 são	 importantes	 para	 a	
manutenção	da	estabilidade:	1)	O	ministro	anterior	continua	exercendo	suas	funções	até	que	
seja	substituído	pelo	próximo	gabinete;	2)	A	administração	pública,	poder	separado,	é	técnica,	
imparcial,	apartidária	e	estável.	
	
	
• Num	sistema	bipartidário,	quando	se	realizam	eleições	para	o	
Parlamento,	a	chefia	do	governo	está	sempre	em	jogo.	
• Se	o	partido	a	que	pertence	o	Primeiro-Ministro	conseguir	manter	a	
maioria	parlamentar,	ele	permanece	no	cargo.
• Se	o	maior	número	de	cadeiras	for	conquistado	por	outro	partido,	este,	
automaticamente,	adquire	a	chefia	do	governo,	devendo	ser	escolhido,	
entre	os	seus	membros,	o	novo	Primeiro	Ministro.
PERDA	DA	MAIORIA	PARLAMENTAR
• Se	um	parlamentar	desaprova,	no	todo	ou	num	importante	aspecto	
particular,	a	política	desenvolvida	pelo	Primeiro-Ministro,	propõe	um	voto	
de	desconfiança.
• Se	este	for	aprovado	pela	maioria	parlamentar,	 isso	revela	que	o	Chefe	do	
Governo	está	contrariando	a	vontade	da	maioria	do	povo,	de	quem	os	
parlamentares	são	representantes.	Assim,	deve	demitir-se.
VOTO	DE	DESCONFIANÇA
REGIME DE MOÇÕES: 
Negativamente,	o	regime	como	moções	é	 instável,	uma	vez	que	podem	cair	os	gabinetes	a	qualquer	
momento	–	situação	a	qual	pode	gerar	um	caos	político.	Por	outro	lado,	o	uso	dessas	moções	resolve	a	crise	de	
governabilidade	de	forma	rápida,	permitindo	a	eficaz	e	ágil	substituição	do	chefe	de	governo	da	situação	por	
outro.		
	
Não	confundir	as	moções	contra	o	gabinete	com	o	impeachment	(presidencialismo),	que	envolve	crime	
de	responsabilidade!	
	
	
22	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
	
	
OBS:	A	Constituição	elenca	como	crimes	de	responsabilidade	os	atos	do	presidente	da	República	que	atentam	
contra:	a	própria	Constituição,	a	existência	da	União;	o	livre	exercício	dos	Poderes	Legislativo	e	Judiciário,	do	Ministério	
Público	e	dos	estados;	o	exercício	dos	direitos	políticos,	individuais	e	sociais;	a	segurança	interna	do	país;	a	probidade	
administrativa;	a	lei	orçamentária;	o	cumprimento	da	lei	e	das	decisões	judiciais.	
	
	
• Mandato	do	Primeiro	Ministro:		
	
Conforme	visto	anteriormente,	o	1
o
	Ministro	não	tem	mandato	fixo	–	podendo	durar	dias	ou	anos,	de	acordo	
com	 as	 circunstâncias	 políticas	 –	 e	 pode	 ter	 fim	 com	 a	 perda	 da	 maioria	 parlamentar	 ou	 com	 uma	 moção	 de	
desconfiança.		
	
o Dissolução	do	Parlamento:			
	
Uma	característica	importante	do	sistema	inglês	é	a	possibilidade	de	ser	dissolvido	o	Parlamento,	considerando-
se	 extinto	 o	mandato	 dos	membros	 da	 Câmara	 dos	 Comuns	 antes	 do	 prazo	 normal.	 Isso	 pode	 ocorrer	 visando	 à	
ampliação	da	maioria	parlamentar	ou	com	a	intenção	de	evitar	a	ocorrência	de	uma	moção	de	desconfiança.	20	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
																																																													
20	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	233.	
	 MOÇÃO	DE	DESCONFIANÇA	 IMPEACHMENT	
FREQUÊNCIA	 Usual	 Extraordinário	
PRESSUPOSTO	 Crise	de	Governabilidade	–		
Incompatibilidade	1o	Ministro	e	Maioria	
Parlamentar.	Por	“governo	ruim”	
Crime	de	Responsabilidade:	requisito	
jurídico:	não	basta	o	governo	ser	ruim,	ele	
deve	ter	cometido	crime.	
PROCEDIMENTO	 Simples	e	célere	(rápido)	 Processo,	exige	contraditório	(constatação)	
CONSEQUÊNCIAS	 Não	tem	caráter	punitivo:	queda	do	
governo	(gabinete),	devido	à	sua	
responsabilidade	coletiva	
Tem	caráter	punitivo:	acarreta	na	perda	do	
cargo	a	na	inabilitação	para	cargos	públicos	
por	8	anos	
NATUREZA	 Puramente	Política	 Natureza	híbrida	Político-jurídica	
• Quando	o	Primeiro-Ministro	percebe	que	só	conta	com	uma	
maioria	e	acredita	que	a	realização	de	eleições	gerais	irá	
resultar	numa	ampliação	dessa	maioria	favorável	a	ele.
AMPLIAÇÃO	DA	MAIORIA
• Quando	o	Primeiro-Ministro	recebe	um	voto	de	desconfiança	
mas	entende	que	o	Parlamento	é	que	se	acha	em	desacordo	
com	a	vontade	popular.
• Essa	situação	é,	principalmente,	em	países	pluripartidários.
NEGAÇÃO	DE	VOTO DE	DESCONFIANÇA
	
23	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
§ Condições	de	ocorrência:	
⇒ Pressuposto:	 Crise	 Governamental:	 a	 Crise	 Governamental	 significa,	 no	 parlamentarismo,	 uma	
desavença	 entre	 gabinete	 e	 maioria	 do	 parlamento,	 sendo	 que	 pode	 terminar	 em	 Moção	 de	
Desconfiança.		
⇒ Decisão:	cabe	ao	1o	Ministro:	antecipando-se	a	uma	possível	moção	de	desconfiança,	o	1o	Ministro	
pode	dissolver	o	Parlamento,	embasando-se	em	sua	livre	vontade	política.		
⇒ Formalização:	Chefe	de	Estado:	o	Chefe	de	Estado	deve	formalizar	o	pedido.	Não	pode	se	negar	a	
fazê-lo.	
⇒ Risco:	Incerteza	Eleitoral:	não	se	pode	prever	o	resultado	das	eleições.	
	
São	duas	as	armas	políticas:	a	Moção	de	Desconfiança	e	a	Dissolução	do	Parlamento.	A	segunda	é	mais	arriscada,	
uma	vez	que	o	Primeiro	Ministro	não	tem	garantia	alguma	sobre	qual	será	a	reação	do	eleitorado.		
	
Reações	possíveis:	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
		
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
§ Casos	históricos	de	dissolução	do	Parlamento:	
⇒ Caso	1:	O	1º	Ministro	da	Inglaterra,	John	Major,	conservador,	entra	depois	de	Margareth	Tatcher.	
Teve	um	gabinete	tumultuado	pelo	próprio	partido.	Ele	dissolve	o	parlamento	–	que	era	conservador,	
mas	ambíguo	–	e	as	eleições	dão	vitória	à	oposição	(trabalhista),	que	fará	Tony	Blair	1º	Ministro.	A	
expectativa	de	Major	era	conseguir	mais	conservadores	que	o	apoiassem.		
DISSOLUÇÃO DO PARLAMENTO 
3 POSSIBILIDADES 
Eleitorado	renova	a	
Maioria	Parlamentar	
favoravelmente	ao		
1o	Ministro	
1o	Ministro	consegue	
uma	base	de	apoio	
no	Parlamento	+	fiel	
Eleitorado	mantém	a	
Maioria	Parlamentar	
desfavorável	ao		
1o	Ministro	
Eleitorado	renova	a	
Maioria	Parlamentar	
passando	o	poder	à	
antiga	oposição	
	
1o	Ministro	é	
demitido	com	seu	
gabinete	
Minoria	Parlamentar	
se	torna	Maioria	
Parlamentar	
VITÓRIA DO 
1O MINISTRO DERROTA DO 
1O MINISTRO 
DERROTA DO 1O 
MINISTRO E DOS 
EX-PARLAMENTARES 
	
24	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
⇒ Caso	2:	Crise	das	2	dissoluções:	Na	França,	no	século	XIX,	os	Bourbons	voltam	ao	poder	depois	de	
derrotarem	Napoleão	–	famoso	período	de	restauração	da	monarquia.	Luis	XVIII	foi	o	primeiro	da	
dinastia	 Bourbon	 a	 voltar	 ao	 poder.	 Com	 sua	 morte,	 assume	 seu	 irmão	 Charles	 X	 (saudoso	 da	
monarquia	 absolutista),	 que	 realizou	 2	 dissoluções	 (ocorreram	 pelo	 monarca	 porque	 o	
parlamentarismo	ainda	não	estava	consolidado).	Ele	patrocinou	o	partido	conservador.	Na	eleição	
seguinte,	a	direita	ultraconservadora	perdeu.	Charles	faz	uma	dissolução	para	tentar	restaurá-los	no	
poder.	No	entanto,	a	direita	extremista	perde	novamente,	ele	 faz	outra	dissolução.	A	partir	disso	
começa	uma	revolução	popular	que	dá	fim	à	dinastia	Bourbon.	Cria-seuma	nova	constituição	e	se	
institui	o	Rei	Burguês,	Felipe	de	Orleans,	quando	realmente	começa	o	parlamentarismo.	
	
3.	1.	2.	HEXAPARTIÇÃO	DOS	PODERES	APLICADA	AO	PARLAMENTARISMO	
	
	
	
	
	
	
	
	
• Administração	Pública:		
o Adquiriu	sua	independência	como	uma	consequência	do	Estado	Social,	que	trouxe	a	necessidade	de	controle	
de	eventuais	excessos	do	governo.		
o Diferente	do	governo,	ela	é	um	órgão	de	meios,	serviços:	ela	é	quem	oferece	as	condições	para	a	execução	
das	políticas	do	governo.		
o Se	caracteriza	pela	estabilidade,	imparcialidade	e	tomada	de	decisões	técnicas.	
	
• Chefe	de	Estado:		
o Ou	é	o	Monarca	(monarquia)	ou	é	o	Presidente	(república).		
o Age	como	defensor	político	da	Constituição.	
	
• Chefe	de	Governo:		
o É	o	Primeiro	Ministro.	
o Responsável	pela	dinâmica	do	sistema.		
	
• Legislativo:		
o Responsável	principal	pela	criação	das	leis.	
	
• Judiciário:		
o Responsável	pela	jurisdição	comum.	
	
• Tribunal	Constitucional:		
o É	o	defensor	Jurídico	da	Constituição,	que,	com	a	jurisdição	constitucional,	cria	um	limite	para	o	governo.		
o Atenção:	NÃO	é	poder	judiciário,	não	constitui	grau	recursal.	
PODER 
MODERADOR 
ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA 
PODER 
EXECUTIVO 
PODER 
LEGISLATIVO 
PODER 
JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL 
CONSTITUCIONAL 
Administração	Civil	
+	
Forças	Armadas	
Chefe	de		
Estado	
1o	Ministro	+	
Gabinete	
Parlamento	
RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA 
	
25	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
O	Chefe	de	Estado	poderá	ser	um	monarca	(em	
monarquias	como	a	Inglaterra)	ou	um	presidente	
(em	repúblicas	como	a	Alemanha).	O	Chefe	de	
Governo	é	escolhido	pelo	Parlamento.	
O	1
o
	Ministro	só	fica	no	poder	enquanto	
mantém	o	apoio	do	Parlamento,	de	forma	que	
não	existe	um	tempo	definido.	Há	maior	
dependência,	portanto,	entre	os	parlamentares	
e	o	chefe	do	Executivo.	
3.	1.	3.	SÍNTESE	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
ELEIÇÕES ESCOLHA 
PARLAMENTO 
ESCOLHA 
1O MINISTRO 
CHEFE DE GOVERNO 
EXEMPLOS 
	
26	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
3.	1.	4.	CASOS	DE	PARLAMENTARISMO	
	
A	compatibilidade	de	um	indivíduo	ser	parlamentar	e	membro	do	gabinete	ao	mesmo	tempo	depende	do	rigor	
da	Separação	de	Poderes.	Se	for	possível	ser	membro	dos	dois,	há	um	menor	nível	de	rigor	entre	a	Separação.	A	França	
tem	uma	rigorosa	Separação	de	Poderes,	sendo	ela	o	exemplo	de	país	que	existe	essa	incompatibilidade	(art.	23	da	
Constituição	Francesa).	
	
• Observações:	
o O	gabinete	responsável	perante	tanto	a	Câmara	baixa	e	pela	alta	simultaneamente,	como	é	no	caso	da	Itália,	
cria	um	elemento	de	estabilidade	para	o	Primeiro	Ministro.	
o Um	primeiro	ministro	que	é	capaz	de	dissolver	tanto	a	câmara	baixa	quando	a	alta	tem	mais	força	do	que	um	
chefe	de	governo	cujo	poder	de	dissolução	apenas	alcança	a	Câmara	Baixa.	
o Nos	 países	 em	 que	 a	 responsabilização	 do	 primeiro	 ministro	 ocorre	 somente	 perante	 uma	 das	 casas	 do	
legislativo,	apesar	de	criar	um	elemento	de	instabilidade	política,	acaba	por	tornar	mais	célere	a	resolução	de	
crises	de	governabilidade.	
	
	
3.	1.	4.	1.	PARTICULARIDADES	DO	PARLAMENTARISMO	INGLÊS	
• Shadow	Cabinet	(gabinete	sombra):		
	
É	 um	 instituto	 típico	 do	 parlamentarismo	 inglês,	 reconhecido	 desde	 1937,	 como	 um	 gabinete	 não	 oficial	
formado	 pela	 oposição	 para	 assumir,	 caso,	 eventualmente,	 o	 gabinete	 oficial	 seja	 deposto.	 O	 Shadow	 Cabinet	 é	
oficialmente	reconhecido,	recebendo	os	seus	membros	inclusive	remuneração,	correspondente,	aproximadamente,	a	
metade	 do	 salário	 dos	membros	 do	 gabinete	 oficial.	 Esse	 gabinete	 vai	 analisando	 propostas,	 o	 que	 garante	maior	
estabilidade	para	o	eleitorado.	A	sua	existência	qualifica	o	governo,	permite	debates	entre	oposição	e	governo.	
	
• Constituição	inglesa:		
	
Ela	é	esparsa,	repleta	de	costumes	e	leis	não	codificados.	Não	existe	um	livro	que	compile	ou	que	codifique	a	
Constituição	inglesa.	
	
• Parlamento	inglês:		
	
Na	 tradição	 constitucional	 inglesa,	há	o	bicameralismo	de	Montesquieu,	 sendo	o	parlamento	 formado	pela	
Câmara	Alta,	pela	Câmara	Baixa	e	pelo	Monarca.	
	
• Poderes	intangíveis	do	monarca:		
	
São	aqueles	poderes	que	existem,	mas	são	de	difícil	visualização	no	concreto,	ou	seja,	têm	uma	difícil	percepção	
imediata.	Eles	podem	se	materializar	por	meio	de	influência	do	monarca	no	andar	político	do	país.	Além	disso,	para	a	
	 INGLATERRA	 ESPANHA	 ALEMANHA	 ITÁLIA	
RESPONSABILIDADE	DO	
GABINETE	PERANTE	A	QUEM?	
	
Câmara	Baixa	
	
Câmara	Baixa	
	
Câmara	Baixa	
Câmara	Baixa	e	
Câmara	Alta	
DISSOLUÇÃO	DO	PARLAMENTO;	
QUAIS	CASAS?	
Apenas	a	
Câmara	Baixa	
Câmara	Baixa	e/ou	
Câmara	Alta	
Apenas	a	
Câmara	Baixa	
Câmara	Baixa	e/ou	
Câmara	Alta	
COMPATIBILIDADE	ENTRE	SER	
MEMBRO	DO	GABINETE	E	
PARLAMENTAR	
	
Sim	
	
Sim	
	
Sim	
	
Sim	
	
27	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
nomeação	de	alguns	cargos,	bem	como	para	a	dissolução	do	parlamento,	é	necessária	a	 formalização	do	Chefe	de	
Estado,	no	caso	inglês,	do	monarca.	Assim,	por	causa	dessas	solenidades	e	formalidades,	o	chefe	de	Estado	é	capaz	de	
influenciar	os	rumos	políticos	do	país	
	
• Escolha	do	primeiro	ministro:		
	
Por	via	de	regra,	o	partido	vencedor	das	eleições	(aquele	que	obteve	a	maioria	das	cadeiras	do	parlamento	
inglês)	já	tem	um	líder,	que	se	tornará	o	primeiro	ministro.		
	
Isso	ocorre	sempre	quando	se	trata	do	partido	trabalhista	e	na	maioria	das	vezes	com	o	conservador.	Pode	
ocorrer	de,	quando	os	Torys	se	afirmarem	como	o	partido	vencedor,	não	existir	a	figura	de	um	líder	pré-determinado.	
Assim,	o	primeiro	ministro	escolhido	pelo	monarca	se	torna	o	líder	do	partido.	Quando	há	empate	nas	eleições	1/3	dos	
votos	para	cada	partido	(Liberais,	Trabalhistas	e	Conservadores)	cabe	ao	monarca	decidir	qual	dos	líderes	dos	partidos	
que	será	o	1º	Ministro.	Essa	situação	só	ocorreu	uma	vez.		
3.	2.	PRESIDENCIALISMO	
O	presidencialismo	também	não	foi	produto	de	uma	criação	teórica,	não	havendo	qualquer	obra	ou	autor	que	
tivesse	traçado	previamente	suas	características	e	preconizado	sua	implantação.	No	entanto,	ele	não	resultou	de	um	
longo	e	gradual	processo	de	elaboração.		
	
Ele	 foi	 uma	 criação	 americana	 do	 século	 XVIII,	 sendo	 resultado	 da	 aplicação	 das	 ideias	 democráticas,	
concentradas	na	liberdade	e	na	igualdade	dos	indivíduos	e	na	soberania	popular.	A	péssima	lembrança	que	tinham	da	
atuação	 do	monarca,	 somada	 com	 a	 influência	 dos	 autores	 iluministas,	 determinou	 a	 criação	 de	 um	 sistema	 que,	
consagrando	a	soberania	da	vontade	popular,	adotava	ao	mesmo	tempo,	um	mecanismo	de	governo	que	impedia	a	
concentração	do	poder.	O	sistema	presidencial	norte-americano	aplicou,	com	o	máximo	rigor	possível,	o	princípio	dos	
freios	e	contrapesos,	contido	na	doutrina	da	separação	dos	poderes.	21	
	
Assim,	o	sistema	presidencialista	nasceu	na	Convenção	da	Filadélfia	de	1787,	pelos	pais	fundadores	liberais	dos	
EUA.	Em	um	contexto	com	ideologia	liberal	dominante,	o	presidencialismo	foi	pensado	para	funcionar	em	um	Estado	
Liberal,	ou	 seja,	em	um	Estado	 fraco.	 Seus	 idealizadores	 se	distanciaram	do	Rei	da	 Inglaterra,	pois	não	gostavam	e	
desconfiavam	do	governo,	querendo	que	ele	fosse	o	mais	limitado	possível.	Por	conseguinte,	queriam	que	o	governo	
não	funcionasse	e	deixasse	tudo	na	mão	invisível	do	mercado,	ou	seja,	a	tendência	natural	é	o	choque.	
	
Os	fundadores	do	Estado	norte-americano	tinham	plena	consciência	de	estarem	criando	uma	nova	forma	de	
governo.	Na	medida	do	possível,	aplicaram	as	ideias	de	Montesquieu,	relativas	à	liberdade,	à	igualdade	e	à	soberania	
popular.		
	
Além	 disso,	 atentaram	 para	 as	 necessidades	 práticas,	 procurando	 conciliar	 os	 conflitos	 de	 interesses	 e	 de	
tendências	registrados	entre	os	constituintes,	criando	um	sistema	de	governo	suficientemente	forte	e	eficiente	para	
cumprir	suas	tarefas	e	convenientemente	contido	para	não	degenerar	num	absolutismo.	22	
	
Na	 AméricaLatina,	 o	 problema	 é	 que	 eles	 adotaram	 o	 sistema	 norte-americano,	 idealizado	 segundo	 as	
necessidades	daquele	povo,	que	obviamente,	não	eram	as	mesmas	que	as	suas,	ou	seja,	era	incompatível.	Assim,	ou	o	
presidente	anda	em	desacordo	com	a	Maioria,	ou	ele	a	coage	para	seus	interesses.		
	
																																																													
21	DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	237.	
22	Ibidem.	p.	238.	
	
28	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
PAÍS	 BRASIL	 ESTADOS	UNIDOS	
	
FONTE	REAL	DO	PODER	
	
	
Enraizado	na	autoridade	ou	no	estamento	
burocrático	que	controla	o	governo.	
	
Emana	do	povo.	
	
FISCALIZAÇÃO	E	
CONTROLE	DOS	
GOVERNANTES	
	
	
Vida	comunitária	fraca,	opinião	pública	
mal	organizada	e	espírito	público	ausente.	
Comunidade	pouco	reage	aos	abusos	do	
governante.	
	
Povo	com	forte	capacidade	
associativa.	Opinião	pública	tem	
instrumentos	capazes	para	se	
manifestar.	
	
TRANSFORMAÇÕES	
POLÍTICAS	E	SOCIAIS	
	
	
As	principais	transformações	ocorreram	
através	de	movimentos	de	cúpula,	com	
outorgas	posteriores	à	sociedade.	
	
Conquistas	obtidas	por	meio	de	
movimentos	populares	de	grande	
abrangência.	
	
CARÁTER	SOCIOLÓGICO	E	
PSÍQUICO	DO	POVO	
	
Paternalismo:	o	brasileiro	enxerga	no	
Estado	a	figura	de	um	pai,	criador	e	
protetor.	
	
Ao	norte-americano	médio,	
repugna	depender	do	Estado.	
	
3.	2.	1.	CARACTERÍSTICAS	BÁSICAS	
• Indistinção	entre	Chefia	de	Estado,	Chefia	de	Governo	e	Chefia	da	Administração:		
	
Ambas	 funções,	 no	 presidencialismo,	 competem	 ao	 Presidente	 da	 República,	 que	 é	 o	 ativo	 defensor	 das	
políticas	públicas	e	é	o	 responsável	por	 resguardar	os	valores	nacionais.	A	crítica	 feita	é	a	 incompatibilidade	dessas	
funções,	pois	o	presidente	seria,	analogicamente,	o	jogador	e	o	árbitro.		
	
Além	disso,	principalmente	na	América	Latina,	há	o	problema	que	o	comandante	das	forças	armadas	é	o	chefe	
de	Estado.	Assim,	os	governos	presidencialistas	utilizam	as	forças	armadas	para	reprimir	a	oposição,	potencializando	
golpes	de	Estado	e	golpes	militares.	
	
• Mandato	do	presidente:		
	
O	presidente	tem	um	mandato	fixo	e	predeterminado.	No	entanto,	através	do	Impeachment,	pode	o	Presidente	
da	República	ser	destituído	de	seu	mandato.	A	substituição	de	um	governo	ineficiente	ou	fracassado	exige,	via	de	regra,	
uma	ruptura	das	instituições,	tratando-se	de	um	episódio	traumático.	O	Presidente	não	tem,	muitas	vezes,	o	apoio	da	
maioria	parlamentar,	não	é	escolhido	pela	mesma.	Mas	não	pode	ser	responsabilizado	politicamente,	inexiste	moção	
de	desconfiança.	
	
• Partidos	Políticos:		
	
Quanto	à	fidelidade	partidária,	para	agir,	o	Presidente	da	República,	se	não	dispuser	de	maioria	do	Legislativo,	
deve	 contar	 com	uma	porção	 infiel	 da	 oposição	 que	 seja	 favorável	 a	 ele.	Nesse	 contexto,	 a	 infidelidade	 é	 um	mal	
necessário.	 A	 constante	 necessidade	 de	 formação	 de	 maioria	 parlamentar	 enfraquece	 os	 partidos	 políticos,	 cujos	
membros	devem	ser	atraídos	a	por	favores	e	benefícios	a	cada	votação	importante.	Os	partidos	são	pragmáticos.	
	
	
	
	
29	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
• Inexistência	da	responsabilidade	civil	coletiva	perante	o	Parlamento:		
	
Não	 existe	 a	 possibilidade	 de	 a	 Maioria	 Parlamentar	 fazer	 ou	 desfazer	 o	 governo.	 Os	 ministros	 do	
presidencialismo	são	de	livre	nomeação	e	exoneração	pelo	presidente	da	República.	O	governo	é	a	principal	garantia	
de	estabilidade.	
	
• Poder	de	veto	do	presidente:		
	
Orientando-se	 pelo	 princípio	 da	 separação	 dos	 poderes,	 os	 constituintes	 norte-americanos	 atribuíram	 ao	
Congresso,	composto	de	Câmara	e	Senado,	a	totalidade	do	Poder	Legislativo.	Entretanto,	para	que	não	houvesse	o	risco	
de	uma	verdadeira	ditadura	do	Legislativo,	reduzindo-se	o	chefe	do	Executivo	à	condição	de	mero	executor	automático	
das	leis,	lhe	foi	concedida	a	possibilidade	de	interferir	no	processo	legislativo	através	de	veto.		
	
Os	projetos	aprovados	pelo	Legislativo,	a	não	ser	que	se	tratem	de	uma	das	raras	hipóteses	de	competência	
exclusiva	deste,	devem	ser	remetidos	ao	Presidente	da	República	para	receberem	sua	sanção,	que	é	a	manifestação	de	
concordância.	 Se	 ele	 considerar	 o	 projeto	 inconstitucional	 ou	 inconveniente,	 veta-o,	 negando-lhe	 sanção	 e	
comunicando	o	veto	ao	Legislativo.	Este	deve,	então,	apreciar	o	veto	do	presidente	mediante	votação	especial.	Se	o	
acolher,	o	projeto	será	rejeitado,	mas,	se,	pelo	contrário,	houver	rejeição	do	veto,	o	projeto	se	considera	aprovado,	
mesmo	contra	o	desejo	expresso	do	chefe	do	Executivo.23	
	
3.	2.	2.	TRIPARTIÇÃO	DOS	PODERES	APLICADA	AO	PRESIDENCIALISMO	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
É	 a	 tripartição	 idealizada	 por	 Montesquieu,	 com	 a	 substituição	 do	 monarca	 pelo	 presidente.	 A	
independência	dos	poderes,	no	presidencialismo,	se	dá	no	sentido	de	que	não	há	subordinação	entre	eles,	não	há	
supremacia	de	um	sobre	o	outro.	São	independentes	dentro	das	atribuições	que	a	Constituição	lhes	outorga,	mas	
colaboram	e	se	limitam	reciprocamente.24	
	
	
	
	
	
	
																																																													
23		DALLARI,	Dalmo	de	Abreu.	Elementos	de	teoria	geral	do	Estado.	30a	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	2011.	p.	241.	
	
24	AZAMBUJA,	Darcy.	Teoria	geral	do	Estado.	São	Paulo:	Globo,	2008.	p.	324.	
PODER 
JUDICIÁRIO 
Presidente	
PODER 
LEGISLATIVO 
CHEFE DE 
ESTADO 
CHEFE DE 
GOVERNO 
	
30	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
O	mandato	do	presidente	tem	um	tempo	fixado	por	lei,	
não	sendo	tão	flexível.	Em	diversos	países,	há	a	possibilidade	
de	reeleição.	Não	havendo	crime	de	responsabilidade,	que	
gere	um	impeachment	legítimo,	ou	um	golpe,	o	presidente	
se	mantém	até	o	fim	do	seu	mandato.	
Não	existe	1
o
	Ministro:	nesse	sistema,	as	funções	de	
Chefe	de	Estado	e	de	Chefe	de	Governo	são	exercidas	
pela	mesma	pessoa	–	o	presidente.	
3.	2.	3.	SÍNTESE	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
ELEIÇÕES 
ESCOLHA 
PRESIDENTE 
CHEFE DE ESTADO 
E CHEFE DE GOVERNO 
EXEMPLOS 
ESCOLHA 
PARLAMENTO 
	
31	
FERNANDA	MAGNI	BERTHIER	
3.	3.	SEMIPRESIDENCIALISMO	
Pós	2
a
	Guerra,	antes	do	semipresidencialismo,	a	França	adotava	um	Parlamentarismo	Clássico,	previsto	
pela	Constituição	da	Quarta	República	Francesa	(1946).	Esse	sistema	era	caracterizado	pelo	Chefe	de	Estado	eleito	
indiretamente,	pelo	Parlamento,	e	tendo	poderes	discretos.	
Ela	encontrava-se	extremamente	debilitada.	Até	a	2
a
	Guerra	Mundial,	era	uma	potência	colonial,	mas,	em	
1954,	perde	a	 Indochina,	e,	em	1958,	está	prestes	a	perder	a	Argélia,	 tendo	uma	considerável	redução	de	seu	
território.	Esse	processo	foi	muito	traumático,	gerando	grandes	abalos	na	França.		
Os	 vários	 gabinetes	 subsequentes	 não	 conseguem	 resolver	 o	 problema	 da	 independência	 da	 Argélia.	
Assim,	para	resolver	a	crise,	os	franceses	chamam	o	general	De	Gaulle.	
Em	face	do	momento	de	dificuldade,	De	Gaulle	aceitava	ser	1
o
	Ministro	com	a	condição	de	que	uma	nova	
Constituição	 fosse	 feita.	 Isso	promoveu	 a	 passagem	da	4
a
	 para	 a	 5
a
	 República	 Francesa,	 com	a	 elaboração	da	
outorgada	 Constituição	 de	 1958,	 ainda	 vigente.	 Essas	 alterações	 acabaram	 por	 criar	 um	 contexto	 de	 maior	
estabilidade,	coadunando	com	o	espírito	francês.	
A	 mentalidade	 da	 reforma	 de	 De	 Gaulle	 era	 a	 desconfiança	 em	 relação	 aos	 partidos	 políticos	 e	 ao	
Parlamento	–	pois	acreditava	que	os	extremismos	partidários	representavam	um	enfraquecimento	através	das	
disputas	políticas;	o	reforço	da	Chefia	de	Estado	(transferência	de	parte	do	poder	do	Parlamento	para	o	presidente)	
e	a	presença	de	um	certo	saudosismo	em	relação	à	monarquia.	
	
3.	3.	1.	CARACTERÍSTICAS	BÁSICAS	
• Presidente	da	República	é	eleito	diretamente:	ele	passa	a	ser	um	novo	polo	do	poder	político	ao	lado	do	parlamento,	
enquanto,	no	parlamentarismo	puro,	o	centro

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