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Abordagem Gramatical Rosiani Machado Abordagem Gramatical 2 Introdução A gramática está presente em nosso dia a dia nas inúmeras situações de uso da língua, seja ela falada, seja escrita. Sendo assim, nos deparamos com dúvidas sobre qual palavra usar em determinado momento, se o verbo está bem conjugado, se o plural está correto. E assim por diante. Dúvidas naturais de usuários de qualquer língua. Neste conteúdo, você poderá se aprofundar em seus conhecimentos gramaticais, aprendendo um pouco mais sobre eles. Assim, você verá alguns vocábulos da Língua Portuguesa, como o uso do porquê, onde e aonde, por exemplo; pontuação; a crase, sua formação e uso; acentuação e o Novo Acordo Ortográfico. Textos bem escritos e falas bem organizadas são referências de boa comunicação. Sendo assim, saber usar de forma apropriada a gramática de nossa língua fará com que você se saia bem em qualquer situação de uso da Língua Portuguesa. Bons estudos! Objetivos da Aprendizagem • Identificar o uso dos diferentes vocábulos de acordo com os textos apresen- tados. • Identificar os diferentes usos e funções da pontuação em um texto escrito. • Compreender a formação da crase e seu uso em situações diversas. • Reconhecer a escrita de palavras considerando o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. • Identificar a acentuação correta em palavras da Língua Portuguesa, de acordo com as normas ortográficas em uso. 3 Vocábulos Os vocábulos são indispensáveis dentro de um sistema de comunicação. O termo vocábulo vem do latim vocare, que significa dar um nome a algo ou a alguém. Por essa razão, dizemos que os vocábulos de uma língua se referem às palavras que compõem esta língua. Já quando queremos nos referir a um conjunto de vocábulos sobre um mesmo tema, citamos o vocabulário. Ao longo deste conteúdo, você verá alguns vocábulos que, por razões diversas, costumam nos deixar em dúvida no momento da escrita. Vamos a eles! Uso do porquê Algo que gera dúvidas na escrita é a utilização do termo “porque”, pois, na Língua Portuguesa, temos quatro situações de escrita diferentes, uma para cada uso. Vejamos quais são elas: Vocábulo Explicação de uso Exemplo de uso Porquê Substantivo Não sei o porquê de você não ir ao teatro conosco. Porque Conjunção coordenativa explicativa. Pode ser substituído por “pois”. Ela não vai ao teatro conosco porque (pois) está muito cansada. Por que Usado em perguntas diretas e indiretas, mas nunca ao final da frase. Por que você não vai ao teatro conosco? (Pergunta direta) Ela não sabe explicar por que não vai ao teatro conosco. (Pergunta indireta) Por quê Usado em final da frase. Você não vai ao teatro conosco por quê? Ela não vai ao teatro conosco e não soube explicar por quê. Quadro 1 - Uso do porquê Fonte: Elaborado pela autora (2018). A seguir, você terá contato com outros vocábulos que podem suscitar dúvidas durante a escrita. 4 Vocábulo Explicação Exemplo de uso Onde Indica permanência, o lugar em que se está ou em que se dá algum fato. Complementa verbos que exprimem estado ou permanência e que normalmente pedem a preposição em. Ela chegou ao lugar onde havia nascido e emocionou- se. Aonde Indica movimento, destino. Só pode ser utilizado quando a frase exprimir ideia de destino. Deixou a cidade natal ainda na infância e aonde retornaria somente agora, na fase adulta. Ao invés de Tem o sentido de “ao contrário de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”. Ao invés de chorar, riu, riu muito. Decidiu comprar os livros à vista ao invés de fazer a prazo. Em vez de Apresenta o sentido de “no lugar de” ou “em lugar de”. Em vez de ficar contando histórias, fale logo o que pensa! Faça sua parte, em vez de ficar reclamando! Mau É sempre um adjetivo. Refere-se, pois, a um substantivo. Escolheu um mau momento. Era um mau aluno. Mal Advérbio de modo (antônimo de bem) Conjunção temporal (equivale a ASSIM QUE) Substantivo Ele saiu-se mal na primeira etapa. Mal chegou, foi logo para seu quarto. O mal que ele me causou não tem cura. Ela foi atacada por um mal incurável. Cessão Ato de ceder, dar ou doar algo a alguém. A prefeitura fez a cessão de um terreno para a comunidade do bairro. Sessão Intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembleia. Assistimos a uma sessão de cinema. Reuniram-se em sessão extraordinária. S e ç ã o (secção) Parte de um todo, segmento, subdivisão. Toda a seção de esportes de nossa loja está em promoção. Senão Equivale a caso contrário. Providenciem a compra das passagens senão ficarão sem viajar. Se não Equivale a se por acaso não. Trata-se da conjunção condicional SE + advérbio de negação NÃO. Se não chover, iremos à praia amanhã. 5 Ao encontro de Significa a favor de. Esse conteúdo veio ao encontro de minhas dúvidas. De encontro a Usado para expressar discordância. Sua atitude vai de encontro a nossas expectativas. Há Terceira pessoa do presente do indicativo do verbo HAVER. Usado em relação a tempo transcorrido, passado. Saímos de lá há dois dias. A Preposição usada em relação a tempo futuro. Chegaremos daqui a dois dias. Mas Conjunção indicativa de adversidade, oposição. Por ser substituída por CONTUDO, PORÉM ou TODAVIA. Sempre gostou de andar de bicicleta, mas (porém, contudo, todavia), naquele dia, não quis passear com os amigos. Mais Significa adição. Pode, ainda, ser usado com o sentido de dar intensidade a alguma coisa. Estudando assim, será o mais bem sucedido do curso. Quadro 2 - Uso de diversos vocábulos Fonte: Adaptado de Martins e Zilberknop (2010). Todos esses vocábulos são utilizados a todo momento na língua, seja ela falada ou escrita, e poderão suscitar dúvidas quanto ao uso adequado de cada um deles. Outros vocábulos que apresentam dúvidas significativas são os pronomes demonstrativos este, esse e aquele. Dedicamos um tópico exclusivo para o caso, que você verá no seguimento. Este / esse / aquele São pronomes demonstrativos que indicam a posição de uma determinada palavra em relação à outra. Tais pronomes podem variar em gênero e número. Veja o quadro: Este esta estes estas Esse essa esses essas aquele aquela aqueles aquela 6 Quadro 3 - Variação em gênero e número dos pronomes este/esse/aquele Fonte: Elaborado pela autora (2018). Veja um exemplo: A criança, o jovem e o idoso têm pouca ou quase nenhuma liberdade de expressão. Aquela porque não tem maturidade; esse porque não tem responsabilidade; este porque está velho demais. Observe o esquema representado na Figura 1 Figura 1 - Esquema de representação – este, esse e aquele Fonte: Elaborada pela autora (2018). Note que o termo “aquela” se refere ao primeiro citado da frase, que no exemplo dado é “a criança”. O termo “esse” resgata o segundo termo, “o jovem”. Já o termo “este” trata do terceiro termo, ‘o idoso’. Analise agora o exemplo a seguir: As crianças de antigamente brincavam mais do que as de hoje em dia, porque aquelas tinham mais liberdade enquanto estas vivem presas em apartamentos. Quando há o uso de dois pronomes demonstrativos, somente, usamos “este” e “aquele”, conforme exemplo dado. Observe o esquema apresentado na figura a seguir: 7 Figura 2 - Esquema de representação – este e aquele Fonte: Elaborada pela autora (2018). Este tópico abordou somente alguns dos vocábulos da Língua Portuguesa que, em situações de escrita, poderão suscitar dúvidas quanto ao uso correto de cada um. No entanto, para você aprofundar seus conhecimentos, é válido que tenha em mente a consulta a uma gramática da língua. Ela lhe dará suporte para as incertezas, tanto em situações de fala como de escrita. Dando continuidade à abordagem gramatical deste conteúdo, a seguir veremos os casos de uso da pontuação. A inadequação vocabular diz respeito ao uso inadequado de uma palavra dentro de um determinado contexto. Por exemplo, em uma tarde quente de verão, dizer que um copo de água bem gelada viria de encontro à suasede seria o mesmo que dizer que você não quer um copo de água, pois a expressão “de encontro a” remete ao contrário daquilo que se quer. A leitura de textos diversos, seja em livros, jornais, sites etc., poderá auxiliar no enriquecimento vocabular. O que você pensa sobre isso? Reflita Pontuação A pontuação é utilizada na escrita para marcar o ritmo e a melodia característicos somente da fala. 8 Figura 3 - Pontuação Fonte: Plataforma Deduca (2018). Observe o quadro a seguir para relembrar a pontuação da Língua Portuguesa: . PONTO FINAL ? PONTO DE INTERROGAÇÃOPONTO DE INTERROGAÇÃO ! PONTO DE EXCLAMAÇÃO , VÍRGULA ; PONTO E VÍRGULA ... RETICÊNCIAS : DOIS-PONTOS - HÍFEN – TRAVESSÃO “ ” ASPAS Quadro 4 - Pontuação 9 Fonte: Adaptada de Martins e Zilberknop (2010). Neste conteúdo, traremos somente as normas relativas ao uso da vírgula, do dois- pontos, do ponto e vírgula e do travessão. Isso porque entendemos que os demais já têm suas normas de uso consolidadas por você. Comecemos pela vírgula. Vírgula Embora muitos acreditem que a vírgula serve, apenas, para marcar a pausa durante a leitura de um texto, a verdade é que ela exige bem mais do que isso. Vejamos as situações mais frequentes em que ela aparece: Separa as unidades coordenadas. Sua mãe, seu pai, sua tia e seu avô reuniram-se e decidiram seu futuro sem nada lhe perguntar. Separa algumas expressões: isto é, ou melhor, por exemplo, por assim dizer etc. Ele não disse quase nada, ou melhor, ficou calado o tempo todo. Restaram poucas coisas, por exemplo, um sofá velho e uma cadeira quebrada. Indica uma elipse, ou seja, a supressão de uma palavra. Meus avós tiveram oito filhos; meus pais, (tiveram) somente dois. Separa o vocativo. João, traz-me o cobertor que estou congelando aqui. Separa o aposto explicativo. Sinara, minha amiga de infância, deixou a cidade natal assim que se formou na faculdade. Indica ideia de adversidade, conclusão ou explicação. Havia procurado por tudo, porém não encontrou seu relógio favorito. Esforça-se muito, portanto, conseguirá uma boa colocação no mercado de trabalho. Parou de lutar, pois já estava cansada de tanto lutar contra tudo e contra todos. 10 Separa unidades repetidas em uma oração. Não conseguiu aprovação, mas ficou ali, ali. Sucede explicações em seguida de alguns termos: sim, não, nada, tudo. Sim, estou em casa. Nada, só estou cansada. Não, vou de carona com a Josi. A seguir, veremos as situações de uso do dois-pontos. Dois-pontos Essa pontuação é usada, basicamente, nas três situações que seguem: Em enumerações. Em sua mais recente viagem, visitou três países europeus: Dinamarca, Holanda e Bélgica. No início de uma citação direta. Não poupou palavras e disse: “Nunca mais quero ver você reclamando da vida!” Antecedendo uma conclusão. Saiu rápido: estava atrasadíssimo para o trabalho. O travessão também faz parte da pontuação da Língua Portuguesa, utilizado nos momentos explicitados no tópico seguinte. Travessão O travessão é usado nas seguintes situações de escrita: Substitutivo da vírgula em uma explicação. 11 O Pará, situado na região Norte, é o segundo maior estado em extensão territorial do Brasil. Introduz uma elocução. Cheguei! – Gritou Marina, toda feliz. Para dar destaque. Estou exausta e só penso em uma coisa – férias! Agora que você já viu o uso do travessão, no tópico a seguir você tomará conhecimento de como deve usar o ponto e vírgula. Ponto e vírgula O ponto e vírgula é usado para marcar uma pausa um pouco maior que a da vírgula e menor que a do ponto. O principal uso do ponto e vírgula é ao final de expressões e termos alinhados em forma de relação sobre um mesmo assunto. Para uma alimentação saudável, siga os seguintes passos: 1. Faça, ao menos, seis refeições diárias; 2. Evite frituras e alimentos gordurosos; 3. Coma muitas frutas, legumes e beba bastante água; 4. Faça exercícios regularmente; 5. Alimente-se com calma, saboreando sua refeição. Encerramos este tópico com a observação de que a pontuação deve ser usada com cuidado, pois, qualquer equívoco, poderá alterar totalmente o sentido daquilo que se quer expressar. Não espere por mim. (Vá porque irei mais tarde, depois de você.) Não, espere por mim. (Vou junto com você.) Crase Crase é a contração, a fusão do artigo definido feminino singular A com a preposição A ou com o A inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo. Ao escreveremos, indicamos por meio do acento grave ( ` ). 12 Regra prática da crase: Para ter certeza de que há ou não crase, faça o seguinte teste: Ex.: Fui à praia pela manhã. Substitua o termo que vem antes do A pela expressão GOSTO DE ou DA (para “enxergar” a preposição DE) Gosto de praia pela manhã. Gosto da praia pela manhã. Em seguida, troque o mesmo A por AO (para “enxergar” o artigo definido) Fui ao mercado fazer compras. Fui a mercado fazer compras. Atenção Vejamos, agora, os casos em que a crase é obrigatória, em que não é e quais os casos opcionais, de acordo com Almeida e Almeida (2004). Uso obrigatório da crase A crase é obrigatória nos seguintes casos: Em locuções adverbiais: à esquerda, à toa, às pressas, às vezes, à noite, à tarde etc. Locuções prepositivas: à vista de, à beira de, à cata de, à espera de, à guisa de, à roda de, à semelhança de, à custa de, à frente de, à razão de etc. Locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que etc. Diante de pronomes demonstrativos, quando antecedidos por verbos que regem a preposição a: àquele(s), àquela(s), àquilo. Quando subentendidas as expressões à moda de, à maneira de. Diante de numerais, apenas quando houver referência a horas. 13 Diante de nomes de lugares que admitem o artigo definido feminino. Todos os casos que você viu remetem à contração do artigo definido feminino “a” com a preposição “a” e, por isso mesmo, remetem ao uso obrigatório da crase. Vejamos, no tópico a seguir, os casos em que não ocorrem crase. Casos em que não se usa crase A regra principal para o não uso da crase é a presença de um substantivo masculino, já que o artigo definido deverá sempre preceder um substantivo igualmente no feminino. Além disso, se a palavra que vem logo em seguida não exigir a preposição “a”, também não haverá crase. Vejamos os casos de não uso da crase: Diante de verbos. Estão todos a reclamar do juiz. Diante de palavras masculinas. Ela foi ao cinema. Diante de artigo indefinido, mesmo que feminino. A professora conduziu todos a uma certa conclusão. Diante de pronomes que não aceitam o artigo. A quem se dirigem as cláusulas? O advogado não se referiu a ninguém em específico. Obs.: há pronomes que admitem artigo, ocorrendo a crase: Helena faz companhia à colega. Júlia aludiu à mesma questão. Diante da palavra casa quando indicar residência própria. Renato volta a casa toda semana. 14 Obs.: quando a palavra casa estiver especificada, ocorrerá a crase. Estavam na maior bagunça quando cheguei à casa da vizinha. Diante da palavra terra, como antônimo de bordo. Estávamos no Pacífico e voltamos a terra bastante estranhos. Obs.: como no caso anterior, quando a palavra terra vier especificada, ocorre a crase. Jacira voltou à terra dos seus avós. Em locuções formadas por palavras repetidas: dia a dia, frente a frente, gota a gota etc. Diante de substantivos próprios que não aceitam artigo. Josivaldo foi a Porto Alegre. Como você viu, todos os casos listados não admitem o uso da crase porque ou não há substantivo feminino, ou não há a preposição “a”. Existem, ainda, casos opcionais de uso da crase. Observe-os no próximo tópico. Casos em que a crase é opcional Existem casos em que a crase é opcional. Vejamos: Diante de pronomes possessivos femininos no singular. Guilherme estava à minha procura. Thaís mentiu a minha irmã. Diante de substantivos próprios femininos. À Maria deixo meu abraço. Nada do que faço agrada a Bruna. Depois da preposição até. Com medo, foi até a calçada.Aline trabalha até à meia-noite. 15 Esperamos que o conteúdo apresentado sobre a crase possa auxiliar você nos momentos de escrita de textos diversos. Na próxima etapa, apresentamos o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e quais suas principais implicações para a escrita da Língua Portuguesa. A Língua Portuguesa é a língua oficial de nove países, além do Brasil: Portugal, na Europa, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, no continente africano. Esses países fazem parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo que o acordo foi uma iniciativa dessa comunidade. No Brasil, o Novo Acordo Ortográfico passou a vigorar a partir de 2009, mas, só recentemente, no ano de 2016, que a obrigatoriedade foi exigida. Curiosidade Novo Acordo Ortográfico A ortografia diz respeito à forma como uma língua é escrita. Ela determina uma unificação dessa escrita, o que faz com que uma palavra, mesmo que falada de maneiras diferentes, seja escrita da mesma forma em todo o território nacional. A Câmara dos Deputados elaborou, em 2009, um guia de bolso para esclarecimento das principais alterações ocorridas na escrita da Língua Portuguesa após o Novo Acordo Ortográfico. Vejamos quais são elas nos tópicos que seguem. Alfabeto O alfabeto da Língua Portuguesa era composto por 23 letras. Com o Novo Acordo, foram introduzidas as letras K, W, Y, já consolidadas em diversas palavras de nossa língua. Outra alteração na ortografia refere-se à acentuação. Veja os casos de alteração, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, no tópico a seguir. 16 Figura 4 - Alfabeto Fonte: Plataforma Deduca (2018). Acentuação As alterações ocorridas referentes à acentuação foram as seguintes: Queda do trema, acento indicativo de que uma vogal não formará ditongo com a vogal seguinte. lingüística – linguística; cinqüenta – cinquenta, freqüente - frequente Obs.: substantivos próprios, caso já levassem o trema originalmente, permaneceram do mesmo modo. Müller; Bündchen Queda do acento em palavras cujas vogais se repetem ao seu final. vôo – voo; lêem – leem Queda do acento agudo nos ditongos abertos éi e ói. idéia – ideia; platéia – plateia; apóia – apoia (verbo); bóia - boia Queda do acento diferencial nas seguintes palavras: para (verbo parar) – para (preposição); polo (como em Polo Norte) – polo (em desuso); pelo (verbo pelar) – pelo (cabelo); pera (em desuso) – pera (fruta) Obs.: os verbos pôr e pôde permanecem acentuados. Já o acento no substantivo fôrma é facultativo. 17 Além da acentuação, outra mudança considerável foi a relacionada ao uso ou não do hífen. Hífen Consideramos a maior alteração imposta pelo acordo. Por isso mesmo, um item que exigirá de você maior atenção. Veja as principais mudanças ocorridas em relação ao uso ou não do hífen. Usa-se hífen quando o segundo elemento da palavra começar pela letra H anti-herói; super-homem; giga-hertz Usa-se o hífen para separar vogais ou consoantes iguais. micro-ondas; contra-atacar; sub-bibliotecário; inter-racial Obs.: 1) dobra-se o R e o S em palavras que unem um prefixo terminado em vogal com outra iniciada por R ou S. contrarregra; ultrassom 2) em palavras iniciadas pelo prefixo CO não se usa hífen, mesmo que a palavra seguinte comece pela vogal O. coorientador; cooptar Usa-se hífen em palavras iniciadas pelos prefixos PAN e CIRCUM, desde que seguidos por palavras que comecem por vogal, H, M ou N. pan-americano; circum-navegação Usa-se hífen em palavras iniciadas pelo prefixos PÓS, PRÉ e PRÓ. pós-graduação; pré-operatório; pró-governo Agora que você reviu − ou mesmo aprofundou − as situações de uso da pontuação, a seguir trazemos o último assunto deste conteúdo: a acentuação. 18 Acentuação O acento é um sinal gráfico que serve para marcar a sílaba tônica de uma palavra e a sua sonoridade. Os acentos usados na Língua Portuguesa são os seguintes: ´ ACENTO AGUDO ` ACENTO GRAVE ^ ACENTO CIRCUNFLEXO ~ TIL Quadro 5 - Acentos da Língua Portuguesa Fonte: Elaborado pela autora (2018). Cada um desses sinais gráficos tem uma finalidade de acordo com a palavra em que será usado: O acento agudo serve para indicar a vogal tônica de uma palavra. pálido; rodapé; lírio; automóvel; estúdio. O acento grave é usado em uma única situação: na crase (como já vimos neste conteúdo). à; àqueles. O acento circunflexo tanto poderá indicar a nasalidade na vogal A, como, ainda, poderá marcar a tonicidade das vogais fechadas E ou O. dinâmico; prêmio; atônito. O til é usado nos casos de indicação de nasalidade do A e do O. saguão; opções. 19 Para utilização dos acentos de forma apropriada, existem algumas regras de uso. Vejamos, nos tópicos que seguem, quais são elas. Proparoxítonas As palavras proparoxítonas são aquelas cuja intensidade de pronúncia ocorrerá na antepenúltima sílaba tônica. Na Língua Portuguesa, essas palavras ocorrem em menor número e, por isso mesmo, todas as proparoxítonas são acentuadas. Nesta regra estão incluídas as denominadas proparoxítonas eventuais, ou seja, aquelas terminadas em ditongo crescente. dúvida; marítima; mistério; Rondônia. Paroxítonas Ao contrário das proparoxítonas, as palavras paroxítonas (com intensidade de pronúncia na penúltima sílaba) são as que existem em maior quantidade em nossa língua. Por isso mesmo, são as que possuem um maior número de regras, e essas regras são determinadas por suas letras finais. Sendo assim, são acentuados os vocábulos paroxítonos conforme o quadro a seguir: TERMINADAS EM EXEMPLO i(s) júri - tênis X ônix - tórax L fácil - impossível R açúcar - cadáver Em pólen - hífen Os bíceps - fórceps Us vírus - bônus on, nos nêutron - íons ã(s), ão(s) órfã - órgão ditongo oral (seguido ou não de s) jóquei - vôlei Quadro 6 - Acentuação das paroxítonas Fonte: Elaborado pela autora (2018). Mas, muita atenção! As regras do Quadro 6 não se aplicam: 20 aos prefixos terminados em I ou R. anti-; semi-; super-; inter- ao plural das paroxítonas terminadas em -en. hífens; pólens Oxítonas As oxítonas são aquelas cuja intensidade de pronúncia recai na última sílaba. Observe o quadro a seguir no qual constam as regras de acentuação desses vocábulos. TERMINADAS EM EXEMPLO a(s) Pará - atrás e(s) café - português o(s) vovô - após em, ens também - reféns Quadro 7 - Acentuação das oxítonas Fonte: Elaborado pela autora (2018). Existem poucos casos de exigência de acento gráfico nas oxítonas justamente porque há um repertório pequeno delas na Língua Portuguesa. A seguir, você tomará conhecimento dos casos especiais de uso da acentuação na Língua Portuguesa. Casos especiais Na Língua Portuguesa, existem casos considerados especiais de exigência da acentuação gráfica. Veja quais são eles: Os ditongos abertos EI, EU e OI, seguidos ou não de S, são acentuados na primeira vogal. anéis; céu; herói Os hiatos formados por I e U são acentuados, desde que não sejam seguidos por NH, não repitam a vogal e não formem sílaba com o S. saída; país; saúde; baú. Os vocábulos finalizados por ditongo oral átono, seguidos ou não de S. mágoa; réguas; importância. Com esse estudo, chegamos ao final de mais um conteúdo. Sabemos que a gramática da língua, mesmo que praticada por nós desde a mais tenra idade (aproximadamente desde os três anos de idade), é algo que requer certa atenção nos momentos em que seu uso exige um monitoramento maior. Acreditamos que os tópicos aqui abordados possam ajudar você nessas situações. Conclusão Neste conteúdo, você viu que: • Os vocábulos são indispensáveis dentro de um sistema de comunicação e, por isso mesmo, alguns deles requerem atenção especial no momento da es- crita. • A pontuação é utilizada na escrita para marcar o ritmo e a melodia caracterís- ticos da fala. • A crase é um caso particular da Língua Portuguesa e segue regras de acordo com a situação de uso. • O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesatrouxe alterações, sobretu- do, na acentuação de algumas palavras e no uso do hífen. • A acentuação gráfica serve para determinar a sílaba tônica de uma palavra e a sua sonoridade. A todo momento e desde a mais tenra idade usamos a gramática, mesmo sem percebermos. No entanto, se questionados sobre o que é Gramática, muitos de nós não saberemos explicar. Para saber mais detalhes e aprofundar seus conhecimentos sobre a gramática da Língua Portuguesa, acesse o link http://www. letramagna.com/17_5.pdf Saiba mais Referências ALMEIDA, A. F.; ALMEIDA, V. S. R. Português básico: gramática, redação, texto. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. BRASIL. Reforma ortográfica: guia de bolso. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2009. MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português Instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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