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Diferenças entre Sociedades Simples e Empresárias

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A RELATIVIZAÇÃO, DISTINÇÃO E TIPIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES SIMPLES E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS[1: Paper apresentado à disciplina de Teoria do Direito Empresarial e do Direito Societário da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.]
Edne Ellen Cruz de Lima
Laura Duarte Brito[2: Alunas do 3º Período do Curso de Direito da UNDB.]
Daniel Almeida Rodrigues[3: Professor Mestre, Orientador.]
SUMÁRIO: RESUMO; 1 INTRODUÇÃO; 2 DIFERENÇAS ENTRE SOCIEDADES SIMPLES E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS; 3 DIFERENCIAÇÕES ACERCA DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE SIMPLES E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS; 4 TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS; 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS; REFERÊNCIAS.
RESUMO
O presente trabalho vem com intuito de trabalhar a respeito da diferenciação e relativização das sociedades simples e empresárias, demonstrando suas diferenças, seus efeitos e características a fim de demonstrar a sua importância em nível social, o seu funcionamento e como o entendimento acerca de suas distinções e semelhanças fazem diferença na hora de se decidir sobre qual será o melhor ou qual se encaixa nos planos que o empresário tem para si e para sua empresa. Dessa forma, os conceitos envolvidos farão alusão ao que se espera e se pretende construir de maneira coerente e clara todas as observações destacadas no contexto geral do trabalho com bases sociológicas e exemplificações de suas funções e formas de preenchimento da sociedade, no atendimento de sua demanda e adaptação a realidade em que são inseridas.
Palavras-chave: Sociedades Simples. Empresárias. Diferenciação. Aprendizado. Exemplificação.
1 INTRODUÇÃO
É notório que a empresa é confundida diariamente com o sujeito de direito, ou seja, costuma se cogitar que a empresa tem personalidade jurídica, ao invés do empresário. Além da controvérsia que se dá no próprio conceito de sociedades empresárias, pois costuma ser assemelhado ao conceito de empresário. Para a compreensão e distinção dos termos e da sua aplicabilidade é importante conhecer as funções de cada um, o contexto que estão envolvidos e suas características, entender como elas se relacionam e como se diferenciam na sociedade e nos tipos de trabalhos desenvolvem e sua importância acerca disso. Por isso, pergunta-se: as diferenças e tipificações existentes causam grande impacto para o empresário?
Com isso, o estudo mais aprofundado sobre os conceitos, deveres, responsabilidades e diferenças das empresas e dos tipos de sociedade vem com o intuito de demonstrar que assim como as outras áreas de conhecimento que são estudadas, o direito empresarial tem seu lado valorativo e experimental, ou seja, a inserção da atividade econômica em tal local para analisar sua aceitação e como ela serviria melhor à sociedade a sua volta, fazendo com que que haja uma inovação nesse setor acadêmico e no setor social, de fato.
Assim, objetiva-se analisar as tipificações existentes em cada a fim de saber seu impacto para o empresário, entender as diferenças sobre as sociedades simples e sociedades empresárias, descrever as dissoluções existentes ente elas e compreender os tipos de sociedades empresárias existentes.
A metodologia utilizada é a pesquisa exploratória. De acordo com Gil (2002), a esse tipo de investigação tem como objetivo principal desenvolver e esclarecer conceitos e ideias com a finalidade de propor um problema preciso. Também pode ser classificada como bibliográfica ou estudo de caso.
A pesquisa foi feita através de levantamento bibliográfico, que é feito a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas (GIL, 2008), com o estudo de obras já publicadas, sejam elas escritas ou digitais. Esse material é constituído de livros, artigos de periódicos, e outros disponibilizados principalmente em meio eletrônico.
2 DIFERENÇAS ENTRE SOCIEDADES SIMPLES E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Sociedade simples é a sociedade constituída por pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha entre si dos resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade própria de empresário. São formadas por pessoas que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo se contar com auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. A sociedade simples é considera pessoa jurídica, como por exemplo dois médicos constituírem um consultório médico ou dois dentistas constituírem um consultório odontológico. (UNIFAP, 2015)
Já a sociedade empresária tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro, inclusive a sociedade por ações, independentemente de seu objeto, devendo inscrever-se na Junta Comercial do respectivo Estado. Isto é, sociedade empresária é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de empresa, assim serve de exemplo dois médicos constituírem um hospital, dois dentistas constituírem um convênio odontológico, duas ou mais pessoas se unirem para constituir uma empresa cuja atividade será comércio varejista de suprimentos de informática, podendo ainda, ser cumulado com a prestação de serviços de manutenção. (UNIFAP, 2015)
Dessa forma, é importante saber que a sociedade empresária tem o registro de seus atos na Junta Comercial e a sociedade simples tem o registro de seus atos no Cartório, sendo essa uma diferença marcante. Há de se concluir, portanto, que a distinção entre elas se dá pela forma com que se exerce a atividade econômica e pelo meio ao qual são registradas para cumprirem seus efeitos de maneira correta. As sociedades simples podem, então, dedicar-se a quaisquer atividades relativas a bens e serviços, podendo constituir-se como sociedades simples ou simples limitada (Código Civil, art. 983). E só com o registro no órgão próprio, Registro Civil das Pessoas Jurídicas, serão assim consideradas, livrando-se, então, das exigências estabelecidas para as sociedades empresárias. (Código Civil, art. 1.150).
É notória a especificidade entre as sociedades simples e as sociedades empresárias. Interessante entender que as sociedades simples não são empresárias, como dito anteriormente acima, e são as únicas que possibilitam a existência de sócios de serviço. A afirmação anterior logo remete a ideia de que toda sociedade que não exerça atividade econômica organizada profissionalmente para a produção ou circulação de bens são simples. Nesse tipo de sociedade, o objeto é o exercício da profissão intelectual, de natureza artística ou literária. Desse modo, o campo de exercício das sociedades simples é limitado, pois se restringem a pequenos negócios. Como consequência disso, nota-se que é um trabalho que não possui uma organização necessariamente especificada em lei, pode-se perceber através dos sócios, ora, é um trabalho autônomo. (WALD, 2004)
O art. 997, CC apresenta algumas características das sociedades simples, entre elas que os sócios podem ser pessoas naturais ou jurídicas, ou seja, essa é uma particularidade das sociedades simples (ter sócios), além de que o lucro obtido, “como o das demais sociedades, poderá ser integralizado com qualquer sorte de bem suscetível de avaliação em dinheiro” (BORBA, 2003, p. 74). ” Sabe-se, como já foi citado, que o vínculo entre os sócios de uma sociedade simples se dá por meio de contrato, logo, cada sócio terá responsabilidades e deverá cumprir sua parcela de cooperação estipulada. No entanto, além das obrigações, os sócios também têm direitos, tais quais usufruir dos lucros e dos bens da sociedade, “contando que lhes deem o seu destino e possibilitem aos outros aproveitá-los nos limites do seu direito” (DINIZ, 2012, p. 62). Ou seja, os lucros e bens ao serem utilizados devem ser de conhecimentos dos outros sócios e não podem ser para consumo próprio ou de terceiros, salvo estipulado.
Outro fato é que as sociedades simples não são passíveis de falência, no entanto, no caso de um de seus sócios ir à falência,“liquida-se a quota do falecido, salvo três situações previstas no art. 1.028, CC: se o contrato dispuser diferentemente; se a sociedade for dissolvida por decisão dos sócios remanescentes; e se houver substituição do sócio falecido, por acordo com os herdeiros”. Acontece que se a sociedade é formada por apenas dois sócios e um deles morrer, por exemplo, a sociedade acabará, pois a pluralidade é elemento essencial para sua existência. (CHO, 2015)
Como destaque de particularidade também, as sociedades simples não estão sujeitas a um formalismo quando se reúnem, é algo mais autônomo, em um âmbito geral isso acontece. Na própria questão da responsabilidade observa-se a possibilidade de algo mais aberto, mais flexível, o contrato pode estabelecer responsabilidade limitada ou ilimitada ao sócio, tudo dependendo da forma como eles responderão pelas obrigações. Diante disso, nota-se que as sociedades simples são de grande importância social, na forma que produzem inúmeros benefícios e dão mais liberdades aos envolvidos, propiciando ações mais autônomas e diversificada, não necessariamente seguindo a lei, mas podendo ser mais flexível através do contrato. (WALD, 2004)
Contudo, as sociedades empresárias possuem características únicas, tais como: constitui-se por contrato entre duas ou mais pessoas; tem por nome uma firma (também chamada razão social) ou uma denominação; extingue-se pela dissolução, por expirado o prazo de duração ajustado, por iniciativa de sócios, por ato de autoridade; é uma pessoa jurídica, com personalidade distinta das pessoas dos sócios; tem vida, direitos, obrigações e patrimônios próprios; é representada por quem a contrata ou o estatuto designar. Dessa forma, é perceptível que empresária é a sociedade formada e não os sócios, o patrimônio também é da sociedade, e que é possível modificar sua estrutura por alteração no quadro social ou por mudança de tipo. (UNIFAP, 2015)
3 DIFERENCIAÇÕES ACERCA DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE SIMPLES E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Segundo Ulhoa (2014) “dissolução é conceito que pode ser utilizado em dois sentidos diferentes: para compreender todo o processo de término da personalidade jurídica da sociedade comercial (sentido amplo) ou para individuar o ato específico que desencadeia este processo ou que importa na desvinculação de um dos sócios do quadro associativo (sentido estrito) ”. O Código Civil (2002) no entanto, cita as possibilidades de dissociação extrajudicial, que pode se dar quando chegar o prazo de validade da sociedade, mas caso não haja oposição de nem um dos sócios e então a sociedade não entra em liquidação e o prazo se prorrogará, pode se dissociar também se todos os sócios chegarem a um consenso de que querem o fim da sociedade, se houver deliberação dos sócios por parte da maioria ou no caso de falta de pluralidade de sócios. 
Porém, a sociedade também pode se dissociar por ordem judicial, que está expresso no art. 1034 do CC (2002), que é nos casos de anulação de sua constituição, quando não tem mais um fim social ou sua inexequibilidade é notada. “Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desde logo, a liquidação judicial” (art. 1036, CC, 2002). Como mencionado anteriormente, a morte de um dos sócios caracterizará dissolução, no caso de a sociedade ser formada por apenas dois sócios.
“A liquidação é o período de fechamento das contas. Nessa fase deverá a sociedade ultimar negócios pendentes, realizar o ativo e pagar o passivo”. Em outras palavras, é nesta fase que irá obter o resultado líquido do patrimônio social. Na situação em que a sociedade simples se dissolver por força da cassação da autorização para o seu funcionamento, o Ministério Público deverá promover a liquidação judicial desta sociedade, se os administradores não requererem tal liquidação no prazo de trinta dias. (BORBA, apud CHO).
As sociedades podem ser dissolvidas plenamente, isto é, deixarem de existir, momento em que há, também, o término de sua personalidade jurídica e o rompimento de todos os vínculos contratuais que lhe originaram. Por outro lado, também poderá haver a dissolução parcial, que não põe termo à sociedade empresária, nem à sua personalidade jurídica, já que essa continua a existir com os sócios remanescentes. Assim, opera-se o rompimento do pacto originário em relação aos sócios que deixam a sociedade, porém, a empresa é preservada, continuando suas atividades com os demais sócios. (GONÇALVES, SANTOS, 2015)
Gonçalves e Santos (2015) deixam claro que o ato de dissolução pode ser extrajudicial quando há a vontade dos sócios, devidamente registrada em ata, alteração contratual ou distrato, ou através da dissolução de pleno direito, quando há a ocorrência de alguma das causas previstas em lei ou no contrato/estatuto da empresa. Por outro lado, esse ato poderá ser judicial, que, como a própria denominação indica, requer a intervenção do Poder Judiciário, sendo, assim, a sociedade empresária dissolvida por meio de sentença. Dessa forma, verifica-se que a distinção entre as duas formas de ato de dissolução se fundamentam na natureza desse ato, ou seja, o instrumento da operação, e não na causa que o operou. 
Assim, a extrajudicial é instrumentalizada por ato dos sócios, enquanto que a judicial, por decisão do Judiciário. Essa primeira fase significa, conforme ressaltado por José Maria Rocha Filho, "que a sociedade parou de funcionar, deixou de exercer sua atividade. Porém, não perdeu, ainda, sua personalidade jurídica" (apud GONÇALVES, SANTOS, 2015). Assim, a sociedade continua existindo enquanto pessoa jurídica de direito privado, consequentemente detentora de personalidade jurídica, porém, não exerce mais as atividades que lhe eram inerentes. Essa previsão está devidamente regulamentada pelo Código Civil, no art. 51.
Conforme prelecionado por Maria Helena Diniz, "havendo dissolução da pessoa jurídica ou cassada sua autorização para funcionamento, ela subsistirá para fins de liquidação, mas aquela dissolução ou cassação deverá ser averbada no registro onde ela estiver inscrita, para que se dê publicidade ao fato, resguardando se interesse da entidade e de terceiros". Sendo assim, observa-se que a dissolução por vontades dos sócios ou até mesmo por imposição legal ou da própria Administração Pública, no exercício de suas atividades, inclusive do poder de polícia, não podem em hipótese alguma prejudicar os interesses de terceiros, que tenham com a sociedade celebrado contratos, constituído obrigações de boa-fé, sendo esta a razão da imposição da averbação da decisão de dissolução no registro próprio.
4 TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
As sociedades empresárias podem ser do tipo: nome coletivo, comandita simples, comandita por ações, anônima e limitada e elas se classificam de acordo com suas responsabilidades, que são ilimitadas (nome coletivo), mistas (comanditas) e limitadas (sociedade limitada e anônima). As sociedades anônimas e limitadas possuem importância econômica. As outras, não acompanharam a evolução da nova economia e seus regulamentos se tornaram inadequados. Geralmente, estas são constituídas apenas para atividades importância secundária, marginais. Fabio Ulhoa nos mostra alguns dados estáticos relacionados as criações dos tipos de sociedades. Vejamos: “Dados estatísticos mostram que entre 1985 e 2005, as Juntas comerciais registram 64.332 sociedades limitadas, 7.977 sociedades anônimas e 842 sociedades empresárias de outros tipos (comandita simples, comandita por ações, em nome comum) ”.
Nas sociedades em nome coletivo, somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânimeconvenção posterior, limitar entre si a responsabilidade década um. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas específicas expostas neste tópico, e pelas normas das sociedades em geral. Na sua firma social, o contrato deve mencionar, além das indicações obrigatórias, a firma social. Assim, a administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes. (NORMAS, 2016)
Nas sociedades em comandita simples, tomam parte sócios de duas categorias: 1. Os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações, 2. Os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. Nas suas normas subsidiárias aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da Sociedade em Nome Coletivo, no que forem compatíveis com as expostas neste tópico. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em nome. Nas restrições ao sócio comanditário, não há prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado. (NORMAS, 2016)
Quando há morte de sócio comanditário a sociedade, salvo disposição do contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente. E com isso vem as hipóteses de dissolução, uma vez que dissolve-se de pleno direito a sociedade: I - por qualquer das causas estabelecidas para as sociedades em geral e também pela declaração da falência Veja tópico Sociedade - Dissolução; II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de sócio. Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão administrador provisório para praticar, durante o período de 180 dias e sem assumir a condição de sócio, os atos de administração. Tudo isso baseado nos artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil (NORMAS, 2016)
A sociedade em comandita por ações é uma sociedade empresária que tem natureza híbrida com características tanto das sociedades em comandita simples como das sociedades anônimas. Não tem natureza contratual, mas sim institucional. A sua característica principal é o fato de ter o seu capital divido em ações como acontece com as sociedades anônimas, porém, têm responsabilidade ilimitada os acionistas que ocupam as funções de administradores ou gerente. O direito aplicável às sociedades anônimas é aplicável às sociedades em comandita por ações de forma subsidiária; assim, por exemplo, elas podem operar sob firma ou denominação, sendo que, caso se utilize da firma, dela somente poderão fazer parte os nomes dos acionistas com responsabilidade ilimitada e sempre, seja firma ou denominação, deverão vir acompanhadas da expressão “em comandita por ações” ou “sociedade em comandita por ações”. (ALMEIDA, 2012)
Fábio Ulhoa Coelho (2014. p. 478) ensina que o regime de comandita por ações é o das anônimas. São ambas sociedades de capital e institucionais. Assim, exceção feita às regras próprias, justificáveis pela especial responsabilização dos seus acionistas-diretores, aplica-se às comanditas por ações as preceituadas para as companhias. Desse modo, as ações da comandita podem ser ordinárias ou preferenciais; os titulares dessas últimas devem ter vantagens estatutárias na distribuição do resultado e podem sofrer restrições ou supressão do direito de voto; a sociedade pode ser aberta para fins de captação de recursos junto ao mercado de capitais, ou fechada; os sócios têm direito ao dividendo mínimo definido nos estatutos, etc.
Em resumo, segundo explica Fran Martins (2010):
A sociedade em comandita por ações pode usar como nome social uma firma ou uma denominação ou nome de fantasia. Em qualquer caso, o nome social deve ser acrescido de expressão “sociedade em comandita por ações” ou simplesmente “comandita por ações”. E quando o nome social for uma firma, isto é, contiver nome de pessoas, seguido da expressão “comandita por ações”, esses nomes deverão ser apenas de sócios ou acionistas que sejam diretores ou gerentes. Tais acionistas, exercendo aquelas funções, assumiram, por disposição legal, responsabilidade subsidiária e ilimitada pelas obrigações sociais.
A Sociedade Anônima, também chamada de companhia ou sociedade por ações, é nome dado a uma empresa com fins lucrativos que tem seu capital dividido e ações e a responsabilidade de seus sócios (acionistas) limitada ao preço da emissão das ações subscritas (lançadas para aumento de capital) ou adquiridas. Os sócios são chamados de acionistas e têm responsabilidade limitada ao preço das ações adquiridas. Para entender o funcionamento de uma companhia ou sociedade anônima, é preciso compreender os seus conceitos básicos, suas principais características, a maneira como é conduzida e administrada, além de saber quais as definições de capital, a função do CVM e qual lei regulariza esse tipo de empreendimento (Lei 6.404/76). (SOCIEDADE, 2015)
As sociedades anônimas podem ser divididas em dois tipos: Capital aberto (quando seus valores mobiliários podem ser negociados no mercado de valores - bolsa de valores ou mercado de balcão) e; Capital fechado (seus valores mobiliários não passam por negociações na bolsa ou no mercado de balcão). É importante saber a diferença entre as duas, suas principais características e as vantagens e desvantagens. Outro elemento essencial é a questão das ações. Elas podem restringir os direitos e as vantagens do acionista e mostram o tamanho da empresa. 
Características da Sociedade Anônima: Possui capital dividido em ações; O importante, nesse tipo de sociedade são os capitais acumulados e não o acionista em si. A posse de ações é que faz valer a participação do acionista; As ações só podem ser emitidas pela empresa com autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); Somente as próprias ações são usadas como garantia financeira da companhia. Nenhum dos sócios precisa responder com seu patrimônio particular pelas dívidas da empresa; Sua estrutura organizacional se compõe por uma assembleia geral, o conselho de administração, diretoria e conselho fiscal; Pode ser uma sociedade aberta ou fechada; A responsabilidade do acionista é limitada ao preço das ações adquiridas ou subscritas; As ações são títulos circuláveis, isto é, o acionista tem a liberdade de cedê-las e negociá-las; Constitui pessoa jurídica de direito privado. (SOCIEDADE, 2015)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, pode-se notar as inúmeras diferenças entre as sociedades simples e as empresárias. Enquanto a primeira precisa ser registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas e a segunda na Junta Comercial. Outro ponto importante é que as sociedades empresárias requerem maior organização no desenvolvimento da atividade econômica, enquanto a sociedade simples não requer tanta formalidade.
Na sociedade simples também existe maior envolvimento entre os sócios, pois eles exercem a atividade ordinariamente. No entanto, o mais pertinente a perceber é a forma como ambas sociedades desenvolvem a atividade. As simples têm certa “liberdade” pois podem se voltar a qualquer atividade relativa a bens e serviços, daí então é limitada ou não.
Além disso, sabe-se que a sociedade simples não é passível de falência, enquanto as empresárias são. Tanto a sociedade simples como a empresária podem se constituir para a prestação de serviço, mas na primeira, a palavra “serviço” corresponde à profissão exercida pelo sócio. Nas sociedades empresárias, ao contrário, os serviços são organizados tendo em vista a sua produção ou circulação, dependendo da finalidade visada. É o que se dá quando uma empresa é organizada para a prestação de serviços, como por exemplo, os de transmissão ou distribuição de energia elétrica, ou de transporte.
Como tudo o que foi visto, cabe salientar que a sociedade simples poder ser formadasomente de sócios de capital, que de acordo com o art 997, IV, o contrato social deve estabelecer a quota de cada sócio nos lucros e nas perdas, ou se eles respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Elizangela Santos de. Sociedades em comandita por ações, origem, evolução, conceito, natureza jurídica e principais características dessa espécie societária. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 09 jan. 2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.35486&seo=1>. Acesso em 15 mai. 2016.
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 8a ed. Rev., aum. E atual. Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2003.
BRASIL. Código Civil, 2015. 21ª ed. São Paulo: Rideel, 2015.
CHO, Joel. Direito Empresarial: Sociedade Simples Pura e Sociedade Simples Limitada. 2015. Disponível em <http://joelywcho.jusbrasil.com.br/artigos/149998523/direito-empresarial-sociedade-simples-pura-e-sociedade-simples-limitada. > Acesso em 20 abr. 2016.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 18ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2014. V. 1.
DINIZ, Maria Helena. Lições de direito empresarial. 2a ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2012.
GONÇALVES, Anna Tereza de Mendonça; SANTOS, Jonabio Barbosa dos. DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA. Disponível em: < http://www.rkladvocacia.com/arquivos/artigos/art_srt_arquivo20130426160201.pdf> Acesso em: 15 mai. 2016
MARTINS, Fran. Comentários à lei das Sociedades Anônimas. 4 eds. Forense. São Paulo: 2010
NORMAS Legais. Sociedade em nome coletivo. Disponível em: < http://www.normaslegais.com.br/guia/sociedade-em-nome-coletivo.htm>. Acesso em: 15 mai. 2016.
SOCIEDADE Anônima. Sociedade Anônima. Disponível em: < http://sociedade-anonima.info/>. Acesso em> 15 mai. 2016
UNIPAF. Quais são as espécies de sociedade? Disponível em: <http://www2.unifap.br/mariomendonca/files/2011/05/SOCIEDADES.pdf>. Acesso em> 15 mai. 2016
WALD, Arnoldo. DAS SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESÁRIAS: questões relacionadas ao regime jurídico da sociedade simples e seu registro. Disponível em: < http://www.irtdpjbrasil.com.br/NEWSITE/ParecerWald.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2016

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