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Marly Savioli e Marinez Chiquetti Didática Sumário 03 CAPÍTULO 2 – Como Planejar Aulas? ..............................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 2.1 Caracterização do planejamento escolar ....................................................................05 2.1.1 Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNI) ................................06 2.1.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ...........................................................06 2.1.3 Como construir o plano escolar? ......................................................................08 2.2 O plano de ensino ...................................................................................................09 2.2.1 Princípios para elaborar um plano de ensino ......................................................09 2.3 O plano de aula ......................................................................................................10 2.3.1 Definir objetivos ..............................................................................................11 2.3.2 Estratégias de ensino .......................................................................................14 2.3.3 Contextualizar o ensino ....................................................................................15 2.3.4 Organização e sequência da aula .....................................................................17 2.3.5 Avaliação .......................................................................................................18 2.4 Relações entre objetivo, conteúdo e método de ensino .................................................21 2.4.1 Objetivo e método de ensino ............................................................................22 2.4.2 Objetivos e os pilares da educação ...................................................................22 2.4.3 Objetivos e os sete saberes da educação ...........................................................23 Síntese ..........................................................................................................................24 Referências Bibliográficas ................................................................................................25 Capítulo 2 05 Introdução Aprender é um ato intrínseco do ser humano. Mas quando e como aprendemos? Aprendemos o tempo todo a partir das ações que praticamos. Aprendemos quando conversamos com amigos, quando lemos, quando trabalhamos, quando viajamos e em várias outras situações. Aprendemos espontaneamente, e esse tipo de aprendiza- gem é chamada de aprendizagem casual. Na escola, cuja missão é o ensino e aprendizagem, o ato de aprender não é mais casual, o aprendizado passa a ser intencional, por isso deve ser bem planejado. Quando um professor entra na sala de aula, precisa saber o que fará. Será que trabalhar no improviso é adequado? Pode dar certo, mas é um risco que implica na aprendizagem efetiva do aluno. Um planejamento de aula bem elaborado pode evitar desperdício de tempo e garantir um aprendizado qualificado e para isso é preciso ter em mente os objetivos de cada aula. Mas quem e o quê estabelece os objetivos do ensino? Essa questão nos leva a refletir sobre quanto os objetivos do ensino estão relacionados aos objetivos da escola, considerando que um está interligado ao outro. O planejamento de aula é responsabilidade do professor e deve ser valorizado pela equipe técnico-pedagógica que refletirá em conjunto com a equipe docente sobre os instrumentos ade- quados para uma boa aula. As questões intrinsicamente ligadas à importância do planejamento de aula podem garantir o sucesso ou o fracasso da aprendizagem. Planejamento requer intencionalidade, diagnóstico e sistematização. E todo esse trabalho está intimamente ligado aos objetivos da escola e do curso. O professor, tendo claros os objetivos, buscará estruturar suas aulas de modo consciente para que a aprendizagem seja consequência de mediações estruturadas, pensadas e passíveis de avaliação. Considerando todas essas questões, você encontrará neste estudo os caminhos para que você, professor, saiba como agir em sala de aula. 2.1 Caracterização do planejamento escolar Quando um professor pensa em planejar, deve remeter-se aos objetivos de aula. Para planejar é preciso ter compreendidas questões como: quando e como ficam definidos esses objetivos, quais fatores influenciam a aula, quem define esses objetivos e qual orientação o professor terá. Antes de conhecer o conceito de planejamento de aula, é preciso saber com clareza a diferença entre planejamento de aula, plano de curso, plano de escola e plano de ensino. Planejar consiste em prever ações para atingir um objetivo. Pode ser na vida ou em qualquer aspecto. Segundo Vasconcellos (2000, p. 79), o conceito de planejar fica claro, pois: Como Planejar Aulas? 06 Laureate- International Universities Didática Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a serem realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar não é, pois, apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa. O planejamento escolar consiste em um documento mais global e expressa intencionalidade geral da escola e de documentos norteadores. O plano de ensino compreende todo processo ensino e aprendizagem para o ano letivo. Já o plano de aula ou planejamento de aula é aquele que o professor desenvolve diariamente para garantir que a aula tenha começo, meio e fim, e atenda aos objetivos do ensino. O planejamento escolar deve atender a vários fatores, entre os quais a legislação a ser seguida. Hoje, encontramos os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNI), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), sendo mais recente a LDB nº 9.394/96 que orienta uma base nacional comum para todo o país, mas dá abertura para cada sistema de ensino com- plementar com características regionais e sociais. Não se pode esquecer que a LDB também é normatizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, o Plano Nacio- nal de Educação (PNE), os pareces e resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) e as legislações de cada sistema de ensino. 2.1.1 Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNI) A educação infantil, que atende crianças de zero a seis anos de idade, passou a ser muito procura- da em decorrência das mudanças nas estruturas familiares da necessidade de as mães trabalharem. O que anteriormente acontecia é que creches e “escolinhas” eram vistas como locais em que as crianças ficavam enquanto os pais trabalhavam. Hoje, essa concepção mudou e a ideia proposta pelo RCNI é propiciar “situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantil de relação interpessoal [...]” (BRASIL, 1998a, p. 23). O RCNI, voltado à primeira etapa da educação básica, a educação infantil, orienta o trabalho dos professores no cotidiano escolar dos alunos até seis anos, apontando metas de qualidade para que a criança se desenvolva integralmente sem ignorar a importância do lúdico em seu momento de desenvolvimento. Ainda conforme o RCNI: [...] sua função é contribuir com as políticas e programas de educação infantil, socializando informações, discussões e pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais (BRASIL, 1998a, p. 11). 2.1.2 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Alicerçados em estudos psicopedagógicos e experiências de currículos nacionaise internacio- nais, os PCNs são orientações para qualificação do ensino, incluindo aspectos curriculares e formação integral do aluno. Quando se fala em formação integral, deve-se pensar na preparação do indivíduo para a so- ciedade de maneira que esteja apto a trabalhar, posicionar-se, pensar, criar, inferir e mudar aquilo que julga estar errado. Para isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais sugerem temas transversais, ou seja, temas a serem trabalhados na transversalidade das disciplinas. Ou seja, temas voltados para a compreensão e para a construção da realidade social, dos direitos e das responsabilidades relacionados com a vida pessoal e coletiva e com a afirmação do princípio da participação política (BRASIL, 1998b). 07 Os temas transversais consistem em: • Ética – diz respeito às reflexões sobre condutas humanas. • Pluralidade Cultural – refere-se às diferenças de grupos, culturas brasileiras e importância de diálogo e respeito. • Meio Ambiente – baseia-se nas relações com o meio e importância da preservação. • Saúde – discute capacitação para o autocuidado e a responsabilidade social. • Orientação sexual – propicia conhecimento do próprio corpo e combate à discriminação. • Temas locais –trabalham-se conhecimentos vinculados diretamente à realidade local. Veja um exemplo ilustrativo dos temas transversais representados na Figura 1: MEIO AMBIENTE SAÚDE ORIENTAÇÃO SEXUAL PLURALIDADE CULTURAL P O R T G U Ê S A R T E S H I S T Ó R I A M A T E M Á T I C A G E O G R A F I A C I Ê N C I A S Figura 1- Temas transversais. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. No portal do MEC, você pode participar com textos e sugestões para a construção da Base Nacional Comum Curricular. Consulte o site: http://basenacionalcomum.mec.gov. br/#/site/inicio e veja como essa ação está ocorrendo de forma aberta e democrática. VOCÊ SABIA? 08 Laureate- International Universities Didática 2.1.3 Como construir o plano escolar? Para elaborar o plano escolar, é preciso considerar todas as referências citadas anteriormente. Outro aspecto importante é caracterizar sua escola, levando em conta diversas perspectivas, conforme descritas a seguir. • Perfil cultural – é importante identificar a diversidade cultural dos alunos, pois isso implica na contextualização do ensino e atendimento as necessidades locais. • Características locais – diz respeito ao que o educador vai suprir com o aprendizado. Onde e como vivem essas pessoas e o que precisam mudar? Deve-se pensar em um aprendizado que leve esses estudantes a refletirem sobre suas necessidades e os possíveis caminhos para vencer as dificuldades. • Análise acadêmica – analisar os resultados atingidos nos últimos anos, seus motivos e aonde se pretende chegar com o planejamento escolar. Visualize essas perspectivas na Figura 2, que apresenta os aspectos que caracterizarão o plano de escola. Características dos alunos Diverdidade cultural Análise dos resultados acadêmicos Elaboração do plano escolar Características e necessidades locais Figura 2 – Características a serem consideradas na elaboração do plano escolar. Fonte: Elaborada pela autora com imagens de Shuterstock, 2015. Todos esses fatores devem ser considerados ao se produzir o Projeto Político Pedagógico da es- cola, salientando que: A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo, é, antes, a atividade consciente da previsão das ações político – 09 pedagógicas, e tendo como referência permanente às situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural) que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que integram o processo de ensino (LIBÂNEO, 1994, p. 222). Na elaboração desse planejamento, devemos deixar claro quem é o público-alvo, o que preten- demos realizar e de que forma isso será realizado, detalhando projetos e ações de forma perió- dica. Colaborando com essa informação Saviani afirma que: O planejamento escolar deve ser concebido, assumido e vivenciado cotidianamente, também como um ato político, no sentido de resgate dos princípios que balizam a prática pedagógica em processo de ação-reflexão-ação. Por isso o planejamento escolar requer a reflexão e ação coletivas (SAVIANI, 1987, p. 23). 2.2 O plano de ensino Concluído o planejamento escolar, o professor tem parâmetros para elaborar o plano de ensino, no qual refletirá e analisará didaticamente a prática pedagógica a ser desenvolvida junto às turmas. O plano de ensino é a especificação do currículo. Por exemplo, o plano de ensino deve elencar o que o aluno deve aprender em cada disciplina, em cada ano, como e quando. No portal Mais Educativo, você encontra uma reflexão sobre plano de ensino e sua importância, com modelos de plano de ensino e de aula que vão norteá-lo em seus futuros trabalhos. Acesse o endereço: <http://maiseducativo.com.br/modelos-de-pla- nejamento-anual-para-imprimir/>. VOCÊ QUER LER? Alguns princípios devem conduzir esse plano como continuaremos a estudar. 2.2.1 Princípios para elaborar um plano de ensino O plano de ensino é uma referência para o processo de ensino e aprendizagem. Durante o ano letivo, será um norteador ao trabalho do professor. Para tanto, o plano de ensino deve atender alguns princípios básicos: • ser coerente com o plano de escola, tendo previsão de início, meio e fim; • considerar as necessidades e características dos alunos, prevendo desafios sem ultrapassar os limites dos estudantes; • apresentar o currículo a ser desenvolvido contemplando objetivos gerais e específicos da disciplina; • prever conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, ou seja, o professor deve pensar sobre o que o estudante deve saber (identificar, reconhecer, classificar etc.); saber fazer (manejar, utilizar, construir); que valores deve ter (conscientizar-se, sensibilizar-se, interessar-se, posicionar-se). 10 Laureate- International Universities Didática Após a definição dos objetivos, determinam-se as estratégias e os recursos necessários para atin- gir essas metas. É nesse ponto que a didática entra com suas metodologias. O conhecimento de estratégias diversas ajudará o professor a definir qual caminho seguir ou adequar à sua realidade. O plano de ensino não é um documento inflexível e poderá ser modificado. Mas o que norteará as possíveis mudanças? Geralmente após as avaliações, pode-se colher dados para saber se o caminho estabelecido está coerente. A forma como será realizada a avaliação influenciará nessa decisão. Assim, a avaliação deve ser parte integrante do plano de ensino e deverá atender ao diagnóstico que produzirá reflexão para adaptação do plano, caso seja necessário. Relevante lembrar que mesmo um plano de ensino baseado em diagnósticos e projetos deverá ser processualmente reavaliado, pois nem sempre aquilo que se projeta é adequado ao grupo. O planejamento dialógico resgata justamente a dimensão histórica da experiência das pessoas e do planejamento já instituído nas escolas ou nos sistemas educacionais, para ampliar a possibilidade de reconstrução do que já existe, partindo do instituído para instituir outra coisa, mas em coletividade e permanente comunicação (PADILHA, 2002, p. 79). Com isso, pode-se perceber que o planejamento deve ser constantemente refletido e reelaborado, caso haja necessidade, para atender o bem maior – o estudante. Se não estiver adequado, o ca- minho é novamente refletir no coletivo e buscar novas trilhas. Para cumprimento de um bom plano de ensino, é importante se elaborarem bons planos de aula, assunto que você verá na sequência. 2.3 O plano de aula As pessoas planejam férias, viagens, pagamentos de contas e quasetudo na vida. Mas por que planejar é importante? Há inúmeras respostas para essa pergunta, mas concentre-se no objeto deste estudo. Na práxis pedagógica, o improviso deve ser apenas eventual, nunca constante. Não se pode correr riscos de errar com frequência, pois a meta se refere a pessoas que serão o futuro do mundo. O professor é articulador do ensino e aprendizagem. Para atingir seus objetivos, é preciso percorrer estruturas pensadas previamente. Por exemplo, ao planejar uma viagem, você busca informações sobre o clima do destino: se faz frio, calor, ou se chove. Essas condições determinarão o conteúdo da sua mala. Da mesma maneira, quando o professor pensa em aula, deve prever o que levará na “bagagem”. Ao ter definido o caminho a ser seguido, é primordial planejar de que forma isso acontecerá. De acordo com Menegolla e Sant’Anna (2001), muitos professores acreditam que planejar é perda de tempo, pois ele dá as mesmas aulas há vários anos – e sempre funcionou. Será? Parece ser uma evidência que muitos professores não gostem e poucos simpatizem em planejar suas atividades escolares. O que se observa é uma clara relutância contra a exigência de elaboração de seus planos. Há uma certa descrença manifesta nos olhos, na vontade e disposição dos professores, quando convocados para planejamento (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 2001, p. 25). Essa forma de encarar o planejamento, como somente uma burocracia a mais, precisa ser modi- ficada, e cabe às equipes técnico-pedagógicas das escolas conscientizarem os professores sobre a importância desse trabalho. Se a cada ano mudam o perfil dos alunos, a dinâmica das aulas, os enfoques conteudistas e as experiências dos pares ensinantes/aprendentes, então, como as aulas poderão ser as mesmas? “O professor serve, de um lado, dos conhecimentos do processo didático e das metodologias específicas das matérias e, de outro, da sua própria experiência prática.” (LIBANÊO, 1994, p. 225). O comentário do autor citado significa que a experiência do professor não pode ser me- nosprezada e sim considerada, mas é importante adaptá-la às novas realidades. 11 A falta de planejamento implica em improviso. Às vezes necessário improvisar, mas a maior parte do tempo é importante o professor saber por onde começar, como caminhar e onde quer chegar. E sobre essas questões, Libâneo (1994, p. 225) afirma: “O planejamento não assegura, por si só, o andamento do processo de ensino”. Por esse motivo o comprometimento do professor com ação de planejar é de extrema importância, pois deverá encaminhar as ações em sua sala de aula. VOCÊ QUER VER? No vídeo Gestão da sala de aula, o professor Celso Vasconcellos faz considerações so- bre várias dimensões na organização da sala de aula, como clima, relação professor e aluno, as atribuições do educador, a organização escolar, a importância da disciplina, objetivos e muitos outros elementos importantes para o planejamento. Para assistir, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=0E3GtWyDdjE>. Depois de planejar sua aula, o professor precisa providenciar todos os recursos para seguir o caminho escolhido e preparar-se para o imprevisível. O planejamento ajudará o educador para uma ação consciente e organizada, mas não será uma receita pronta. Não é possível planejar igualmente para todos os alunos. Cada classe tem suas características e, para atingir um grupo de alunos, deve-se focar em seus interesses. Por isso, quando se fala em plano de aula, tem-se em mente uma sequência de ações. Qual é a primeira? Na continuidade, você conhecerá cada passo necessário a um planejamento adequado. 2.3.1 Definir objetivos Quando se pensa em planejar, é necessário, de imediato, ter em mente o seu objetivo a partir da reflexão: Para que estou planejando? No livro Aula nota 10 – 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência, Lemov (2011) cita o Alinhamento Construtivo, sugerindo que a primeira ação do professor é definir o objetivo específico da aula. Depois, como será avaliado e, prosseguindo, as atividades que serão desen- volvidas para atingir o objetivo. O livro Aula nota 10 – 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência é considerado pela Fundação Lemann como referência de formação para os professores de todo o Brasil. O autor, Doug Lemov, apresenta diversas estratégias didáticas para conduzir uma aula adequadamente. VOCÊ QUER LER? Ainda sobre a definição dos objetivos, é comum alguns professores confundirem objetivo geral com específico. O objetivo geral deve ser visto como uma meta mais ampla. Imagine um guarda-chuva, no qual as varetas seriam os objetivos específicos, como ilustrado na Figura 3: 12 Laureate- International Universities Didática LEITURA DE CO DI FI CA Çà O FL UÊ NC IA COM PREENSÃO VOCABULÁRIO Figura 3 – O guarda-chuva representa o objetivo geral, e suas varetas os objetivos específicos. Fonte: Elaborado pela autora com imagem de Shutterstock, 2015. Pode-se também estabelecer que um objetivo geral é aquele que se atinge a longo prazo, confor- me o exemplo: identificar conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transfor- mar o mundo a sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvi- mento da capacidade para resolver problemas. Perceba que esse objetivo engloba vários conhecimentos e atividades a serem desenvolvidos. Muitos professores pensam da seguinte forma: o que eu posso ensinar amanhã? Com um objetivo geral você pode traçar a sequência de aula, determinando o objetivo específico para cada aula. Os objetivos gerais seguem a seguinte classificação: • Gerais cognitivos – compreendem conteúdos, com suas combinações e aplicações. Expressam-se por verbos como: relacionar, comparar, interpretar, distinguir, resumir, enumerar. Normalmente podem ser avaliados em nível teórico, mas não garantem que o aluno saberá transferir esse conhecimento para sua realidade imediata. • Gerais afetivos – compreendem aceitação ou internalização dos conteúdos. Expressam- se por verbos como: aceitar, responsabilizar, reconhecer, perceber, tolerar. Os objetivos gerais afetivos não podem avaliados, afinal, como avaliar um sentimento? • Gerais ativos ou psicomotores – compreendem a prática que se espera ser adotada. São expressos por verbos como: construir, confeccionar, escrever, participar, entre outros. De difícil avaliação, geralmente devem ser observados fora da sala de aula. Por sua vez, os objetivos específicos devem visar a aula. São o detalhamento do objetivo geral e obedecem a alguns critérios. Acompanhe! Para um objetivo ser considerado específico, precisa caber na aula planejada. Se o objetivo não for viável para ser desenvolvido em uma aula planejada, ele não é específico. Também deve poder ser mensurado. Se não é possível avaliá-lo ao final da aula, não é objetivo específico. Por exemplo: estimular a paciência com os idosos. É possível avaliar se realmente estimulamos 13 alguém a fazer alguma coisa? Pode-se demonstrar que foi entendido como o idoso deve ser tratado, mas isso não garante tratá-lo com paciência. Dessa forma, não dá para avaliar, e esse objetivo não é específico. Vamos a outros exemplos, observando o Quadro 1: EXEMPLO 1 EXEMPLO 2 Objetivo: Ler fluentemente, entender o texto, resumir e identificar os perso- nagens, a mensagem, o tipo de texto, a escola literária a que pertence. Objetivo: identificar os personagens de um texto e suas características. Público-alvo: 4º ano do ensino fundamental. Público-alvo: 2º ano do ensino fun- damental Tempo de aula: 50 minutos Tempo de aula: 50 minutos Quadro 1 – Exemplos de objetivos por aula. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Observando o exemplo 1, a pergunta é:será viável trabalhar todas essas questões em 50 minutos com alunos de 4º ano? Os alunos estão preparados para esse desafio? Mesmo acreditando que o conteúdo tenha sido trabalhado anteriormente, se o aluno realizar só em uma aula, o objetivo não é específico. Agora observe o exemplo 2. Essa aula cabe em 50 minutos? Pode-se avaliar o que está sendo trabalhado? Sim, é possível trabalhar a leitura de um texto e identificar personagens e caracterís- ticas em 50 minutos. Também é possível avaliar se os alunos entenderam o assunto trabalhado. Dessa forma, esse objetivo é específico. Considerando esses critérios ainda temos algumas recomendações importantes a fazer. Ao escrever um objetivo, inicie sempre com um verbo no infinitivo, pois assim ficará adequado pedagogicamente (exemplos: escrever, contar, identificar, calcular). Verifique se o conteúdo a ser trabalhado foi definido pelo plano, ou o plano foi definido pelo objetivo. Não se pode pensar no desenrolar da aula sem antes ter o objetivo determinado. O objetivo deve orientar estratégias de aula, e não o contrário. Outra questão importante é se o objetivo exige prioridades de trabalho. O conteúdo a ser traba- lhado deve obedecer a uma sequência lógica e coerente. A avaliação da aula anterior dará base para planejar a próxima aula. Veja os critérios para elaborar um objetivo específico representados na Figura 4: 14 Laureate- International Universities Didática Deve ser mensurável Deve ser viável, ou seja caber na aula Deve ser de�nidor para as atividades Deve ser importante de ser trabalhado Ob jetiv o especí�co Figura 4 – Critérios para elaborar um objetivo específico. Fonte: Elaborado pela autora com imagem de Shutterstock, 2015. Observe outros exemplos de objetivos gerais e específicos no Quadro 2. Objetivo geral Objetivo específico Desenvolver e iniciar práticas na pesquisa geográfica para o cotidiano do aluno, contextualizando o conteúdo programáti- co à realidade dele. Analisar as principais relações entre o aproveitamento hídrico para a sociedade. Analisar o espaço geográfico como palco de produção social, atentando para a observação e experimentação do aluno. Conhecer os principais ciclos e movimen- tos da água na terra. Quadro 2 – Exemplos de objetivos gerais e específicos. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Aproveite os exemplos do Quadro 2 e verifique se os objetivos estão atendendo aos critérios estabelecidos anteriormente. 2.3.2 Estratégias de ensino Depois de definir claramente o objetivo específico, é preciso pensar em como atingi-lo. A forma como a mediação da aula ocorrerá deve estar imediatamente ligada ao Projeto Político Pedagó- gico (PPP), que é a organização de toda a escola, incluindo a caracterização dos alunos, a co- munidade escolar, suas necessidades e os valores que permearão o trabalho pedagógico. Dessa forma, a metodologia da aula deve ser desenvolvida com valores expressos no início do ano. O processo de ensino e aprendizagem deve ser estimulante e interessante para os alunos. Assim, a forma de ensinar precisa encerrar os valores definidos no PPP, os temas transversais, a prepara- ção do estudante para a cidadania e, mais, precisa “encantar” o aluno para que não se disperse. 15 Um professor que aspira ter uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno, sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem essas condições o professor será incapaz de elaborar problemas, desafios, perguntas relacionadas com os conteúdos, pois essas são as condições para que haja uma aprendizagem significativa. No entanto para que o professor atinja efetivamente seus objetivos, é preciso que ele saiba realizar vários processos didáticos coordenados entre si, tais como o planejamento, a direção do ensino da aprendizagem e da avaliação (LIBÂNEO, 2001, p.3). Estudos realizados por Tracey Tokuhama-Espinosa, educadora, especialista em educação e neu- rociência da Universidade de São Francisco (EUA), indicam que a maioria das pessoas, princi- palmente crianças e adolescentes, consegue ficar atenta plenamente à mesma atividade entre 10 a 20 minutos, no máximo. Pensando assim, ao planejar, se você quer que seu aluno esteja concentrado o tempo todo, precisa pensar em atividades diferenciadas durante cada aula (ZERO HORA, 2011). Em uma aula de leitura de 50 minutos, por exemplo, pode-se variar a atividade com leitura, inter- pretação, perguntas, solicitar posicionamentos, escrever resumos e assim por diante. Interessa que o aluno saiba que existe uma sequência de atividades a ser realizada, e que uma dependerá da outra. Todas as atividades devem atender ao objetivo da aula. Os métodos a serem usados são diversos. O professor pode lançar mão de recursos tecnológi- cos usando computadores, filmes, músicas e até mesmo o celular do aluno. E também imagens, pesquisas, teatro, seminários, entre outros recursos. Da mesma forma, o professor pode dar uma aula expositiva. Não há nada de errado em dar uma boa aula expositiva, mas é preciso pensar em métodos de expor a aula para não cansar o aluno. Para essa aula ser atraente para o estudante, é interessante contextualizar o conteúdo com sua realidade. Por isso é importante cada ano fazer um levantamento da caracterização dos alunos da e comunidade em que vivem. Partindo dessas premissas, como organizar essa aula? Veja na sequência. 2.3.3 Contextualizar o ensino Como se torna mais fácil aprender cálculo em uma comunidade indígena? Será que se usarmos situações-problema de compras em shoppings será significativo para eles? Ou será melhor usar- mos aspectos relacionados à pesca e à caça? Considerando que o conteúdo precisa ser significativo, reflexões nas escolas sobre como motivar os alunos se intensificam, visto que podemos notar uma certa estagnação de interesse pelo ensino. O simples fato de planejar uma aula participativa em que a voz do aluno será respeitada não é suficiente. Um caminho para atrair o aluno é relacionar o conteúdo a sua própria realidade. O estudante se sentirá motivado para aprender, pesquisar e opinar, percebendo a necessidade daquele conhecimento e conseguindo posicionar-se durante sua participação. A ideia de contextualizar tem por objetivo tornar o ensino significativo para o aluno para que se aproprie melhor dos conceitos e transfira esses conhecimentos para a sua realidade. Tal ideia passou a ser considerada com a reforma do ensino médio, a partir da LDB nº 9.394/1996 que defende a compreensão dos conhecimentos para uso cotidiano. O artigo 28 da LDB nº 9.394/1996 dispõe que “os sistemas de ensino promoverão as adapta- ções necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especial- mente” (BRASIL, 1996). Esse artigo viabiliza a contextualização do ensino baseado na realidade em que o aluno está inserido. 16 Laureate- International Universities Didática Também os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) orientam o desenvolvimento do trabalho peda- gógico estruturados com interdisciplinaridade e contextualização e colaborando com essa concepção: Um ensino de qualidade que busca formar cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la deve também contemplar o desenvolvimento de capacidades que possibilitem adaptações às complexas condições e alternativas de trabalho que temos hoje e a lidar com a rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos e informações, que têm sido avassaladores e crescentes. A formação escolar deve possibilitar aos alunos condições para desenvolver competências e consciência profissional, mas não se restringir ao ensino de habilidades imediatamente demandadas pelo mercado de trabalho (Brasil, 1996, p. 34). Libâneo contribui com a importância da contextualização quando afirma: Ao selecionaros conteúdos da série em que irá trabalhar, o professor precisa analisar os textos, verificar como são abordados os assuntos para enriquecê-los com sua própria contribuição e a dos alunos, comparando o que se afirma com fatos, problemas, realidades da vivência real dos alunos [...] (LIBÂNEO, 1990, p. 52). O que o professor precisa questionar é se a maneira como ele conduz a aula está surtindo o resultado desejado. De que forma aquele conteúdo pode atingir objetivos sociais da educação? Não há nada de errado em usar um material didático, até porque muitos são impostos nas esco- las, mas é preciso que o professor o analise e o relacione com a realidade do aluno. Esse traba- lho de adequar o conhecimento é chamado de “transposição didática”, que consiste em modi- ficar o conteúdo para que se transforme em algo ensinável, ou seja, compreendido pelo aluno. Como já foi dito, pensando em todos esses fatores apontados sobre a importância da contextu- alização, é relevante que, antes dos planejamentos anuais, sejam realizadas caracterizações dos alunos em todas as formas. Como pode ser feita essa caracterização? Coletivamente, é importante constatar como são suas famílias, se moram em comunidades, sítios ou apartamento, qual é cultura predominantes, quais são seus valores, necessidades e interesses. Veja um exemplo a seguir. CASO Em uma escola particular de São Paulo, a professora que ensinava inglês para o Ensino Mé- dio buscou um ponto de interesse dos alunos para motivá-los. Naquele ano, o que mais fazia sucesso entre os jovens eram os livros e filmes da Saga Crepúsculo. Toda aquela questão da adolescência, paixão e presença de vampiros e lobisomens que os atraíam foram usados para ensinar inglês. A professora utilizava as imagens do filme e as frases do livro para aprofundar a gramática e a interpretação da língua inglesa. Foi um sucesso! Aprender naquele contexto foi atraente, prazeroso e eficiente para os alunos e para o trabalho da professora. Ela considerou os interesses daqueles estudantes. Em outro caso, há o professor que leciona química em uma escola de periferia. O ambiente em que os alunos vivem é cercado de ribeirões, muitos deles extremamente contaminados por dejetos industriais. Mas apesar da poluição, essa água era usada pela comunidade para diversos fins. O conteúdo a ser aprendido era pH, que significa potencial hidrogênico (quantidade de prótons H+), que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução aquosa. Para contextualizar o conteúdo da aula à realidade dos alunos, o professor levou a turma para medir o pH dos ribeirões. Com isso, os alunos aprenderam a calcular o pH e perceberam a in- fluência dele na água que consomem. 17 2.3.4 Organização e sequência da aula A organização da aula deve seguir alguns critérios importantes. A ideia de organizar uma aula deve conduzir o educador a questionar: o que o professor vai trabalhar? O que os alunos devem fazer? Quanto tempo deve ter cada atividade? Quais recursos serão usados? Como a sala estará organizada? O principal aspecto, que todas essas perguntas devem perseguir, é que atendam aos objetivos da aula. Para entender melhor, observe o exemplo da “professora X”. A professora X sempre planeja as aulas do 2º ano do Ensino Fundamental e sabe exatamente o que fazer a cada minuto. Seus alunos conseguem acompanhar com interesse e alcançar boas notas. Vamos ver como é feito esse planejamento? Antes de tudo, ela tem definido como objetivo de aula: localizar informações explícitas no texto. Depois de pensar no objetivo, a professora X definiu que deveria avaliar a capacidade dos alunos para identificar informações e determinou a avaliação da seguinte maneira: responder perguntas sobre informações do texto. O próximo passo foi organizar a aula, que ela estruturou da seguinte forma: • Professora – apresentar o objetivo da aula, entregar a cópia do texto para os alunos (escolheu um texto do interesse deles). • Alunos – prestar atenção ao objetivo e receber as cópias. • Professora – fazer a apresentação do texto, contando um pedacinho interessante para chamar a atenção dos alunos e dizer que fará perguntas no final. • Alunos – prestam atenção. • Professora – inicia leitura do texto de forma expressiva, para que os alunos fiquem engajados à história. • Alunos – acompanham a leitura com a professora. • Professora – depois de ler o primeiro parágrafo, para e pergunta: Sobre quem é essa história? Quem são os personagens? • Alunos – respondem. • Professora – continua com a leitura, parando em cada parágrafo para novas perguntas. Ao final da leitura: • Professora – começar a fazer perguntas cujas respostas encontram-se no texto. Escolhe alunos para responder (perguntas preparadas previamente). • Alunos – respondem mentalmente e ficam na expectativa de serem chamados. • Professora – após encaminhar as perguntas para atingir o seu objetivo de aula, ela pede que os alunos respondam individualmente algumas perguntas que passará na lousa. • Alunos – copiam da lousa e realizam atividade. 18 Laureate- International Universities Didática Verifique que a professora X tem tudo planejado para essa aula, inclusive as perguntas que se- riam feitas, pois o improviso pode estragar o que foi planejado. Mais que isso, a professora X estruturou a aula, que começa com o foco na pessoa dela, quando explica o que pretende fazer, deixando claro aos alunos aonde quer chegar. Depois, ela trabalha a leitura de modo participativo, envolvendo os alunos com perguntas e estimulando o desenvolvimento cognitivo deles. Com as perguntas, também poderá perceber se os alunos estão acompanhando a aula e entendendo a história. Se houver alguma lacuna de compreensão, poderá trabalhar antes de finalizar o texto. Ao final, dá uma atividade que os alunos devem fazer sozinhos, e isso mostrará para ela se o objetivo da aula foi atingido para poder planejar as próximas aulas. Além de todos esses pontos que a professora prevê, também procura pensar em como as cartei- ras devem estar organizadas para cada atividade, o tempo que vai levar cada passo e os recursos que precisará. Essa estrutura de aula possibilita o foco no professor, o foco no trabalho conjunto e com auxílio, e o foco no aluno. A seguir, você estudará os aspectos da avaliação da aula. 2.3.5 Avaliação Antes de começar, reflita: o que é avaliação e como deve ser aplicada na escola? A avaliação sempre foi uma ação assustadora para os alunos, que temiam receber notas baixas e a consequente reprovação. Historicamente usada como medida disciplinar e de repressão, a avalia- ção ainda é, muitas vezes, vista como uma forma para dar nota. Mas qual é o papel da avaliação? No âmbito educacional, avaliação tem diversos objetivos como promover ou reter alunos; avaliar processos de ensino e aprendizagem; orientar o trabalho do professor, entre outros. No entanto, é no caos da avaliação de ensino e aprendizagem que vamos focar. A ideia é que a avaliação seja um instrumento pelo qual o professor pode verificar se seus objetivos foram alcançados, se seus métodos de aula são eficientes, quais alunos precisam de atenção e quais caminhos tomar a partir dos resultados. Existem várias formas de verificar se o objetivo foi alcançado, ou não, sem que o professor realize prova diária para saber se os alunos estão acompanhando o conteúdo. Através de atividades, o professor observa e conclui a efetividade da aula. É importante ressaltar que se o professor espera até a prova bimestral ou trimestral para avaliar o aluno, poderá ter surpresas desagradáveis e, muitas vezes, não há mais tempo para recuperar um determinado conteúdo. Recomenda-se que o professor esteja sempre atento às atividades realizadas em sala e, sempre que possível, elabore uma ou duas questões que possam corrigir elhe pautar sobre o real ren- dimento dos alunos. O que é preciso ter em mente é que essa avaliação não deve ser realizada como forma de puni- ção ou repressão, mas para nortear o trabalho do professor, como demonstra a Figura 5: 19 PLANEJAR A AULA MEDIAR A AULA RESULTADO POSITIVO RESULTADO NEGATIVO PLANEJA A PRÓXIMA SEQUÊNCIA REPLANEJA A AULA COM ESTRATÉGIA AVALIAR O APRENDIZADO AVALIAR O APRENDIZADO Figura 5 – A avaliação deve nortear o professor para as próximas ações. Fonte: Elaborada pela autora, 2015. Para entender bem sobre o plano de aula, observe o modelo descrito no Quadro 3, que contém todos os itens estudados até aqui. A estrutura apresentada é apenas sugestão e poderá ser ade- quada a sua realidade e conforme as solicitações da escola em que você trabalhará. Disciplina_ Língua Portuguesa Série: 3º ano do EF Objetivo Geral: Desenvolver habilidades de compreensão de texto. Objetivo específico: Compreender o texto “Narciso” Avaliação: Responder a perguntas sobre o texto. PROFESSOR ALUNO DISPOSIÇÃO DA SALA TEMPO RECURSOS Explicar os objetivos da aula Alunos prestam atenção Em fileiras 3’ Lousa Pedir para que organi- zem cadeiras em forma de “U” Organizar as cadeiras Em forma de “U” 5’ - Distribuir cópia do texto para todos alunos acompanharem a leitura Receber a có- pia e aguardar Em forma de “U” 2’ Cópias do Texto Apresentar história que será lida, contextuali- zando época e autor. Alunos ouvem e se manifestam caso sintam necessidade de algum esclare- cimento Em forma de “U” 5’ Texto Para engajar alunos na leitura contar um trecho curto de algo interessante que existe na história Ouvir atenta- mente Em forma de “U” 1’ Texto 20 Laureate- International Universities Didática PROFESSOR ALUNO DISPOSIÇÃO DA SALA TEMPO RECURSOS Iniciar leitura da histó- ria de maneira expres- siva (ser modelo de leitora fluente) Acompanhar leitura Em forma de “U” 10’ Texto Ao final da leitura fazer perguntas sobre pontos principais da história que conduzam ao resumo do texto. As perguntas serão reali- zadas e somente depois falado o nome do alu- no que deve responder, assim todos respondem mentalmente e ficam na expectativa de serem chamados, levando- -os a participarem da atividade. Responder per- guntas quando solicitado. Em forma de “U” 10’ Perguntas: Quem é o per- sonagem princi- pal da história, Cecília? Aonde se passa a história, Clarice? Em que época aconteceu o fato, José? Qual era a carac- terística de Narci- so, André? Você concorda com ele, Mauri- cio? Julia, você teria como melhorar a resposta do André e do Maurício? O que aconteceu depois, Cilene? Qual foi o fim da história, Marta? Qual foi a moral da história, Jés- sica? Você concorda, Jerson? Solicitar que se orga- nizem em duplas sem mexer as carteiras e realizem a atividade proposta. Escolher uma dupla Em forma de “U” 2’ - 21 PROFESSOR ALUNO DISPOSIÇÃO DA SALA TEMPO RECURSOS Distribuir atividade para as duplas e explicar que devem refletir con- juntamente e elabora- rem respostas individu- almente. Responder: Quais características do personagem Narciso? O que ele fazia era importante? O que aconteceu com ele? O que você entendeu da história? Passar pelos grupos enquanto discutem para orientá-los e tirar possíveis dúvidas. Receber ativida- de e começar a refletir com o amigo, respon- dendo individu- almente. Em forma de “U” 15’ Cópia da atividade Recolher atividades e pedir para que organi- zem a sala em fileiras para próxima aula. Entregar ativi- dade e organi- zar carteiras Em fileiras 5’ Quadro 3 – Modelo de plano de aula. Fonte: Elaborado pela autora, 2015. Após a análise das respostas das atividades, o professor poderá saber qual a porcentagem de alunos que atingiu o objetivo da aula e pensar na continuidade adequada para atividades de compreensão de texto. 2.4 Relações entre objetivo, conteúdo e método de ensino Conseguimos, até aqui, identificar o significado de objetivo, conteúdo e método de ensino. Mas qual a relação entre eles? Como vimos anteriormente, o objetivo da aula está intimamente ligado ao plano de curso elabo- rado no início do ano. É dele que surgem conteúdos a serem trabalhados com alunos. A partir dos objetivos gerais, e em função deles, serão elencados os objetivos específicos que de- senvolverão o aluno para saber, compreender, transferir conhecimento e, principalmente, aplicá-los em sua vida. 22 Laureate- International Universities Didática O professor deve vincular os objetivos específicos aos objetivos gerais, sem perder de vista os ob- jetivos da escola. O que definirá o método de ensino serão esses objetivos aliados ao diagnóstico da turma, pois suas características ajudarão o professor a contextualizar o ensino. Considerando os objetivos e os conteúdos a serem trabalhados, a metodologia escolhida deve dinamizar as condições de aula, com uma sequência lógica de atividades voltadas sempre para o objetivo específico. 2.4.1 Objetivo e método de ensino O ensino é regido pelos objetivos estabelecidos tanto no plano de ensino quanto no de aula. Para se alcançar um objetivo, recomendam-se ações sistemáticas do professor, que viabilizem o aprendizado. Quando o professor souber aonde quer chegar, deverá escolher um caminho adequado, ou seja, a forma como trabalhará o conteúdo para atingir o objetivo. Essa escolha de ações significam a metodologia a ser usada. Precisam ser considerados a relevância social do conteúdo, a contemporaneidade do assunto e a adequação da realidade sociocognitiva dos alunos. O professor poderá utilizar exposição verbal, demonstrações, ilustrações, exemplificações, exer- cícios, desafios, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, multidisciplinaridade, trabalhos em grupos, método dialógico, recursos tecnológicos. Seja qual for o método escolhido, deve atender aos objetivos da aula. De nada adianta uma aula interessante e participativa em que os alunos não terminam aprendendo alguma coisa. 2.4.2 Objetivos e os pilares da educação As transformações que vêm ocorrendo na sociedade a partir do século XX influenciam a escola. Libâneo (2011, p. 63) destaca que os educadores críticos: [...] estão desafiados a repensar objetivos e processos pedagógico-didáticos em sua conexão com as relações entre educação e economia, educação e sociedade técnico-científica- informacional, para além dos discursos contra o domínio do mercado e a exclusão social. Para atender à demanda da necessidade para a formação do cidadão atual, ou seja, solidário, crítico, participativo, responsável, competitivo e com boas relações interpessoais, faz-se relevante que a educação tenha pelo menos quatro pilares fundamentais, que são (DELORS, 2000): • aprender a conhecer indica interesse, abertura para conhecimento que verdadeiramente liberta da ignorância; • aprender a fazer mostra coragem de executar, correr riscos, errar mesmo na busca de acertar; • aprender a conviver traz desafio da convivência que apresenta respeito a todos e exercício de fraternidade como caminho do entendimento; • aprender a ser, que, talvez, seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver. Os pilares da educação apresentados por Delors devem fazer parte do Projeto Político Pedagó- gico da escola, definindo objetivos, métodos e currículos. Em consequência, os objetivos serão afetados e influenciados. O professor, altamente responsabilizado por várias incumbências sociais, deverá nortear seus objetivos para atender também os pilares da educação. 23 2.4.3 Objetivos e os sete saberes da educação O filósofoEdgar Morin sistematizou para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) um conjunto de reflexões para repensar a educação do século XXI. A partir disso, elencou os sete saberes indispensáveis para a educação (MORIN, 2000): 1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão – a transmissão do conhecimento passa pela percepção do outro que recebe. Cada um que recebe conhecimento pode adaptá-lo aos seus interesses e compreensão, seus pré-conhecimentos, sua cultura, sua posição social. Por isso, o objetivo da aula deve levar em conta todas essas possibilidades. Deve-se conhecer os alunos e como aprendem. 2. Os princípios do conhecimento pertinente – esse princípio refere-se à importância da contextualização do ensino. O objetivo da aula deve fazer parte de um objetivo maior. As partes devem se interligar através do contexto. 3. Ensinar a condição humana – Somos singulares, mas fazemos parte de subconjuntos na sociedade, mundo e planeta. Ao elaborarmos um objetivo, precisamos lembrar que importa articular as singularidades pessoais, emoções e realidade geral. A articulação dos saberes também será influenciada, podendo o professor usar métodos transdisciplinares e interdisciplinares para que haja conexão. 4. Ensinar a identidade terrena – Vivemos em uma sociedade em que a individualidade se acentua cada vez mais. É importante compreender o outro e a si mesmo como o diálogo entre as ciências. Ao determinar o objetivo escolar necessário prever que ações desencadeiam outras ações. É sábio contar com o imprevisível e o risco do erro e estabelecer estratégias para corrigir esses erros. 5. Enfrentar as incertezas – ainda que se conheça todas condições planetárias ainda não existe nenhuma saída para os problemas. Trabalhar para desenvolvimento de uma consciência planetária a fim de evitar riscos eminentes para toda humanidade. Os objetivos educacionais devem conscientizar alunos das incertezas e responsabilidades individuais. 6. Ensinar a compreensão – A compreensão aqui citada refere-se à tolerância, entendimentos das diferenças que devem estar presentes em todas as aulas. 7. A ética do gênero humano – é preciso desenvolver o caráter sociável e humanizado conduzindo o aluno a perceber que tudo que se faz reflete em nós mesmos e no outro. Ampliar a consciência dos atos praticados desenvolvendo aptidões individuais e coletivas. Edgar Morin nasceu na França, em 1921. Antropólogo, sociólogo e filósofo, tem sua principal obra, O método, constituída por seis volumes. Para saber mais sobre sua vida e suas contribuições à educação, acesse: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/ arquiteto-complexidade-423130.shtml?page=3. VOCÊ O CONHECE? 24 Laureate- International Universities Síntese Você concluiu os estudos deste capítulo, em que teve a oportunidade de: • entender que planejar é o exercício de prever ações para alcançar um determinado objetivo; • saber a importância de se estabelecer o plano de escola, que traduzirá as intenções do espaço escolar voltado para determinado público-alvo e por isso norteará os demais planos; • entender que, após a construção coletiva do plano de escola, o professor deverá estabelecer o plano de ensino estipulando os objetivos gerais e específicos de cada disciplina e transversalmente, incluindo os temas e projetos vinculados no plano de escola; • conhecer os passos para realizar planejamentos de aula, que devem partir de objetivos específicos que influenciarão no método escolhido para atingi-lo; • entender que todas as metas e caminhos devem ser flexíveis para, assim que avaliados processualmente, possam sofrer adaptações. Síntese 25 Referências BRASIL. Presidência da República. Lei nº 9.394, 20 dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em: 18 jan. 2016. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a edu- cação infantil. v.1. Brasília, 1998a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2016. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais, terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Ministério da Educação – Secretaria do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998b. ______. Presidência da República. Lei nº 13.005, 25 jun. 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 8 jan. 2016. ______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 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Planejamento: projeto de ensino aprendizagem e Projeto Político Pedagógico – elementos metodológicos para a elaboração e a realização. Cadernos Libertad v.1, 7. ed. São Paulo: Libertad, 2000. ZERO HORA. Há uma grande quantidade de professores ensinando coisas de que não gos- tam (entrevista com Tracey Tokuhama-Espinosa). Porto Alegre, 18 jul. 2011. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/45472-%60%60ha-uma-grande-quantidade-de-professo- res-ensinando-coisas-de-que-nao-gostam%60%60. Acesso em: 18 jan. 2016. Bibliográficas
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