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CITOLOGIA ESFOLIATIVA APOSTILA

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CITOLOGIA ESFOLIATIVA
Elementos celulares normais
Células epiteliais escamosas normais
Todos os tecidos são compostos por células, e as mesmas são as unidades fundamentais da vida. Existem inúmeras variações entre as células do corpo. Certas estruturas, no entanto, são básicas e comuns a todas as células. 
A citologia esfoliativa estuda as células descamadas. A melhor ilustração da descamação de células epiteliais se observa nos epitélios de múltiplas camadas, por exemplo: o crescimento de um epitélio estratificado começa das células da zona basal, logo acima da membrana basal. As células da zona basal se proliferam em número, empurrando para cima, isto é, para a superfície, as células mais maduras e mais velhas, que vão, assim, ocupar a camada acima designada zona parabasal. Por sua vez as células desta zona avançam para a zona intermediária. Portanto, é na superfície do epitélio, onde estão as mais maduras, as células superficiais, e sua posição superficial facilita a sua esfoliação.
Classicamente há quatro tipos celulares no epitélio escamoso cérvico-vaginal, cujos nomes correspondem à sua localização no epitélio escamoso estratificado, não queratinizado, totalmente maduro:
células superficiais
células intermediárias
células parabasais
células basais
As células vindas das camadas superiores do epitélio escamoso estratificado, não queratinizado, constituem os tipos celulares mais comuns nos esfregaços da vagina e cérvix uterina e são as células do tipo superficial e intermediário.
Células superficiais
As células superficiais são as maiores de todas as células do esfregaço vaginal e se caracterizam pela picnose de seus núcleos. Elas geralmente se apresentam sob o aspecto de grandes placas finas, poliédricas, com contorno bem delimitado. São células relativamente grandes, de formato poligonal, com um citoplasma plano, delicado, transparente, eosinofílico (rosa) ou cianofílico (azul/verde pálido) pelas técnicas usuais de coloração. As propriedades de coloração do citoplasma dependem do estado de maturação celular; as células eosinofílicas são as mais maduras. Devido à delicadeza do citoplasma, pregueamento ou enrolamento da célula é comum.
Pequenos grânulos marrom escuro são frequentemente visíveis no citoplasma e sua presença é estrogênio dependente.
À medida que o epitélio amadurece, os núcleos tornam-se picnóticos e a viragem citoplasmática, de cianófila em eosinófila, se faz paralelamente.
As grandes células superficiais eosinofílicas com núcleos picnóticos correspondem ao grau máximo de maturação do epitélio. Fragmentação do núcleo picnótico (cariorrexis) é frequente.
A maturação completa do epitélio raramente ocorre na ausência de estrogênio, e a picnose nuclear das células superficiais é uma ótima evidência morfológica do pico da atividade estrogênica. Na mulher em atividade genital, as células superficiais e intermediárias predominam nos esfregaços.
Células intermediárias
São células poligonais e o tamanho varia, ficando entre as células maduras superficiais e metade deste tamanho. O citoplasma é geralmente basofílico, podendo ser relativamente transparente nas células maiores, mas é frequentemente mais denso que o das células escamosas mais maduras. 
A principal diferença entre as células intermediárias e superficiais é o núcleo, que é redondo ou oval, com mais ou menos 2 ou 3 vezes o tamanho do encontrado nas células superficiais, sendo, frequentemente, vesicular. A cromatina é homogênea, uniformemente granular e cromatina sexual pode ser observada dentro destes núcleos.
Uma variante da célula intermediária é a célula navicular, observada na gravidez, recebendo este nome por se assemelhar a barcos.
Estas células têm um formato angulado ou elipsóide, podendo apresentar núcleos achatados deslocados da sua posição central habitual, e seu citoplasma contém glicogênio. Células similares podem ser vistas na menopausa.
A quantidade de células superficiais e intermediárias no esfregaço varia de acordo com a fase do ciclo menstrual. As células intermediárias são mais frequentes na 2ª fase do ciclo e as células superficiais são mais numerosas na época da ovulação.
Sob certas circunstâncias fisiológicas ou patológicas (gravidez, menopausa, deficiência hormonal, inflamação) o epitélio escamoso vaginal pode não completar a maturação e neste caso as células intermediárias podem ser a população preponderante no esfregaço.
Células parabasais
Apresentam tamanhos variados. O citoplasma é denso, comumente basofílico (cianofílico) e ocasionalmente contém pequenos vacúolos. Exposições ao ar e dessecamento podem torná-la eosinofílica. Frequentemente tem o formato redondo ou oval, com bordos citoplasmáticos lisos, resultado da contração do citoplasma após a morte celular. Nos grupamentos de células parabasais retirados do epitélio e imediatamente fixados, as células parabasais são frequentemente anguladas e de formato poligonal irregular. 
Por vezes pode ser difícil distinguí-las das células metaplásicas, principalmente em esfregaços atróficos.
Os núcleos das células parabasais bem preservadas são redondos ou ovais, e aproximadamente do mesmo tamanho do núcleo vesicular das células intermediárias. Podem conter cromatina finamente granular e nucléolos são raramente vistos. Como o núcleo ocupa uma área relativamente maior do volume celular total, pode dar a ilusão de ser maior que o núcleo da célula intermediária.
Células basais
São células pequenas, ovais ou redondas. Nos esfregaços se assemelham a células parabasais muito pequenas. O citoplasma é basofílico (cianofílico), uniformemente distribuído e escasso. O núcleo é do mesmo tamanho do das células parabasais, porém, devido ao pequeno tamanho das células, parece ser maior. A cromatina é granular e ocasionalmente pode ser observado pequeno nucléolo redondo. São raramente observadas no esfregaço de Papanicolaou, exceto em casos de atrofia severa, quando estão usualmente associadas com o tipo celular maduro mais próximo: a célula parabasal.
Outros tipos celulares epiteliais escamosos
Células escamosas anucleadas (escamas)
São células escamosas sem núcleo. A área anteriormente ocupada pelo núcleo pode aparecer como uma zona pálida ou “fantasma nuclear”. A coloração do citoplasma pode ser eosinofílica, alaranjada, amarelada ou avermelhada. Quando presentes em grande número indicam uma formação excessiva de queratina na superfície do epitélio escamoso estratificado. Na ausência de outras anormalidades epiteliais, as escamas anucleadas são mais frequentemente observadas nos casos de prolapso uterino. Frequentemente associado à presença de escamas anucleadas vemos células escamosas superficiais contendo numerosos grânulos pequenos, discretos, no citoplasma, que são os grânulos queratohialinos e estas células presumivelmente se originam da camada granular do epitélio ectocervical.
Células de metaplasia escamosa
São comumente observadas em esfregaços da cérvix uterina. Seu número depende da localização e extensão da alteração epitelial na zona de transformação além do método utilizado para a colheita. Pode haver dificuldade para reconhecê-la, pois a metaplasia escamosa é representada por um espectro de padrões histológicos resultantes da mistura de células de vários graus de maturação no esfregaço.
Tendem a estar isoladas, apenas raramente ocorrendo em grupamentos pequenos, com bordos celulares bem definidos. Seu formato varia de redondo ou oval a poligonal. As células originadas de metaplasia escamosa imatura tendem a ser redondas ou ovais, enquanto as oriundas de um epitélio maduro assumem um formato poligonal.
Células metaplásicas imaturas 	citoplasma homogêneo, denso, predominantemente cianofílico.
Células metaplásicas maduras 	podem ser similares à forma imatura, algumas, contudo parecem ter o citoplasma dividido numa zona densa mais externa e uma zona perinuclear relativamente pálida.
Como as células escamosas metaplásicas tem tamanho e configuraçãosemelhantes aos das células intermediárias, a única característica que as distingue é o citoplasma mais denso das células metaplásicas.
Núcleo		geralmente de localização central e de formato redondo ou oval, a cromatina é finamente granular, uniforme, com raros pequenos cromocentros. 
A distinção morfológica entre célula escamosa de um esfregaço atrófico e células originadas de metaplasia escamosa imatura pode ser impossível. Contudo, em contraste com células de metaplasia escamosa, que geralmente se apresentam isoladas, a mucosa escamosa atrófica é muito frágil e placas de células podem ser arrancadas pelas técnicas de colheita.
Células epiteliais glandulares normais
Células colunares endocervicais (ou cilíndrica endocervical)
Estas células provêm do canal endocervical e podem se misturar com as células descamadas do epitélio vaginal. Os esfregaços vaginais raramente contêm células endocervicais e, quando presentes, raramente estão bem preservadas. Nos esfregaços cervicais elas são mais bem preservadas e apresentam a aparência colunar característica.
Sua frequência nos esfregaços ectocervicais depende do tamanho da zona de transformação, local da junção escamo colunar (JEC), formato da cérvix e tipo de material usado na colheita.
Quando a JEC ocorre na ectocérvice (mulheres jovens e nulíparas), o esfregaço pode conter numerosas células colunares endocervicais; JEC mais alta, no canal endocervical (mulheres mais velhas e multíparas), o esfregaço pode conter poucas ou nenhuma célula colunar endocervical. Elas também são menos prováveis de serem observadas na presença de epitélio ectocervical atrófico ou em associação com certas reações proliferativas benignas (hiperplasia de células de reserva e metaplasia escamosa) ou reações proliferativas anormais (neoplasias intraepiteliais cervicais).
Dois tipos celulares podem ser identificados:
Células secretoras - mais freqüentes
Células ciliadas - menos numerosas
As células colunares endocervicais ocorrem isoladas, em paliçada, em roseta ou em placas. Os grupamentos adotam formas anárquicas ou típicas formações em forma de “colmeia de abelha” ou em “paliçada”. Nos grupamentos achatados, tipo “colmeia de abelha”, a margem estreita do citoplasma achatado pode sugerir uma anormalidade da relação núcleo/citoplasma, mas isto é compensado pela uniformidade do tamanho nuclear. Quando sofrem um estado avançado de degeneração costumam aparecer isoladamente, mostrando apenas seus núcleos desnudos de citoplasma.
A aparência e o tamanho variam de acordo com o tipo da célula, a perspectiva pela qual a célula é vista (tangencial ou lateralmente) e a configuração da célula.
Células secretoras – têm a forma variada, podendo ser estreitas e alongadas ou curtas e largas. O citoplasma, dependendo do grau de degeneração, é claro e finamente vacuolado e fracamente basofílico, mas, ocasionalmente, está cheio de muco claro. O núcleo, de estrutura granulosa, é redondo ou oval e ligeiramente deslocado para a periferia, aproximadamente do mesmo tamanho do núcleo das células intermediárias ou parabasais. Um ou dois pequenos nucléolos são frequentemente observados.
Células ciliadas – tem tamanho e forma semelhante às secretoras. Possuem um citoplasma basófilo com zonas claramente vacuolizadas e núcleo excêntrico. Nas células bem preservadas pode-se observar os cílios.
Células normais do endométrio
Células endometriais podem ser vistas nos esfregaços vaginais até o 12º dia do ciclo, embora a duração clínica do sangramento possa ser muito menor. O achado de células endometriais após o 12º dia do ciclo deve ser considerado anormal e deve ser investigado.
O revestimento epitelial colunar da cavidade uterina (endométrio) difere do que reveste o canal endocervical. As células que revestem o endométrio têm um tamanho menor que as da endocérvice. Seus citoplasmas sofrem variações cíclicas em resposta aos hormônios ovarianos e descamam na época da menstruação.
As células vindas do endométrio incluem as células epiteliais e células estromais (que são as que formam o tecido de sustentação do epitélio).
A aparência das células endometriais normais depende de muitos fatores:
local de origem dos diferentes tipos celulares do endométrio
estágio do ciclo menstrual
a perspectiva pela qual a célula é vista (podem aparecer colunares, redondas ou ovais)
método usado na colheita
técnica de processamento do material
Células endometriais descamadas espontaneamente podem ser de origem epitelial ou estromal. Ocorrem isoladas ou aglomeradas. A frequência dessas células no esfregaço depende do estágio do ciclo menstrual e estado funcional do endométrio.
Há dois tipos de células epiteliais endometriais:
células secretoras
células ciliadas 
Células endometriais secretoras (ou não ciliada)
São as mais comuns no esfregaço. 
na Fase Proliferativa - elas aumentam de tamanho e os limites celulares são mal definidos. O citoplasma é escasso, cianofílico e finamente vacuolado. O núcleo é redondo ou oval, monótono no tamanho, nunca maior que o núcleo das células escamosas intermediárias ou parabasais. A cromatina é uniformemente distribuída, finamente granular e os nucléolos são muito pequenos e podem ser de difícil visualização sem coloração especial.
na Fase Secretora - inicialmente vacúolos sub-nucleares podem ser vistos e posteriormente a vacuolização torna-se mais difusa. À medida que a secreção se acumula, a célula fica menos cianofílica e um citoplasma levemente eosinofílico ou indefinido é observado. Com o acúmulo da secreção, o núcleo se desloca para a periferia da célula, e pode se tornar denteado. Com a saída da secreção da célula, ela reduz o tamanho e o núcleo se contrai (evidência de degeneração).
 Células endometriais ciliadas
Apresentam uma forma prismática e, dependendo da perspectiva com que é vista, cílios podem ser observados.
 Células estromais endometriais
As células estromais endometriais variam em tamanho. Elas podem ser superficiais ou profundas. À medida que o endométrio vai passando da fase proliferativa para a fase secretora, as células vão aumentando seu tamanho. Este crescimento é mais característico nas células estromais superficiais. Elas têm um formato redondo ou irregular, com limites citoplasmáticos mal definidos e citoplasma pouco corado, indefinido. 
As células estromais profundas são pequenas, fusiformes e às vezes de formato estrelado, a vacuolização citoplasmática é exuberante.
Núcleo 	-	o tamanho também é variado. É redondo, oval ou reniforme. Cromatina finamente granular, tornando-se mais grosseiramente granular com a progressão da fase proliferativa. Na fase secretora há uma condensação periférica da matriz citoplasmática com o aumento do conteúdo de glicogênio. Como resultado, a célula adquire algumas características de uma célula epitelial (célula decidual).
Endométrio menstrual -	 mais frequentemente vemos nos esfregaços grupamentos de células redondas ou ovais, de vários tamanhos, onde, às vezes, podemos identificar uma área central formada por células estromais pequenas, alongadas, muito juntas e na periferia, células glandulares muito maiores, arranjadas concentricamente em torno das células estromais. Ocasionalmente, em células glandulares endometriais, sem células estromais. Nestas, os grupamentos são menos compactos e as células periféricas estão frouxamente ligadas, podendo se destacar facilmente.
As células isoladas são pequenas, ovais ou redondas, o citoplasma é escasso e mal definido. Um ou mais pequenos vacúolos podem ser vistos no citoplasma, que geralmente é cianofílico ou indefinido e menos frequentemente eosinofílico. O núcleo é redondo ou oval e geralmente excêntrico, com cromatina finamente granular.
As células endometriais estromais, quando não acompanhadas de células glandulares, são muito difíceis de identificar nos primeiros 3 ou 4 dias do ciclo menstrual. Porém, geralmente, por volta do 5o - 6o dia, até o 10o dia do ciclo, ascélulas endometriais normais descamam em grupamentos característicos. A esta formação dá-se o nome de “exodus.
Elementos celulares não epiteliais normais
Ao lado das células epiteliais descamadas do trato genital feminino na secreção vaginal são encontradas as seguintes células de origem não epitelial: hemácias ou eritrócitos, leucócitos polimorfonucleares, linfócitos, plasmócitos e histiócitos.
Hemácias (ou eritrócitos ou glóbulos vermelhos)
As hemácias são células pequenas, arredondadas ou ovais, desprovidas de núcleo. Adquirem uma coloração avermelhada ou alaranjada devido à hemoglobina (pigmento ferruginoso). Quando destruídas ou hemolisadas, devido a ruptura da membrana celular, o pigmento sanguíneo aparece no esfregaço sob a forma de granulações róseas. 
Normalmente são encontradas no esfregaço durante o período menstrual e podem ainda ser bastante freqüentes em processos inflamatórios erosivos, bem como em lesões invasoras. 
Leucócitos polimorfonucleares (ou neutrófilos ou glóbulos brancos)
São os leucócitos mais frequentemente encontrados. São assim chamados devido à forma lobulada do núcleo, cujas massas nucleares estão ligadas por finos filamentos.
Normalmente são encontrados em número pequeno, porém, quando em grande número e associados à presença de alterações celulares inflamatórias, indicam um processo inflamatório agudo. Os leucócitos polimorfonucleares degenerados ou piócitos fazem parte do pus.
Linfócitos
São outros tipos de leucócitos pequenos, com núcleos redondos ou ovais, intensamente corados. O citoplasma é muito escasso ou ausente. Estão relacionados com processos inflamatórios crônicos.
Células plasmáticas (ou plasmócitos)
São células raramente encontradas, mas podem existir nos processos inflamatórios crônicos. Apresentam-se isoladas, têm a forma ovóide com ligeira variação em tamanho. O citoplasma é cianófilo (ou basófilo), o núcleo é excêntrico e as granulações de cromatina têm uma distribuição característica semelhante à “roda de carroça”. 
Histiócitos ou macrófagos
São células de importância diagnóstica. Não têm origem no epitélio do trato genital feminino. Estão presentes em processos inflamatórios agudos e crônicos. Sua função é de fagocitose, tanto de elementos agressores, como de restos leucocitários, grânulos, hemácias velhas, etc. 
Sua forma é bastante variada. Em termos gerais o histiócito apresenta citoplasma claro, basófilo, espumoso (finamente vacuolado). O núcleo possui, geralmente, posição excêntrica, tocando a membrana celular num dos pontos. A cromatina, por sua vez, é bastante ativa, possuindo variadas formas. O núcleo pode ter desde a forma arredondada à reniforme. Os histiócitos multinucleados são formações sinciciais de histiócitos.
Os histiócitos podem ser mononucleares ou multinucleados. Quando multinucleados, o citoplasma é volumoso, finamente vacuolado, apresentando de 3 a 100 núcleos. Estes tipos são mais encontrados em casos de pós-radiação, tuberculose genital uterina, sífilis genital, colpite e cervicite senis.
Muco
É outro elemento não epitelial encontrado em esfregaços vaginais e pode ter dois aspectos: verde e arroxeado. O muco verde é homogêneo e transparente. O arroxeado é esparso, com formações filamentosas redondas ou ovais.
O muco arroxeado é denominado, também, de muco filamentoso. É frequentemente encontrado na menopausa.
Espermatozóide
É encontrado com frequência e sua morfologia pode confundir com esporos de cândida. Pode ser diferenciado pela presença de área mais clara no pólo da cabeça que é ligado à cauda. Para evitar sua presença deve ser recomendado à paciente que evite relações sexuais durante 3 dias que antecedem à colheita do material citológico.
Processos inflamatórios do colo uterino
As alterações inflamatórias da vagina e do colo uterino podem se desenvolver como resultado de agentes físicos, lesões químicas ou podem ser decorrentes de infecção por uma grande variedade de microorganismos. Entre os fatores que predispõem aos processos inflamatórios estão injúrias traumáticas, diminuição da acidez vaginal, atrofia epitelial, irradiação e neoplasia.
Distinguir alteração inflamatória de processos malignos é um dos problemas mais comuns em citopatologia. A diferença essencial está nas características nucleares. A presença de nucléolos, que podem ser únicos ou múltiplos, sugere inflamação.
Alguns microorganismos podem induzir alterações características que permitem um diagnóstico mesmo sem a identificação do agente, mas a maioria das infecções está associada a modificações celulares inespecíficas.
O exame citológico de esfregaços vaginais em processos inflamatórios mostra, geralmente, grande número de leucócitos, predominando polimorfonucleares, mas linfócitos e macrófagos também podem ser observados. Porém, é importante ressaltar que o diagnóstico citopatológico de um processo inflamatório não pode estar apoiado apenas na presença de células inflamatórias, e sim na presença de alterações celulares de natureza inflamatória. Um exemplo disto é a presença habitual fisiológica de leucócitos em esfregaços de pacientes no período próximo ao menstrual sem que haja, necessariamente, um processo inflamatório. 
Nas células afetadas pela inflamação se produzem lesões do tipo regressivo, que levam a perda dos caracteres morfológicos e funcionais. Esta decadência ou regressão, ou seja, a degeneração celular se fará patente em uma série de alterações que afetam o núcleo, o citoplasma ou ambos, até chegar ao estágio final que é a morte celular. 
Os processos inflamatórios traduzem alterações distintas nas células epiteliais.
Alterações citoplasmáticas
Apagamento das bordas citoplasmáticas
Citólise
Vacuolização citoplasmática
Policromasia
Halos perinucleares
Irregularidade de forma e tamanho
Pseudoeosinofilia
Alterações nucleares
Picnose nuclear (cariopicnose)
Aumento nuclear sem hipercromatismo
Cromatina finamente granular
Multinucleação
Vacuolização nuclear
Cariorrexis
Tumefação
Cariólise
	As alterações inflamatórias que afetam o citoplasma estão relacionadas com o tamanho (tendência à tumefação), sendo a forma variável, e com a afinidade tintorial, revelando uma tendência a eosinofilia (acidofilia). Pode também apresentar inclusões leucocitárias, presença de vacúolos múltiplos, depósitos de pigmentos e queratinização, além de ruptura da membrana celular com destruição do citoplasma, tanto na citólise bacteriana quanto na autólise degenerativa.
Na citólise bacteriana observam-se lactobacilos por todo o esfregaço, células com bordos borrados, destruição total do citoplasma, núcleos desnudos e detritos celulares. Não se observa citólise em esfregaços atróficos, hiperestrogênicos, quando o pH é demasiadamente alcalino ou quando existem outros germes que perturbem o crescimento dos lactobacilos.
Já a autólise degenerativa (nas células escamosas) é provocada por ativação de seus próprios fermentos. Somente afeta as células profundas do epitélio não maligno. Desaparecem os limites definidos do citoplasma, com homogeneização turva e núcleos desnudos, perdem, portanto sua estrutura e terminam por desaparecer. Observam-se células dispersas ou em grupos.
Nas alterações celulares que afetam o núcleo e o citoplasma temos: halos perinucleares (por tendência à picnose), núcleos soltos (por citólise ou autólise), não há deslocamento da posição nuclear e a relação núcleo/citoplasmática em geral se mantém.
A fase terminal da degeneração é a morte celular, que vem representada por três fenômenos: cariopicnose, cariorrexis e cariólise.
Cariopicnose - diminuição do núcleo por desidratação e concreção da cromatina.
Cariorrexis - desintegração nuclear. O processo se inicia por um aumento nuclear.
Cariólise - dissolução completa do núcleo. O sinal fundamental da morte celular é o desaparecimento do núcleo.
As alterações degenerativas por transtornos inflamatórios podem simular processos malignos.Para o diagnóstico diferencial recordar a ausência de: diátese tumoral, cromatina grosseira e irregular além de células isoladas com aspectos semelhantes. 
Microorganismos mais frequentes na citologia cérvico-vaginal
Bacilos de Doederlein
Flora bacteriana mista
Flora bacteriana de cocos e bactérias cocóides
 	- Gardnerella
Flora bacteriana de anaeróbios 	- Mobiluncus
- Flora mista
Trichomonas vaginalis
Leptotrix
Fungos
Chlamydia
Actinomyces
				
Viroses	- Herpes simples
- Citomegalovírus					
- HPV
Flora de Doederlein
Os bacilos de Doederlein são considerados constituintes normais mais comum da flora vaginal, mas outros organismos como Gardnerella vaginalis, estreptococos, estafilococos, micrococos, actinomyces e cândida também podem ser isolados de vagina de mulheres que não tem processo inflamatório.
Os bacilos de Doederlein se coram de roxo pela hematoxilina e medem de 1 a 2 ( de comprimento. Atuam sobre as células intermediárias por serem ricas em glicogênio, causando citólise, e mantendo o pH ácido habitual da vagina pela produção de ácido lático como um subproduto da glicólise. A citólise é geralmente mais intensa na 2ª fase do ciclo menstrual, na gravidez, na menopausa, na pré-menarcas, durante e após o uso de hormônios.
Gardnerella vaginalis
É um organismo Gram-negativo ou Gram-variável, em formato de pequenos bastões e corado pelo método de Papanicolaou em roxo. Citologicamente aparece em acúmulos na superfície das células epiteliais escamosas, dando a imagem peculiar de “célula guia” (clue cell).
Difteróides
São bastões arranjados lembrando “letras chinesas” com terminações mais espessas. A patogenicidade deste microorganismo não foi bem estabelecida.
Cocos
Uma grande variedade pode ser observada no esfregaço vaginal, mas não pode ser classificado especificamente sem ser identificado na cultura. Os cocos apresentam-se agrupados ou em cadeia. São organismos pequenos ovais ou redondos e se coram em roxo pelo método de Papanicolaou. Normalmente ocupam o fundo do esfregaço e alguns organismos são observados na superfície das células escamosas. Stafilococos e Streptococos são variações comuns que também podem ser observados nos esfregaços e mostram-se em cachos ou cadeia respectivamente. Os cocos são freqüentemente associados com outros organismos e com Trichomonas vaginalis. 
Neisseria gonorrhoeae ou gonococos é um diplococos gram negativo, observado intracelularmente. Na coloração de Papanicolaou pode ser observado aderido à superfície das células intermediárias, parabasais, metaplásicas e células endocervicais.				
Trichomonas vaginalis
É o parasita mais freqüente no trato genital feminino. Trata-se de um protozoário flagelado de forma oval, redonda ou elíptica. Possui uma membrana ondulante espessa na sua parte anterior. Um núcleo pequeno, na sua maioria excêntrico, é facilmente identificável destacando-se pela coloração mais escura que o citoplasma que se coram em tons verde/azul claros.
As células demonstram alterações inflamatórias que são facilmente identificadas. As mais freqüentes são: halo perinuclear, pseudoeosinofilia, apagamento das bordas citoplasmáticas; além da presença de numerosos leucócitos polimorfonucleares. 
Leptotrix
É um microorganismo alongado, filamentoso. Geralmente apresenta-se em grande quantidade, isolado ou em grupos. Esses filamentos são muito finos, sua estrutura lembra “fios de cabelo”, com formas e tamanhos variáveis. Freqüentemente estão associados ao Trichomonas vaginalis.
Fungos
De todas as espécies a Candida albicans é a mais freqüente no trato genital feminino. É um fungo de forma alongada com interceptações (hifas ou pseudo-hifas) e esporos que podem ser vistos como formações ovulares, redondas bem menores que um leucócito. Os esporos podem estar relacionados às hifas ou apresentarem-se isolados, agrupados ou espalhados pelo esfregaço. Ambas as formas coram-se em amarelo ou róseo quando exibem eosinofilia.
Actinomyces
Seu aparecimento está ligado ao uso de dispositivo intra-uterino (DIU), principalmente aos de alça metálica. É uma bactéria, que se caracteriza por uma mancha escura arredondada, de forma e tamanho variáveis, tendo na periferia prolongamentos de seus filamentos.
Chlamydia
O exame citopatológico é de baixa sensibilidade para o diagnóstico de Chlamydia. São bactérias gram negativas, próximas às rickettsias, intermediárias entre estas e os vírus. Parasitam o citoplasma de células escamosas: parabasais, metaplásicas e endocervicais. O estágio inicial mostra um citoplasma com inúmeros e diminutos vacúolos com aspecto reticular. Em estágios mais avançados são observadas inclusões de corpúsculos escuros e róseos. A cultura e métodos de imunoensaio são mais específicos para o diagnóstico.
Herpes simples
É uma infecção comum do trato genital feminino. A doença se caracteriza clinicamente pela presença de pequenas vesículas com áreas bem claras, posteriormente evoluindo para erosão superficial. Estas lesões localizam-se principalmente no períneo, vulva, vagina e colo uterino e podem ser dolorosas.
A incidência da doença varia de acordo com a população estudada. As mulheres com nível sócio-econômico baixo são mais freqüentemente afetadas. Infecção por herpes-vírus genital pode ter várias implicações importantes, principalmente em mulheres grávidas, pois a doença pode ser transmitida para o feto durante o parto vaginal, com resultados desastrosos.
Existem dois tipos de herpes vírus: Tipo I e Tipo II, que não podem ser distinguidos citologicamente. A doença acomete mais freqüentemente o epitélio escamoso que o endocervical. A apresentação citológica do herpes, nos estágios iniciais da doença, é muito característica e sua identificação é fácil.
Há cariomegalia, que varia de moderada à intensa, em células escamosas, acompanhada por opacificação homogênea nuclear, fracamente basofílica (aspecto de vidro polido) devido aos efeitos citopáticos do vírus sobre a célula. Ocasionalmente a homogeneização é precedida ou acompanhada por vacuolização nuclear, podemos observar ainda, macrocitose e multinucleação, sendo que os núcleos se comprimem como se estivessem “empacotados” (multinucleação com amoldamento).
As inclusões nucleares são homogêneas e condensadas, e localizam-se no centro do núcleo como grandes corpos eosinofílicos. Na fase final da infecção verificamos degeneração e fusão nucleares, resultando em formações bizarras, e massas de nucléolos hipercromáticos. Podemos observar, por vezes, pérolas-córneas semelhantes às encontradas no carcinoma escamoso.
O diagnóstico diferencial de cervicite herpética deve incluir células do sincício-trofoblasto e carcinoma escamoso. Atualmente o diagnóstico de certeza pode ser feito por métodos imunocito químicos.
Tecido de Reparação
O reparo epitelial é um processo regenerativo no qual o epitélio de regeneração substitui os defeitos locais, depois de um dano no epitélio, com propósito de restabelecer a estrutura e a função do tecido danificado ou agredido.
Aparecem freqüentemente nos seguintes casos:
Depois de biópsia recente, cauterização, radioterapia.
Pós-histerectomia.
Paciente com cervicite grave.
Quando o epitélio escamoso é o atingido, observa-se uma hiperplasia de células basais que avançam para o local da agressão, passando então por um processo tendo como crescimento e diferenciação, conseqüência, o epitélio escamoso imaturo e posteriormente epitélio escamoso maturo.
Quando o epitélio cilíndrico é atingido aparece uma só camada de células de reserva que hiperplasia originando de 2 a 10 ou mais camadas, surgindo a metaplasia escamosa imatura e o epitélio cilíndrico imaturo. Da metaplasia imatura forma-se a metaplasia escamosa madura. Do epitélio cilíndrico imaturo surge o epitélio maduro. Tudo isto ocorre naturalmente se não houver a interferência de nenhum outro co-fator (vírus, bactérias,etc.) no processo.
Características das células de reparação
Reparo típico
Abundante citoplasma, núcleo grande, nucléolos proeminentes, cromatina finamente granular com cromocentro ou aglutinação.
Quando o reparo tem origem no epitélio escamoso observa-se: células separadas ou isoladas, citoplasma denso e homogêneo, núcleo grande, nucléolos proeminentes e cromatina granular com cromocentros. Quando o reparo tem origem no epitélio cilíndrico observa-se: células em sincício ou mantendo a forma cilíndrica, citoplasma vacuolizado, borda celular mal definida, núcleo grande, macronucléolo e multinucleação.
Endométrio proliferativo com pequenas glândulas compactas.
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